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EAS Parte II O Exame de Urina (Exame de urina tipo I, sumário de urina, urinálise, uroanálise ,parcial de urina). Esse exame pode fornecer informações úteis que possibilitam auxiliar o diagnóstico de eventuais problemas nos rins e em vias urinárias, tais como processos irritativos, inflamatórios, infecciosos, bem como alguns distúrbios metabólicos como, por exemplo, diabetes e acidose e outros distúrbios como hemólise e hepatite. Lembrar que existem 3 tipos de avaliação (física, química e microscópica): o Análise Física: cor, densidade, cheiro, aspecto, presença ou ausência de depósitos. Cor: normalmente a urina varia de amarelo claro até amarelo âmbar. Quanto mais água a pessoa bebe, mais diluída e clara fica a urina. O que colora a urina é o urocromo que advém da degradação fisiológica da hemoglobina. Podemos ter também urina verde, azul, laranja, que geralmente ocorrem quando há ingestão de medicamentos ou mesmo de vitaminas, que dão cores mais atípicas e não estão relacionados com patologias. A urina escura cor de “coca-cola” já tem um significado patológico pois há presença de bilirrubina na urina. Grande parte da bilirrubina é eliminada nas fezes, quando isso não ocorre, é eliminada na urina. Cor rosada, vermelha ou castanha sangue, cor âmbar escuro urobilina ou bilirrubina, amarelo-vivo, verdes ou mesmo azuis medicamentos, Cor marrom- escuro porfirinas, melanina ou ácido homogentísico. Aspecto: dentro do padrão de normalidade a urina é límpida. O que pode alterar essa característica é a presença de bactérias. Desta forma o aspecto será turvo. Se a turbidez ocorrer devido a processo descamativo e no EAS forem encontradas apenas céls epiteliais, não tem relação patológica. Cheiro: o cheiro padrão da urina é o sui generis. É o cheiro natural da urina. Uma patologia que altera isso é a Diabetes Mellitus, onde pode ter uma cheiro de acetona (cetonúria). Isso ocorre devido ao processo do metabolismo de lipídeos o qual libera corpos cetônicos que ocorre em pacientes diabéticos. o Análise Química: aqui verificamos a avaliação qualitativa e semiquantitativa (feito em cruzes). Para conseguir ser avaliado preciso de no mínimo 8 a 10 mL de urina. Isso porque eu preciso inserir a fita de reação química nesse volume. Glicose: Em circunstâncias normais, praticamente toda a glicose filtrada pelos glomérulos é reabsorvida No túbulo contornado proximal e a pesquisa de glicose na urina, pelos métodos habituais, é negativa. A reabsorção é feita por transporte ativo e contribui para a poupança de grande quantidade de glicose. O nível sanguíneo no qual a reabsorção tubular é superado é chamado de limiar renal e, para a glicose, está entre 160 e 180mg/dL. Esse conceito deve ser considerado nas situações em que a glicose aparece na urina. Causas de glicosúria: o Diabetes mellitus; o Reabsorção tubular rebaixada: Ex. Síndrome de Fanconi o Gravidez; o No período pós-prandial, após ingestão de grandes quantidades de açúcares; o Administração de certas drogas (tiazídicos, corticosteróides); o Stress emocional DICA QUE O GLADSON ME PASSOU: Se tiver glicosúria e Glicemia > 180 – 200 mg/dL Glicosúria com hiperglicemia. Até 180 mg/dL o rim consegue reabsorver, logo se a glicemia for maior do que isso é devido a Diabetes. A glicemia na qual a glicose aparece na urina é denominada limiar renal para Glicose. Exs: diabetes mellitus, estresse, pancreatite aguda, lesões SNC (existem marcadores no cérebro que podem gerar lesão renal). Se houver glicosúria e a Glicemia < 180 a 200 mg/dL Glicosúria com normoglicemia. Nesse caso, o rim está lesado, pois ele não está recaptando a glicose fazendo a sua reabsorção. Alteração do fluxo sanguíneo glomerular (isquemia), taxa de reabsorção tubular (se estiver diminuída estará aumentada na urina), fluxo da urina. Nefropatia relacionada a distúrbios Renais Hereditária ou adquirida. pH: graças ao sistema tampão do organismo, temos a capacidade de sempre nos manter em uma faixa de pH. O rim faz parte desse sistema tampão, quando excreta íons H+ que possam aumentar ou diminuir o pH sanguíneo. O sistema respiratório entra nessa liberando CO2. SISTEMA TAMPÃO = RESPIRATÓRIO + RENAL Proteínas: não pode passar despercebido, pois normalmente proteína não passa pela urina. Lembrando que proteínas são macromoléculas que não conseguem passar pelo glomérulo. Proteinúria é a excreção elevada de proteínas na urina, sendo um indicador importante de lesão renal. Em termos práticos ele pode ser assim classificada: o Proteinúria Alta- Caracterizada pela excreção de mais de 3,5g de proteína em 24horas. É típica de síndrome nefrótica, mas pode ocorrer em casos de glomerulonefrite, nefro-esclerose, lupus eritematoso disseminado,trombose da veia renal, insuficiência cardíaca congestiva ou pericardite. o Proteinúria Moderada- Caracterizada pela excreção entre 0,5 e 3,5g de proteínas em 24horas. É detectada em doenças renais como glomerulonefrite crônica, nefropatia diabética, mieloma múltiplo, nefropatia tóxica, pré-eclampsia e nas alterações inflamatórias malignas, degenerativas e irritativas do trato urinário, incluindo a presença de cálculo urinário. o Proteinúria Mínima- Caracterizada por excreção de menos de 0,5g de proteína em 24horas. A proteínuria está associada à glomerulonefrite crônica, enfermidade policística renal, afecção túbulo-renal, fase de convalescença de glomerulonefrite aguda e vários distúrbios do trato urinário inferior Proteinúria-Postural- Ocorre apenas quando o indivíduo permanece em posição ereta. A excreção diária pode atingir até 1g. Proteinúria Funcional- Excreção de proteínas associada a estados febris, exposição ao calor ou ao frio intensos, exercícios físicos intensos. Proteinúria de Bence-Jones- É a excreção de uma proteína específica, de baixo peso molecular, excretada em urina de pacientes com mieloma múltiplo. Corresponde à cadeia leve livre de imunoglobulinas, podendo ser kappa ou lambda; Microalbuminúria- Está definida pela excreção de proteínas entre 30 e 250mg, em 24horas. No diabetes, a microalbuminúria é um bom indicador de afecção renal; Cetonas: A cetonúria ocorre no jejum prolongado, em dietas para redução de peso, em estados febris, após exercícios físicos intensos, no frio intenso mas, principalmente, no diabetes mellitus. Os três corpos cetônicos presentes são: ácido acetoacético (20%), acetona (2%) e ácido beta hidroxibutírico (78%); Bilirrubina e urobilinogênio: Quando aparecem na urina muito provavelmente tem- se um paciente ictérico. Há dois grupos de doenças que podem acarretar alterações nos níveis de excreção urinária: 1) Doença Hepática- A bilirrubina direta não é excretada, por obstrução biliar, por exemplo, reflui para o sangue. Como essa bilirrubina é solúvel no plasma e, portanto, filtrada pelos glomérulos renais, à medida que sua concentração aumenta no sangue, aumenta a excreção renal. Como não chega bilirrubina no intestino, a produção de urobilinogênio é reduzida, chegando a ser negativa sua pesquisa na urina. 2) Doença Hemolítica- Nestas doenças, há um aumento acentuado na produção da bilirrubina indireta. Como o fígado está normal, grande quantidade de bilirrubina direta é produzida e lançada no intestino, com consequente conversão em urobilinogênio. Há um aumento da reabsorção de urobilinogênio a nível intestinal, elevando o nível sanguíneo e aumento da sua excreção a nível renal. Normalmente não ocorre excreção de bilirrubina pela urina, uma vez que a fração que está aumentada é a indireta, não solúvel e que circula ligada à proteínas, não sendo filtrada; Hemoglobina: As fitas reagentes possuem áreas que permitem o reconhecimento da presença de hemoglobina na urina, sejacom hemácias íntegras, chamado de hematúria, seja como hemoglobina livre, denominado de hemoglobinúria. Logo, é possível que haja presença de hemoglobina sem presença de hemácias. Contudo, quando temos apenas hemácias, não teremos hemoglobina livre na urina porque as hemácias não lisaram, logo não vai acusar no exame. Densidade: 1.003 a 1.018; determina a integridade do funcionamento do sistema renal. Se for acima de 1.018 tem algo comprometendo o processo de filtração glomerular. o O uso da densidade como índice de avaliação parcial da integridade renal é baseado no conceito de que o túbulo renal normal é capaz de modular o volume de líquido a ser reabsorvido a partir do filtrado glomerular, poupando ou não água, na dependência das necessidades imediatas do organismo. o Assim sendo, os valores da densidade urinária no indivíduo normal dependem, basicamente, do equilíbrio entre a ingestão hídrica e as perdas. o Análise microscópica: tem a finalidade de detectar e, eventualmente, quantificar alguns elementos figurados presentes na urina, dentre os quais se destacam células epiteliais, leucócitos, hemácias, cilindros, cristais, bactérias e fungos. É padronizado no campo da objetiva de 400X. Células epiteliais: Três diferentes tipos de células epiteliais podem ser observadas no sedimento urinário: escamosas, transicionais e tubulares renais. Células sanguíneas: As células do sangue periférico estão, normalmente, presentes em pequeno número na urina. As mais frequentes são os leucócitos polimorfonucleares e os eritrócitos; Leucócitos aumentados: indica a existência de processo inflamatório ou infeccioso em algum nível do sistema urinário. A presença de muitos leucócitos, mais de 50 por campo, ou de grumos de leucócitos degenerados é fortemente sugestivo de infecção bacteriana aguda. Os leucócitos na urina são denominados piócitos. Mais de 10 piócitos por campo num exame a fresco está correlacionado com ITU (infecção do trato urinário). Hemácias: processos inflamatórios, infecciosos ou traumáticos das vias urinárias causam o aumento do número de eritrócitos no sedimento. Principais causas de presença de hemácias: cálculos renais, glomerulonefrite, tumores, trauma, pielonefrite e exposição a produtos químicos tóxicos; Pacientes com doenças glomerulares, tais como os diversos tipos de glomerulonefrites, nefropatia por IgA e nefroesclerose, apresentam eritrócitos com morfologia bizarra, sendo denominados de dismórficos, enquanto pacientes portadores de lesões não glomerulares mostram eritrócitos com morfologia típica ou com alterações mínimas Cilindros: cilindros são precipitados protéicos formados na luz tubular.Na dependência do conteúdo da matriz protéica, os cilindros são classificados como: o Hialinos- São os cilindros compostos principalmente de proteína, sem inclusões. Grandes quantidades de cilindros hialinos aparecem na pielonefrite aguda, hipertensão arterial maligna, doença renal crônica, insuficiência cardíaca congestiva e nefropatia diabética. o Leucocitários- Os cilindros leucocitários aparecem em inflamações intersticiais e doenças glomerulares; o Hemáticos- A presença deste tipo de cilindro no exame do sedimento urinário é significativo de doença glomerular. A lesão glomerular permite que as hemácias passem pela membrana basal e atinjam o túbulo renal; o Granulosos- A matriz básica de todos os cilindros é proteica. Quando existem grânulos numa matriz básica, o cilindro é descrito como granuloso. Cilindros granulosos indicam, quase sempre, a presença de doença renal. As excreções incluem os breves surtos de cilindros granulosos que se seguem após exercícios intensos ou durante dieta rica em carboidratos. o Céreos- São cilindros muito largos. Refletem a fase final da dissolução dos grânulos, os cilindros céreos significam obstrução prolongada do néfron e oligúria. Ocorre em estágios finais de doença renal crônica; o Celulares- São compostos, na maior parte das vezes, de células epiteliais descamadas. A presença de cilindros epiteliais renais é indicativa de doença tubular e varia de acordo com a natureza do processo lesivo; o Gordurosos- São também chamados de cilindros adiposos.São encontrados em distúrbios que provocam lipidúria (síndrome nefrótica) Fungos e bactérias: A urina é estéril mas é, também, um bom meio de cultura; se as condições de coleta e preservação não forem adequadas o exame poderá fornecer informações incorretas e até mesmo prejudiciais ao raciocínio clínico. Ainda que seja possível a ocorrência isolada de bactérias, nos processos infecciosos, inclui aumento no número dos leucócitos, aspecto celular degenerado e agrupados, hematúria e proteinúria. O ideal é realizar a urocultura! Cristais: o Oxalato de Cálcio: Cristais de Oxalato de cálcio podem estar presentes em grande número em urinas de indivíduos normais com dietas ricas em alimentos contendo ácido oxálico, tais como tomate, maçã e laranja. A elevação acentuada do número destes cristais, no entanto, pode refletir doença renal crônica grave, ou intoxicação por drogas; o Uratos Amorfos e Ácido úrico- A presença de grande quantidade de uratos amorfos pode anunciar a nefropatia gotosa. Cristais de ácido úrico são vistos com frequência em urinas de crianças durante as fases de crescimento corporal acelerado, quando é intenso o metabolismo de nucleoproteínas. Cristais com significado clinico específico: o Cistina- Cristais de cistina podem ser observados em urinas de pacientes portadores de cistinúria, um defeito metabólico que compromete o transporte transmembrana dos aminoácidos, cistina, ornitina, lisina e arginina. o Fosfato-amoníaco-magnesiano- Também denominados de cristais triplos, quando observados em sedimento de urina recém emitida, sugerem a presença de processo infeccioso por germe produtor de urease; o Tirosina- Podem aparecer nas hepatopatias graves e em pacientes com degeneração ou defeito metabólico; o Leucina- Podem aparecer nas hepatopatias graves ou defeito metabólico, em associação ou não com a tirosina; DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Exame de urina normal: flora normal, ausência de nitrito, ausência de hemoglobina. Nesse caso não faço urocultura, a não ser que o paciente seja imunossuprimidos, nesse caso sempre faz urocultura. A piuria em pacientes imunocomprometidos é preocupante. Coleta de urina através de micção espontânea; o paciente tem que entregar até 2 horas no máximo levar para o laboratório; a urina não pode ser colocada na geladeira se for realizado urocultura; apenas para o EAS tipo I pode ser colocado na geladeira para evitar o crescimento bacteriano. o Coloração pelo Gram e observação microscópica. o Cultura quantitativa: Distinguir quadros de infecção de contaminação. Método da alça calibrada Introduzir a alça calibrada (0,01mL) de forma vertical no recipiente contendo urina; colocar o conteúdo da alça no centro da placa e espalhar com alça triangular. Meios ricos e diferenciais (CLED, CPS): Culturas quantitativas não se aplicam para amostras de urina coletadas através de punção suprapúbica (crianças < 2 anos, suspeita de infecção por anaeróbios). Critérios Clássicos de Interpretação (Kass; 1957) CRITÉRIO ANTIGO UFC = Unidade Formadora de Colônia o >105 UFC/mL → INFECÇÃO o <104 UFC/mL → CONTAMINAÇÃO Critérios Modernos de Interpretação (Stamm et al.; 1987) o >102 UFC/mL de E. coli ou S. saprophyticus em mulher sintomática considero infecção Considero ITU caso: CRITÈRIO ATUAL o > 105 UFC/mL de qualquer uropatógeno em mulher sintomática; o >105 UFC/mL em pelo menos 2 urinoculturas de mulher assintomática; o >103 em homem sintomático; o >104 em crianças, dependendo da colheita Falhas no Diagnóstico Laboratorial Falso-positivos: o Erros de coleta (higiene mal feita; transporteinadequado; demora no processamento do exame) Falso-negativos: o Uso de antimicrobianos pelo paciente; após o tratamento com ATB o ideal é o paciente realizar a cultura após 7 a 10 para que possa saber se esse paciente possui critério de cura laboratorial (lembrando que o critério de cura clinica é ausência dos sintomas) o Sobre hidratação; o Tempo de retenção vesical menor que 3h Coleta por punção supra-púbica o Envolvimento de bactérias apresentando exigências nutricionais ou respiratórias especiais. FORMAÇÃO DA URINA Num indivíduo adulto normal, a cada minuto, aproximadamente um litro de sangue perfunde os dois rins, possibilitando a formação de um ultrafiltrado do plasma; Este filtrado possui pH e osmolalidade semelhantes aos do plasma sanguíneo, ou seja, 7,4 e 285 mOsm/Kg de água, respectivamente. A densidade é de aproximadamente 1,010; À medida em que o ultrafiltrado flui através dos túbulos de cada nefron e dos ductos coletores de cada rim, ocorrem modificações na constituição química e nas características físicas que resultarão num determinado volume de urina que possuirá uma composição final, seja pela reabsorção da maioria das substâncias ou pela secreção de outras tantas. A concentração final, por exemplo, depende do estado de hidratação do indivíduo. Os 180 litros de filtrado glomerular formados a cada 24 horas são reduzidos a 1 ou 2 litros de urina final. A tabela 1 apresenta os volumes de urina habitualmente observados em diferentes faixas etárias. COLETA DA URINA Para a realização do exame de rotina, preferencialmente, deve-se utilizar amostra recente, sem adição de nenhum conservante, no volume mínimo de 12mL, coletada após o paciente permanecer um período de 2 horas sem urinar. Se possível, a amostra deve ser mantida à temperatura ambiente mas, em circunstâncias nas quais o exame não pude ser realizado em 3h, a amostra deve ser refrigerada. Para este tipo de exame, a urina deverá ser colhida após assepsia local, desprezando-se o primeiro jato. Não há, geralmente, necessidade de coletar a amostra em tempos ou condições específicas mas deve-se ter em mente que algumas características da urina se modificam, significativamente, ao longo do dia, na dependência do jejum, da dieta, da atividade física e do uso de determinados medicamentos.
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