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COMO O APRENDIZADO DE ARTES PODE AUXILIAR ALUNOS COM HIPERATIVIDADE TDAH Centro universitário Claretiano Aluno: Thaynara Alencar P. e Castro Silva 2021 ARTES VISUAIS- LICENCIATURA 01 Essa pesquisa apresenta um histórico de como a deficiência foi tratada ao longo da história, e como essa foi inserida no âmbito escolar, buscando evidenciar como foi a sua evolução. Por fim, tratar do Transtorno de Déficit de Atenção, esclarecendo do que se trata, seus sintomas e seus tratamentos. No ambiente escolar, consideraremos a melhoria da aprendizagem como foco em artes para os indivíduos portadores de TDAH, buscando ainda a diminuição em alguns sintomas do transtorno. Palavras-chave: TDAH. Aprendizagem. Arte. Deficiência. Escola. RESUMO INTRODUÇÃO O presente trabalho de pesquisa tem como foco de estudos o auxílio que o ensino de artes pode trazer para pessoas diagnosticadas com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) que se trata de um transtorno neurobiológico de causas genéticas, que aparece na infância e frequentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida. COMO O APRENDIZADO DE ARTES PODE AUXILIAR ALUNOS COM HIPERATIVIDADE TDAH 02 O fazer artístico, estimula áreas do cérebro melhorando em doenças psicológicas, e também causando sintomas de euforia e alegria. Estudos provaram que a arte visual tem efeitos estabilizadores sobre as pessoas, alterando positivamente o comportamento e padrões do pensamento, normalizando a frequência cardíaca, pressão arterial e até mesmo os níveis de cortisol. Ainda, alguns teóricos enfatizam que a criação de arte funciona como uma experiência integrativa individual, desenvolvendo a expressão pessoal, melhorando o foco em autoconhecimento e aprimorando o processamento de memória. Concluindo que, a arte tende a ser de grande valia no ambiente escolar assim como as outras disciplinas e igualmente com um tratamento eficaz para alguns indivíduos. O atual trabalho busca identificar um meio da aprendizagem que possa auxiliar o estudante com TDAH, almejando a melhoria comportamental desses e de seus sintomas, principalmente pelo meio artístico, e ainda alcançar o melhor aproveitamento do aluno, quanto ao seu percurso estudantil. Assim, vários especialistas sobre a inclusão de pessoas portadoras de alguma necessidade especial acreditam na importância de trabalhar o treino especifico da atenção, visando ao estabelecimento do controle da resposta mais relevante, para que aconteça a aprendizagem mais adiante. Sendo assim este, tem como objetivo identificar maneiras de auxiliar alunos com TDAH pela arte-educação em sala de aula. COMO O APRENDIZADO DE ARTES PODE AUXILIAR ALUNOS COM HIPERATIVIDADE TDAH 03 artístico, a utilização das pinturas, da música ou da dança pode melhorar o aprendizado de seus alunos em geral, e principalmente, do aluno com déficit de atenção. Preferiu-se ao destacar os comportamentos indicativos do TDAH que possam ser identificados por pais e profissionais da educação. Pois, a detecção destas características pode influenciar no desenvolvimento emocional, social e educacional do aluno. Por estarmos em um momento pandêmico, com isolamento social, foi opcional a investigação de vários artigos científicos, sites especializados sobre o transtorno de déficit de atenção, entrevistas, pesquisas acadêmicas, e outros campos, para a realização do presente trabalho. Encontrado os devidos esclarecimentos, dentre os artigos e textos lidos, sobre do que se trata o TDAH, seus sintomas, seus tratamentos, como lidar com tais em sala de aula, foi feito uma restruturação para a realização desse trabalho para que todas as questões sejam postas de maneira esclarecedora e auxiliadora para os leitores e até mesmo para o futuro oficio de educador. Para a finalização, no alcance de todos os dados desejados da pesquisa, aponta-se a importância da arte para o tratamento do déficit de atenção, COMO O APRENDIZADO DE ARTES PODE AUXILIAR ALUNOS COM HIPERATIVIDADE TDAH E ainda, mostrar como a arte pode ser importante também como um ajudante para a melhoria do comportamento de pessoas com TDAH. Ao educador, o projeto busca auxilia-lo para novos meios educativos explorando o campo 04 sejam postas de maneira esclarecedora e auxiliadora para os leitores e até mesmo para o futuro oficio de educador. Para a finalização, no alcance de todos os dados desejados da pesquisa, aponta-se a importância da arte para o tratamento do déficit de atenção, como esse pode auxiliar o aluno a melhorar seus sintomas, podendo ser utilizado igualmente fora da vida escolar, como arte terapia. Alguns dos meios encontrados para a realização do presente trabalho foram, o site especializado em TDAH, o jornal brasileiro de psiquiatria, sendo o artigo ``Estudo epidemiológico dos sintomas do transtorno do déficit de atenção/hiperatividade e transtornos de comportamento em escolares da rede pública de Florianópolis usando a EDAH``(2005) , ainda foi feito a leitura de artigos acadêmicos sobre o tema, como ``TDAH e aprendizagem: um desafio para a educação``, de Maria Inete Rocha Maia (2014); ̀ `Inclusão, ensino e aprendizagem do aluno com TDAH``, de Maria da Luz Curado Lopes (2011), ``Utilização de Objetos de Aprendizagem no Processo de Ensino/Aprendizagem de Crianças com TDAH`` , de Zildomar Carlos Felix, Elvis Lopes de França, entre outros alunos (2011); e também o livro COMO O APRENDIZADO DE ARTES PODE AUXILIAR ALUNOS COM HIPERATIVIDADE TDAH entrevistas, pesquisas acadêmicas, e outros campos, para a realização do presente trabalho. Encontrado os devidos esclarecimentos, dentre os artigos e textos lidos, sobre do que se trata o TDAH, seus sintomas, seus tratamentos, como lidar com tais em sala de aula, foi feito uma restruturação para a realização desse trabalho para que todas as questões 05 E por fim livros, igualmente, se tratando sobre hiperatividade, como Mentes inquietas de Ana Beatriz Barbosa Silva (2009) ``Dra. Ana Beatriz Barbosa Silva, médica psiquiatra, com ampla experiência clínica no tratamento de portadores do Distúrbio do Déficit de Atenção, mostramos a trajetória cheia de virtudes e brilho criativo das pessoas com este funcionamento mental. Através de um relato envolvente, transparente e esclarecedor, consegue desmistificar a desatenção, a desorganização e o atabalhoamento, sintomas típicos de pessoas com DDA, até então entendidos como problemas de caráter. `` (RESUMO PREFACIO- LIVRO MENTES INQUIETAS) Assim como o livro `No mundo da lua`` de Paulo Mattos (2003), que se trata de crianças, adolescentes, e adultos que tendem a apresentar grande dificuldade de manter a atenção por muito tempo. Este livro foi apresentado no formato de perguntas e respostas; por acreditar que muitos dos seus leitores, seria pessoas com TDAH e saber que muitos deles não mantêm o foco por muito tempo, esse formato seria um facilitador da leitura. COMO O APRENDIZADO DE ARTES PODE AUXILIAR ALUNOS COM HIPERATIVIDADE TDAH ``Transtorno de déficit de atenção/ hiperatividade: diagnóstico da prática pedagógica``, de Rosana Aparecida Albuquerque Bonadio, Nerli Nonato Ribeiro Mori (2013). Ainda foram utilizados artigos de revistas sobre o tema como: Revista, arte e inclusão, Revista eletrônica saberes da educação (Volume 3 – nº 1 – 2012). 06 COMO O APRENDIZADO DE ARTES PODE AUXILIAR ALUNOS COM HIPERATIVIDADE TDAH DESENVOLVIMENTO O ENTENDIMENTO DA DEFICIÊNCIA AO LONGO DA HISTÓRIA Segundo a constituição brasileira, LEI Nº 13.146, DE 6 DE JULHO DE 2015. Art. 2º Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. Em diversos momentos históricos é possível identificar a negligência com aspessoas que apresentavam alguma deficiência, essas eram desvalorizadas pelo restante da sociedade, sendo privadas de uma vida social. Muitas vezes ocorreu o abandono ou morte daqueles que nasciam com qualquer deficiência clara, por não corresponderem aos padrões que eram valorizados. Em conformidade com Amaral (1995), nos Livros III, V e VII da República, Platão (428-348 a.C.) dava as seguintes recomendações: http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2013.146-2015?OpenDocument 07 COMO O APRENDIZADO DE ARTES PODE AUXILIAR ALUNOS COM HIPERATIVIDADE TDAH [...] (a Medicina e jurisprudência) cuidarão apenas dos cidadãos bem formados de corpo e alma, deixando morrer os que sejam corporalmente defeituosos [...] é o melhor tanto para esses desgraçados como para a cidade em que vivem (PLATÃO, 1972, p. 716 apud AMARAL, 1995, p. 44). [...] os (filhos) dos homens inferiores, e qualquer dos outros que seja disforme, escondê-los-ão num lugar interditado e oculto como convém (PLATÃO, 1949, p. 229; 1972, p. 746 apud AMARAL, 1995, p. 44). Na idade média, com uma visão teocêntrica, a deficiência passou a ser considerada um fenômeno sobrenatural pela sociedade medieval. Com esse pensamento, os que se enquadravam nessa situação, eram caracterizados como possuídos por divindades malignas, sendo maltratados e marginalizados pelos demais. Entre essas pessoas, os cegos, por exemplo, em contra a esse pensamento, eram considerados videntes e profetas. Descrito por Amaral (1995) e Amaralian (1996), os deficientes eram considerados possuídos por demônios, pois pensavam que por não haver a ``perfeição``, havia o ``mal``, e por esse fato eram comuns os rituais de flagelação, e da crueldade da inquisição e também da tortura. Quando passaram a ter o pensamento que pessoas portadoras de quaisquer deficiências eram possuidoras de almas -e então eram filhas de Deus-, a sociedade muitas vezes deixou de negligenciar as mesmas, e começaram com o acolhimento em instituições de caridade, ajudando-as para que alcançassem a salvação divina. 08 COMO O APRENDIZADO DE ARTES PODE AUXILIAR ALUNOS COM HIPERATIVIDADE TDAH Em vista desse, Pessoti (1984) e em outros estudos, esclarece que o interesse maior dessas pessoas não era na salvação do deficiente, no entanto, na salvação daqueles que o acolhe. Com o capitalismo e a mudança de pensamento teocêntrico para o antropocentrista, o pensamento continuou, infelizmente, sendo o mesmo sobre as pessoas com necessidades especiais, permanecendo com a segregação nas instituições de acolhimento. Apenas no apogeu das ciências- marco histórico do renascimento- que as atenções voltaram para a organicista da deficiência, passando assim, essa a ser considerada uma doença, entretanto continuaram julgando os indivíduos como perigosos para a ordem da coletividade. No Brasil, Dom Pedro II criou o Imperial Instituto Dos Meninos Cegos, atualmente conhecido como Instituto Benjamin Constant. O imperador alguns anos depois fundou o Instituto de Surdos Mudos, chamado hoje de Instituto Nacional de Educação de Surdos, que atendia todos os cidadãos surdos da região, que muitas vezes eram abandonadas pela família. A atenção para a importância da participação social das pessoas deficientes começou no século XX, por volta de 1902 a 1912. Atualmente, o mais importante documento que trata dos interesses das pessoas com deficiência é a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência. A Convenção trata sobre os direitos das pessoas com deficiência e, em seu primeiro artigo, traz a definição de pessoa com deficiência, ''aquela que tem impedimentos de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade com as demais pessoas''. 09 COMO O APRENDIZADO DE ARTES PODE AUXILIAR ALUNOS COM HIPERATIVIDADE TDAH Se tratando da educação, que trataremos mais adiante, a Convenção defende um sistema inclusivo em todos os níveis, sendo a educação inclusiva o conjunto de princípios e procedimentos implementados pelos sistemas de ensino para adequar a realidade das escolas à do aluno que, por sua vez, deve representar a diversidade humana. Assim, um dos objetivos desse modelo é a participação efetiva das pessoas com deficiência em uma sociedade livre, o que exige a construção de escolas capazes de garantir o desenvolvimento integral de todos os alunos, sem exceção. É notório que mesmo com os avanços atuais que se referem as questões sociais, políticas, e legais, os indivíduos portadores de quaisquer deficiências permanecem sendo vistos como incapazes e improdutivos, muitas vezes sendo caracterizados como coitados pela maioria. Na realidade, todos sabemos que a inclusão vai além da disponibilização de vagas nas escolas regulares, ou da garantia de vagas em concursos, ou de empregos. É de extrema necessidade a renovação da estrutura social, no sentido da existência de uma sociedade que atenda aos interesses de todas as pessoas indiscriminadamente. Pensando dessa maneira, a luta pela inclusão deve ser de responsabilidade de cada indivíduo e de todos igualmente. '. ESCOLA E DEFICIÊNCIA LEI Nº 13.146, DE 6 DE JULHO DE 2015. Capitulo IV. Art. 27. A educação constitui direito da pessoa com deficiência, assegurados sistema educacional inclusivo em todos os níveis e aprendizado ao longo http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2013.146-2015?OpenDocument 10 COMO O APRENDIZADO DE ARTES PODE AUXILIAR ALUNOS COM HIPERATIVIDADE TDAH de toda a vida, de forma a alcançar o máximo desenvolvimento possível de seus talentos e habilidades físicas, sensoriais, intelectuais e sociais, segundo suas características, interesses e necessidades de aprendizagem. Foi na França que ocorreu as primeiras medidas educacionais para o público deficiente, sendo em Paris, a criação da primeira instituição especializada para a educação de surdos-mudos, com a invenção do método de sinais, destinados a completar o alfabeto manual. A instituição para os deficientes visuais foi criada em 1784, na mesma localidade. Nessa época, Valentin Hauy já fazia o uso de letras em alto relevo para ensinar os cegos. (Instituto Benjamin Constant (2019)) No século 19, diversos profissionais mostram maior interesse pelos estudos da deficiência mental, pela compreensão de que se tratava de um estado/ condição do indivíduo, precisando-se de ações especificas no âmbito social, educacional, psicológica e médica que são capazes de trazer melhoria no desenvolvimento dessas pessoas. O início do século 20 foi marcado pela origem das turmas especiais nas escolas públicas. Por volta de 1940, foram registrados os primeiros movimentos por parte do coletivo civil, em relevância, pais de crianças com paralisia cerebral, e na década seguinte, pais de crianças com deficiência mental. (MAZZOTTA 2005) Com o passar do tempo, o acesso à educação para as pessoas com deficiência foram ampliando-se, à medida que foram aumentando as oportunidades educacionais para toda população. 11 COMO O APRENDIZADO DE ARTES PODE AUXILIAR ALUNOS COM HIPERATIVIDADE TDAH No entanto, a multiplicação das classes e escolas especiais, como modalidade alternativa aconteceria após as duas guerras mundiais. Em 1961, a lei 4.024/61, a primeira Lei de Diretrizes e bases, alavancou-se no sentido de conceder o direito à educação a todos, e recomendar a integração da educação especial ao Sistema Nacional de Educação. No ano de 1973 o MEC criou o Centro Nacional de Educação Especial responsável pela gerencia da educação inclusiva do Brasil, que impulsionou ações educativas voltadas para pessoas com deficiência e com super dotação, entretanto ainda configuradas por campanhas assistenciais e iniciativas isoladas do Estado. Em vista disso, as políticas de acesso universal a educação não era efetiva, mantendoassim apenas a concepção de políticas especiais para tratar da educação para os alunos com deficiência. Pela primeira vez, em 1978, uma emenda da constituição brasileira tratou do direito da pessoa com deficiente, declarando: ‘‘é assegurado aos deficientes a melhoria de sua condição social e econômica, especialmente mediante a educação especial e gratuita’’ Dez anos após, a nova constituição garante aos portadores de qualquer deficiência, preferencialmente, na rede regular de ensino. Ocorreu em 1990, a conferência mundial sobre educação para todos, na Tailândia, e coube ao país, como signatário da declaração mundial sobre educação para todos, a responsabilidade de assegurar a universalização do direito a educação. Decorreu a partir desse compromisso o plano decenal de educação para todos (encerrado em 1993), que tinha como meta assegurar, a todos os brasileiros, até o fim de sua vigência, 12 COMO O APRENDIZADO DE ARTES PODE AUXILIAR ALUNOS COM HIPERATIVIDADE TDAH conteúdos básicos de aprendizagem que atendesse elementos necessários da vida. Com a preocupação na formação dos profissionais de educação, visando a inclusão escolar o Conselho Nacional de Educação, em 2002, estabeleceu a resolução CNE/CP n 1/2002 que submete às instituições de formação superior incluir nos cursos de licenciatura, conteúdos que os inteirem sobre a diversidade e as especificidades de cada aluno. Sendo assim, a língua brasileira de sinais tornou-se conteúdo presente nos cursos superiores formadores de educadores, através da lei n 10.436/ 02 regulamentada pelo Decreto n 5.626/05. Já no ano de 2006, a Secretária Dos Direitos Humanos, o Ministério da Educação e da Justiça, e juntamente a UNESCO criaram o ``Plano Nacional da Educação em Direitos Humanos`` que defende os temas relacionados às deficiências no currículo da educação básica. E, ainda reivindicaram ações que incentivam o acesso de estudantes com deficiência no ensino superior Consequentemente, conforme (BRASIL,2007. p 2), a educação inclusiva é a confirmação de direitos humanos. Tendo a educação inclusiva como uma ação política, cultural, social e pedagógica desencadeada dos direitos de todos os alunos estarem juntos aprendendo e participando, sem qualquer tipo de discriminação`` O número de matriculas na educação especial vem crescendo a cada ano em todos os anos escolares do ensino público segundo divulgou o Censo escolar de 2019. Nesse mesmo ano o MEC registrou o aumento de 5,9% na entrada de pessoas com deficiência, transtornos do desenvolvimento ou superdotação nas escolas 13 COMO O APRENDIZADO DE ARTES PODE AUXILIAR ALUNOS COM HIPERATIVIDADE TDAH Em 2018 o índice já era de 33,2% em relação a 2014. Com esses registros, podemos dizer que a educação cada vez mais vem sendo inclusiva, apesar dos esforços de contrario que aconteceram no governo. No ano que os números de matriculas aumentaram a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão, tentou desarticular a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. A proposta tinha a ideia de modificar esse instrumento de inclusão nas escolas públicas para priorizar a inserção de alunos com deficiência em escolas especiais. Entretanto com a rápida resposta da economia e dos movimentos e entidades que defende a educação inclusiva, fez com que o MEC recuasse na sua decisão. Apesar de terem seus direitos garantidos, sobretudo do direito a educação em escolas regulares, as pessoas com deficiência encontram, diversos empecilhos ainda. Aqui podemos citar novamente, a ideia das pessoas crentes da sua normalidade, que acreditam que esses indivíduos deveriam frequentar escolas próprias para eles. Essa ideia foi evidenciada no atual governo de Jair Messias Bolsonaro, onde o mesmo assinou um decreto no dia primeiro de outubro de 2020, tornando público a Política Nacional de Educação Especial (PNEE) que incentiva a segregação dos estudantes portadores de alguma deficiência. Essa situação seria, portanto, um passo atrás das conquistas do movimento que pauta a inclusão. Refletindo sobre esse acontecimento, nota-se a inconstitucionalidade do decreto, além de ser nítido, e esclarecido em diversas pesquisas que a interação entre crianças com deficiência com os 14 COMO O APRENDIZADO DE ARTES PODE AUXILIAR ALUNOS COM HIPERATIVIDADE TDAH demais auxilia no seu desenvolvimento e na sua aprendizagem. Entende-se que a luta para que a educação inclusiva aconteça com excelência, nunca acabara, tendo o governo como principal representante de uma ideia de segregação, e impedidor para que a educação inclusiva seja plena. É necessário que se tenha governantes que apoie o o movimento de inclusão, não apenas na educação, mas em toda sociedade, ainda que desenvolva ambientes acessíveis para esse público, que realize campanhas para informar a sociedade de maneira correta. Os representantes do país deveria ser os primeiros a compactuar com a diversidade social, lutar para que os direitos sejam realizados e não apenas descrições sem prática. COMPREENDENDO O TDA/TDAH (TRANSTORNO DO DEFICIT DE ATENÇÃO COM OU SEM HIPERATIVIDADE) Historicamente, a primeira definição sobre o Transtorno do Déficit de atenção foi dada por Bourneville em 1897 que atribuiu à instabilidade ao lugar como principal sintoma de certos quadros de retardo mental leve, enquanto disfunção no par inibição-impulsividade e a descreveu como uma mobilidade psíquica e intelectual extrema que inclui suscetibilidade, irritabilidade com tendência à destruição, negligência, necessidade de vigilância contínua, sugestionabilidade e submissão às pessoas. 15 COMO O APRENDIZADO DE ARTES PODE AUXILIAR ALUNOS COM HIPERATIVIDADE TDAH No ano de 1923, após a Primeira Guerra, uma epidemia de gripe e encefalite devastou a Europa e se espanhol pelo resto do mundo. Von Economo, um neurologista, utilizou na Alemanha o termo hipercinético para retratar as sequelas dessa encefalite, que se evidenciavam por movimentação incessante e desordenada, incapacidade de ficar no ambiente e problemas de concentração, memória, aprendizagem e consequente dificuldade de adaptação social. Em 1960 foi apresentada, nos Estados Unidos e Canadá, a síndrome de crianças hipercinéticas secundária a qualquer encefalite. (Bergès, 2008). Logo em 1925, Wallon publicou L’Enfant turbulent- em português A criança turbulenta: Estudos sobre retardamentos e as anomalias do desenvolvimento motor e mental- fazendo conexão entre o desenvolvimento psicomotor infantil e os achados no campo da neurofisiologia, procurando diferenciar a neuropsiquiatria infantil da psiquiatria geral. O livro é elaborado a partir de 214 depoimentos de crianças que sofrem de psiquismo profundamente deteriorado ou perturbado, na maior parte dos casos, por distúrbios mentais. Wallon teve uma ininterrupta preocupação em apreender a totalidade do ser infantil, considerando-o como sujeito, como pessoa, a partir de uma psicologia diferencial (Sinopse). 16 COMO O APRENDIZADO DE ARTES PODE AUXILIAR ALUNOS COM HIPERATIVIDADE TDAH Para Wallon (como citado em Bergès-Bounes & Forget, 2010, p. 16), a turbulência estaria no campo da normalidade; ``Quem sou eu e quem eu fui para me permitir julgar o excesso vital de uma criança? Que contas devo eu a uma sabedoria culpada que me fez tornar adulto? Damos crédito para que a criança use e abuse de sua vitalidade: quem somos nós nós para normalizar assim nossas nostalgias infantis? `` Nos anos 60, Ajuiaguerra descreveu o quadro de variabilidade como um continuo entre dois polos, o endógeno e o afetivo, decorrente das desordens emocionais precoces do desenvolvimento do bebê. O endógeno seria resultado da incapacidade de parar os movimentos, já o segundo reacional e dependente do meio; as manifestações corporais seria uma maneira da criança se expressar, dentre esses inclui a hiperatividade, que podem desaparecerou se intensificar de acordo com a relação do ambiente. Nos trabalhos anglo-saxões, por outro lado, destacaram-se na etiologia orgânica das instabilidades motoras. Strauss e Lehtinen (Bergès-Bounes & Forget, 2010), não encontrando lesão cerebral, supuseram uma disfunção cerebral mínima como o causador pela hiperatividade; tratando de uma lesão mínima que passaria desapercebida e ainda não seria demonstrável pelo estado da ciência na época. O percurso histórico do quadro clínico até a classificação atual remonta, nos anos 40, ao diagnóstico de Lesão Cerebral Mínima, que na década de 60 foi renomeada como Disfunção Cerebral Mínima, em relutância da ausência de comprovações empíricas de correlações neuroanatomias que justificassem os sintomas apresentados. Ambas as nomenclaturas enquadram o conjunto de sintomas que compõem hoje o quadro de TDAH. 17 COMO O APRENDIZADO DE ARTES PODE AUXILIAR ALUNOS COM HIPERATIVIDADE TDAH No mesmo ano, o governo dos Estados Unidos, patrocinou um projeto para a realização de estudos sobre os desvios de comportamento e problemas de aprendizagem para atender aos questionamentos da classe média sobre o comportamento de seus filhos. Partindo disso, a Disfunção Cerebral Mínima passou a ser aceita socialmente com maior facilidade, por passar a diferenciar essas crianças das que tinham retardo mental ou das que eram submetidas à privação cultural. Em 1968, o TDAH passou a ser descrito no DSM II (DSM- Diagnostic and Statistical Manual), não mais como um sintoma, mas agora como uma síndrome. Tornando- se assim uma doença que deve ser tratada com a ingestão de um medicamento. Na década de 80 o DSM III, propôs a separação do Transtorno do Déficit De Atenção dos distúrbios de aprendizagem. A última atualização terminológica acontece em 2005, na França através da publicação de uma avaliação do Institut Nacional de la Santé et de la Recherche Médicale (INSERM), que se refere a problemas na conduta comportamental da criança ou adolescente. As referências passam a ser, no caso da criança, desobediência, crises de cólera recorrentes e agressividade e, no caso dos adolescentes, cortes no corpo, ferimentos, fraudes e roubos, caracterizando distúrbios de conduta. O INSERM aconselha um programa para a detecção e prevenção nas creches e escolas maternais, a partir da trigésima sexta semana de idade dos bebês, sugerindo a observação da manifestação no comportamento que evidencia o transtorno. Nesses casos é disponibilizada terapias que ensinam a criança/ adolescente estratégias para resolver os problemas, podendo ser associado, logo 18 COMO O APRENDIZADO DE ARTES PODE AUXILIAR ALUNOS COM HIPERATIVIDADE TDAH após, a um tratamento com o uso de medicamento visando a anulação da ação agressiva. O uso social da noção de transtorno, tal como é proposta pelo DSM-IV e pelo INSERM, considera-o como “o estado do que cessa de estar em ordem” e corresponde atualmente a uma disfunção específica expressa por um conjunto de comportamentos pretensamente observáveis, que devem ser reduzidos, segundo uma leitura apoiada no modelo das neurociências, por meio de medicamentos e terapia cognitivo-comportamental. Conforme o DSM-V (2014, p. 59) os sintomas da desatenção são: • Frequentemente não presta atenção em detalhes ou comete erros por descuido em tarefas escolares, no trabalho ou durante outras atividades (p. ex., negligência ou deixa passar detalhes, o trabalho é impreciso). • Apresenta constantemente dificuldade de manter a atenção em tarefas ou atividades lúdicas (p. ex., dificuldade de manter o foco durante aulas, conversas ou leituras prolongadas). •Parece não escutar quando alguém lhe dirige a palavra diretamente (p. ex., parece estar com a cabeça longe, mesmo na ausência de qualquer distração óbvia). •Não segue instruções até o fim e não consegue terminar trabalhos escolares, tarefas ou deveres no local de trabalho (p. ex., começa as tarefas, mas rapidamente perde o foco e facilmente perde o rumo). •Tem dificuldade para organizar tarefas e atividades (p. ex., dificuldade em gerenciar tarefas sequenciais; dificuldade em manter materiais e objetos 19 COMO O APRENDIZADO DE ARTES PODE AUXILIAR ALUNOS COM HIPERATIVIDADE TDAH • pessoais em ordem; trabalho desorganizado e desleixado; mau gerenciamento do tempo; dificuldade em cumprir prazos). • Evita, não gosta ou reluta em se desenvolver em tarefas que exijam esforço mental prolongado (p. ex., trabalhos escolares ou lições de casa; para adolescentes mais velhos e adultos, preparo de relatórios, preenchimento de formulários, revisão de trabalhos longos). • Perde coisas necessárias para tarefas ou atividades (p. ex., materiais escolares, lápis, livros, instrumentos, carteiras, chaves, documentos, óculos, celular). •É facilmente distraído por estímulos externos (para adolescentes mais velhos e adultos, pode incluir pensamentos não relacionados). •É esquecido em relação a atividades cotidianas (p. ex., realizar tarefas, obrigações; para adolescentes mais velhos e adultos, retornar ligações, pagar contas, manter horários agendados). •Conforme o DSM-V (2014, p. 60) os sintomas da hiperatividade e impulsividade são: •Frequentemente remexe ou batuca as mãos ou os pés ou se contorce na cadeira. •Levanta da cadeira em situações em que se espera que permaneça sentado (p. ex., sai do seu lugar em sala de aula, no escritório ou em outro local de trabalho ou em outras situações que exijam que se permaneça em um mesmo lugar). •Corre ou sobe nas coisas em situações em que isso é inapropriado. (Nota: Em adolescentes ou adultos, pode se limitar a sensações de inquietude.) 20 COMO O APRENDIZADO DE ARTES PODE AUXILIAR ALUNOS COM HIPERATIVIDADE TDAH • Com frequência é incapaz de brincar ou se envolver em atividades de lazer calmamente. e. Com frequência “não para”, agindo como se estivesse “com o motor ligado” (p. ex., não consegue ou se sente desconfortável em ficar parado por muito tempo, como em restaurantes, reuniões; outros podem ver o indivíduo como inquieto ou difícil de acompanhar). • Frequentemente fala demais. • Deixa escapar uma resposta antes que a pergunta tenha sido concluída (p. ex., termina frases dos outros, não consegue aguardar a vez de falar). • Tem dificuldade para esperar a sua vez (p. ex., aguardar em uma fila). • Frequentemente interrompe ou se intromete (p. ex., intromete-se nas conversas, jogos ou atividades; pode começar a usar as coisas de outras pessoas sem pedir ou receber permissão; para adolescentes e adultos, pode intrometer-se em ou assumir o controle sobre o que outros estão fazendo). Em conformidade com a ABDA (associação Brasileira Do Déficit de Atenção), o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é descrito como um problema neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e frequentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida. 21 COMO O APRENDIZADO DE ARTES PODE AUXILIAR ALUNOS COM HIPERATIVIDADE TDAH Esse se caracteriza por sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade. Igualmente chamado, às vezes, de DDA (Distúrbio do Déficit de Atenção). Em inglês, também é chamado de ADD, ADHD ou de AD/HD. (É imprescindível que seu diagnóstico deve ser feito por médicos especializados) Para o diagnóstico da apresentação com predomínio de desatenção, é considerável identificar pelo menos seis, dos noves sintomas do modulo. No caso do diagnóstico da apresentação predominante da hiperatividade é igualmente preciso expor seis dos noves sintomas do modulo. Na apresentação combinada é necessário apresentar seis sintomas de cada um dos dois módulos. É importante ainda para o diagnóstico que esses sintomas estejam presentes desde cedo (antes dos 12 anos), os sintomas que aparecem tardiamente podem ser expressões de outros problemas como depressão e ansiedade. Ainda, os sintomas precisam causar problemas em pelo menos dois contextoscomo por exemplo, na escola e em casa. Caso o problema aconteça apenas em um desses, como na escola, é considerável investigar se existe realmente TDAH ou se a problemas de relacionamento ou elevadas exigências nesse ambiente. Além disso, os sintomas devem, com clareza, atrapalhar a vida do indivíduo, seja na escola, no trabalho, ou em seus relacionamentos com os demais. Os sintomas, ainda, não devem ser explicados por um outro problema, como depressão ou ansiedade. O tratamento do transtorno, pode ser feito com antidepressivos tricíclicos, atomexina (ainda não disponível no Brasil), anti- hipertensivos, e metilfenidato, sendo este último o mais 22 COMO O APRENDIZADO DE ARTES PODE AUXILIAR ALUNOS COM HIPERATIVIDADE TDAH comercializado, conhecido com o nome de Ritalina. (Barkley (2008)) O metilfenidato, é um medicamento estimulante que ativa o nível de atividade, excitação ou alerta no sistema nervosa central do indivíduo. Agindo no cérebro bloqueando a recaptação de um neurotransmissor chamado dopamina durante as transmissões sinápticas. Com mais dopamina no córtex, os sintomas de impulsividade e hiperatividade reduzem, permitindo que o indivíduo controle seu comportamento e, consequentemente, mantenha sua atenção. Assim sendo, infere-se que os benefícios promovidos pelo metilfenidato seriam interessantes, especialmente no contexto de sala de aula, em que se espera que o aluno fique sentado prestando atenção no professor. Não obstante, o metilfenidato acarreta efeitos colaterais que vão desde os mais brandos, como perda do apetite, náuseas, cefaleia, insônia, tristeza e irritabilidade, até os mais severos, como convulsões, alucinações, tiques, adversidades no crescimento e, em alguns casos, pode causar dependência (Goldstein & Goldstein, 1996; IDUM, 2009). É considerável expor que apesar dos sintomas do Déficit de atenção serem frequentes e causarem vários problemas na vida do indivíduo, esses podem ficar um longo período (ou a vida inteira) sem serem considerados como expressão de um transtorno que não é diagnosticado ou tratado de maneira correta. No livro de Paulo Mattos ''No mundo da lua'' ele descreve alguns problemas que podem ocorrer com pessoas TDAH, segundo pesquisas cientificas: 23 COMO O APRENDIZADO DE ARTES PODE AUXILIAR ALUNOS COM HIPERATIVIDADE TDAH Em crianças e adolescentes: • Maior frequência de acidentes; • Mais dificuldade de aprendizado no ambiente escolar; • Constância de reprovações, expulsões e abandono escolar; • Maior ocorrência de consumo excessivo de álcool e drogas no final da adolescência; • Maior incidência de depressão e ansiedade; • Maior incidência de obesidade. Em adultos: • Maior incidência de desemprego; • Maiores casos de divórcio; • Menos anos de escolaridade completos; • Maior frequência em acidentes de trânsito; • Incidência de abuso de álcool e drogas; • Casos frequentes de depressão e ansiedade; • Maior incidência de obesidade. Muitos ainda acreditam que o Transtorno do Déficit de Atenção com hiperatividade, é uma invenção para vender medicamentos de um problema que não existe, como descrito no livro de Paulo Mattos. E nesse mesmo argumento, equivocado, o autor utiliza da resposta da Associação Médica Americana de 1998, considerada uma das mais rigorosas e influentes do mundo ``O TDAH é um dos transtornos mais bem estudados na medicina e os dados gerais sobre sua validação são muito mais convincentes que a maioria dos transtornos mentais e até mesmo que muitas condições médicas`` (No mundo da lua- Paulo Mattos; pg 7-226) 24 COMO O APRENDIZADO DE ARTES PODE AUXILIAR ALUNOS COM HIPERATIVIDADE TDAH Ainda nessa descrença, existem pessoa que alegam ser o TDAH apenas um ``rótulo`` para caracterizar crianças com comportamento diferente dos demais. Há outros ainda que acreditam que esse Transtorno se trata de questões sociais, num eco tardio das ideias de Rousseau que são evidentes em movimentos de esquerda, principalmente no Brasil ‘‘o homem nasce bom e puro, é a sociedade que o torna mau’’. Outros ainda não acreditam no diagnóstico pois os sintomas apresentam-se em vários graus, variando em cada indivíduo. Os estudiosos Rohde e Benczik (1999), consideravam que a hiperatividade é um problema de saúde mental que tem três características básicas: distração, agitação e a impulsividade. Esse transtorno pode levar a dificuldades emocionais, de relacionamento familiar e desempenho escolar, as quais prejudicam seu desempenho e aprendizagem de forma significativa. O transtorno ocorre em 3 a 5% das crianças, em várias regiões diferentes do mundo em que já foi pesquisado. Em mais da metade dos casos acompanha o indivíduo na vida adulta, embora os sintomas de inquietude sejam mais brandos. Na vida adulta, a existência do Transtorno, foi oficialmente reconhecida apenas em 1980 pela Associação Psiquiátrica Americana. Ainda se passou muito tempo até ela ser amplamente divulgada no meio médico, e atualmente é possível observar que esse diagnóstico é raramente realizado; persistindo o estereótipo equivocado de TDAH: um transtorno acometendo meninos hiperativos que exibem mau desempenho escolar. Diversos médicos desconhecem a existência desse distúrbio em adultos, e quando são procurados por estes pacientes, acabam fazendo o diagnóstico como se houvesse outros problemas, como de personalidade. 25 COMO O APRENDIZADO DE ARTES PODE AUXILIAR ALUNOS COM HIPERATIVIDADE TDAH Atualmente, conforme esclarece a Associação Brasileira do Déficit de atenção, acredita-se que cerca de 60% das crianças com tal problema, chegaram a sua vida adulta apresentando algum dos sintomas de desatenção ou/e hiperatividade- impulsividade, entretanto em menor número do que era quando criança. Esses adultos no seu cotidiano podem mostrar dificuldade em organizar e planejar suas atividades diárias, por exemplo, não saber determinar o que é mais importante dentre suas tarefas, em consequência disso, é comum que esses indivíduos apresentem stress quando se veem sobrecarregados. Por esses motivos, as pessoas com TDAH acabam deixando os trabalhos inacabável, e retornando após longo período ou esquecendo de realiza-los. Segundo Borella (2002), o TDAH pode ser, geneticamente, encontrado nos genes que codificam os sistemas que regulam a oferta de dopamina e serotonina, hormônios encontrados no corpo humano. Ainda existem os fatores biológicos, que não são genéticos, dentre os quais se destacam o uso de álcool, drogas e determinados medicamentos durante a gestação, por parte da mãe, nascimentos prematuros, hemorragias intracranianas e falta de oxigênio durante o parto. E, ainda, os fatores ambientais que interferem no desenvolvimento psicológico e emocional, bem como conflitos familiares, transtorno mental nos pais, baixa condição socioeconômica, criminalidade por parte dos pais, entre outros. Silva (2003) afirma que o distúrbio do déficit de atenção (DDA) deriva de um funcionamento alterado no sistema neurológico cerebral, sendo as substâncias químicas produzidas pelo cérebro, chamadas neurotransmissores, apresentadas alteradas quantitativa e/ou qualitativamente no interior dos sistemas cerebrais que são responsáveis pelas funções da atenção, 26 COMO O APRENDIZADO DE ARTES PODE AUXILIAR ALUNOS COM HIPERATIVIDADE TDAH impulsividade e atividade física e mental no comportamento humano. O autor, ainda, assegura que as crianças parecem agitadas, movendo-se sem parar na sala de aula, em casa ou qualquer outro lugar. Às vezes, necessitam mover vários objetos ao mesmo tempo, derrubando muitos deles e, por isso podem receber nomes pejorativos como “bicho-carpinteiro”, “desengonçado”, “pestinha”, “diabinho”, “desajeitado”, entre outros. Para a autora do livro Mentes Inquietas, Ana Beatriz Barbosa silva, p.9 ``o TDAH trata-se de um funcionamento mental acelerado, inquieto, que produz incessantemente ideias que, por vezes, se apresentam de forma brilhante ou se amontoamde maneira atrapalhada, quando não encontram um direcionamento correto. Posso imaginar a grande multidão de anônimos que, neste momento, encontram-se deslocados em suas vidas, mergulhados em rotinas desgastantes, considerados inadequados ou incompetentes e que, na verdade, carregam em suas mentes tesouros para a humanidade. `` É importante salientar que essas crianças também são, frequentemente, capazes de controlar os sintomas com esforço voluntário ou em atividades de grande interesse. Por ser um transtorno que apresenta os sintomas mais notáveis na infância, é na escola também que esses sintomas são mais perceptíveis quando comparadas com outras crianças. O TDAH representa, junto com a dislexia, a principal causa de fracasso escolar, sendo que a dificuldade de aprendizagem está presente em 20% das crianças com este transtorno. Se torna essencial, também, que os pais de crianças com o Transtorno do déficit de atenção e hiperatividade, esclareça para esse sobre o seu 27 COMO O APRENDIZADO DE ARTES PODE AUXILIAR ALUNOS COM HIPERATIVIDADE TDAH ‘Uma vez diagnosticado o TDAH, esse aluno deve ser considerado como uma criança com necessidades educacionais especiais, pois para que tenha garantidas as mesmas oportunidades de aprender que os demais colegas de sala de aula, serão necessárias algumas adaptações visando diminuir a ocorrência dos comportamentos indesejáveis que possam prejudicar seu progresso pedagógico [...]’’ (REIS, 2011 p.8). Cabe orientar, novamente, que o real diagnóstico para saber se a criança possui TDAH é necessário a comprovação de um profissional especializado, porém muitos indícios necessitam a manifestação para que possa suspeitar do problema. Os indícios mais frequentes, e possíveis de detectar, apresentam-se desde os primeiros meses de vida, etapa em que o bebê se mostra insaciável, irritado, tem cólicas acentuadas e apresenta dificuldade de alimentação e sono. É imprescindível que o profissional especializado esteja baseado em informações seguras. O problema deve ser observado por meio de entrevistas e observações familiares e escolares. Também se faz necessário o conhecimento sobre a idade em que se iniciaram as manifestações, o funcionamento familiar durante a gravidez, período pré-natal, parto, 28 COMO O APRENDIZADO DE ARTES PODE AUXILIAR ALUNOS COM HIPERATIVIDADE TDAH desenvolvimento psicomotor e histórico de saúde mental da criança, bem como antecedentes familiares, pois a perda de autocontrole pode ter origem genética. Se tratando do ambiente escolar em uma pesquisa realizada por Luzita Maria e Ana Luiza (2011), encontrada na Revista educação, arte e inclusão, é questionado a seis professores do conhecimento deles sobre TDAH, entre esses, a maioria diz saber apenas superficialmente sobre, e ainda não souberam responder sobre a dificuldade de ensinar para esses alunos, ficando claro assim que, os educadores não apresentam preparo para fazer um trabalho adequado, visando o desenvolvimento e o avanço do aluno. Ainda afirmaram não terem orientação profissional para saberem como trabalhar e quais procedimentos usarem com esses estudantes. Daí se faz necessário que o educador tenha o conteúdo e o conhecimento maior sobre o assunto com capacitação e perfil profissional. O educador deveria ter na sua formação, em sua grade curricular, uma disciplina que o ensinasse a lidar com deficiências, bem como transtornos e dificuldades de aprendizagem, características tão comuns em sala de aula, para saber como lidar com esses estudantes e com os demais. Ainda é preciso que seu conhecimento sobre esse assunto permaneça atualizado, pensando que os estudos científicos sempre estão sendo remodelados. As escolas devem, da mesma maneira, estarem dispostas a promover a formação continuada e desenvolver reuniões em que seus profissionais discutam e compartilhem suas experiências, fazendo a contribuição para a didática do educador de maneira significativa e incentivando-o e dando suporte para seu trajeto como professor. A instituição necessita estar em contato com os pais dos alunos 29 COMO O APRENDIZADO DE ARTES PODE AUXILIAR ALUNOS COM HIPERATIVIDADE TDAH TDAH para que o esforço e as conquistas sejam mutuas, tendo em mente que os processos de evolução das crianças com tal distúrbio devem continuar fora do ambiente escolar. O psicólogo Ronaldo Ferreira Ramos (RAMOS, 2009. In ABDA - 2012, p.1), diretor executivo da Associação Brasileira de Déficit de Atenção (ABDA), ressalta que o professor é um dos primeiros a identificar o comportamento diferenciado da criança e orienta que a primeira coisa a ser feita nesses casos é chamar os pais para conversar e sugerir que busquem ajuda de um especialista. [...] assim que a criança for diagnosticada, deve ter início um acompanhamento multidisciplinar que, na opinião dele, pode contar com um terapeuta, um psiquiatra infantil ou outro médico conforme a necessidade. Crianças com TDAH ainda sofrem um alto índice de rejeição de seus colegas, em consequências dos prejuízos nas habilidades sociais. Uma vez que os colegas percebem que ela ‘‘perturba’’ as atividades em grupo, seja nos trabalhos de equipe, nos esportes, ela deixa de ser convidada, quando não deixada propositadamente de lado nessas ocasiões. A rejeição social é um fator que nos permite predizer a ocorrência da delinquência, abandono dos estudos, e má adaptação na vida adulta. A informação e a conscientização do paciente e dos familiares são o primeiro passo no tratamento e muitas vezes o mais importante de todas. Instruir-se sobre o estudante não beneficia, apenas, o aluno com TDAH, porém também o professor e os demais colegas, pois proporciona maior dedicação e disponibilidade do professor, o que reflete em atividades mais elaboradas e concretas. Todos são beneficiados, e o estudante com TDAH consegue adquirir um aprendizado significativo e estabelecer relações com seus colegas. 30 COMO O APRENDIZADO DE ARTES PODE AUXILIAR ALUNOS COM HIPERATIVIDADE TDAH Esses alunos apresentam o seu próprio tempo de aprendizagem e em sua maioria eles necessitam de mais tempo para internalizar o que foi ensinado. Pensando nisso, o educador deve sempre intervir para que esse estudando não se sinta inferior em relação aos outros, nem tão pouco que os outros alunos o caracterizem como uma pessoa lenta ou exótica. Devido a inquietação desses alunos com o Transtorno, o professor pode desenvolver atividades extraclasses, e procurar o auxílio desse aluno para que o faça se sentir útil e canalize a agitação e inquietude de forma proveitosa. Dicas para o professor: • O professor pode estabelecer uma rotina constante, com regras e limites estabelecidos. Evitando mudar de horário, trocar regras de jogo no que diz respeito às avaliações (uma hora vale uma coisa, outra hora vale outra). • Desde o primeiro dia o professor deverá deixar claro, alguns professores utilizam um mural. • É importante o professor apresentar de forma clara, apresentar aquilo que está sendo dito também sob forma visual (slide, quadro negro). • A criança e o adolescente com TDAH necessitam um pouco mais de estimulação para dar certo, mas nada de muito exagerado, as rotinas são necessárias (evitem improvisos). • É importante conversar com a criança sobre suas dificuldades, envolvê-la nas discussões faz com que as mudanças se tornem um projeto conjunto. • O professor deverá tentar modificar o comportamento do aluno gradualmente, poderá reservadamente listar os comportamentos inadequados, o professor 31 COMO O APRENDIZADO DE ARTES PODE AUXILIAR ALUNOS COM HIPERATIVIDADE TDAH • deverá escolher principalmente aqueles que sejam mais prejudiciais para o desempenho acadêmico ao apresentar melhora nesses comportamentos ele poderá estabelecer novas metas, (deverá acontecer devagar). • Ele tem que saber equilibrar exigência de cumprimento e obedecer as regras e flexibilização de comportamento. Quando houverinfração a regras, é importante estar atento à existência de fatores atenuantes. (diminui a gravidade de uma falta isso deve ser bem explicitados ao aluno). • Tentar descobrir a melhor forma de utilização do material. • Trabalhar com grupos pequeno, com esse trabalho grande parte das crianças e adolescentes com TDAH consegue melhores resultados acadêmicos. • Avaliação frequente sobre o impacto do comportamento do aluno sobre ele mesmo e sobre os outros ajuda bastante. • Despertar no aluno com TDAH o gosto pela leitura, através de assuntos e temas de seu interesse. • Olhe sempre nos olhos, você poderá trazer o aluno de volta, um olhar pode tirar o aluno do seu devaneio. • Explique e dê o tratamento normal a fim de evitar um estigma. - Exercícios físicos, ginástica ajuda a liberar o excesso de energia. • O professor deverá preparar o aluno com TDAH a novas situações. Ela é muito sensível em relação às suas deficiências e facilmente se assusta ou se desencoraja. • Para melhor assimilação o professor poderá dividir as atividades em unidades menores. • Nunca provocar constrangimento ou menos desprezar o aluno. 32 COMO O APRENDIZADO DE ARTES PODE AUXILIAR ALUNOS COM HIPERATIVIDADE TDAH Este é o momento de olhar para esses alunos hiperativos não como um agravador do trabalho, todavia como o de mente fértil e acelerada, apto de utilizar suas habilidades para a construção de um ambiente melhor. A ABDA (Associacão Brasileira do Deficit de Atenção) evidencia algumas ideias que podem ser utilizadas com o aluno TDAH citado abaixo: • Não deixar flutuações de humor ou cansaço • interferirem no trabalho de inclusão e agir da mesma forma mesmo quando as situações se modificarem. Na implementação das estratégias de sala de aula o papel do professor é de extrema importância, é quase imensurável a diferença que um professor informado e motivado corretamente pode fazer para seus alunos. • Todos os recursos abaixo podem e devem ser usados para os alunos com TDAH. Construí-los de uma forma divertida e em grupo com os alunos ajuda ainda mais a engajá-los na importância de tais ferramentas. • Utilizar lembretes em agendas e/ou cadernos; listas de tarefas; anotações em provas e trabalhos; quadro de Avisos e cronogramas, servindo como ferramentas organizadoras de horários e datas importantes; A UTILIZAÇÃO DA ARTE COMO FACILITADORA DE APRENDIZAGEM DE PESSOAS TDAH Se tratando da arte, esta constitui-se na necessidade do homem em se comunicar, expressar através da música, danças, representações, rituais. A Arte então se torna o reflexo de uma sociedade. 33 COMO O APRENDIZADO DE ARTES PODE AUXILIAR ALUNOS COM HIPERATIVIDADE TDAH Quando utilizada como aprendizagem com os alunos, nota-se que esses se sentem mais livres para a realização da atividade, sem sentirem uma pressão, ainda é perceptível que o fazer artístico é um excelente instrumento para minimizar os sintomas da hiperatividade e que pode e deve ser utilizado por professores, como possibilidade de alterar comportamentos e contribuir para buscar a qualidade de vida das crianças que possuem Transtorno do déficit de Atenção e Hiperatividade. As atividades artísticas não devem ser minimizadas apenas em sala de aula; os pais devem também explorar esse meio em casa, pois esse pode auxiliar a criança a se reorganizar seus conflitos internos. A atividade com liberdade de criação ajuda a criança extravasar a sua agitação naquele exercício, essas atividades colocam toda atenção da criança nela, ajudando no sintoma de hiperatividade. Estimular uma criança a experiências opostas ao comportamento que até então parece defini-la é uma forma de ampliar suas competências e suas relações. Para que uma criança dada como hiperativa tenha a experiência da calma, o exercício proposto, deve se assemelhar com os atrativos que já são conhecidos da criança como: aceleração, velocidade, impulsividade, que por identificação ela tende a se interessar. Por seguinte, essa mesma atividade, deve levá-la a conquistas que só possam ser realizadas com o exercício da calma, da atenção, da desaceleração, do controle. Essa atividade não significa dizer que todas as propostas de arte tenham que iniciar aceleradas e terminar calmas. 34 COMO O APRENDIZADO DE ARTES PODE AUXILIAR ALUNOS COM HIPERATIVIDADE TDAH São também especialmente válidos os exercícios ou técnicas que tenham a alternância (aceleração, calma, aceleração...), porque a qualidade de qualquer atividade artística é ampliada quando é capaz de circular entre contrários. A música pode ser uma atividade a ser utilizada com os alunos hiperativos também. Essa está presente no nosso cotidiano praticamente em todas as culturas e são passadas de geração a geração. Ela existe desde que existe a memória. Através das canções o aluno pode ativar e dar forma aos seus pensamentos, sentimentos e emoções, despertando uma maior consciência de si mesmo. Millecco (2001) afirma que quando cantamos dizemos algo de nós mesmos. A canção é portadora de mensagem, e adquire um significado singular para cada paciente. A música ainda pode trazer benefícios na saúde das pessoas em diferentes níveis: pessoal, emocional, social, trabalho, etc. Ela produz sensações de felicidade, relaxamento, motivação e pode até mesmo servir como tratamento e apoio para a cura de algumas doenças, especialmente no campo psicológico. Quando se aplica a música em crianças diagnosticadas com TDAH deve-se tomar certos cuidados. Pode-se ter a ideia, que uma forma de apaziguar o transtorno pode ser simples como colocar uma música lenta, o que produzirá uma sensação de tranquilidade e relaxamento. Se fizermos isso, é provável que não só não tenha efeito, mas pode trazer mais transtorno sobre a criança, devido à sua necessidade natural de movimento. Porém pelo contrário, estudos mostram que por meio de músicas agitadas, ou seja, ritmadas e rápidas, pode-se obter bons resultados no que diz respeito ao controlo da hipercinesia.Aquelas músicas que são estimulantes e agitadas serão aquelas que poderão ajudar as crianças com TDAH a resolverem a condição de mobilidade constante. 35 COMO O APRENDIZADO DE ARTES PODE AUXILIAR ALUNOS COM HIPERATIVIDADE TDAH A dança também pode ser uma opção de atividade a ser desenvolvida com alunos hiperativos. Como atividade física, a dança pode trazer muitos benefícios para as pessoas com deficiência, melhorando as capacidades físicas e psicológicas, contribuindo para o resgate da autoestima e autoimagem, promovendo ainda a melhora do relacionamento da pessoa consigo mesmo, e com os outros. Essa é uma atividade motora que pode proporcionar ricas experiências e auxiliar no desenvolvimento humano. Assim, o processo de ensino e aprendizagem na dança deve levar em consideração as diferenças existentes entre as pessoas. Tendo, portanto, a dança como uma atividade proposta, o professor deve buscar estilos que possibilidade a maior liberdade de criação do aluno, com menor exigência com a forma correta de execução. No teatro também é possível identificar resultados no desenvolvimento do aluno, aqui citamos o teatro do oprimido, que se trata de uma série de jogos e técnicas teatrais que podem contribuir para a manutenção, e equilíbrio de relações interpessoais, estimular a criatividade e dar vasão a espontaneidade, para mais, é eficiente como ferramenta de transformação do comportamento humano e mudanças na práxis social. Aplicável a todo e qualquer indivíduo, o Teatro do Oprimido, empregado como método pedagógico para pessoas com TDAH auxilia no desenvolvimento de habilidades para o aprendizado e fixação de conteúdos didáticos. De acordo com Boal (1996, p. 29) “o Teatro do Oprimido desenvolve- se em três vertentes principais: educativa, social e terapêutica”, que podem ser identificadas nas técnicas que compõem o Teatro do Oprimido, por exemplo, teatro jornal; teatro imagem; teatro invisível; teatro fórum e o teatro legislativo. 36COMO O APRENDIZADO DE ARTES PODE AUXILIAR ALUNOS COM HIPERATIVIDADE TDAH Os exercícios do Teatro do Oprimido buscam atingir todos os campos das nossas vidas, dessa maneira, quando nos dispomos participar de atividades pensadas a partir do método de Boal, exercitamos por inteiro, indo da memória a musculatura, do sensorial a imaginação e a emoção. O importante de trabalhar as três principais características do TDAH (desatenção, hiperatividade e impulsividade) será no momento de transformar as informações obtidas em cenas teatrais. Por ser uma atividade em que a criatividade é o principal, a desatenção será compensada pelo interesse em participar ativamente da atividade. E como no teatro cada, ator deve aproveitar ao máximo suas exclusivas características, a hiperatividade deve ser pensada não como empecilho à prática teatral, no entanto como um elemento a ser considerado e utilizado no momento de criação dos personagens. Dessa forma, papéis que exigem mais animação e movimentos acentuados podem ser executados com perfeição por pessoas com TDAH. Citamos aqui outras atividades que podem ser desenvolvidas para esse público: Os alunos podem colorir uma superfície branca de várias cores com giz de cera, e após pinta-la completamente de preto com guache ou nanquim. Posteriormente, a criança pode fazer um desenho, utilizando um palito sobre essa superfície. Essa é uma boa atividade que tem início na “desordem” do rabiscar sem direção definida, com força e velocidades que podem variar e que se desenvolve em direção a uma ação mais ordenada e cuidadosa onde através da coordenação motora, formas vão sendo criadas e desenvolvidas. 37 COMO O APRENDIZADO DE ARTES PODE AUXILIAR ALUNOS COM HIPERATIVIDADE TDAH Além disso, ela tem início na ação livre de colorir, em múltiplas direções. E em seguida é minimizada pelo próprio aluno, quando cobre com tinta preta a agitação promovida com lápis cera. No final as linhas criadas sobre o preto com uma ponta seca, fazem surgir de maneira mais organizada e valorizada as cores de lápis cera que haviam sido cobertas pelo preto. Da mesma maneira, o professor pode explorar o meio da dança com seus alunos, ou ainda do teatro. Todas essas atividades podem auxiliar o comportamento do aluno com TDAH, principalmente a sua inquietação trazendo a concentração para a realização do exercício. Lembra-se que essas atividades devem ser praticadas em casa, com os pais também, e que essa melhora comportamental não dispensa quaisquer tratamentos com especialistas sobre o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. Outras considerações que podem ser levadas em conta sobre pessoas com TDAH é que, pessoas que apresentam grande inteligência também podem apresentar o distúrbio e igualmente outros problemas como, depressão, dislexia, fobias e etc. E da mesma forma podem apresentar sucesso em determinadas áreas pois sua inteligência e seu perfil de personalidade minimizam o impacto do transtorno, como citado no livro ``no mundo da lua`` por Paulo Mattos. Á vista disso, lembramos que cada caso é individual, e que nem todas as pessoas que apresentam DDA, terão os mesmos sintomas na mesma intensidade, ou que terão o mesmo tratamento. É importante também que o professor considere que nem todas as atividades propostas terá um resultado satisfatório, assim ele deve sempre observar qual atividade melhor se encaixa com seu aluno TDAH. 38 COMO O APRENDIZADO DE ARTES PODE AUXILIAR ALUNOS COM HIPERATIVIDADE TDAH CONSIDERAÇÕES FINAIS: Ao fim do presente trabalho podemos visualizar que o processo de inclusão das pessoas com deficiência, percorreu (e ainda percorre) um caminho estreito, já com todas as limitações, encontrou-se com a desinformação, exclusão, irresponsabilidade e com a visão ignorante justificada pela fé. Todas essas criaram a história de negligência acerca da deficiência, provocando a demora para que todas fossem tratadas com a devida importância e que tivessem o seu tratamento adequado. Ainda, é possível encontrar muitos problemas relacionados a inclusão dessas pessoas, porém em momentos atuais é possível encontrar associações especializadas em cada deficiência, assim como organizações que podem tratar dessas pessoas com os devidos cuidados, essas pessoas agora tem seus ofícios garantidos por lei, e ainda, como é o foco desse trabalho, as inclusões das mesmas nas escolas, com os demais. Tratando sobre o TDAH, que é o principal ponto da pesquisa, podemos evidenciar que ainda a muita desinformação sobre muitos acreditam que não se trata de uma doença, mas sim de um comportamento infantil e desregrado que apenas precisa de limites. No ambiente escolar, os professores, colocam os alunos TDAH como bagunceiros, e maus criados, causando assim um conflito entre a escola e os pais e provocando muitas vezes a evasão escolar desses alunos. Ainda, percebe-se que a escola não está preparada para receber tais alunos, e não apresenta a possibilidade de uma atenção individual para esses, ou outros que necessitem. 39 COMO O APRENDIZADO DE ARTES PODE AUXILIAR ALUNOS COM HIPERATIVIDADE TDAH Fica claro aqui que um dos grandes problemas se trata da desinformação dos indivíduos, assim como em todos os assuntos sociais e o interesse em reverter esse empecilho. Deve-se então, por parte dos professores, buscarem sempre estarem em alinhamento com os novos conhecimentos, sobre as deficiências que ele pode ter que lidar no seu dia a dia, e principalmente sobre aquelas que são mais silenciosas. Quando o educador apresenta tal conhecimento o seu trabalho simplifica-se e ainda ele pode ser um auxiliador na identificação de problemas nos alunos que muitas vezes não são vistas pelos pais. Silva (2003, p. 25, 26) afirma que: ``Se o comportamento dos DDAs não for compreendido e bem administrado por eles próprios e pelas pessoas que com eles convivem, frequentemente, consequências no agir poderão se manifestar sob diferentes formas de impulsividade, tais como: agressividade, descontrole, uso de drogas, jogos, tagarelice incontrolável ... [...] É na busca dessa vida dentro da vida que está o impulso mais forte de todo DDA. Para eles tudo é MUITO. Muita dor, muita alegria, muito prazer, muita fé, muito desespero. ` Sobre a escola, esperasse que essa, esteja disposta a incluir todos os públicos no seu ambiente, e que além disso, que ela apresente auxílio aos seus alunos e seus profissionais, pois como vimos, muitas escolas não dão suporte para seus profissionais, muito ao menos aos seus estudantes, transformando o seu ambiente em um lugar completamente despreparado para seus alunos especiais por exemplo. Com a palavra, do Art. 27, do Estatuto da Pessoa com Deficiência: ` 40 COMO O APRENDIZADO DE ARTES PODE AUXILIAR ALUNOS COM HIPERATIVIDADE TDAH “É dever do Estado, da família, da comunidade escolar e da sociedade assegurar educação de qualidade à pessoa com deficiência, colocando-a a salvo de toda forma de violência, negligência e discriminação”. O papel do professor é indispensável para a evolução do estudante com TDAH; porém, se a escola não o apoia ou não lhe dá subsídios pelos quais possa ser cumprido o objetivo, o esforço e trabalho até então alcançados regridem ou paralisam, não chegando a um progresso desejado. Destacamos ainda que, é preciso ter um conhecimento correto do distúrbio e suas complicações; ser coerentes, previsíveis em suas ações e mostrar apoio as crianças em suas interações diárias, pois este não é apenas um problema que pode ser curado. O distúrbio afetará a criança durante toda sua vida; manter-se numa posição de intermediação entre a escola e outros grupos; dar instruções positivas; cuidar para que seus pedidos sejam feitos de maneira positiva ao invés de negativa; recompensar amplamente o comportamento adequado; crianças com TDAH exigem respostas imediatas, frequentes, previsíveis coerentementeaplicadas ao seu comportamento; planejar adequadamente.; aprender a reagir aos limites de seu filho de maneira positiva e ativa. As regras devem ser claras e concisas. Atividades ou situações nas quais já ocorreram problemas. Devem ser evitadas atitudes de punir com violência. Porém compreendendo que a punição adequada só trará uma modificação de comportamento para a criança com TDAH, se acompanhada de uma estratégia de controle. ` 41 COMO O APRENDIZADO DE ARTES PODE AUXILIAR ALUNOS COM HIPERATIVIDADE TDAH Dialogando sobre o aprendizado de artes para a melhoria dos sintomas do Transtorno do Déficit de Atenção, seja pintura, desenho ou qualquer outra forma de produzir e criar em artes visuais é uma excelente habilidade, tanto como uma ferramenta mediadora que pode ser utilizada para auxiliar a minimizar os sintomas da hiperatividade, como forma de humanização e cidadania de todos. Estimular a criatividade favorece a autonomia e estimula a construção da autoestima e facilita a integração social da criança, fazendo com que aprenda a lidar melhor com conflitos cotidianos, e possibilita o desenvolvimento do pensamento divergente. Pode-se perceber que a Arte evita a agressividade, a impulsividade que são características marcantes nas crianças com TDAH e consequentemente, melhora a auto estima que geralmente é baixa, provocando novas posturas e atitudes individuais e sociais, minimizando transtornos dos mais variados, e destacando em especial a hiperatividade. Por fim, entende-se que quando a família e a escola trabalham em conjunto para superar os distúrbios causados pelo TDAH o tratamento aplicado se torna eficaz, e os seus resultados serão satisfatórios nas relações sociais do individuo. ` 42 COMO O APRENDIZADO DE ARTES PODE AUXILIAR ALUNOS COM HIPERATIVIDADE TDAH REFERÊNCIAS: LEME, LUCIANA. Associação Brasileira do Déficit de Atenção, O que é TDAH. Disponível em: https://tdah.org.br/sobre-tdah/o-que-e -tdah/. Acesso em: 04/2021 MARIA, L.; Luzia, A. As artes visuais como mediação na superação da hiperatividade: um estudo de caso. 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DEPOIMENTO 1 ''Olá, sou mãe de um adolescente Tdah, muito cedo percebi que algo não era comum no comportamento de meu filho, até então um bebê, sempre fora do meu controle, corria e pulava em lugares e horas inadequadas, sem conseguir ''brecar'' este comportamento, optei por desistir, não o levava quase nunca a lugar algum. Quando nos reuníamos em família, sempre acontecia algo e ele era responsabilizado, foi taxado como louco, mal educado, ninguém nos queria por perto, meu coração vivia despedaçado. Com a escola os problemas evoluíram, era chamada com frequência por conta do comportamento agitado, passamos para a medicação, meu coração doía por mais um motivo, nosso relacionamento ficou muito difícil, o pai dele faleceu, vivemos por um tempo da caridade da família, que impunha algumas regras, cuja leitura feita por eles, eu não seria uma boa mãe, tinha que ser severa. 46 COMO O APRENDIZADO DE ARTES PODE AUXILIAR ALUNOS COM HIPERATIVIDADE TDAH Ele só tinha a mim, para educa-lo. Chegamos ao 1º ano do ensino médio a duras penas, à custa de muito sofrimento e discussões com a escola e professores, eles diziam conhecer o assunto, massó faziam me culpar, exigiam de mim o que ela, a escola não conseguia fazer, ensina-lo a se organizar, responder as provas, ler os livros, e meu filho ali, usando medicação, alheio a tudo, mas não os incomodava, pra eles o que importa? Repetiu a 1ª vez, aceitei, pensei que talvez fosse bom, talvez ele viria a perceber que eu não poderia dar um jeito sempre e, teria que se dedicar aos estudos. ele não cópia, não guarda o material, é como se apenas fosse até a escola, quando um assunto lhe interessa, surpreende, mas na maioria das vezes, fica voando, alheio a classe, neste ano acabou desistindo e repetiu mais uma vez'' (Relato de 2013) . DEPOIMENTO 2 ' 'Tenho um filho de 14 anos que desde pequeno, ainda bebezinho, eu percebia que ele era diferente dos demais, ele se jogava do berço aos 4 meses, ele não dormia durante o dia e sempre foi muito agitado. Na idade de ir pra escolinha ele chegou o primeiro dia como se já conhecesse tudo e logo deu jeito de começar a aprontar as dele, extremamente inteligente 47 COMO O APRENDIZADO DE ARTES PODE AUXILIAR ALUNOS COM HIPERATIVIDADE TDAH a escolinha só não o expulsou por ser particular, mas as reclamações eram diárias, ''ele não faz atividade na sala'', ' 'ele não sabe conviver em grupo'', ''ele bate no coleguinha'', ''ele é estúpido sem educação” e por aí vai a mesma historinha. A mãe de um aluno me esperou na porta da escolinha pra me agredir, pois não aguentava mais as queixas do filho dela sobre meu filho claro que a escolinha intercedeu, eu nem sabia disso. Aos cinco anos ele se formou e nem o próprio nome ele sabia escrever, foi para primeira série do ensino fundamental ainda aos 5 anos com apenas 4 meses de escola me deram a opção, ''ou você o tira da escola ou vamos expulsá-lo'', nossa como chorei nesse dia! Eu castigava, levava no psicólogo e o profissional dizia sempre o mesmo ''com problemas está é quem educa ele na escola, ele é completamente normal só precisa de disciplina”. Sendo assim, o psicólogo suspendeu o tratamento. Numa nova escola começou novo martírio, meu Deus eles faltaram me enlouquecer, lá na escola meu filho era tratado como um monstro malvado, como esse sistema de aprovação automática que agora não reprova ninguém meu filho nunca tomou bomba, porém, sempre conversando a aula inteira, parecia ''ligado no 220'' sempre, já rapazinho percebia que ele sempre chegava em casa com a camisa de escola suja, ele corria tempo todo, totalmente perdido meu amado filho. 48 COMO O APRENDIZADO DE ARTES PODE AUXILIAR ALUNOS COM HIPERATIVIDADE TDAH Foi quando desesperada contei a uma amiga fono que me deu a dica” não seria ele um TDAH?'' Nome esse que eu nunca nem havia ouvido falar, foi então que ela fez o teste e constou que o resultado era de tdah grave, entrei de sola no assunto e fui lendo relatos de portadores, fui aprofundando no assunto até que marquei um neuro pois tenho certeza que ele é portador, e de quebra nesse estudo descobri que sou também.… meu filho é um amor de pessoa, tadinho criou esse personagem sei lá pra incrementar a vida vai saber, somos geniosos, a cabeça parece que recebe mil informações ao mesmo tempo, criatividade é o que não nos falta, bom vou ficando por aqui e quero voltar mais vezes com meus relatos, pois é tanta coisa pra contar que se eu for escrever tudo não vai caber.'' (Relato de 2012) DEPOIMENTO 3 Eu sou um garoto de 16 anos e tenho TDAH. Minha mãe é psicóloga, então desde cedo sempre fiz terapia para tentar tratar a minha condição. Mas mesmo assim, durante a minha infância, quando entrei na escola e ainda não podia tomar doses maiores da medicação, eu fugia da sala de aula e não conseguia parar quieto para fazer as lições que a professora passava. Apesar de ter sido o primeiro da minha turma a aprender a ler e a escrever, minhas professoras falavam que eu não teria muito futuro. Hoje, com a ajuda da minha família, 49 COMO O APRENDIZADO DE ARTES PODE AUXILIAR ALUNOS COM HIPERATIVIDADE TDAH da minha psicóloga, e das aulas de Teatro, Judô e Desenho, sou o primeiro aluno da minha turma e pretendo entrar no curso de Medicina (ou Arquitetura, não sei ainda) da UFRJ. Isso para mostrar que, mesmo com TDAH, qualquer um pode ter sucesso na vida, contanto que tenha apoio da família, apoio médico, e que saiba desenvolver seu cérebro bem. (Relato de 2012) DEPOIMENTO 4 Meu nome é Andréa, tenho 41 anos, sou fonoaudióloga. Fui diagnosticada há cerca de dois, apesar de desconfiar do transtorno há algum tempo. Sempre fui desatenta e hiperativa, por sorte sempre gostei de estudar e nunca apresentei dificuldades no aprendizado. Mas nos relacionamentos interpessoais o TDAH sempre me prejudicou. Sou impaciente, intolerante, às vezes, irritada com a \” lerdeza\” das pessoas que não me acompanham. Desde adolescente, recordo-me de ser ansiosa, perdia o sono com alguma frequência de tanto pensar em mil coisas ao mesmo tempo. Passei por profissionais da área(psiquiatra) antes do diagnóstico e fui medicada com anti depressivo, mas me sentia sonolenta e meu pensamento não fluía naturalmente. Após a descoberta do TDAH passei a tomar ritalina medicação especifica para TDAH, 50 COMO O APRENDIZADO DE ARTES PODE AUXILIAR ALUNOS COM HIPERATIVIDADE TDAH me senti ótima, concentrada, atenta, menos ansiosa, era como se eu estive presente no momento de verdade, sem pensar em outras coisas. Me recordo também de sempre iniciar novos cursos, projetos e não terminar, me desestimulando tão rápido quanto havia iniciado. Esquecer compromissos e chegar atrasada para mim era algo comum, até ria disto. Hoje não tomo mais medicação, apesar de me sentir muito bem, pois acho uma medicação com custo alto. Sei o quanto ela ajuda, associada a terapia psicológica então nem se fale. Todavia optei por suspendê-la, quem sabe a esta medicação para TDAH venha fazer parte dos medicamentos oferecidos pelo governo. Seria de grande valia a todos os TDAH. Algo que vem me auxiliando muito a controlar a ansiedade, o comportamento agitado e os pensamentos acelerados é a meditação. Enfim, quando recebo uma criança no meu consultório com esta queixa, sei o que ela sente e tento ajudá-la da melhor maneira possível. Oriento pais, professores, a escola como um todo, pois é difícil para o aluno permanecer quieto e os traumas com relação a condutas inadequadas podem marcar por uma vida toda, ficando difícil apagá-las posteriormente. (Relato de 2012) 51 COMO O APRENDIZADO DE ARTES PODE AUXILIAR ALUNOS COM HIPERATIVIDADE TDAH DEPOIMENTO 5 Meu filho caçula tem TDAH, ainda pequeno descobrimos a Hiperatividade, porém com muito amor e disciplina, fomos orientados para mudança de hábitos em casa o que ajudou muito no controle durante alguns anos. No ano passado já com 11 anos o déficit de atenção e a hiperatividade ressurgiu com tal força que o rendimento escolar quase foi totalmente afetado, começamos a notar mudanças bruscas de humor e um desleixo enorme com relação ao próprio corpo (hematomas sem identificação). perda frequente de objetos e atitudes antissociais no relacionamento com outras crianças. Foi quando num jornal local, descobrir que havia uma pesquisa TDAH UFBA-UNIFESP referente a questão, fizemos todos os procedimentos em todas as sexta-feira durante 6 meses onde foi realmente diagnosticado a necessidade de medicação no tratamento para ser acompanhado daqui pra frente. Há 2 meses não podemos mais receber a medicação e hoje ele está com quase 13 anos e o Governo do Estado da Bahia – deu como INDEFERIDO o pedido para medicação pelo estado e estou tentando pelo Ministério Público o direito a medicação para meu menino. Já existe uma PL-3092/2012 concedendo o direito, precisamos nos unir e acreditar num futuro melhor e deixarmos os preconceitos de lado para podermos enxergar o quão maravilhosas são estas crianças,
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