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Polícia Militar do Piauí Conteúdo Complementar Soldado Todos os direitos autorais desta obra são reservados e protegidos pela Lei nº 9.610/1998. É proibida a reprodução parcial ou total, por qualquer meio, sem autorização prévia expressa por escrito da editora Nova Concursos. Essa obra é vendida sem a garantia de atualização futura. No caso de atualizações voluntárias e erratas, serão disponibilizadas no site www.novaconcursos.com.br. Para acessar, clique em “Erratas e Retificações”, no rodapé da página, e siga as orientações. Produção Editorial Carolina Gomes Josiane Inácio Karolaine Assis Organização Arthur de Carvalho Roberth Kairo Saula Isabela Diniz Revisão de Conteúdo Ana Cláudia Prado Fernanda Silva Jaíne Martins Maciel Rigoni Nataly Ternero Análise de Conteúdo Ana Beatriz Mamede João Augusto Borges Diagramação Dayverson Ramon Higor Moreira Willian Lopes Capa Joel Ferreira dos Santos Projeto Gráfico Daniela Jardim & Rene Bueno Dúvidas www.novaconcursos.com.br/contato sac@novaconcursos.com.br Obra PM-PI – Polícia Militar do Piauí Soldado Autores CONHECIMENTOS GERAIS • Zé Soares e Jean Talvani LEGISLAÇÃO DA POLÍCIA MILITAR DO PIAUÍ • Renato Philippini, Fernando Zantedeschi e Bruno Oliveira Edição: Junho/2021 SUMÁRIO CONHECIMENTOS GERAIS ..............................................................................................5 POLÍTICA E ECONOMIA NO ESPAÇO NACIONAL E MUNDIAL ........................................................ 5 DISPUTAS INTERIMPERIALISTAS E TRANSFORMAÇÕES DO ESPAÇO CAPITALISTA .................................5 OS BLOCOS ECONÔMICOS E AS POTÊNCIAS GLOBAIS E REGIONAIS NO SISTEMA INTERNACIONAL ...10 ORGANISMOS INTERNACIONAIS ...................................................................................................................11 GLOBALIZAÇÃO E FRAGMENTAÇÃO DO ESPAÇO .........................................................................................12 CONFLITOS ÉTNICOS, POLÍTICOS E RELIGIOSOS ATUAIS ...........................................................................13 EXPLORAÇÃO E USOS DOS RECURSOS NATURAIS E OS DESAFIOS GEOPOLÍTICOS DO SÉCULO XXI ....15 RELAÇÕES ECONÔMICAS ENTRE O BRASIL E O MUNDO .............................................................................15 O ESPAÇO BRASILEIRO: POPULAÇÃO, ECONOMIA E URBANIZAÇÃO ......................................... 18 QUESTÃO AMBIENTAL: PROBLEMAS AMBIENTAIS, DEGRADAÇÃO E CONSERVAÇÃO NO ÂMBITO NACIONAL E INTERNACIONAL ................................................................................... 30 LEGISLAÇÃO DA POLÍCIA MILITAR DO PIAUÍ .......................................................39 LEI ESTADUAL Nº 3.808, DE 16/07/1981 (ESTATUTO DOS POLICIAIS MILITARES DO ESTADO DO PIAUÍ) ............................................................................................................................. 39 LEI ESTADUAL Nº 3.729, DE 27/05/1980 (CONSELHO DE DISCIPLINA DA POLÍCIA MILITAR E CORPO DE BOMBEIROS DO ESTADO DO PIAUÍ) .......................................................................... 55 DECRETO Nº 3.548, DE 31/01/1980 (REGULAMENTO DISCIPLINAR DA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO PIAUÍ) ....................................................................................................................... 58 CONSTITUIÇÃO ESTADUAL DO PIAUÍ ............................................................................................. 62 DECRETO-LEI FEDERAL Nº 667, DE 02/07/1969 E ALTERAÇÕES POSTERIORES (REORGANIZA AS POLÍCIAS MILITARES E CORPOS DE BOMBEIROS MILITARES) .................... 74 DECRETO FEDERAL Nº 88.777, DE 30/09/1983 (REGULAMENTO DAS POLICIAS MILITARES E CORPOS DE BOMBEIROS MILITARES, R200) .......................................................... 82 LEI COMPLEMENTAR Nº 68, DE 23/03/2006 (LEI DE PROMOÇÃO DE PRAÇAS PMPI) .............. 90 DECRETO Nº 12.422, DE 18/11/2006 (REGULAMENTO DE PROMOÇÃO DE PRAÇAS)............... 95 LEI Nº 5.378, DE 10/02/2004 (CÓDIGO DE VENCIMENTOS DA PMPI) ........................................100 DECRETO Nº 17.999, DE 19/11/2018, COM A ALTERAÇÃO DO DECRETO Nº 18.089, DE 15/01/2019 (DISCIPLINA O TERMO CIRCUNSTANCIADO DE OCORRÊNCIA NO ESTADO DO PIAUÍ) ..........................................................................................................................................108 C O N H EC IM EN TO S G ER A IS 5 CONHECIMENTOS GERAIS POLÍTICA E ECONOMIA NO ESPAÇO NACIONAL E MUNDIAL DISPUTAS INTERIMPERIALISTAS E TRANSFORMAÇÕES DO ESPAÇO CAPITALISTA Sem exagero algum, podemos dizer que a Revo- lução Industrial pariu a nossa época. A Revolução Industrial é o longo processo de transformação social e econômica iniciado com novas formas de produção, emprego de novas matérias-primas e formas de ener- gia que modificaram a forma de trabalho, a estrutura social, a estrutura urbana e rural, as tecnologias e a relação com o tempo. A Revolução Industrial não tem uma data específi- ca. Ela possui diferentes fases e cada uma dessas fases foi marcada por uma inovação na forma de produzir as mercadorias. Seguindo esse entendimento: A Pri- meira Revolução Industrial ocorreu entre os anos 1760 até os anos 1830 e foi marcada pela força da indústria de lã e algodão para a fabricação de tecidos e difusão do uso de máquinas a vapor que utilizavam o carvão mineral como fonte de energia, essa fase praticamente se limitou à Inglaterra, embora Países Baixos e França tenham participado tardiamente. A Segunda Revolução Industrial ocorreu entre os anos de 1850 até os anos 1910 e foi marcada pelo emprego de combustíveis fósseis, principalmente o petróleo, pela expansão do setor secundário da economia (side- rurgia e metalurgia): Estados Unidos (no processo de reconstrução após a Guerra Civil), o Japão (durante a Era Meiji) e a Alemanha (em seu processo de unifica- ção) tiveram maior destaque. A Terceira Revolução Industrial, iniciada nos anos 1950, tem como caracte- rística a expansão da indústria de tecnologia de ponta, com o emprego da robótica, da informática e da ele- trônica, com o protagonismo de europeus, estaduni- denses, japoneses e sul-coreanos. O crescimento desses negócios levou à circula- ção de moeda, aparecimento de bancos regulares, de novas operações financeiras que foram valorizando cada vez mais os bens móveis sobre os bens imóveis, afetando a terra e o símbolo de poder da aristocra- cia. A necessidade de unificar moedas, impostos, leis, normas, pesos, medidas, fronteiras, alfândega e regu- lamentar mercados nacionais e internacionais signi- ficou a necessidade da unificação política entorno do Estado Nacional. Por outro lado, o processo de expur- gos e expropriações dos camponeses de suas terras para a produção de lã permitiu a formação de uma massa carente de trabalho nas cidades para serem absorvidas pela indústria. A condição de vida dos trabalhadores era péssima. Crianças, idosos, mulheres ou homens eram submeti- dos a jornadas que chegavam a de 16 horas de traba- lho por dia. Caso houvesse atrasos ou eles perdessem o ritmo da produção poderiam sofrer com castigos físicos, além de sofrerem com descontos de metade de seu pagamento. Não tardou que surgissem movimen- tos de reação a esse sistema de exploração. Em 1799, o Parlamento Inglês aprovou o Com- bination Act, proibindo a criação de associações de trabalhadores para negociar condições de trabalho e de salário. Houve no período de 1811 e 1812 entre os tecelões um movimento de quebrar teares para for- çar o recuo de proprietários na demissão de trabalha- dores e na diminuição de salários. Esse movimento ficou conhecido como ludismo e acabou inspirando outros movimentos pela Europa. Mesmo em meio à repressão, a pressão do movimento fez com que o Parlamento em 1825 revogasse a Combination Act de 1799, permitindo o surgimento de associações de trabalhadores. Importante! É desse modo que a partir da década de 1830 tem início um movimento conhecidocomo car- tismo, que buscava direitos por meio da política, como o sufrágio universal e as eleições parla- mentares anuais, lembrando que apenas 18% da população masculina inglesa votava. A rejeição do Parlamento a essas mudanças é o estopim para diversas greves. Entre as principais consequências da Revolução Industrial podemos mencionar os métodos de pro- dução mais eficientes que exigiram a ampliação de mercado consumidor e que levou ao barateamento de produtos. A necessidade de exploração de maté- rias-primas induziu as nações europeias a uma nova expansão colonial: a partir da década de 1880, Ingla- terra, França, Alemanha, Bélgica, entre outros se fir- mam como impérios neocoloniais com possessões em vários continentes, mas com destaque para a partilha da África e da Ásia. Inclusive foi essa guerra imperia- lista por terras, mercados e poder que serviu de pre- texto para a Primeira Grande Guerra em 1914. A corrida imperialista: o apogeu da hegemonia europeia O desenvolvimento industrial do século XIX levou as grandes potências mundiais a empreender a colo- nização de vários territórios na África, na Ásia e na Oceania. Além do poder econômico, essas potências possuíam força militar muito expressiva, já que esta- vam munidas de diversas inovações tecnológicas no setor bélico. O imperialismo, dessa maneira, dominou vários povos e moldou o mundo na passagem do sécu- lo XIX para o século XX. A Conferência de Berlim, entre 1884 e 1885 foi con- vocada pelo chanceler alemão Otto Von Bismark e contou com a presença de 13 nações europeias, além dos Esta- dos Unidos e do Império Turco-Otomano. O objetivo da conferência era estabelecer regras e critérios para a ane- xação dos territórios africanos. A posse de um território era reconhecida mediante a fixação de um protetorado ou outra forma de administração sobre aquele território. Vale destacar que o processo neocolonial foi carac- terizado também pela grande violência empregada. Essa se deu em sentido militar, sufocando qualquer iniciativa de oposição dos colonizados, assim como em sentido cultural, já que o racismo, a inferiorização dessas populações e o esforço de aniquilar as práticas culturais nativas foram práticas de europeus. 6 A Primeira Guerra Mundial Fonte: http://g1.globo.com/mundo/fotos/2014/06/fotos-ha-100- anos-o-assassinato-de-francisco-ferdinando.html Na imagem você pode ver o arquiduque Francisco Ferdinando acompanhado de sua esposa Sofia. No dia 28 de junho de 1914, o herdeiro ao trono do Império Austro- -Húngaro foi à Sarajevo para uma solenidade. Um grupo de nacionalistas sérvios e bósnios conseguiu a proeza de assassinar o futuro imperador. Com isso, um jogo de alianças foi formado: acusada de envolvimento, a Rússia defendeu a Sérvia contra Alemanha, Áustria-Hungria e Itália, ganhando o reforço da Entente, formada com Fran- ça e Inglaterra. Tinha início a Primeira Guerra Mundial. As causas para a guerra vinham sendo amadurecidas desde o século XIX. A emergência da Alemanha como potência após sua unificação e tomada de territórios da França, levou ao surgimento de um forte sentimento de revanche entre os franceses. Logo que a Alemanha for- mou a Tríplice Aliança, a França correu para formar a Tríplice Entente. A expansão do nacionalismo em meio às divergências étnicas e a expansão do neocolonialis- mo promovida sobre territórios na Ásia e na África con- duziram a Europa ao conflito em 1914. Vale o destaque para o fato de que a Itália abandonou a Tríplice Aliança e se juntou à Entente no ano seguinte. A primeira fase da guerra foi conhecida como Guerra de Movimento, quando a Alemanha avançou sobre territórios franceses e sobre a região dos Balcãs no Leste Europeu. No entanto, o que marcou a guer- ra mesmo foi a segunda fase chamada de Guerra de Posição ou Guerra de Trincheiras entre 1915 e iní- cio de 1918, sem que nenhum bloco tenha consegui- do avançar de maneira considerável. O uso de novas armas, produzidas em ritmo industrial, e a presença de aviões e tanques, levou a uma grande mortalidade, estimada ao longo de toda a guerra por volta de 17 milhões de pessoas, soldados e civis. Em 1917, a Tríplice Entente perdeu a Rússia, que saiu da guerra após a Revolução Bolchevique de outu- bro. No entanto ganhou apoio militar, além do eco- nômico, dos Estados Unidos. A guerra chegou ao fim em 1918, com a vitória da Tríplice Entente e derrota da Tríplice Aliança. Em 1919, o Tratado de Versalhes penalizou a Alemanha com a perda de território, exér- cito e obrigatoriedade de pagar uma grande indeni- zação aos vencedores. O Império Austro-Húngaro foi dissolvido, assim como o Império Turco-Otomano. Além disso, a Liga das Nações foi criada para estrei- tar a diplomacia entre as nações europeias. Como a história comprovaria 20 anos depois, o Tratado de Versalhes e a Liga das Nações não só fracassaram em pôr fim às hostilidades, como deram força ao revan- chismo e a continuidade da disputa imperialista. O período entre guerras: as democracias liberais e os regimes autoritários Período entre guerras é como é conhecido o perío- do entre o fim da Primeira Guerra Mundial em 1918 e início da Segunda Guerra Mundial em 1939. Com a Europa devastada, os Estados Unidos apareceram com empréstimos que os auxiliaram a se reconstruir. O modelo de vida americano, ou american way of life, passou a ser admirado por aquele mundo europeu em ruínas. Os Estados Unidos, com isso, acabaram se con- solidando como a principal potência mundial. Como a Europa estava necessitando retomar sua indústria, abriu-se uma grande oportunidade para a industrialização de setores que forneciam aço, ferro, alumínio, carvão mineral e petróleo servir à recons- trução industrial. Além dos empréstimos, os EUA viram o crescimento do nível de consumo de sua população, o que deu força inclusive a países agroex- portadores, como era o Brasil naquela ocasião. Esse grande boom econômico levou a um grande otimismo por parte de investidores que passaram a hipotecar casas e outros bens na bolsa de valores esperando que eles rendessem cada vez mais. Esse processo ao longo do tempo gerou uma bolha de espe- culação, na qual muita gente estava colocando seus bens na oferta, mas não havia demanda. Foi, então, em outubro de 1929 que a crise explo- diu, pois todos bens sofreram uma desvalorização profunda. Ocorreu então um “efeito dominó” em que o setor financeiro produziu uma crise econômi- ca generalizada afetando a produção, a renda nacio- nal, o emprego, o empréstimo e, inclusive, o comércio externo, que viu perder dois terços de sua atividade anterior. Como resposta à crise de 1929, o governo de Franklin D. Roosevelt, eleito em 1933, lançou o new deal. Sua estratégia era romper com a doutrina libe- ral de não intervenção na economia. Sendo assim: o setor financeiro passou a sofrer com maior regulação, os sindicatos foram base para negociações de conflitos de classe e obras públicas foram espalhadas por todo o país para a retomada do emprego. No entanto, a recuperação da chamada Grande Depressão só seria consolidada após a Segunda Guerra Mundial. Na imagem a seguir pode ser visto a crítica feita ao slogan “O mais alto padrão de vida: não há vida igual à vida americana”, pois o índice de desemprego era muito alto. Desempregados em frente a uma propaganda que diz: “O mais alto padrão de vida: não há vida igual à vida americana”. Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/d7/ American_way_of_life.jpg C O N H EC IM EN TO S G ER A IS 7 O período entre guerras também foi marcado pela ascensão dos regimes fascistas. Em geral, eles prome- tiam um retorno a um passado idealizado e grandioso pelo qual seu povo tinha passado. Para isso, a socie- dade deveria ser militarizada, o Estado comandado por um partido único, sem pluralidade política e ideo- lógica, além do componente racista e preconceituoso que atingia diversos grupos: os judeus, os ciganos, os negros, os homossexuaisetc. Os regimes que se destacam nesse sentido são: Fascismo na Itália Benito Mussolini era um antigo militante socialis- ta que rompeu com a esquerda quando se opuseram à entrada de seu país na guerra. O revanchismo não foi um fator aproveitado como em outros países, já que a Itália foi uma das vitoriosas na guerra. Porém, a frustração em não receber compensações territoriais após a vitória e a grave crise econômica enfrentada pelo país fizeram com que desempregados, estudan- tes, classe média, militares e proprietários de terra aderissem à ideologia fascista, que prometia o retorno ao suposto “passado glorioso italiano” a partir da obe- diência a Mussolini, combate aos adeptos da esquer- da e controle do Estado sobre as relações de classe. Esse último ponto fez com que o fascismo ganhasse a simpatia da burguesia. Após a bem sucedida Marcha sobre Roma em 1922, o rei Vitor Emanuel III nomeou Mussolini primeiro-ministro. Aos poucos ele concen- trou poderes ditatoriais, aboliu sindicatos e partidos políticos, pôs fim ao poder legislativo e submeteu o poder judiciário ao seu governo. Mussolini durante a Marcha sobre Roma. Fonte: http://herdeirodeaecio.blogspot.com/2017/10/a-marcha- sobre-roma.html Nazismo na Alemanha Os alemães foram tratados como os grandes cul- pados pela Primeira Grande Guerra, o que acarretou grandes perdas territoriais, militares, além dos custos das indenizações ficassem sob sua responsabilidade. Nesse contexto, surgiu o Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, que teve como importan- te porta-voz um cabo da Primeira Guerra chamado Adolf Hitler. Em 1923, no auge do colapso econômico alemão, ele tentou promover em Munique uma Mar- cha sobre Berlim. Preso e solto quase dois anos depois, tomou a liderança do partido e divulgou suas ideias por meio de sua obra Mein Kampf (Minha Luta), em que defendia que o “passado glorioso alemão” foi perdido graças à conspiração judaica e marxista que dominava a República de Weimar (governo alemão). Eleição em eleição, o Partido Nazista foi ganhando cadeiras, na medida em que sua milícia, as SA, atuava perseguindo opositores políticos. Com a crise de 1929 e declínio da recuperação econômica alemã, o discur- so extremista ganhou força, até que em janeiro de 1933 Hitler foi nomeado Chanceler. Por meio de sabo- tagens e perseguições, ele acumulou mais poderes, até que, com a morte do presidente Hindenburg, ele assumiu o comando absoluto do país, sendo chamado de führer (líder). Importante! O regime ditatorial Nazista promoveu a persegui- ção de judeus, ciganos, eslavos, homossexuais, testemunhas de jeová e comunistas. Na imagem vemos Hitler discursando diante da SS, milícia que substituiu as AS: Hitler diante das SS, milícia que substituiu as SA após 1934. Fonte: https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/almanaque/ um-lider-propagandista-como-adolf-hitler-enganou-toda-uma-nacao. phtml A Segunda Guerra Mundial A Segunda Guerra Mundial teve entre suas causas a tensão entre os imperialismos europeus, vitoriosos e der- rotados, ao fim do primeiro conflito. O acordo de paz de Versalhes, mais do que estabelecer novas relações diplo- máticas, procurou culpar a Alemanha pelo conflito. Isso fez com que persistisse aquele sentimento de revanchis- mo entre as nações, em especial, entre alemães e france- ses. Nesse sentido, a Liga das Nações nasceu quase que fadada ao fracasso em garantir a paz. No Oriente, o Japão começou a guerra de colonização da China em 1931. Esse conflito acabou se somando à Segunda Guerra. Outro importante fator é o impacto da Revolução Bolchevique de 1917. Com a vitória dos comunistas, o restante dos países europeus temeu que a revolução se espalhasse naquele contexto de crise. Para evitar que isso acontecesse, parte da burguesia europeia aderiu a movi- mentos radicalmente anticomunistas como no caso da Alemanha e da Itália. Outras nações viam o nazifascismo como um “mal menor” diante da “ameaça comunista”, de modo que foram complacentes com o militarismo e o expansionismo dos países que formaram o Eixo. A expansão territorial empenhada pela Alemanha fazia parte da formação daquilo que os nazistas cha- mavam de “espaço vital”, região que deveria abrigar os arianos. A prosperidade dos alemães seria garantida por meio da exploração dos povos vistos como “sub-hu- manos” e como “inferiores”, como os eslavos e judeus. 8 Em 1938, os alemães anexam a Áustria em um even- to conhecido como Anschluss. Depois, os alemães se voltaram para dominar a Tchecoslováquia, dominando os Sudetos e integrando a minoria alemã ao território do Reich. Durante a Conferência de Munique, ingleses e franceses cederam às pressões alemãs e permitiram que os alemães invadissem o território da Tchecoslováquia para evitar que uma guerra fosse iniciada. No entanto, houve a contrapartida que aquela seria a última ofen- siva alemã. Essa estratégia adotada por ingleses e fran- ceses era conhecida como política de apaziguamento. Para ganhar tempo, Hitler conseguiu assinar o Pacto de Não Agressão com a União Soviética em agos- to de 1939. Em setembro, a Polônia foi invadida. Ingla- terra e França cumpriram a promessa de garantir a integridade da Polônia e declararam guerra à Alema- nha. Tinha início a Segunda Guerra Mundial. Chamberlain (Inglaterra), Daladier (França), Hilter (Alemanha) e Mussolini (Itália) na Conferência de Munique. Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/guerras/os-preparativos- segunda-guerra-mundial.htm As fases da guerra podem ser divididas em três: z 1939-1941: avanço do Eixo (Alemanha-Itália-Ja- pão), conquistando novos territórios. A Alemanha conquistou França, Bélgica, Países Baixos, Luxem- burgo a oeste e começou sua expansão a leste, que ganharia impulso com o início da Operação Barba- rossa para invadir a União Soviética. O Japão con- quistou áreas do sudoeste asiático e a Itália tomou áreas na África. Hitler em Paris. Fonte: http://memorialdademocracia.com.br/card/tropas-nazistas- desfilam-em-paris z 1942-1943: equilíbrio entre as forças aliadas (URS- S-Inglaterra-EUA) e as forças do Eixo. Os EUA entraram na guerra após o ataque japonês a Pearl Harbor. A URSS conseguiu reagir ao avanço alemão em seu território e passou a equilibrar o conflito, destaque para a Batalha de Moscou e a Batalha de Stalingrado. A Alemanha toma territórios de anti- gos aliados seus para formar estados fantoches e garantir sua força. Ataque japonês a Pearl Harbor. Fonte: https://br.sputniknews.com/asia_oceania/201612287302853- pearl-harbor-inimigo-derrotado-aliado/ z 1944-1945: avanço e vitória dos aliados. Ingla- terra e EUA invadiram a Normandia na França e reconquistam o país. A URSS lançou a Operação Bagration, expulsou os alemães de seus territórios e partiu rumo a derrubada do Reich. Os EUA con- seguem avançar sobre os domínios japoneses. Soldado soviético colocando a bandeira da URSS no Reichstag. Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Bandeira_da_vit%C3%B3ria O fim da Segunda Guerra ocorreu primeiro na Europa. Mussolini foi morto em 28 de abril de 1945. Dois dias depois, Hitler se suicidou em seu bunker na Chancelaria do Reich em Berlim, quando os sovié- ticos já tomavam a cidade. A rendição alemã ocorreu em 8 de maio. No Oriente, a guerra se arrastou até agosto. Os ata- ques com bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki junto à entrada da União Soviética na luta contra o Japão, fez com que declarasse o fim das hostilidades em 14 de agosto. A rendição oficial foi assinada em 2 de setembro de 1945. A Segunda Guerra Mundial deixou cerca de 60 milhões de mortos, sendo o conflito mais letal em toda história. Os crimes contra a humanidade cometidos pelos nazistas nos campos de concentração foram julgados pelo Tribunal de Nuremberg em 1946, com alguns condenados à pena de morte, outros à prisão C O N H EC IM EN TO S G ER A IS 9 perpetua e também os que tiveram a pena com direito à liberdade depois de cumprida. Em1948, foi criada a Organização das Nações Unidas para reformar a diplomacia mundial e manejar a paz mundial. A descolonização afro-asiática A descolonização da Ásia e da África só ocorreu após o fim da Segunda Guerra Mundial, graças ao declínio dos países imperialistas e a ascensão dos nacionalismos entre os povos dominados. Durante a Primeira Guerra Mundial começaram a se formar em regiões asiáticas movimentos nacionalistas que propunham a libertação dos povos dominados por potências imperialistas europeias. No entanto, seus objetivos só teriam viabilidade após o fim da Segunda Guerra Mundial. Na Índia, o Partido do Congresso Nacional Indiano reivindicava autonomia política, modernização, igualdade e reformas sociais desde o fim da Primeira Guerra. Sob a liderança de Mahatma Gandhi, o movimento incomoda- va os colonizadores britânicos, que buscou prender seus líderes, além de fomentar a tensão entre hindus e muçul- manos. Em 1947, sem condições para manter os seus domínios, a Inglaterra cedeu à independência indiana. No entanto, a região sofreu intensos conflitos políticos, de tal maneira que os hindus se firmaram na Índia, muçulma- nos no Paquistão e budistas no Sri Lanka. Em 1948, Gandhi foi assassinado por um muçulmano radical. Em 1971, Bangladesh se separou do Paquistão. Apesar das independências, a população de todas essas regiões permaneceu em condições muito pobres, além do convívio com conflitos religiosos, étnicos e políticos. Na Indochina Francesa, que compreendia Vietnã, Laos e Camboja, o movimento de independência deu origem a uma guerra que se estendeu do fim de 1946 a 1954. A divisão do Vietnã produziu outro conflito que opôs o Vietnã do Norte contra o Vietnã do sul apoiado pelos EUA. A Guerra do Vietnã foi cessada em 1974, quando o Vietnã foi unificado sob o governo comunista de Hanói. Durante o século XIX, a África foi alvo de várias conquistas coloniais, que atingiram quase todo continente. Na metade da década de 50 do nosso século, quando se iniciou o processo de descolonização, apenas eram inde- pendentes a Etiópia, a Libéria e a África do Sul. O primeiro a se tornar independente foi Gana em 1957. Alguns países, como Moçambique (1975) e Angola (1976), formaram governos independentes de orientação comunista e alinhados à União Soviética. A fase do pós-guerra e a guerra fria Quando os Estados Unidos lançaram as bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki, além de terem posto um fim à Segunda Guerra, mostraram o tamanho de sua força bélica, em especial, à União Soviética, a outra superpotência que emergia dos escombros do conflito. Durante a Conferência de Yalta e a Conferência de Pots- dam, em 1945, as duas começaram a desenhar seu campo de força em torno das negociações de paz. Como diria o primeiro-ministro inglês Winston Churchill, formara-se uma “cortina de ferro” sobre a Europa, que dividia o lado oriental comunista, do lado ocidental capitalista. Como também ficou claro com a divisão da Alemanha. Fonte: http://bibliotecadigital.sedis.ufrn.br/interativos/eopolítica/pgs/box-figura13.html 10 Empenhadas em manter as áreas de influência que haviam conquistado e em adquirir outras, as dis- putas entre as duas superpotências geraram blocos de cooperação econômica: o Conselho de Assistên- cia Mútua (COMECOM) foi fundado pelo governo soviético para ajudar os países de orientação comu- nista, enquanto os Estados Unidos operaram o Plano Marshall, com o objetivo de reconstruir os países do ocidente europeu e o Japão destruídos pela guerra. Também houve a fundação de dois blocos de coopera- ção militar: a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) tinha como objetivo impedir a expan- são do comunismo pela Europa, enquanto o Pacto de Varsóvia formou uma aliança militar entre os países alinhados à URSS. Em alguns momentos, a Guerra Fria resultou em confrontos em regiões pretendidas pelas duas super- potências. Destacam-se a Guerra da Coréia, travada entre 1950 e 1953, quando a Coreia do Norte comunis- ta tentou, sem sucesso, invadir e unificar a Coréia do Sul capitalista, e a Guerra do Vietnã, travada entre 1964 e 1974, quando os EUA interviram para evitar que o Vietnã do Sul fosse integrado ao Vietnã do Nor- te, mas fracassou. A estrutura de espoliação da América Latina e os oprimidos do terceiro mundo Nas primeiras décadas do século XIX, grande par- te dos países latino-americanos conseguiu proclamar sua independência política e elaborar constituições que asseguraram a estabilidade. No entanto, por con- ta das disputas políticas entre chefes locais, a estabili- dade estava longe de ser conseguida. Os novos países latino-americanos mantiveram o modelo agroexporta- dor e continuaram com suas economias dependentes das nações industrializadas, principalmente Estados Unidos e Inglaterra, fornecendo matéria-prima e comprando produtos manufaturados. A concentração de terra e da renda levou grande parte da população, principalmente os camponeses, a viver em condições miseráveis, situação que gerava revoltas. Durante a Primeira Guerra Mundial, como as nações fornecedoras de produtos industrializados estavam envolvidas no conflito, alguns países lati- no-americanos desenvolveram suas indústrias. Na década de 1950, Brasil, Argentina, Chile e México ace- leraram o processo de urbanização, industrialização, consolidação de uma burguesia industrial, ampliação das camadas médias e da classe operária. As bur- guesias nacionais não tinham condições de realizar investimentos para desenvolver a indústria de base e o Estado ocupou esses espaços. O capital estrangei- ro, principalmente estadunidense, tornou-se impres- cindível para alavancar o desenvolvimento. Todavia, aumentou a dívida externa, ampliando a dependência dos países em desenvolvimento. No período da Guerra Fria, os Estados Unidos interviram de forma direta e indireta na deposição de presidentes e na instauração de regimes ditatoriais, casos de Argentina, Chile e Brasil. Tudo em nome do receio de que a Revolução Cubana de 1959 causou nos estadunidenses, preocupados que o ideal comunista ganhasse força pelo continente. Na década de 1980, com as crises do petróleo, os Estados Unidos inviabi- lizaram os empréstimos e aumentaram os juros para pagamentos, o que levou a uma crise sistemática, tan- to social quanto política, na América Latina. Importante! Como resposta a essa crise no desenvolvimen- to com grande participação do Estado, o neoli- beralismo surgiu como resposta, privatizando empresas estatais, flexibilizando direitos e leis trabalhistas e abrindo as reservas naturais nacio- nais para a exploração estrangeira. A crise desse modelo no início dos anos 2000 levou ao ciclo mais recente de guinada à esquerda nos paí- ses latino-americanos, que passaram a repassar os ganhos nas exportações de produtos primários para a redistribuição de renda por meio de políticas de assis- tência social. OS BLOCOS ECONÔMICOS E AS POTÊNCIAS GLOBAIS E REGIONAIS NO SISTEMA INTERNACIONAL No mundo globalizado, os blocos econômicos con- solidaram-se como organismos supranacionais que seriam responsáveis por conduzir as relações econô- micas e comerciais na Nova Ordem Mundial. Porém, o processo de surgimento de vários blocos econômicos deu-se pouco após o término da Segunda Guerra Mundial; nos anos 1990, os blocos multiplica- ram-se pelo mundo. Podemos conceituar bloco econômico como uma forma de união entre países de uma mesma região ou não, visando fomentar o crescimento de suas eco- nomias e estabelecer políticas de integração a fim de formar um mercado regional comum, estabelecendo facilidades tarifárias entre seus membros. As associações de blocos econômicos podem pos- suir várias estruturas organizacionais. Um exemplo é a União Aduaneira, na qual ocorre a redução parcial ou total dos impostos nas relações comerciais entre os membros do bloco. Também existem as zonas de livre comércio, quando ocorre entre os países mem- bros o comércio com a eliminaçãototal de tarifas entre os seus membros. Outra forma de organização de bloco econômico é o Mercado Comum, no qual os países membros usufruem de políticas igualitárias acerca da livre cir- culação de pessoas, capitais e mercadorias, e tarifas externas diferenciadas para membros do bloco. A Zona de Preferência Tarifária é uma modali- dade de bloco econômico na qual as tarifas alfande- gárias entre os países membros são fixadas de acordo com estratégias específicas. Por último, existe também a União Econômica e Monetária ou União Política e Monetária, na qual os países membros adotam uma moeda única, ocorrendo também a implantação de um organismo supranacional para as questões políti- cas de forma permanente. As etapas de integração econômica dizem res- peito à estruturação em que os bloco econômicos se encontram e são adotadas como critérios para clas- sificação. A seguir, listaremos os exemplos do menor nível de integração para o maior nível de integração econômica. z Mercado Comum: A liberdade de circulação não se restringe apenas a produtos, mas se estende a outros agentes do mercado, como serviços, capi- tal e pessoas. O estabelecimento de um Mercado Comum visa diminuir (sucessivamente, por meio de políticas) as barreiras físicas, técnicas e fiscais entre seus países-membros, possibilitando o forta- lecimento regional e integral entre eles. C O N H EC IM EN TO S G ER A IS 11 Um exemplo de mercado comum é a União Europeia. z União Aduaneira: Na União Aduaneira, são fixa- das as mesmas taxas de importação e exportação para qualquer país do grupo. Isso significa que um país externo compra e vende produtos para os paí- ses de uma União Aduaneira como se eles fossem (ao menos para fins comerciais) um mesmo país. Um exemplo de bloco econômico de união adua- neira é o Mercosul. z Área de Livre Comércio: As Áreas de Livre Co- mércio avançam nas medidas de protecionismo comercial dos países-membros, criando isenções tarifárias para produtos estratégicos. Assim, esses bens passam a ser comercializados como produtos nacionais, não como bens importados. Nesse tipo de acordo, os produtos são isentos de taxas para circulação dentro do bloco, mas os paí- ses-membros ainda têm autonomia para criar taxas externas diferenciadas para países que estão fora do bloco, viabilizando a integração regional entre eles, sem influenciar suas políticas alfandegárias externas. Um dos exemplos de bloco econômico de Área de Livre Comércio é o United States-Mexico-Canada Agreement (USMCA), firmado em 2018 para dar conti- nuidade à manutenção do NAFTA. z União Política, Econômica e Monetária: Conser- va as características dos demais blocos econômicos, indo além em sua integração, cujas características incluem a adoção de uma moeda comum para todos os países-membros e a organização suprana- cional permanente, com representantes de todos os países membros. Assim, além da livre circulação de produtos, do estabelecimento de um mercado comum e da livre circulação de pessoas, a União Econômica, Política e Monetária estabelece a abordagem de políticas econô- micas comuns para todo o bloco. Um exemplo de União Econômica, Política e Mone- tária é a União Europeia, considerado o bloco econô- mico de maior integração do mundo. Veja a seguir quais são os principais blocos econô- micos do mundo: z Mercosul: O Mercado Comum do Sul é conside- rado o principal bloco econômico do hemisfério sul. Foi fundado em 1991 através da assinatura do Tratado de Assunção, e tem como seus princi- pais membros (signatários – fundadores) Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Posteriormente, ocorreu a entrada da Venezuela; outros países estão na condição de membros associa- dos (são países que tem vantagens comerciais, mas não as mesmas vantagens que os membros signatá- rios, estabelecidas com a assinatura de acordos para estimular suas economias e trocas comerciais) como Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Guiana e Suriname. Existem também os membros observadores (paí- ses que podem acompanhar as reuniões do bloco, o andamento das negociações, mas não têm direito de voto): México e Nova Zelândia. Em 1994, o bloco pas- sou por uma reestruturação e deixou de ser um mer- cado comum, passando a ser uma União Aduaneira, com o estabelecimento de uma Tarifa Externa Comum (TEC) que determina os valores das tarifas cobradas nas importações e exportações dos países intrabloco e extrabloco. Em 2018, as negociações entre os países fundado- res totalizaram US$ 44 bi, valor equivalente a quase dez vezes as trocas comerciais realizadas em 1991, ano em que o bloco foi oficializado. z União Europeia: Foi efetivada em 1992, por meio da assinatura do Tratado de Maastricht, e é forma- da por vinte e sete países europeus. É o maior blo- co do mundo em número de membros, volume de vendas e PIB. Seu processo de formação teve início ainda nos anos 1940, logo após o término da Segunda Guerra Mundial, quando se formou o Benelux, formado ape- nas por Bélgica, Holanda e Luxemburgo. Assim, o bloco passou por várias etapas de integração e assina- turas de acordos até chegar no estágio atual. A União Europeia passou por uma grave crise no ano de 2010, provocada por um descontrole nas con- tas públicas de alguns de seus membros, com desta- que para a situação caótica dos gregos. Recentemente, passou pela turbulenta saída de um de seus principais membros, a Grã-Bretanha. O Brexit (nome dado ao processo de saída da Grã-Bre- tanha) teve início em 2016 e só se finalizou em 2020, ficando, porém, com decisões e impasses a serem ain- da resolvidos. z USMCA: Esse novo acordo entre os três países da América do Norte foi criado em 2018 em substi- tuição ao Acordo de Livre Comércio da América do Norte (na sigla em inglês, NAFTA). A proposta feita pelos Estados Unidos (principal economia do bloco) demorou a ser aceita pelos outros membros (Canadá e México). Esse bloco caracteriza-se como área de livre comércio, com destaque para a produção automobi- lística, eletrônicos e algumas atividades do setor pri- mário, como o mercado lácteo do Canadá. z Outros blocos: Com menor expressividade, pode- -se destacar, na Ásia, a Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN). Há, ainda, a Alian- ça do Transpacífico, também asiática, mas com a presença de países de outros continentes, que acabou reformulada e transformada em Parceria Econômica Regional Abrangente (na sigla em inglês, RCEP), tornando-se o maior bloco comercial do mundo, tendo vista que a China está nele. Na África, temos a Comunidade para o Desenvol- vimento da África Austral (SADC); na América do Sul temos a Comunidade Andina, formada por paí- ses andinos. É importante também destacar a formação da associação comercial dos países emergentes da eco- nomia mundial, no início deste século, denominada BRICS: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, que estabeleceram importantes parcerias comerciais por vários anos. Porém, nos últimos anos, as relações têm se enfraquecido. ORGANISMOS INTERNACIONAIS Além da criação da ONU (Organização das Nações Unidas) após o fim da Segunda Guerra e da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) durante a Guerra Fria, temos, também, como grande organismo 12 internacional o FMI (Fundo Monetário Internacional) que, criado em 1944, tem como objetivo a avaliação e empréstimos monetários à países que necessitem de tal consignação. Temos também a Organização Mundial do Comércio (OMC). Criada em 1995, substituindo o plano GATT (sigla em inglês para Acordo Geral de Tarifas e Comércio), tem como objetivo impedir que o protecionismo econômico seja colocado em prática e que haja prejuízo para alguns países na ocorrência das relações comerciais. Hoje, países da Ásia, como a China, passaram a ter uma parcela de contribuição no fluxo comercial mundial; os chineses já possuem parceiros comerciais espalhados em todo o mundo, o que os coloca em con- dição de vantagem perante outrospaíses. Por conta do volume de negociações realizadas pelos chineses, a OMC falha no seu principal objetivo: fiscalizar e regu- lar o comercio mundial. GLOBALIZAÇÃO E FRAGMENTAÇÃO DO ESPAÇO Fluxos Financeiros A dinâmica do mundo globalizado proporciona uma maior circulação de capitais e, consequentemen- te, uma maior ocorrência de atividades financeiras, como a compra e venda de títulos e ações de grandes empresas. Essa nova dinâmica relacionada à circula- ção de capitais só foi possível por conta do desenvol- vimento tecnológico dos meios de comunicação que promovem uma maior integração entre os fluxos e os fixos do mundo globalizado. Essa situação permite que milhões de dólares sejam movimentados nas relações entre países e entre empresas em um período de 24 horas. Essa movimentação de capitais, principalmente aqueles relacionados às ações das empresas, ocorre nas bolsas de valores espalhadas pelo mundo. Normalmente, a localização da sede das bolsas de valores está em ter- ritórios luminosos do mundo globalizado. Como exemplos desses territórios integrados de for- ma intensa à globalização, pode-se citar Alemanha, Esta- dos Unidos, Japão, Inglaterra, França, Coreia do Sul e China. Neles, estão as sedes ou filiais das grandes empre- sas transnacionais, de bancos e instituições financeiras. Transportes Os meios de transporte têm papel de extrema importância no processo de desenvolvimento econô- mico dos países e no crescimento das empresas, pois são eles que dinamizam o escoamento e a circulação de pessoas, mercadorias e objetos todos os dias. O setor de transportes desenvolveu-se ao longo dos séculos, de acordo com as demandas em questão. Des- de a criação da máquina a vapor durante a Primeira Revolução Industrial, o setor de transportes vem pas- sando por profundas transformações. As novas tecnologias implantadas no setor podem definir se o país ou região terá maior ou menor par- cela de participação na dinâmica econômica e política do mundo. Em países com dimensão continental, como é o caso do Brasil, o modelo ideal seria o transporte fer- roviário, devido ao seu custo de manutenção, e por conta do baixo nível de agressão ao meio ambiente. As trocas e os fluxos comerciais intercontinentais ocorrem basicamente pelo transporte marítimo (para cargas pesadas); para cargas leves e valiosas, além do transporte de passageiros entre longas distâncias, o ideal é o transporte aeroviário. Para o transporte de cargas entre distâncias curtas, o mais indicado é o transporte rodoviário. Porém, a dinâmica do mundo globalizado traz maior fluidez em seus sistemas de transporte, espe- cialmente caso ocorra a implantação de eixos multi- modais, com junção e ligação entre vários meios de transporte em um determinado ponto. Fluxos de Informação São fatores determinantes de busca, seleção, tra- tamento, armazenamento, disseminação e uso do conjunto de informações necessárias para a ocor- rência dos processos organizacionais; resultam em conhecimento com valor agregado às necessidades e demandas de diferentes processos e relações no mun- do atual. Meio Técnico-Científico-Informacional O meio técnico-científico-informacional é repre- sentado pela atual fase na qual se encontra o sistema capitalista de produção – o capitalismo financeiro glo- balizado, que provocou uma intensa transformação do espaço geográfico. Esse processo tem relação dire- ta com a Terceira Revolução Industrial, que passou a ser chamada de Revolução Científica Informacional; suas consequências ficaram mais visíveis a partir dos anos 1970. Esse processo permitiu a união entre técnica e ciência, conduzida pelo funcionamento do mercado que, através dos avanços tecnológicos, realiza sua expansão consolidando o processo de globalização. Como exemplo dessa situação, em que as técnicas e as ciências estão se integrando e interagindo, propi- ciando a expansão do capital, tem-se o processo de mundialização da tecnologia, que permite que sejam levadas possibilidades de acesso à internet a espaços totalmente opacos no mundo globalizado. Organização do Estado Nacional e Poder Global O termo poder pode ser definido como “o direito ou a capacidade de decidir, agir e ter voz de mando; autoridade”, ou ainda “a supremacia em dirigir e governar ações de outrem pela imposição da obediên- cia, domínio, influência”. Esses conceitos são elucidativos, mas de que forma essas relações de poder se aplicam à geopolítica mun- dial? Para a compreensão desses processos, é necessá- rio entender o significado de Ordem Mundial: forma de equilíbrio de poder existente no cenário interna- cional, mundial, global, em determinado momento e período histórico da humanidade. É comum que essa forma de equilíbrio de poder encontre-se atrelada a momentos específicos; o crescimento econômico, as disputas políticas e/ou comerciais e até mesmo os períodos de instabilidade diplomática podem alterar a ordem vigente. O conceito de Ordem Mundial é contestado por vários estudiosos, bem como por diplomatas e espe- cialistas em política internacional (como o ex-secre- tário estadunidense Henry Kissinger), que acreditam que o mundo, no atual momento, esteja passando por uma desordem. Segundo Kissinger, a comunidade internacional não possui e não apresenta, de manei- ra objetiva, um conjunto de metas, métodos e limites. Ainda de acordo com Kissinger, existe a necessidade de construir uma ordem capaz de equilibrar os dese- jos conflitantes das nações, que são divididas em dois grupos: C O N H EC IM EN TO S G ER A IS 13 Potências ocidentais que estabeleceram as regras vigentes, como os Estados Unidos Potências emergentes que não aceitam essas regras, com destaque para China, Rússia e Mundo Islâmico Nova Ordem Mundial O processo de desintegração da União das Repúbli- cas Socialistas Soviéticas (URSS), com seus consequen- tes enfraquecimento e desorganização políticos, foi responsável por determinar a formação de uma Nova Ordem Mundial. O processo de independência dos países que for- mavam a antiga URSS e a posterior formação da Comunidade dos Estados Independentes (CEI), bloco que a Rússia (maior república soviética) criou para manter o domínio ou pelo menos a influência sobre os países do leste europeu, foram responsáveis por colocar um final na ordem bipolar e na Guerra Fria. A partir de 1991, começou a ocorrer a abertura de novos horizontes geopolíticos e econômicos, que deram início à ordem mundial multipolar – a partir de então, não existe mais o socialismo enquanto siste- ma socioeconômico, e o capitalismo passa a ter vários polos de influência, o que caracteriza a Nova Ordem Mundial. De maneira diferente do que ocorreu durante a Ordem Bipolar, as potências do novo mundo mul- tipolar são os países que detêm poderio econômico, embora não haja como deixar de lado, no aspecto geo- político, o poder bélico dos Estados Unidos. Em relação à questão econômica, os países con- siderados no cenário atual como novos “polos de poder”, além dos Estados Unidos, são também Japão, os países que formam a União Europeia, e a China – em um contexto mais recente, principalmente a partir do início dos anos 2000. Porém, é necessário destacar também nesse cenário de Nova Ordem Mundial o papel da Rússia, que passou a exercer influência após um longo período de sucessivas crises econômicas. A quantidade de atores nesse novo cenário geopolítico mundial demonstra que a Nova Ordem Mundial ainda está em processo de formação. O mundo multipolarizado se apresentou com maior processo de integração entre os países graças ao fenômeno da globalização internacional. Nos dias atuais, ocorre entre as várias nações do mundo um constante processo de cooperação e uma maior inter- dependência que pode ser facilmente percebida no aspecto econômico (assim como na questão política), o que fica evidente através da formação de mercados regionais, mundialmente conhecidos como blocos econômicos. Assim,a velha divisão do mundo em Leste (socia- lista) e Oeste (capitalista) deu lugar a uma nova for- ma de regionalização, representada pelos países do Norte (ricos) e os países do Sul (pobres), que mesmo com diferenças socioeconômicas e estruturais, ainda promovem um processo de integração e interdepen- dência internacional. Fronteiras Estratégicas São alternativas de expansão de negócios para as empresas, sem preocupar-se com dificuldades das fronteiras geográficas. As fronteiras são cortes, limi- tes, que impedem o desenvolvimento em harmonia, e são de grande importância para a compreensão do processo de globalização e sobre como ela não é homogênea. Assim, os limites são relativamente fle- xíveis conforme os interesses econômicos e políticos daqueles que estão envolvidos no processo. Conglomerados Transnacionais O termo conglomerado transnacional diz respeito à junção de grupos industriais (não necessariamente no mesmo ramo, no mesmo seguimento de produção) que se unem para ter um controle maior do mercado. A formação desse novo arranjo industrial é bastante comum na fase do capitalismo financeiro globalizado, atual estágio do processo de globalização. Quando ocorre essa junção entre empresas do mesmo seguimento produtivo ou não, ocorre tam- bém a formação de controle do mercado em escala mundial. Para compreender melhor esse processo, é preci- so atentar-se à formação dos oligopólios (quando um pequeno grupo de investidores controla uma grande parcela do mercado mundial); além dos oligopólios, ocorre também a formação dos trustes (fusão entre empresas com o objetivo final de ter uma maior fatia do mercado consumidor para ser explorada). Mesmo com as restrições de governos e de orga- nismos ligados à questão comercial, a formação dos grandes conglomerados transnacionais está cada vez mais presente na dinâmica econômica do mundo globalizado. Novos Fatores de Localização Industrial Quando ocorreram as primeiras revoluções indus- triais, havia a necessidade de que a fábrica estivesse próxima a algumas condições específicas, que são os seguintes fatores locacionais: z Matéria-prima; z Fonte de energia; z Mão de obra; z Mercado consumidor; z Rede de transportes. Hoje, porém, na dinâmica do mundo globalizado e com o processo de fragmentação do processo produ- tivo e consequente mundialização da indústria, esses fatores perderam um pouco de importância, mas ain- da continuam relevantes, e foram associados a outras situações, como a redução dos impostos com a realiza- ção de incentivos fiscais. Entretanto, para a produção industrial do mundo globalizado, a não proximidade das indústrias a esses fatores não impede o processo produtivo em larga escala, o escoamento da produção, o aumento da con- corrência e uma maior área de exploração do merca- do consumidor em nível global. CONFLITOS ÉTNICOS, POLÍTICOS E RELIGIOSOS ATUAIS Questões religiosas e ambientais, disputas territo- riais, governos ditatoriais, dentre outras causas, são fatores que proporcionam a ocorrência de conflitos ao redor de todo o mundo. 14 O mundo globalizado, iniciado após o término da Guerra Fria e da Velha Ordem Mundial, provocou a intensificação do choque de civilizações, aumentando assim a ocorrência de conflitos em diversas partes do mundo. Os continentes africano e asiático foram palco dos mais violentos conflitos ocorridos no pós Segunda Guerra Mundial. Como destaque, pode-se citar: z O conflito entre chineses, indianos e paquistaneses pela região da Caxemira; z A instabilidade política nas nações africanas, com a ocorrência de guerras constantes por grupos rivais disputando poder; z A luta contra regimes políticos autoritários, como a Primavera Árabe, ocorrida há 10 anos em países do norte da África e do Oriente Médio – suas popu- lações reivindicavam maior democracia, o que desencadeou uma onda de protestos que levou a uma guerra civil, como é o caso da Síria, além de uma crise humanitária em países como o Iêmen. A ocorrência desses conflitos provoca desloca- mentos populacionais em massa, e nem sempre as pessoas que estão migrando fugindo de áreas de con- flitos realizam esse processo em condições dignas. Por exemplo: a guerra da Síria, que ocorre como um dos desdobramentos da mal sucedida Primavera Ára- be, já provocou o deslocamento forçado de mais de 22 milhões de pessoas, além dos deslocamentos que ocorrem por conta das guerras civis e disputas de poder no continente africano. O principal destino dos refugiados de guerra des- tas regiões é a Europa, que nos últimos anos vem ado- tando políticas mais rígidas de controle da entrada de imigrantes oriundos das regiões citadas acima. A passagem para a Europa ocorre através da tra- vessia do Mar Mediterrâneo, que se tornou uma das mais mortais rotas de imigração do planeta, não pela distância entre os continentes, mas por conta das pés- simas condições nas quais os imigrantes realizam a travessia. Nos últimos seis anos, morreram mais de 20 mil pessoas. Não somente países dessas regiões estão na rota das migrações internacionais. Mesmo não havendo nenhum tipo de conflito entre Estados Unidos e Méxi- co, a fronteira entre os dois países é vigiada tensa e permanentemente. Pessoas oriundas do Triângulo Norte da América Central, principalmente de Hondu- ras, Haiti e Guatemala, entram no território mexicano com o objetivo de chegar no território norte-america- no; porém, quando chegam na fronteira entre os dois países, o sonho de muitas pessoas por melhores condi- ções de vida é encerrado. O petróleo, o Oriente Médio e as lutas religiosas Conhecida como uma das regiões mais conflituo- sas do mundo, o Oriente Médio é palco de muitas ten- sões de ordem econômica, política, religiosa e étnica. Como um ponto inicial, pode-se destacar a riqueza de recursos minerais da região, em especial, o petróleo. Na imagem temos as reservas de petróleo distri- buídas pelo mundo. Reservas de petróleo no mundo. Destaque para a abundância desse recurso no Oriente Médio. Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_pa%C3%ADses_por_ reservas_de_petr%C3%B3leo Além disso, temos a presença de povos árabes, per- sas, curdos, judeus, turcos, entre outros, que formam uma grande diversidade de etnias, além da diversida- de religiosa, tendo a presença de judeus, muçulmanos e cristãos, as três maiores denominações religiosas do mundo. Em muitas vezes, essas diferenças se trans- formam em atritos muito sérios, convertendo-se em guerras muitas vezes. Vejamos alguns desses conflitos: z Questão Palestina: após a Segunda Guerra Mun- dial, a ONU decidiu dividir a Palestina como for- ma de tentar resolver os inúmeros problemas da região causados pela presença dos dois povos, ára- bes e judeus. Assim, em 1947, o território palestino foi dividido, mas os árabes rejeitaram a proposta. Durante a Guerra de Independência (1948-1949), a Liga Árabe, composta por sete países (Jordânia, Egi- to, Síria, Líbano, Iraque, Arábia Saudita e Iêmen), não aceitou a partilha da Palestina e invadiu o novo Estado de Israel, mas acabou derrotada. O Estado de Israel aumentou o seu território, a Faixa de Gaza foi anexada ao Egito e o território chamado de Cis- jordânia passou a ser administrado pela Jordânia. Em 1967, as tensões se agravaram e, com o apoio da União Soviética, o Egito, a Síria e a Jordânia criaram uma força militar com o intuito de recuperar o terri- tório perdido em 1947. No entanto, com o apoio dos Estados Unidos, Israel atacou esses três países e ocu- pou a Península do Sinai (Egito); a Faixa de Gaza e a Cisjordânia (Palestina); as Colinas de Golã (Síria); e a parte oriental de Jerusalém. Com isso, o território israelense cresceu consideravelmente. Esse conflito é conhecido como a Guerra dos Seis Dias. Em 1973, teve início a guerra do Yom Kippur (Dia do Perdão). Aproveitando o feriado judeu, as tropas egípcias e sírias avançaram sobre a Penín- sula do Sinai e as Colinas de Golã com o objetivode reconquistar os territórios perdidos na Guerra dos Seis Dias. Uma das consequências dessa guerra foi a crise do petróleo, já que os países árabes, membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), decidiram interromper a produção e a expor- tação desse produto para o Ocidente. Em 1979, Israel devolveu a Península do Sinai ao Egito. Atualmente, a maior parte do território da Cisjordânia é controlada por Israel, assim como as fronteiras da Faixa de Gaza, apesar de a região ser dominada por palestinos. C O N H EC IM EN TO S G ER A IS 15 Diferenças territoriais entre palestinos e israelenses ao longo do tempo. Fonte: https://www.diferenca.com/israel-e-palestina/ z Irã x Iraque: em 1979, um movimento islâmico radical implementou um sistema teocrata no Irã. Esse movimento, chamado de Revolução Irania- na causou problemas entre o Irã e o Ocidente. O Iraque, liderado por Saddam Hussein e apoiado pelos EUA, invadiu uma província iraniana rica em petróleo. No entanto, após oito anos de conflito, a guerra terminou sem vitoriosos, além dos altos custos humanos e econômicos. z Guerras do Golfo: entre 1990 e 1991, os Estados Unidos, com o aval da ONU, lutaram contra o Ira- que para sua expulsão do Kuwait. Os bombardeios estadunidenses acabaram sendo decisivos para a retirada iraquiana. Em 2003, mesmo sob críticas da ONU e de diversos países, o governo Bush ordenou a invasão do Iraque, sob a justificativa de posse de armas de destruição em massa, acusação que nun- ca foi comprovada. A ocupação durou até 2011. z Afeganistão: entre 1979 e 1988, o país foi ocupado pela URSS, apesar da forte resistência imposta pelos guerrilheiros afegãos. Em 1996, o Talibã tomou o poder no Afeganistão. Esse movimento islâmico radical implantou um Estado muçulmano. Segun- do o Serviço de Inteligência dos EUA, os atentados terroristas que ocorreram em 11 de setembro de 2001 teriam sido de autoria do grupo Al-Qaeda, que tinha seu principal centro de treinamento no Afega- nistão. O que justificou a invasão estadunidense em outubro de 2001. O líder da Al-Qaeda, Osama Bin Laden, foi morto em 2011. No entanto, as tropas só começaram a deixar o país em 2015. EXPLORAÇÃO E USO DOS RECURSOS NATURAIS E OS DESAFIOS GEOPOLÍTICOS DO SÉCULO XXI A humanidade, desde a pré-história, realiza a trans- formação do meio natural em que vive. Nos primórdios, os povos do mundo eram nômades e deslocavam-se cons- tantemente de um local para outro na busca de alimen- tos e de locais seguros para a moradia e sobrevivência. Com o desenvolvimento de técnicas para cultivo de vegetais e frutos, além do processo de domesticação, confinamento e criação de animais, a agricultura e a pecuária desenvolveram-se, o que permitiu a sedenta- rização dos grupos humanos; ou seja, os homens pude- ram se fixar em determinados locais, dando início ao processo de formação das primeiras civilizações. Com o passar dos séculos, houve o desenvolvimen- to de técnicas cada vez mais avançadas que não só garantiram as necessidades de suas populações, mas também que os seres humanos pudessem exercer poder e domínio sobre outros territórios. As técnicas tornaram-se cada vez mais complexas, mas sem dei- xarem de lado o ponto principal desde o surgimento dos primeiros aglomerados humanos: a capacidade de utilizar e transformar a natureza. Assim, podemos afirmar que o espaço geográfico – resultado das ações e das atividades humanas – está sempre sendo produzido e transformado pela socie- dade em diferentes momentos da História. Existe um vínculo entre natureza e ação humana, ou seja, entre o espaço natural e o espaço geográfico. Podemos citar como exemplos dessas ações o pro- cesso de extração de matérias-primas do meio ambien- te ou a retirada de matas e florestas para o cultivo de alimentos ou matérias-primas que serão posteriormen- te utilizadas na produção de mercadorias diversas. O processo de extração mineral é considerado um exemplo das diferentes maneiras pelas quais os seres humanos transformam e modificam o ambiente em que vivem, o processo de apropriação da natureza pelos seres humanos Essa relação entre a natureza e os seres humanos dá-se sempre de maneira harmoniosa? A resposta é não. Os seres humanos estão cada vez mais exploran- do a natureza de forma predatória, além do limite que ela pode suportar, provocando alterações considera- das desastrosas sobre o meio natural. Os impactos das ações predatórias dos seres humanos podem ser vis- tos quando há o desmatamento de florestas ou quan- do as reservas hídricas estão altamente poluídas. Como consequência desses processos, podemos observar os mais diversos efeitos: a erosão que atinge as áreas de rios, córregos, lagos e outros reservatórios de água, sejam eles superficiais ou subterrâneos; a prática da agricultura e da pecuária de forma intensi- va. Essas atividades têm como consequências a perda de recursos hídricos ou até mesmo alterações climáti- cas provocadas pela perda de áreas naturais ou pela grande quantidade de poluentes emitidos e lançados na atmosfera. Dessa forma, fica evidente o impacto da natureza sobre a sociedade. Como forma de combater os impactos provocados no meio natural por ações antrópicas (do homem), surgem vários movimentos sociais e ativistas. No atual momen- to do sistema capitalista, os efeitos estão mais intensos, o que promove preocupações com a problemática ambien- tal, dentre as quais podemos citar o agravamento do efeito estufa, o aquecimento global, a poluição e os pro- blemas ambientais urbanos, entre outros tipos de impac- tos ambientais. Dessa forma, a humanidade precisa desenvolver técnicas sustentáveis para um melhor aproveitamento desses recursos naturais, ao invés de extrair todos os recursos de forma indiscriminada, provocando o agra- vamento da questão ambiental. Cada vez mais é neces- sário discutir ações sustentáveis; só assim será possível garantir a preservação e a utilização dos recursos natu- rais para as próximas gerações, e esse é o maior desafio para os indivíduos do mundo contemporâneo. RELAÇÕES ECONÔMICAS ENTRE O BRASIL E O MUNDO Com o intenso processo de utilização de tecno- logias na produção agropecuária, estas atividades tornaram-se bases da economia brasileira. No sécu- lo XXI, ocorreu uma evolução na produção agrícola 16 brasileira das extensas monoculturas para uma diversificação da produção. No Brasil é possível encontrar uma grande variedade de produtos que vão desde os mais historicamente tradicionais, como a cana-de-açúcar e o café, passando por outros como soja, laranja, arroz, milho, trigo, algodão, dentre outros que encontram condições climáticas favoráveis ou que foram adaptados pelas novas tecnologias agrárias, transformando o Brasil em um dos grandes produtores agrícolas do mundo. Observe a tabela a seguir com alguns dados dos produtos agrícolas brasileiros. RANKING DA PRODUÇÃO E DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DO AGRONEGÓCIO PRODUTO PRODUÇÃO EXPORTAÇÃO Nº DE PAÍSES PRINCIPAL COMPRADOR Açúcar 1º 1º 132 Rússia Café 1º 1º 129 EUA Suco de Laranja 1º 1º 74 Bélgica Soja em grão 2º 1º 42 China Carne bovina 2º 1º 143 China Carne de frango 3º 1º 145 Rússia Óleo de soja 3º 2º 47 - Farelo de soja 3º 2º 60 Japão Milho 3º 1º 76 Irã Carne suína 4º 4º 72 Rússia Plano Agrícola e Pecuário (PAP) 2014/15. Os dados podem sofrer variações, pois com alguns produtos como a soja, o Brasil reveza com os EUA o posto de principal produtor, ao passo que a Índia se destaca como produtora de carne bovina. O setor agropecuário alcançou níveis elevados de participação na economia brasileira e o PAP (Plano Agrícola e Pecuário – também conhecido como Plano Safra), já tem o valor de R$ 236,3 bilhões como crédito para os produtores para o biênio 2020/2021, onde a maior parte vai para custeio e para a comercialização. Estes valores são distribuídos de acordo com o nível de importância do gênero ou atividade na economia brasileira. Os principaisprodutos do agronegócio brasileiro são: z Cana-de-açúcar: produto agrícola importante desde o período colonial, com produção anual estimada de 47 milhões de toneladas, com destino da produção para o etanol (combustível veicular) e para a produção do açúcar. As áreas produtoras com maior destaque são: São Paulo (60% da cana produzida no país); estados do Centro-Oeste, Maranhão; Paraná; Minas Gerais e a tradicional Zona da Mata Nordestina; z Café: Principal produto no século XIX e início do Século XX, o Brasil é hoje o maior produtor e exportador de café do mundo, são mais de 2 milhões de hectares de áreas destinadas ao consumo, destaque para o estado de Minas Gerais que detém 50% da produção nacional; z Soja: Principal produto do agronegócio brasileiro, com destaque para a produção nas regiões Centro-Oeste e Nordeste, além de uma parcela de produção na região Sul; z Outros produtos do agronegócio brasileiro: milho, citricultura, arroz, algodão. Na pecuária, o destaque vai para a criação de bovinos que o rebanho já ultrapassa 219 milhões de cabeças de gado. Importante! Pecuária Intensiva: os rebanhos são criados em estábulos, confinados em pequenas e médias propriedades, com grandes cuidados em relação à alimentação, higiene e saúde. Esse tipo de pecuária necessita de maio- res investimentos e mão de obra qualificada. Pecuária Extensiva: Os rebanhos são numerosos, criados soltos e com pouca necessidade de cuidados e investimentos, alimentando-se de pasto natural. O Brasil destaca-se também na criação de suínos, com rebanho superior a 38 milhões de cabeças, com desta- que para a região Sul do país com quase a metade do rebanho, seguido por Nordeste e Sudeste. A criação de suínos gera lucros superiores a US$ 1 bilhão por ano. Destaque também para a criação de ovinos e caprinos, com rebanho superior a 14 milhões de animais, com destaques para as regiões Sul e Nordeste. C O N H EC IM EN TO S G ER A IS 17 O Brasil destaca-se como grande produtor de aves, chegando a dominar uma fatia do mercado de 90% do comércio de carne de frango. Destaques também para a equinocultura que gera lucros superiores a R$ 7,3 bilhões por ano, criação de bubalinos, asininos e muares. Globalização e Economia Nacional O Brasil é um país com enorme potencial para se firmar entre as grandes potências do mundo, porém, após um crescimento considerável no início deste século, na última década o processo de crescimento econômico e os números do nosso PIB (Produto Inter- no Bruto – total de riquezas que o país produz em um determinado período) vem apresentando resultados desfavoráveis, e o grande desafio dos governantes é como garantir o processo de solidificação da econo- mia dentro desta lógica de internacionalização. A internacionalização econômica pode ser com- preendida como um grande mercado, resultado máxi- mo do processo de globalização. A partir dos anos 90, com o fim da lógica da bipolaridade entre capitalis- mo e socialismo, que era determinada pela Guerra Fria, as nações do mundo começaram um processo de estreitamento de laços, através da superação de bar- reiras físicas e geográficas, bem como a superação de barreiras políticas e ideológicas. O modelo de mundo globalizado e o processo de internacionalização ultrapassam qualquer barreira de esfera econômica, e abrangem áreas como ciência, política, cultura etc. Mesmo sabendo que o processo de globalização pregava uma maior interação entre os povos e nações nos aspectos políticos, econômicos, culturais, territoriais, financeiras, proporcionando assim a construção de uma Nova Ordem Mundial, o que podemos perceber hoje é um processo exatamen- te ao contrário, que podemos chamá-lo de desgloba- lização, onde os países vêm promovendo a adoção de medidas protecionistas e restritivas, que acabam por representar uma tendência da sociedade moder- na que é caracterizada por um fechamento total, uma espécie de isolamento, e um exemplo deste processo é a Guerra Comercial entre os EUA e China, disputando mercados, áreas de influencias, inovações tecnológi- cas etc. Comércio Exterior Nos anos 90, durante o governo Collor, ocorreu um processo acelerado de abertura econômica, uma redução das alíquotas de importações, privatizações de empresas estatais e uma desregulamentação do Estado, além da redução de subsídios. Ocorreram também profundas mudanças na estrutura industrial do país. Esse cenário de estímulo à competitividade não proporcionou a pequenas e médias empresas o suporte financeiro e técnico para suportar e se ade- quarem a essas mudanças e muitas acabaram fechan- do as portas. A grande dificuldade dos pequenos e médios empresários nos dias atuais está relacionada à dificuldade de realizar investimentos em tecnologia, já que o crédito concedido para tal ação depende ain- da da autorização e do resguardo do Estado. A questão burocrática acaba emperrando todo o processo, dessa forma, o Brasil acabou por implantar as políticas eco- nômicas neoliberais como uma política de Estado. No início dos anos 2000, o país passou por um perío- do de crescimento econômico bastante significativo, com índices do PIB em torno de 6% ao ano, entrando no seleto grupo das maiores economias do mundo, che- gando a ser classificado como um emergente da econo- mia mundial – e passou a fazer parte do BRIC – grupo composto pelas economias emergentes do mundo no período: Brasil , Rússia, Índia e China, e, posteriormen- te, o grupo passou a contar também com a África do Sul (em 2011) e passou a se denominar BRICS. O crescimento econômico do início do século não se repetiu na década seguinte e o país passou a enfren- tar quedas significativas no seu PIB, em especial entre os anos de 2014 e 2017, conforme pode ser visto na tabela abaixo: RESULTADOS DO PIB BRASILEIRO SEGUNDO O IBGE ANO PIB 2010 7,5% 2011 4,0% 2012 1,9% 2013 3% 2014 0,5% 2015 -3,5% 2016 -3,3% 2017 1,1% 2018 2,2% 2019 3,5% Fonte: IBGE A balança comercial (saldo entre importações e exportações) brasileira vem desde 2017 apresentando superávits (as exportações estão superando as expor- tações – em resumo o país está vendendo mais do que está comprando) desde 2017. A eleição do novo presidente Jair Bolsonaro, pro- vocou uma mudança nas relações externas, com uma maior aproximação com os EUA e com o presidente Donald Trump, e foi adotada uma política econômica defendida pelo então Ministro da Economia Paulo Gue- des que é um defensor do modelo neoliberal, e previa a implantação de uma modelo de privatizações em vários setores da sociedade, porém, por enquanto, essa desburocratização e uma menor participação do Esta- do Brasileiro nas questões econômicas não ocorreram. Na perspectiva internacional, é de extrema impor- tância ressaltar os três maiores parceiros comerciais do país: China, EUA e Argentina. A Guerra Comer- cial entre EUA e China rendeu frutos positivos para o Brasil em determinados momentos. Um setor que é bastante vantajoso para o Brasil na política comer- cial com os chineses rendeu respectivamente em 2018 US$ 32,7 bilhões e em 2019 US$ 32,7 bilhões, de acordo com previsões do IBGE. Porém, em 2020, um ano atípico por conta da pandemia do novo coronavírus, as projeções para a economia do Brasil e de várias nações do mundo não são muito animadoras, de acordo com as projeções do FMI o PIB do nosso país deve sofrer uma retração em torno de 5,8%. 18 No plano internacional, algumas declarações de membros da alta cúpula do governo em relação aos chineses vem causando um certo desgaste com o par- ceiro asiático, fato este que pode comprometer a polí- tica econômica do país nos próximos anos. Integração Regional (Mercosul e América do Sul). O Mercosul (Mercado Comum do Sul) que foi ofi- cializado no início dos anos 90, através da assinatura do Tratado de Assunção, em 1991, tinha como princi- pais objetivos promover a dinamização da economia regional, movimentando entre os seus membros mer- cadorias,pessoas, força de trabalho e capitais. Tam- bém estava previsto no documento assinado pelos membros signatários (fundadores) Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai a livre circulação de bens, servi- ços e fatores produtivos. Porém, por conta da desi- gualdade entre os seus membros, em 1995 através da assinatura do Protocolo de Ouro Preto, o bloco era transformado em uma união aduaneira com a fixação de uma tarifa externa comum – TEC. Importante! União Aduaneira é uma classificação de bloco econômico que conta com uma tarifa externa comum (TEC), pela livre circulação de mercado- rias que são oriundas dos países associados ou membros. Os anos 2000 foram muito desafiadores para o Mercosul, em especial pelo distanciamento do Brasil, principal economia da região, pelo golpe de estado no Paraguai e a consequente suspensão do país do bloco, assim como a situação crítica da Venezuela que fez com que o país presidido por Nicolás Maduro fosse suspenso do bloco em dezembro de 2016, por ruptura da ordem democrática e descumprimento das normas do bloco. Atualmente, o bloco enfrenta dificuldades para a assinatura de acordos, em especial com a União Euro- peia, por conta da política ambiental do seu principal membro - o Brasil. As outras formas de integração na América do Sul: podemos destacar a UNASUL – União das Nações do Sul. Fundada em 2008 através do Tratado Constitutivo da UNASUL, assinado em Brasília, ficou decidido que a sede seria em Quito no Equador, o Parlamento sulamericano em Cochabamba na Bolívia, e a sede do seu banco em Caracas na Venezuela. O bloco, além de caráter político, tinha também o objetivo de se tornar uma organização multissetorial, com a junção de duas uniões aduanei- ras – Mercosul e Comunidade Andina de Nações. Com as mudanças nas políticas de seus membros, em março de 2019 o bloco passou a se chamar Prosul – Foro para o Progresso da América do Sul, diferente da UNASUL que tinha líderes de esquerda. A Prosul tem em seus repre- sentantes líderes de direita que ascenderem ao poder no continente nos últimos anos. E para finalizarmos, destaque para as propostas de integração na América do Sul como o IIRSA, que foi criado em 2000 em Brasília como Iniciativa para a Inte- gração da Infraestrutura Regional Sulamericana, com o objetivo de interligar e desenvolver a infraestrutura que interligasse fisicamente os seus membros entre as principais regiões econômicas do subcontinente ame- ricano, e a finalidade era diminuir os custos do setor de transportes e aumentar o fluxo de mercadorias e as exportações intrarregional e extrarregional. O ESPAÇO BRASILEIRO: POPULAÇÃO, ECONOMIA E URBANIZAÇÃO POPULAÇÃO Transição Demográfica Para compreendermos melhor a questão demográ- fica brasileira, é importante tomarmos conhecimento dos dados divulgados recentemente pelo IBGE, eles traçam um panorama geral da população brasileira. Segundo esses dados, a expectativa de vida dos bra- sileiros era de 76,6 anos, sendo a expectativa de vida dos homens 73,1 anos e, das mulheres, 80,1. Os indica- dores vêm aumentando ano após ano, desde a década de 40 quando a expectativa de vida dos brasileiros era de 45,5 anos (G1, 2020). Sobre a mortalidade infantil – crianças que che- gam a óbito antes de completarem 1 ano de vida – cabe ressaltar que é maior entre os meninos. Entre os nascidos do sexo masculino, em 2018, cerca de 13,8 não chegaram ao primeiro ano de vida. Já entre as meninas esse número é de 11,8 mortes a cada mil nascimentos – dados do IBGE (G1, 2018). Esse padrão se repete ao longo da vida, quando as mulheres com- pletam 20 anos de idade, elas têm cerca de 4,5 mais chances de chegarem aos 25 anos que um homem da mesma idade. Essa diferença de acordo com o IBGE, pode ser explicada pela alta taxa de homicídios, suicídios, aci- dentes de trânsito e outras mortes não naturais entre os indivíduos do sexo masculino. A partir dos anos 80, esses fatores, os quais têm papel significativo nas mortes dos homens na sociedade brasileira, são, em grande parte, causados pelo aumento populacional, agravamento da desigualdade social, aumento da cri- minalidade etc. Um outro fator que promove consequências dire- tas nas questões demográficas é a mortalidade na infância – crianças que vêm a óbito antes de comple- tarem 5 anos de vida. As taxas vêm caindo ao longo dos anos. Por exemplo, em 2019, esse número era de 14,4 contra 14,9, de 2017, e 15,5, em 2015. As chances são maiores no grupo que tem menos de 1 ano de vida – o número registrado, no ano pas- sado, mostra que cerca de 85% das crianças que mor- reram tinham menos que 1 ano. Porém, mesmo com esses dados, as taxas de mortalidade infantil vêm diminuindo. No ano passado foram registradas qua- torze mortes a cada grupo de mil nascimentos, contra 17,2 em 2010 – dados do IBGE. No Brasil, nos últimos dezenove anos, os índices registraram queda de 56,11% nas mortes de recém- -nascidos e 59,8% para crianças de até cinco anos – dados do relatório do Unicef em 2020. Em relação à expectativa de vida, o estado de Santa Catarina tem os maiores índices, com 79,9 anos (3,3 anos acima da média nacional), e o estado do Maranhão tem a pior expectativa de vida, registrando 71,4, seguido do Piauí, com 71,6, e Rondônia, com 71,9 – ou seja, para cada criança nascida no Maranhão, estima-se que ela viva, em média, 8,5 anos a menos do que uma criança nascida em Santa Catarina. Todos os estados da região Nordeste têm dados abaixo da média nacional, ao contrário do que ocorre em todos os estados das regiões Sul e Sudeste, áreas em que a expectativa de vida para a população é aci- ma da média nacional. C O N H EC IM EN TO S G ER A IS 19 O envelhecimento populacional nacional e, consequentemente, o aumento da expectativa de vida pode ser explicado com o fenômeno da transição demográfica, em que é registrado um aumento da expectativa de vida e uma queda nas taxas de natalidade. No gráfico a seguir, percebe-se o aumento da expectativa de vida do brasileiro desde os anos 40: Expectativa de vida do brasileiro ao nascer (1940 - 2019) Fonte: G1,2020 Crescimento Populacional O Brasil é o sexto país mais populoso do mundo, com população estimada em 211.755.692 habitantes espalhados entre 5.570 municípios, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – tal estimativa se refere a 1º de julho de 2020. A população cresceu 0,77% em relação aos dados do ano de 2019. O estado de São Paulo segue na liderança com 46,289 milhões de pessoas, sendo que, desse número, quase 84% vivem nas cidades e pouco menos de 16% vivem no campo. Esse contingente populacional sobre uma área de 8.515.692km² resultou em uma densidade demográfica de, aproximadamente, 23,8 habitantes por km². A heterogeneidade da população brasileira é uma marca em sua história, pois a população se distribui de forma irregular pelo território nacional desde o período colonial, época na qual a maior concentração populacional ocorria na porção oriental do país, em uma faixa que tem a extensão aproximada de 200km entre a faixa litorânea e o interior. A concentração populacional nas porções centro-sul e litorânea do país, é maior e isso se deve aos ciclos eco- nômicos realizados ao longo da nossa história. Nosso país possui uma ocupação territorial diversificada, demons- trando uma heterogeneidade estatístico-demográfica de sua população. Podem-se ver, por exemplo, unidades da federação densamente povoadas, como Brasília, com 444 hab./km² e Rio de Janeiro, com 365 hab./km², além de áreas com reduzidas densidades demográficas, como, por exemplo, em Roraima ou no Amazonas (ambas possuem em torno de 2 hab./km²). A concentração populacional na vertente (que é um termo frequentemente utilizado na Geografia como sinô- nimo de “lado”, “flanco”) é resultante do processo histórico da ocupação que ocorreu da faixa litorânea para o interior do país de forma gradual. Nas áreas litorâneas das regiões Sudeste,
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