Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ANEMIAS HIPOPLORIFERATIVAS Fisiopatologia: • Rim produz eritropoetina na vigência de hipoxemia. O hormônio então estimula um aumento da eritropoese na medula óssea, com aumento de eritroblastos. Na fase final de produção, surgem os reticulócitos (já sem núcleo) na circulação sanguínea que, em 24h, se tornam hemácias. Então, se numa anemia: A medula óssea respoder: hiperproliferativa; • Reticulocitose. o Causas: ▪ Anemia hemolítica; ▪ Sangramento agudo. A medula óssea não responde: hipoproliferativa • Sem reticulocitose. o Causas: ▪ Anemias carenciais; ▪ Anemia da doença crônica; ▪ DRC (perda da eritropetina). Conteúdo das hemácias: • Protoporfirina + ferro --> heme; • 4 heme's + globina --> hemoglobina. Distúrbios da hemoglobina: "Como há menos conteúdo na hemácia, todas essas anemias são microcíticas e hipocrômicas, com exceção da anemia falciforme que é normo normo. Logo, se houver uma anemia hipocrômica e microcítica com foice no esfregaço de sangue periférico, estamos diante de uma variante SBeta" • Perda da protoporfirina --> Sideroblástica; • Ferro --> Ferropriva e Doença crônica; • Globina --> Talassemias (quantitativo) e Falciforme (qualitativa); **Diminuem o ferro, é doença crônica ou ferropriva. Aumentam o ferro, é sideroblástica e talassemia. Diagnóstico: Hemograma: • Hemácia: 4-6milhões/mm³; • Hemoglobina: 12-17g/dl - melhor medida; • Hematócrito: 36-50%. Obs.: Ht corresponde a 3x o valor do Hb ~ a partir daí avalie se o paciente está hemoconcentrado ou hemodiluído. • VCM: 80-100fL - informa sobre tamanho; • HCM: 28-32pg - informa sobre cor; • CHCM: 32-35g/dl - informa sobre cor; • RDW: 10-14% - informa sobre anisocitose. Obs.: Anemia hipercrômica é igual a esferocitose. Outra coisa, anisocitose é característico de anemias carenciais. • Reticulócitos: 0,5-2% - proliferativa ou não; • Leucócitos: 5.000-11.000/mm³; • Plaquetas: 150.000- 400.000/mm³. Obs.: Anemia ferropriva geralmente cursa com plaquetose, principalmente em crianças. Classificação: ANEMIAS MICROCÍTICAS: • Ferropriva; • Doença crônica; • Talassemia; • Sideroblástica (forma hereditária). ANEMIAS NORMOCÍTICAS: • Ferropriva; • Doença crônica; • Insuficiência renal; • Anemias hemolíticas; • Anemias aplásicas. ANEMIAS MACROCÍTICAS: • Megaloblástica; • Etilismo crônico; • Sideroblástica (forma adquirida); • Anemias hemolíticas (por conta da reticulocitose). Anemia Ferropriva: Quadro clínico: • Síndrome anêmica: o Palidez, astenia, cefaleia, angina... • Carência nutricional: o Qualquer carência: ▪ Glossite; ▪ Queilite angular. o Carência de ferro: ▪ Perversão do apetite (PICA); ▪ Coiloníquia (unhas em colher); ▪ Disfagia (Plummer- Vinson). Ciclo do ferro: • Ferro da dieta (ácidos ajudam sua absorção, o resto atrapalha) - forma ferrosa é a melhor, encontrada mais em carnes vermelhas; • Transferrina (transportadora do ferro) - leva o ferro do enterócito até a hemácia; • Baço (hemocaterese): degradação das hemácias velhas (média de 120 dias); • O ferro que sobrou da degradação é armazenado nas hemácias ou na ferritina. o Perdemos ferro quando perdemos sangue, basicamente. Balanço Negativo do Ferro: • Primeiro índice a se alterar na carência de ferro: o Ferritina (marcador mais sensível da anemia ferropriva). • Aumento da transferrina pelo fígado (TIBC aumenta); o TIBC é capacidade total de ligação do ferro (sítios vazios), correspondendo ao oposto da saturação de transferrina; o TIBC reflete indiretamente a quantidade de transferrina (só que é mais barato que dosar a transferrina, por isso mais usado) o Saturação de transferrina: ferro/TIBIC - varia de 30-40%. • Ferro sérico diminui, só depois dos dois eventos anteriores; • Por fim, se torna microcítica e, por último, se torna hipocrômica. Hemograma da Anemia Ferropriva: • Normo/normo (início); • Hipo/micro (clássico); • RDW aumentado (N: 10-14%) - anisocitose; • Trombocitose. Índices do Ferro na Anemia Ferropriva: • Ferritina baixa (N: 20-200); • Transferrina alta (N: 200-400); • TIBC alto (N: 250-360); • Receptor solúvel da transferrina alto (N: 4-9); • Ferro sérico baixo (N: 60-150); • Saturação de transferrina baixa (N: 30-40%); • Protoporfirina alta (N: até 30) o Protoporfirina aumenta porque fica sobrando na hemácia, sem o ferro. CONDUTA: Investigar causa: • Crianças: o Desmame precoce; o Ancilostomíase (eosinofilia)... • Adultos: o Hipermenorreia; o Perda GI crônica de sangue... o Se > 50 anos: colonoscopia e EDA. Iniciar Sulfato Ferroso: • Dose?! 300mg (60mg de Fe elementar) 3x/dia; • Como avaliar resposta?! Contagem de reticulócitos (sobem em 48h); • Duração?! 6 meses a 1 ano (até ferritina > 50ng/ml). Anemia da doença crônica: "Doenças infecciosas, inflamatórias e neoplásicas" Fisiopatologia: • Citoquinas fazem com que o fígado produza hepcidina (que aprisiona o ferro no interior celular). Isso reduz a absorção intestinal de Fe, mas aumenta a ferritina. Além disso, há uma produção insuficiente por parte da medula. LABORATÓRIO: Hemograma da Anemia da Doença Crônica: • Normo/normo. Índice de ferro: • Ferro sérico baixo; • Saturação de transferrina baixa; • Ferritina alta; • Transferrina baixa; • TIBC baixa; • Receptor solúvel da transferrina baixa. Tratamento: • Tratar a doença de base. Anemia Sideroblástica: "Falha na síntese do heme (álcool, chumbo e hereditária)" Características: • Pode ser hipo/micro; • Ferro sérico aumentado; • Saturação de transferrina alta; • Ferritina alta; • TIBIC e transferrina normais. Diagnóstico: • Aspirado de medula óssea: o > 15% de sideroblastos em anel. • Sangue periférico: o Corpúsculos de Pappenheimer. Talassemia: "Defeito na quantidade de globina" Fisiopatologia: • 4 heme + 4 globinas --> Hemoglobina; • Tipos de Hemoglobina: o HbA (globina 2alfa2beta): 97%; o HbA2 (globina 2alfa2delta): 2%; o HbF (globina 2alfa2gama): 1%. • Perda da cadeia beta: Beta- talassemia; • Perda da cadeia alfa: Alfa- talassemia. Beta-talassemia: "Beta0: sem produção; Beta+: queda da produção" Características: • Hemácias pequenas e com sobra de cadeia alfa (que é tóxica e alvo de macrófagos); • Eritropoiese ineficaz ("hemólise na MO"); • Hemólise no baço e fígado; • Anemia hipo/micro com RDW normal; • Acúmulo de ferro. Diagnóstico: Eletroforese de Hb: • Queda da HbA; o Se apenas cair a HbA já é Beta-talassemia. • Aumento da HbA2; • Aumento de HbF. FORMAS CLÍNICAS: Beta-talassemia Major (beta0beta0, beta0beta+) - Cooley: • Anemia hemolítica grave depois de 6 meses de idade; • Hepatoesplenomegalia; • Baixa estatura; • Expansão de medula óssea (deformidades); o Fáceis em esquilo. • Tratamento: ácido fólico + quelante de ferro + esplenectomia. Transplante de medula óssea é o tto definitivo. • Podem fazer hemocromatose secundária ao excesso de bolsas de sangue que costumam receber. Beta-talassemia intermedia (beta+beta+): • Clínica mais branda; • Tratamento: ácido fólico e quelante de ferro. Beta-talassemia minor (beta+beta, beta0beta) - Traço: • Somente anemia hipo/micro; • Tratamento: acompanhamento. Anemia megaloblástica: "Deficiência de Ácido Fólico (B9) e/ou vitamina B12" Fisiopatologia: • MTHF (folato inativo) --> THF (ativo) --> DNA. Quem ativa o folato é a vitamina B12 (cofator); • Logo: há um bloqueio na síntese do DNA. CARACTERÍSTICAS: Na medula óssea: • Megaloblastos (células que não "dividiram"); • Eritropoiese ineficaz ("hemólise na medula"). o Aumenta bastante o LDH. No sangueperiférico: • Macrocitose; • Pancitopenia não grave; • Neutrófilo hipersegmentado: o 1 único neutrófilo com > 6 segmentações já fecha anemia megaloblástica. Metabolismo do folato: "Muito encontrado em folhas verdes: 'folhato'" Metabolismo: "O metabolismo do ácido fólico depende da vitamina B12 e consome homocisteína" • "Verde" (dieta) --> MTHF --> THF; o Vitamina B12 transfere o metil pra homocisteína, formando metionina. Causas: • Má nutrição: o Redução da ingesta - criança; o Alcoólatra. • Aumento da necessidade: o Gestante (repor ácido fólico); o Hemólise crônica (sempre parte do tto). Metabolismo da Cobalamina (B12): "Adiquirida nas carnes" Fisiopatologia: • "Animal" (B12) --> B12 + ligante R (saliva) --> Quebra do ligante R e associação da B12 + fator intrínseco (estômago) no duodeno (uso de enzimas pancreáticas pra quebrar o ligante R) --> Íleo terminal ocorre absorção da B12 + FI. CAUSAS: Anemia Perniciosa: "Doença autoimune contra a célula produtora de fator intrínseco - célula parietal" • Vegetariano; • Gastrectomia; • Pancreatite crônica; • Doença ileal; • Diphyllobothrium latum. Quadro clínico comum às duas: • Síndrome anêmica; • Glossite; • Queilite angular; • Diarreia. Quadro clínico específico da B12: • Síndromes neurológicas (neuropatia - mielopatia - demência); o Principalmente perda de sensibilidade vibratória, pq há predileção pelo corno posterior da medula espinhal. • Doenças auto-imunes associadas (vitiligo). PORQUE EXISTEM OS SINTOMAS NEUROLÓGICOS NA B12?! Fisiopatologia: • Ácido metilnalônico --> Succinil-CoA (essa conversão depende da B12); • Logo, acúmulo de ácido metilnalônico é igual a deficiência de B12 - ele é neurotóxico. Laboratório comum às duas: • Anemia macrocítica e normocrômica; • Neutrófilos hipersegmentados; • RDW aumentado; • Queda de plaquetas e leucócitos (pancitopenia leve); • Aumento de LDH e de bilirrubina indireta (eritropoiese ineficaz - "hemólise medular"). E PRA DIFERENCIAR AS DUAS?! • Homocisteína alta: os dois causam; • Aumento de ácido metilnalônico: só B12. Tratamento: • Deficiência de B12: B12 IM ou IV (parenteral); • Deficiência de B9: Ácido fólico VO.
Compartilhar