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BNCC E A ÁREA DAS LINGUAGENS Autoria: Adriana Pavão Wada Indaial - 2021 UNIASSELVI-PÓS 1ª Edição CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Copyright © UNIASSELVI 2021 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Xxxxxx Xxxxxxxxxxx Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx XXX p.; il. ISBN XXXXXXXXXXXXX 1.Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxx CDD XXXX.XXX Impresso por: Reitor: Prof. Hermínio Kloch Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Carlos Fabiano Fistarol Ilana Gunilda Gerber Cavichioli Norberto Siegel Julia dos Santos Ariana Monique Dalri Jairo Martins Marcio Kisner Marcelo Bucci Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Sumário APRESENTAÇÃO ............................................................................5 CAPÍTULO 1 Fundamentos da BNCC Para a Área de Linguagens Nos Anos Finais – Apresentação do Documento ...................... 7 CAPÍTULO 2 As Diferentes Linguagens – Do Cotidiano Escolar Ao Contexto Do Aluno ................................................ 47 CAPÍTULO 3 O Papel Da Linguagem No Desenvolvimento Do Diálogo, Da Resolução De Problemas E Da Cooperação No Ambiente Escolar .................................................................. 83 APRESENTAÇÃO Caro acadêmico, seja bem-vindo ao estudo da disciplina BNCC e a Área de Linguagens, cuja ementa é Fundamentos da BNCC para a Área de Linguagens (Língua Portuguesa, Arte, Educação Física e Língua Inglesa) nos anos finais – as diferentes linguagens: oral ou visomotora, como Libras e escrita, corporal, visual, sonora e digital com vistas ao desenvolvimento do diálogo, resolução de conflitos e cooperação no contexto escolar. Entendemos que é importante o estudo de uma disciplina que trate os aspectos mais importantes da BNCC (Base Nacional Comum Curricular), documento que visa estabelecer conteúdos mínimos para o Ensino Fundamental, de maneira a assegurar a formação básica comum (BRASIL, 1988), pois a implantação desse documento nos sistemas de ensino e escolas do pais já está ocorrendo, inclusive, por meio de capaci- tações e discussões entre os profissionais da educação e professores. Desejamos que o estudo da presente disciplina traga os esclarecimentos ne- cessários acerca do documento BNCC da área de linguagens para uma atuação crítica e consciente no contexto escolar dos anos finais. O Capítulo 1, intitulado Fundamentos da BNCC para a Área de Lingua- gens nos anos finais – apresentação do documento, tem por objetivos: • Apresentar o documento e seus direcionamentos essenciais para a Área de Linguagens no Ensino Fundamental/anos finais. • Explicar a divisão dos eixos de integração/organização e as dimensões do conhecimento correspondentes a cada disciplina da Área de Lingua- gens no Ensino Fundamental/anos finais. • Esclarecer sobre as unidades temáticas, os objetos de conhecimento e habilidades a serem abordadas pelas disciplinas da Área de Linguagens no Ensino Fundamental/anos finais. • Descrever as principais competências de cada disciplina da Área de Lin- guagens a serem desenvolvidas no Ensino Fundamental/anos finais. Na prática, durante o estudo do Capítulo 1, será possível debater sobre o documento e seus direcionamentos essenciais, examinar os eixos de integração/ organização e as dimensões do conhecimento correspondentes a cada disciplina, analisar as unidades temáticas, os objetos de conhecimento e habilidades a serem abordadas pelas disciplinas e discutir as principais competências de cada disciplina da Área de Linguagens a serem desenvolvidas no Ensino Fundamental/anos finais. O Capítulo 2, intitulado As diferentes linguagens – do cotidiano escolar ao contexto do aluno, tem por objetivos: • Apresentar os diferentes tipos de linguagens e suas características. • Explicar o conceito de linguagem verbal. • Esclarecer os conceitos de linguagem corporal e visual. • Descrever a linguagem sonora e a linguagem digital. Na prática, durante o estudo do Capítulo 2, será possível debater os diferen- tes tipos de linguagens e suas características, examinar o conceito de linguagem verbal, analisar os conceitos de linguagem corporal e visual e discutir sobre as linguagens sonora e digital. O Capítulo 3, intitulado O papel da linguagem no desenvolvimento do diá- logo, da resolução de problemas e da cooperação no ambiente escolar, tem por objetivos: • Apresentar o conceito de diálogo no contexto escolar. • Explicar como acontece na prática a resolução de conflitos no ambiente escolar. • Esclarecer como acontece na prática a mediação de conflitos no âmbito escolar. • Descrever aspectos relevantes para o desenvolvimento da cooperação no âmbito escolar. Na prática, durante o estudo do Capítulo 3, será possível debater o conceito de diálogo no contexto escolar, examinar como acontece a resolução de conflitos no ambiente escolar, analisar como acontece a mediação de conflitos no âmbito escolar e discutir aspectos relevantes para o desenvolvimento da cooperação no âmbito escolar. Esperamos que os três capítulos estudados na presente disciplina proporcio- nem reflexões importantes para a compreensão do papel do desenvolvimento e uso da linguagem no contexto escolar. Bons estudos! CAPÍTULO 1 FUNDAMENTOS DA BNCC PARA A ÁREA DE LINGUAGENS NOS ANOS FINAIS – APRESENTAÇÃO DO DOCUMENTO A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes objetivos de aprendizagem: Apresentar o documento e seus direcionamentos essenciais para a Área de Linguagens no Ensino Fundamental/anos fi nais. Explicar a divisão dos eixos de integração/organização e as dimensões do co- nhecimento correspondentes a cada disciplina da Área de Linguagens no Ensi- no Fundamental/anos fi nais. Esclarecer sobre as unidades temáticas, os objetos de conhecimento e as habi- lidades a serem abordadas pelas disciplinas da Área de Linguagens no Ensino Fundamental/anos fi nais. Descrever as principais competências de cada disciplina da Área de Lingua- gens a serem desenvolvidas no Ensino Fundamental/anos fi nais. Debater sobre o documento e seus direcionamentos essenciais para a Área de Linguagens no Ensino Fundamental/anos fi nais. Examinar os eixos de integração/organização e as dimensões do conhecimen- to correspondentes a cada disciplina da Área de Linguagens no Ensino Funda- mental/anos fi nais. Analisar as unidades temáticas, os objetos de conhecimento e as habilidades a serem abordadas pelas disciplinas da Área de Linguagens no Ensino Funda- mental/anos fi nais. Discutir as principais competências de cada disciplina da Área de Linguagens a serem desenvolvidas no Ensino Fundamental/anos fi nais. 8 BNCC e a área das Linguagens 9 FUNDAMENTOS DA BNCC PARA A ÁREA DE LINGUAGENS NOS ANOS FINAIS – APRESENTAÇÃO DO DOCUMENTO Capítulo 1 1 CONTEXTUALIZAÇÃO No sentido de amenizar alguns resultados insatisfatórios relativos aos índi- ces de aprendizagem, repetência e abandono escolar e à desigualdade escolar da Educação Básica do Brasil, fez-se necessário pensar sobre formas de ajustar, nivelar e melhorar a qualidade da aprendizagem e o acesso dos alunos ao am- biente escolar. Nesse sentido, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documen- to de caráter normativo, ou seja, é um documento orientador criado, de forma colaborativa, no sentido de oferecer a todos os estudantes do país uma base de aprendizado comum e essencial, levando em consideração e respeitandoas di- ferenças regionais, físicas, sociais, emocionais e pedagógicas de todos os estu- dantes do país e que auxiliará profi ssionais da educação no alcance da aprendi- zagem dos alunos. Na prática, será utilizado, principalmente, como referência para a formulação/ revisão dos currículos dos sistemas e das redes escolares dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e das propostas pedagógicas das instituições escolares do país. Por fi m, o documento contribuirá para a formação de professores no que diz respeito à avaliação e à elaboração de conteúdos condizentes a sua realidade. A BNCC foi elaborada por especialistas de todas as áreas do conhecimento e educadores de todo o Brasil, sendo concluída no ano de 2018, após muitos debates com a sociedade e a comunidade de educadores no país. Por ter caráter norteador, em sua elaboração foram considerados alguns importantes marcos le- gais, a saber: a Constituição Federal de 1988, a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) de 1996, as diretrizes curriculares traçadas pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) de 1990 e reformuladas em 2010 (Parecer CNE/CEB), o Plano Nacional de Educação (PNE) de 2014 e a Lei nº 13.415/2017. Alguns de seus fundamentos pedagógicos são: o foco no desenvolvimento de competências e o compromisso com a educação integral. Para garantir o acesso e a permanência na escola, objetivos centrais do do- cumento, é necessário que os sistemas, as redes e as escolas garantam um grau comum de aprendizagem a todos os estudantes. Para a consolidação desses ob- jetivos, o documento apresenta dez competências gerais (as competências serão descritas na seção seguinte, em detalhes), que devem ser consideradas no proces- so de ensino-aprendizagem dos alunos, garantindo, assim, a equidade aos direitos de aprendizagem e o desenvolvimento de todos os estudantes nas três etapas da Educação Básica (Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio), articu- lando-se na construção de conhecimentos, no desenvolvimento de habilidades e na formação de atitudes e valores, no termos da LDB (BRASIL, 2018). 10 BNCC e a área das Linguagens FIGURA 1 – LINHA DO TEMPO BNCC FONTE: A autora 2 ESTUDANDO O DOCUMENTO – BNCC Iniciaremos o estudo do documento BNCC para a área de Linguagens nas próximas subseções, porém é preciso que seja esclarecida a sua estrutura. No que tange ao Ensino Fundamental, etapa dos anos fi nais da Educação Básica, o documento é dividido conforme a fi gura a seguir. 11 FUNDAMENTOS DA BNCC PARA A ÁREA DE LINGUAGENS NOS ANOS FINAIS – APRESENTAÇÃO DO DOCUMENTO Capítulo 1 FIGURA 2 – ESTRUTURA DA BNCC FONTE: Brasil (2018, p. 23) A BNCC apresenta dez competências gerais para todas as áreas de conheci- mento que estão relacionadas aos documentos ofi ciais que a embasam, a LDB e 12 BNCC e a área das Linguagens a DCN, para que sejam levadas em consideração no momento de desenvolvimen- to das habilidades específi cas de cada área, conforme o documento da BNCC (BRASIL, 2018, p. 9): 1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente cons- truídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, de- mocrática e inclusiva. 2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a refl exão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investi- gar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas. 3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e cul- turais, das locais às mundiais, e também participar de prá- ticas diversifi cadas da produção artístico-cultural. 4. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visomotora, como Libras e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística, mate- mática e científi ca, para se expressar e partilhar informa- ções, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo. 5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informa- ção e comunicação de forma crítica, signifi cativa, refl exiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escola- res) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer pro- tagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva. 6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe pos- sibilitem entender as relações próprias do mundo do traba- lho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consci- ência crítica e responsabilidade. 7. Argumentar com base em fatos, dados e informações con- fi áveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o con- sumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta. 8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrí- tica e capacidade para lidar com elas. 9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de confl itos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valo- rização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza. 13 FUNDAMENTOS DA BNCC PARA A ÁREA DE LINGUAGENS NOS ANOS FINAIS – APRESENTAÇÃO DO DOCUMENTO Capítulo 1 10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsa- bilidade, fl exibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, in- clusivos, sustentáveis e solidários. Cada área de conhecimento estabelece algumas competências específi - cas de área e seu desenvolvimento deve ser promovido ao longo dos nove anos do Ensino Fundamental. As competências específi cas explicitam como as dez competências gerais se expressam nessas áreas. É importante salientar que a subdivisão das competências específi cas de cada área do conhecimento possibilita a articulação horizontal entre as áreas, per- passando todos os componentes curriculares, e também a articulação vertical, ou seja, a progressão entre o Ensino Fundamental – Anos Iniciais e o Ensino Funda- mental – Anos Finais e a continuidade das experiências dos alunos, considerando suas especifi cidades. Na área de linguagens, por exemplo, é possível perceber conexões em suas unidades temáticas, entre os componentes Arte e Educação Física, bem como em Língua Inglesa e Arte, entre outros exemplos. No sentido de garantir o desenvolvimento das competências específi cas, cada componente curricular apresenta um conjunto de habilidades a serem aper- feiçoadas que estão relacionadas a diferentes objetos de conhecimento, enten- didos no documento como conteúdos, conceitos e processos, sendo organizados em unidades temáticas. As unidades temáticas defi nem um arranjo dos objetos de conhecimento ao longo do Ensino Fundamental, adequando-se às especifi - cidades dos diferentes componentes curriculares. Assim, cada unidade temática contempla uma quantidade de objetos de conhecimento que, por sua vez, relacio- na-se a um número variável de habilidades. É imprescindível que você, acadêmico, compreenda a grafi a das habilidades que são requeridas em todos os componentes curriculares na BNCC, represen- tadas por um código alfanumérico. A seguir, um exemplo de grafi a do código de uma habilidade. 14 BNCC ea área das Linguagens FIGURA 3 – CÓDIGO ALFANUMÉRICO DE COMPOSIÇÃO DE CADA HABILIDADE FONTE: Brasil (2018, p. 30) A área de linguagens, por ter mais de um componente, apresentará compe- tências específi cas de cada um deles, ou seja, Língua Portuguesa, Arte, Educa- ção Física e Língua Inglesa terão suas competências específi cas a serem desen- volvidas pelos alunos ao longo da etapa do Ensino Fundamental. O enfoque do presente estudo será dado à área de linguagens e seus com- ponentes, bem como suas competências, unidades temáticas, objetos de conhe- cimento e habilidades a serem desenvolvidas na etapa do Ensino Fundamental, anos fi nais da Educação Básica nas seções a seguir. Para aprofundamento do documento BNCC, acesse: https://bit. ly/3ouBTuf. Agora que você, acadêmico, já conhece a estrutura da BNCC e também as dez competências gerais, bem como a grafi a das habilidades, partiremos para a compreensão dos componentes curriculares da área de linguagens, suas com- petências específi cas, as competências específi cas de cada componente, suas 15 FUNDAMENTOS DA BNCC PARA A ÁREA DE LINGUAGENS NOS ANOS FINAIS – APRESENTAÇÃO DO DOCUMENTO Capítulo 1 unidades temáticas, seus objetos de conhecimento e habilidades a serem desen- volvidas no percurso do Ensino Fundamental, anos fi nais. 2.1 BNCC ENSINO FUNDAMENTAL – ÁREA DE LINGUAGENS Para iniciarmos nosso estudo acerca do documento no que tange à área de linguagens no Ensino Fundamental nos anos fi nais é preciso entender qual é o papel da linguagem, de uma forma generalizada, em nossa sociedade. A lingua- gem faz parte do cotidiano do ser humano e é utilizada de diversas maneiras para que o homem consiga atingir seus objetivos de vida, para se comunicar e estabe- lecer relações interpessoais. De acordo com Bräkling (2008), fundamentalmente, a linguagem é uma prá- tica social. Quando a língua é tomada pelo sujeito para organizar um discurso – oral ou escrito – e, portanto, para signifi car, quando a língua é colocada em funcionamento, é aí que a linguagem acontece. “As atividades humanas realizam- -se nas práticas sociais, mediadas por diferentes linguagens: verbal (oral ou viso- motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e, contemporaneamente, digital” (BRASIL, 2018, p. 63). Podemos entender como práticas sociais toda e qualquer atividade em que o ser humano se utiliza do recurso linguagem, em suas diversas formas apresentadas, para viver. Os componentes curriculares que fazem parte da BNCC da área de linguagens no Ensino Fundamental, nos anos fi nais, são: Língua Portuguesa, Arte, Educação Física e Língua Inglesa e tem como objetivos a participação dos alunos, de forma crítica e consciente, nas diversas práticas de linguagem as quais são expostos na vida cotidiana, bem como “que lhes permitam ampliar as capacidades expressivas em manifestações artísticas, corporais e linguísticas” (BRASIL, 2018, p. 63). No Ensino Fundamental, anos fi nais, é preciso que o material de ensino utili- zado nos diferentes componentes curriculares amplie as práticas de linguagem já conquistadas nas etapas anteriores, Ensino Infantil e Ensino Fundamental, anos iniciais, e aprofunde sua compreensão das diferentes formas de linguagem por meio de refl exões, elaboração de questionamentos, seleção, organização, análise e apresentação de descobertas e conclusões, pois os estudantes possuem maior capacidade de abstração na fase do Ensino Fundamental, anos fi nais. Nesse sentido, articulando-se com as competências gerais da Educação Bá- sica, deve-se garantir aos alunos o desenvolvimento das seguintes competências específi cas da área de linguagens, Ensino Fundamental, anos fi nais: 16 BNCC e a área das Linguagens 1. Compreender as linguagens como construção humana, histórica, so- cial e cultural, de natureza dinâmica, reconhecendo-as e valorizando-as como formas de signifi cação da realidade e expressão de subjetividades e identidades sociais e culturais. 2. Conhecer e explorar diversas práticas de linguagens (artísticas, corporais e linguísticas) em diferentes campos da atividade humana para continuar aprendendo, ampliar suas possibilidades de participação na vida social e colaborar para a construção de uma sociedade mais justa, democrática e inclusiva. 3. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visomotora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, para se expressar, partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao diálogo, à resolução de confl itos e à cooperação. 4. Utilizar diferentes linguagens para defender pontos de vista que respei- tem o outro e promovam os direitos humanos, a consciência socioam- biental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, atu- ando criticamente frente às questões do mundo contemporâneo. 5. Desenvolver o senso estético para reconhecer, fruir e respeitar as diver- sas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, inclusive aquelas pertencentes ao patrimônio cultural da humanidade, bem como participar de práticas diversifi cadas, individuais e coletivas, da produção artístico-cultural, com respeito à diversidade de saberes, identidades e culturas. 6. Compreender e utilizar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, signifi cativa, refl exiva e ética nas diversas práticas so- ciais (incluindo as escolares), para se comunicar por meio das diferentes linguagens e mídias, produzir conhecimentos, resolver problemas e de- senvolver projetos autorais e coletivos (BRASIL, 2018). Você poderá conhecer mais sobre o desenvolvimento da lingua- gem no seguinte livro: VIGOTSKII, L. S.; LURIA, A. R.; LEONTIEV, A. N. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. São Paulo: Universidade de São Paulo, 1988. 17 FUNDAMENTOS DA BNCC PARA A ÁREA DE LINGUAGENS NOS ANOS FINAIS – APRESENTAÇÃO DO DOCUMENTO Capítulo 1 Como era o ensino dos componentes da área de linguagem quando você os estudou? Você percebeu mudanças? Se sim, quais? É preciso voltar no tempo para podermos analisar como as práticas do en- sino-aprendizagem de componentes da área de linguagens foram sendo trans- formadas com o passar dos anos, relacionando-as com a evolução da própria linguagem. No passado, possivelmente professores tinham em seus objetivos de ensino o desenvolvimento do cidadão para atuar em sociedade, porém, esse cidadão foi se alterando com o passar do tempo, e suas necessidades, também. Alguns documentos desenvolvidos durante esse processo, conforme as necessidades de alunos e professores, são importantes para avaliarmos a história da aprendiza- gem da linguagem, entre outras áreas e, consequentemente, do desenvolvimento humano. A BNCC, como documento orientador, apresenta a consideração da so- ciedade contemporânea e suas necessidades, por exemplo, incluindo as tecno- logias digitais como competência a ser desenvolvida no ensino, em seus compo- nentes, como um todo, na área de linguagem. Partiremos, agora, para o estudo de cada componente curricular da área de linguagem, suas competências específi cas, suas unidades temáticas, seus obje- tos de conhecimento e habilidades a serem desenvolvidas no percurso do Ensino Fundamental, anos fi nais. 2.2 AS COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS A SEREM DESENVOLVIDAS: LÍNGUA PORTUGUESA O documento BNCC, como foi mencionado na contextualização do presente capítulo, dialoga com documentos e orientações curriculares produzidos no Brasil anteriormente, bem como considera as transformações das práticas de linguagem ocorridas, considerando, principalmente, o desenvolvimento contínuo das tecnolo- gias digitais da informação e comunicação (TDIC). 18 BNCC e a área das Linguagens Nesse sentido, no componente curricular Língua Portuguesa, é assumida a perspectiva enunciativa-discursiva de linguagem, já atribuída em outrosdocumen- tos, como os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), para os quais “a lingua- gem é uma forma de ação interindividual orientada para uma fi nalidade especí- fi ca; um processo de interlocução que se realiza nas práticas sociais existentes numa sociedade, nos distintos momentos de sua história” (BRASIL, 2018, p. 67). Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) são uma série de documentos que “constituem um referencial de qualidade para a educação do Ensino Funda- mental de todo o país” (BRASIL, 1998, p. 13), no qual está explícito que foram idealizados como apoio às discussões e ao desenvolvimento do projeto nas esco- las, à refl exão sobre a prática pedagógica, ao planejamento das aulas, à análise e seleção de materiais didáticos e recursos tecnológicos e, em especial, podem contribuir para a formação e atualização profi ssional para o ensino-aprendizagem. Os eixos do componente curricular Língua Portuguesa considerados na BNCC são aqueles já destacados em outros importantes documentos orientado- res e correspondentes às práticas de linguagem, são eles: oralidade, leitura/es- cuta, produção (escrita e multissemiótica) e análise linguística/semiótica (conhe- cimentos linguísticos sobre o sistema de escrita, o sistema de língua e a norma padrão textuais, discursivos e sobre os modos de organização e os elementos de outras semioses). Abordaremos cada um deles a seguir. O eixo Leitura apresenta as práticas de linguagem relacionadas aos textos escritos, orais e multissemióticos. Semiótica: estudo dos signos e códigos de uma língua. Termo multissemiótico: são aqueles textos que trazem além de palavras, imagens, fi guras, gráfi cos, entre outros aspectos que são relevantes para a compreensão durante a leitura. Importante salien- tar que, atualmente, os textos não apresentam apenas letras a serem decodifi cadas, apresentam imagens e gráfi cos que necessitam de uma articulação entre compreensão e leitura por parte do leitor. Para Bräkling (2008, p. 176), “a escola, como instituição cuja fi nalidade é a for- mação do sujeito para a cidadania, deve possibilitar a ele a apropriação de conhe- cimentos que permitam a sua participação social efetiva. Essa participação requer o domínio de todos os conhecimentos requeridos na situação de interação verbal”. 19 FUNDAMENTOS DA BNCC PARA A ÁREA DE LINGUAGENS NOS ANOS FINAIS – APRESENTAÇÃO DO DOCUMENTO Capítulo 1 Nesse sentido, faz-se necessário o desenvolvimento de práticas leitoras para a efetiva inserção do indivíduo como cidadão na sociedade. Bräkling (2008, p. 177) aponta que entende-se por procedimentos de leitura: “saber ler da esquerda para a direita e de cima para baixo; considerar a leitura da orelha e da quarta capa na seleção de material de leitura, utilizar um índice para procurar informações, entre outros”. O tratamento das práticas leitoras compreende dimensões inter-relacionadas às práticas de uso da refl exão. Reconstrução e refl exão sobre as condições e recepção dos textos pertencentes a diferentes gêneros e que circulam nas diferentes mídias e esferas/campos de atividade humana: • Relacionar o texto com suas condições de produção, seu contexto sócio-histórico de circulação e com os projetos de dizer: leitor e leitura previstos, objetivos, pontos de vista e perspectivas em jogo, papel social do autor, época, gênero do discurso e esfera/campo em questão etc. • Analisar a circulação dos gêneros do discurso nos diferen- tes campos de atividade, seus usos e funções relacionados com as atividades típicas do campo, seus diferentes agen- tes, os interesses em jogo e as práticas de linguagem em circulação e as relações de determinação desses elemen- tos sobre a construção composicional, as marcas linguísti- cas ligadas ao estilo e o conteúdo temático dos gêneros. • Refl etir sobre as transformações ocorridas nos campos de atividades em função do desenvolvimento das tecnologias de comunicação e informação, do uso do hipertexto e de hipermídia e do surgimento do Web 2.0: novos gêneros do discurso e novas práticas de linguagem próprias da cultu- ra digital, transmutação ou reelaboração dos gêneros em função das transformações pelas quais passam o texto (de formatação e em função da convergência de mídias e do funcionamento hipertextual), novas formas de interação e de compartilhamento de textos/conteúdos/informações, re- confi guração do papel de leitor, que passa a ser também produtor, entre outros, como forma de ampliar as possibi- lidades de participação na cultura digital e contemplar os novos e os multiletramentos. • Fazer apreciações e valorações estéticas, éticas, políticas e ideológicas, entre outras, envolvidas na leitura crítica de textos verbais e de outras produções culturais (BRASIL, 2018, p. 68). Reconstrução e refl exão sobre as condições de produção e re- cepção dos textos pertencentes a diferentes gêneros e que circu- lam nas diferentes mídias e esferas/campos de atividade humana: • Analisar as diferentes formas de manifestação da compre- ensão ativa (réplica ativa) dos textos que circulam nas re- des sociais, blogs/microblog, sites e afi ns e os gêneros que conformam essas práticas de linguagem, como: comentário, 20 BNCC e a área das Linguagens carta de leitor, post em rede social, gif, meme, fanfi c, vlogs variados, political remix, charge digital, paródias de diferen- tes tipos, vídeos-minuto, e-zine, fanzine, fanvídeo, vidding, gameplay, walkthrough, detonado, machinima, trailer hones- to, playlists comentadas de diferentes tipos etc., de forma a ampliar a compreensão de textos que pertencem a esses gêneros e a possibilitar uma participação mais qualifi cada do ponto de vista ético, estético e político nas práticas de linguagem da cultura digital (BRASIL, 2018 p. 69). Dialogia e relação entre textos: • Identifi car e refl etir sobre as diferentes perspectivas ou vo- zes presentes nos textos e sobre os efeitos de sentido do uso do discurso direto, indireto, indireto livre, citações etc. • Estabelecer relações de intertextualidade e interdiscursi- vidade que permitam a identifi cação e compreensão dos diferentes posicionamentos e/ou perspectivas em jogo, do papel da paráfrase e de produções como as paródias e a estilizações (BRASIL, 2018, p. 69). Reconstrução da textualidade, recuperação e análise da orga- nização textual, da progressão temática e estabelecimento de relações entre as partes do texto: • Estabelecer relações entre as partes do texto, identifi can- do repetições, substituições e os elementos coesivos que contribuem para a continuidade do texto e sua progressão temática. • Estabelecer relações lógico-discursivas variadas (identifi - car/distinguir e relacionar fato e opinião; causa/efeito; tese/ argumentos; problema/solução; defi nição/exemplos etc. • Selecionar e hierarquizar informações, tendo em vista as condições de produção e recepção dos textos (BRASIL, 2018, p. 69). “Refl exão crítica sobre as temáticas tratadas e validade das informações: Re- fl etir criticamente sobre a fi dedignidade das informações, as temáticas, os fatos, os acontecimentos, as questões controversas presentes nos textos lidos, posicio- nando-se” (BRASIL, 2018, p. 69). Compreensão dos efeitos de sentido provocados pelos usos de recursos linguísticos e multissemióticos em textos perten- centes a gêneros diversos: • Identifi car implícitos e os efeitos de sentido decorrentes de determinados usos expressivos da linguagem, da pontuação e de outras notações, da escolha de determinadas palavras ou expressões e identifi car efeitos de ironia ou humor. • Identifi car e analisar efeitos de sentido decorrentes de es- colhas e formatação de imagens (enquadramento, ângulo/ vetor, cor, brilho, contraste), de sua sequenciação (disposi- ção e transição, movimentos de câmera, remix) e de perfor- 21 FUNDAMENTOS DA BNCC PARA A ÁREA DE LINGUAGENS NOS ANOS FINAIS – APRESENTAÇÃO DO DOCUMENTOCapítulo 1 mance – movimentos do corpo, gestos, ocupação do espa- ço cênico e elementos sonoros (entonação, trilha sonora, sampleamento etc.) que nela se relacionam. • Identifi car e analisar efeitos de sentido decorrentes de es- colhas de volume, timbre, intensidade, pausas, ritmo, efei- tos sonoros, sincronização etc. em artefatos sonoros (BRA- SIL, 2018, p. 69). Estratégias e procedimentos de leitura: • Selecionar procedimentos de leitura adequados a diferen- tes objetivos e interesses, levando em conta características do gênero e suporte do texto, de forma a poder proceder a uma leitura autônoma em relação a temas familiares. • Estabelecer/considerar os objetivos de leitura. • Estabelecer relações entre o texto e conhecimentos pré- vios, vivências, valores e crenças. • Estabelecer expectativas (pressuposições antecipadoras dos sentidos, da forma e da função do texto), apoiando-se em seus conhecimentos prévios sobre o gênero textual, suporte e universo temático, bem como sobre saliências textuais, recursos gráfi cos, imagens, dados da própria obra (índice, prefácio etc.), confi rmando antecipações e inferên- cias realizadas antes e durante a leitura de textos. • Localizar/recuperar informação. • Inferir ou deduzir informações implícitas. • Inferir ou deduzir, pelo contexto semântico ou linguístico, o signifi cado de palavras ou expressões desconhecidas. • Identifi car ou selecionar, em função do contexto de ocorrên- cia, a acepção mais adequada de um vocábulo ou expressão. • Apreender os sentidos globais do texto. • Reconhecer/inferir o tema. • Articular o verbal com outras linguagens – diagramas, ilus- trações, fotografi as, vídeos, arquivos sonoros etc. – reco- nhecendo relações de reiteração, complementariedade ou contradição entre o verbal e as outras linguagens. • Buscar, selecionar, tratar, analisar e usar informações, ten- do em vista diferentes objetivos. • Manejar de forma produtiva a não linearidade da leitura de hipertextos e o manuseio de várias janelas, tendo em vista os objetivos de leitura (BRASIL, 2018, p. 70). Adesão às práticas de leitura: • Mostrar-se interessado e envolvido pela leitura de livros de lite- ratura, textos de divulgação científi ca e/ou textos jornalísticos que circulam em várias mídias. • Mostrar-se ou tornar-se receptivo a textos que rompam com seu universo de expectativa, que representem um desafi o em relação as suas possibilidades atuais e suas experiências an- teriores de leitura, apoiando-se nas marcas linguísticas, em seu conhecimento sobre os gêneros e a temática e nas orien- tações dadas pelo professor (BRASIL, 2018, p. 70). 22 BNCC e a área das Linguagens Para Bräkling (2008), os procedimentos de escrita referem-se aos de pla- nejamento dos textos que serão escritos, tais como tomar nota de aspectos que precisarão estar contidos nos textos; organizar um esquema do texto que será escrito e orientar a textualização por ele, por exemplo; seleção do léxico, das ex- pressões, do registro em função do leitor; elaboração dos enunciados; ler o trecho anteriormente escrito para continuar escrevendo, de modo a garantir a coesão e a coerência das informações, entre outros; revisão processual e fi nal dos textos. O eixo produção de textos concentra as práticas de linguagem relacionadas à interação e à autoria (individual ou coletiva) do texto escrito, oral e multissemió- tico, com diferentes fi nalidades e projetos enunciativos. O tratamento das práticas de produção de textos compreende dimensões in- ter-relacionadas às práticas de uso e refl exão, tais como: Consideração e refl exão sobre as condições de produção dos textos que regem a circulação de diferentes gêneros nas dife- rentes mídias e campos de atividade humana: • Refl etir sobre diferentes contextos e situações sociais em que se produzem textos e sobre as diferenças em termos formais, estilísticos e linguísticos que esses contextos deter- minam, incluindo-se aí a multissemiose e características da conectividade (uso de hipertextos e hiperlinks, entre outros, presentes nos textos que circulam em contexto digital). • Analisar as condições de produção do texto no que diz res- peito ao lugar social assumido e à imagem que se preten- de passar a respeito de si mesmo; ao leitor pretendido; ao veículo ou mídia em que o texto ou produção cultural vai circular; ao contexto imediato e ao contexto sócio-histórico mais geral; ao gênero do discurso/campo de atividade em questão etc. • Analisar aspectos sociodiscursivos, temáticos, composicio- nais e estilísticos dos gêneros propostos para a produção de textos, estabelecendo relações entre eles (BRASIL, 2018, p. 73). Dialogia e relação entre textos: • Orquestrar as diferentes vozes nos textos pertencentes aos gêneros literários, fazendo uso adequado da “fala” do nar- rador, do discurso direto, indireto e indireto livre. • Estabelecer relações de intertextualidade para explicitar, sustentar e qualifi car posicionamentos, construir e referen- dar explicações e relatos, fazendo usos de citações e pará- frases, devidamente marcadas e para produzir paródias e estilizações (BRASIL, 2018, p. 73). Alimentação temática: • Selecionar informações e dados, argumentos e outras re- ferências em fontes confi áveis impressas e digitais, orga- nizando em roteiros ou outros formatos o material pesqui- sado, para que o texto a ser produzido tenha um nível de 23 FUNDAMENTOS DA BNCC PARA A ÁREA DE LINGUAGENS NOS ANOS FINAIS – APRESENTAÇÃO DO DOCUMENTO Capítulo 1 aprofundamento adequado (para além do senso comum, quando for esse o caso) e contemple a sustentação das posições defendidas (BRASIL, 2018, p. 73). Construção da textualidade: • Estabelecer relações entre as partes do texto, levando em conta a construção composicional e o estilo do gênero, evi- tando repetições e usando adequadamente elementos co- esivos que contribuam para a coerência, a continuidade do texto e sua progressão temática. • Organizar e/ou hierarquizar informações, tendo em vista as condições de produção e as relações lógico-discursivas em jogo: causa/efeito; tese/argumentos; problema/solução; de- fi nição/exemplos etc. • Usar recursos linguísticos e multissemióticos de forma arti- culada e adequada, tendo em vista o contexto de produção do texto, a construção composicional e o estilo do gênero e os efeitos de sentido pretendidos (BRASIL, 2018, p. 73). “Aspectos notacionais e gramaticais: Utilizar, ao produzir textos, os conheci- mentos dos aspectos notacionais – ortografi a padrão, pontuação adequada, me- canismos de concordância nominal e verbal, regência verbal etc., sempre que o contexto exigir o uso da norma padrão” (BRASIL, 2018, p. 74). Estratégias de produção: • Desenvolver estratégias de planejamento, revisão, edição, re- escrita/redesign e avaliação de textos, considerando-se sua adequação aos contextos em que foram produzidos, ao modo (escrito ou oral; imagem estática ou em movimento etc.), à va- riedade linguística e/ou semioses apropriadas a esse contex- to, os enunciadores envolvidos, o gênero, o suporte, a esfera/ campo de circulação, adequação à norma padrão etc. • Utilizar softwares de edição de texto, de imagem e de áudio para editar textos produzidos em várias mídias, explorando os recursos multimídias disponíveis (BRASIL, 2018, p. 74). A autora Katia Bräkling (2008, p. 176) cita que além dos procedimentos já cita- dos com relação às práticas leitoras e de escrita, devem ser utilizados como objetos de ensino os seguintes conhecimentos linguísticos constitutivos da linguagem: • Discursivos: relativos à adequação do discurso ao contexto de produção, inclusive as características dos gêneros nos quais os textos se organizam. • Pragmáticos: relacionados às características de eventos de comunicação, como seminários, saraus, congressos e fóruns. • Textuais: concernentes à coesão, coerência, paragrafação e pontuação. • Gramaticais: relativosaos conteúdos gramaticais clássicos, como sintaxe, morfologia, semântica, estilística, fonética e ortografi a. • Notacionais: relativos à compreensão do sistema de escrita. 24 BNCC e a área das Linguagens O eixo oralidade concentra as práticas de linguagem que ocorrem em situação oral com ou sem contato face a face. O tratamento das práticas orais compreende: Consideração e refl exão sobre as condições de produção dos textos orais que regem a circulação de diferentes gêneros nas diferentes mídias e campos de atividade humana: • Refl etir sobre diferentes contextos e situações sociais em que se produzem textos orais e sobre as diferenças em ter- mos formais, estilísticos e linguísticos que esses contextos determinam, incluindo-se aí a multimodalidade e a multis- semiose. • Conhecer e refl etir sobre as tradições orais e seus gêne- ros, considerando-se as práticas sociais em que tais textos surgem e se perpetuam, bem como os sentidos que geram (BRASIL, 2018, p. 75). Compreensão de textos orais: • Proceder a uma escuta ativa, voltada para questões relati- vas ao contexto de produção dos textos, para o conteúdo em questão, para a observação de estratégias discursivas e dos recursos linguísticos e multissemióticos mobiliza- dos, bem como dos elementos paralinguísticos e cinésicos (BRASIL, 2018, p. 75). “Produção de textos orais: Produzir textos pertencentes a gêneros orais di- versos, considerando-se aspectos relativos ao planejamento, à produção, ao re- design, à avaliação das práticas realizadas em situações de interação social es- pecífi cas” (BRASIL, 2018, p. 75). Compreensão dos efeitos de sentidos provocados pelos usos de recursos linguísticos e multissemióticos em textos perten- centes a gêneros diversos: • Identifi car e analisar efeitos de sentido decorrentes de es- colhas de volume, timbre, intensidade, pausas, ritmo, efei- tos sonoros, sincronização, expressividade, gestualidade etc., e produzir textos levando em conta efeitos possíveis (BRASIL, 2018, p. 75). Relação entre fala e escrita: • Estabelecer relação entre fala e escrita, levando-se em con- ta o modo como as duas modalidades se articulam em dife- rentes gêneros e prática de linguagem (como jornal de TV, programa de rádio, apresentação e seminário, mensagem instantânea etc.), as semelhanças e as diferenças entre mo- dos de falar e de registrar o escrito e os aspectos sociodis- cursivos, composicionais e linguísticos de cada modalidade sempre relacionados com os gêneros em questão. • Oralizar o texto escrito, considerando-se as situações so- ciais em que tal tipo de atividade acontece, seus elementos 25 FUNDAMENTOS DA BNCC PARA A ÁREA DE LINGUAGENS NOS ANOS FINAIS – APRESENTAÇÃO DO DOCUMENTO Capítulo 1 paralinguísticos e cinésicos, entre outros. • Refl etir sobre as variedades linguísticas, adequando sua produção a esse contexto (BRASIL, 2018, p. 76). O eixo Análise Linguística/Semiótica compreende os procedimentos e estra- tégias (meta)cognitivas de análise e avaliação consciente, durante os processos de leitura e de produção de textos (orais, escritos e multissemióticos), das ma- terialidades dos textos responsáveis por seus efeitos de sentido, seja no que se refere às formas de composição dos textos, determinadas pelos gêneros (orais, escritos e multissemióticos) e pela situação de produção, seja no que se refere aos estilos adotados nos textos, com forte impacto nos efeitos de sentido. Englo- ba todos os conhecimentos linguísticos em todos os campos e esferas. O tratamento das práticas de linguagens no eixo da análise linguística/semió- tica relaciona-se com todos os campos de conhecimentos linguísticos: ortografi a, pontuação, conhecimentos gramaticais (morfológicos, sintáticos, semânticos), en- tre outros. Fono-ortografi a: • Conhecer e analisar as relações regulares e irregulares en- tre fonemas e grafemas na escrita do português do Brasil. • Conhecer e analisar as possibilidades de estruturação da sí- laba na escrita do português do Brasil (BRASIL, 2018, p. 78). Morfossintaxe: • Conhecer as classes de palavras abertas (substantivos, verbos, adjetivos e advérbios) e fechadas (artigos, nume- rais, preposições, conjunções, pronomes) e analisar suas funções sintático-semânticas nas orações e seu funciona- mento (concordância, regência). • Perceber o funcionamento das fl exões (número, gênero, tempo, pessoa etc.) de classes gramaticais em orações (concordância). • Correlacionar as classes de palavras com as funções sintá- ticas (sujeito, predicado, objeto, modifi cador etc.) (BRASIL, 2018, p. 79). Sintaxe: • Conhecer e analisar as funções sintáticas (sujeito, predica- do, objeto, modifi cador etc.). • Conhecer e analisar a organização sintática canônica das sentenças do português do Brasil e relacioná-la à organização de períodos compostos (por coordenação e subordinação). • Perceber a correlação entre os fenômenos de concordân- cia, regência e retomada (progressão temática – anáfora, catáfora) e a organização sintática das sentenças do portu- guês do Brasil (BRASIL, 2018, p. 79). 26 BNCC e a área das Linguagens Semântica: • Conhecer e perceber os efeitos de sentido nos textos de- correntes de fenômenos léxico-semânticos, tais como au- mentativo/diminutivo; sinonímia/antonímia; polissemia ou homonímia; fi guras de linguagem, modalizações epistê- micas, deônticas, apreciativas; modos e aspectos verbais (BRASIL, 2018, p. 79). Variação Linguística: • Conhecer algumas das variedades linguísticas do portu- guês do Brasil e suas diferenças fonológicas, prosódicas, lexicais e sintáticas, avaliando seus efeitos semânticos. • Discutir, no fenômeno de variação linguística, variedades prestigiadas e estigmatizadas e o preconceito linguístico que as cerca, questionando suas bases de maneira crítica (BRASIL, 2018, p. 79). Elementos notacionais da escrita: • Conhecer as diferentes funções e perceber os efeitos de sentidos provocados nos textos pelo uso de sinais de pon- tuação (ponto fi nal, ponto de interrogação, ponto de excla- mação, vírgula, ponto e vírgula, dois pontos) e de pontu- ação e sinalização dos diálogos (dois pontos, travessão, verbos de dizer). • Conhecer a acentuação gráfi ca e perceber suas relações com a prosódia. • Utilizar os conhecimentos sobre as regularidades e irregu- laridades ortográfi cas do português do Brasil na escrita de textos (BRASIL, 2018, p. 79). As competências específi cas a serem desenvolvidas no componente curricu- lar de Língua Portuguesa no Ensino Fundamental, anos fi nais, são: 1. Compreender a língua como fenômeno cultural, histórico, social, variável, heterogêneo e sensível aos contextos de uso, reconhecendo-a como meio de construção de identi- dades de seus usuários e da comunidade a que pertencem. 2. Apropriar-se da linguagem escrita, reconhecendo-a como forma de interação nos diferentes campos de atuação da vida social e utilizando-a para ampliar suas possibilidades de participar da cultura letrada, de construir conhecimentos (inclusive escolares) e de se envolver com maior autonomia e protagonismo na vida social. 3. Ler, escutar e produzir textos orais e escritos e multissemi- óticos que circulam em diferentes campos de atuação e mí- dias, com compreensão, autonomia, fl uência e criticidade, de modo a se expressar e partilhar informações, experiên- cias, ideias e sentimentos, e continuar aprendendo. 4. Compreender o fenômeno de variação linguística, demons- trando atitude respeitosa diante de variedades linguísticas e rejeitando preconceitos linguísticos. 27 FUNDAMENTOS DA BNCC PARA A ÁREA DE LINGUAGENS NOS ANOS FINAIS – APRESENTAÇÃO DO DOCUMENTO Capítulo 1 5. Empregar, nas interações sociais, a variedade e o estilo de linguagem adequados à situação comunicativa, ao(s) inter- locutor(es) e ao gênero do discurso/gênero textual. 6. Analisar informações, argumentos e opiniões manifestados em interações sociaise nos meios de comunicação, posi- cionando-se ética e criticamente em relação a conteúdos discriminatórios que ferem os direitos humanos e ambien- tais. 7. Reconhecer o texto como lugar de manifestação e negocia- ção de sentidos, valores e ideologias. 8. Selecionar textos e livros para leitura integral, de acordo com os objetivos, interesses e projetos pessoais (estudo, formação pessoal, entretenimento, pesquisa, trabalho etc.) 9. Envolver-se em práticas de leitura literária que possibilitem o desenvolvimento do senso estético para fruição, valori- zando a literatura e outras manifestações artístico-culturais como formas de acesso às dimensões lúdicas, de imaginá- rio e encantamento, reconhecendo o potencial transforma- dor e humanizador da experiência com a literatura. 10. Mobilizar práticas da cultura digital, diferentes linguagens, mídias e ferramentas digitais para expandir as formas de produzir sentidos (nos processos de compreensão e produ- ção), aprender e refl etir sobre o mundo e realizar diferentes projetos autorais (BRASIL, 2018, p. 83). 1 Vamos exercitar nossa compreensão de leitura acerca da estru- tura das habilidades apresentadas no documento BNCC? Nos quadros a seguir, apresentaremos duas habilidades para o Ensi- no Fundamental, anos fi nais, que estão no documento BNCC. O exercício é: 1. Como podemos identifi car a que etapa da Educação Básica essa habilidade pertence? 2. Como podemos identifi car a que ano/série e disciplina essa habi- lidade pertence? 3. Como podemos identifi car a que componente curricular da Edu- cação Básica essa habilidade pertence? 4. Como podemos identifi car a qual unidade temática essa habilida- de pertence? (EF67LP03) – Comparar informações sobre um mesmo fato di- vulgadas em diferentes veículos e mídias, analisando e avaliando a confi abilidade. (EF69LP49) – Mostrar-se interessado e envolvido pela leitura de livros de literatura e por outras produções culturais do campo e 28 BNCC e a área das Linguagens receptivo a textos que rompam com seu universo de expectativas, que representem um desafi o com relação as suas possibilidades atuais e suas experiências anteriores de leitura, apoiando-se nas marcas linguísticas, em seu conhecimento sobre os gêneros e a temática e nas orientações dadas pelo professor. R.:____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ___________________________________________________. Agora que você já exercitou a leitura de um exemplo de código alfanumérico de uma habilidade específi ca a ser desenvolvida na área de linguagens, estuda- remos as competências a serem desenvolvidas nos componentes de Arte e Edu- cação Física. 2.3 AS COMPETÊNCIAS A SEREM DESENVOLVIDAS: ARTE E EDUCAÇÃO FÍSICA Após a abordagem das competências gerais e específi cas no componente Língua Portuguesa a serem desenvolvidas na etapa Ensino Fundamental, anos fi nais, partiremos para o estudo das competências a serem desenvolvidas nos componentes Arte e Educação Física. As competências específi cas dos componentes curriculares Arte e Educação Física serão subdivididas a seguir. 29 FUNDAMENTOS DA BNCC PARA A ÁREA DE LINGUAGENS NOS ANOS FINAIS – APRESENTAÇÃO DO DOCUMENTO Capítulo 1 2.3.1 Arte As competências específi cas a serem desenvolvidas no componente curricu- lar de Arte, no Ensino Fundamental, anos fi nais, são: 1. Explorar, conhecer, fruir e analisar criticamente práticas e produções artísticas e culturais do seu entorno social, dos povos indígenas, das comunidades tradicionais brasileiras e de diversas sociedades, em distintos tempos e espaços, para reconhecer a arte como um fenômeno cultural, históri- co, social e sensível a diferentes contextos e dialogar com as diversidades. 2. Compreender as relações entre as linguagens da Arte e suas práticas integradas, inclusive aquelas possibilitadas pelo uso das novas tecnologias de informação e comuni- cação, pelo cinema e pelo audiovisual, nas condições par- ticulares de produção, na prática de cada linguagem e nas suas articulações. 3. Pesquisar e conhecer distintas matrizes estéticas e cultu- rais – especialmente aquelas manifestas na arte e nas cul- turas que constituem a identidade brasileira –, sua tradição e manifestações contemporâneas, reelaborando-as nas criações em Arte. 4. Experienciar a ludicidade, a percepção, a expressividade e a imaginação, ressignifi cando espaços da escola e de fora dela no âmbito da Arte. 5. Mobilizar recursos tecnológicos como formas de registro, pesquisa e criação artística. 6. Estabelecer relações entre arte, mídia, mercado e consu- mo, compreendendo, de forma crítica e problematizadora, modos de produção e de circulação da arte na sociedade. 7. Problematizar questões políticas, sociais, econômicas, científi cas, tecnológicas e culturais, por meio de exercícios, produções, intervenções e apresentações artísticas. 8. Desenvolver a autonomia, a crítica, a autoria e o trabalho coletivo e colaborativo nas artes. 9. Analisar e valorizar o patrimônio artístico e internacional, material e imaterial, com suas histórias e diferentes visões de mundo (BRASIL, 2018, p. 194). O componente curricular Arte representa um conjunto de linguagens a serem desenvolvidas pelos alunos na etapa do Ensino Fundamental, são elas: as Artes Visuais, a Dança, a Música e o Teatro. Essas linguagens serão traduzidas em unidades temáticas, pois é importante salientar que as aulas de Arte, na etapa do Ensino Fundamental, anos fi nais, contemplarão essas unidades como forma orga- nizacional, em todos os currículos dos estados brasileiros. 30 BNCC e a área das Linguagens De acordo com a BNCC (BRASIL, 2018, p. 191-192): Artes Visuais: são processos e produtos artísticos e culturais, nos diversos tempos históricos e contextos sociais, que têm a expressão visual como elemento de comunicação. Dança: é uma prática artística pelo pensamento e senti- mento do corpo, mediante a articulação dos processos cognitivos e das experiências sensíveis implicados no movimento dançado. Música: é a expressão artística que se materializa por meio dos sons, que ganham forma, sentido e signifi cado no âmbito tanto da sensibilidade subjetiva quanto das interações sociais, como resultado de saberes e valores diversos estabelecidos no domínio de cada cultura. Teatro: instaura a experiência artística multissensorial de encontro com o outro em performance. Para exemplifi car melhor o ensino de Arte baseado nas compe- tências exigidas no documento BNCC, acesse o link: https://novaes- cola.org.br/bncc/disciplina/16/arte. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) salienta que essas linguagens precisam ser consideradas em suas especifi cidades: As experiências e vivências dos sujeitos em sua relação com a Arte não acontecem de forma compartimentada ou estanque. Assim, é importante que o componente curricular Arte leve em conta o diálogo entre essas linguagens, o diálogo com a litera- tura, além de possibilitar o contato e a refl exão acerca das for- mas estéticas híbridas, tais como as artes circenses, o cinema e a performance (BRASIL, 2018, p. 192). Além disso, é preciso considerar que o componente Arte nos anos fi nais do Ensino Fundamental articula manifestações culturais de tempos e espaços diver- sos, incluindo o contexto artístico dos alunos e das produções artísticas e culturais contemporâneas nacionais e internacionais. “Do ponto de vista histórico, social e político, propicia a eles o entendimento dos costumes e dos valores constituintes31 FUNDAMENTOS DA BNCC PARA A ÁREA DE LINGUAGENS NOS ANOS FINAIS – APRESENTAÇÃO DO DOCUMENTO Capítulo 1 das culturas, manifestados em seus processos e produtos artísticos, o que contri- bui para sua formação integral” (BRASIL, 2018, p. 192-193). A partir do aprendizado dessas linguagens, no componente Arte, é possível que os alunos, no Ensino Fundamental, anos fi nais, desenvolvam saberes refe- rentes a produtos e fenômenos artísticos e envolvam-se em práticas do criar, ler, produzir, construir, exteriorizar e refl etir sobre formas artísticas, inclusive conside- rando as culturas que permeiam a juventude. Diante disso, há troca de experiências e vivências e o reconhecimento de culturas plurais, os alunos protagonizam usando o espaço escolar, compartilham saberes e produções em exposições, saraus, espetáculos, performances, concer- tos, recitais, intervenções e outras apresentações e eventos artísticos e culturais, na escola ou em outros locais. O documento propõe, no ensino do componente Arte, que haja a articulação de seis dimensões do conhecimento, exploradas a seguir, de forma indissociável e simultânea às linguagens a serem trabalhadas, caracterizando, assim, a singu- laridade da experiência artística. Não há nenhuma hierarquia e ordem para se tra- balhar essas dimensões no campo pedagógico. Elas buscam facilitar o processo de ensino e aprendizagem de Arte. De acordo com a BNCC, são elas: • Criação: refere-se ao fazer artístico, quando os sujeitos criam, pro- duzem e constroem. Trata-se de uma atitude intencional e inves- tigativa que confere materialidade estética a sentimentos, ideias, desejos e representações em processos, acontecimentos e pro- duções artísticas individuais e coletivas. • Crítica: refere-se às impressões que impulsionaram os sujeitos em direção a novas compreensões do espaço em que vivem, com base no estabelecimento de relações por meio do estudo e da pesquisa, entre diversas experiências e manifestações artísticas e culturais vividas e conhecidas. • Estesia: refere-se à experiência sensível dos sujeitos em relação ao espaço, ao tempo, ao som, à ação, às imagens, ao próprio cor- po e aos diferentes materiais. • Expressão: refere-se às possibilidades de exteriorizar e manifestar as criações subjetivas por meio de procedimentos artísticos. • Fruição: refere-se ao deleite, ao prazer, ao estranhamento e à abertura para se sensibilizar durante a participação em práticas artísticas e culturais. • Refl exão: refere-se ao processo de construir argumentos e pon- derações sobre as fruições, as experiências e os processos criati- vos, artísticos e culturais (BRASIL, 2018). 32 BNCC e a área das Linguagens Entenda as seis dimensões de conhecimento para o ensino de Artes. Disponível em: https://novaescola.org.br/bncc/conteudo/135/en- tendas-as-seis-dimensoes-de-conhecimento-para-o-ensino-de-artes. Vamos exercitar nossa compreensão de leitura acerca da estrutura das habi- lidades do componente de Arte apresentadas no documento BNCC? 1 Nos quadros a seguir, apresentaremos duas habilidades para o Ensino Fundamental, anos fi nais, que estão no documento BNCC. (EF69AR20) – Explorar e analisar elementos constitutivos da música (altura, intensidade, timbre, melodia, ritmo etc.), por meio de recursos tecnológicos (games e plataformas digitais), jogos, canções e práticas diversas de composição/criação, execução e apreciação musicais. (EF69AR25) – Identifi car e analisar diferentes estilos cênicos, contextualizando-os no tempo e no espaço de modo a aprimorar a capacidade de apreciação da estética teatral. Refl ita sobre as questões a seguir a partir da leitura dos quadros anteriores: 1. Como podemos identifi car a que etapa da Educação Básica essa habilidade pertence? 2. Como podemos identifi car a que ano/série e disciplina essa habi- lidade pertence? 3. Como podemos identifi car a que componente curricular da Edu- cação Básica essa habilidade pertence? 4. Como podemos identifi car a qual unidade temática essa habilida- de pertence? R.:____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 33 FUNDAMENTOS DA BNCC PARA A ÁREA DE LINGUAGENS NOS ANOS FINAIS – APRESENTAÇÃO DO DOCUMENTO Capítulo 1 ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ___________________________________________________. Você já exercitou a leitura de um exemplo de código alfanumérico de uma habilidade específi ca a ser desenvolvida no componente Arte, na sequência, se- rão apresentadas as competências específi cas do componente Educação Física, suas unidades temáticas, seus objetos de conhecimento e habilidades a serem desenvolvidas no percurso do Ensino Fundamental, anos fi nais. 2.3.2 Educação Física O ensino de Educação Física na etapa do Ensino Fundamental, anos fi nais, é importante para a garantia do desenvolvimento de uma sociedade mais saudá- vel e cidadã. Os alunos têm acesso ao desenvolvimento de aspectos relacionados ao respeito mútuo, à coletividade, à cooperação e ainda ao desenvolvimento físi- co, motor, cognitivo e social (BRASIL, 2017). Acesse o link a seguir para ter mais informações sobre o ensino do componente Educação Física na etapa do Ensino Fundamental, anos fi nais: https://bit.ly/3bEPgCK. As competências específi cas a serem desenvolvidas no componente curricu- lar de Educação Física, no Ensino Fundamental, anos fi nais, são: 1. Compreender a origem da cultura corporal de movimento e seus vínculos com a organização da vida coletiva e individual. 2. Planejar e empregar estratégias para resolver desafi os e aumentar as possibilidades de aprendizagem das práticas corporais, além de se envolver no processo de ampliação do acervo cultural nesse campo. 34 BNCC e a área das Linguagens 3. Refl etir, criticamente, sobre as relações entre a realização das práticas corporais e os processos de saúde/doença, inclusive no contexto das atividades laborais. 4. Identifi car a multiplicidade de padrões de desempenho, saúde, beleza e estética corporal, analisando, criticamente, os modelos disseminados na mídia e discutir posturas con- sumistas e preconceituosas. 5. Identifi car as formas de produção de preconceitos, com- preender seus efeitos e combater posicionamentos discri- minatórios com relação às práticas corporais e aos seus participantes. 6. Interpretar e recriar valores, os sentidos e os signifi cados atribuídos às diferentes práticas corporais, bem como aos sujeitos que delas participam. 7. Reconhecer as práticas corporais como elementos consti- tutivos da identidade cultural dos povos e grupos. 8. Usufruir das práticas corporais de forma autônoma para po- tencializar o envolvimento em contextos de lazer, ampliar as redes de sociabilidade e promoção de saúde. 9. Reconhecer o acesso às práticas corporais como direito do cidadão, propondo e produzindo alternativas para a sua re- alização no contexto comunitário. 10. Experimentar, desfrutar, apreciar e criar diferentes brinca- deiras, jogos, danças, ginásticas, esportes, lutas e práticas corporais de aventura, valorizando o trabalho coletivo e o protagonismo (BRASIL, 2018, p. 219). O componente Educação Física tem como tema central o trabalho com as práticas corporais em suas diversas formas e signifi cados sociais, demonstrando, também, possíveis maneiras de representação expressiva dos sujeitos produzi- das em diversos grupos e culturas no decorrer da história. Importante salientar que a Educação Física oferece possibilidades para o enriquecimento dos alunos,permitindo o acesso a um mundo cultural, possibilitando: Assegurar aos alunos a (re)construção de um conjunto de co- nhecimentos que permitam ampliar sua consciência a respeito de seus movimentos e dos recursos para o cuidado de si e dos outros e desenvolver autonomia para apropriação e utiliza- ção da cultura corporal de movimento em diversas fi nalidades humanas, favorecendo sua participação de forma confi ante e autoral na sociedade (BRASIL, 2018, p. 209). No link a seguir, você terá dicas de como as aulas podem ser preparadas levando em consideração os aspectos relativos ao docu- mento BNCC, disponível em: https://bit.ly/3bznCY4. 35 FUNDAMENTOS DA BNCC PARA A ÁREA DE LINGUAGENS NOS ANOS FINAIS – APRESENTAÇÃO DO DOCUMENTO Capítulo 1 Compreende-se as práticas corporais como sendo “aquelas realizadas fora das obrigações laborais, domésticas, higiênicas e religiosas, nas quais os sujei- tos se envolvem em função de propósitos específi cos, sem caráter instrumental” (BRASIL, 2018, p. 209). De acordo com o documento, as práticas corporais pos- suem três elementos em comum: • Movimento corporal: elemento essencial. • Organização interna (de maior ou menor grau): pautada em uma lógica específi ca. • Produto cultural: vinculado ao lazer/entretenimento e/ou ao cuidado com o corpo e a saúde. As práticas corporais e seus elementos são traduzidos nas seguintes unida- des temáticas: • Brincadeiras e jogos: são práticas corporais socializadas informalmente, podendo assim ser denominadas populares. Caracterizadas pela criação e alteração de regras, pela obe- diência de cada participante ao que foi combinado coletiva- mente, bem como pela apreciação do ato de brincar em si. Apesar de não possuírem regras estáveis e fi xas, costumam ser facilmente reconhecidas em diferentes épocas e partes do mundo, sendo recriadas, constantemente, pelos diversos grupos culturais. Importante salientar sobre o uso dos jogos e brincadeiras e que há uma distinção quando são usados como ferramentas auxiliares de estudo, eles possuem va- lores, tais como o reconhecimento pelos alunos de formas diferentes de viver e conviver de outros grupos culturais, por exemplo. • Esportes: essa prática reúne manifestações formais e de- rivadas e é considerada uma das práticas mais conhecidas por sua grande presença nos meios de comunicação. Carac- teriza-se por ser orientada pela comparação de um determi- nado desempenho entre indivíduos ou grupos (adversários), regido por um conjunto de regras formais, institucionalizadas por organizações (associações, federações e confederações esportivas, as quais defi nem as normas de disputa e promo- vem o desenvolvimento das modalidades em todos os níveis de competição (BRASIL, 2018, p. 215). Como toda prática social, o esporte é passível de recriação por quem o pra- tica e é utilizado no contexto de lazer, educação e saúde. As características das práticas derivadas são: a regulação das ações com adaptações às normas ins- titucionais e aos interesses dos participantes, às características do espaço, ao número de jogadores e ao material disponível. Os critérios utilizados para a estruturação dessa unidade temática são a co- operação, a interação com o adversário, o desempenho motor e os objetivos tá- ticos da ação, possibilitando, assim, a distribuição das modalidades esportivas 36 BNCC e a área das Linguagens em sete categorias de esportes, que servem apenas para facilitar a compreensão do que caracteriza cada uma dessas categorias e não devem ser seguidas como prescrições. • Marca: conjunto de modalidades que se caracterizam por comparar os resultados registrados em segundos, metros ou quilos. • Precisão: conjunto de modalidades que se caracterizam por arremessar/ lançar um objeto, procurando acertar um alvo específi co, estático ou em movimento, comparando-se o número de tentativas empreendidas, a pontuação estabelecida em cada tentativa ou a proximidade do objeto arremessado ao alvo. • Técnico-Combinatório: modalidades nas quais o resultado da ação mo- tora é comparado à qualidade do movimento segundo padrões técnico- -combinatórios. • Rede/Quadra dividida ou parede de rebote: modalidades que se caracte- rizam por arremessar, lançar ou rebater a bola em direção a setores da quadra adversária nos quais o rival seja incapaz de devolvê-la da mesma forma ou que leve o adversário a cometer um erro dentro do período de tempo em que o objeto do jogo está em movimento. • Campo e taco: modalidades que se caracterizam por rebater a bola lan- çada pelo adversário o mais longe possível, para tentar percorrer o maior número de vezes as bases ou a maior distância possível entre as bases, enquanto os defensores não recuperam o controle da bola e, assim, so- mar pontos. • Invasão ou territorial: modalidades que se caracterizam por comparar a capacidade de uma equipe de introduzir ou levar uma bola (ou outro ob- jeto) a uma meta ou setor da quadra/campo defendida pelos adversários, protegendo, simultaneamente, o próprio alvo, meta ou setor do campo. • Combate: modalidades caracterizadas como disputas nas quais o opo- nente deve ser subjugado, com técnicas, táticas e estratégias de dese- quilíbrio, contusão, imobilização ou exclusão de um determinado espaço, por meio de combinações de ações de ataque e defesa. • Ginásticas: unidade temática subdividida em três: ginástica geral, ginás- ticas de condicionamento físico e ginásticas de conscientização corporal. A ginástica geral, conhecida como ginástica para todos, não possui o ca- ráter de competitividade. Pode ser praticada de forma individual ou co- letiva, explorando as possibilidades acrobáticas e expressivas do corpo. Os exercícios associados a essa prática são exercícios no solo (paradas de mão, pontes, pirâmides humanas), no ar, por meio de saltos, em apa- relhos, tais como trapézio, corda, fi ta elástica, além do malabarismo. A ginástica de condicionamento físico tem seu foco no exercício corporal orientado para a melhoria do rendimento e para a aquisição e manuten- ção da composição corporal. São sessões organizadas em movimentos 37 FUNDAMENTOS DA BNCC PARA A ÁREA DE LINGUAGENS NOS ANOS FINAIS – APRESENTAÇÃO DO DOCUMENTO Capítulo 1 repetitivos, com frequência e intensidade defi nidas e de acordo com um público específi co. A ginástica de conscientização corporal, muitas delas de origem oriental milenar, reúne práticas de movimentos suaves e len- tos, com foco nos exercícios respiratórios voltados para a observação e percepção do próprio corpo. • Danças: conjunto de práticas corporais rítmicas organizadas em passos e/ou coreografi as, realizadas individualmente, em duplas ou coletiva- mente. São historicamente constituídas, facilitando, assim, a identifi ca- ção dos movimentos e ritmos musicais associados a cada uma delas. • Lutas: caracterizada por práticas corporais em que há disputas, nas quais os participantes empregam técnicas, táticas e estratégias especí- fi cas para imobilizar, desequilibrar, atingir ou excluir o oponente de um determinado espaço, combinando ações de ataque e defesa dirigidas ao corpo do adversário. As lutas podem ser de diversos contextos nacionais ou internacionais. • Práticas Corporais de Aventura: práticas corporais que costumam desa- fi ar o participante por meio de seus ambientes e nas formas e expres- sões de experimentação corporal centradas em perícias e proezas pro- vocadas pelas situações de imprevisibilidade desses ambientes. São objetos de diferentes classifi cações, conforme o critério que se utiliza, e classifi cadas em dois tipos, as da natureza e as urbanas. As práticas que ocorrem na natureza caracterizam-se por explorar as incerte- zas que o ambiente físico cria para o praticante na geração da vertigem e do risco controlado. Já as práticas de aventura urbanas exploram o cimento e o concreto da cidade para produzir as mesmassituações das práticas que ocorrem na natureza. Importante salientar que apesar da liberdade em utilizar todas as práticas corporais como objeto pedagógico, em qualquer etapa e modalidade de ensino, alguns critérios de “progressão de conhecimento devem ser atendidos, tais como os elementos específi cos das diferentes práticas corporais, as características dos sujeitos e os contextos de atuação, sinalizando tendências de organização dos conhecimentos” (BRASIL, 2018, p. 219). Alguns exemplos claros nas unidades temáticas são brincadeiras e jogos, danças e lutas, que estão organizadas em objetos de conhecimento conforme a ocorrência social dessas práticas corporais, das esferas sociais mais familiares (localidade e região) as menos familiares (esferas nacional e mundial). Para fi nalizar, é importante que as práticas sociais na escola sejam recons- truídas com base em sua função social e suas possibilidades materiais, ou seja, devem fazer sentido para os alunos e podem, também, ser transformadas na es- cola e pela realidade de seus alunos. 38 BNCC e a área das Linguagens A delimitação das habilidades no componente Educação Física leva em con- sideração oito dimensões de conhecimento com nenhuma hierarquia entre elas, nem ordem correta e necessária para o desenvolvimento do trabalho pedagógico. Vale ressaltar que as dimensões de conhecimento podem ser vistas de modo inte- grado e não isolado. São elas: • Experimentação: dimensão do conhecimento que se origina pela vivên- cia das práticas corporais, pelo envolvimento na realização destas. Di- mensão que provoca a experiência e deve proporcionar o cuidar para que as sensações geradas no momento da realização de uma determi- nada vivência sejam positivas ou, pelo menos, não sejam desagradáveis a ponto de gerar rejeição à pratica em si. • Uso e apropriação: dimensão que trata do conhecimento que possibilita ao estudante ter condições de realizar de forma autônoma uma determinada prática corporal. Relativo ao rol de conhecimentos necessários (competên- cias) que possibilitam a prática efetiva durante e até fora das aulas. • Fruição: diz respeito às sensações geradas pelas práticas corporais. É a apropriação de um conjunto de conhecimentos que permite que o aluno realize uma determinada prática corporal e/ou aprecie essa e outras tan- tas quando realizadas por outros. • Refl exão sobre a ação: são conhecimentos originados na observação e na análise das próprias vivências corporais e daquelas em que são os outros que praticam. Ato intencional, orientado a formular e empregar estratégias de observação e análise, visando resolver desafi os próprios da prática realizada; apreender novas modalidades; adequar as práticas aos interesses e às possibilidades próprios e aos de pessoas com quem compartilha a sua realização. • Construção de valores: conhecimentos adquiridos a partir das vivências e discussões em práticas corporais que possibilitam o aprendizado de valores e normas voltados ao exercício da cidadania, tais como o respei- to às diferenças e o combate aos preconceitos de qualquer natureza. • Análise: são os conceitos necessários para entender as características e o funcionamento das práticas corporais. Reúne alguns conhecimentos, tais como a classifi cação dos esportes, os sistemas táticos de uma mo- dalidade, o efeito de determinado exercício físico no desenvolvimento de uma capacidade física etc. • Compreensão: dimensão relacionada ao conhecimento conceitual que possibilita o entendimento da dimensão sociocultural das práticas corpo- rais no mundo, as relações étnicas, estéticas, de tempo e espaço, local, nacional e global. • Protagonismo Comunitário: atitudes, ações e conhecimentos necessá- rios para os estudantes participarem de forma confi ante e autoral em decisões e ações orientadas a democratizar o acesso das pessoas às práticas corporais, tomando como referência a boa convivência social. 39 FUNDAMENTOS DA BNCC PARA A ÁREA DE LINGUAGENS NOS ANOS FINAIS – APRESENTAÇÃO DO DOCUMENTO Capítulo 1 A seguir, apresentaremos uma atividade refl exiva de estudo para você de- senvolver sua capacidade de criação de atividades nas aulas do componente de Educação Física na etapa do Ensino Fundamental, anos fi nais, e gostaríamos que refl etisse acerca de quais tipos de atividades poderiam ser desenvolvidos aos seus futuros alunos. 1 Leia a habilidade requerida e refl ita sobre uma possível aula con- templando essa habilidade: (EF89EF02) – Praticar um ou mais esportes de rede/parede, campo e taco, invasão e combate oferecidos pela escola, usando habilidades técnico-táticas básicas. Para ajudá-lo na refl exão da atividade de estudo proposta, apre- sentamos o seguinte link: https://bit.ly/2T3lYaD. R.:____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________. Finalizamos o estudo das competências a serem desenvolvidas nas aulas do componente Educação Física na etapa do Ensino Fundamental, anos fi nais, e seguiremos com mais um componente da área de Linguagens: Língua Inglesa. Na sequência, serão apresentadas as competências específi cas do componente Língua Inglesa, suas unidades temáticas, seus objetos de conhecimento e habilida- des a serem desenvolvidas no percurso do Ensino Fundamental, anos fi nais. 40 BNCC e a área das Linguagens 2.4 AS COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS A SEREM DESENVOLVIDAS: LÍNGUA INGLESA No documento da BNCC, a importância do estudo de uma língua estrangeira é traçada na ideia de globalização e acesso dos alunos a um mundo cada vez mais plural com fronteiras cada vez menos delimitadas. O aprendizado e o enga- jamento em uma língua estrangeira são considerados fundamentais, contribuindo para a participação e o desenvolvimento da criticidade nos alunos para o exercí- cio de uma cidadania pura e engajada. O ensino de Inglês com caráter formativo possui três implicações e gera uma perspectiva de aprendizagem linguística, consciente e crítica, na qual as dimen- sões pedagógicas e políticas estão ligadas, pois não estamos falando apenas de ensino e aprendizagem, estamos falando de desenvolvimento de cidadania e en- gajamento social. De acordo com o PCN de Língua Estrangeira: A aprendizagem de Língua Estrangeira contribui para o proces- so educacional como um todo, indo muito além da aquisição de um conjunto de habilidades linguísticas. Leva a uma nova percepção da natureza da linguagem, aumenta a compreen- são de como a linguagem funciona e desenvolve maior consci- ência do funcionamento da própria língua materna. Ao mesmo tempo, ao promover uma apreciação dos costumes e valores de outras culturas, contribui para desenvolver a percepção da própria cultura por meio da compreensão da(s) cultura(s) es- trangeira(as) (BRASIL, 1998, p. 37). A primeira implicação é que o caráter formativo do ensino de inglês obrigava a rever as questões territoriais e culturais da língua, pois os seus falantes não se encontram apenas onde essa língua é ofi cial, causando dúvidas nos aprendizes de qual inglês é o ‘mais correto’. Nesse sentido, é preciso priorizar os conceitos de língua franca, língua global, língua adicional, entre outras. Na BNCC é priori- zado o foco na função social e política da língua inglesa, tratando-a como língua franca, ou seja: A língua inglesa não é mais aquela do “estrangeiro”, oriundo de países hegemônicos, cujos falantes servem de modelo a ser seguido, nem tampouco trata-se de uma variante da língua in- glesa. Nessa perspectiva, são acolhidos e legitimados os usos que dela fazem falantes espalhados no mundo inteiro, com di- ferentes repertórios linguísticos culturais, o que possibilita, por exemplo, questionar a visão
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