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OS PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DA MEDICINA: SAIBA DIFERENCIAR ALGUMAS DAS PATOLOGIAS QUE MAIS SE ASSEMELHAM NA CLÍNICA MÉDICA! SUMÁRIO INTRODUÇÃO 5 CARDIOLOGIA 6 Síndrome Coronariana Aguda x Miocardiopatia de Taksuboto 6 Taquicardia Supraventricular x Taquicardia Ventricular 9 Angina x Infarto Agudo do Miocárdio 15 Doença Arterial Coronariana x Refluxo Gastroesofágico 21 GASTROENTEROLOGIA 26 Apendicite Aguda x Doença Inflamatória Pélvica 26 Doença de Crohn x Retocolite Ulcerativa 30 Síndrome do Intestino Irritável x Intolerância à Lactose 34 PNEUMOLOGIA 38 Tuberculose x Aspergilose 38 Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica x Asma 41 REUMATOLOGIA 45 Artrite Reumatoide x Osteoartrite 45 ENDOCRINOLOGIA 50 Tireotoxicose x Hipotireoidismo 50 Diabetes Mellitus tipo 2 x Diabetes Autoimune Latente do Adulto 55 555555555 PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DA MEDICINA INTRODUÇÃO Que a medicina reúne uma infi nidade complexa de con- teúdos e correlações clínicas não é nenhuma novidade, né?! Mas dentro desse mundo enorme de informações, é imprescindível que todo médico tenha domínio das enfer- midades de maior relevância clínica e epidemiológica. Nesse sentido, apesar de ainda assim, ser necessário termos um fi ltro para as patologias que são consideradas as mais prevalentes, é necessário saber destrinchar o seu principal diagnóstico diferencial. E foi pensando nisso que criamos em parceria com diver- sas ligas acadêmicas de Medicina do país este eBook feito para você, estudante de Medicina, que precisa de tudo isso reunido em um só local e de fácil acesso para revisar quando precisar e a hora que quiser. Doença de Crohn x Retocolite Ulcerativa? Taquicardia Supraventricular ou Ventricular? Glaucoma Agudo ou Uve- íte Anterior? Calma, respira. Chegou a hora de aprendermos de uma vez por todas alguns dos principais diagnósticos diferenciais dentro da medicina! 666666666 PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DA MEDICINA Módulo de Cardiologia A dor torácica é um tema extremamente relevante na prática clínica. Você sabe como prosseguir com sua inves- tigação? Veja agora algumas diferenças entre os principais diagnósticos diferenciais e saiba como defi nir melhor a sua conduta. Síndrome Coronariana Aguda x Miocardiopatia de Taksuboto O que é Síndrome Coronariana Aguda? Compreende diversas apresentações clínicas decor- rentes de isquemia miocárdica, devido à obstrução aguda de uma artéria coronária, que abrange a angina instável (AI), o infarto agudo do miocárdio sem supradesnivela- mento de ST (IAMSS-ST) e o infarto agudo do miocárdio com supradesnivelamento de ST (IAMCS-ST). O que é Cardiomiopatia de Takotsubo? É uma disfunção transitória do ventrículo esquerdo (VE) após intenso estresse emocional ou físico, na ausência de coronariopatias signifi cantes. É decorrente de uma hipo- cinesia da região média e acinesia ou discinesia apicais associadas à hipercinesia da região basal do VE, com con- sequente formação de gradiente sistólico intraventricular, tendo como resultado uma redução da fração de ejeção desse ventrículo. Acomete, em 90% dos casos, mulheres em período pós-menopausa, principalmente após estresse emocional. 777777777 PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DA MEDICINA Diferenciando os sintomas: Síndrome Coronariana Aguda Dor torácica usualmente prolongada (> 20 minutos), podendo ser desencadeada por esforço físico, estresse ou ocorrer em repouso, usualmente de forte intensidade e com característica opressiva, em aperto, queimação ou peso, e pode estar associada a náuseas, vômitos, sudorese e dispneia. Cardiomiopatia de Takotsubo As manifestações clínicas da cardiomiopatia de Takot- subo são semelhantes às da síndrome coronariana aguda, com súbita dor precordial, dispneia, alterações eletrocar- diográfi cas e elevação de biomarcadores de necrose mio- cárdica, porém, classicamente, sem apresentar obstruções signifi cativas das artérias coronárias à cineangiocorona- riografi a e reversibilidade das alterações da motilidade ventricular. Tratamento Síndrome Coronariana Aguda O tratamento da SCA é realizado com suporte clínico, principalmente com monitorização, oxigênio, nitrato, AAS, Clopidogrel, betabloqueador, anticoagulante e estatina. O tratamento defi nitivo é realizado através da reperfusão coronariana por trombólise, angioplastia primária ou cirur- gia de revascularização do miocárdio. Cardiomiopatia de Takotsubo Não existe tratamento específi co já que a fi siopatolo- gia da cardiomiopatia de Takotsubo ainda não está escla- recida, mas sabe-se que a doença tem um curso limitado, em que a função cardíaca é normalizada dentro de poucas semanas. 888888888 PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DA MEDICINA A principal abordagem consiste no suporte hemodinâ- mico, muitas vezes necessário na fase aguda da doença. O uso de drogas fi brinolíticas, como ocorre no IAM, não está indicado, pois a fi siopatologia da cardiomiopatia de Takotsubo não envolve mecanismos tromboembólicos. Produzido por: Liga: Liga Acadêmica de Cardiologia da Paraíba (CARDIOLIGA-PB) Autores: Nathália Gabrielle Brito Bezerra e Gilvandro de Assis Abran- tes Leite Filho Revisores: Rayanne Kalinne Neves Dantas e Karoline Frazão Bezerra Orientador: Ivson Cartaxo Braga Referências Issa AFC, Oliveira GMM, Abreu LM, Rocha RM, Esporcatte R; Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio de Janeiro. Manual de Atualização e Con- duta: Síndrome Coronariana Aguda (SCA). São Paulo: PlanMark; 2015. Nascimento et al. Manual de Cardiologia para Graduação. 1 ed. Salva- dor: Sanar; 2018. Reis JGV, Rosas G. Cardiomiopatia de Takotsubo: um dignóstico dife- rencial da síndrome coronariana aguda: revisão da literatura. Rev Med Minas Gerais 2010; 20(4): 594-600. 999999999 PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DA MEDICINA Taquicardia Supraventricular x Taquicardia Ventricular O que é Taquicardia Supraventricular? Taquicardia supraventricular (TSV) é uma taquiarrit- mia comum e de início súbito, que apresenta ritmo regular e pode chegar à frequência cardíaca acima de 200 bpm, cujos impulsos são originados acima do nó atrioventri- cular. Usualmente, é encontrada em adultos jovens sem nenhuma doença cardíaca subjacente e costuma acometer majoritariamente mulheres. Vale salientar que, em alguns casos, o álcool, café ou apenas uma pura excitação ou ritmo de extrassístole atrial podem levar a uma TSV. O tipo mais comum de mecanismo gerador é a reentrada nodal. Caracteristicamente, se apresenta como uma taquicar- dia de R-R regular com QRS estreito, por ser originada em região atrial. Entretanto, há situações em que essa arritmia se apresenta com QRS alargado, simulando uma taquicar- dia ventricular. O que é Taquicardia Ventricular? A taquicardia ventricular (TV) se caracteriza como uma taquiarritmia com no mínimo três complexos QRS alarga- dos, cujo impulso elétrico é originado da região ventricu- lar, em que a condução é lenta. Pode se apresentar como monomórfi ca (QRS semelhantes, cuja causa principal são infarto e doença de Chagas) ou polimórfi ca (QRS com duas ou mais morfologias). É importante salientar que 20% dos QRS largos são derivados de TSV com aberrância de con- dução. A taquicardia ventricular sustentada, quando ocorre acima de 30 segundos, ocorre geralmente em pessoas com cardiopatias estruturais, como insufi ciência cardíaca e cardiomiopatia, sendo mais comum em idosos. Raramente 101010101010101010 PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DA MEDICINA essa arritmia se desenvolve em jovens sem cardiopatias estruturais. Nessa população, pode ocorrer, por exemplo, devido à síndrome do QT longo (congênita ou causada pelo uso de medicamentos) e síndrome de Brugada. O Torsades de Pointes é uma TV polimórfi ca, cuja polaridade muda como uma espiral retorcida. Ocorre prin- cipalmente em pacientes com Síndrome do QT longo, usu- almente com uma frequência entre 200 e 250 bpm. DiagnósticoSintomatologia Em ambas as patologias, o quadro clínico varia desde assintomático à presença sintomas como palpitações, disp- neia, precordialgia, transtornos visuais e síncope. A TV pode levar à parada cardíaca, e sua apresentação crônica pode gerar insufi ciência cardíaca. A aceleração da frequ- ência cardíaca pode persistir por poucos minutos a várias horas. O diagnóstico deve ser iniciado pelo exame físico em busca de sinais de repercussão hemodinâmica, como rebaixamento do nível de consciência, hipotensão, edema agudo de pulmão, entre outros. Deve-se realizar a anam- nese para investigar a existência de patologias associadas, cardiopatias, história familiar de morte súbita, atividades precipitantes e uso de substâncias e medicamentos. Critérios Diagnósticos É importante fazer o diagnóstico diferencial entre TV e TSV com aberrância, que apresentam características semelhantes ao eletrocardiograma, com QRS alargado (≥120ms). O algoritmo de Vereckei é avaliado a partir da deriva- ção avR e apresenta melhores resultados nesse rastreio. Os critérios de Brugada, por sua vez, é o algoritmo mais 111111111111111111 PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DA MEDICINA utilizado, com sensibilidade de 98,7% e especifi cidade de 96,5% para o diagnóstico de TV. Figura 01. Critérios de Vereckei e Critérios de Brugada Legenda: (Vi/Vt = razão da velocidade de ativação ventricular) Figura 02. Critérios morfológicos de Brugada Com o intuito de testar um critério mais simples, Pava et al publicaram um estudo em 2010 que mostrou que, ao avaliar-se o complexo QRS em DII, se o intervalo de tempo entre o início do QRS e a primeira mudança de polaridade for ≥ 50ms, é uma TV. Por exemplo, se o complexo QRS começar por uma positiva (onda R), calcula-se o intervalo entre ela e a primeira mudança de polaridade da onda R, quando a mesma começa a se dirigir para baixo. A sensi- bilidade do critério de Pava é de 93,2%, e a especifi cidade, de 99,3%. 121212121212121212 PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DA MEDICINA Mais recentemente, em 2015, o Dr. Francisco Santos propôs, em sua tese de doutorado, um novo algoritmo, que diferentemente dos demais, utiliza apenas critérios visuais de simples aplicabilidade. A sensibilidade desde algoritmo foi de 68,7%, com valor preditivo positivo de 85,8% e acu- rácia de 73,8%. Figura 03. Critérios de Santos Tratamento Taquicardia Supraventricular Frequentemente, manobras vagais, que estimulam o sistema nervoso parassimpático, são efi cazes em extinguir o mecanismo causador desta taquiarritmia. As manobras mais utilizadas são massagem no seio carotídeo (con- traindicada em casos de sopro audível em carótidas ou em pacientes idosos) e manobra de Valsalva modifi cada. Caso não haja reversão, administra-se: • Adenosina 6mg IV bolus; em caso refratário, repetir com 12mg. Ocorre sucesso em 90% das vezes. Vale lembrar que o paciente deve ser comunicado sobre a sensação desagradável de parada, pois, a adenosina impede os impulsos elétricos por um curto período. Nos pacientes instáveis, deve-se realizar a cardiover- são elétrica sincronizada, que consiste em uma descarga elétrica sincronizada à despolarização ventricular. Isso per- 131313131313131313 PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DA MEDICINA mite que o nó sinoatrial reassuma o ritmo cardíaco, fazendo com que o coração retorne ao ritmo sinusal. Atualmente a carga sugerida para tal procedimento varia de 50 a 100 J nos aparelhos bifásicos. Nos pacientes estáveis, conscien- tes e orientados, deve-se realizar analgesia e sedação, se necessário cardiovertê-los, enquanto nos instáveis e com risco iminente de morte, a cardioversão deve ser realizada imediatamente. Taquicardia Ventricular O tratamento tem como objetivo otimizar o manejo das cardiopatias, atenuar sintomas das arritmias, minimi- zar recorrência e evitar a morte súbita, indicando o car- dioversor-desfi brilador implantável quando necessário. Os betabloqueadores são a droga de primeira linha para prevenção primária de morte súbita, tanto nas cardiopa- tias dilatadas como nas isquêmicas. Contudo, no paciente que já apresentou TV ou fi brilação ventricular revertida, a amiodarona é a droga de escolha e a única opção quando há cardiopatia estrutural grave. O Sotalol pode ser utili- zado no paciente com função ventricular preservada, e a lidocaína é opção na TV pós-infarto. O tratamento não farmacológico feito através da abla- ção por cateter é usualmente indicado nos pacientes com TV recorrente e refratária ao tratamento farmacológico, ou até mesmo nos pacientes que estão utilizando o CDI diversas vezes para ajustar a manutenção farmacológica. Já o CDI, está indicado nos casos de TV espontânea com duração maior que 30 segundos, com fração de ejeção ventricular < 35% e com mais de um ano de expectativa de vida e na TV sustentada refratária à terapia farmacológica. 141414141414141414 PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DA MEDICINA Produzido por: Liga: Liga Acadêmica de Cardiologia da Paraíba (CARDIOLIGA-PB) Autores: Rayanne Kalinne Neves Dantas Revisor: Ivson Cartaxo Braga Orientador: Ivson Cartaxo Braga Referências 1. AHA/ACC/HRS Guideline for Management of Patients with Ventri- cular Arrhythmias and the Prevention of Sudden Cardiac Death: A Report of the American College of Cardiology/American Heart Association Task Force on Clinical Practice Guidelines and the Heart Rhythm Society. Cir- culation. 2017. 2. Martins HS, Brandão Neto RA, Velasco IT. Medicina de emergência: abordagem prática. 12. ed. Barueri: Manole; 2017. 3. Moreira MCV, Montenegro ST, Paola AAV. Livro-texto da Sociedade Brasileira de Cardiologia. 2. ed. São Paulo: Manole; 2015. 4. Nascimento et al. Manual de Cardiologia para Graduação. 1 ed. Sal- vador: Sanar; 2018. 5. Pava LF et al. R-wave peak time at DII: A new criterion for differen- tiating between wide complex QRS tachycardias. Heart Rhythm 2010. 6. Priori SG, Blomstrom-Lundqvist C et al. 2015 ESC Guidelines for the management of patients with ventricular arrhythmias and the prevention of sudden cardiac death. The Task Force for the Management of Patients with Ventricular Arrhythmias and the Prevention of Sudden Cardiac Death of the European Society of Cardiology (ESC). European Heart Journal, 2015; 36: 2793–2867. 7. Santos Neto FR. Análise de um novo critério de interpretação no diagnóstico diferencial das taquicardias de complexo QRS largo [tese]. São Paulo: Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo; 2015. 151515151515151515 PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DA MEDICINA Angina x Infarto Agudo do Miocárdio O que é Angina pectoris? A angina de peito (ou pectoris) é defi nida como um desconforto no tórax ou na região precordial causado por isquemia miocárdica que tem como principal causa a doença aterosclerótica, mas que também pode advir de embolia, vasculite ou dissecção coronariana. Ela pode ser classi- fi cada como estável quando a isquemia é transitória que ocorre devido ao estreitamento luminal progressivo e atra- vés do aumento da demanda, ou seja, quando o paciente realiza algum esforço e que dura geralmente menos do que 5 minutos, sendo aliviada ao repouso. Já a angina instável decorre de um estreitamento luminal abrupto com a isque- mia devido a uma redução da oferta sanguínea, ocorrendo no repouso ou em mínimos esforços e que geralmente dura mais do que 10 minutos. As anginas estáveis ainda apresentam classes funcio- nais, sendo a classe I a angina que ocorre com esforços prolongados e intensos; a classe II a que apresenta uma discreta limitação habitual, uma angina que o ocorre ao subir mais de um lance de escada ou caminhar mais de dois quarteirões no plano; já a classe III apresenta uma limita- ção das atividades habituais com sintomatologia ao subir um lance de escadas ou caminhar um quarteirão no plano; e por fi m, a classe IV representa a incapacidade de realizarqualquer atividade sem desconforto, podendo haver sin- tomas no repouso, caracterizando uma angina instável. O que é infarto Agudo do Miocárdio (IAM)? Infarto agudo do miocárdio é caracterizado pela necrose do tecido muscular cardíaco, em que as células atingidas morrem e perdem a sua função permanentemente ocasio- nando elevação dos marcadores bioquímicos de necrose 161616161616161616 PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DA MEDICINA miocárdica que são as troponinas cardioespecífi cas, a CK-MB e a mioglobina. Ocorre, na maioria dos casos, devido a aterotrombose, ou seja, formação de um trombo que inter- rompe o fl uxo sanguíneo das coronárias de forma súbita e intensa, ou, de maneira menos comum, pode acontecer devido a espasmos coronarianos, uso de cocaína, dissec- ção coronariana, vasculite coronariana, embolia corona- riana, entre outros. Como já dito, principal causa do infarto é a ateroscle- rose, que ocorre devido ao acúmulo de placas de gordura na luz das artérias coronarianas, chegando a obstruí-las. Na maioria dos casos o infarto ocorre quando há o rompi- mento de uma dessas placas, de modo a se formar um coá- gulo que causa a interrupção do fl uxo sanguíneo, levando assim à diminuição da oxigenação das células do miocár- dio. Os IAM podem ser classifi cados como: sem suprades- nivelamento do segmento ST, quando a oclusão é subto- tal, geralmente causada por trombos pobres em fi brina; ou com supradesnivelamento do segmento ST, que apresenta uma oclusão total por trombo com grande quantidade de fi brina. Diferenciando os sintomas: Angina pectoris A angina se caracteriza como um desconforto ou dor torácica com localização geralmente em região médio-es- ternal, retroesternal e precordial. Esse sintoma pode se irra- diar para o pescoço, mandíbula, ombro e braço esquerdo (podendo raramente acometer ambos os braços) e região epigástrica. Outros possíveis sintomas incluem dispneia, náuseas, sudorese e palidez. Além disso, a duração típica de um episódio de angina é breve, não ultrapassando a marca de 15-20 minutos. É esperado que esses sintomas se aliviem com o repouso ou com o uso de nitratros sublinguais. Por 171717171717171717 PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DA MEDICINA fi m, a angina estável é um desconforto torácico aos esfor- ços em múltiplos episódios, sem aumento da intensidade. Enquanto que a instável ocorre não relacionada ao esforço. Ao exame físico pode estar presente desdobramento paradoxal de B2, ritmo de galope, B3, B4, sopros valva- res, desvio de ictus, sopros carotídeos, pulsos reduzidos em membros inferiores e estertores em bases pulmonares, além de pressão arterial elevada. Infarto Agudo do Miocárdio? O principal sintoma é uma dor torácica que irradia para as costas, rosto, braço esquerdo e, raramente, o braço direito. Esse desconforto costuma ser intenso e prolon- gado, acompanhado de sensação de peso ou aperto sobre tórax – semelhante à angina – contudo, é mais intenso e persistente, não sendo totalmente aliviado através de repouso e uso de nitroglicerina. Outros sintomas comuns são náuseas, sudorese e, menos frequentemente, dor na região epigástrica e sen- sação iminente de morte. Todavia, é importante salientar que cerca de 25% dos IAM são clinicamente silenciosos – especialmente em diabéticos ou idosos, sendo um mal- -estar súbito dessa população motivo de preocupação car- diovascular. Pode-se verifi car ainda achados físicos como palidez, taquicardia, presença de B4 e impulso cardíaco discinético. Quando o paciente sofre de insufi ciência car- díaca congênita, observa-se estertores B3, ademais, vale lembrar que turgência jugular é comum no infarto do ven- trículo direito. Tratamento Angina pectoris No caso da angina estável, o tratamento vai consistir no alívio dos sintomas – terapia antianginosa- e redução de eventos cardiovasculares. Na primeira, como medicamen- 181818181818181818 PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DA MEDICINA tos de primeira linha será prescrito nitrato de ação rápida para os episódios agudos de angina e o uso de betablo- queadores para redução da angina induzida por esforço; como segunda linha temos a associação de betabloqueado- res com bloqueadores do canal de cálcio, trimetazidina ou ivabradina; já como medicamentos de terceira linha entram os nitratos de ação prolongada e, por fi m, como quarta linha, o alopurinol. Já para a redução dos eventos cardio- vasculares, sendo considerados redutores de mortalidade, são utilizados antiplaquetários (AAS) e em pacientes com hipersensibilidade o clopidogrel, hipolipemiante (estati- nas) e inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA). Além disso, são necessárias mudanças do estilo de vida, com realização de atividade física, cessar tabagismo, tratar hipertensão e controlar o diabetes. Dependendo da presença ou severidade dos sintomas, pode-se optar por uma revascularização miocárdica. No caso de angina instável, é recomendado a monito- rização eletrocardiográfi ca contínua, realização do acesso venoso periférico, caso satO2<90% deve-se iniciar oxigê- nio (2 a 4 L/min) por cateter nasal ou máscara. Caso a dor continue mesmo com o uso de nitratos, pode-se adminis- trar morfi na. Vai se utilizar nitroglicerina venosa contínua (se dor persistente ou hipertensão), antiplaquetários, anti- trombóticos, anti-isquêmicos (betabloqueador), inibição do sistema renina-angiotensina-aldosterona e hipolipemian- tes. O cateterismo será realizado após 48 horas da estabi- lização do quadro ou antes caso mantenha dor anginosa. Infarto agudo do miocárdio Para o alí vio da hipoxemia é recomendável a monitoriza- ção da saturação sanguínea de oxigênio (pela oximetria de pulso), devendo os pacientes que apresentam hipoxemia arterial clinicamente evidente ou documentada (satura- ção de O2 < 94%) receber suplementação de oxigênio por máscara ou cateter nasal (2 a 4 L/min). É necessária anal- gesia adequada para o controle da dor e da ansiedade, pois 191919191919191919 PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DA MEDICINA pacientes com IAM exibem hiperatividade do sistema ner- voso simpático e essa descarga adrenérgica incrementa a necessidade de oxigênio pelo miocárdio. Importante salien- tar que o uso rotineiro de ansiolíticos não é recomendado. Alguns dados de literatura demonstram que a adminis- tração de diazepam não produz efeitos sobre ansiedade, pressão arterial, frequência cardíaca ou dor torácica em pacientes com IAM. O uso de antiplaquetários tem benefício comprovado no tratamento do IAM. Tendo sua efi cácia e segurança comprovadas, bem como sua relação custo-efetividade, os antiplaquetários, principalmente o AAS, estão entre os medicamentos mais utilizados em casos como esse. Além disso, a infusão de heparina, anticoagulantes orais, betabloqueadores também fazem parte da estabili- zação do quadro do paciente e tratamento de sua condi- ção, sendo ainda possível fazer terapia com células-tronco visando a tentativa de reposição de células cardíacas per- didas no processo de infarto. E, por fi m, é de suma impor- tância fazer terapias de reperfusão. E o uso de fi brinolíticos é uma estratégia muito importante nesse sentido, parti- cularmente em situações nas quais as Intervenções coro- narianas percutâneas (angioplastia coronária transluminal percutânea (ATPC) com ou sem inserção de stent) não está disponível em tempo hábil e, no cenário pré-hospitalar, nas primeiras horas dos sintomas. 202020202020202020 PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DA MEDICINA Produzido por: Liga: Liga Acadêmica de Cirurgia da Bahia - LACIR Autores: Victoria Maria Arruda de Brito e Yuri Campos Lopes Revisor: Gabriela Chaves Celino Orientador: Dr Jorge Bastos Referências 1. Kasper, DL. et al. Harrison Medicina Interna, v.2. 19ª edição. Porto Alegre: AMGH, 2017. 2. Infarto do Miocárdio - dr. Antônio Carlos Bacelar, cardiologista, atu- alizado por Dr. Marcelo Franken,gerente médico da Cardiologia Einstein, Publicado em: 26/04/2012 no site do Hospital Albert Einstein 3. V Diretriz da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre Tratamento do Infarto Agudo do Miocá rdio com Supradesní vel do Segmento ST, Arq Bras Cardiol. 2015; 105(2):1-105 4. Medicina intensiva: abordagem prática / editores Luciano César Pon- tes de Azevedo, Leandro Utino Taniguchi, José Paulo Ladeira. – 2.ed. – Barueri, SP: Manole, 2015. 5. Cardiologia: CardioPapers / Eduardo Cavalcanti Lapa Santos, Fábio Mastrocola, Fernando Cortês Remisio Figuinha. – 1. Ed. – Rio de Janeiro: Atheneu, 2018. 6. GOLDMAN, Lee; AUSIELLO, Dennis. Cecil Medicina Interna. 24. ed. SaundersElsevier, 2012. 7. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre Angina Ins- tável e Infarto Agudo do Miocárdio sem Supradesnível do Segmento ST (II Edição, 2007) 212121212121212121 PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DA MEDICINA Doença Arterial Coronariana x Refl uxo Gastroesofágico O que é Doença Arterial Coronariana (DAC)? Refere-se ao comprometimento da circulação coronária com alterações na luz das artérias, ou seja, corresponde às alterações anatômicas das artérias coronárias, levando ou não alterações no fl uxo sanguíneo coronário. Geralmente, a causa é pela aterosclerose. Este diagnóstico de DAC pode ser: insufi ciência coronária, isquemia ou isquemia silen- ciosa. A insufi ciência coronária se caracteriza por um dese- quilíbrio entre a oferta de oxigênio (O2) para miocárdio e o seu respectivo consumo. A isquemia é a desproporção entre a oferta e demanda de O2, causa exclusivamente pela incapacidade de aumento proporcional do fl uxo san- guíneo. A isquemia silenciosa é caracteriza pela isquemia sem sintomatologia concomitante. O que é Doença do Refl uxo Gastroesofágico (DRGE)? A doença do refl uxo gastroesofágico é uma afecção crônica decorrente do fl uxo retrógrado de parte do con- teúdo gastroduodenal para o esôfago e/ou órgãos adja- centes a ele, acarretando um espectro variável de sinais e sintomas. Esses sintomas podem ou não estar associados a lesões teciduais. Diferenciando os sintomas: Doença Arterial Coronariana - Angina pectoris: sensação de asfi xia e ansiedade. Mas também, há relatos de “constrição”, “queimação”, “peso” e “aperto”; 222222222222222222 PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DA MEDICINA - Os locais mais comuns do desconforto são o retroes- ternal e o precordial; - Irradiação para superfície ulnar do antebraço esquerdo, membro superior direito, dorso, pescoço e, raramente, acima da mandíbula. - Um sintoma semelhante a DRGE é a queixa de somente dor epigástrica, ou então associada a desconforto torácico. - Se atentar para os chamados “equivalentes anginosos”, como dispneia, tontura, fadiga e eructações, frequentes em mulheres, idosos e diabéticos. Obs1.: Tabela de probabilidade de doença ar terial coronária: Tabela 01: Retirado do livro “Clínica Médica – Medicina USP/ HC-FMUSP. Editora Manole. Volume 2, 2016” no dia 20/09/2019, às 16:00 horas. Obs2.: lembrar que o diagnóstico e possíveis diagnósticos diferenciais são feitos com a ajuda dos exames complementares. Doença do Refl uxo Gastroesofágico - Lembrando que a intensidade e a frequência dos sinto- mas são fracos preditores de gravidade, porém, a duração está associada a aumento do risco de complicações. - Manifestações: - Pirose - Dor retroesternal - Sintomas que sugerem a origem esofágica: dor durante o sono, ter duração de horas ou dias, se precipitada por refeições copiosas e por líquidos muito quentes ou frios; porém, pacientes cardiopatas podem apresentar sintomas esofágicos concomitantes (lembrar que o uso de nitratos e bloqueadores de canais cálcio pode favorecer o refl uxo esofágico. 232323232323232323 PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DA MEDICINA - Atenção: Pode simular dor anginosa típica, podendo se irradiar-se para pescoço, mandíbula e membro superior esquerdo, além de poder ocorrer durante esforço físico e ser precipitada por tensão emocional. Porém, são casos raros, sendo diagnóstico diferencial após descartar doença arterial coronariana. Tratamento Doença Arterial Coronariana Baseia-se em cinco aspectos fundamentais: - Tratamento de doenças associadas que possam pre- cipitar ou piorar a angina; - Controle dos fatores de risco; - Mudança no estilo de vida; - Terapia medicamentosa; - Revascularização miocárdica, quando indicada. Assim, podemos traçar como objetivos fundamentais para o tratamento da DAC: (1) prevenção do infarto do miocárdio e redução da mortalidade; (2) redução dos sin- tomas e da ocorrência da isquemia miocárdica, propiciando melhor qualidade de vida. Pensando na terapêutica medicamentosa, temos que os antiagregantes plaquetários, os hipolipemiantes, em especial as estatinas, os bloqueadores beta-adrenérgicos após infarto agudo do miocárdio e Inibidores da Enzima Conversora de Angiotensina I (IECA) reduzem a incidência de infarto e aumentam a sobrevida, enquanto os nitratos, antagonistas dos canais de cálcio e trimetazidina reduzem os sintomas e os episódios de isquemia miocárdica, melho- rando a qualidade de vida dos pacientes. Dessa forma, é prioritário e fundamental iniciar o tratamento com medi- camentos que reduzem a morbimortalidade e associar, quando necessário, aos medicamentos que controlem a angina. 242424242424242424 PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DA MEDICINA Doença do Refl uxo Gastroesofágico O tratamento da DRGE tem como objetivos principais o alívio dos sintomas, a cicatrização das lesões e a prevenção de recidivas e complicações. É fundamental que o paciente seja esclarecido da natureza crônica de sua enfermidade e sobre a necessidade de modifi cações em seu estilo de vida para o sucesso do tratamento. Tratamento clínico Medidas comportamentais e dietéticas: elevar a cabe- ceira da cama (aproximadamente 15 cm), evitar líquidos durante a refeição, refeições volumosas e ricas em gordu- ras; aguardar 1 ou 2 horas após refeições antes de se deitar e cessar o consumo de tabaco; redução do peso corpóreo. Tratamento medicamentoso Inibidores da bomba de prótons (IBP): drogas de primeira escolha. O tratamento inicial (Omeprazol, 40mg) deve ser feito em dose plena, por um período de 4 a 8 semanas. Quando não se observa resposta satisfatória, deve ser con- siderado o uso de dose dobrada da medicação. No caso de recidivas frequentes, recomenda-se a terapia de manuten- ção com dose mínima de IBP. Bloqueadores dos receptores H2 da histamina (ARH2): os mais utilizados são ranitidina, famotidina e cimatidina. A limitação desses medicamentos deve-se à baixa efi cácia e ao mecanismo de tolerância, restringindo sua utilização como terapia de manutenção. Procinéticos: eleva a amplitude das contrações peristálti- cas do corpo esofágico, acelera o esvaziamento gástrico e eleva a pressão no esfíncter inferior do esôfago. Ex.: meto- clopramida é o agente procinético mais antigo; domperi- dona tem menores efeitos colaterais. 252525252525252525 PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DA MEDICINA Antiácidos, alginatos e sucralfato: usado para alívio sin- tomático passageiro. Esquema 1. Retirado do livro “Dani, Renato Gastroenterologia essencial I Renato Dani, Maria do Carmo Friche Passos.- 4. ed.- Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011” no dia 20/09/2019, às 21:30. Produzido por: Liga: Liga Acadêmica de Gastroenterologia e Hepatologia Autores: Pedro Paulo Costa e Silva, Ana Carolina Souza Santana e Ana Carolina Dias Rasador Revisor: Larrie Rabelo Laporte Orientador: Nádia Regina Caldas Ribeiro Referências 1. Clínica Médica – Medicina USP/ HC-FMUSP. Editora Manole. Volume 4, 2016. 2. Clínica Médica – Medicina USP/ HC-FMUSP. Editora Manole. Volume 2, 2016. 3. KASPER, Dennis L. et al. Medicina interna de Harrison. 19. ed. Porto Alegre: AMGH, 2017. 4. Dani, Renato Gastroenterologia essencial I Renato Dani, Maria do Carmo Friche Passos.- 4. ed.- Rio deJaneiro: Guanabara Koogan, 201 262626262626262626 PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DA MEDICINA Módulo de Gastroenterologia A dor abdominal é um tema extremamente relevante na prática clínica. Você sabe como prosseguir com sua inves- tigação? Veja agora algumas diferenças entre os principais diagnósticos diferenciais e saiba como defi nir melhor a sua conduta. Apendicite Aguda x Doença Infl amatória Pélvica (DIP) O que é apendicite aguda? A apendicite aguda consiste em uma condição infl amató- ria decorrente da obstrução do lúmen apendicular, podendo ocorrer pela hiperplasia dos folículos linfoides no percurso de um processo infl amatório, pela obstrução por bolo de áscaris, por corpos estranhos ou tumores e, de forma mais frequente, por obstrução por fecalito. A obstrução, por sua vez, tende a causar um aumento da pressão no interior do apêndice, gerando distensão, que irá promover a diminuição do suprimento arterial e venoso para o órgão. Esse processo resulta, assim, em isquemia do tecido apendicular, podendo evoluir com necrose e per- furação. O que é doença infl amatória pélvica? A doença infl amatória pélvica consiste em uma síndrome clínica ocasionada por um processo infeccioso/infl amató- rio do trato genital superior, decorrente da ascensão de microrganismos advindos da vagina e endocérvice. Esses microrganismos em ascensão podem acometer útero, trom- pas, ovários e peritônio. Em seu espectro clínico, então, 272727272727272727 PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DA MEDICINA podemos incluir endometrite, salpingite, abcesso tubo-o- variano, pelviperitonite e salpingo-oforite. Diferenciando os sintomas: Apendicite Aguda • Dor abdominal: inicialmente epigástrica ou periumbi- lical, decorrente do estímulo de fi bras nervosas aferentes pela distensão do órgão. Posteriormente, a dor torna-se mais bem localizada em fossa ilíaca direita; • Anorexia; • Náuseas; • Vômitos; • Constipação e parada de eliminação de fl atos; • Febre baixa; • Nos casos em que a ponta do apêndice está situada em locais atípicos, o paciente pode apresentar: manifes- tações urinárias, quando próximo da bexiga ou do ureter e toque retal e exame ginecológico dolorosos, quando situ- ado em região pélvica; • Ao exame físico, podemos notar, ainda: o Dor a descompressão brusca do ponto de McBurney (Sinal de Blum- berg); o Dor em fossa ilíaca direita à compressão da fossa ilíaca esquerda (Sinal de Rovsing); o Dor à hiperextensão da coxa direita (Sinal do psoas); o Dor a rotação interna da coxa (Sinal do obturador). Doença Infl amatória Pélvica • Dor abdominal infraumbilical; • Dor em região anexial unilateral ou bilateral; • Dor à mobilização do colo uterino; • Febre; 282828282828282828 PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DA MEDICINA • Dispareunia; • Disúria; • Descarga vaginal anormal; • Dor lombar; • Náuseas e vômitos. Tratamento Apendicite Aguda Por se tratar de um processo infl amatório progressivo e de inevitável complicação, o tratamento de escolha é sem- pre cirúrgico, através da apendicectomia. Ela pode ser rea- lizada tanto por laparotomia quando por laparoscopia e a escolha entre as técnicas depende da idade do paciente, da existência de comorbidades associadas, da gravidade do quadro e da habilidade do cirurgião. Doença Infl amatória Pélvica O tratamento da doença infl amatória pélvica pode ser feito de forma ambulatorial ou hospitalar. O tratamento ambulatorial deve ser feito em mulheres que apresentam quadro clínico leve, exame abdominal e ginecológico sem sinais de pelviperitonite. Já o tratamento hospitalar está indicado para os casos graves, com suspeita de abscesso anexial, estado geral grave, gestação, ausência de melhora após 72 horas de antibioticoterapia oral e intolerância de medicação VO em casa. O tratamento ambulatorial pode ser feito a partir de 3 esquemas: Esquema 1 • Ceftriaxone 250 mg, IM, em dose única + Doxiciclina 100 mg, por via oral, de 12/12 horas, por 14 dias; • Metronidazol 500 mg, por via oral, de 12/12 horas por 14 dias (opcio- nal). Esquema 2 • Cefoxitina 2 g, IM, dose única + Probenecide 1g, via oral, dose única 292929292929292929 PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DA MEDICINA + Doxiciclina 100 mg, por via oral, de 12/12 horas, durante 14 dias; • Metronidazol 500 mg, por via oral, de 12/12 horas, durante 14 dias (opcional). Esquema 3 • Outra cefalosporina de terceira geração + Doxiciclina 100 mg, por via oral, de 12/12 horas, durante 14 dias; • Metronidazol 500 mg, por via oral, de 12/12 horas, durante 14 dias (opcional). O tratamento hospitalar, por sua vez, pode ser feito da seguinte maneira: Esquema 1 • Cefotetan 2 g, IV, de 12/12 horas ou Cefoxitina 2 g, IV, de 6/6 horas + Doxiciclina 100 mg, por via oral ou IV, de 12/12 horas. Esquema 2 • Clindamicina 900 mg, IV, de 8/8 horas + Gentamicina IV ou IM, 2 mg/ kg (dose de ataque), seguida por uma dose de manutenção (1,5 mg/kg), de 8/8 horas. Produzido por: Liga: LAGH – Liga Acadêmica de Gastroenterologia e Hepatologia Autores: Carolina Souza Santana, Larrie Rabelo Laporte e Pedro Paulo Costa e Silva Revisor: Ana Carolina Dias Rasador Orientador: Nádia Regina Caldas Ribeiro Referências 1. Clínica Médica – Medicina USP/ HC-FMUSP. Editora Manole. Volume 4, 2016. 2. MATOS, M. et al. Manual de ginecologia. 1 ed. Salvador. Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, 2017. 303030303030303030 PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DA MEDICINA Doença de Crohn x Retocolite Ulcerativa O que é a doença de Crohn? A doença de Crohn é uma doença infl amatória crônica, resultante de uma ativação imune inadequada da mucosa, que provoca a formação de úlceras superfi ciais da mucosa. À medida que a doença progride, a ulceração se torna mais profunda, transmural e discreta, podendo ocorrer em qual- quer porção do trato gastrointestinal, sendo mais comum em íleo distal e cólon proximal. A doença de Crohn pode ser complicada pela obstrução intestinal ou pela perfuração localizada com a formação de fístulas. O processo patoló- gico da doença é descontínuo e segmentar, valendo res- saltar que em pacientes com comprometimento do cólon, o fato de o reto ser poupado é característico dessa doença e ajuda a distingui-la da retocolite ulcerativa. O que é a retocolite ulcerativa? A retocolite ulcerativa, assim como a doença de Crohn, é um componente da Doença Infl amatória Intestinal, na qual os processos patológicos principais se restringem ao cólon e reto e estendendo-se apenas para a mucosa e submu- cosa, sem comprometimento da camada muscular. Vale ressaltar que, apesar do nome, nem sempre ocorre for- mação de úlceras na camada mucosa. Na forma leve da doença, a mucosa é granular, hiperêmica e edematosa em sua aparência. Com a progressão dela, a mucosa se ulcera e as úlceras podem se estender até a lâmina própria. Por fi m, com a forma crônica da doença, a mucosa do cólon pode perder o padrão normal de dobras, o cólon pode encurtar e parecer mais estreito. Ao contrário da doença de Crohn, a retocolite ulcerativa ainda é caracterizada por ser um pro- cesso patológico contínuo, com infl amação ininterrupta da mucosa colônica, começando no reto distal e estendendo- -se para uma região proximal de distância variável. 313131313131313131 PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DA MEDICINA Diferenciando os sintomas: Tanto na doença de Crohn, quanto na retocolite ulcera- tiva, os sinais e sintomas do paciente dependem da exten- são e gravidade da doença. Doença de Crohn Muitas vezes o início da doença é insidioso, com um curso longo e protraído. Ela é caracterizada por apresentar, inicial- mente, períodos sintomáticos de dor abdominal e diarreia, intercalados com períodos assintomáticos. Com o passar do tempo, os períodos sintomáticos tornam-se mais fre- quentes, mais graves e de duração mais longa. Dentre os sinais e sintomas mais comuns, temos: • Dor abdominal intermitente e em cólica, mais comum no quadranteinferior direito; • Diarreia, com menos evacuações quando comparado com a retocolite ulcerativa; • Febre de baixo grau; • Perda de peso; • Perda de força; • Mal-estar. Como manifestações extraintestinais, ainda podemos ter: • Uveíte; • Poliartrite migratória; • Sacroileíte; • Eritema nodoso; • Baqueteamento digital. Retocolite Ulcerativa Os sintomas da retocolite ulcerativa, incluem: • Diarreia com presença de muco; • Dor abdominal inferior; • Hematoquezia; 323232323232323232 PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DA MEDICINA • Tenesmo; • Urgência para defecar; • Perda de peso e febre, em comprometimento colônico mais grave; • Náuseas e vômitos; Dentre as manifestações extraintestinais, podemos ter: • Artrite; • Espondilite anquilosante; • Eritema nodoso; • Pioderma gangrenoso; • Colangite esclerosante primária. Tratamentos Doença de Crohn O tratamento clínico e cirúrgico para a doença de Crohn são principalmente paliativas e direcionadas para o alívio das exacerbações agudas ou das complicações da doença. Na terapêutica clínica, algumas drogas podem ser utiliza- das para reduzir a infl amação e, consequentemente, induzir e manter a remissão clínica, tais como: os aminossalicilatos, corticosteroides, agentes imunossupressores, antibióticos, etc. Já sobre a intervenção cirúrgica, sabe-se que ela deve ser especifi camente direcionada para a complicação e que apenas o segmento comprometido, do intestino, deve ser ressecado. Desse modo, mesmo se áreas adjacentes do intestino estiverem lesadas, elas devem ser ignoradas. Retocolite Ulcerativa Para a terapia clínica, há diversos medicamentos disponí- veis para o tratamento da retocolite ulcerativa. Temos que eles podem ser agrupados em três categorias amplas: dos aminosalicilatos, corticosteroides e drogas imunomodula- doras. 333333333333333333 PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DA MEDICINA No caso da terapêutica cirúrgica, as operações de res- secção de uma determinada porção do cólon e/ou reto são específi cas para as indicações de tratamento cirúrgico da retocolite ulcerativa, como nos casos da colite fulminante com megacólon tóxico, sangramento maciço, doença intra- tável e displasia ou carcinoma. Dentre as opções estão incluídas: a proctocolectomia total com ileostomia, proc- tocolectomia restauradora com IPAA e proctocolectomia total com reservatório ileal continente. Produzido por: Liga: Liga Acadêmica de Cirurgia Autores: Giovanni Silva Rocha e Júlia Magalhães Guitzel Revisor: Gabriela Chaves Celino Orientador: Dr. Jorge Bastos Referências 1. SABISTON. Tratado de cirurgia: A base biológica da prática cirúrgica moderna. 19.ed. Saunders. Elsevier. 2. GOLDMAN, Lee; AUSIELLO, Dennis. Cecil Medicina Interna. 24. ed. Saunders. Elsevier, 2012. 3. KUMAR, Vinay; ABBAS, Abul K.; ASTER, Jon C. Robbins patologia básica. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. 343434343434343434 PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DA MEDICINA Síndrome do Intestino Irritável x Intolerância à Lactose O que é Síndrome do Intestino Irritável? A síndrome do intestino irritável (SII) é uma condição crô- nica que afeta cerca de 40% da população mundial e é descrita como uma síndrome de causa funcional, haja vista que não existem fatores orgânicos que justifi quem a sinto- matologia da SII. Desta forma, exames laboratoriais ou de imagem não demonstram alteração. Embora não se tenha esclarecimento total da fi siopatologia da doença, admite- -se que ela está diretamente associada a fatores neuroló- gicos, que, ligados a uma hipersensibilidade dos intestinos, acarreta em seus sintomas, como a alternância entre perío- dos de diarreia e constipação, por exemplo. Geralmente os sinais e sintomas aparecem no início da vida adulta e são mais comuns em mulheres ou em pessoas que já possuem caso familiar de SII. O que é Intolerância à Lactose? A intolerância à lactose é uma condição que afeta indiví- duos com reduzida ou nenhuma produção da enzima lac- tase, que por sua vez é responsável por tornar a lactose (um tipo de açúcar presente no leite e também em seus derivados) um açúcar menor e de mais fácil absorção pelo organismo. Assim, com tal defi ciência, a lactose chega ao intestino grosso sem ser devidamente digerida e as bac- térias presentes acabam por transformá-la em ácido lático e gases. Deste modo, logo após a ingestão de leite, quei- jos, iogurtes ou outros alimentos que contenham a lactose, a pessoa começa a apresentar os sintomas provenientes desta fermentação bacteriana. Existem diferentes formas de intolerância à lactose que devem ser diagnosticadas através de uma boa história com o paciente, além de exa- mes complementares, como o teste de tolerância à lactose. 353535353535353535 PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DA MEDICINA Diferenciando os sintomas: Síndrome do Intestino Irritável Os sintomas da Síndrome do Intestino Irritável podem variar de pessoa para pessoa e são infl uenciados por vários aspectos, como estado emocional e substâncias ingeridas, por exemplo. Os mais frequentes são: • Dor abdominal; • Acúmulo de gases; • Distensão abdominal; • Constipação e/ou diarreia (podendo alternar entre si); • Sensação de saciedade precoce. Intolerância à Lactose Os sintomas da intolerância à lactose costumam aparecer após a ingestão de alimentos que contenham essa enzima, como o leite e seus derivados. Os mais frequentes são: • Dor abdominal; • Gases; • Desconforto abdominal; • Diarreia; • Mal estar; • Cólicas; • Náusea e vômito. Tratamentos Síndrome do Intestino Irritável O tratamento da síndrome do intestino irritável vai desde o tratamento psicológico, passando pela mudança de hábi- tos alimentares e chegando ao tratamento farmacológico. Primeiro, é importante estabelecer uma boa relação médico paciente a fi m de que a pessoa confi e no profi ssional que está tratando a doença, pois isso ajudará na boa adesão e evolução do tratamento. Além disso, é necessário que o 363636363636363636 PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DA MEDICINA paciente entenda que sua condição pode ser, muitas vezes, desencadeada por fatores emocionais. Assim ele reconhe- cerá a importância do tratamento psicológico para uma melhor qualidade de vida. Ademais, a pessoa deve estabe- lecer mudanças nos seus hábitos de vida, buscando pra- ticar exercícios físicos e se alimentar da melhor maneira possível, incluindo, por exemplo, fi bras na sua dieta, como as frutas e vegetais. Também é de extrema importância que ele evite alimentos que possam irritar seu intestino, como condimentos e comidas picantes. O tratamento farmacoló- gico visa aliviar os sintomas, e o profi ssional da saúde pode lançar mão de anticonstipantes, antidiarreicos e antiespas- módicos. Os probióticos podem ser efi cazes na diminuição da produção de gases. Fármacos com os antagonistas do receptor 5-HT de serotonina ajudam no alívio da hiper- sensibilidade do intestino, e os antidepressivos tricíclicos podem ser benéfi cos na modulação da dor. O tratamento será feito avaliando o paciente em sua individualidade e analisando seus sintomas predominantes. Intolerância à lactose O tratamento da intolerância à lactose varia de acordo com o grau de intolerância do paciente, de forma que pes- soas com graus mais leves não apresentam uma necessi- dade tão grande de abolir completamente a ingestão de alimentos que contenham o açúcar. Ademais, para pacien- tes com graus maiores, pode-se fazer necessário o corte destes alimentos da dieta, bem como o uso da enzima lac- tase, comercializada em comprimidos, assim que ingerir o leite ou alimentos que contenham seus derivados. É impor- tante que o paciente adquira os hábitos de conferir os rótu- los dos alimentos pois muitas vezes eles podem conter lactose e precipitar uma crise dos sintomas. Também se faz muito necessário que, em caso de opção pelo não uso de leites e seus derivados, a pessoa busque outras formas de ingerir cálcio, através do consumode vegetais verdes escuro, como brócolis e couve, por exemplo. 373737373737373737 PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DA MEDICINA Produzido por: Liga: NUDEMES – Núcleo de Desenvolvimento Médico Autores: Ana Caroline de Moraes Mittri Revisor: Silvia Flávia Alves de Freitas Orientador: Geison Vasconcelos Lira Referências 1. ALBERT EINSTEIN. Intolerância à lactose. Disponível em: https:// www.einstein.br/noticias/noticia/intolerancia-a-lactose-cuidados-com-a- -alimentacao Acesso em 05 de outubro de 2019. 2. DRAUZIO VARELLA. Intolerância à lactose. Disponível em: https:// drauziovarella.uol.com.br/doencas-e-sintomas/intolerancia-a-lactose/ Acesso em 05 de outubro de 2019. 3. DRAUZIO VARELLA. Síndrome do Intestino Irritável. Disponível em: https://drauziovarella.uol.com.br/entrevistas-2/sindrome-do-intestino-ir- ritavel-entrevista/ Acesso em 05 de outubro de 2019. 4. HOSPITAL INFANTIL SABARÁ. Sintomas da síndrome do intestino irritável. Disponível em: https://www.hospitalinfantilsabara.org.br/sinto- mas-doencas-tratamentos/sindrome-do-intestino-irritavel/ Acesso em 05 de outubro de 2019. 5. SAÚDE. O que é intolerância à lactose? Disponível em: https://saude. abril.com.br/alimentacao/o-que-e-intolerancia-a-lactose-sintomas-diag- nostico-e-tratamento/Acesso em 05 de outubro de 2019. 6. SOCIEDADE BRASILEIRA DE MOTILIDADE DIGESTIVA E NEURO- GASTROENTEREOLOGIA. Síndrome do Intestino Irritável (SII). Disponível em: http://www.sbmdn.org.br/sindrome-do-intestino-irritavel-sii/ Acesso em 05 de outubro de 2019. 7. SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Intolerância à lactose. Disponível em: https://www.sbp.com.br/especiais/pediatria-para-familias/ noticias/nid/intolerancia-a-lactose/ Acesso em 05 de outubro de 2019. 383838383838383838 PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DA MEDICINA Módulo de Pneumologia Tosse no departamento de emergência: você sabe como prosseguir com sua investigação? Veja agora algumas dife- renças entre os principais diagnósticos diferenciais e saiba como defi nir melhor a sua conduta. Tuberculose x Aspergilose O que é Tuberculose? Micobactérias são pequenos bacilos aeróbios de cresci- mento lento. Elas se distinguem por uma complexa célula envelopada rica em lipídio, responsável por sua caracte- rística “álcool-ácido resistente” (i. e., resistente à pigmen- tação por ácido após ser corada com carbofucsina) e sua resistência relativa à coloração de Gram. A infecção por micobactéria mais comum é a tuberculose; outras são a hanseníase e várias infecções micobacterianas que lem- bram tuberculose, como aquelas causadas pelo complexo Mycobacterium avium. O que é Aspergilose? Aspergilose é uma infecção oportunista causada por esporos inalados do fungo Aspergillus, comumente pre- sente no ambiente; os esporos germinam e se transformam em hifas. que entram nos vasos sanguíneos e, com doença invasiva, causam necrose hemorrágica e infarto. 393939393939393939 PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DA MEDICINA Diferenciando os sintomas: Os sintomas das duas doenças se confundem: tosse per- sistente, com catarro ou não, com sangue ou não; história previa de doença pulmonar; falta de ar; baixa imunidade; e, no caso da arpergilose pulmonar, observa-se no exame de raio-x do paciente lesões com características específi cas de bola fúngica, além de haver um número considerável de co-morbidade diabetes e aspergilose pulmonar. Tuberculose Pode ser assintomática, exceto “não se sentir bem” junto com anorexia, fadiga e perda de peso, que se desenvolvem gradualmente ao longo de várias semanas, tosse é muito comum, hemoptise, febre baixa, suores noturnos e disp- neia. Aspergilose Costuma causar tosse, frequentemente com hemoptise, dor torácica pleurítica e respiração ofegante. Se não tratada, a aspergilose pulmonar invasiva pode levar à insufi ciência respiratória rapidamente progressiva e, essencialmente, fatal. Tratamento Tuberculose Na maior parte dos casos são utilizados dois medica- mentos: duas cápsulas vermelhas que contém os remédios rifampicina e isoniazida e quatro comprimidos brancos que contém o medicamento pirazinamida. O tempo necessário para o tratamento da tuberculose é, em geral, seis meses. 404040404040404040 PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DA MEDICINA Aspergilose A Aspergilose invasiva é tratada com medicamentos antifúngicos como voriconazol, isavuconazol ou, às vezes, posaconazol ou itraconazol. Contudo, certas formas do Aspergillus não respondem a esses medicamentos e pode ser necessário o tratamento com anfotericina B ou com uma combinação de medicamentos. Produzido por: Liga: Liga Acadêmica de Imunologia e Infectologia Autores: Grazziela Lourenço Revisor: Lara Lourenço Orientador: Dr Jean Goryntchen Referências 1. https://www.msdmanuals.com/ptbr/profi ssional/doen%C3%A7as- -infecciosas/micobact%C3%A9rias/tuberculose-tb#v1010798_pt 2. https://www.msdmanuals.com/ptbr/profi ssional/doen%C3%A7as- -infecciosas/fungos/aspergilose?query=aspergilose 414141414141414141 PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DA MEDICINA Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica x Asma O que é Asma? É uma desordem infl amatória crônica das vias aéreas que causa episódios de chiado, dispneia, aperto torácico e tosse, com piora a noite. Caracteriza-se por obstrução intermitente e reversível das vias respiratórias, infl amação crônica dos brônquios com eosinófi los e aumento da secre- ção mucosa, com evolução acentuadamente variável tanto espontaneamente quanto em resposta ao tratamento. Em casos de asma crônica o componente de obstrução respiratória é irreversível. Paciente asmático apresenta um tipo especial de infl ama- ções das vias respiratórias que os tornam mais sensíveis que os indivíduos normais a ampla variedade de estímulos desencadeantes. O que é DPOC? A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é uma condição caracterizada pela limitação progressiva ao fl uxo aéreo, irreversível em sua maioria e associada a respostas infl amatórias anormais dos pulmões à inalação de partícu- las nocivas, principalmente tabaco. A defi ciência de alfa-1 antitripsina e exposições ocupacionais são causas menos comuns em pacientes não tabagistas. Ao longo do tempo ocorre declínio da função pulmonar, mesmo após retirada dos estímulos nocivos e utilização do melhor tratamento. Costuma aparecer a partir da meia-idade ou em idosos com histórico de tabagismo, podendo ou não ser atribu- ída a outras doenças específi cas como bronquiectasia ou asma. Os pacientes com DPOC costumam apresentar em conjunto a bronquite crônica e enfi sema. 424242424242424242 PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DA MEDICINA A DPOC não acomete somente o trato respiratório, exis- tem efeitos sistémicos devido a doença como a perda de massa corporal. É importante lembrar que pacientes com DPOC têm maior prevalência de IAM, angina, osteoporose, DM, infecções do trato respiratório, glaucoma, neoplasia pulmonar e distúrbios do sono. Representa um problema crescente de saúde pública mundial, sendo a quarta maior causa de morte do mundo, e a sexta causa do Brasil. Diferenciando os sintomas: Asma Sintomas dos pacientes asmáticos variam de acordo com a gravidade da doença. São eles: • Sibilos; • Dispneia; • Tosse com intensidade variável; • Difi culdade de encher os pulmões de ar; • Produção exacerbada de muco espesso e difícil expectoração; • Hiperventilação e utilização de musculatura acessória; • Hipercapnia, acidose e hipóxia, que quando associados são fatais; • Estreitamento excessivo das vias respiratórias; • Redução do fl uxo de ar. DPOC As manifestações clínicas da DPOC geralmente aconte- cem quando a função pulmonar já está muito comprome- tida, com o VEF1 (Volume Expiratório Forçado no primeiro segundo) abaixo de 50%. • Tosse crônica com expectoração • Dispneia progressiva persistente Devemos nos atentar para a dispneia e a tolerância das atividades. 434343434343434343 PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DAMEDICINA O exame físico costuma ser normal em estágios iniciais. Os achados clínicos mais característicos na DPOC são: • Tórax em barril; • Fase expiratória prolongada; • Uso da musculatura acessória; • Sons pulmonares diminuídos; • Roncos, estertores e sibilos (sibilos costumam aparecer durante a exacerbação da doença, mas não servem como diferencial para asma); • Cianose; • Caquexia e perda de apetite. Apesar das manifestações clínicas evidentes, a espiro- metria é necessária para se estabelecer o diagnóstico. Tratamento Asma Em pacientes asmáticos o uso de broncodilatadores é imprescindível, pois proporciona o alívio rápido dos sinto- mas e o relaxamento da musculatura lisa das vias respira- tórias. Outro fármaco bastante usado, principalmente em associação com os broncodilatadores para essa patologia, são os controladores, como corticoides inaladores que ini- bem os processos infl amatórios subjacentes. DPOC Terapia Não-Farmacológica: • Cessação do tabagismo ou outro estímulo nocivo. • Vacinação: infl uenza, pneumocócica 23-valente (polissacarídica) e vacina pneumocócica 13-valente (conjugada). A vacinação reduz sérias doenças e morte em pacientes com DPOC. Terapia Farmacológica: • Broncodilatador de ação prolongada (Beta-2-agonista – LABA) • Droga antimuscarínica de ação prolongada (LAMA) 444444444444444444 PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DA MEDICINA • Antiinfl amatórios, se exacerbação; • Corticoide inalatório. A terapia se adequa as demandas do paciente e ao está- gio ao qual se encontra. Produzido por: Liga: Liga Acadêmica de Medicina Generalista Autores: Lizandra Albuquerque e Maria Luiza Cafezeiro Revisor: Lorena Fagundes Orientador: Mayara Leisly Referências 1. KUMAR, V.; ABBAS A. K; ASTER, J. C. Robbins: Patológica Básica. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. P. 468-470 2. LONGO, D.L. et al. Manual De Medicina De Harrison. 18.ed. Porto Alegre: AMGH,2013. P.907-911 3. GOLDMAN, Lee; SCHAFER, Andrew I. Cecil Medicina. 24 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014. 4. MARTINS, Milton de Arruda; et al. Clínica Médica. 1 ed. v.2. São Paulo: Manole, 2009. 5. GLOBAL INICIATIVE FOR CHRONIC OBSTRUCTIVE LUNG DISEASE (GOLD). Global Strategy For The Diagnosis, Management, And Prevention: A Guide For Health Care Professionals. 2019 ed. 454545454545454545 PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DA MEDICINA Módulo de Reumatologia A dor torácica é um tema extremamente relevante na prática clínica. Você sabe como prosseguir com sua inves- tigação? Veja agora algumas diferenças entre os principais diagnósticos diferentes e saiba como defi nir melhor a sua conduta. Artrite Reumatoide x Osteoartrite O que é Artrite Reumatoide? A Artrite Reumatoide (AR) é uma condição de infl ama- ção crônica que afeta cerca de 1% da população, tornan- do-a uma das artrites infl amatórias mais comuns na prática médica. Ela é uma doença consequente de uma infl ama- ção crônica com manifestações clínicas insidiosas e que envolvem as articulações, as quais frequentemente resul- tam em deformidades por destruição cartilaginosa e por erosão óssea. O curso dessa doença é intermitente, porém sempre se apresenta com lesão tecidual. A patologia afeta a membrana sinovial (causando a sinovite) e a cartilagem que reveste as articulações sinoviais ou diartrodiais (ossos longos e de grande mobilidade). O que é Osteoartrite? A Osteoartrite é uma doença degenerativa que acomete as articulações sinoviais (geralmente, no joelho) e o osso subcondral, caracterizada clinicamente por dor em aperto desencadeada pelo próprio peso ou movimento do paciente, 464646464646464646 PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DA MEDICINA bem como costuma ser noturna. Há uma rigidez articular desencadeada pelo repouso e que dura menos do que 30 minutos. Também, há uma limitação funcional que causa ao paciente medo de deambular. É a reumatopatia mais fre- quente e ela pode ser primária (idiopática) ou secundária. A fi siopatologia explica que há um desequilíbrio: a matriz cartilaginosa (composta por: colágeno II, ácido hialurônico, proteoglicanos e metaloproteinases) é muito mais degra- dada do que produzida, pois os condrócitos tentam com- pensar o dano, mas são insufi cientes. Diferenciando os sintomas: Artrite Reumatoide Clínica: • Sendo a idade média geralmente entre 50 e 55 anos; • História de dor bilateral e simétrica; • Poliarticular; • Inchaço das articulações pequenas das mãos e pés por >6 semanas; • Rigidez matinal que dura >1 hora; • Nódulos reumatoides sobre as superfícies extensoras dos tendões ou envolvimento da pele vasculítica, podem ser observadas, mas são menos comuns; • Deformidade de pescoço de cisne é observada em AR avançada (raro ultimamente devido ao tratamento); • Locais mais comuns: MCF, IFP, MTF, punhos, cotovelos, ombros e joelhos; • Achados sistêmicos: febre baixa, anorexia, emagrecimento, fadiga, adenomegalia. Exames Laboratoriais: • FATOR REUMATOIDE (FR) é positivo em cerca de 60% a 70% (mais altos os valores, pior o prognóstico). Estando negativo, não exclui diag- nóstico. Pode estar positivo em outras condições, como sífi lis e gravidez; • ANTI-CCP: são encontrados em cerca de 70% dos pacientes com AR. Podem ser positivos quando a FR for negativa e parecem ter um papel patogênico da AR; • Positividade para anti-CCP é um marcador prognóstico. 474747474747474747 PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DA MEDICINA • Velocidade de Hemossedimentação (VHS) ou os níveis de proteína- -C-reativa (PCR) também são geralmente obtidos, pois refl etem o nível de infl amação. Osteoartrite A Osteoartrite (OA) é o resultado de eventos mecânicos e biológicos que desestabilizam o processo normal de degra- dação e síntese dos condrócitos da cartilagem articular, da matriz extracelular e do osso subcondral. A afecção induz à perda de cartilagem, esclerose e endurecimento do osso subcondral, osteófi tos e cistos subcondrais. Clínica: • >50 anos e em mulheres; • Início gradativo; • Dores articulares geralmente pioram com atividades físicas e levan- tamento de peso; • Dor na articulação não aparece em período de repouso ou à noite; (dor à noite pode ser um alerta para uma etiologia diferente ou gravidade); • Rigidez matinal por <30 minutos; • Normalmente, não se apresenta de forma simétrica; • Inchaço na articulação ou difi culdades funcionais; • Pode ser mono ou poliarticular; • Locais mais comuns são: 1o CMP, IFP e IFD, coluna vertebral, joelho e coxofemorais; • Deformidades ósseas; • Sem achados sistêmicos; • Amplitude de movimentos limitada (amplitude de movimento arti- cular ativa • como a passiva). Exames: • Marcadores infl amatórios: PCR e VHS; • FATOR REUMATOIDE (FR): negativo; • ANTI-CCP: negativo; • RAIO X: neoformação óssea (osteófi tos), estreitamento do espaço articular, esclerose subcondral e cistos; 484848484848484848 PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DA MEDICINA Tratamento Artrite Reumatoide O objetivo principal do tratamento da artrite reumatoide é a remissão da doença ou a menor atividade infl amatória possível. Para esse fi m, existem diversos medicamentos que possam ser utilizados, sendo o perfi l clínico do paciente decisivo para a escolha do esquema terapêutico. Dentre esses medicamentos, os antiinfl amatórios não esteroidais, glicocorticoides e as drogas antirreumáticas modifi cadoras de doença convencionais (como metotrexate, lefl unomida, cloroquina, hidroxicloroquina e sulfassalazina) e biológi- cas (como infl iximab, anakinra, tocilizumab, abatacept e rituximab) são os mais utilizados atualmente. Apesar de o tratamento farmacológico ter um papel importante, os médicos devem recomendar medidas gerais, como fi sio- terapia, repouso articular, psicoterapia e vacinação. Caso os medicamentos não sejam efetivos ou o quadro clínico esteja avançado, a terapia cirúrgica pode trazer alguns benefícios. Osteoartrite O esquema terapêutico da Osteoartrite (OA) é principal- mente sintomático(amenizar a dor), porém ela tem outros objetivos, como: melhorar a função articular do paciente, regenerar as lesões dos tecidos e o retardo da evolução da doença. Sendo assim, o tratamento para OA pode ser dividido em farmacológico, não farmacológico e cirúrgico, sendo o perfi l clínico do paciente (gravidade do caso) defi ni- dor da proposta terapêutica que o médico vai escolher. Em relação ao tratamento não farmacológico, existem diversas opções, como: redução de peso, uso de bengalas, anda- dores, calçados apropriados e joelheiras, exercício físico, terapia ocupacional e entre outros métodos. No tocante ao tratamento medicamentoso, podem-se utilizar medicamentos clássicos, como analgésicos (para- cetamol), anti-infl amatórios não esteroidais (AINEs) e cor- 494949494949494949 PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DA MEDICINA ticoides intra-articulares, mas também novos e em estudo, como derivados do ácido hialurônico, sulfato de condroi- tina, colchicina, hidroxicloroquina e diacreína. Caso o tra- tamento farmacológico e o não farmacológico não forem efetivos, uma opção é o tratamento cirúrgico, podendo lançar mão de métodos, como: lavagem articular, debri- damento artroscópico, remoção de osteófi tos, próteses, artrodese e fenestração de osso subcondral. Produzido por: Liga: Liga Acadêmica de Medicina Generalista Autores: Besaliel Junior e Marina Prietto Revisor: Lorena Fagundes Orientador: Mayara Leisly Referências 1. ALVES NETO, O.; et al. Dor: Princípios E Práticas. Porto Alegre : Art- med, 2009. 2. MARTINS, M. A.; et al. Clínica Médica. FMUPS. 2a ed, v. 5. 3. www.bestpractice.bmj.com 505050505050505050 PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DA MEDICINA Módulo de Endocrinologia Os distúrbios metabólicos envolvem um tema extrema- mente relevante na prática clínica. Você sabe como prosse- guir com sua investigação? Veja agora algumas diferenças entre os principais diagnósticos diferenciais e saiba como defi nir melhor a sua conduta. Tireotoxicose x Hipotireoidismo O que é Tireotoxicose? A tireotoxicose é a sí ndrome clí nica decorrente do excesso de hormô nios tireoidianos circulantes, secundá rio ao hiper- tireoidismo ou nã o. Ela pode ocorrer por diversas causas, inclusive não associada à hiperfunção tireoidiana. Tireo- toxicose acontece pela ingestão excessiva de hormônios tireoidianos, seja iatrogênica ou na tentativa de perda de peso, caracterizando a tireotoxicose factícia; produção excessiva de hormônios tireoidianos por tecido tireoidiano ectópico, a exemplo de metástase funcionante de carci- noma folicular; infl amação subaguda da tireóide, em que ocorre destruição da glândula com liberação de hormônios pré-formados; bem como pode ser secundária a drogas como o iodo e a amiodarona. O que é Hipertireoidismo? Diferentemente da tireotoxicose, o hipertireoidismo é caracterizado pelo aumento da sí ntese e liberaç ã o dos hor- mô nios tireoidianos pela própria glâ ndula tireoide e se não 515151515151515151 PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DA MEDICINA tratado pode levar a outros problemas de saúde. A hiper- função tireoidiana manifesta-se, principalmente, como Doença de Graves (em cerca de 80% dos casos), tumor tro- foblástico (mola hidatiforme, coriocarcinoma) e adenoma hipofi sário produtor de TSH. A ocorrência de hipertireoi- dismo é 20 vezes mais frequente em mulheres do que em homens. O diagnó stico clí nico do hipertireoidismo, geralmente, nã o oferece difi culdade e a confi rmaç ã o diagnó stica deverá ser feita com as dosagens das concentraç õ es sé ricas de TSH e hormô nios tireoidianos. Diferenciando os sintomas: Tireotoxicose Sinais oculares como retraç ã o palpebral, olhar fi xo ou assustado e sinal de lid-lag sã o decorrentes da hiperati- vidade adrené rgica e podem ser observados em qualquer quadro de tireotoxicose. São também achados frequentes: • Pele quente e úmida • Taquicardia sinusal • Hipertensão arterial sistólica • Fibrilação atrial (mais em idosos) • Tremor fi no de extremidades • Fraqueza muscular proximal • Hiperrefl exia • Arritmia, ICC, angina • Bócio As manifestaç õ es cardí acas (arritmia, ICC, angina) podem predominar nos idosos com tireotoxicose. Bó cio pode ser encontrado na tireotoxicose por amiodarona, mas é inco- mum na tireotoxicose factí cia. 525252525252525252 PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DA MEDICINA Hipertireoidismo De modo geral, é observada uma correlaç ã o entre os ní - veis hormonais e a apresentaç ã o clí nica, sendo que os sinais e sintomas secundá rios ao estí mulo adrené rgico, como taquicardia e ansiedade, sã o mais evidentes em pacientes jovens e com bó cios volumosos. São manifestações clínicas comumente encontradas no hipertireoidismo os seguintes sinais e sintomas: • Nervosismo • Tremor • Bócio • Sudorese excessiva • Intolerância ao calor • Pele quente e úmida • Palpitação e taquicardia • Fadiga • Perda de peso • Dispneia • Fraqueza • Aumento do apetite • Queixas oculares • Edema de membros inferiors Tratamento Tireotoxicose Dos antitireoidianos a propiltiouracila é preferível para o tratamento da tireotoxicose porque a dosagem utilizada bloqueia, em parte, a conversão periférica de T4 em T3. O iodo é usado para tratamento de emergência. O proprano- lol é indicado para tratamento sintomático de tireotoxicose, pois reduz rapidamente a frequência cardíaca alterada. Os antiarrítmicos, como bloqueadores de canais de cálcio e adenosina, se necessário, são opção para fi brilação atrial. 535353535353535353 PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DA MEDICINA Porém, o tratamento defi nitivo da tireotoxicose consiste em abordar as causas precipitantes da síndrome, a exem- plo do tratamento da infecção subjacente. Hipertireoidismo O tratamento do hipertireoidismo visa a correção do estado de hipermetabolismo com um mínimo de efeitos colaterais e menor incidência possível de hipotireoidismo, além de melhora rápida dos sintomas adrenérgicos através do uso dos beta-bloqueadores como propanolol, atenolol e metoprolol. O hipertireoidismo deve ser tratado, princi- palmente em idosos, devido o risco de complicações car- diovasculares. Os fármacos antitireoidianos mais importantes são pro- piltiouracil (PTU) e metimazol, ambas as drogas diminuem a quantidade de hormônios produzidos pela glândula tireoide . O PTU é o fármaco de escolha durante a gestação e a amamentação. O iodo radioativo (I-131) leva à destruição permanente da tireoide e pode ser usado para preparação pré-ope- ratória de pacientes com hipertireoidismo submetidos à tireoidectomia, diminuindo a vascularização da glândula. O efeito adverso mais comum dessa opção terapêutica é o hipotireoidismo, porém é amplamente utilizado por ser mais barato e associado com menos morbidade. Além dessas opções há a remoção cirúrgica da tireoide (tireoidectomia); o médico pode recomendar a cirurgia quando os medicamentos antitireoidianos ou a terapia com iodo radioativo não são apropriados. Nesse procedimento existe o risco de desenvolver hipoparatireoidismo e lesão com paralisia laríngea. A cirurgia tem uma indicação espe- cial quando existe obstrução esofageana. 545454545454545454 PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DA MEDICINA Produzido por: Liga: LIEMS - Liga Acadêmica de Endocrinologia e Metabologia de Sobral Autor: Amanda Beatriz Sobreira de Carvalho Revisor: Lúcio Soares e Silva Neto Orientador: Prof. José Roberto Frota Gomes Capote Júnior Referências 1. https://aps.bvs.br/aps/existe-diferenca-entre-dizer-que-um-pacien- te-tem-tireotoxicose-ou-hipertireoidismo-quais-sao-as-principais-cau- sas-de-tireotoxicose/ 2. https://aps.bvs.br/aps/quais-os-objetivos-do-tratamento-para-o-hi- pertireoidismo-e-quais-as-principais-medicacoes/ 3. https://www.msdmanuals.com/pt-br/profi ssional/distúrbios-endócri- nos-e-metabólicos/distúrbios-da-tireoide/hipertireoidismo#v981761_pt 4. http://www.scielo.br/pdf/abem/v57n3/v57n3a06.pdf 555555555555555555PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DA MEDICINA Diabetes Mellitus tipo 2 x Diabetes Autoimune Latente do Adulto O que é Diabetes Mellitus tipo 2? O diabetes tipo 2 perfaz cerca de 90% dos casos de dia- betes e é uma entidade heterogênea, caracterizada por distúrbios da ação e secreção da insulina, com predomínio de um ou outro componente. A etiologia específi ca deste tipo de diabetes ainda não está claramente estabelecida e a destruição autoimune do pâncreas não está envolvida. Sua causa está diretamente relacionada ao sobrepeso, seden- tarismo, hipertrigliceridemia, hipertensão e hábitos alimen- tares inadequados. É também chamado de diabetes não insulinodependente ou diabetes do adulto e ocorre geralmente em pessoas obesas com mais de 40 anos de idade, embora na atuali- dade se vê com maior frequência em jovens, em virtude de maus hábitos alimentares, sedentarismo e estresse da vida urbana. Neste tipo de diabetes encontra-se a presença de insulina, porém sua ação é difi cultada pela obesidade, o que é conhecido como resistência insulínica, uma das cau- sas de hiperglicemia. Por ser pouco sintomática, o diabe- tes na maioria das vezes permanece por muitos anos sem diagnóstico e sem tratamento o que favorece a ocorrência de suas complicações cardiovasculares e cerebrais. O que é Diabetes Autoimune Latente do Adulto? A diabetes autoimune latente do adulto (LADA) é uma doença autoimune (DAI), com defi ciência de insulina por destruição progressiva dos ilhéus pancreáticos. O diagnós- tico baseia-se nos critérios de Fourlanos de 2006: idade inferior a 50 anos ao diagnóstico; presença de sintomas agudos, índice de massa corporal < 25 kg/m2, história pes- soal ou familiar de outras DAI. A presença de pelo menos duas destas características clínicas justifi ca o pedido de 565656565656565656 PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DA MEDICINA anticorpos anti glutamato descarboxilase (GADA). Na LADA os anticorpos anti-insulina (IAA) sã o raros, enquanto os GADA são caracterí sticos (90% de positividade), mas estes podem-se tornar negativos ao longo do tempo. Clini- camente, os indivíduos com LADA representam um grupo heterogêneo de doentes com títulos variá veis de anticor- pos, índice de massa corporal (IMC) e progressão para insu- linoterapia. É importante clarifi car que a obesidade não exclui a pre- sença de LADA. Diabéticos, obesos com presença de auto anticorpos também apresentam disfunção progressiva da célula ẞ com defi ciência de insulina. Comparativamente com a DM2, os indivíduos com LADA tendem a apresen- tar um melhor perfi l metabólico, IMC mais baixo e tensão arterial mais controlada. Na LADA a disfunção da célula ẞ tem sido reportada como intermediária entre os dois principais subtipos de diabetes. Fenômenos genéticos, imunológicos e metabó- licos parecem convergir com outros processos de doença, como a insulinorresistê ncia, condicionando a apoptose da célula ẞ e contribuindo para o aparecimento da LADA. Diferenciando os sintomas: Diabetes Mellitus tipo 2 Também chamado de doença silenciosa ou doença assin- tomática, pois na maioria dos casos os pacientes demoram muito para perceber ou identifi car os sinais do diabetes, fato que pode gerar um impacto devastador na qualidade de vida destes. Quando se deve suspeitar da doença: • Polifagia; • Polidipsia; • Formigamento nos pés e mãos; • Poliúria; • Infecções frequentes na bexiga, rins, pele e infecções de pele; 575757575757575757 PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DA MEDICINA • Feridas que demoram para cicatrizar; • Visão embaçada. Diabetes Autoimune Latente do Adulto Comparado ao diabetes tipo 1 juvenil, que frequente- mente começa com um episódio brusco de cetoacidose dia- bética, os sintomas de LADA se desenvolvem muito mais lentamente durante um período de pelo menos seis meses. Enquanto os diabéticos tipo 2 costumam ter sobrepeso, a maioria do tipo LADA tem IMC normal ou abaixo do normal. É comum perder muitos quilos um ano antes do diagnós- tico, pela redução na produção de insulina, essencial para a captação de açúcar. Importante ressaltar que os primeiros sintomas são semelhantes aos de outros tipos de diabetes: • Polidipsia; • Poliúria; • Polifagia; • Cansaço; • Visão turva. Tratamento Diabetes Mellitus tipo 2 O Diabetes tipo 2 não depende da aplicação de insulina e seu tratamento consiste na identifi cação do grau de neces- sidade de cada pessoa, indicando, conforme cada caso, os seguintes medicamentos: • Inibidores da a glicosidase: impedem a digestão e absorção de car- boidratos no intestino; • Sulfoniluréias: estimulam a produção pancreática de insulina pelas células; • Glinidas: agem também estimulando a produção de insulina pelo pâncreas. 585858585858585858 PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DA MEDICINA Dieta alimentar equilibrada é fundamental para o controle da doença, assim como a orientação de um nutricionista e acompanhamento psicológico, que pode contribuir muito para a redução do peso. Como consequência, cria-se a pos- sibilidade de usar doses menores de medicamentos. Ativi- dade física também é de extrema importância para reduzir a hiperglicemia existente na doença. O Diabetes tipo 2 normalmente vem acompanhado de outros problemas de saúde, como obesidade, sobrepeso, sedentarismo, hipertrigliceridemia e hipertensão. Por isso, é essencial manter acompanhamento médico para tratar também essas outras doenças. Diabetes Autoimune Latente do Adulto Em comum com o diabetes tipo 2, o tratamento do LADA também tem início com medicamentos orais, mas a neces- sidade de passar para insulina pode ocorrer mais rapida- mente do que no tipo 2. O processo de agressão ao sistema imunológico que des- trói as células ẞ, responsáveis pela produção de insulina em nosso corpo, ocorre de maneira bem mais lenta que no diabetes tipo 1, o que permite controlar a glicemia com medicamentos orais por mais tempo. Indivíduos com título elevado de GADA ou com posi- tividade para maior número de anticorpos, geralmente apresentam um IMC inferior, menor secreção endógena de insulina e progressão mais rápida para insulinoterapia. Assim, o título de GADA pode permitir identifi car indiví- duos que respondem pior à terapêutica com antidiabéticos orais e que apresentam maior risco de cetoacidose. Algumas evidências indicam que os doentes com LADA devem ser tratados com insulina como primeira escolha quando apresentem deterioração do controle metabólico. A terapêutica com sensibilizadores da insulina poderá́ ter algum benefício, dado que alguns doentes com LADA apre- sentam características de síndrome metabólica e algum 595959595959595959 PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DA MEDICINA grau de insulinorresistê ncia. Estes fármacos atuam melho- rando a ação periférica da insulina e protegendo indireta- mente a célula ẞ da hiperestimulaç ã o continua. No entanto, o papel específi co da metformina na LADA é desconhecido uma vez que não existem estudos acerca da sua utiliza- ção. As tiazolidinedionas parecem prevenir a progressão da diabetes, pela proteção do stress oxidativo da célula ẞ e pelo efeito anti-infl amatório. Supõem-se ainda que estes fármacos podem facilitar a proliferação das células ẞ. Ressalta-se que, apesar da efi cácia inicial das sulfo- niluréias na LADA, existe uma redução progressiva da capacidade de produção de insulina, conduzindo a uma deterioração do controle glicêmico ao longo do tempo, o que sugere que seu uso deve ser contraindicado. Qualquer terapêutica nos doentes com LADA deve ter como objetivo, não só a otimização do controle metabólico, mas também a preservação da função residual da célula ẞ. Produzido por: Liga: LIEMS - Liga de Endocrinologia e Metabologia de Sobral Autores: Letícia Maia Vasconcelos Revisor: Orientador: Referências 1. h t t p : //w w w. s c i e l o . b r /s c i e l o . p h p? s c r i p t = s c i _a r t t ex t & p i - d=S0004-27302002000100004 2. http://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/diabetes
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