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…. Sistema Respiratório …. 3. �siologi� 3.1.Visã� Gera� Os seres humanos necessitam de uma grande superfície de troca que seja fina e úmida para permitir que os gases passem do ar para a solução, além de ser protegida de secar como resultado da exposição ao ar. A solução dada pelo corpo foi um epitélio respiratório internalizado. A internalização dos pulmões cria um ambiente úmido para as trocas de gases com o sangue e protege a delicada superfície de troca contra danos. O fluxo de ar requer uma bomba muscular para criar gradientes de pressão. Em humanos, a bomba é a estrutura musculoesquelética do tórax. Os pulmões consistem em um epitélio de troca e vasos sanguíneos associados. As quatro funções primárias do sistema respiratório são: 1.Troca de gases entre a atmosfera e o sangue. 2.Regulação homeostática do pH do corpo, através da retenção ou excreção de CO2. 3.Proteção contra patógenos e substâncias irritantes inalados. 4.Vocalização. Além disso, o sistema respiratório é uma fonte significativa de perda de água e calor do corpo, perdas que devem ser balanceadas usando compensações homeostáticas. 3.2.Sistem� Respiratóri� Respiração celular refere-se à reação intracelular do oxigênio com moléculas orgânicas para produzir dióxido de carbono, água e ATP. Respiração externa é o movimento de gases entre o meio externo e as células do corpo. Pode ser dividida em quatro processos integrados, ilustrados na figura ao lado. 1.Troca de ar entre a atmosfera e os pulmões: processo conhecido como ventilação ou respiração. Inspiração é o movimento do ar para dentro dos pulmões e expiração, para fora. Os mecanismos pelos quais a ventilação acontece são chamados, coletivamente, de mecânica da respiração. 2.Troca de O2 e CO2 entre os pulmões e o sangue. 3.Transporte de O2 e CO2 pelo sangue. 4.Troca de gases entre o sangue e as células. A respiração externa requer o funcionamento coordenado dos sistemas respiratório e circulatório. O sistema respiratório consiste em: …. Sistema Respiratório …. -O sistema condutor/vias aéreas, que conduz do meio externo para a superfície de troca dos pulmões. -Os alvéolos, uma série de sacos interconectados, e seus capilares pulmonares associados. Essas estruturas formam a superfície de troca, onde o oxigênio se move do ar inalado para o sangue, e o dióxido de carbono move-se do sangue para o ar que será exalado. -Os ossos e os músculos do tórax e do abdome, que auxiliam a ventilação. O sistema respiratório pode ser dividido em trato respiratório superior (boca, cavidade nasal, faringe e laringe) e inferior (traqueia, brônquios e ramificações e pulmões). O trato respiratório inferior também pode ser chamado de porção torácica. O tórax é delimitado pelos ossos da coluna vertebral e das costelas e seus músculos associados. Esses ossos e músculos formam a caixa torácica. As costelas e a coluna vertebral formam os lados e topo da caixa. O diafragma, camada de músculo esquelético em forma de cúpula, forma a base. Os músculos intercostais interno e externo unem os 12 pares de costelas. O esternocleidomastóideo e o escaleno se estendem da cabeça e do pescoço até o esterno e as duas primeiras costelas. O tórax é um recipiente fechado preenchido com três sacos membranosos/bolsas. O saco pericárdico contém o coração, enquanto os sacos pleurais circundam os pulmões. O esôfago e os nervos e vasos sanguíneos torácicos passam entre os sacos pleurais. Os pulmões quase preenchem a cavidade torácica e suas bases repousa no diafragma. Vias aéreas semirrígidas (os brônquios) conectam os pulmões à via aérea principal, a traqueia. Cada pulmão é circundado por um saco pleural de parede dupla, cujas membranas revestem o interior do tórax e cobrem a superfície externa dos pulmões. Cada pleura contém várias camadas de tecido conectivo elástico e numerosos capilares. O líquido pleural é o responsável por manter as camadas opostas da membrana pleural unidas. Este líquido tem vários propósitos. Primeiramente, ele cria uma superfície úmida e escorregadia para que as membranas opostas possam deslizar uma sobre a outra enquanto os pulmões se movem dentro do tórax. Em segundo lugar, ele mantém os pulmões aderidos à parede torácica, deixando-os estirados em um estado parcialmente inflado, mesmo em repouso. O ar entra no trato respiratório superior através da boca e do nariz e passa pela faringe, passagem comum aos alimentos, líquidos e ar. Da faringe, o ar flui através da laringe para a traqueia. A laringe contém as pregas vocais, faixas de tecido conectivo que são tensionadas e vibram para criar o som quando o ar passa por elas. A traqueia é um tubo semiflexível que se mantém aberto por anéis de cartilagem em forma de C. Ela se estende para baixo no tórax, se ramificando em brônquios primários. Dentro dos pulmões, os brônquios se ramificam repetidamente em brônquios menores. Nos pulmões, os menores brônquios se ramificam, tornando-se bronquíolos, pequenas vias aéreas colapsáveis, com paredes de músculo liso. Os bronquíolos continuam se ramificando, até que os bronquíolos respiratórios formem uma transição entre as vias aéreas e o epitélio de troca do pulmão. …. Sistema Respiratório …. De formageral, conforme as vias aéreas individuais ficam mais estreitas, seu número aumenta. Durante a respiração, as vias aéreas superiores e os brônquios desempenham um papel importante no condicionamento do ar antes que ele alcance os alvéolos. Esse condicionamento possui três componentes: 1.Aquece o ar até a temperatura do corpo, não permitindo que os alvéolos sejam danificados pelo ar frio. 2.Adiciona vapor de água até o ar atingir 100% de umidade, impedindo que o epitélio de troca úmido seque. 3.Filtra o material estranho, impedindo-as de alcançar os alvéolos. O ar inalado é aquecido pelo calor do corpo e umedecido pela água evaporada do revestimento mucoso das vias aéreas. A respiração pela boca não é tão eficaz em aquecer e umedecer o ar como a respiração pelo nariz. A filtração do ar acontece na traqueia e brônquios, vias aéreas revestidas com epitélio ciliado que secreta muco e uma solução salina diluída. Os cílios são banhados em uma camada salina aquosa e em seu topo há uma camada de muco pegajoso que aprisiona a maioria das partículas inaladas, secretado pelas células caliciformes do epitélio. Os cílios batem com um movimento ascendente que move o muco continuamente em direção à faringe, criando o movimento mucociliar. O muco contém imunoglobulinas que podem inativar muitos patógenos e, uma vez que o muco alcança a faringe, pode ser expelido (expectorado) ou deglutido. No muco deglutido o ácido do estômago e as enzimas destroem os microorganismo restantes. A secreção da camada salina aquosa sob o muco é essencial para o movimento mucociliar funcional. Os alvéolos, agrupados nas extremidades dos bronquíolos terminais, constituem a maior parte do tecido pulmonar. Sua função primária é a troca gasosa entre eles e o sangue. Cada diminuto alvéolo é composto de uma única camada de epitélio, onde são encontradas as células alveolares tipo I e tipo II. A célula alveolar tipo II sintetiza e secreta uma substância química chamada surfactante, que se mistura com o líquido fino que reveste o alvéolo para ajudar os pulmões durante a respiração, quando se expandem. As células tipo II também ajudam a minimizar a quantidade de líquido presente nos alvéolos, transportando solutos e água para fora do espaço aéreo alveolar. Já as células alveolares tipo I são grandes e finas, de modo que os gases podem difundir-se rapidamente através delas. …. Sistema Respiratório …. As paredes finas do alvéolo não contêm músculo porque as fibras musculares poderiam bloquear a rápida troca gasosa. Dessa forma, o tecido pulmonar não poderia se contrair. Entretanto, o tecido conectivo entre as células epiteliais alveolares contém muitas fibras de elastina e de colágeno, responsáveis por gerar a retração elástica quando o tecido pulmonar é estirado. Os vasos sanguíneos preenchem de 80 a 90% do espaço entre os alvéolos, formando uma “camada” quase contínua de sangue, que está em contato íntimo com os alvéolos cheios de ar. A proximidade do sangue capilar com o ar alveolar é essencial para a rápida troca de gases. A circulação pulmonar inicia-se com o tronco pulmonar recebendo sangue com pouco oxigênio do ventrículo direito. O tronco pulmonar, então, se divide em duas artérias pulmonares. O sangue oxigenado pelos pulmões volta ao átrio esquerdo através das veias pulmonares. A taxa do fluxo sanguíneo através dos pulmões é bem mais alta que em qualquer outro tecido, devido ao fato de os pulmões receberem o débito cardíaco total do ventrículo direito. Dessa forma, pode-se dizer que flui tanto sangue através dos pulmões em um minuto quanto flui através de todo o resto do corpo no mesmo período de tempo. Ainda assim, a pressão pulmonar é baixa, porque o ventrículo direito não tem de bombear tão vigorosamente para gerar fluxo sanguíneo através dos pulmões, já que a resistência pulmonar é baixa, o que pode ser atribuído ao menor comprimento total dos vasos sanguíneos pulmonares e à distensibilidade e grande área de secção transversal total das arteríolas pulmonares. 3.3.Le� d� Gase� A pressão de um único gás em uma mistura é conhecida como sua pressão parcial. A pressão exercida por um gás individuais é determinada somente por sua abundância relativa na mistura e é independente do tamanho ou massa molecular do gás. O fluxo de ar ocorre sempre que houver um gradiente de pressão. O fluxo global de ar ocorre de áreas de maior pressão para áreas de menor pressão. Isso explica porque ocorrem trocas gasosas entre o meio externo e os pulmões. O movimento do tórax durante a respiração cria, nos pulmões, condições de pressão alta e baixa alternadas. A difusão de gases a favor dos gradientes de concentração (pressão parcial) também se aplica aos gases individualmente. Por exemplo, o oxigênio se move de áreas de pressão parcial de oxigênio mais altas para áreas de pressão parcial de oxigênio mais baixa. A difusão de gases individuais é importante nas trocas de gases alvéolos-sangue e sangue-células. …. Sistema Respiratório …. No sistema respiratório, mudanças no volume da cavidade torácica durante a ventilação causam gradientes de pressão que geram fluxo de ar. Quando o volume do tórax aumenta, a pressão alveolar diminui e o ar flui para dentro do sistema respiratório. Quando ovolume do tórax diminui, a pressão alveolar aumenta e o ar flui para a atmosfera. Este movimento do ar é um fluxo global (fluxo de massa) porque toda a mistura de gases está se movendo, ao invés de apenas algumas espécies de gases contidas no ar. 3.4.Ventilaçã� A primeira troca na fisiologia respiratória é a ventilação, ou respiração, o fluxo de ar entre a atmosfera e os alvéolos. Um único ciclo respiratório consiste em uma inspiração seguida por uma expiração. A função pulmonar de uma pessoa é avaliada medindo quanto ar a pessoa move durante a respiração em repouso, e depois em esforço máximo. Estes testes de função pulmonar usam um espirômetro, aparelho que mede o volume de ar que se move a cada respiração. O ar movido durante a respiração pode ser dividido em quatro volumes pulmonares: 1.Volume corrente. 2.Volume de reserva inspiratório. 3.Volume de reserva expiratório. 4.Volume residual. Os volumes pulmonares variam consideravelmente com a idade, o sexo, a altura e o peso. O volume de ar que se move durante uma única inspiração ou expiração e´conhecido como volume corrente (VC). Quando o médico te pede para inspirar o máximo de ar que você consegue após o fim de uma inspiração espontânea, o volume adicional inspirado representa o volume de reserva inspiratório (VRI). Em contrapartida, quando é solicitado que, ao final de uma expiração espontânea, você expire o máximo de ar que puder, a quantidade de ar “extra” expirado representa o volume de reserva expiratório (VRE). O volume residual (VR) não pode ser medido diretamente e é definido como o volume de ar presente no sistema respiratório após a expiração máxima. A soma de dois ou mais volumes pulmonares é chamada de capacidade. A capacidade vital (CV) é a soma do VRI, VRE e VC, representando a quantidade máxima de ar que pode ser voluntariamente movida para dentro ou fora do sistema respiratório a cada respiração. A CV somada ao VR é a capacidade pulmonar total (CPT). O VC somado ao VRI resulta na capacidade inspiratória, ao passo que a capacidade residual funcional é a soma do VRE com o VR. No sistema respiratório, os músculos da caixa torácica e o diafragma funcionam como uma …. Sistema Respiratório …. bomba, enquanto o tecido pulmonar é um fino epitélio de troca. Quando esses músculos se contraem, os pulmões expandem, uma vez que estão presos à parede interna do tórax pelo líquido pleural. Os músculos primários envolvidos na respiração espontânea são o diafragma, os intercostais externos e os escalenos. Durante a respiração forçada, outros músculos do tórax e abdome podem auxiliar. 3.4.1.Inspiraçã� � Pressã� Alveolar Para o ar mover-se para dentro dos alvéolos, a pressão dentro dos pulmões deve ser mais baixa que a pressão atmosférica. Durante a inspiração, o volume torácico aumenta quando certos músculos esqueléticos da caixa torácica e o diafragma se contraem. Quando o diafragma contrai, desce em direção ao abdome. Enquanto isso, os músculos intercostais externos e os escalenos contraem e puxam as costelas para cima e para fora. Esse movimento das costelas durante a inspiração é comparado ao da alavanca de uma bomba e ao de uma alça de balde. A combinação desses dois movimentos amplia a caixa torácica em todas as direções. À medida que o volume torácico aumenta, a pressão diminui e o ar flui para dentro dos pulmões. Como o ar continua a fluir para dentro dos alvéolos, a pressão aumenta até a caixa torácica parar de expandir-se, imediatamente antes do fim da inspiração. O movimento do ar continua por uma fração de segundo a mais, até a pressão interna dos pulmões igualar-se com a pressão atmosférica. Ao término da inspiração, o volume pulmonar está em seu valor máximo no ciclo respiratório, e a pressão alveolar é igual à atmosférica. 3.4.2.�piraçã� � Pressã� Alveolar Ao final da inspiração, os impulsos dos neurônios motores somáticos para os músculos inspiratórios cessam, e os músculos relaxam. A retração elástica dos pulmões e da caixa torácica leva o diafragma e as costelas para as suas posições originais relaxadas. Por a expiração durante a respiração em repouso envolver a retração elástica passiva, ao invés da contração muscular ativa, ela é chamada de expiração passiva. A expiração ativa ocorre durante a exalação voluntária e quando a ventilação excede 30 a 40 ciclos ventilatórios por minuto. Utiliza os músculos intercostais internos e os músculos abdominais, os quais não são usados durante a inspiração. Os músculos intercostais internos revestem a superfície interna da caixa torácica. Quando se contraem, eles puxam as costelas para dentro, reduzindo o volume da cavidade torácica. Os intercostais internos e externos funcionam como grupos de músculos antagonistas para alterar a posição e o volume da caixa torácica durante a ventilação. O diafragma não possui músculos antagonistas. Ao invés disso, os músculos abdominais contraem durante a expiração ativa para suplementar a atividade dos intercostais internos. A contração abdominal puxa as costelas inferiores para dentro e diminui o volume abdominal, ações que deslocam o intestino e o fígado para cima. As vísceras deslocadas empurram o diafragma para cima, para dentro da cavidade torácica, e o volume do tórax diminui passivamente ainda mais. …. Sistema Respiratório…. Qualquer doença neuromuscular que enfraqueça os músculos esqueléticos ou lesione seus neurônios motores, como a miastenia grave, pode afetar a ventilação. Com a diminuição da ventilação, menos ar entra nos pulmões. Além disso, a perda da habilidade de tossir aumenta o risco de pneumonia e outras infecções. 3.4.3.Pressã� Intrapleura� A pressão intrapleural no líquido que há entre as membranas pleurais normalmente é subatmosférica, surgindo durante o desenvolvimento fetal, quando a caixa torácica associada com sua membrana pleural cresce mais rapidamente que o pulmão com sua membrana pleural associada. As duas membranas pleurais são mantidas unidas pelo líquido pleural, de modo que os pulmões elásticos são forçados a se estirar para se adaptar ao maior volume da cavidade torácica. Ao mesmo tempo, a retração elástica dos pulmões cria uma força direcionada para dentro que tenta puxar os pulmões para longe da parede do tórax. A combinação da caixa torácica puxando para fora e a retração elástica dos pulmões puxando para dentro cria uma pressão intrapleural subatmosférica. Qualquer evento que abra a cavidade pleural para a atmosfera permite que o ar flua a favor do seu gradiente de pressão para dentro da cavidade. O ar na cavidade pleural desfaz as interações …. Sistema Respiratório …. do líquido que mantém o pulmão aderido à caixa torácica. A parede do tórax se expande enquanto os pulmões elásticos colapsam para um estado não estirado, resultando em um pulmão colabado, incapaz de funcionar normalmente. A correção de um pneumotórax consiste em remover o máximo de ar possível da cavidade pleural com uma bomba de sucção e fechar o orifício, impedindo que mais ar entre. A pressão no líquido pleural varia durante um ciclo respiratório No início da inspiração, é cerca de -3 mmHg. À medida que a inspiração prossegue, a membrana pleural e os pulmões acompanham a expansão da caixa torácica devido à interações com o líquido pleural, mas o tecido pulmonar elástico resiste a ser estirado. Os pulmões tendem a afastar-se da parede torácica, fazendo com que a pressão intrapleural se torne ainda mais negativa. Ao final de uma inspiração basal, quando os pulmões estão totalmente expandidos, a pressão intrapleural diminui para cerca de -6 mmHg. Durante a expiração, a caixa torácica retorna à sua posição de repouso. Os pulmões são liberados de sua posição de estiramento e a pressão intrapleural retorna ao seu valor normal de cerca de -3 mmHg. A pressão intrapleural nunca se equilibra com a atmosférica porque a cavidade pleural é um compartimento fechado. Os gradientes de pressão necessários para o fluxo de ar são criados pelo trabalho da contração do músculo esquelético. 3.4.4.Complacênci� � Elasticidad� A ventilação adequada depende da habilidade dos pulmões de se expandir normalmente. A maior parte do trabalho respiratório é superar a resistência elástica dos pulmões e da caixa torácica ao estiramento. Essa habilidade de se estirar é chamada de complacência , diferente de elasticidade , que é a capacidade de retornar à sua posição de repouso após ser estirado. A complacência não é, necessariamente, proporcional à elasticidade. No enfisema ocorre a destruição da elastina dos pulmões, resultando em uma alta complacência e um fácil estiramento durante a inspiração. Contudo, estes pulmões apresentam uma elasticidade diminuída, não retornando para sua posição de repouso durante a expiração. Uma redução na complacência do pulmão afeta a ventilação, já que mais trabalho precisa ser realizado para estirar um pulmão rígido. As condições patológicas que apresentam redução da complacência são chamadas de doenças pulmonares restritivas . Duas causas comuns da diminuição da complacência são o tecido cicatricial não elástico formado em doenças pulmonares fibróticas e a produção alveolar inadequada de surfactante, substância química que facilita a expansão do pulmão. A fibrose pulmonar é caracterizada pelo desenvolvimento de tecido fibroso cicatricial rígido que restringe a insuflação pulmonar. Na fibrose pulmonar idiopática, a causa é desconhecida. Outras formas de doença pulmonar fibrótica resultam na inalação crônica de matéria particulada fina, como o asbesto e a sílica, que escapam do revestimento de muco das vias aéreas e alcançam os alvéolos. Os macrófagos alveolares, então, ingerem a matéria inalada. Se as partículas forem orgânicas, os macrófagos podem digeri-las com as enzimas lisossomais. Caso não possam ser digeridas ou acumularem em grande número, ocorre um processo inflamatório. Em consequência disso, os macrófagos secretam fatores de crescimento que estimulam fibroblastos no tecido conectivo pulmonar a produzir colágeno inelástico. A fibrose pulmonar não pode ser revertida. 3.4.5.Surfactant� � � Trabalh� Respiratóri� Uma fina camada de líquido localizada entre as células alveolares e o ar criam a tensão superficial, propriedade responsável por criar a maior parte da resistência ao estiramento. Essa tensão superficial criada pelo fino filme de líquido é direcionada para o centro da “bolha” e cria pressão em seu interior. A Lei de LaPlace é uma expressão dessa pressão, estabelecendo que a pressão dentro de uma bolha formada por uma fina película de líquido é uma função de dois fatores: a tensão superficial do líquido e o raio da bolha. Se duas bolhas têm tamanhos diferentes mas são formadas por líquidos com a mesma tensão…. Sistema Respiratório …. superficial, a pressão dentro da bolha menor é maior que a pressão dentro da bolha maior. Em fisiologia, a bolha pode ser compara ao alvéolo revestido por líquido, embora esta estrutura não seja uma esfera perfeita. O líquido que reveste todos os alvéolos gera uma tensão superficial. Se a tensão superficial do líquido fosse a mesma nos alvéolos pequenos e nos grandes, os menores teriam uma pressão maior dirigida para o interior do alvéolo em comparação aos alvéolos maiores, além de maior resistência ao estiramento. Assim, mais trabalho seria necessário para expandir os alvéolos menores. Nossos pulmões, entretanto, secretam um surfactante que reduz a tensão superficial. Os surfactantes são moléculas que rompem a força coesiva entre as moléculas de água por substituírem a água na superfície. Nos pulmões, o surfactante diminui a tensão superficial do líquido alveolar, diminuindo, assim, a resistência do pulmão ao estiramento. Essa substância é mais concentrada nos alvéolos menores, tornando sua tensão superficial menor que nos alvéolos maiores. Isso ajuda a igualar a pressão entre os alvéolos de diferentes tamanhos e torna mais fácil inflar os alvéolos menores. Com uma tensão superficial menor, o trabalho necessário para expandir os alvéolos em cada ciclo ventilatório é bastante reduzido. O surfactante humano é uma mistura contendo proteínas e fosfolipídeos, como a dipalmitoilfosfatidilcolina, secretados dentro do espaço aéreo alveolar por células alveolares tipo II. A síntese de surfactante inicia-se na quinta semana de desenvolvimento fetal sob influência de vários hormônios. Na trigésima quarta semana, a produção alcança os níveis adequados. Bebês prematuros, que nascem sem a concentração adequada de surfactante em seus alvéolos, podem desenvolver a síndrome da angústia respiratória do recém-nascido . Além da baixa complacência dos pulmões, esses bebês também possuem alvéolos que colapsam cada vez que eles expiram, precisando usar uma quantidade grande de energia para expandir seus pulmões colapsados a cada respiração. A menos que o tratamento seja iniciado rapidamente, cerca de 50% dessas crianças morrem. O líquido amniótico pode ser coletado para verificar se os pulmões do feto estão produzindo ou não quantidades adequadas de surfactante. Se não estiverem e o parto não puder ser adiado, os bebês podem ser tratados com a administração em aerossol de um surfactante artificial até os pulmões amadurecerem o suficiente para produzirem seu próprio surfactante. O tratamento também inclui ventilação artificial que força o ar para dentro dos pulmões (ventilação com pressão positiva) e mantém os alvéolos abertos. 3.4.6.O Diâmetr� � � Resistênci� da� Via� Aérea� Além da complacência, a resistência do sistema respiratório ao fluxo de ar é outro fator que influencia o trabalho respiratório. Três parâmetros contribuem para a resistência no sistema respiratório: o comprimento do sistema, a viscosidade da substância que flui pelo sistema e o raio dos tubos. O comprimento do sistema respiratório é constante. A viscosidade é maior em ambientes com vapor (devido às gotas de água) que em ambientes com umidade normal, além de mudar com a pressão atmosférica, diminuindo à medida que a pressão diminui. Mesmo assim, a viscosidade desempenha um papel muito pequeno na resistência ao fluxo do ar. Dessa forma, o raio das vias aéreas se torna o determinante primário da resistência das vias aéreas. Entretanto, o trabalho necessário para superar a resistência das vias aéreas ao fluxo de ar é muito menor que o trabalho necessário para superar a resistência dos pulmões e da caixa torácica ao estiramento. A maior parte da resistência das vias aéreas normalmente pode ser atribuída à traqueia e aos brônquios. Como seu diâmetro não muda, por serem sustentadas por cartilagens, a sua resistência ao fluxo de ar é constante. Contudo, o acúmulo de muco devido a alergias ou infecções pode aumentar bastante a resistência. Como a área de secção transversal dos bronquíolos é muito grande, estes não contribuem de forma significativa para a resistência das vias aéreas. Entretanto, uma pequena alteração no seu diâmetro pode torná-los uma fonte significativa de resistência das vias aéreas. A broncoconstrição aumenta a resistência …. Sistema Respiratório …. ao fluxo de ar e diminui a quantidade de ar “novo” que alcança os alvéolos. Assim como as arteríolas, estão sujeitos ao controle reflexo pelo sistema nervoso e por hormônios. Contudo, a maioria das mudanças do diâmetro bronquiolar que ocorrem no controle minuto-a-minuto ocorrem em resposta à substâncias parácrinas. O CO2 nas vias aéreas é a principal substância parácrina que afeta o diâmetro bronquiolar. O aumento dessa substância no ar expirado relaxa o músculo liso bronquiolar e causa broncodilatação. A histamina é uma substância parácrina que atua como broncoconstritor. É liberada pelos mastócitos em resposta ao dano do tecido ou reação alérgica. Em reações alérgicas graves, grande quantidade de histamina pode levar à broncoconstrição generalizada e dificultar a respiração. O controle neural primário dos bronquíolos é feito por neurônios parassimpáticos que causam broncoconstrição, reflexo que protege o trato respiratório inferior de irritantes inalados. Não existe inervação simpáticasignificativa dos bronquíolos humanos. Contudo, o músculo liso dos bronquíolos é bem suprido com receptores β₂ que respondem à adrenalina. A estimulação dos receptores β₂ relaxa o músculo liso da via aérea e resulta em broncodilatação. Este reflexo é usado terapeuticamente no tratamento da asma e de várias reações alérgicas caracterizadas por liberação de histamina e broncoconstrição. 3.4.7.Eficiênci� d� Respiraçã� A eficiência da ventilação pode ser estimada calculando a ventilação pulmonar total (também conhecido volume-minuto), o volume de ar movido para dentro e para fora dos pulmões a cada minuto. A ventilação pulmonar total é calculada multiplicando-se a frequência ventilatória pelo volume corrente. A frequência ventilatória normal para um adulto é de 12 a 20 respirações por minuto. A ventilação pulmonar total representa o movimento físico do ar para dentro e para fora do trato respiratório, mas não é necessariamente um bom indicador de quanto ar “novo” alcança a superfície de troca alveolar. Uma parte do ar que entra no sistema respiratório não alcança os alvéolos porque parte do ar de cada ciclo ventilatório permanece nas vias aéreas condutoras, como a traqueia e os brônquios. As vias aéreas condutoras, por não trocarem gases com o sangue, são conhecidas como espaço morto anatômico. Ao final de uma inspiração, o volume do pulmão é máximo e o ar “novo” preenche o espaço morto. O volume corrente é expirado, mas a primeira porção que deixa as vias aéreas corresponde à uma parte do ar novo que estava no espaço morto, seguido de ar “velho” proveniente dos alvéolos. Assim, uma parte do ar alveolar “velho” permanece no espaço morto. Ao final da expiração, o volume do pulmão está no seu mínimo, e o ar “velho” da expiração mais recente preenche o espaço morto anatômico. Com a próxima inspiração, o ar “novo” preenche as vias aéreas. O ar que entra devolve o ar “velho” que está no espaço morto anatômico para os alvéolos, seguido de ar “novo”. A última parte do ar “novo” inspirado permanece novamente no espaço morto anatômico e nunca alcança os alvéolos. Assim, embora entre o …. Sistema Respiratório …. total do volume corrente nos alvéolos, apenas uma parte desse volume é “novo”. O ar “novo” que entra nos alvéolos é igual ao volume corrente menos o volume do espaço morto. Devido ao fato de uma porção significativa de ar inspirado nunca alcançar a superfície de troca, um indicador mais acurado da eficiência da ventilação é a ventilação alveolar , a quantidade de ar novo que alcança os alvéolos a cada minuto. É calculada multiplicando-se a frequência ventilatória pelo volume do ar novo que alcança os alvéolos. Pode ser bastante afetada por mudanças na frequência ou na amplitude da ventilação. A ventilação voluntária máxima , que envolve respirar o mais profundo e mais rapidamente possível, pode aumentar a ventilação pulmonar total. 3.4.8.Comp�içã� d� Gase� n� Alvéol� À medida que a ventilação alveolar aumenta acima dos níveis normais durante a hiperventilação, a PO2 alveolar aumenta e a PCO2 alveolar diminui. Durante a hipoventilação, quando menos ar novo entra nos alvéolos, a PO2 alveolar diminui e a PCO2 alveolar aumenta. Embora uma grande mudança no padrão de ventilação alveolar possa afetar as pressões parciais dos gases nos alvéolos, a PO2 e a PCO2 nos alvéolos mudam …. Sistema Respiratório …. surpreendentemente pouco durante a respiração normal em repouso. Isso acontece porque a quantidade de oxigênio que entra nos alvéolos é aproximadamente igual à quantidade de oxigênio que entra no sangue, e a quantidade de ar novo que entra nos pulmões em cada ciclo ventilatório é apenas um pouco mais que 10% do volume total do pulmão no final da inspiração. 3.4.9.Ajust� d� Ventilaçã� � Fl�� Sanguíne� Alveolare� Após o movimento do oxigênio da atmosfera para a superfície de troca alveolar, deve ocorrer a troca dos gases através da interface alvéolo-capilar. Finalmente, a perfusão que passa pelos alvéolos deve ser alta o suficiente para captar o oxigênio disponível. Ajustar a ventilação nos grupos de alvéolos pelos quais o sangue flui é um processo de duas etapas que envolve a regulação local do fluxo de ar e do fluxo de sangue. Alterações no fluxo de sangue pulmonar dependem das propriedades dos capilares e de fatores locais, como a concentração de oxigênio e dióxido de carbono no tecido pulmonar. Os capilares nos pulmões são incomuns, pois são colapsáveis. Se a pressão do sangue que flui pelos capilares cai abaixo de certo ponto, os capilares se fecham, desviando o sangue para os capilares pulmonares onde a pressão sanguínea é maior. Normalmente, alguns leitos capilares do ápice do pulmão ficam fechados devido à baixa pressão hidrostática. Leitos capilares na base dos pulmões possuem pressão hidrostática mais alta devido à gravidade e permanecem abertos. Assim, o fluxo de sangue é desviado em direção à base do pulmão. Durante o exercício, quando a pressão do sangue sobe, os leitos capilares apicais se abrem, assegurando que o débito cardíaco aumentado possa ser totalmente oxigenado à medida que passa pelos pulmões. A habilidade dos pulmões de recrutar leitos capilares adicionais durante o exercício é um exemploda capacidade de reserva do corpo. O corpo tenta ajustar o fluxo sanguíneo e de ar em cada porção dos pulmões regulando o diâmetro das arteríolas e dos bronquíolos. O diâmetro dos bronquíolos é controlado primariamente pelos níveis de CO2 no ar que passa por eles ao ser expirado. Um aumento na PCO2 no ar expirado causa dilatação dos bronquíolos, enquanto um decréscimo, causa constrição. …. Sistema Respiratório …. As arteríolas pulmonares possuem inervação autonômica, mas mesmo assim existe pouco controle neural do fluxo de sangue pulmonar. A resistência das arteríolas ao fluxo de sangue é regulada, principalmente, pelo conteúdo de oxigênio no líquido intersticial situado ao redor da arteríola. Se a ventilação dos alvéolos em uma área do pulmão é diminuída, a PO2 nessa área diminui, e as arteríolas respondem fazendo vasoconstrição. Essa vasoconstrição local é adaptativa porque desvia o sangue da região subventilada para partes do pulmão melhor ventiladas. A resposta das arteríolas pulmonares à redução de PO2 é o oposto do que acontece na circulação sistêmica. Nessa, um decréscimo na PO2 de um tecido faz as arteríolas locais se dilatarem, liberando mais sangue oxigenado para estes tecidos que estão consumindo mais oxigênio. Nos pulmões, o sangue está captando oxigênio, portanto não faz sentido enviar mais sangue para uma área com baixa PO2 tecidual devido à ventilação diminuída. Além disso, os mecanismos de controle local não são reguladores eficazes do fluxo de ar e de sangue em todas as circunstâncias. Se o fluxo de sangue é bloqueado em uma artéria pulmonar, ou se o fluxo de ar é bloqueado ao nível de vias aéreas maiores, as respostas locais que desviam ar ou sangue para outras partes do pulmão são ineficazes porque nestes casos nenhuma parte do pulmão tem ventilação ou perfusão normais. 3.4.10.Funçã� Pulmonar O teste de função pulmonar pode ser feito através da auscultação dos sons respiratórios ou da espirometria, por exemplo. A auscultação é uma técnica diagnóstica importante na medicina pulmonar. Contudo, os sons respiratórios são mais complicados de interpretação que os sons cardíacos, por terem uma faixa mais ampla de variação normal. Normalmente, os sons respiratórios são distribuídos uniformemente nos pulmões e parecem um “murmúrio” provocado pelo fluxo de ar. Quando este está reduzido, como no pneumotórax, os sons respiratórios podem estar diminuídos ou ausentes. Sons anormais incluem vários chiados, estalos, sibilos e sons bolhosos causados por líquido e secreções nas vias aéreas ou nos alvéolos. A inflamação na membrana pleural resulta em crepitação ou um som áspero conhecido como atrito pleural. Ele é causado pelo atrito das membranas pleurais inflamadas edemaciadas uma contra a outra, e desaparece quando o líquido as separa novamente. Doenças nas quais o fluxo de ar está diminuído como resultado do aumento da resistência nas vias aéreas são conhecidas como doenças pulmonares obstrutivas. Quando um paciente com esta condição é solicitado a exalar vigorosamente, o ar assobia pelas vias aéreas estreitadas, criando um som sibilante que pode ser ouvido sem estetoscópio. Dependendo da gravidade da doença, os bronquíolos podem colapsar e se fechar antes que uma expiração forçada seja completada, reduzindo a quantidade e a taxa do fluxo de ar medido por um espirômetro. As doenças pulmonares obstrutivas incluem asma, apneia obstrutiva do sono, enfisema e bronquite crônica. As duas últimas podem ser chamadas de doenças pulmonares obstrutivas crônicas (DPOC) por causa da sua natureza crônica/contínua. A apneia obstrutiva do sono resulta da obstrução das vias aéreas superiores, frequentemente devido a um relaxamento anormal dos músculos da faringe e da língua, aumentando a resistência das vias aéreas durante a inspiração. …. Sistema Respiratório …. 3.5.Di�sã� � Solubilidad� d� Gase� A difusão simples do oxigênio e do dióxido de carbono através das camadas de células (entre alvéolos e capilares pulmonares, ou entre capilares sistêmicos e células) obedece às regras da difusão simples através de uma membrana. Se considerarmos que a permeabilidade da membrana é constante, os fatores que influenciam a difusão nos pulmões são: 1.Área de superfície: a taxa e difusão é diretamente proporcional à área de superfície disponível. 2.Gradiente de concentração: a taxa de difusão é diretamente proporcional ao gradiente de concentração da substância em difusão. 3.Espessura da membrana: a taxa de difusão é inversamente proporcional à espessura da membrana. Ademais, a difusão é mais rápida em distâncias curtas. Sob muitas circunstâncias, a distância de difusão, a área de superfície e a espessura da membrana são constantes no corpo e são maximizadas para facilitar a difusão. Deste modo, o fator mais importante para a troca de gases na fisiologia normal é o gradiente de concentração, medida através da pressão parcial dos gases no ar, em respiratório. O movimento das moléculas do gás do ar para um líquido é diretamente proporcional a três fatores: o gradiente de pressão do gás, a solubilidade do gás no líquido e a temperatura. A facilidade com a qual um gás se dissolve em um líquido é a solubilidade do gás neste líquido. Se um gás é muito solúvel, um grande número de moléculas do gás entra nasolução a uma baixa pressão parcial do gás. Com gases menos solúveis, mesmo uma pressão parcial alta pode fazer com que somente poucas moléculas do gás se dissolvam no líquido. 3.6.Troc� d� Gase� n� Pulmõe� � n� Tecid� Assim como estabelecido pela lei dos gases, o oxigênio e os outros gases individuais fluem de regiões de pressão parcial mais alta para regiões de pressão parcial mais baixa nos pulmões e nos tecidos. A PO2 do sangue venoso sistêmico que chega aos pulmões é menor que a PO2 alveolar normal. Dessa forma, o oxigênio se move a favor do seu gradiente de pressão parcial, dos alvéolos para os capilares. Quando o sangue arterial alcança os capilares teciduais, o gradiente é invertido. As células estão continuamente usando oxigênio para a fosforilação oxidativa. Como a PO2 arterial é maior que a PO2 das células, o oxigênio se difunde do plasma para as células. Inversamente, devido à produção de CO2 durante o metabolismo, a PCO2 é maior nos tecidos que no sangue capilar sistêmico. O gradiente faz com que o CO2 difunda-se das células para os capilares. Nos capilares pulmonares, o processo ocorre de modo contrário. O sangue venoso que traz o CO2 residual das células têm uma PCO2 maior que a PCO2 alveolar, fazendo com que o gás se mova dos capilares para os alvéolos. …. Sistema Respiratório …. Se a difusão de gases entre os alvéolos e o sangue for reduzida significativamente, ocorre a hipóxia (estado de pouco oxigênio), frequentemente acompanhada de hipercapnia (alta concentração de dióxido de carbono). Alguns problemas que podem resultar em baixo conteúdo arterial de oxigênio são a quantidade inadequada de oxigênio que chega aos alvéolos, problemas com a troca de oxigênio entre os alvéolos e os capilares pulmonares e o transporte inadequado de oxigênio no sangue. Uma baixa PO2 alveolar pode ser resultado de um ar inspirado com conteúdo de oxigênio anormalmente baixo ou de uma ventilação alveolar inadequada. O principal fator que afeta o conteúdo de oxigênio do ar inspirado é a altitude. Já a hipoventilação alveolar pode ser causada, principalmente, pela diminuição da complacência pulmonar, aumento da resistência das vias aéreas e overdose de drogas, diminuindo a frequência e amplitude ventilatórias. Em relação às trocas gasosas, a transferência de oxigênio dos alvéolos para o sangue requer a difusão através da barreira criada pelas células alveolares tipo I e pelo endotélio capilar. Normalmente, a distância de difusão é pequena porque as células são finas e existe pouco ou nenhum líquido intersticial entre as duas camadas celulares. Contudo, mudanças patológicas que afetam a troca gasosa podem incluir uma redução na área de superfície alveolar disponível para a troca gasosa, um aumento na espessura da membrana alveolar e um aumento na distância de difusão entre o espaço aéreo dos alvéolos e o sangue, situações que comprometem a velocidade da troca gasosa. 3.7.Transport� d� Gase� n� Sangu� O oxigênio pode ser transportado no sangue dissolvido no plasma (cerca de 2%) ou ligado à hemoglobina (por volta de 98%). A hemoglobina é uma proteína ligadora de oxigênio nas hemácias (eritrócitos) que se liga reversivelmente ao oxigênio. Nos capilares pulmonares a hemoglobina se liga ao oxigênio, enquanto nas células, libera o oxigênio. Como o oxigênio é pouco solúvel em soluções aquosas, é necessário que haja quantidades adequadas de hemoglobina no sangue para garantir a sobrevivência. …. Sistema Respiratório …. A quantidade de oxigênio que se liga à hemoglobina depende da PO2 no plasma ao redor do eritrócito e do número de potenciais sítios de ligação disponíveis nos eritrócitos. A PO2 no plasma é o fator primário que determina quantos dos sítios de ligação da hemoglobina disponíveis serão ocupados pelo oxigênio. O número total de sítios de ligação ao oxigênio depende do número de moléculas de hemoglobina nos eritrócitos. A hemoglobina é uma proteína grande e complexa cuja estrutura quaternária possui quatro cadeias de proteínas globulares cada uma enrolada ao redor de um grupo heme que contém ferro. Os quatro grupos heme em uma molécula de hemoglobina são idênticos, consistindo, cada um, em um anel porfirínico carbono-hidrogênio-nitrogênio, com um átomo de ferro no centro. Cerca de 70% do ferro no corpo é encontrado nos grupos heme da hemoglobina. Cada átomo de ferro central do grupo heme pode ligar-se reversivelmente e de forma fraca com uma molécula de oxigênio, tendo cada molécula de hemoglobina a capacidade de se ligar a quatro moléculas de oxigênio. Há várias formas de cadeia da proteína globina na hemoglobina. As mais comuns são a alfa (α), beta (β), gama (γ) e delta (δ). A maior parte da hemoglobina de adultos (HbA) é composta de duas cadeias α e duas cadeias β. A hemoglobina fetal (HbF) é adaptada para atrair o oxigênio do sangue materno na placenta. Possui duas cadeias γ no lugar das duas cadeias β encontradas na HbA. Logo após o nascimento, a HbF é substituída pela forma adulta, à medida que novos eritrócitos são produzidos. A hemoglobina ligada ao oxigênio é chamada de oxiemoglobina (HbO2). Se a concentração de oxigênio aumenta, a reação de ligação oxigênio-hemoglobina produz mais HbO2. Se aconcentração de oxigênio diminui, a hemoglobina libera alguns dos seus oxigênios ligados, produzindo mais Hb + O2. Nos capilares pulmonares, o O2 dissolvido no plasma difunde-se para dentro dos eritrócitos, onde se liga à hemoglobina. Por esse motivo a PO2 do plasma que circunda o eritrócito é importante para definir a quantidade de oxigênio ligado à hemoglobina. Uma vez que o sangue arterial alcance os tecidos, o processo de troca que acontece nos pulmões se inverte, com as moléculas de hemoglobina liberando seu estoque de oxigênio. A PO2 nas células determina quanto oxigênio será descarregado da hemoglobina. Conforme as células aumentam a sua atividade metabólica, sua PO2 diminui e a hemoglobina libera mais oxigênio para elas. A porcentagem de saturação da hemoglobina refere-se a porcentagem dos sítios de ligação disponíveis que estão ligados ao oxigênio. No sangue venoso de uma pessoa em repouso, a hemoglobina ainda está 75% saturada, em média, o que significa que ela liberou nas células só um quarto do oxigênio que é capaz de carregar. O oxigênio que permanece ligado serve como um reservatório que as células podem utilizar se o metabolismo aumentar. Qualquer fator que mude a conformação da proteína hemoglobina pode afetar sua capacidade de ligação ao oxigênio. Nos seres humanos, mudanças fisiológicas no pH do plasma, na PCO2 e na temperatura alteram a afinidade da ligação ao oxigênio da hemoglobina. A ligação do oxigênio que ocorre nos pulmões não é muito afetada, mas a liberação de oxigênio nos tecidos é significativamente alterada. …. Sistema Respiratório …. Um fator adicional que afeta a ligação oxigênio-hemoglobina é o 2,3-difosfoglicerato (2,3-DPG), composto sintetizado a partir de um intermediário da via da glicólise. A hipóxia crônica desencadeia um aumento na produção de 2,3-DPG nos eritrócitos e diminui a afinidade da hemoglobina pelo oxigênio. Além disso, a isoforma também é importante. A HbF têm uma afinidade maior que a HbA, devido às cadeias γ. Em qualquer PO2 placentária, o oxigênio liberado pela hemoglobina materna é captado pela hemoglobina fetal, para liberar ao feto em desenvolvimento. Além de entregar oxigênio às células, o transporte de gases no sangue inclui a remoção de dióxido de carbono das células. O CO2 é um subproduto da respiração celular, mais solúvel nos líquidos corporais que o oxigênio. No entanto, as células produzem muito mais CO2 do que se pode dissolver no plasma. Assim, a hemoglobina também desempenha um importante papel no transporte de CO2. A remoção do CO2 é importante pelo motivo de que uma PCO2 elevada (hipercapnia) causa acidose, interferindo com as ligações de hidrogênio e desnaturando proteínas. Ademais, altos níveis de PCO2 podem causar confusão, coma ou até morte. A maior parte do CO2 é transportado na forma de HCO3, que serve, também, como um tampão para ácidos metabólicos, ajudando a estabilizar o pH do organismo. Essa conversão se dá através da enzima anidrase carbônica, presente nos eritrócitos. A hemoglobina se liga ao H+ livre, tamponamento importante para que não ocorram grandes mudanças no pH do corpo. Quando o sangue venoso chega aos pulmões, o processo que ocorre nos capilares sistêmicos se inverte. A PCO2 dos alvéolos é menor que a do sangue venoso nos capilares pulmonares. Assim, o CO2 (que é produzido novamente pela decomposição do bicarbonato) sai do plasma e vai para dentro dos alvéolos. 3.8.Regulaçã� d� Ventilaçã� A contração do diafragma e de outros músculos é iniciada por uma rede de neurônios do tronco encefálico que disparam espontaneamente. A respiração ocorre automaticamente mas pode ser controlada voluntariamente até certo ponto. Interações sinápticas complicadas entre neurônios da rede criam os ciclos rítmicos de inspiração e expiração, influenciados continuamente por sinais sensoriais, especialmente os provenientes de quimiorreceptores sensíveis a CO2, O2 e pH. O padrão ventilatório depende em grande parte dos níveis destas três substâncias no sangue arterial e no líquido extracelular. Embora as principais regiões do tronco encefálico envolvidas no controle neural da respiração sejam conhecidas, os detalhes permanecem imprecisos. A rede de neurônios do tronco encefálico que controla a respiração se comporta como um gerador central de padrão, com atividade rítmica intrínseca que provavelmente é originada em neurônios marca-passo que possuem potenciais de membrana instáveis. O modelo contemporâneo do controle da ventilação estabelece que: -Os neurônios respiratórios do bulbo controlam músculos inspiratórios e expiratórios; -Os neurônios da ponte integram informações sensoriais e interagem com neurônios bulbares para influenciar a ventilação; -O padrão rítmico da respiração é gerado a partir de uma rede de neurônios que disparam espontaneamente; -A ventilação está sujeita à modulação contínua por vários reflexos associados a quimiorreceptores e mecanorreceptores e por centros encefálicos superiores. Os neurônios respiratórios estão concentrados bilateralmente em duas áreas do bulbo. Uma área chamada de núcleo do trato solitário (NTS) contém o grupo respiratório dorsal (GRD) de neurônios que controlam principalmente os músculos da inspiração. Sinais provenientes do GRD vão, via nervos frênicos, …. Sistema Respiratório …. para o diafragma e, via nervos intercostais, para os músculos intercostais.Além disso, o NTS recebe informação sensorial de mecanorreceptores e quimiorreceptores periféricos via nervos vago e glossofaríngeo. Os neurônios respiratórios da ponte recebem informação sensorial do GRD e influenciam o início e término da inspiração. Os grupos respiratórios pontinos e outros neurônios pontinos enviam sinais tônicos para as redes bulbares para ajudar a coordenar um ritmo respiratório uniforme. O grupo respiratório ventral (GRV) do bulbo tem múltiplas regiões com diferentes funções. Uma área conhecida como complexo pré-Bötzinger contém neurônios que disparam espontaneamente que podem atuar como o marcapasso básico do ritmo respiratório. Outras áreas controlam músculos usados na expiração ativa ou na inspiração maior que o normal. Ademais, fibras nervosas originadas no GRV inervam músculos da laringe, da faringe e da língua para manter as vias aéreas superiores abertas durante a respiração. Durante a respiração espontânea em repouso, um marcapasso inicia cada ciclo, e os neurônios inspiratórios aumentam gradualmente a estimulação dos músculos inspiratórios. O disparo dos neurônios inspiratórios recruta outros neurônios inspiratórios em uma nítida alça de retroalimentação positiva. À medida que mais neurônios disparam, mais fibras musculares esqueléticas são recrutadas. A caixa torácica expande-se suavemente quando o diafragma contrai. Ao final da inspiração, os neurônios inspiratórios param de disparar abruptamente, e os músculos inspiratórios relaxam. Durante os próximos poucos segundos, ocorre a expiração passiva devido à retração elástica dos músculos inspiratórios e do tecido elástico dos pulmões. Muitos neurônios expiratórios do grupo respiratório ventral permanecem inativos durante a respiração em repouso, funcionando, principalmente, durante a respiração forçada, quando os movimentos inspiratórios são ampliados, e durante a expiração ativa. Na respiração forçada, a atividade aumentada dos neurônios inspiratórios estimula os músculos acessórios, como o ECOM. A contração desses músculos acessórios aumenta a expansão do tórax elevando o esterno e as costelas superiores. Os quimiorreceptores sensíveis ao oxigênio e dióxido de carbono estão estrategicamente associados com a circulação arterial. Se muito pouco oxigênio estiver presente no sangue arterial destinado para o encéfalo e para outros tecidos, a frequência e a amplitude da respiração aumentam. Se a taxa de produção de CO2 pelas células excede a taxa de remoção de CO2 pelos pulmões, a PCO2 arterial aumenta e a ventilação é aumentada para equiparar a remoção de CO2 à sua produção. Os quimiorreceptores periféricos localizados nas artérias carótida e aorta detectam as mudanças na PO2, no pH e na PCO2 do plasma. Os quimiorreceptores centrais no encéfalo respondem às mudanças na concentração de CO2 no líquido cerebrospinal. Quando os quimiorreceptores periféricos são ativados por uma diminuição na PO2, no pH ou por um aumento na PCO2, desencadeiam um reflexo que aumenta a ventilação. Um estímulo inativa canais de K, causando a despolarização da célula receptora. A despolarização abre canais de Ca controlados por voltagem, e a entrada do íon causa a exocitose do neurotransmissor sobre o neurônio sensorial. Esses NT iniciam potenciais de ação nos neurônios sensoriais que vão às redes respiratórias do tronco encefálico, sinalizando para aumentar a ventilação. …. Sistema Respiratório …. Quando a PCO2 arterial aumenta, o CO2 cruza a barreira hematoencefálica rapidamente e ativa os quimiorreceptores centrais. Estes receptores sinalizam para a rede de controle aumentar a frequência e a amplitude da ventilação, aumentando a ventilação alveolar e removendo o CO2 do sangue. Quando a PCO2 do plasma aumenta, os quimiorreceptores inicialmente respondem intensamente aumentando a ventilação. Contudo, se a PCO2 permanecer elevada por vários dias, a ventilação diminui novamente para a frequência normal, à medida que a resposta dos quimiorreceptores se adapta por mecanismos não esclarecidos. Se a PCO2 alveolar cai, como pode ocorrer durante a hiperventilação, a PCO2 no plasma e a PCO2 no líquido cerebrospinal também diminuem. Consequentemente, a atividade dos quimiorreceptores centrais diminui, e a rede de controle diminui a frequência da ventilação. Quando a ventilação diminui, o dióxido de carbono começa a acumular-se nos alvéolos e no plasma. Finalmente, a PCO2 arterial sobe acima do nível limiar para os quimiorreceptores. Neste ponto, os receptores disparam, e a rede de controle aumenta novamente a ventilação. Além dos reflexos quimiorreceptores que ajudam a regular a ventilação, o corpo possui reflexos protetores que respondem a danos físicos ou irritação do trato respiratório e à hiperinsuflação dos pulmões. O principal reflexo protetor é a broncoconstrição, mediada por neurônios parassimpáticos que inervam o músculo liso bronquiolar. Receptores de irritação presentes na mucosa das vias aéreas enviam sinais por meio de neurônios sensoriais para os centros de integração no sistema nervoso central que provocam a broncoconstrição. A resposta protetora reflexa também inclui tosse e espirro. Processos mentais conscientes ou inconscientes também afetam a atividade respiratória. Os centros superiores no hipotálamo e no cérebro podem alterar a atividade da rede de controle no tronco encefálico e mudar a frequência e a amplitude da ventilação. A respiração também pode ser afetada pela estimulação de partes do sistema límbico. Por essa razão, atividades emocionais e autonômicas,
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