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RETROSPECTIVA HISTÓRICA DO CONCEITO DE INTELIGÊNCIA

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RETROSPECTIVA HISTÓRICA DO CONCEITO DE INTELIGÊNCIA
Andryelle Karoline Belmiro de Mélo
Matrícula: 01430501
Especialização em Educação, Jogos e Ludicidade para o Ensino
No início do século XX acreditava-se que a capacidade intelectual fosse única, quantificável e que permanecia estável ao longo do tempo. Em decorrência desse pensamento, neste período, os testes psicológicos ganharam força graças a seu poder de mensuração de inteligência e de outros tipos de avaliações, influenciando sobremaneira o contexto educacional de todo o mundo, inclusive do Brasil.
A criação do primeiro teste de inteligência aconteceu na primeira década do século XX a partir de uma demanda do ensino francês que pretendia promover uma importante reorganização do sistema de ensino do país, baseada nas diferenças individuais. 
Nessa época, Alfred Binet e seu colaborador Theodore Simon que entendiam a inteligência como um complexo mutável de diversas funções, modeláveis pelo ambiente e por variáveis de acordo com o grau de desenvolvimento do indivíduo (Binet & Simon, 1916) estavam envolvidos com pesquisas para medir as habilidades mentais humanas e a pedido do ministro da educação da França desenvolveram uma escala que consistia de 30 breves tarefas organizadas de acordo com a ordem de dificuldade que abrangiam conteúdos de cunho linguístico, lógico-matemático e de memória. Esta primeira escala apareceu em 1905, mas passou por revisões em 1908 e 1911. Eles consideraram que quando as crianças crescem, elas funcionam com mais eficiência à medida que a inteligência apresenta-se mais desenvolvida. A partir do resultado das tarefas era possível verificar se as habilidades da criança estavam de acordo com o esperado para sua idade. Nascia assim, o primeiro teste de inteligência conhecido como teste Binet-Simon. 
Naquela ocasião, Binet alegou que havia três métodos para “medir” a inteligência. O primeiro era o método médico que procurava os sinais patológicos, fisiológicos e anatômicos da inteligência inferior. O segundo era o método pedagógico que se baseava no conhecimento adquirido na escola como um meio para mensurar a inteligência, que ele considerava como a soma do conhecimento adquirido (inteligência em geral). O terceiro é o método psicológico que se focaliza na observação direta e na mensuração do comportamento inteligente. 
Os trabalhos de Binet e Simon de inicio foram bastante questionados, este fato se deu principalmente porque os testes pareciam não dar conta de avaliar a capacidade do indivíduo adulto, focando apenas no estudo de crianças com deficiências. Na realidade, os autores elaboraram uma “escala métrica da inteligência” para detectar na escola as crianças “perfectíveis”, ou seja, aquelas que seriam suscetíveis de frequentar as classes chamadas de “aperfeiçoamento” para que elas pudessem adquirir elementos da instrução primária, aprender certas normas sociais e, assim, serem, mais tarde, socialmente utilizáveis no mercado de trabalho, no exercício de profissões manuais. Mais tarde, outros estudiosos vieram aperfeiçoar os trabalhos de Alfred Binet e de seu colaborador Theodore Simon. Entre eles, o psicólogo alemão Wilhelm Stern.
William Stern nasceu em 1871, na cidade de Berlim, na Alemanha. Foi um psicólogo e filósofo, considerado como um dos pioneiros da psicologia da personalidade e inteligência, sendo visto como um líder da juventude do seu tempo e uma das maiores autoridades em psicologia diferencial. Em 1912, ele propôs o termo Quociente de Inteligência (QI) para pontuar os resultados dos primeiros testes de inteligência. Stern acreditava que era possível medir a capacidade intelectual de uma pessoa relacionando a sua idade mental com a sua idade cronológica. Ele acreditava que a idade mental de uma pessoa indica o seu nível de habilidade. Já a sua idade cronológica corresponde à quantidade de anos que esse indivíduo viveu. A sua ideia foi dividir esses dois números e multiplicar o resultado por 100. . Assim, uma criança com idade cronológica de 10 anos e nível mental de 8 anos teria QI 80, porque (8/10) x 100 = 80. A partir desse quociente ele imaginou ser possível verificar se uma pessoa tem alguma deficiência cognitiva, se ela é superdotada ou se ela é simplesmente normal. 
Os estudos de William Stern culminaram no que comumente chamamos de testes de QI onde através de um escala - que geralmente vai de 0 a 200-especialistas conseguem comparar as habilidades de diferentes pessoas levando em consideração a média global e, no caso de crianças, a faixa etária na qual estão inseridas. Diversas classificações foram propostas ao longo dos anos, mas uma das mais aceitas atualmente sugere que a inteligência média varia entre os 85 e os 114 pontos. Os dados da tabela abaixo correspondem a uma escala de, QI que tem uma boa aceitação.
Atualmente os testes de QI ainda são muito utilizados e bastante populares. No Brasil, por exemplo, há uma série de testes de inteligência disponíveis, mas é importante verificar se esses testes tem a aprovação do Conselho Federal de Psicologia. 
Hoje, a Escala de Inteligência Wechsler para Adultos (WAIS III) é o teste de QI mais conhecido no mundo e também um dos mais renomados sendo aplicado por milhares de instituições. Também existe um teste específico para menores de 16 anos, a Escala Wechsler de Inteligência para Crianças. A WAIS surgiu em 1955. Suas revisões são a Escala de Inteligência Wechsler para Adultos – Revisada (WAIS-R, 1981) e a Escala de Inteligência Wechsler para Adultos – Terceira Edição (WAIS-III, 1997). No WAIS-III, uma importante alteração diz respeito à extensão da faixa etária, que teve seu teto ampliado de 74 anos para 89 anos, o que estende sua utilidade na avaliação da população com mais idade. Outra importante alteração foi à inclusão de mais três subtestes: Procurar Símbolos, Raciocínio Matricial, e Sequência de Números e Letras.
A WAIS III é composta por 14 subtestes e dividem-se da seguinte maneira: subteste verbal e subteste de execução. Os subtestes verbais avaliam a linguagem e os raciocínios verbal e abstrato e têm correspondência próxima com a inteligência cristalizada; os de execução avaliam organização visoperceptual, velocidade de processamento e resolução de problemas que envolvem a ação motora e têm correspondência próxima com a inteligência fluida (Nascimento & Figueiredo, 2002a).
Nos últimos 50 anos o conceito de inteligência vem ganhando novas concepções e muitos estudiosos da área têm questionado a eficácia dos testes de QI. Nesse novo cenário cada vez mais a ideia de que a inteligência tem aspectos múltiplos e variados na sua avaliação vem ganhando força, e, sobretudo, a relação entre inteligência e bom desempenho escolar vem sendo questionada.
Nos os anos 80, surge o primeiro trabalho do psicólogo norte-americano Howard Gardner propondo uma teoria de inteligências múltiplas. Para Gardner a inteligência não pode ser medida por testes e raciocínio lógico-matemático, ele define a inteligência como a habilidade para resolver problemas ou criar produtos que sejam significativos em um ou mais ambientes culturais, ele defende que o indivíduo vai desenvolver determinadas habilidades mais que outras, em função das necessidades de resolver problemas próprios da cultura em que vive. Sugere, ainda, que alguns talentos somente são desenvolvidos porque são valorizados culturalmente.
 Conhecido mundialmente por sua Teoria das Inteligências Múltiplas, Howard Gardner é professor na Universidade de Harvard e na Boston School of Medicine, e integra o grupo de pesquisa Good Work Project. Em um uma entrevista ele afirmou: “durante centenas de anos, os psicólogos seguiam uma teoria: se você é inteligente, é assim para tudo. Se é mediano, se comporta dessa maneira todo o tempo. E, se você é burro, é burro sempre. Dizia-se que a inteligência era determinada pela genética e que era possível indicar quão inteligente é uma pessoa submetendo-a a testes. Minha teoria vai na contramão disso. Se você me pergunta se minhas ideias tiveram impacto significativo,eu digo que não. Não há escolas e cursos Gardner, mas pessoas que ouvem falar dessas coisas e tentam usá-las”.
Em seus estudos Gardner identificou sete tipos de inteligências: linguística, lógico-matemática, espacial, corporal-cinética, musical, interpessoal e intrapessoal.
. 
1. A dimensão linguística pode ser associada à habilidade para lidar com palavras de maneira criativa e de se expressar de maneira clara e objetiva. Ou seja, é a inteligência da fala e da comunicação verbal e escrita e não tem relação com a cultura da pessoa. Sensibilidade para os sons, ritmos e significados das palavras, além de uma especial percepção das diferentes funções da linguagem são os componentes centrais da inteligência linguística. Também podemos definir a inteligência como a habilidade para usar a linguagem para convencer, agradar, estimular ou transmitir ideias, expressando-se de modo característico no orador, no escritor, em todos os que lidam criativamente com as palavras, com a língua corrente, com a linguagem de uma maneira geral. Existem estudos interessantes referentes à lateralização das funções cerebrais, propondo sua localização em regiões específicas: a competência linguística estaria no lado esquerdo (no caso, ocidental, de um indivíduo destro) e as linguagens ideográficas das culturas orientais estariam localizadas nos dois hemisférios. As operações básicas incluem:
 
· Sintaxe: sensibilidade à estrutura da linguagem e à ordem das palavras;
· Semântica: sensibilidade aos sentidos das palavras;
· Fonologia: sensibilidade aos sons, ritmos e métricas das palavras;
· Pragmática: sensibilidade às funções ou usos práticos da linguagem;
· Aspecto retórico: a habilidade de usar palavras para influenciar outros;
· Aspecto explanatório: a habilidade de usar a linguagem para explicar conceitos.
2. A dimensão lógico-matemática diz respeito à capacidade de realizações operacionais de uma pessoa. Ou seja, operações numéricas e dedutivas, sendo normalmente associada à competência em desenvolver raciocínios dedutivos, em construir ou acompanhar cadeias causais, em vislumbrar soluções para problemas, em lidar com números ou outros objetos matemáticos, envolvendo cálculos, transformações etc. Em seu estereótipo mais frequente, o pensamento científico encontra-se fortemente associado à dimensão lógico-matemática da inteligência. As operações básicas incluem:
· Classificação;
· Comparação;
· Operações numéricas básicas;
· Compreensão de regras de causalidade, tempo, espaço;
· Raciocínio indutivo;
· Raciocínio dedutivo;
· Formulação e teste de hipóteses.
3. A dimensão espacial diz respeito à capacidade de compreensão, reconhecimento e manipulação de situações que estejam considerando a visão como fator determinante, estando diretamente associada às atividades do arquiteto ou do navegador, por exemplo, revelando-se uma competência especial na percepção e na administração do espaço, na elaboração ou na utilização de mapas, de plantas, de representações planas de um modo geral. Existem estudos que sugerem fortemente que tal competência desenvolve-se primordialmente no lado direito do cérebro, no caso ocidental de um indivíduo destro. As operações básicas incluem:
· A capacidade de perceber acuradamente o mundo visual dos objetos e das formas;
· A capacidade de realizar transformações e modificações mentais a partir das percepções iniciais;
· A capacidade de recriar aspectos da experiência visual na ausência de estímulos físicos;
· A capacidade de produzir símiles gráficos de informações espaciais;
· Sensibilidade à cor, linha, forma, formato, espaço e aos relacionamentos que existem entre esses elementos;
· A capacidade de pensar sistemicamente.
4. A dimensão corporal-cinética está relacionada à capacidade motora das pessoas, com destaque para atividades atléticas. Nesse contexto, o corpo é a ferramenta para expressar sentimentos. O controle dos movimentos, equilíbrio, coordenação e expressão por meio do corpo são os principais atributos de quem tem esse tipo de inteligência. Nesse caso, a facilidade de aprendizado está ligada à experiência física, ao movimento, às sensações e também aos toques. Esta inteligência se refere à habilidade para resolver problemas ou criar produtos através do uso de parte ou de todo o corpo. É a habilidade para usar a coordenação grossa ou fina em esportes, artes cênicas ou plásticas no controle dos movimentos do corpo e na manipulação de objetos com destreza. As operações motoras delicadas e brutas básicas incluem:
· Coordenação;
· Equilíbrio;
· Destreza;
· Força, velocidade;
· Flexibilidade;
· Capacidades táteis;
· Sensibilidade para coordenar grupos.
5. A dimensão musical é o que muitos chamam de talento musical. É aquela aptidão por compor, tocar ou estar inserido no universo dos padrões musicais. Inclui a capacidade de perceber (como amante da música), discriminar (como crítico musical), transformar (como compositor) e expressar (como intérprete) formas musicais. As operações básicas incluem:
· Sensibilidade à afinação (a altura ou profundidade dos tons determinadas por suas ondas sonoras);
· Sensibilidade ao ritmo (a habilidade de perceber e identificar a frequência auditiva e agrupar sistemas de sons);
· Timbre (a habilidade de perceber e identificar as qualidades típicas ou as tonalidades distintas dos sons – instrumentais ou vocais);
· Expressão emocional (a habilidade de perceber a forma pela qual a música expressa sentimentos).
· Sensibilidade para perceber diferenças no ritmo de mudanças, de captar sutilezas na atmosfera do contexto em que atua/vive.
Gardner analisou o papel desempenhado pela música em sociedades primitivas, em diferentes culturas, em diferentes épocas, bem como no desenvolvimento infantil, e convenceu-se de que a habilidade musical representa uma competência em estado “puro”, no sentido de que não estaria necessariamente associada a nenhuma das outras dimensões citadas.
6. A dimensão interpessoal está ligada ao entendimento das intenções e desejos das pessoas. Reflexo direto na relação social do indivíduo em grupo. Consiste na habilidade de entender as intenções, motivações e desejos dos outros. Capacidade de compreender as pessoas e de interagir bem com os outros, o que significa ter sensibilidade para o sentido de expressões faciais, voz, gestos e posturas de habilidade para responder de forma adequada às situações interpessoais (Terapeutas, políticos, religiosos, professores e animadores de espetáculos). Para Gardner, esta inteligência pode ser descrita como uma habilidade para entender e responder adequadamente a humores, temperamentos motivações e desejos de outras pessoas. As operações básicas incluem:
· A habilidade de perceber e distinguir os humores, intenções, motivações e sentimentos de outras pessoas;
· A sensibilidade a expressões faciais, qualidades vocais e gestos;
· A capacidade de discriminar entre diferentes indicadores interpessoais;
· A habilidade de responder aos indicadores de forma pragmática;
· A habilidade de tomar decisões relevantes baseadas em percepções interpessoais acuradas;
· A habilidade de comunicar sensível e eficazmente.
7. A dimensão intrapessoal está diretamente ligada ao desenvolvimento de uma compreensão de si. Essa é a inteligência que é trabalhada para se conhecer e poder agir para alcançar objetivos pessoais. Podemos assim dizer que a inteligência Intrapessoal relaciona-se aos estados interiores do ser, autorreflexão e metacognição. As operações básicas incluem:
· Ter uma avaliação precisa dos próprios pontos fortes e fracos;
· Consciência dos próprios humores, intenções, motivações, temperamentos e desejos;
· A capacidade de autodisciplina, autoconhecimento e autoestima.
Em um segundo momento, Gardner também adicionou a essa lista a inteligência natural e a inteligência existencial. 
8. A inteligência natural está relacionada ao reconhecimento e classificação de uma espécie da natureza. Consiste em sentir-se como parte da Natureza e não separado dela. As pessoas que apresentam esse tipo de inteligênciapossuem uma visão sistemática da vida e que se relacionam ou se sentem conectados com os animais ou plantas.
9. A Inteligência Existencial está ligada a reflexão sobre temas que estão presentes na nossa vida. Geralmente pessoas que possuem esse tipo de inteligência propõem grandes questões, como: “Qual o sentido da vida? “Qual o significado da morte?” “O que é o amor?”.
Como está sempre atualizando suas pesquisas, Gardner também considerou mais adequado manter as inteligências Interpessoal e Intrapessoal em uma única classificação.
.	De certa maneira, podemos pressupor que todos nós somos deficientes em alguma dessas dimensões, mas que, no global, todos nós somos sempre competentes. Podemos assim presumir que todo criança indivíduo tem possibilidades de um desenvolvimento global de suas competências, podendo mostrar-se especialmente “inteligente” em uma ou mais das dimensões e deficiente em outras. 
Na área da educação, o papel da teoria de Gardner tem sido amplamente discutido, especialmente, ao ser levado em conta a necessidade de inserirmos essa nova concepção de inteligência no planejamento escolar. Para o autor da teoria das inteligências múltiplas as avaliações de desempenho deveriam ser pensadas levando em consideração as diversas habilidades humanas; os currículos deveriam ser específicos, individualizados, centrados em cada criança; o ambiente educacional deveria ser mais amplo e variado, de modo a depender menos exclusivamente de habilidades da linguagem e da lógica.
Em uma entrevista ao ser questionado sobre a forma como sua teoria pode ser incorporada às propostas pedagógicas ele respondeu: “No livro Multiple Intelligences Around the World diversos autores descrevem como implementaram minhas ideias. Enfatizo duas delas: a primeira é a individualização. Os educadores devem conhecer ao máximo cada um de seus alunos e, assim, ensiná-los da maneira que eles melhor poderão aprender. A segunda é a pluralização. Isso significa que é necessário ensinar o que é importante de várias maneiras - histórias, debates, jogos, filmes, diagramas ou exercícios práticos”. 
Nessa mesma entrevista o psicólogo pontuou que: “é mais fácil individualizar o ensino numa sala com dez crianças e em instituições ricas. Mas, mesmo sem essas condições ideais, é possível: basta organizar grupos formados por aqueles que têm habilidades complementares e ensinar de modos diferentes. Se o professor entende a teoria, consegue lançar mão de outras formas de trabalhar - como explorar o que há no entorno da escola. Se ele acredita que só com equipamentos caros vai conseguir bons resultados em sala de aula, não entendeu a essência do pensamento” e ainda afirmou que é um erro enorme acreditar que por termos mais a aprender, necessitamos ensinar mais.
Outro conceito que vem ganhando espaço nos estudos sobre inteligência é o conceito de inteligência emocional proposto por Daniel Goleman, um psicólogo americano nascido em 1946.
A ideia básica de Goleman é que não seria possível pensar a inteligência somente por meio de seu componente racional, mas que seria de fundamental importância considerar também as questões emocionais envolvidas na tomada de decisões. Assim, nas decisões, seria importante não somente “ser racional”, mas também “pensar com o coração” e levar em conta aspectos da intuição.
	Dessa forma, uma pessoa que possui inteligência emocional é capaz de identificar os próprios sentimentos e os dos outros, de se manter motivado e de gerir bem suas emoções. De acordo com os estudiosos, o desenvolvimento da inteligência emocional faz com que o indivíduo se torne mais compreensivo consigo mesmo e, consequentemente, redirecione suas emoções para atingir suas metas e objetivos. Além disso, ao desenvolver a inteligência emocional, ele também será capaz de lidar melhor com os conflitos que poderão surgir no seu cotidiano. 
Para Goleman alcançar esse tipo de inteligência exigiria treinamento, persistência e esforço, uma vez que ela não é herdada, não é genética. Tal treinamento envolveria cinco habilidades:
1. Autoconsciência corresponde à capacidade de conhecer as próprias emoções. Quando você tem consciência dos seus sentimentos, você toma decisões melhores. Ou seja, consiste em reconhecer os próprios estados de ânimo, os recursos e as intuições.
2. Autorregulação está relacionada a capacidade de controlar suas emoções em cada situação vivida. Quando se sentir pressionado, mantenha a calma e olhe a situação de maneira realista. Existem diversas maneiras de resolver uma situação, você pode pensar em cada uma delas e depois agir racionalmente. Ou seja, consiste em saber manejar os próprios estados de ânimo e impulsos;
3. Automotivação é a capacidade de encorajar a si mesmo. Utilize seus sentimentos e emoções em serviço dos seus objetivos e metas. Aja de maneira consciente, não faça tudo no modo automático para não ser tomado por sentimentos negativos e que vão afastar você do seu objetivo. Em resumo, é saber reconhecer as tendências emocionais que guiam ou facilitam o cumprimento das metas estabelecidas;
4. Empatia é a capacidade de reconhecer as emoções nos outros. Saber escutar as emoções e as pessoas é se sintonizar com o mundo. 
5. Habilidades Sociais é a capacidade de interagir bem com os outros. Ter bom relacionamento interpessoal é a base para a liderança e o sucesso. Nessa habilidade, a empatia é fundamental para gerir o sentimento do outro, pois precisamos entender o que ele está sentindo. 
Ao desenvolver suas habilidades de inteligência emocional você garante benefícios como:
· Sentimento de bem estar;
· Resiliência ao enfrentar um problema;
· Equilíbrio emocional;
· Melhores tomadas de decisões;
· Objetivos mais claros;
· Aumento na auto estima e auto confiança.
Em 1995, Daniel Goleman já era um nome de grande prestígio no meio acadêmico. No entanto, a ascensão em sua carreira aconteceu após o lançamento do best-seller “Inteligência Emocional”.
 
A obra foi traduzida em 40 idiomas e possuem mais de 5 milhões de cópias espalhadas ao redor do mundo — dessas, cerca de 400 mil circulam pelo Brasil. Depois do sucesso de sua primeira obra, não tardou para que Daniel Goleman se aprofundasse no assunto de inteligência emocional, compondo uma série de outros livros que, direta ou indiretamente, tratam do assunto:
– Trabalhando com a inteligência emocional, de 1998;
– Emoções Destrutivas e como dominá-las: um diálogo com Dalai Lama, de 2005;
– Inteligência social: o poder das relações humanas, de 2006;
– Inteligência ecológica: o impacto do que consumimos e as mudanças que podem melhorar o planeta, de 2009;
– Foco, de 2013;
– Liderança, de 2015.
Diante do exposto, dá para ter uma boa noção do quanto Daniel Goleman é participativo no meio, sendo considerado o “pai” da inteligência emocional. Usar o próprio cérebro e ter controle sobre as emoções são questões muito divulgadas, no trabalho de Daniel Goleman. Não à toa, são alguns dos pilares para o uso da inteligência emocional e o seu contínuo desenvolvimento. 
No entanto, o psicólogo em seus trabalhos também explora essas ideias aplicadas de outras formas. Sendo uma delas a crítica à tecnologia. Para Daniel Goleman, o uso exagerado da tecnologia prejudica a interação humana e, consequentemente, a empatia que necessitamos para colocar as nossas emoções em ação. O distanciamento gerado é prejudicial para o desenvolvimento humano. Outro aspecto que ele tem trabalhado em seus estudos está ligado a relação das pessoas com o próprio foco — tema, inclusive, de um do livro que lançou em 2013 intitulado Foco. 
Ele acredita que temos 3 focos:
– O foco interno que está associado às nossas próprias emoções;
– O foco externo que corresponde a atenção que dedicamos às outras pessoas;
– O foco empático que consiste na percepção do mundo à nossa volta, e não só a atenção que damos a ele, mas o seu impacto e as consequências das nossas ações também.
Embora os estudos do psicólogo Daniel Goleman tenham trazido a novidade da valorização de aspectos emocionaisna concepção de inteligência, a teoria de Goleman não se livrou de receber algumas críticas, sendo um dos principais motivos das críticas à falta de pesquisas que comprovem a sua eficácia.

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