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Contexto Institucional APRESENTAÇÃO Nesta Unidade de Aprendizagem será apresentado um panorama geral acerca do contexto onde a contabilidade pública está inserida, apresentando as principais dimensões e fatores que levaram até o estágio atual. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir os 3 modelos econômicos: Keynesiano, Wefare state e Burocrático Weberiano.• Identificar os pontos onde ocorreram as mudanças dos modelos de gestão pública.• Reconhecer o contexto em que está inserida a nova gestão pública.• DESAFIO Tendo você a função de gestor público de determinada esfera executiva, durante uma obra é determinado que devem ser seguidas normas internacionais para administração pública. A obra em questão é a construção de uma escola, a qual apresenta as seguintes situações em que devem ser definidas quais normas devem ser seguidas e por qual(is) motivo(s): 1. Inicialmente, deve-se pensar que se trata da construção de um prédio onde a escola será instalada. 2. A escola precisará de alguns equipamentos disponíveis somente no exterior, portanto, será necessário importar os equipamentos. 3. A obra está sendo conduzida de forma emergencial e não existe verba disponível imediatamente, portanto, será necessário fazer um empréstimo para concluir a obra. INFOGRÁFICO Na década de 70 do século XX, em quase todo o mundo ocorreu a crise do Estado nacional- desenvolvimentista. O modelo de intervenção estatal que vigorava até aquele momento era constituído por três dimensões – econômica, social e administrativa. CONTEÚDO DO LIVRO O surgimento do movimento gerencialista na administração pública estabelece a necessidade do desenvolvimento de indicadores de desempenho. Tais indicadores têm a finalidade de alinhar as políticas prioritárias dos governos com as demandas da sociedade. Leia o capítulo Estrutura orçamentária: contexto institucional da obra Fundamentos de Contabilidade Pública que é a base teórica desta Unidade de Aprendizagem. Boa leitura. FUNDAMENTOS DE CONTABILIDADE PÚBLICA Thiago Bernardo Borges B732f Borges, Thiago Bernardo. Fundamentos de contabilidade pública [recurso eletrônico] / Thiago Bernardo Borges. – Porto Alegre : SAGAH, 2016. Editado como livro impresso em 2016. ISBN 978-85-69726-43-2 1. Contabilidade pública – Fundamentos. 2. Administração pública. I. Título. CDU 657:35 Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094 Estrutura orçamentária: contexto institucional Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Definir os três modelos econômicos: Keynesiano, Welfare state e Burocrático Weberiano. � Identificar os pontos em que ocorreram as mudanças dos modelos de gestão pública. � Reconhecer o contexto em que está inserida a Nova Administração Pública. Introdução Neste texto, você verá um panorama do contexto em que a contabi- lidade pública está inserida. Nesse panorama, serão apresentadas as principais dimensões e fatores que levaram a contabilidade pública até o estágio atual. Histórico Os anos 1970 trouxeram o declínio do período de crescimento pelo qual pas- sou a economia mundial desde o fim da Segunda Guerra Mundial. A recessão reduziu as taxas de crescimento e, consequentemente, reduziu os recursos ar- recadados pelo setor público. Além disso, o Estado mergulhou em uma crise fiscal, situação que abriu caminho para a discussão sobre a eficácia do antigo modelo de intervenção estatal. O modelo de intervenção estatal que vigorava até aquele momento era constituído por três dimensões – econômica, social e administrativa: A primeira denominada Keynesiana, conhecida por ser ativamente in- tervencionista, procurando garantir o pleno emprego e atuar em setores considerados estratégicos para o desenvolvimento nacional; A segunda dimensão era representada pelo Welfare State, a qual ob- jetivava a promoção de políticas públicas na área social, garantindo o atendimento das necessidades básicas da população; por fim, A terceira dimensão era o modelo burocrático weberiano, relativo ao funcionamento interno da máquina estatal, foi desenvolvido para com- bater o patrimonialismo estatal. Seus atributos eram a impessoalidade, a neutralidade e a racionalidade, os quais eram garantidos através do arca- bouço legal constituído. O entendimento difundido era de que o servidor deveria ser um especialista, daí surgem a estruturação de processos, hie- rarquização, construção de manuais. (ABRUCIO, 1997, p.6). A incapacidade do Estado de manter o funcionamento regular de suas atividades internas e a prestação de serviços – devido à dificuldade de gestão de um aparato estatal inchado e à queda nos recursos –, levou a uma situação de ingovernabilidade. A literatura especializada menciona os problemas de baixa governabili- dade, crise fiscal e queda no crescimento global. Além disso, adiciona a eles outro fator importante para a crise do Estado: a globalização. A globalização provocou uma perda considerável do poder dos estados nacionais de estabe- lecer políticas macroeconômicas. Isso porque transformou a lógica do setor produtivo, retirando do controle do Estado a administração do fluxo financei- ro e comercial e passando-a para as multinacionais. As empresas passaram a produzir e competir globalmente. Assim, ideias de descentralização, terceirização e flexibilização administrativa foram di- fundidas por todo o mundo. As organizações deslocavam suas fábricas para onde o custo fosse mais baixo. Esse movimento alterou a dinâmica dos fluxos financeiro e comercial no mundo, e as empresas passaram a decidir onde e quanto produzir. Portanto, o Estado não pode mais proteger sua economia da competição internacional criando barreiras para entrada e saída de investi- mentos. Seu novo papel passou a ser tornar a economia nacional internacio- nalmente competitiva. Nesse sentido, a globalização aumentou a crise do Estado, pois o controle dos investimentos passou do Estado para o mercado – mais especificamente para as multinacionais. As multinacionais acusavam o Estado de reduzir sua competitividade em um mundo globalizado, apontando o excesso de tributos como principal causa. A transformação do Estado, com o objetivo de rever a performance da ad- ministração pública por meio de ajuste fiscal e mudança institucional, tornou- -se inadiável: Fundamentos de contabilidade pública54 A discussão sobre os meios necessários para promover as condições para que o Estado e suas instituições funcionem mais efetivamente tornou-se uma das questões de primeira ordem na agenda de reformas. Neste sentido, a reforma administrativa assume posição decisiva. (REZENDE, 2002, p. 168). Bresser-Pereira (1998), em seu artigo sobre reforma e democracia, afirma que o projeto de reforma do Estado era uma alternativa viável. Isso porque conciliava o interesse de empresários – que desejavam buscar a eficiência no gasto, podendo gerar redução de carga tributária – e os anseios da população – que exigia maior efetividade das políticas públicas, além de melhores servi- ços. Em acréscimo, despertava a burocracia para a possibilidade de uma valo- rização da classe baseada em resultados individuais e coletivos, assim como para a possibilidade de agradar aos governantes que vislumbravam soluções capazes de dar fim à crise que se instalara. Para todos esses objetivos serem atingidos, seria necessária a reconstrução do Estado: Reconstrução do Estado significa: recuperação da poupança pública e superação da crise fiscal; redefinição das formas de intervenção no econô- mico e no social por meio da contratação de organizações públicas não estatais para executar os serviços de educação, saúde, e cultura; e reforma da administração pública com a implantação de uma administração pú- blica gerencial. (BRESSER-PEREIRA,1998, p.39). A proposta de mudança do modelo de gestão pública teve início em paísescomo Inglaterra, Austrália e Estados Unidos. Durante a gestão Reagan nos Estados Unidos, foi elaborado um diagnóstico que apontava as cinco principais causas do insucesso na gestão pública. Essas causas estavam vinculadas a: � Interferência política na administração diária das agências federais; � Falta de continuidade de pessoal, especificamente em escalões superiores; � Falta de incentivos na busca por maior eficiência e economia; � Sistema contábil geral e sistemas de gerenciamento de informações inadequados; � Ausência de uma administração financeira e contábil rigorosa. Saiba mais Estrutura orçamentária: contexto institucional 55 O que você entende por administração pública gerencial é a substituição do modelo burocrático, já condenado naquela época, por um novo paradigma. O modelo burocrático era considerado excessivamente rígido, centralizado, voltado apenas para o cumprimento do regimento legal e avaliado somente nesses aspectos. Por isso, ele precisaria dar espaço a um novo paradigma. E esse paradigma deveria ter os seguintes princípios gerais: � Orientação para resultados. � Ênfase na eficiência e na elevação da performance. � Descentralização dos controles gerenciais no sentido de maior autonomia. � Responsabilização e flexibilização de procedimentos. � Introdução de mecanismos de mercado na gestão pública. � Distinção mais específica entre formulação e implementação de políticas públicas. � Maior transparência nos gastos. As ferramentas baseadas nesses princípios possibilitariam a queda nos custos de manutenção do Estado, garantindo o alcance do ajuste fiscal. Elas também possibilitariam a modernização da gestão, com o objetivo de tornar o Estado mais eficiente e voltado ao atendimento das demandas da sociedade. No Brasil, o único movimento reformista que teve alguma expressão antes de 1995 foi a reforma desenvolvimentista de 1967, que buscava a superação da rigidez burocrática e uma administração voltada para o cidadão. Foi feita a transferência de diversas atividades para autarquias e fundações – que estão na base da denominada administração indireta, bem como para empresas pú- blicas e sociedades de economia mista – a fim de se obter maior dinamismo operacional. Como um dos princípios de racionalidade administrativa, foi ins- tituída a racionalização dos processos de planejamento e orçamento, a descen- tralização e a desconcentração de funções, além da estruturação ou reforço das atividades de coordenação e a adoção de novos mecanismos de controle. Contudo, esse esforço para remodelar o Estado e introduzir princípios ge- renciais não alcançou seus objetivos. Isso ocorreu porque o enrijecimento e a ineficiência burocrática se mantiveram, se estendendo durante o período mili- tar e atingindo seu ápice após a promulgação da Constituição Federal de 1988. A literatura especializada descreve a última constituição brasileira como um retrocesso no que diz respeito à gestão estatal, pois, nos dois primeiros anos do regime democrático, a crise fiscal e a necessidade de alterar a forma de o Estado intervir na economia foram ignoradas. Os gestores acreditavam Fundamentos de contabilidade pública56 que a retomada do crescimento nacional poderia ser alcançada pelo aumento do gasto público e pela elevação forçada de salários reais, medidas que resul- taram em fracasso dos planos econômicos implantados. Após esse período, se tornou mais evidente a necessidade de agilizar e flexibilizar a máquina pública, ou seja, de uma reforma gerencial que permitisse a recuperação da capacidade do Estado de formular e implementar políticas públicas. Dessa forma, no Brasil, a partir de 1995, começou um movimento para im- plementação do modelo gerencial de gestão no governo. No princípio era uma iniciativa do Governo Federal, mas, a partir da década de 2000, os estados e municípios também aderiram ao movimento. O surgimento do movimento gerencialista na administração pública es- tabelece a necessidade do desenvolvimento de indicadores de desempenho. Tais indicadores têm a finalidade de alinhar as políticas prioritárias dos go- vernos com as demandas da sociedade. Políticas contábeis e financeiras impactam na performance organizacional do governo como um todo. Os autores argumentam que um bom desempenho econômico e organizacional depende de decisões melhores e, para que elas se- jam tomadas, deve existir um bom mecanismo de medição de resultados. Nes- se contexto, a contabilidade deve prover seus usuários com demonstrações e análises econômicas, financeiras, físicas e de produtividade, com relação à entidade objeto de contabilização. Reforçando o papel das políticas contábeis em um contexto de reforma, alguns autores defendem que, sem reformas na gestão financeira, a aplicação dos princípios da Nova Administração Pública torna-se menos significativa para a sociedade. Em um contexto internacional, os gerentes têm utilizado sistemas contá- beis e relatórios financeiros com maior flexibilidade. Eles usam essas infor- mações em paralelo com outros indicadores de desempenho, financeiros ou não, para a tomada de decisão. Estrutura orçamentária: contexto institucional 57 As normas internacionais têm forte impacto no controle financeiro das instituições e funcionam como um reforço para várias medidas já determinadas pela Lei de Respon- sabilidade Fiscal no Brasil. Contudo, gerencialmente, também existem inovações em função das atualizações normativas, como é o caso dos sistemas de custeio para o setor público e da proposta de elaboração da Demonstração do Resultado Econômico. Saiba mais IPSAS e administração pública Você pode compreender a contabilidade gerencial como uma extensão da contabilidade financeira. Os relatórios gerenciais são mais amplos que as demonstrações providas pela contabilidade financeira, mas valem-se dessas informações para a elaboração de indicadores e aprimoramento das avalia- ções. Consequentemente, a mudança nas regras da contabilidade financeira impacta fortemente a produção de relatórios. A segregação da contabilidade em dois grupos, gerencial e financeira, foi feita com base na noção de que os usuários são diferentes. Eles podem ser internos ou externos, e apresentam distinções significativas em suas necessi- dades, perspectivas e expectativas de utilização das informações contábeis. A contabilidade financeira é muito regulamentada e focada no usuário exter- no. Seu objetivo se confunde com o das demonstrações contábeis, que, para fins de publicação externa, necessitam atender aos princípios e normas de contabilidade financeira. Já a contabilidade gerencial é voltada para os usuá- rios internos, que realizam tarefas de identificação, mensuração, acumulação, análise, preparação, interpretação e comunicação de informações, com a fina- lidade de auxiliar os gestores a atingir os objetivos organizacionais. No contexto da Nova Administração Pública, a literatura acadêmica considera que as reformas da contabilidade governamental são parte integran- te das renovações nesse tipo de administração. Nesse sentido, as práticas con- tábeis são essenciais para o sucesso das reformas que objetivam a melhoria da gestão e da tomada de decisão pelas instituições governamentais. A fim de dar suporte e racionalizar o processo de reformas dos sistemas contábeis, o International Public Sector Accounting Standards Board (IP- SASB) desenvolveu as Normas Internacionais de Contabilidade Aplicadas Fundamentos de contabilidade pública58 ao Setor Público (IPSAS – International Public Sector Accounting Standar- ds) para orientar a normatização dos relatórios financeiros das entidades do setor público. Anteriormente chamado Public Sector Committee (PSC), o IPSASB foi instituído pela International Federation of Accountants (IFAC). Criado em 1986, o então PSC iniciou o desenvolvimento de normas (stan- dards) visando o desenvolvimento das IPSAS, que se basearam nos Internacio- nal Accounting Standards (IAS). Essa fasedo programa contou com a colabo- ração do Asian Development Bank, do IFAC, do Internacional Monetary Fund (IMF), do The United Nations Development Programme (UNDP) e do World Bank, que fechou em 2002. Em 2004, ocorreu a mudança de nome de PSC para IPSASB. O órgão passou então a ser responsável pela emissão das IPSAS. O IPSASB já publicou 31 IPSAS, cujos objetivos gerais são apresentados na Tabela 1. Você pode notar que há uma tentativa de aproximação com as normas do setor privado. Isso acontece devido à necessidade, imposta pela globalização, de que entidades públicas se adequem às boas práticas de gover- nança. Essa demanda é consequência do surgimento de um grupo crescente de interessados (stakeholders), o que demonstra interesse na qualidade das prestações de contas, uma vez que aumentaram as parcerias entre governos e entidades privadas. NORMA INTERNACIONAL OBJETIVO GERAL IPSAS 1 – Presentation of Financial Statements O objetivo desta norma é recomendar o modo pelo qual as demonstrações financeiras de propósito geral devem ser apresentadas, sendo claramente aconselha- da a utilização do regime de competência puro. IPSAS 2 – Cash Flow Statements Estabelece diretrizes para a elaboração das DFCs. As DFCs permitem identificar as fontes de entradas de caixa, os itens nos quais o caixa é gasto durante o exercício e o saldo de caixa na data do fechamento do exercício. IPSAS 3 – Accounting Policies, Changes in Accounting Estimates and Errors Prescreve o critério de seleção e as mudanças de práticas contábeis, assim como o tratamento contá- bil e a evidenciação decorrentes dessas alterações, das mudanças nas estimativas contábeis e da corre- ção de erros observados. Tabela 1. Relação das IPSAS publicadas até abril de 2012. (Continua) Estrutura orçamentária: contexto institucional 59 NORMA INTERNACIONAL OBJETIVO GERAL IPSAS 4 – The Effects of Changes in Foreign Exchange Rates Recomenda a forma de incluir as transações em moeda estrangeira e as operações externas nas de- monstrações financeiras de uma entidade. Também indica como converter as demonstrações financeiras em uma determinada moeda. IPSAS 5 – Borrowing Costs Recomenda o tratamento contábil para juros decor- rentes de empréstimos. IPSAS 6 – Consolidated and Separate Financial Statements Estabelece requisitos para a elaboração e a apresen- tação das demonstrações financeiras consolidadas. IPSAS 7 0 Investiments in Associates Estabelece as diretrizes para a contabilidade de ganhos decorrentes da propriedade de entidades coligadas. IPSAS 8 – Interests in Joint Ventures Estabelece as diretrizes para a contabilidade de ganhos decorrentes da propriedade de negócios conjuntos (joint ventures). IPSAS 9 – Revenue from Exchange Transactions O objetivo desta norma é recomendar o tratamento contábil de receitas originárias. As receitas origi- nárias são auferidas quando o poder público está na mesma condição do particular, não havendo coercitividade na sua exigência. IPSAS 10 – Financial Reporting in Hyperinflationary Economies Estabelece a forma de divulgação de demons- trações financeiras de governos com economias hiperinflacionárias. IPSAS 11 – Constructions Contracts O objetivo desta norma é prescrever o tratamento contábil dos custos e receitas associadas com con- tratos de construção. IPSAS 12 0 Inventories O objetivo desta norma é regular as práticas de reconhecimento do registro de bens em estoque e suas saídas por vendas. IPSAS 13 – Leases O objetivo desta norma é regular, para arrendadores e arrendatários, as práticas contábeis e a eviden- ciação das operações de arrendamento mercantil (leasing) financeiro e operacional. Tabela 1. Relação das IPSAS publicadas até abril de 2012. (Continuação) (Continua) Fundamentos de contabilidade pública60 NORMA INTERNACIONAL OBJETIVO GERAL IPSAS 14 – Events after the Reporting Date O objetivo desta norma é identificar elementos e relevância para eventos ocorridos após a data do encerramento das demonstrações contábeis, que devem ser objeto de informação complementar na elaboração das demonstrações financeiras. IPSAS 15 – Financial Instruments: Disclosure and Presentation Objetiva apresentar normas que regulamentem contabilidade de hedge (hedge accounting). IPSAS 16 – Investment Property Dispõe sobre a contabilização de investimentos em propriedades e os requisitos de sua evidenciação. IPSAS 17 – Property, Plant and Equipment Dispõe sobre a contabilização de propriedades, instalações e equipamentos (ativo imobilizado). IPSAS 18 – Segment Reporting O objetivo desta norma é estabelecer os princípios para a divulgação de informações por segmentos de operações e negócios. IPSAS 19 – Provisions, Contingent Liabilities and Contingent Assets Define o que são provisões, passivos contingentes e ativos contingentes. Também identifica as circuns- tâncias nas quais as provisões devem ser reconheci- das, como elas devem ser mensuradas e as eviden- ciações que devem ser feitas. IPSAS 20 – Related Party Disclosures Dispõe sobre a exigência de evidenciação de partes relacionadas quando há controle. Também trata da exigência de informações sobre transações entre a entidade e suas partes relacionadas em determina- das circunstâncias. IPSAS 21 – Impairment of Non- -Cash Generating Assets Determina os procedimentos que uma entidade deve aplicar para determinar se um ativo não destinado à comercialização está depreciado e para assegurar que as perdas por deterioração sejam reconhecidas. IPSAS 22 – Disclosure of Information about the General Government Sector Estabelece requisitos para evidenciação de demons- trações consolidadas do setor governamental. IPSAS 23 – Revenue from Non- Exchange Transactions (Taxes and Transfers) Estabelece os requisitos para evidenciação de recei- tas derivadas, ou seja, aquelas que são decorrentes da supremacia do poder público sobre o particular, tais como tributos, contribuições e transferências (doações, contribuições, etc.). Tabela 1. Relação das IPSAS publicadas até abril de 2012. (Continuação) (Continua) Estrutura orçamentária: contexto institucional 61 Apesar de as IPSAS se referirem a procedimentos ligados à contabilidade financeira, você deve notar que elas também fazem uma clara referência a análises mais profundas, apoiadas nas informações financeiras. Isso ocorre, por exemplo, quando a finalidade dos relatórios financeiros é abordada, como NORMA INTERNACIONAL OBJETIVO GERAL IPSAS 24 – Presentation of Budget Informations in Financial Statements Esta norma requer uma comparação entre os mon- tantes do orçamento e os reais montantes obtidos na execução orçamentária, a serem incluídos nas demonstrações financeiras de entidades designadas a publicar os seus orçamentos aprovados. A norma também exige os motivos das diferenças relevantes entre o orçamento e os montantes reais. IPSAS 25 – Employee Benefits O objetivo desta norma é descrever os procedimen- tos contábeis de contabilização de divulgação sobre benefícios concedidos a empregados. IPSAS 26 – Impairment of Cash- Generating Assets O objetivo desta norma é informar os procedimen- tos que uma entidade aplica para determinar se um ativo gerador de caixa está reconhecido pelo seu valor recuperável. Também especifica quando uma entidade deve reverter as perdas para redução ao valor recuperável e prescreve as divulgações neces- sárias. IPSAS 27 – Agriculture Prescreve o tratamento contábil relacionado às atividades agrícolas dos governos. IPSAS 28 – Financial Instruments: Presentation O objetivo é estabelecer princípios para apresen- tação de instrumentos financeiros como dívidas financeiras e passivos líquidos. IPSAS 29 – Financial Instruments: Recognition and measurement O objetivo é estabelecer princípios para o reconhe- cimento e mensuração de ativos financeiros, dívidas financeiras e alguns contratos de compra e venda com itens não financeiros. IPSAS 30 – Financial Instruments:Disclosures O objetivo é requerer das entidades evidências, nas demonstrações financeiras, que permitam a avalia- ção dos instrumentos financeiros e de seus riscos. IPSAS 31 – Intangible Assets O objetivo é prescrever o tratamento contábil para ativos intangíveis não especificados por outros normas (standards). Tabela 1. Relação das IPSAS publicadas até abril de 2012. (Continuação) Fundamentos de contabilidade pública62 você pode notar neste trecho: (os instrumentos objetivam) “prover uma maior quantidade de informação agregada para avaliação do desempenho organiza- cional em termos de custos, eficiência e execução” (IFAC, 2011, p. 13). A ampliação da evidenciação e a padronização de procedimentos de men- suração auxilia na obtenção de informações necessárias para a produção de relatórios gerenciais. Esse é outro ponto de destaque da utilização das IPSAS que impacta na contabilidade. Para países que realizaram reformas gerenciais nos moldes da Nova Ad- ministração Pública, as reformas contábeis não se restringiram apenas à convergência às normas internacionais do setor público. As reformas procu- raram estabelecer um novo patamar na produção de informações contábeis, principalmente para auxiliar os gestores públicos na tomada de decisão. As mudanças, além de serem no ordenamento legal, buscaram o estabelecimento de uma nova cultura organizacional. Estes são alguns países que estão em processo de adoção das IPSAS (alguns mais avançados e outros menos): Aus- trália, Canadá, Nova Zelândia, Estados Unidos, Dinamarca, Finlândia, Sué- cia, Holanda, Bélgica, França, Alemanha, Grécia, Portugal, Espanha e Suíça. Acesse o site: http://www.cnm.org.br/contadores/img/pdf/normas_internacionais_ de_contabilidade/NornasInternacionaisdeContabilidadeparaoSetorPublico.pdf Link Estrutura orçamentária: contexto institucional 63 1. Além dos problemas de baixa go- vernabilidade, crise fiscal e queda no crescimento global, qual outro fator foi importante para a crise do Estado? a) Patrimonialismo estatal. b) Globalização. c) Flexibilização administrativa. d) Rigor da legislação. e) Queda nos recursos. 2. Das alternativas abaixo, qual repre- senta um dos pontos que seria uma das principais causas do insucesso na gestão pública, de acordo com o diag- nóstico elaborado para a proposta de mudança da gestão pública nos EUA? a) Interferência política na adminis- tração diária das agências federais. b) Continuidade de pessoal, especifi- camente em escalões superiores. c) Falta de incentivos na busca por menor eficiência e economia. d) Sistema contábil específico e falta de sistemas de gerenciamento de informações. e) Administração financeira e contá- bil muito rigorosa. 3. Sobre uma das três dimensões que constituíam o modelo de interven- ção estatal, qual das alternativas re- presenta a sua CORRETA descrição? a) Keynesiana: seus atributos eram a impessoalidade, a neutralidade e a racionalidade, os quais eram garantidos por meio do arcabou- ço legal constituído. b) Welfare State: o entendimento difundido era de que o servidor deveria ser um especialista, daí surgem a estruturação de proces- sos, hierarquização e construção de manuais. c) Modelo burocrático Weberiano: relativo ao funcionamento interno da máquina estatal, desenvolvido para combater o patrimonialismo estatal. d) Keynesiana: intervencionista, po- rém de forma passiva, renegando a garantia do pleno emprego e atuação em setores considerados estratégicos para o desenvolvi- mento nacional. e) Welfare State: objetivava a exclu- são de políticas públicas na área social, garantindo o atendimento das necessidades secundárias da população. 4. A contabilidade é dividida em 2 grupos, a gerencial e a financeira, as quais partem do princípio de que possuem usuários diferentes, que apresentam distinções de utilização das informações contábeis. Com isso, estes 2 grupos apresentam quais características? a) A contabilidade financeira é for- temente regulamentada e focada no usuário interno. Já a contabili- dade gerencial é voltada para os usuários externos. b) A contabilidade financeira possui o mesmo objetivo das demons- trações contábeis, pois não precisa atender a princípios e nor- mas. Já a contabilidade gerencial realiza tarefas exclusivamente de mensuração de informações. c) A contabilidade financeira realiza Exercícios Fundamentos de contabilidade pública64 tarefas de identificação, men- suração, acumulação, análise, preparação, interpretação e comunicação de informações. Já a contabilidade gerencial é forte- mente regulamentada e focada no usuário externo. d) A contabilidade financeira tem a finalidade de auxiliar os gestores a atingir objetivos organizacionais, enquanto a contabilidade geren- cial possui um objetivo que se confunde com o das demonstra- ções contábeis, que, para fins de publicação externa, necessitam atender aos princípios e normas de contabilidade financeira. e) A contabilidade financeira é for- temente regulamentada e focada no usuário externo, sendo que seu objetivo se confunde com o das demonstrações contábeis. Já a contabilidade gerencial é voltada para os usuários internos, realizando as tarefas de identifi- cação, mensuração, acumulação, análise, preparação, interpretação e comunicação de informações. 5. Levando em consideração o contex- to da Nova Administração Pública, marque qual das alternativas abaixo está CORRETA: a) As reformas da contabilidade governamental são parte dispen- sável das reformas neste tipo de administração, sendo práticas contábeis em desuso para o sucesso de sua implementação. b) As demonstrações providas pela contabilidade financeira são mais amplas que os relatórios gerenciais, pois incluem essas informações para a elaboração de indicadores e aprimoramento das avaliações. c) A segregação da contabilidade em dois grupos, gerencial e finan- ceira, deve-se ao entendimento de que os usuários são diferentes, internos e externos. d) As reformas contábeis ficaram restritas a convergência às normas internacionais do setor público nos países que realizaram reformas gerenciais nos moldes da Nova Administração Pública. e) O que se percebe na leitura das IPSAS é apenas uma referência a análises rasas apoiadas nas infor- mações financeiras disponíveis. Estrutura orçamentária: contexto institucional 65 ABRÚCIO, F. L. O impacto do modelo gerencial na administração pública: um breve es- tudo sobre a experiência internacional recente. Cadernos ENAP, Brasília: ENAP, n. 10, 1997. BRESSER PEREIRA, L. C; SPINK, P. (Orgs.). Reforma do Estado e administração pública geren- cial. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1998. CONSTITUIÇÃO FEDERAL. Recuperado de: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/consti- tuicao/constituicao.htm>. Acesso em 27/06/2016. IPSAS (International Public Sector Accounting Standards). Recuperado de: <http:// www.jameslchan.com/papers/Chan2008IPSAS3.pdf>. Acesso em 27/06/2016. REZENDE, F. C. O dilema do controle e a falha sequencial nas reformas gerenciais. Revis- ta do Serviço Público, Brasília: ENAP, v. 53, n. 3, p. 50-74, jul./set. 2002. Leituras recomendadas ANDRADE, N. A. Contabilidade pública na gestão municipal. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2007. ARAUJO, I. P. S.; ARRUDA, D. G.; BARRETO, P. H. T. O essencial da contabilidade pública: teoria e exercícios de concursos públicos resolvidos. São Paulo: Saraiva, 2009. BEZERRA FILHO, J. E. Contabilidade pública: teoria, técnicas de elaboração de balanços e 500 questões. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. INTERNATIONAL FEDERATION OF ACCOUNTANTS (IFAC). Handbook of international pu- blic sector accounting pronouncements. New York: IFAC, 2011. KOHAMA, H. Contabilidade pública: teoria e prática. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2010. LIMA, D. V.; CASTRO, R. G. Contabilidade pública: integrando união, estados e municípios. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009. OLIVEIRA, A. B. S. Controladoria governamental: governança e controle econômicona implantação das políticas públicas. São Paulo: Atlas, 2010. PEREIRA, J. M. Curso de administração pública: foco nas instituições e ações governa- mentais. São Paulo: Atlas, 2008. PISCITELLI, R. B.; TIMBÓ, M. Z. F. Contabilidade pública: uma abordagem da administração financeira pública. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2010. Referências Fundamentos de contabilidade pública66 Conteúdo: DICA DO PROFESSOR Assista, no vídeo a seguir, sobre o modelo de gestão econômica na administração pública. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Além dos problemas de baixa governabilidade, crise fiscal e queda no crescimento global, qual outro fator foi importante para a crise do Estado? A) Patrimonialismo estatal. B) Globalização. C) Flexibilização administrativa. D) Rigor da legislação. E) Queda nos recursos. 2) Das alternativas abaixo, qual representa um dos pontos que seria uma das principais causas do insucesso na gestão pública, de acordo com o diagnóstico elaborado para a proposta de mudança da gestão pública nos EUA? A) Interferência política na administração diária das agências federais. B) Continuidade de pessoal, especificamente em escalões superiores. C) Falta de incentivos na busca por menor eficiência e economia. D) Sistema contábil específico e falta de sistemas de gerenciamento de informações. E) Administração financeira e contábil muito rigorosa. 3) Sobre uma das três dimensões que constituíam o modelo de intervenção estatal, qual das alternativas representa a sua correta descrição? A) Keynesiana: seus atributos eram a impessoalidade, a neutralidade e a racionalidade, os quais eram garantidos através do arcabouço legal constituído. B) Welfare State: o entendimento difundido era de que o servidor deveria ser um especialista, daí surgem a estruturação de processos, hierarquização e construção de manuais. C) Modelo burocrático Weberiano: relativo ao funcionamento interno da máquina estatal, desenvolvido para combater o patrimonialismo estatal. D) Keynesiana: intervencionista, porém de forma passiva, renegando a garantia do pleno emprego e atuação em setores considerados estratégicos para o desenvolvimento nacional. E) Welfare State: objetivava a exclusão de políticas públicas na área social, garantindo o atendimento das necessidades secundárias da população. 4) A contabilidade é dividida em 2 grupos, a gerencial e a financeira, as quais partem do princípio de que possuem usuários diferentes, que apresentam distinções de utilização das informações contábeis. Com isso, estes 2 grupos apresentam quais características? A contabilidade é dividida em 2 grupos, a gerencial e a financeira, as quais partem do princípio de que possuem usuários diferentes, que apresentam distinções de utilização das A) informações contábeis. Com isso, estes 2 grupos apresentam quais características? B) A contabilidade financeira possui o mesmo objetivo das demonstrações contábeis, pois não precisa atender a princípios e normas. Já a contabilidade gerencial realiza tarefas exclusivamente de mensuração de informações. C) A contabilidade financeira realiza tarefas de identificação, mensuração, acumulação, análise, preparação, interpretação e comunicação de informações. Já a contabilidade gerencial é fortemente regulamentada e focada no usuário externo. D) A contabilidade financeira tem a finalidade de auxiliar os gestores a atingir objetivos organizacionais, enquanto a contabilidade gerencial possui um objetivo que se confunde com o das demonstrações contábeis, que, para fins de publicação externa, necessitam atender aos princípios e normas de contabilidade financeira. E) A contabilidade financeira é fortemente regulamentada e focada no usuário externo, sendo que seu objetivo se confunde com o das demonstrações contábeis. Já a contabilidade gerencial é voltada para os usuários internos, realizando as tarefas de identificação, mensuração, acumulação, análise, preparação, interpretação e comunicação de informações. 5) Levando em consideração o contexto da Nova Administração Pública, marque qual das alternativas abaixo está correta: A) As reformas da contabilidade governamental são parte dispensável das reformas neste tipo de administração, sendo práticas contábeis em desuso para o sucesso de sua implementação. B) As demonstrações providas pela contabilidade financeira são mais amplas que os relatórios gerenciais, pois incluem essas informações para a elaboração de indicadores e aprimoramento das avaliações. C) A segregação da contabilidade em dois grupos, gerencial e financeira, deve-se ao entendimento de que os usuários são diferentes, internos e externos. D) As reformas contábeis ficaram restritas a convergência às normas internacionais do setor público nos países que realizaram reformas gerenciais nos moldes da Nova Administração Pública. E) O que se percebe na leitura das IPSAS é apenas uma referência a análises rasas apoiadas nas informações financeiras disponíveis. NA PRÁTICA Uma das formas em que podemos ver a evolução no contexto institucional é a aplicação das normas internacionais na gestão pública de vários países. Decorrente da globalização e do crescente interesse geral na qualidade das prestações de contas, governos se viram com a necessidade de se adequar às melhores práticas de gestão, conforme podemos ver a seguir, alguns países estão em processo de adoção das IPSAS, uns de forma mais avançada, enquanto outros ainda em processo inicial. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Gestão Pública Contemporânea Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Normas internacionais de contabilidade para o setor público Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! O contexto contemporâneo da administração pública na América Latina Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
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