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FACULDADE DE OURO PRETO DO OESTE Hematologia Leucemias Mielóides e Linfoblásticas, Linfomas Hodgkin e não Hodgkin, Talassemias, Distúrbios Mieloproliferativos Alunos: Edvane Arcelino Gabriel Antonio Larisça Carvalho Rayane Teixeira Rosemeire Rocha Silvana Gomes Professor: Dr. Hugo Vicentin Ouro Preto do Oeste, 01 de Julho de 2020 FACULDADE DE OURO PRETO DO OESTE Hematologia Leucemias Mielóides e Linfoblásticas, Linfomas Hodgkin e não Hodgkin, Talassemias, Distúrbios Mieloproliferativos Trabalho de Hematologia sobre as neoplasias da série branca do sangue, elaborado para o obtenção de nota avaliativa para o G2, sob a orientação do professor Dr. Hugo Vicentin. Alunos: Edvane Arcelino Gabriel Antonio Larisça Carvalho Rayane Teixeira Rosemeire Rocha Silvana Gomes Ouro Preto do Oeste, 01 de Julho de 202 SUMÁRIO 1. Introdução 2. Linfoma não Hodgkin 2.1. Conceito 2.2. Epidemiologia 2.3. Fisiopatologia 2.4. Classificação 2.4.1. Tabela de classificação 2.5. Manifestações clinicas 2.6. Tratamento 2.6.1. Tratamento dos linfomas indolentes 2.6.2. Tratamento dos linfomas agressivos 3. Linfoma de Hodgkin 3.1. Sinais e sintomas 3.2. Diagnostico laboratorial 3.3. Tratamento 3.3.1. Tabela esquema ABVD 3.3.2. Tabela chance de cura 4. Distúrbios mieloproliferativos 4.1. Classificação 4.2. Fisiopatologia 4.3. Manifestações clinicas 4.4. Sinais e sintomas 4.5. Tratamento 5. Leucemia mielóide crônica 5.1. Definição da doença 5.2. Classificação 5.3. Fisiopatologia 5.4. Manifestações clinicas e laboratorial 5.5. Diagnostico laboratorial 5.6. Tratamento 6. Leucemia linfoblastica aguda 6.1. Classificação 6.2. Fisiopatologia 6.3. Manifestações clínicas 6.4. Sinais e sintomas 6.5. Tratamento 7. Leucemia linfoblástica crônica 7.1. Classificação 7.2. Fisiopatologia 7.3. Manifestações clinicas 7.4. Sinais e sintomas 7.5. Tratamento- 8. Leucemia mieloide aguda 8.1. Classifucação 8.2. Fisiopatoligia 8.3. Manifestações clínicas 8.4. Tratamento 9. Talassemias 9.1. Betatalassemias 9.1.1. Definição 10.1.3. FisiopatologiaManifestações clinicas 10.1.4. Diagnostico 10.1.5. Tratamento 10.2 Alfatalassemias 10.2.1. Definição e classificação 10.2.2. Fisiopatologia 10.2.3. Diagnostico 10.2.4. Tratamento 11. Conclusão 12. Referencial bobliográfico 4 INTRODUÇÃO A leucemia aguda é uma neoplasia maligna extremamente agressiva q que possui elevada letalidade. Essas leucemias agudas são caracterizadas pelo acumulo de células progenitoras, ou seja, de células jovens chamadas de blastos. Essas células podem ser da linhagem mielóide ou linfoide. As leucemias são responsáveis por cerca de 3% dos casos de câncer nos EUA, e no Brasil ocupa o 9° lugar no ranking de neoplasias em homens e o 10° em mulheres. A forma mais comum no mundo como um todo é a LMA (leucemia mielóide aguda), devido a sua grande incidência em países horientais. Entratanto, em países ocidentais a forma mais comum é a LLC (leucemia linfocítica crônica). Em crianças com menos de 15 anos de idade, as leucemias costumam ser agudas, sendo a mais frequente a LLA (leucemia linfoblástica aguda). As leucemias crônicas caracterizam-se pelo acumulo lento e gradativo de leucócitos neoplásicos na medula óssea e no sangue, essas células estão em uma fase tardia de maturação. Essas leucemias se não tratadas acarretam importante redução da sobrevida. Os linfomas são um grupo de neoplasias do tecido linfoide, representado principalmente pelo linfonodo. O linfoma nasce no tecido linfoide e eventualmente passam para a medula óssea e outros tecidos, diferentemente das leucemias linficíticas, que se originam na medula óssea e depois atingem os linfonodos. Os linfomas são divididos em linfoma de Hodgkin e não Hodgkin. As talassemias causadas por uma desordem hereditária e tem como característica uma deficiência na síntese das cadeias de globina, seus sintomas variam desde assintomáticos até crianças com anemia grave, deformidades ósseas, e destruição acelerada dos glóbulos vermelhos. São classificadas em betatalassemias e alfatalassemias. Os distúrbios mieloproliferativos tem em comum o fato de serem neoplasias hematolpgicas que tem o clone neoplásico originado na stem cell (células tronco). Este clone é capaz de se diferenciar em células hematológicas maduras (hemácias, leucócitos, e plaquetas), se proliferando de maneira insidiosa, causando um grande acúmulo de células maduras no sangue do paciente. 5 LINFOMAS NÂO-HODGKIN Conceito Os linfomas constituem um grupo de neoplasias do tecido linfoide (ou linfático), representado principalmente pelos linfonodos (ou gânglios linfáticos). Os linfomas “nascem” no tecido linfoide e eventualmente invadem a medula óssea e outros tecidos. Já as leucemias linficísticas, fazem a rota inversa, ou seja, se originam na medula óssea e podem acometer os linfonodos secundariamente. Epidemiologia Os linfomas não-hodgkin (LNH), são os principais representantes das neoplasias linfoides. Os seus diversos padrões histológicos são decorrentes da exist^ncia de uma vasta gama de tipos de linfócitos e seus diversos graus de diferenciação e maturação. Nas ultimas décadas, a incidência dos LNH vem aumentando progressivamente, aumento suplantado apenas pelo câncer de pulmão na mulher, pelo melanoma e pelo câncer de próstata. Os fatores que influenciaram esse aumento foi a pandemia da AIDS e o avanço nas técnicas de transplantes de órgãos sólidos. Considerando todos os tipos histológicos, os LNH possuem um pico de incidência entre 50 e 65 anos, por razões desconhecidas, em pacientes que não possuem fatores de risco que justifiquem esse dado. Mas também podem aparecer em qualquer faixa etária, inclusive em crianças, quando só perde em frequência para a leucemia linfoide aguda (LLA) e para as neoplasias neurais. Os LNH tem uma pequena preferência pelo sexo masculino e pela raça branca, predominando em países da Europa, nos EUA e na Austrália. Fisiopatologia 6 Agentes ambientais e anormalidades genéticas herdadas, participam nas alterações irreversíveis sofridas pelos cromossomos, ativando proto-oncogenes ou inativando anti-oncogenes. A exemplo, tem-se a comprovada associação da infecção pelo vírus Epstein- Barr e alguns linfomas B, como os linfomas encontrados em pacientes com AIDS e o linfoma de Burkitt em crianças africanas (endêmica). Também é um fator de risco para essas desordens linfoproliferativas, as anormalidades cromossomiais que promovem deficiências imunológicas congênitas na infância. A grande maioria dos LNHs não possui etiologia definida, mas alguns fatores como AIDS, transplante de órgãos, deficiências imunes congênitas, agentes infecciosos, específicos, doenças autoimunes, doenças intestinais e exposição a fatores ambientais. Classificação O linfoma tem padrão folicular, o que significa que a proliferação de células neoplásicas no linfonodo fica praticamente restrita ao folículo linfático. Por outro lado, o acometimento dito difuso, é caracterizado por comprometimento pelas células tumorais de toda a arquitetura do gânglio, com perda da estrutura folicular. Classifica-se, levando em consideração além da morfologia, os aspectos clínicos, imunofenotípicos e genéticos, conforme: (1) comportamento clínico (indolentes x agressivos); (2) arquitetura histológica do linfonodo (folicular x difuso); (3) tipo celular (pequenas células clivadas, pequenas células não clivadas, grandes células etc); (4) imunofenotipagem – pelos tiposde marcador de membrana ou citoplasmáticos, pode-se especificar com grande precisão o tipo de linfoma não- hodgkin; (5) citogenética: algumas translocações, deleções e rearranjosnos genes das cadeias de imunoglobulina e do receptor de células B, enquanto os 15% restantes derivam de células T ou NK. Tabela 1. Classificação dos LNH-OMS CLASSIFICAÇÃO DOS LINFOMAS NÃO HODGKIN – REAL – OMS Linfomas Indolentes (sobrevida sem tratamento medida em anos) 7 Linfomas B 1- Linfoma Linfocítico Pequeno 2- Linfoma de Células do manto 3- Linfoma Folicular Grau I 4- Linfoma Folicular Grau II 5- Linfoma da Zona Marginal malt – Gástrico, Intestinal, - Pulmonar (BALT) – Outros (Tireóide, Glândula salivar etc). 6- Linfoma da Zona Marginal Esplênico 7- Linfoma da Zona Marginal Nodal 8- Leucemia de células cabeludas Linfomas T/Células NK 9- Micose fungoide e Sindrome de Sezary Linfomas Agressivos (sobrevida sem tratamento medida em meses) Linfomas B 10- Linfoma Folicular Grau III 11- Linfoma de Células do Manto 12- Linfoma Difuso de Grandes Células B Variantes do Linfoma de Grandes Células B 13- Linfoma B imunoblástico 14- Linfoma B mediastinal (tímico) primário 15- Linfoma B intravascular (angiotrópico) 16- Linfoma B rico em células T/histiócitos 17- Mieloma Múltiplo Linfomas T/Células NK 18- Linfoma Anaplásico de Grandes Células T 19- Linfoma Periférico de Células T Variantes do Linfoma Periférico de Células T 20- Linfoma T subcutâneo paniculite-símile 21- Linfoma T gama/delta hepatoesplênico 22- Linfoma T intestinal (EATL) 23- Linfoma T angioimunoblástico 24- Linfoma T angiocêntrico, tipo nasal (antigo “granuloma de linha média”) 25- Leucemia prolinfocítica Linfomas Altamente Agressivos (sobrevida sem tratamento medida em semanas) Linfomas B 26- Linfoma de Burkitt ou burkiyy-símile 27- Linfoma Linfoblástico de células pré-B 28- Leucemia de Células plasmocitárias Linfomas T/Células NK 29- Linfoma Linfoblástico de Células pré-T 30- Linfoma/leucemia de Células T relacionado ao HTLV-1 8 Manifestações clínicas A grande maioria dos pacientes com linfoma (seja ele não Hodgkin ou Hodgkin) se apresenta com linfadenomegalia periférica não dolorosa, sendo a manifestação inicial de 2/3 dos pacientes com LNH. A adenomegalia predomina nas cadeias cervicais, supraclaviculares ou inguinais, porém qualquer cadeia pode ser acometida. Nos LNH indolentes, a linfadenopatia costuma ser insidiosa, co períodos alternados de regressão espontânea e crescimento dos gânglios. O paciente pode não se dar conta do aumento linfonodal e acaba demorando para procurar auxílio médico. Nos LNH agressivos, o paciente via de regra se apresenta com massa linfonodais de crescimento rápido, logo percebido por ele. O linfoma agressivo pode surgir em paciente portador do linfoma indolente, geralmente por uma “transformação neoplásica”. É importante procurar a biópsia para qualquer linfonodo que apresente uma das características a seguir: 1- Tamanho superior a 2cm. 2- Localização supraclavicular ou escalênica. 3- Crescimento progressivo. 4- Consistência endurecida, aderido aos planos profundos. A biópsia deve ser de todo o linfonodo, pois o diagnóstico e a tipagem do linfoma dependem de sua arquitetura histopatológica, também é importante a pesquisa de algumas causas infecciosas, como tuberculose, micise profunda, mononucleose, toxoplasmose, citomegalovirose, infecção pelo HIV, entre outras, como as responsáveis pela linfadenopatia. Os chamados “sintomas B” (febre >38°C, sudorese noturna, perda ponderal superior a 10% nos últimos seis meses) são observados em 40% dos casos de LNH, número discretamente superior ao do linfoma de Hodgkin (35%). Esses sintoma sB são presentes em apenas 25% dos casos de LNH indolentes, já nos LNH agressivos, são encontrados em 50% dos casos. Outros sintomas gerais relatados por alguns pacientes são fadiga, mal estar e prurido (<10% dos casos) O comprometimento extranodal é bem mais frequente nos LNH do que na doença de Hodgkin, ocorrendo em cerca de 50% dos linfomas, sendo mais comuns nos tipos agressivos e menos nos indolentes.o trato gastrointestinal e a medula óssea 9 são os sítios mais afetados, mas também afetam outros locais como pele, fígado, pulmão, meninges, nasofaringe, órbita, SNC, rins, testículos, glândulas salivares, tireóide e ossos da mandíbula (forma endêmica do linfoma de Burkitt). Os exame laboratoriais podem revelar citopenias (anemia, leucopenia ou trombocitopenia), especialmente quando há acometimento extenso da medula óssea. A leucopenia é o achado mais associado ao comprometimento da medula óssea. A presença de linfócitos neoplásicos no sangue periférico (leucemização) é vista em 10% dos casos, especialmente com envolvimento da medula óssea, achado comum nos linfomas indolentes. Hipercalcemia e hiperuricemia podem ocorrer, sendo a última mais comum após o tratamento quimioterápicos de linfomas altamente agressivos e pode levar a síndrome de lise tumoral. A hipercalcemia é encontrada classicamente no linfoma/leucemia de células T associada ao HTLV-1. V Tratamento Tratamento dos linfomas indolentes Os principais representantes desse grupo são o linfoma folicular, o linfoma da zona marginal e o linfoma linfocítoco pequeno. Nos poucos pacientes diagnosticados em fases muito precose, a radioterapia direcionada é capaz de proporcionar a cura. Mas, infelizmente cerca de 85% dos casos, o diagnóstico só é feito quando a doença já encontra disseminada (em geral com envolvimento da medula óssea), uma situação considerada incurável com os recursos atualmente disponíveis, sendo assim, a conduta em casos de linfoma indolente avançado porém oligo/assintomático deve ser expectante. Só se indica terapia específica para os linfomas indolentes em estágio avançado quando surgem sintomas decorrentes da doença. (Ex. sintomas B, linfadenopatia volumosa, organomegalia maciça, citopenias e doença em transformação, com comportamento agressivo). Não existe consenso na literaturaacerca da melhor abordagem terapêutica para os casos avançados e sintomáticos de linfoma indolente. Porém a medicação de escolha para o tratamento tem sido o Rituximab (375 mg/m2 IV 1x semana por quatro semanas), em monoterapia ou em conjunto com esquemas quimioterápicos. O rituximab é um anticorpo monoclonal anti-CD20, sendo uma imunoterapia biológica que depleta 10 especificamente esses células (tanto benignas quanto malignas). Os esquemas quimioterápicos mais comumentes associados ao rituximab são: (1) bendamustina; (2) R-CVP (cliclofosfamida, vincristina e prednisona), (3) R-CHOP (ciclofosfamida, doxorrubicina, vincristina e prednisona). Uma remissão completa inicial é atingida em 50-75% dos casos, muito embora a recidiva seja esperada. Portadores de doença clinicamente mais agressiva podem ser encaminhados para o transplante alogênico de células-tronco hematopoiéticas, desde que preencham os requisitos como: idade <55-60 anos, doador aparentado HLA- compatível.o transplante autólogo também tem sido empregado principalmente em pacientes que evoluem com recidiva após o tratamento anteriormente citado, conseguindo remissões relativamente longas, mas sem expectativa de cura. Tratamento dos Linfomas Agressivos O tratamento para esses pacientes deve ser precoce e intenso, com o objetivo de alcançar a cura. Na abordagem padrão para os principais tipos histológicos, como o Linfoma Difuso de Grandes Células, existem duas opções igualmente aceitas: (1) radioimuno-quimioterapia ( três ciclos de R-CHOP + radioterapia de campo envolvido); (2) R-CHOP por seis ciclos, sem radioterapia. Sendo a ultima estratégia, a primeira escolha para pacientes comdoença avançada. A recidiva após a abordagem inicial ainda pode ser curada com o transplante autólogo de células tronco hematopoiéticas, mas apenas se o linfoma continuar sensível aos quimioterápicos. LINFOMA DE HODGKIN Linfoma ou Doença de Hodgkin é um tipo de câncer que se origina no sistema linfático, conjunto composto por órgãos (linfonodos ou gânglios) e tecidos que produzem as células responsáveis pela imunidade e vasos que conduzem essas células através do corpo. O linfoma de Hodgkin tem a característica de se espalhar de forma ordenada, de um grupo de linfonodos para outro grupo, por meio dos vasos linfáticos. A doença 11 surge quando um linfócito (célula de defesa do corpo), mais frequentemente um do tipo B, se transforma em uma célula maligna, capaz de multiplicar-se descontroladamente e disseminar-se. A célula maligna começa a produzir, nos linfonodos, cópias idênticas, também chamadas de clones. Com o passar do tempo, essas células malignas podem se disseminar para tecidos próximos, e, se não tratadas, podem atingir outras partes do corpo. A doença origina-se com maior frequência na região do pescoço e na região do tórax denominada mediastino. A doença pode ocorrer em qualquer faixa etária; porém é mais comum entre adolescentes e adultos jovens (15 a 29 anos), adultos (30 a 39 anos) e idosos (75 anos ou mais). Os homens têm maior propensão a desenvolver o linfoma de Hodgkin do que as mulheres. A incidência de casos novos permaneceu estável nas últimas cinco décadas, enquanto a mortalidade foi reduzida em mais de 60% desde o início dos anos 1970 devido aos avanços no tratamento. A maioria dos pacientes com linfoma de Hodgkin pode ser curada com o tratamento disponível atualmente Sinais e sintomas O linfoma de Hodgkin pode surgir em qualquer parte do corpo, e os sintomas dependem da sua localização. Caso se desenvolva em linfonodos superficiais do pescoço, axilas e virilha, formam-se ínguas (linfonodos inchados) indolores nesses locais. Se a doença ocorre na região do tórax podem surgir tosse, falta de ar e dor torácica. Quando se apresenta na pelve ou no abdômen, os sintomas são desconforto e distensão abdominal. Outros sinais de alerta são febre, cansaço, suor noturno, perda de peso sem motivo aparente e coceira no corpo. Outros sintomas clássicos da doença, mas sem relação com o prognóstico, são o prurido (que pode prodeder a adenopatia) e a dor nos linfonodos desencadeada pela ingestão de bebidas alcoólicas (características da doença). Diagnóstico laboratorial e diagnóstico precoce A detecção precoce do câncer é uma estratégia para encontrar o tumor numa fase inicial e, assim, possibilitar maior chance de tratamento. 12 A detecção pode ser feita por meio da investigação com exames clínicos, laboratoriais ou radiológicos, de pessoas com sinais e sintomas sugestivos da doença (diagnóstico precoce), ou com a aplicação de exames periódicos em pessoas sem sinais ou sintomas (rastreamento) mas pertencentes a grupos com maior chance de ter a doença. Não há evidência científica de que o rastreamento do linfoma de Hodgkin traga mais benefícios do que riscos e, portanto, até o momento, ele não é recomendado. Já o diagnóstico precoce desse tipo de câncer possibilita melhores resultados em seu tratamento e deve ser buscado com a investigação de sinais e sintomas como: Aparecimento de um ou mais caroços (ínguas) sob a pele, geralmente indolor, principalmente no pescoço, virilha ou axilas Febre e suores noturnos Cansaço e perda de peso sem motivo aparente Coceira na pele Na maior parte das vezes, esses sintomas não são causados por câncer, mas é importante que eles sejam investigados por um médico, principalmente se não melhorarem em poucos dias. A manifestação mais frequente é a adenomegalia. Os linfonodos acometidos geralmente são móveis e de consistência elástica, porém maiores que 1,5-2 cm e persistentes. Eventualmente estão endurecidos pela fibrose associada. As cadeias mais acometidas são a cervical e a supraclavicular, mas qualquer sítio de linfonodos pode estar envolvido. O comprometimento mediastinal é observado com frequência, eventualmente de forma isolada. Os linfonodos mediastinais podem atingir grandes dimensões e provocar colapso de lobos do pulmão (atelectasia compressiva). A esplenomegalia está presente em cerca de 10-15% dos casos ao diagnóstico. O comprometimento extranodal pode ocorrer em qualquer local. Os órgãos mais envolvidos por disseminação hematogênica são o fígado, e a medula óssea (associada com doença avançada, sintomas B e histologia desfavorável) e por contiguidade, os pulmões. O achado de doença apenas extranodal é raro. O acometimento pulmonar não ocorre na ausência de doença mediastinal e hilar. O laboratório do LH pode revelar alguns achados inespecíficos, como uma discreta anemia normocítica e normocrômica que é encontrada em cerca de 50% dos pacientes, assim como leve leucocitose, linfopenia, monocitose, eosinofilia e trombocitose. A leucocitose, eventualmente pode atingir valores acima de 13 25.000/mm3 (reação leucemoide). A eosinofilia é um achado frequente, principalmente naqueles que manifestam prurido. O diagnóstico do linfoma de Hodgkin é obtido por meio de biópsia da região afetada. A biópsia consiste na retirada de uma pequena parte ou de todo o linfonodo, que posteriormente é enviado para exame patológico. Atualmente, o linfoma de Hodgkin é classificado em dois subgrupos de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS): linfoma de Hodgkin clássico, que se subdivide em quatro subtipos (esclerose nodular, celularidade mista, depleção linfocitária e rico em linfócitos), e linfoma de Hodgkin predomínio linfocitário nodular. Tratamento O linfoma de Hodgkin, na maioria dos casos, é uma doença curável quando tratado adequadamente. O tratamento clássico é a poliquimioterapia, quimioterapia com múltiplas drogas, com ou sem radioterapia associada. No momento do diagnóstico, dependendo do estádio da doença, pode-se estimar o prognóstico do paciente com o tratamento. O esquema ou protocolo de quimioterapia utilizado de rotina no INCA é denominado ABVD. Esta sigla identifica as iniciais das medicações utilizadas no tratamento: A de “Adriamicina”, B de “Bleomicina, V de “Vimblastina” e D de “Dacarbazina”. A quantidade de ciclos de quimioterapia dependerá da avaliação do estádio inicial do tumor. Os pacientes podem ser classificados como portadores de doença localizada ou doença avançada. Tabela 2. Esquema ABVD Esquema ABVD Adriamicina (doxorrubicina) 25 mg/m2 Bleomicina 10 mg/m2 Vinblastina 6 mg/m2 Dacarbazina 375 mg/m2 É feita uma dose de cada uma das quatro drogas (um ciclo) a cada 15 dias, num total de pelo menos quatro ciclos. 14 Para os pacientes que sofrem recaídas, ou seja, retorno da doença, ou que não respondem ao tratamento inicial, as alternativas vão depender da forma inicial de tratamento. As opções empregadas usualmente, e com indicações relativamente precisas, são a poliquimioterapia e o transplante de medula óssea. Os pacientes devem ser seguidos continuamente após o tratamento, com consultas periódicas, cujos intervalos podem ir aumentando progressivamente. Tabela 3. Chance de cura no linfoma de Hodgkin Estágio IA e IIA 80-90% Estágio IB e IIB 80-85% Estágio IIIA 75-80% Estágio IIIB 60% Estágio IV 60% Disturbios mieloproliferativos Cada uma das síndromes mieloproliferativas possui quadro clínico e laboratorial estereotipado, diferindo entre si, em essência, pelo tipo de célula predominantemente produzida. Assim, podemos dizer que a LMC é marcada pelo acúmulo de granulócitos (neutrófilos, bastões, metamielócitos,mielócitos, eosinófilos e basófilos); a policitemia vera tem como principal achado laboratorial a eritrócitos (aumento do número de hemácias); a trombocitemia essencial, por sua vez, cursa com trombocitose (aumento de plaquetas), geralmente superior a 1 milhão/mm3 ; e a mielofibrose idiopática caracteriza-se pela fibrose precoce da medula óssea, o que estimula a hematopoiese extramedular Classificação 1- Policitemia Vera 2 -Mielofibrose Idiopática (antiga Metaplasia Mieloide Agnogênica) 3 -Trombocitemia Essencial Pela classificação da OMS, outras entidades também pertencem ao grupo das síndromes mieloproliferativas: leucemia neutrofílica crônica, leucemia eosinofílica 15 crônica, mastocitose e doença mieloproliferativa crônica não especificada, porem são condições muito raras. Fisiopatologia Hoje sabemos que a policitemia vera se inicia após o surgimento de uma mutação genética específica, conhecida como “JAK-2”. A sigla JAK se refere à enzima, um segundo mensageiro na cascata de sinalização intracelular de vários receptores para fator de crescimento, como os receptores de eritropoietina e trombopoietina. Na vigência dessa mutação ocorre uma ativação constitutiva, ininterrupta, daquelas vias de sinalização intracelular, induzindo a célula progenitora a se proliferar mesmo na ausência do respectivo fator de crescimento. Em geral, a mutação é do tipo “pontual” no exon 14 do gene, mas outros polimorfismos também podem ter o mesmo efeito. O fato é que a JAK-2 pode ser identificada em mais de 95% dos casos de PV, sendo sua demonstração, na atualidade, considerada critério diagnóstico. É importante frisar que a JAK-2 também pode ser encontrada em outras síndromes mieloproliferativas, como a trombocitemia essencial e a mielofibrose, Manifestaçao clinica A policitemia vera geralmente é suspeitada em um paciente assintomático com eritrocitose a esclarecer. A morfologia das hemácias não se modifica pela doença. Hematócrito > 60% em pacientes com Sat. O2 > 92% quase sempre significam policitemia vera, muitos pacientes se apresentam com valores de hematócrito mais baixos (principalmente mulheres) e o diagnóstico diferencial deve ser feito com outras patologias causadoras de eritrocitose. Sinais e sintomas Os sintomas são provenientes do aumento da viscosidade sanguínea: cefaleia, tontura, turvação visual, parestesias. Como igualmente acontece em outras síndromes mieloproliferativas (devido à elevada taxa de metabolismo celular replicativo), queixas como fraqueza e perda ponderal, febre baixa e sudorese costumam ocorrer. A 16 HIPERvolemia está presente e pode levar à hipertensão arterial sistêmica (70% dos pacientes têm PA sistólica > 140 mmHg). A hipervolemia, associada à hiperviscosidade sanguínea, sobrecarrega o coração, levando à congestão pulmonar e dispneia. Tratamento A base terapêutica da policitemia vera tem sido a flebotomia (“sangria”). Os pacientes devem ser submetidos inicialmente à retirada diária de 100-500 ml de sangue, com o objetivo de atingir um hematócrito < 45% em homens e < 42% em mulheres. Cada 500 ml de sangue retirados de um adulto mediano reduz o hematócrito em cerca de 3%... Com o hematócrito dentro do alvo a flebotomia passa a ser realizada de forma periódica de acordo com a necessidade (ex.: a cada três meses). Pacientes coronariopatas ou com história de doença cerebrovascular podem retirar um volume menor de sangue, devendo a flebotomia ser acompanhada de reposição de cristaloides. Drogas mielossupressoras serão indicadas nas seguintes situações: 1- dificuldade na realização de flebotomias regulares (ex.: problemas com acesso venoso ou questões logísticas) 2- alto requerimento de flebotomias 3- trombocitose acentuada (> 1.000.000/mm3 ) e/ou história prévia de trombose A droga tradicional é a hidroxiureia. Sua administração oral (500 a 1.500 mg/dia) reduz o hematócrito, a leucocitose e a trombocitose. O objetivo é controlar o hematócrito e manter as plaquetas < 500.000/mm3 , evitando, contudo, uma queda na contagem de neutrófilos para < 2.000/mm3 . A anagrelida também é um agente mielossupressor, e pode ser associada à hidroxiureia em casos refratários, ou substituí- -la se houver intolerância. Sua posologia é 1-2 mg de 12/12h por via oral. LEUCEMIA MIELOIDE CRÔNICA Definição da doença: 17 A LMC é uma Síndrome Mieloproliferativa Crônica, as síndromes mieloproliferativas formam um grupo de neoplasias hematológicas que se originam da célula-tronco (stem cell) ou de um progenitor próximo a esta em sua maturação. Porém, ao contrário das leucemias agudas, esse clone segue o curso normal de maturação até as células finais (granulócitos, hemácias, plaquetas) – logo, não há bloqueio de maturação. Classificação: O pico de incidência da LMC é na fase adulta, por volta dos 55 anos, porém pode ocorrer em crianças (até 2% das leucemias da infância). Existe um discreto predomínio no sexo masculino. Dentro do grupo das leucemias crônicas, ficando a LMC em segundo lugar (~15% das leucemias). Fisiopatologia: O clone neoplásico da LMC provavelmente é uma célula-tronco (stem cell). Por razões desconhecidas essas células adquirem uma anomalia citogenética denominada cromossomo Filadélfia que, na verdade, é uma translocação entre os braços longos do cromossomo 9 (banda 34) e 22 (banda 11), representada por t(9;22).Cerca de 95% dos pacientes com LMC apresenta o cromossomo Filadélfia ou t(9;22), detectável na análise do cariótipo das células do aspirado de medula ósse. O clone neoplásico é capaz de se diferenciar em células maduras, diferente do encontrado nas leucemias agudas. A diferenciação ocorre preferencialmente para a série granulocítica, levando ao acúmulo na medula óssea e no sangue periférico de neutrófilos, bastões, metamielócitos, mielócitos e, eventualmente, raros mieloblastos (< 5%). Os eosinófilos e basófilos encontram-se elevados, pois também são granulócitos. Os monócitos e as plaquetas podem se elevar (monocitose, trombocitose), porém a hematimetria tende a se reduzir (anemia) por conta da ocupação medular neoplásica, inibindo a eritropoiese. Manifestações Clínica e Laboratoriais: 18 Muitos pacientes com LMC são descobertos em uma fase assintomática da doença, através de exame físico mostrando esplenomegalia e/ ou hemograma revelando leucocitose neutrofílica acentuada, com desvio para esquerda até mielócito ou mieloblasto. O marco da LMC é justamente a associação: Leucocitose Neutrofílica Acentuada com desvio à esquerda + Esplenomegalia de Grande Monta. Os sintomas mais comuns de apresentação da doença são decorrentes do estado hipercatabólico, da esplenomegalia, da anemia e/ ou da disfunção plaquetária, tais como: febre, perda ponderal, astenia, sudorese noturna, desconforto abdominal no hipocôndrio esquerdo, saciedade precoce, palpitação, dispneia, equimoses... As infecções na LMC não são frequentes, nem caracterizam a doença. O quadro laboratorial da doença caracteriza-se pela acentuada leucocitose neutrofílica, invariavelmente presente. A contagem leucocitária pode atingir valores altíssimos, de até 1.000.000/ mm3 , sendo comuns valores acima de 100.000/ mm3 (hiperleucocitose) e quase sempre acima de 50.000/mm3 . Em geral, existe uma flutuação do nível da leucocitose. O diferencial revela intenso “desvio para esquerda”, havendo muitas formas jovens granulocíticas na periferia: bastões, metamielócitos, mielócitos e até mieloblastos. A contagem absoluta de eosinófilos e basófilos está tipicamente alta (eosinofilia e basofilia). A LMC é uma das poucas causas de basofilia proeminente e persistente. A regra, portanto, na LMC é: Anemia + Hiperleucocitose + Trombocitose. Diagnóstico Laboratorial O diagnóstico é inicialmente suspeitado dianteda presença de leucocitose acentuada (> 25.000-50.000/mm3 ) num paciente com esplenomegalia. O diagnóstico diferencial deve ser feito com reação leucemoide, outras síndromes mieloproliferativas (P. vera, mielofibrose idiopática, trombocitemia essencial) e LMMC (Leucemia Mielomonocítica Crônica – um tipo de síndrome mielodisplásica). A confirmação é dada pela detecção do RNAm da mutação bcr/abl, o que atualmente pode ser feito através da técnica de RT-PCR (Reverse Transcriptase Polymerase Chain Reaction) no sangue periférico. Logo, um aspirado/ biópsia de medula óssea não é indispensável para o diagnóstico... No entanto, este último exame sempre acaba sendo realizado no portador de LMC, pois auxilia na estratificação prognóstica (ex.: ao permitir a identificação de outras anomalias como o aumento na contagem de 19 blastos e a presença de alterações cromossômicas adicionais) e também no acompanhamento da resposta terapêutica. O cromossomo Filadélfia pode ser encontrado na avaliação citogenética das células do aspirado/ biópsia, e tem o mesmo significado da detecção do gene bcr/abl no sangue. Esta mutação também pode ser diretamente pesquisada no aspirado/biópsia por RT-PCR ou FISH (Fluorescent In Situ Hybridization). A evoluçao e prognostico se da quando: A maioria (90-95%) dos pacientes com LMC é diagnosticada ainda na fase crônica da doença. Após um período médio 3-5 anos, virtualmente todos os pacientes com LMC não tratada evoluem para a chamada crise blástica – uma leucemia aguda rapidamente fatal (sobrevida média de três meses); a causa mais comum de óbito na doença. Se a leucemia for do tipo LMA, denomina-se crise blástica mieloide (a mais comum); se for do tipo LLA, chama-se crise blástica linfoide. Um terço dos pacientes evolui diretamente para a crise blástica, enquanto que os dois terços restantes, antes de chegar à crise blástica, passam por uma fase acelerada da LMC, caracterizada por uma alta contagem granulocítica (neutrófilos, basófilos) e esplenomegalia refratárias à terapia mielossupressora e pela perda progressiva da capacidade de diferenciação do clone neoplásico, surgindo maior número de blastos na medula e sangue periférico. Estes pacientes logo irão complicar com leucemia aguda – crise blástica – e têm uma sobrevida média de 18 meses. A explicação para a progressão para as fases acelerada e blástica da doença está na aquisição de anomalias .citogenéticas ou moleculares adicionais pelo clone leucêmico da LMC (fenômeno chamado de “evolução clonal”). O “Sokal” é um modelo prognóstico que divide os pacientes em categorias de risco baixo, intermediário e alto, a partir de seis variáveis (idade, tamanho do baço, contagem plaquetária, de basófilos, de eosinófilos e de blastos). Tratamento Terapia medicamentosa “específica” (Inibidores da Tirosina-Quinase) O mesilato de imatinibe (Gleevec) revolucionou a terapêutica da LMC ao propiciar taxas impressionantes de remissão da doença. Este tem sido o tratamento de primeira linha, ficando o transplante alogênico de células hematopoiéticas em segundo plano. Estudos clínicos demonstraram a enorme superioridade do 20 Gleevec em relação a todas as terapias medicamentosas anteriores, como interferon-alfa, hidroxiureia, bussulfan, entre outros. Como o Gleevec age? Trata- se de um inibidor específico da tirosina-quinase “mutante” codificada pelo gene bcr/abl. Logo, ele atua apenas nas células neoplásicas, bloqueando o estímulo hiperproliferativo, o que evita seu acúmulo no organismo. Em geral os efeitos adversos são leves a moderados, incluindo anasarca, náuseas, diarreia, hemorragias, cãibras e rash cutâneo. A dose padrão é 400 mg/ dia, via oral. O principal objetivo da terapia com Gleevec é a obtenção de umaa resposta citogenética completa. Esta é definida pelo desaparecimento das células carreadoras do cromossomo Filadélfia no estudo citogenético do aspirado de medula óssea (isto é, “0% de células Ph+ no AMO”), o que em geral ocorre após 12-18 meses de tratamento. Em casos de intolerância ou falência terapêutica devemos trocar o Gleevec por outro inibidor de tirosina-quinase mais potente, ou então, encaminhar o paciente para o transplante de células hematopoiéticas. Se decidirmos pela troca do medicamento, é preciso antes realizar uma análise mutacional do bcr/ abl, a fim de identificar a melhor opção farmacológica. Em geral, a escolha recai sobre algum dos inibidores de tirosina-quinase de 2a geração, como o dasatinibe (Sprycel, 300- 400 mg/2x dia) ou o nilotinibe (Tasigna, 100 mg/dia). Tais drogas são bem mais potentes que o Gleevec (30-300x mais), sendo capazes de “salvar” até 90% dos pacientes em falência terapêutica... Outro inibidor de tirosinaquinase de 2a geração (de desenvolvimento mais recente), o bosutinibe (Bosulif, 500 mg/ dia), vem sendo empregado em pacientes que não respondem ou não toleram o dasatinibe e o nilotinibe. Os indivíduos geralmente possuem a mutação T315I no gene bcr/abl, felizmente, para estes casos já foi desenvolvida uma droga de 3a geração: o ponatinibe (Iclusig, 45 mg/dia). O grande problema do ponatinibe é que ele aumenta o risco de trombose arterial (ex.: IAM, AVC)... Recentemente, um novo medicamento foi incorporado ao arsenal terapêutico da LMC: trata-se do omacetaxine (Synribo), um inibidor de síntese proteica que bloqueia preferencialmente a transcrição do oncogene bcr-abl nas células do clone neoplásico. Tal droga foi aprovada como terapia de resgate para os pacientes em fase crônica ou acelerada que apresentaram falha terapêutica a 21 pelo menos dois inibidores de tirosinaquinase. Deve ser ministrada pela via parenteral, na dose de 1.25 g/m2 de 12/12h por 21 dias. Por fim, pacientes que não respondem a nenhum inibidor de tirosina- quinase – evoluindo com progressão da doença – devem ser avaliados para o transplante alogênico de células hematopoiéticas. Como vimos, o transplante alogênico de células hematopoiéticas é indicado para portadores de LMC que falham na terapia com inibidores de tirosina-quinase. Um pré-requisito básico para se considerar esse tratamento é a idade < 55-60 anos. Idealmente, devemos buscar um doador “aparentado” HLA compatível (ex.: irmão). A chance de cura nesta situação oscila em torno de 50-60%, aumentando para 70-80% em pacientes < 50 anos quando o transplante é realizado dentro do primeiro ano do diagnóstico. LEUCEMIA LINFOBLÁSTICA AGUDA E CRÔNICA Leucemia Linfoblástica Aguda A leucemia Linfoblástica aguda é o câncer mais comum na infância. Ocorre quando uma célula de medula óssea desenvolve erros no seu DNA.É mais comum na infância (90% dos casos), entre crianças de 2- a 10 anos (maior aos quatros anos) é registrados. É mais comum em raça branca e tem discreta predominância no sexo masculino com 57%. A LLA infantil responde bem a quimioterapia, com chance de cura em torno de 90%, a LLA também acometem em adultos, só que nesse caso a doença apresenta prognostico, com um taxa de cura de apenas 25 a 40%. Já em adultos respondem bem a quimioterapia de indução com até 90% de remissão completa, mas a maioria experimenta a recaída. Classificação L1: Células pequena com contorno regular, apresentando pouco citoplasma se basófilia. L2: Células de tamanho diversos cujo citoplasma varia de tamanho e basofilia, podendo apresentar nucléolos e irregularidade de contorno. 22 L3: Células com nucléolos, basofilia citoplasmática e vacúolos, este subtipo apresenta imunofenotipo b e é considerado a forma leucêmica do linfócitos de burkitt. Fisiopatologia Na Leucemia, uma célula sanguínea que ainda não atingiu a maturidade sofre uma mutação genética que transforma em uma célula cancerosa. Essa célula anormal não funciona de forma adequada, multiplica-se mais rápido e morre menos do que as células normais.Dessa forma, as células sanguíneas saudáveis da medula óssea vão sendo substituídas por células anormais e cancerosa. Manifestações Clinicas O quadro clinico da LLA é muito semelhante ao LMA. Algumas diferencias devem ser destacadas (1) a dor óssea é muito frequente- 80% dos casos; (2) adenomegalia cervical ou generalizada é mais frequente-75% dos casos (3) podem ocorrer massas mediatinais no subtipo da células-T do timo; (4) o acometimento do sistema nervoso central e dos testículos (especialmente na recidiva) é mais comum (5) febre neoplásica é mais comum-70%bdos casos. Sinais e Sintomas Os sintomas podem incluir aumento dos gânglios linfáticos, hematomas, febre, dor óssea, sangramento da gengiva e infecções frequentes. Dores locais: ossos No corpo: fadiga, febre, perda de apetite ou suor noturno. Também é comum: facilidade de se machucar, falta de ar, inchaço dos gânglios, infecção, manchas avermelhadas na pele, palidez, perda de peso, sangramento na gengiva ou nasal Sinais clínicos relacionados à infiltração do SNC ocorrem de 5á 10% das LLA e incluem cefaleia, edema de papila e comprometimento cranianos, como também lesões ósseas, infiltrações nos testículos, pele, rins ou pulmões são diagnosticados 23 em 0,5 a 1 % dos pacientes. E os outros órgãos podem ser acometidos causando o aumento do fígado, baço e linfonodos, devido ao acumulo de células leucêmicas. Tratamento O tratamento podem incluir quimioterapia ou medicamento direcionados que eliminam especificamente as células cancerígenas. Indução da remissão: é quando a células leucêmicas é encontrado na amostra da medula óssea, e as células normalizam. Mas a remissão não é uma cura, ainda que a células cancerígenas podem estar em outra parte do corpo. Profilaxia do SNC: é para impedir que as células doentes se espalhe para o sistema nervoso central. O medicamento mais utilizados é o metotrexato, mas as vezes, a citarabina ou um esteroide, como a prednisona, pode, também, ser administrado. Altas doses de metotrexato ou citarabina via intravenosa, radioterapia do cérebro e medula espinhal. Consolidação da remissão: se caso a leucemia entra em remissão, a etapa consiste em outro tipo de quimioterapia usando o mesmo medicamento numa dose muito altas, de modo que o tratamento é muito intenso, para esse tipo de tratamento e sugerido um transplante halogênico. Manutenção: após uma consolidação o paciente é incluído a um programa de manutenção da quimioterapia com metotrexato e 6-mercaptopurina. LEUCEMIA LINFOBLÁSTICA CRÔNICA A leucemia LLC, também conhecida como leucemia Linfoblástica crônica, é um tipo de câncer das células brancas do sangue (linfócitos B) e da medula óssea, local do organismo em que as células do sangue são produzidas. A doença é considerada crônica porque a alteração provoca o crescimento desordenado de linfócitos B maduros (um tipo de glóbulo branco) que, geralmente, não impede a produção de células com problemas, causando acumulo na medula óssea, por outro lado o processo de fabricação e maturação das células saudáveis continua acontecendo. 24 Classificação Leucemia Linfoblástica crônicas: afeta células linfoides e se desenvolvem de forma lenta. A maioria das pessoas diagnosticadas com esse tipo de doença tem mais de 55 anos. Raramente afeta crianças. Fisiopatologia No caso de 98% dos casos, as células B CD5+ sofrem transformação maligna, se disseminam os linfonodos e outros tecidos linfoides, induzindo esplenomegalia. Os pacientes apresentam suscetibilidade elevadas ás doenças auto imunes caracterizadas por anemias imunohemoliticas ou trombocitopenia e aumento modesto no risco e desenvolvimento de outros cânceres. Manifestação clinicas Muitos pacientes são diagnosticados na fase assintomática da doença, pelo encontro de uma linfocitose expressiva no hemograma. É definida por 3.000 linfocitos por mm3 no sangue, por definição, a linfocitose é >5.000/mm3. Posteriormente, evoluem para um aumento de tamanho e confluência, podendo se apresentar com grandes massas cervicais, acometendo inclusive linfonodos viscerais. Sinais e sintomas Os sintomas podem incluir gânglios linfáticos inchados, fadiga e maior propensão ao surgimento de hematomas. Sintomas comuns é inchaço dos gânglios ou fadiga. Tratamento O tratamento nem sempre e necessário no início, mas pode incluir a quimioterapia. O transplante de células-tronco é usado em situações raras, para caso agressivos. 25 A indicação de tratar a LLC passa existir quando o paciente desenvolve um ou mais dos seguintes: fadiga progressiva, linfadenopatia sintomática, anemia trombocitopenia. O tratamento especifico é feito com Quimioterapia Corticoides Terapia com anticorpo monocional Radioterapia LEUCEMIA MIELOIDE AGUDA (LMA) A leucemia mielóide aguda é a mais comum no mundo, devido a incidência em populações orientais. De qualquer modo a LMA é a leucemia mais comum e sua incidência começa a se elevar a partir dos 15 anos e tende aumentar progressivamente com a idade. Que é um tipo de câncer do sangue, resultante de uma alteração de DNA das células troncos em uma linhagem de glóbulos brancos (as chamadas células mieloides). O que ocorre translocação de pedaços entre em cromossomos, perda de partes de alguns deles, inversões de DNA ou outras alterações do genes, mas vale ressaltar que nem toda leucemia mieloide aguda apresenta a mesma características. Classificações As leucemias agudas foram inicialmente classificadas pela FAB (French- americam-bristish cooperative group), atualmente, entretanto, as decisões terapêuticas nas leucemia são bastante dependentes de características não contempladas pela classificação da FAB, como as anomalias citogeneticas e moleculares. Por isso a OMS reclassificou que a leucemias mieloide agudas definindo grupos de prognósticos e tratamentos diferenciados que são: M0 Leucemia mieloblastica aguda indiferenciada M1 Leucemia mieloblastica aguda sem maturação 26 M2 Leucemia mieloblastica aguda com maturação e muitos outros. Fisiopatologia A célula maligna, no caso LMA, é o mieloblasto. Na hematopoese normal, o mieloblasto é um precursor dos glóbulos brancos imaturos. No entanto, LMA, o único mieloblastos acumula modificações genéticas que “congelam” as células em seu estado imaturo, impedindo assim a diferenciação celular. Manifestações clinicas É fundamental que os médico estejam familiarizado com o quadro clínicos de apresentação de uma leucemia aguda. Onde pode ser aguda (dias) ou subagudas(semanas) embora que metade dos pacientes apresente queixas no últimos três meses, a tríade sintomática da leucemia aguda é: (1) astenia;(2) hemorragia;(3) febre, todos os sintomas relativos à insuficiência hemapoetica medular. A astenia, na verdade, é o principal componentes da síndrome anêmica. Hemorragia é o sangramento reflete a plaquetopenia grave e, eventualmente, um distúrbio da coagulação ex: Coagulação Intravascular disseminada. A febre pode ser decorrente a neutrpenia ou disfunção neutrófila, que favorece infecções bacterianas e fúngicas sistêmicas – mecanismo de ação comum ou febre neoplásica, consequente á rápida proliferação clonal. Tratamentos O tratamento consiste essencialmente na quimioterapia, onde está dividido em três partes: indução, pós remissão ou consolidação. Indução da remissão: tem como objetivo de exterminar o clone neoplásico população de blastos. A remissão é definida por desaparecimento dos 27 blastos do sangue periférico, medula óssea com menos de 5% de blastos, ausência de células com bastonetes de Auer e muitos outros. Pós remissão: A terapia pós remissão é a terapia administrada após o paciente atingir a remissão completa.E tem por objetivo prolongar a remissão completa, através da prevenção da recaída da doença, maximizando a chance de cura. Consolidação: A terapia de consolidação é indicada para paciente com cariótipos de bom prognóstico, como t(8,21), no subtipos M2 e inv(16) ou t (16;16) nos subtipo M4, e nos pacientes sem condições de receber o transplantes de células hematopoiéticas. TALASSEMIAS As talassemias são desordens hereditárias que têm como característica básica uma deficiência na síntese das cadeias de globina. Elas possuem um espectro clínico amplo de apresentação, variando desde indivíduos inteiramente assintomáticos até crianças com anemia grave, deformidades ósseas e destruição acelerada de células vermelhas. As talassemias não eram reconhecidas até 1925, quando um pediatra de Detroit, Thomas Cooley, descreveu uma síndrome em uma criança descendente de italianos, caracterizada por anemia profunda, esplenomegalia e deformidades ósseas. As talassemias são classificadas de acordo com o tipo de cadeia globínica deficiente. Os tipos mais conhecidos são as betatalassemias (deficiência na produção de cadeias beta) e as alfatalassemias (deficiência na produção de cadeias alfa) BETATALASSEMIAS Definição A betatalassemia é caracterizada por uma diminuição ou ausência na síntese de cadeias beta de globina. O gene defeituoso apresenta geralmente mutações 28 pontuais (troca, acréscimo ou deleção de um ou dois nucleotídeos) envolvendo a regulação ou expressão do gene produtor da cadeia beta. O gene da cadeia beta, ou β, de globina está presente no cromossoma 11, juntamente com os genes das outras cadeias globínicas não alfa, isto é, a cadeia delta ou δ (forma adulta) e a cadeia gama ou γ (forma fetal). Os genes dessas três cadeias globínicas compõem o chamado haplótipo do grupamento betaglobínico. Clasificação As diversas mutações só podem determinar dois tipos de genebetatalassêmico: (1) um gene totalmente incapaz de produzir cadeia beta (gene β0 ); (2) um gene que produz uma pequena quantidade de cadeia beta (gene β+ ), mas inferior ao normal. Ainda dentro do gene β+ , existem subtipos que produzem mais ou menos cadeia beta (ex.: o gene β+ mediterrâneo produz menos cadeia beta do que o gene β+ africano, do negro). O gene normal da cadeia beta é representado como gene β. Assim, os genótipos possíveis de encontrar são: β/β (pessoa normal), β0 /β0 e β+ /β+ (homozigotos), β0 /β+ (duplo heterozigoto), β0 /β e β+/β (heterozigotos). O paciente desenvolve a betatalassemia major (anemia de Cooley), um quadro de extrema gravidade e letalidade, dependente de hipertransfusão para a sobrevivência (este é considerado o fenótipo mais grave da doença). Os homozigotos para o gene β+ (genótipo β+ / β+ ) costumam dar origem à betatalassemia intermedia, um quadro moderadamente grave de talassemia, mas não dependente da hipertransfusão. Raramente, o genótipo heterozigoto β0 /β pode cursar com uma espécie de betatalassemia intermédia “mais branda”, assim como o genótipo β+ /β+ também pode se apresentar como uma betatalassemia major “menos grave” que a β0 /β0 e a β0 /β+, especialmente quando o gene β+ é do tipo mediterrâneo. Fisiopatologia Quando a cadeia beta está em quantidade reduzida ou ausente nas células eritroides, diminui a síntese de hemoglobina, promovendo microcitose, hipocromia e 29 anemia; sobram cadeias alfa no citoplasma do eritroblasto. As cadeias alfa livres são completamente insolúveis e precipitam no citoplasma da célula. Na betatalassemia major, somente 15-30% dos eritroblastos escapam da destruição medular. Em resumo: a anemia é consequência ao mesmo tempo da redução da síntese de hemoglobina, da eritropoiese ineficaz e da hemólise crônica extravascular. A eritropoiese ineficaz acaba estimulando (por um mecanismo desconhecido) a absorção intestinal de ferro, levando à hemossiderose (ou hemocromatose), mesmo na ausência da reposição inadvertida de sulfato ferroso. Este é o fenômeno da hemocromatose eritropoiética. Manifestações clínicas 1- Betatalassemia Major (Anemia de Cooley) Como até os 3-6 meses de idade a hemoglobina predominante é a HbF (α2γ2), não há necessidade de cadeia beta: não há como “sobrar” cadeias alfa, uma vez que elas se ligam quase todas às cadeias gama, para formar HbF. A partir dessa faixa etária, a doença se instala com anemia grave (Hg entre 3,0- 5,0 g/dl) e icterícia. O ritmo acelerado de destruição de células eritroides (tanto na medula, quanto na periferia) estimula fortemente (por intermédio da eritropoietina renal) a proliferação e maturação dos eritroblastos (hiperplasia eritroide). Como consequência, há uma grande expansão da medula óssea (mais do que em qualquer outra anemia), levando às clássicas deformidades ósseas talassêmicas, aumento da arcada dentária superior, com separação dos dentes e bossa frontal. As crianças que recebem hemotransfusão esporádica, evitando a morte precoce por anemia, continuam mantendo os efeitos deletérios da hiperplasia eritroide exagerada: deficit importante de crescimento e desenvolvimento, deformidades ósseas e infecções recorrentes. As transfusões repetidas durante longos anos levam à sobrecarga de ferro no organismo, provocando hemocromatose transfusional. Os mais afetados são: fígado, sistema endócrino, pele, coração. O quadro clínico é marcado por agravamento da hepatoesplenomegalia, coloração “bronzeada” da pele, hipogonadismo, diabetes mellitus e insuficiência cardíaca congestiva refratária. O paciente acaba por falecer por arritmias cardíacas ou falência cardíaca ainda numa idade jovem. 30 2- Betatalassemia Intermedia È um quadro mais brando estes pacientes possuem uma produção intermediária de cadeia beta pelos seus eritroblastos. Frequentemente, o diagnóstico é feito na adolescência ou fase adulta. São indivíduos cronicamente anêmicos, com Hg na faixa entre 6-9g/dl (Ht entre 18-27%), deformidades ósseas características, icterícia intermitente, episódios de litíase biliar recorrente e esplenomegalia moderada. O crescimento, desenvolvimento e fertilidade estão preservados. Os achados dos índices hematimétricos e na hematoscopia do sangue periférico são idênticos aos da betatalassemia major. O que as diferencia é o grau de anemia. 3- Betatalassemia Minor A principal importância da talassemia minor na prática médica é o seu reconhecimento como entidade benigna. Esses pacientes são heterozigotos para o gene β+ (β+ /β) ou para o gene β0 (β0 /β). A talassemia minor também é referida como “traço talassêmico”. O paciente é assintomático, sendo o seu problema descoberto acidentalmente no seu hemograma. Alguns possuem uma anemia discreta (Hg > 10 g/dl), outros não apresentam anemia. Os grandes marcadores desta entidade são a microcitose (VCM entre 60-75 fL) e a hipocromia (HCM entre 18-21pg). O sangue periférico contém hemácias em alvo e pontilhado basofílico. Diagnóstico O exame padrão-ouro para o diagnóstico das betatalassemias (e o único capaz de confirmá- -las) é a Eletroforese de Hemoglobina. Este exame quantifica proporcionalmente os tipos de hemoglobina presentes no homogeneizado de hemácias do paciente. Nas betatalassemias, como há menos cadeias beta (ou simplesmente não há), as hemoglobinas formadas por outras cadeias não alfa sobressaem, como a HbA2 e a HbF. Valores de HbA2 entre 3,5 a 8% são característicos. Tratamento 31 1- Betatalassemia Major O tratamento se baseia na Hipertransfusão Crônica. Esta terapia controla a hiperplasia eritroide desordenada, por retirar o estímulo anêmico à produção renal de eritropoietina. Alémdisso, está se fornecendo hemácias com hemoglobina normal (HbA) ao paciente, justamente o que está faltando a ele. A hipertransfusão é feita na dose de 5-10 ml/kg a cada 3-5 semanas, com o objetivo de manter a hemoglobina média de 12 g/dl e mínima de 10 g/dl. Com esse tratamento, as crianças recuperam o crescimento e desenvolvimento, reduzem o risco a infecções e controlam a hepatoesplenomegalia. Elas chegam até a adolescência sem muitos problemas. A reposição de ácido fólico 1 mg/dia é rotineira. A esplenectomia é recomendável sempre que as necessidades de transfusão aumentarem mais de 50% em um ano ou ultrapassem 200 ml/kg/ ano. Toda criança candidata deve ter pelo menos 6-7 anos de idade e deve ser imunizada (antes da cirurgia eletiva) para pneumococo, hemófilo tipo B e meningococo. Hemocromatose secundária a terapia com deferoxamina, um quelante do ferro parenteral, representa a abordagem clássica. A via de administração é subcutânea, infundida em 12h (por meio de um dispositivo próprio), com a dose variando de 1,5- 2,5 g/dia, cinco vezes por semana. Transplante alogênico de medula (células- -tronco): esta terapia tem excelentes resultados na betatalassemia major, quando indicada corretamente. As crianças sem hepatomegalia e fibrose periportal, com uma boa adesão à terapia quelante de ferro (classe I), apresentam uma chance de sobrevida longa livre de doença (considerado “cura”) acima de 90%. 2- Betatalassemia Intermedia e Minor Os pacientes com betatalassemia intermedia devem ser acompanhados, para uma avaliação contínua de seus sintomas, função cardíaca e sinais de sobrecarga de ferro. A reposição de ácido fólico 1 mg/dia está indicada. A terapia quelante de ferro está indicada quando a ferritina sérica é superior a 1.000 ng/ml. Pode-se tentar um quelante oral, recentemente aprovado, denominado deferiprona (Ferriprox) ou a própria deferoxamina. 32 A talassemia minor não exige tratamento, somente orientação e aconselhamento genético. Se for possível, devem-se estudar as mutações do casal, para saber se o tipo de gene é β0 ou β+ e, portanto, as chances do filho ter talassemia major ou intermedia. ALFATALASSEMIAS Definição e Classificação Existem quatro genes da cadeia alfa de globina, dispostos no cromossomo 16, dois alelos em cada braço cromossomial. Os genótipo normal dos quatro genes alfa é representado da seguinte forma: αα/αα. Este código é aproveitado para representar os genótipos alfatalassêmicos. O alelo α0 (representado por _ _) é a deleção de ambos os genes alfa de um braço cromossomial. O alelo α+ (representado por α_) é a deleção de apenas um gene alfa de um braço cromossomial. Um casal com alfatalassemia minor (ou “traço talassêmico alfa”), dependendo do genótipo, pode ou não ter um filho com hidropsia fetal. Fisiopatologia 1- Hidropsia Fetal A ausência completa de cadeias alfa é incompatível com a vida extrauterina. O resultado é um natimorto ou um nascimento de um bebê com hidropsia fetal, rapidamente fatal. A única cadeia que substitui a cadeia alfa é a ξ (da hemoglobina embrionária), ativa somente até a vida fetal. Essa hemoglobina é muito ávida por O2 , não sendo possível a entrega do precioso gás para os tecidos do feto. A anemia e hipóxia grave provocam falência cardíaca e edema fetal (hidropsia). 2- Doença da Hemoglobina H A ausência de três genes permite o nascimento da criança sem maiores problemas, mas já com anemia. Os pacientes chegam à fase adulta sem necessidade 33 de hemotransfusões. Apresentam esplenomegalia e uma anemia moderada microcítica hipocrômica. 3- Alfatalassemia minor São pacientes assintomáticos, mas com microcitose e hipocromia no hemograma. O valor médio do VCM é de 72 fL e do CHM, de 31 g/ dl. O diagnóstico é suspeitado com exames de check-up. A principal preocupação é de saber o genótipo e a possibilidade de ter filhos com hidropsia fetal ou doença da HbH. Diagnóstico A eletroforese de hemoglobina pode confirmar o diagnóstico em casos de hidropsia fetal (forma mais grave), ao mostrar a Hb Barts e ausência completa de HbA. A doença da HbH também é diagnosticada por esse exame: o percentual de HbH detectado varia entre 5-40%. A alfatalassemia minor é mais difícil de diagnosticar. Indivíduos com microcitose entre 70- -80 fL, sem anemia, com laboratório do ferro normal e eletroforese de hemoglobina normal provavelmente possuem alfatalassemia minor. O diagnóstico deve ser confirmado por estudo genético. O diagnóstico precoce da hidropsia fetal já é possível a partir da 10a semana de gestação, através de biópsia do vilo coriônico com realização de teste genético no material coletado. Tratamento O tratamento só está indicado na doença da HbH, sendo semelhante àquele preconizado para a betatalassemia intermedia, observando- -se as indicações de hemotransfusão, quelação de ferro e esplenectomia. A reposição de ácido fólico 1 mg /dia está sempre indicada. 34 CONCLUSÃO O termo neoplasia é utilizado para indicar uma proliferação clonal de um tecido, sendo essa palavra sinônimo de câncer. Nas leucemias agudas, as células atingidas são os blastos, que são a célula jovem ou imatura. Já nas leucemias crônicas e nos linfomas, as células que sofrem mutações são as células maduras. Ao sofrer essas mutações, essas células deixam de exercer suas funções de defesa e crescem de formas descontroladas. O tratamento dessas neoplasias citadas neste trabalho variam muito. Pode incluir o monitoramento em casos de crescimento lento, à quimioterapia, radioterapia e até mesmo o transplante de células-tronco. Alguns casos dessas doenças têm cura, porém dependerá de uma série de fatores como os tipos de células afetadas e o tempo que a doença levou pra ser diagnosticada. E o tratamento das doenças é feito com associação de medicamentos (poliquimioterapia), e ocorre em etapas. 35 REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO Medcurso. Volume 3.: A Série Branca. Editora: MedynEditora. Edição 2019. Medcurso. Volume 2.: Anemias Parte 2. Editora: Medyn Editora. Edição 2019. http://www1.inca.gov.br/rbc/n_49/v01/pdf/condutas.pdf. Acesso em: 01/07/2020. http://www1.inca.gov.br/rbc/n_49/v01/pdf/condutas.pdf
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