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trabalho hematologia LINFOMAS NÂO hodgkin

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FACULDADE DE OURO PRETO DO OESTE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Hematologia 
Leucemias Mielóides e Linfoblásticas, Linfomas Hodgkin e não Hodgkin, 
Talassemias, Distúrbios Mieloproliferativos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Alunos: 
Edvane Arcelino 
Gabriel Antonio 
Larisça Carvalho 
Rayane Teixeira 
Rosemeire Rocha 
Silvana Gomes 
Professor: Dr. Hugo Vicentin 
 
 
 
 
Ouro Preto do Oeste, 01 de Julho de 2020 
 
 
 
 
 
 
 FACULDADE DE OURO PRETO DO OESTE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Hematologia 
 
Leucemias Mielóides e Linfoblásticas, Linfomas Hodgkin e não Hodgkin, 
Talassemias, Distúrbios Mieloproliferativos 
 
Trabalho de Hematologia sobre as 
neoplasias da série branca do sangue, 
elaborado para o obtenção de nota avaliativa 
para o G2, sob a orientação do professor Dr. 
Hugo Vicentin. 
 
 
 
 
 
Alunos: 
Edvane Arcelino 
Gabriel Antonio 
Larisça Carvalho 
Rayane Teixeira 
Rosemeire Rocha 
Silvana Gomes 
 
 
 
Ouro Preto do Oeste, 01 de Julho de 202 
SUMÁRIO 
 
 
1. Introdução 
2. Linfoma não Hodgkin 
2.1. Conceito 
2.2. Epidemiologia 
2.3. Fisiopatologia 
2.4. Classificação 
2.4.1. Tabela de classificação 
2.5. Manifestações clinicas 
2.6. Tratamento 
2.6.1. Tratamento dos linfomas indolentes 
2.6.2. Tratamento dos linfomas agressivos 
3. Linfoma de Hodgkin 
3.1. Sinais e sintomas 
3.2. Diagnostico laboratorial 
3.3. Tratamento 
3.3.1. Tabela esquema ABVD 
3.3.2. Tabela chance de cura 
4. Distúrbios mieloproliferativos 
4.1. Classificação 
4.2. Fisiopatologia 
4.3. Manifestações clinicas 
4.4. Sinais e sintomas 
4.5. Tratamento 
5. Leucemia mielóide crônica 
5.1. Definição da doença 
5.2. Classificação 
5.3. Fisiopatologia 
5.4. Manifestações clinicas e laboratorial 
5.5. Diagnostico laboratorial 
5.6. Tratamento 
6. Leucemia linfoblastica aguda 
6.1. Classificação 
6.2. Fisiopatologia 
6.3. Manifestações clínicas 
6.4. Sinais e sintomas 
6.5. Tratamento 
7. Leucemia linfoblástica crônica 
7.1. Classificação 
7.2. Fisiopatologia 
7.3. Manifestações clinicas 
7.4. Sinais e sintomas 
7.5. Tratamento- 
8. Leucemia mieloide aguda 
8.1. Classifucação 
8.2. Fisiopatoligia 
8.3. Manifestações clínicas 
8.4. Tratamento 
9. Talassemias 
9.1. Betatalassemias 
9.1.1. Definição 
10.1.3. FisiopatologiaManifestações clinicas 
10.1.4. Diagnostico 
10.1.5. Tratamento 
10.2 Alfatalassemias 
10.2.1. Definição e classificação 
10.2.2. Fisiopatologia 
10.2.3. Diagnostico 
10.2.4. Tratamento 
11. Conclusão 
12. Referencial bobliográfico 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
A leucemia aguda é uma neoplasia maligna extremamente agressiva q que 
possui elevada letalidade. Essas leucemias agudas são caracterizadas pelo acumulo 
de células progenitoras, ou seja, de células jovens chamadas de blastos. Essas 
células podem ser da linhagem mielóide ou linfoide. As leucemias são responsáveis 
por cerca de 3% dos casos de câncer nos EUA, e no Brasil ocupa o 9° lugar no ranking 
de neoplasias em homens e o 10° em mulheres. A forma mais comum no mundo como 
um todo é a LMA (leucemia mielóide aguda), devido a sua grande incidência em 
países horientais. Entratanto, em países ocidentais a forma mais comum é a LLC 
(leucemia linfocítica crônica). Em crianças com menos de 15 anos de idade, as 
leucemias costumam ser agudas, sendo a mais frequente a LLA (leucemia 
linfoblástica aguda). 
As leucemias crônicas caracterizam-se pelo acumulo lento e gradativo de 
leucócitos neoplásicos na medula óssea e no sangue, essas células estão em uma 
fase tardia de maturação. Essas leucemias se não tratadas acarretam importante 
redução da sobrevida. 
Os linfomas são um grupo de neoplasias do tecido linfoide, representado 
principalmente pelo linfonodo. O linfoma nasce no tecido linfoide e eventualmente 
passam para a medula óssea e outros tecidos, diferentemente das leucemias 
linficíticas, que se originam na medula óssea e depois atingem os linfonodos. Os 
linfomas são divididos em linfoma de Hodgkin e não Hodgkin. 
As talassemias causadas por uma desordem hereditária e tem como 
característica uma deficiência na síntese das cadeias de globina, seus sintomas 
variam desde assintomáticos até crianças com anemia grave, deformidades ósseas, 
e destruição acelerada dos glóbulos vermelhos. São classificadas em betatalassemias 
e alfatalassemias. 
Os distúrbios mieloproliferativos tem em comum o fato de serem neoplasias 
hematolpgicas que tem o clone neoplásico originado na stem cell (células tronco). Este 
clone é capaz de se diferenciar em células hematológicas maduras (hemácias, 
leucócitos, e plaquetas), se proliferando de maneira insidiosa, causando um grande 
acúmulo de células maduras no sangue do paciente. 
 
 
5 
 
 
LINFOMAS NÂO-HODGKIN 
 
 
Conceito 
 
Os linfomas constituem um grupo de neoplasias do tecido linfoide (ou linfático), 
representado principalmente pelos linfonodos (ou gânglios linfáticos). Os linfomas 
“nascem” no tecido linfoide e eventualmente invadem a medula óssea e outros 
tecidos. Já as leucemias linficísticas, fazem a rota inversa, ou seja, se originam na 
medula óssea e podem acometer os linfonodos secundariamente. 
 
 
Epidemiologia 
 
Os linfomas não-hodgkin (LNH), são os principais representantes das 
neoplasias linfoides. Os seus diversos padrões histológicos são decorrentes da 
exist^ncia de uma vasta gama de tipos de linfócitos e seus diversos graus de 
diferenciação e maturação. 
Nas ultimas décadas, a incidência dos LNH vem aumentando 
progressivamente, aumento suplantado apenas pelo câncer de pulmão na mulher, 
pelo melanoma e pelo câncer de próstata. Os fatores que influenciaram esse aumento 
foi a pandemia da AIDS e o avanço nas técnicas de transplantes de órgãos sólidos. 
Considerando todos os tipos histológicos, os LNH possuem um pico de 
incidência entre 50 e 65 anos, por razões desconhecidas, em pacientes que não 
possuem fatores de risco que justifiquem esse dado. Mas também podem aparecer 
em qualquer faixa etária, inclusive em crianças, quando só perde em frequência para 
a leucemia linfoide aguda (LLA) e para as neoplasias neurais. Os LNH tem uma 
pequena preferência pelo sexo masculino e pela raça branca, predominando em 
países da Europa, nos EUA e na Austrália. 
 
 
Fisiopatologia 
 
6 
 
Agentes ambientais e anormalidades genéticas herdadas, participam nas 
alterações irreversíveis sofridas pelos cromossomos, ativando proto-oncogenes ou 
inativando anti-oncogenes. 
A exemplo, tem-se a comprovada associação da infecção pelo vírus Epstein-
Barr e alguns linfomas B, como os linfomas encontrados em pacientes com AIDS e o 
linfoma de Burkitt em crianças africanas (endêmica). Também é um fator de risco para 
essas desordens linfoproliferativas, as anormalidades cromossomiais que promovem 
deficiências imunológicas congênitas na infância. 
A grande maioria dos LNHs não possui etiologia definida, mas alguns fatores 
como AIDS, transplante de órgãos, deficiências imunes congênitas, agentes 
infecciosos, específicos, doenças autoimunes, doenças intestinais e exposição a 
fatores ambientais. 
 
 
Classificação 
 
O linfoma tem padrão folicular, o que significa que a proliferação de células 
neoplásicas no linfonodo fica praticamente restrita ao folículo linfático. Por outro lado, 
o acometimento dito difuso, é caracterizado por comprometimento pelas células 
tumorais de toda a arquitetura do gânglio, com perda da estrutura folicular. 
Classifica-se, levando em consideração além da morfologia, os aspectos 
clínicos, imunofenotípicos e genéticos, conforme: (1) comportamento clínico 
(indolentes x agressivos); (2) arquitetura histológica do linfonodo (folicular x difuso); 
(3) tipo celular (pequenas células clivadas, pequenas células não clivadas, grandes 
células etc); (4) imunofenotipagem – pelos tiposde marcador de membrana ou 
citoplasmáticos, pode-se especificar com grande precisão o tipo de linfoma não-
hodgkin; (5) citogenética: algumas translocações, deleções e rearranjosnos genes das 
cadeias de imunoglobulina e do receptor de células B, enquanto os 15% restantes 
derivam de células T ou NK. 
 
 
 
Tabela 1. Classificação dos LNH-OMS 
CLASSIFICAÇÃO DOS LINFOMAS NÃO HODGKIN – REAL – OMS 
Linfomas Indolentes 
(sobrevida sem tratamento medida em anos) 
7 
 
 
Linfomas B 
1- Linfoma Linfocítico Pequeno 
2- Linfoma de Células do manto 
3- Linfoma Folicular Grau I 
4- Linfoma Folicular Grau II 
5- Linfoma da Zona Marginal malt – Gástrico, Intestinal, - Pulmonar 
(BALT) – Outros (Tireóide, Glândula salivar etc). 
6- Linfoma da Zona Marginal Esplênico 
7- Linfoma da Zona Marginal Nodal 
8- Leucemia de células cabeludas 
 
Linfomas T/Células NK 
9- Micose fungoide e Sindrome de Sezary 
Linfomas Agressivos 
(sobrevida sem tratamento medida em meses) 
Linfomas B 
10- Linfoma Folicular Grau III 
11- Linfoma de Células do Manto 
12- Linfoma Difuso de Grandes Células B Variantes do Linfoma de 
Grandes Células B 
13- Linfoma B imunoblástico 
14- Linfoma B mediastinal (tímico) primário 
15- Linfoma B intravascular (angiotrópico) 
16- Linfoma B rico em células T/histiócitos 
17- Mieloma Múltiplo 
 
Linfomas T/Células NK 
18- Linfoma Anaplásico de Grandes Células T 
19- Linfoma Periférico de Células T Variantes do Linfoma Periférico de 
Células T 
20- Linfoma T subcutâneo paniculite-símile 
21- Linfoma T gama/delta hepatoesplênico 
22- Linfoma T intestinal (EATL) 
23- Linfoma T angioimunoblástico 
24- Linfoma T angiocêntrico, tipo nasal (antigo “granuloma de linha 
média”) 
25- Leucemia prolinfocítica 
 
Linfomas Altamente Agressivos 
(sobrevida sem tratamento medida em semanas) 
Linfomas B 
26- Linfoma de Burkitt ou burkiyy-símile 
27- Linfoma Linfoblástico de células pré-B 
28- Leucemia de Células plasmocitárias 
 
Linfomas T/Células NK 
29- Linfoma Linfoblástico de Células pré-T 
30- Linfoma/leucemia de Células T relacionado ao HTLV-1 
 
 
 
 
 
8 
 
Manifestações clínicas 
 
A grande maioria dos pacientes com linfoma (seja ele não Hodgkin ou Hodgkin) 
se apresenta com linfadenomegalia periférica não dolorosa, sendo a manifestação 
inicial de 2/3 dos pacientes com LNH. A adenomegalia predomina nas cadeias 
cervicais, supraclaviculares ou inguinais, porém qualquer cadeia pode ser acometida. 
Nos LNH indolentes, a linfadenopatia costuma ser insidiosa, co períodos 
alternados de regressão espontânea e crescimento dos gânglios. O paciente pode 
não se dar conta do aumento linfonodal e acaba demorando para procurar auxílio 
médico. 
Nos LNH agressivos, o paciente via de regra se apresenta com massa 
linfonodais de crescimento rápido, logo percebido por ele. O linfoma agressivo pode 
surgir em paciente portador do linfoma indolente, geralmente por uma “transformação 
neoplásica”. 
É importante procurar a biópsia para qualquer linfonodo que apresente uma 
das características a seguir: 
1- Tamanho superior a 2cm. 
2- Localização supraclavicular ou escalênica. 
3- Crescimento progressivo. 
4- Consistência endurecida, aderido aos planos profundos. 
A biópsia deve ser de todo o linfonodo, pois o diagnóstico e a tipagem do 
linfoma dependem de sua arquitetura histopatológica, também é importante a 
pesquisa de algumas causas infecciosas, como tuberculose, micise profunda, 
mononucleose, toxoplasmose, citomegalovirose, infecção pelo HIV, entre outras, 
como as responsáveis pela linfadenopatia. 
Os chamados “sintomas B” (febre >38°C, sudorese noturna, perda ponderal 
superior a 10% nos últimos seis meses) são observados em 40% dos casos de LNH, 
número discretamente superior ao do linfoma de Hodgkin (35%). Esses sintoma sB 
são presentes em apenas 25% dos casos de LNH indolentes, já nos LNH agressivos, 
são encontrados em 50% dos casos. Outros sintomas gerais relatados por alguns 
pacientes são fadiga, mal estar e prurido (<10% dos casos) 
O comprometimento extranodal é bem mais frequente nos LNH do que na 
doença de Hodgkin, ocorrendo em cerca de 50% dos linfomas, sendo mais comuns 
nos tipos agressivos e menos nos indolentes.o trato gastrointestinal e a medula óssea 
9 
 
são os sítios mais afetados, mas também afetam outros locais como pele, fígado, 
pulmão, meninges, nasofaringe, órbita, SNC, rins, testículos, glândulas salivares, 
tireóide e ossos da mandíbula (forma endêmica do linfoma de Burkitt). 
Os exame laboratoriais podem revelar citopenias (anemia, leucopenia ou 
trombocitopenia), especialmente quando há acometimento extenso da medula óssea. 
A leucopenia é o achado mais associado ao comprometimento da medula óssea. A 
presença de linfócitos neoplásicos no sangue periférico (leucemização) é vista em 
10% dos casos, especialmente com envolvimento da medula óssea, achado comum 
nos linfomas indolentes. 
Hipercalcemia e hiperuricemia podem ocorrer, sendo a última mais comum 
após o tratamento quimioterápicos de linfomas altamente agressivos e pode levar a 
síndrome de lise tumoral. A hipercalcemia é encontrada classicamente no 
linfoma/leucemia de células T associada ao HTLV-1. V 
 
 
Tratamento 
Tratamento dos linfomas indolentes 
 
Os principais representantes desse grupo são o linfoma folicular, o linfoma da 
zona marginal e o linfoma linfocítoco pequeno. Nos poucos pacientes diagnosticados 
em fases muito precose, a radioterapia direcionada é capaz de proporcionar a cura. 
Mas, infelizmente cerca de 85% dos casos, o diagnóstico só é feito quando a doença 
já encontra disseminada (em geral com envolvimento da medula óssea), uma situação 
considerada incurável com os recursos atualmente disponíveis, sendo assim, a 
conduta em casos de linfoma indolente avançado porém oligo/assintomático deve ser 
expectante. Só se indica terapia específica para os linfomas indolentes em estágio 
avançado quando surgem sintomas decorrentes da doença. (Ex. sintomas B, 
linfadenopatia volumosa, organomegalia maciça, citopenias e doença em 
transformação, com comportamento agressivo). Não existe consenso na 
literaturaacerca da melhor abordagem terapêutica para os casos avançados e 
sintomáticos de linfoma indolente. Porém a medicação de escolha para o tratamento 
tem sido o Rituximab (375 mg/m2 IV 1x semana por quatro semanas), em 
monoterapia ou em conjunto com esquemas quimioterápicos. O rituximab é um 
anticorpo monoclonal anti-CD20, sendo uma imunoterapia biológica que depleta 
10 
 
especificamente esses células (tanto benignas quanto malignas). Os esquemas 
quimioterápicos mais comumentes associados ao rituximab são: (1) bendamustina; 
(2) R-CVP (cliclofosfamida, vincristina e prednisona), (3) R-CHOP (ciclofosfamida, 
doxorrubicina, vincristina e prednisona). Uma remissão completa inicial é atingida em 
50-75% dos casos, muito embora a recidiva seja esperada. Portadores de doença 
clinicamente mais agressiva podem ser encaminhados para o transplante alogênico 
de células-tronco hematopoiéticas, desde que preencham os requisitos como: 
idade <55-60 anos, doador aparentado HLA- compatível.o transplante autólogo 
também tem sido empregado principalmente em pacientes que evoluem com recidiva 
após o tratamento anteriormente citado, conseguindo remissões relativamente longas, 
mas sem expectativa de cura. 
 
 
Tratamento dos Linfomas Agressivos 
 
O tratamento para esses pacientes deve ser precoce e intenso, com o objetivo 
de alcançar a cura. Na abordagem padrão para os principais tipos histológicos, como 
o Linfoma Difuso de Grandes Células, existem duas opções igualmente aceitas: (1) 
radioimuno-quimioterapia ( três ciclos de R-CHOP + radioterapia de campo 
envolvido); (2) R-CHOP por seis ciclos, sem radioterapia. Sendo a ultima 
estratégia, a primeira escolha para pacientes comdoença avançada. A recidiva após 
a abordagem inicial ainda pode ser curada com o transplante autólogo de células 
tronco hematopoiéticas, mas apenas se o linfoma continuar sensível aos 
quimioterápicos. 
 
 
LINFOMA DE HODGKIN 
 
 Linfoma ou Doença de Hodgkin é um tipo de câncer que se origina no sistema 
linfático, conjunto composto por órgãos (linfonodos ou gânglios) e tecidos que 
produzem as células responsáveis pela imunidade e vasos que conduzem essas 
células através do corpo. 
O linfoma de Hodgkin tem a característica de se espalhar de forma ordenada, 
de um grupo de linfonodos para outro grupo, por meio dos vasos linfáticos. A doença 
11 
 
surge quando um linfócito (célula de defesa do corpo), mais frequentemente um do 
tipo B, se transforma em uma célula maligna, capaz de multiplicar-se 
descontroladamente e disseminar-se. A célula maligna começa a produzir, nos 
linfonodos, cópias idênticas, também chamadas de clones. Com o passar do tempo, 
essas células malignas podem se disseminar para tecidos próximos, e, se não 
tratadas, podem atingir outras partes do corpo. A doença origina-se com maior 
frequência na região do pescoço e na região do tórax denominada mediastino. 
A doença pode ocorrer em qualquer faixa etária; porém é mais comum entre 
adolescentes e adultos jovens (15 a 29 anos), adultos (30 a 39 anos) e idosos (75 
anos ou mais). Os homens têm maior propensão a desenvolver o linfoma de Hodgkin 
do que as mulheres. 
A incidência de casos novos permaneceu estável nas últimas cinco décadas, 
enquanto a mortalidade foi reduzida em mais de 60% desde o início dos anos 1970 
devido aos avanços no tratamento. A maioria dos pacientes com linfoma de Hodgkin 
pode ser curada com o tratamento disponível atualmente 
 
Sinais e sintomas 
 
 O linfoma de Hodgkin pode surgir em qualquer parte do corpo, e os sintomas 
dependem da sua localização. Caso se desenvolva em linfonodos superficiais do 
pescoço, axilas e virilha, formam-se ínguas (linfonodos inchados) indolores nesses 
locais. Se a doença ocorre na região do tórax podem surgir tosse, falta de ar e dor 
torácica. Quando se apresenta na pelve ou no abdômen, os sintomas são desconforto 
e distensão abdominal. Outros sinais de alerta são febre, cansaço, suor noturno, perda 
de peso sem motivo aparente e coceira no corpo. Outros sintomas clássicos da 
doença, mas sem relação com o prognóstico, são o prurido (que pode prodeder a 
adenopatia) e a dor nos linfonodos desencadeada pela ingestão de bebidas alcoólicas 
(características da doença). 
 
 
 Diagnóstico laboratorial e diagnóstico precoce 
 A detecção precoce do câncer é uma estratégia para encontrar o tumor numa 
fase inicial e, assim, possibilitar maior chance de tratamento. 
12 
 
A detecção pode ser feita por meio da investigação com exames clínicos, 
laboratoriais ou radiológicos, de pessoas com sinais e sintomas sugestivos da doença 
(diagnóstico precoce), ou com a aplicação de exames periódicos em pessoas sem 
sinais ou sintomas (rastreamento) mas pertencentes a grupos com maior chance de 
ter a doença. 
Não há evidência científica de que o rastreamento do linfoma de Hodgkin traga 
mais benefícios do que riscos e, portanto, até o momento, ele não é recomendado. 
Já o diagnóstico precoce desse tipo de câncer possibilita melhores resultados 
em seu tratamento e deve ser buscado com a investigação de sinais e sintomas como: 
Aparecimento de um ou mais caroços (ínguas) sob a pele, geralmente indolor, 
principalmente no pescoço, virilha ou axilas 
Febre e suores noturnos 
Cansaço e perda de peso sem motivo aparente 
Coceira na pele 
Na maior parte das vezes, esses sintomas não são causados por câncer, mas 
é importante que eles sejam investigados por um médico, principalmente se não 
melhorarem em poucos dias. 
A manifestação mais frequente é a adenomegalia. Os linfonodos acometidos 
geralmente são móveis e de consistência elástica, porém maiores que 1,5-2 cm e 
persistentes. Eventualmente estão endurecidos pela fibrose associada. As cadeias 
mais acometidas são a cervical e a supraclavicular, mas qualquer sítio de linfonodos 
pode estar envolvido. O comprometimento mediastinal é observado com frequência, 
eventualmente de forma isolada. Os linfonodos mediastinais podem atingir grandes 
dimensões e provocar colapso de lobos do pulmão (atelectasia compressiva). A 
esplenomegalia está presente em cerca de 10-15% dos casos ao diagnóstico. O 
comprometimento extranodal pode ocorrer em qualquer local. Os órgãos mais 
envolvidos por disseminação hematogênica são o fígado, e a medula óssea 
(associada com doença avançada, sintomas B e histologia desfavorável) e por 
contiguidade, os pulmões. O achado de doença apenas extranodal é raro. O 
acometimento pulmonar não ocorre na ausência de doença mediastinal e hilar. 
O laboratório do LH pode revelar alguns achados inespecíficos, como uma 
discreta anemia normocítica e normocrômica que é encontrada em cerca de 50% 
dos pacientes, assim como leve leucocitose, linfopenia, monocitose, eosinofilia e 
trombocitose. A leucocitose, eventualmente pode atingir valores acima de 
13 
 
25.000/mm3 (reação leucemoide). A eosinofilia é um achado frequente, 
principalmente naqueles que manifestam prurido. 
 O diagnóstico do linfoma de Hodgkin é obtido por meio de biópsia da região 
afetada. A biópsia consiste na retirada de uma pequena parte ou de todo o linfonodo, 
que posteriormente é enviado para exame patológico. Atualmente, o linfoma de 
Hodgkin é classificado em dois subgrupos de acordo com a Organização Mundial de 
Saúde (OMS): linfoma de Hodgkin clássico, que se subdivide em quatro subtipos 
(esclerose nodular, celularidade mista, depleção linfocitária e rico em linfócitos), e 
linfoma de Hodgkin predomínio linfocitário nodular. 
 
 Tratamento 
 
 O linfoma de Hodgkin, na maioria dos casos, é uma doença curável quando 
tratado adequadamente. O tratamento clássico é a poliquimioterapia, quimioterapia 
com múltiplas drogas, com ou sem radioterapia associada. No momento do 
diagnóstico, dependendo do estádio da doença, pode-se estimar o prognóstico do 
paciente com o tratamento. O esquema ou protocolo de quimioterapia utilizado de 
rotina no INCA é denominado ABVD. Esta sigla identifica as iniciais das medicações 
utilizadas no tratamento: A de “Adriamicina”, B de “Bleomicina, V de “Vimblastina” e D 
de “Dacarbazina”. A quantidade de ciclos de quimioterapia dependerá da avaliação 
do estádio inicial do tumor. Os pacientes podem ser classificados como portadores de 
doença localizada ou doença avançada. 
 
Tabela 2. Esquema ABVD 
Esquema ABVD 
Adriamicina (doxorrubicina) 25 mg/m2 
Bleomicina 10 mg/m2 
Vinblastina 6 mg/m2 
Dacarbazina 375 mg/m2 
 
É feita uma dose de cada uma das quatro drogas (um ciclo) a cada 15 dias, num 
total de pelo menos quatro ciclos. 
 
 
14 
 
Para os pacientes que sofrem recaídas, ou seja, retorno da doença, ou que não 
respondem ao tratamento inicial, as alternativas vão depender da forma inicial de 
tratamento. As opções empregadas usualmente, e com indicações relativamente 
precisas, são a poliquimioterapia e o transplante de medula óssea. 
Os pacientes devem ser seguidos continuamente após o tratamento, com 
consultas periódicas, cujos intervalos podem ir aumentando progressivamente. 
 
 Tabela 3. Chance de cura no linfoma de Hodgkin 
Estágio IA e IIA 
 
80-90% 
Estágio IB e IIB 80-85% 
 
Estágio IIIA 75-80% 
 
Estágio IIIB 60% 
 
Estágio IV 60% 
 
 
 
 Disturbios mieloproliferativos 
 
 Cada uma das síndromes mieloproliferativas possui quadro clínico e 
laboratorial estereotipado, diferindo entre si, em essência, pelo tipo de célula 
predominantemente produzida. Assim, podemos dizer que a LMC é marcada pelo 
acúmulo de granulócitos (neutrófilos, bastões, metamielócitos,mielócitos, eosinófilos 
e basófilos); a policitemia vera tem como principal achado laboratorial a eritrócitos 
(aumento do número de hemácias); a trombocitemia essencial, por sua vez, cursa 
com trombocitose (aumento de plaquetas), geralmente superior a 1 milhão/mm3 ; e a 
mielofibrose idiopática caracteriza-se pela fibrose precoce da medula óssea, o que 
estimula a hematopoiese extramedular 
 
Classificação 
 
1- Policitemia Vera 
2 -Mielofibrose Idiopática (antiga Metaplasia Mieloide Agnogênica) 
3 -Trombocitemia Essencial 
 Pela classificação da OMS, outras entidades também pertencem ao grupo 
das síndromes mieloproliferativas: leucemia neutrofílica crônica, leucemia eosinofílica 
15 
 
crônica, mastocitose e doença mieloproliferativa crônica não especificada, porem são 
condições muito raras. 
 
Fisiopatologia 
 
 Hoje sabemos que a policitemia vera se inicia após o surgimento de uma 
mutação genética específica, conhecida como “JAK-2”. A sigla JAK se refere à 
enzima, um segundo mensageiro na cascata de sinalização intracelular de vários 
receptores para fator de crescimento, como os receptores de eritropoietina e 
trombopoietina. 
 Na vigência dessa mutação ocorre uma ativação constitutiva, ininterrupta, 
daquelas vias de sinalização intracelular, induzindo a célula progenitora a se proliferar 
mesmo na ausência do respectivo fator de crescimento. Em geral, a mutação é do tipo 
“pontual” no exon 14 do gene, mas outros polimorfismos também podem ter o mesmo 
efeito. O fato é que a JAK-2 pode ser identificada em mais de 95% dos casos de PV, 
sendo sua demonstração, na atualidade, considerada critério diagnóstico. É 
importante frisar que a JAK-2 também pode ser encontrada em outras síndromes 
mieloproliferativas, como a trombocitemia essencial e a mielofibrose, 
 
Manifestaçao clinica 
 
 A policitemia vera geralmente é suspeitada em um paciente assintomático com 
eritrocitose a esclarecer. A morfologia das hemácias não se modifica pela doença. 
Hematócrito > 60% em pacientes com Sat. O2 > 92% quase sempre significam 
policitemia vera, muitos pacientes se apresentam com valores de hematócrito mais 
baixos (principalmente mulheres) e o diagnóstico diferencial deve ser feito com outras 
patologias causadoras de eritrocitose. 
 
Sinais e sintomas 
 
 Os sintomas são provenientes do aumento da viscosidade sanguínea: cefaleia, 
tontura, turvação visual, parestesias. Como igualmente acontece em outras síndromes 
mieloproliferativas (devido à elevada taxa de metabolismo celular replicativo), queixas 
como fraqueza e perda ponderal, febre baixa e sudorese costumam ocorrer. A 
16 
 
HIPERvolemia está presente e pode levar à hipertensão arterial sistêmica (70% dos 
pacientes têm PA sistólica > 140 mmHg). A hipervolemia, associada à 
hiperviscosidade sanguínea, sobrecarrega o coração, levando à congestão pulmonar 
e dispneia. 
 
Tratamento 
 
 A base terapêutica da policitemia vera tem sido a flebotomia (“sangria”). Os 
pacientes devem ser submetidos inicialmente à retirada diária de 100-500 ml de 
sangue, com o objetivo de atingir um hematócrito < 45% em homens e < 42% em 
mulheres. Cada 500 ml de sangue retirados de um adulto mediano reduz o 
hematócrito em cerca de 3%... Com o hematócrito dentro do alvo a flebotomia passa 
a ser realizada de forma periódica de acordo com a necessidade (ex.: a cada três 
meses). Pacientes coronariopatas ou com história de doença cerebrovascular podem 
retirar um volume menor de sangue, devendo a flebotomia ser acompanhada de 
reposição de cristaloides. 
Drogas mielossupressoras serão indicadas nas seguintes situações: 
1- dificuldade na realização de flebotomias regulares (ex.: problemas com 
acesso venoso ou questões logísticas) 
2- alto requerimento de flebotomias 
3- trombocitose acentuada (> 1.000.000/mm3 ) e/ou história prévia de trombose 
A droga tradicional é a hidroxiureia. Sua administração oral (500 a 1.500 
mg/dia) reduz o hematócrito, a leucocitose e a trombocitose. O objetivo é controlar o 
hematócrito e manter as plaquetas < 500.000/mm3 , evitando, contudo, uma queda 
na contagem de neutrófilos para < 2.000/mm3 . 
 A anagrelida também é um agente mielossupressor, e pode ser associada à 
hidroxiureia em casos refratários, ou substituí- -la se houver intolerância. Sua 
posologia é 1-2 mg de 12/12h por via oral. 
 
 
 LEUCEMIA MIELOIDE CRÔNICA 
 
Definição da doença: 
17 
 
A LMC é uma Síndrome Mieloproliferativa Crônica, as síndromes 
mieloproliferativas formam um grupo de neoplasias hematológicas que se originam da 
célula-tronco (stem cell) ou de um progenitor próximo a esta em sua maturação. 
Porém, ao contrário das leucemias agudas, esse clone segue o curso normal de 
maturação até as células finais (granulócitos, hemácias, plaquetas) – logo, não há 
bloqueio de maturação. 
 
Classificação: 
O pico de incidência da LMC é na fase adulta, por volta dos 55 anos, porém 
pode ocorrer em crianças (até 2% das leucemias da infância). Existe um discreto 
predomínio no sexo masculino. Dentro do grupo das leucemias crônicas, ficando a 
LMC em segundo lugar (~15% das leucemias). 
 
Fisiopatologia: 
O clone neoplásico da LMC provavelmente é uma célula-tronco (stem cell). Por 
razões desconhecidas essas células adquirem uma anomalia citogenética 
denominada cromossomo Filadélfia que, na verdade, é uma translocação entre os 
braços longos do cromossomo 9 (banda 34) e 22 (banda 11), representada por 
t(9;22).Cerca de 95% dos pacientes com LMC apresenta o cromossomo Filadélfia ou 
t(9;22), detectável na análise do cariótipo das células do aspirado de medula ósse. 
O clone neoplásico é capaz de se diferenciar em células maduras, diferente do 
encontrado nas leucemias agudas. A diferenciação ocorre preferencialmente para a 
série granulocítica, levando ao acúmulo na medula óssea e no sangue periférico de 
neutrófilos, bastões, metamielócitos, mielócitos e, eventualmente, raros mieloblastos 
(< 5%). Os eosinófilos e basófilos encontram-se elevados, pois também são 
granulócitos. Os monócitos e as plaquetas podem se elevar (monocitose, 
trombocitose), porém a hematimetria tende a se reduzir (anemia) por conta da 
ocupação medular neoplásica, inibindo a eritropoiese. 
 
Manifestações Clínica e Laboratoriais: 
18 
 
Muitos pacientes com LMC são descobertos em uma fase assintomática da 
doença, através de exame físico mostrando esplenomegalia e/ ou hemograma 
revelando leucocitose neutrofílica acentuada, com desvio para esquerda até mielócito 
ou mieloblasto. O marco da LMC é justamente a associação: Leucocitose Neutrofílica 
Acentuada com desvio à esquerda + Esplenomegalia de Grande Monta. 
 Os sintomas mais comuns de apresentação da doença são decorrentes do 
estado hipercatabólico, da esplenomegalia, da anemia e/ ou da disfunção plaquetária, 
tais como: febre, perda ponderal, astenia, sudorese noturna, desconforto abdominal 
no hipocôndrio esquerdo, saciedade precoce, palpitação, dispneia, equimoses... As 
infecções na LMC não são frequentes, nem caracterizam a doença. 
O quadro laboratorial da doença caracteriza-se pela acentuada leucocitose 
neutrofílica, invariavelmente presente. A contagem leucocitária pode atingir valores 
altíssimos, de até 1.000.000/ mm3 , sendo comuns valores acima de 100.000/ mm3 
(hiperleucocitose) e quase sempre acima de 50.000/mm3 . Em geral, existe uma 
flutuação do nível da leucocitose. O diferencial revela intenso “desvio para esquerda”, 
havendo muitas formas jovens granulocíticas na periferia: bastões, metamielócitos, 
mielócitos e até mieloblastos. A contagem absoluta de eosinófilos e basófilos está 
tipicamente alta (eosinofilia e basofilia). A LMC é uma das poucas causas de basofilia 
proeminente e persistente. 
A regra, portanto, na LMC é: Anemia + Hiperleucocitose + Trombocitose. 
 
 
Diagnóstico Laboratorial 
O diagnóstico é inicialmente suspeitado dianteda presença de leucocitose 
acentuada (> 25.000-50.000/mm3 ) num paciente com esplenomegalia. O diagnóstico 
diferencial deve ser feito com reação leucemoide, outras síndromes mieloproliferativas 
(P. vera, mielofibrose idiopática, trombocitemia essencial) e LMMC (Leucemia 
Mielomonocítica Crônica – um tipo de síndrome mielodisplásica). A confirmação é 
dada pela detecção do RNAm da mutação bcr/abl, o que atualmente pode ser feito 
através da técnica de RT-PCR (Reverse Transcriptase Polymerase Chain Reaction) 
no sangue periférico. Logo, um aspirado/ biópsia de medula óssea não é 
indispensável para o diagnóstico... No entanto, este último exame sempre acaba 
sendo realizado no portador de LMC, pois auxilia na estratificação prognóstica (ex.: 
ao permitir a identificação de outras anomalias como o aumento na contagem de 
19 
 
blastos e a presença de alterações cromossômicas adicionais) e também no 
acompanhamento da resposta terapêutica. 
O cromossomo Filadélfia pode ser encontrado na avaliação citogenética das 
células do aspirado/ biópsia, e tem o mesmo significado da detecção do gene bcr/abl 
no sangue. Esta mutação também pode ser diretamente pesquisada no 
aspirado/biópsia por RT-PCR ou FISH (Fluorescent In Situ Hybridization). 
A evoluçao e prognostico se da quando: A maioria (90-95%) dos pacientes com 
LMC é diagnosticada ainda na fase crônica da doença. Após um período médio 3-5 
anos, virtualmente todos os pacientes com LMC não tratada evoluem para a chamada 
crise blástica – uma leucemia aguda rapidamente fatal (sobrevida média de três 
meses); a causa mais comum de óbito na doença. Se a leucemia for do tipo LMA, 
denomina-se crise blástica mieloide (a mais comum); se for do tipo LLA, chama-se 
crise blástica linfoide. Um terço dos pacientes evolui diretamente para a crise blástica, 
enquanto que os dois terços restantes, antes de chegar à crise blástica, passam por 
uma fase acelerada da LMC, caracterizada por uma alta contagem granulocítica 
(neutrófilos, basófilos) e esplenomegalia refratárias à terapia mielossupressora e pela 
perda progressiva da capacidade de diferenciação do clone neoplásico, surgindo 
maior número de blastos na medula e sangue periférico. Estes pacientes logo irão 
complicar com leucemia aguda – crise blástica – e têm uma sobrevida média de 18 
meses. 
 A explicação para a progressão para as fases acelerada e blástica da doença 
está na aquisição de anomalias .citogenéticas ou moleculares adicionais pelo clone 
leucêmico da LMC (fenômeno chamado de “evolução clonal”). 
O “Sokal” é um modelo prognóstico que divide os pacientes em categorias de 
risco baixo, intermediário e alto, a partir de seis variáveis (idade, tamanho do baço, 
contagem plaquetária, de basófilos, de eosinófilos e de blastos). 
 
 Tratamento 
Terapia medicamentosa “específica” (Inibidores da Tirosina-Quinase) O 
mesilato de imatinibe (Gleevec) revolucionou a terapêutica da LMC ao propiciar 
taxas impressionantes de remissão da doença. Este tem sido o tratamento de 
primeira linha, ficando o transplante alogênico de células hematopoiéticas em 
segundo plano. Estudos clínicos demonstraram a enorme superioridade do 
20 
 
Gleevec em relação a todas as terapias medicamentosas anteriores, como 
interferon-alfa, hidroxiureia, bussulfan, entre outros. Como o Gleevec age? Trata-
se de um inibidor específico da tirosina-quinase “mutante” codificada pelo gene 
bcr/abl. Logo, ele atua apenas nas células neoplásicas, bloqueando o estímulo 
hiperproliferativo, o que evita seu acúmulo no organismo. 
 Em geral os efeitos adversos são leves a moderados, incluindo anasarca, 
náuseas, diarreia, hemorragias, cãibras e rash cutâneo. A dose padrão é 400 mg/ 
dia, via oral. O principal objetivo da terapia com Gleevec é a obtenção de umaa 
resposta citogenética completa. Esta é definida pelo desaparecimento das células 
carreadoras do cromossomo Filadélfia no estudo citogenético do aspirado de 
medula óssea (isto é, “0% de células Ph+ no AMO”), o que em geral ocorre após 
12-18 meses de tratamento. 
Em casos de intolerância ou falência terapêutica devemos trocar o Gleevec 
por outro inibidor de tirosina-quinase mais potente, ou então, encaminhar o 
paciente para o transplante de células hematopoiéticas. Se decidirmos pela troca 
do medicamento, é preciso antes realizar uma análise mutacional do bcr/ abl, a fim 
de identificar a melhor opção farmacológica. Em geral, a escolha recai sobre algum 
dos inibidores de tirosina-quinase de 2a geração, como o dasatinibe (Sprycel, 300- 
400 mg/2x dia) ou o nilotinibe (Tasigna, 100 mg/dia). Tais drogas são bem mais 
potentes que o Gleevec (30-300x mais), sendo capazes de “salvar” até 90% dos 
pacientes em falência terapêutica... Outro inibidor de tirosinaquinase de 2a 
geração (de desenvolvimento mais recente), o bosutinibe (Bosulif, 500 mg/ dia), 
vem sendo empregado em pacientes que não respondem ou não toleram o 
dasatinibe e o nilotinibe. 
Os indivíduos geralmente possuem a mutação T315I no gene bcr/abl, 
felizmente, para estes casos já foi desenvolvida uma droga de 3a geração: o 
ponatinibe (Iclusig, 45 mg/dia). O grande problema do ponatinibe é que ele 
aumenta o risco de trombose arterial (ex.: IAM, AVC)... 
Recentemente, um novo medicamento foi incorporado ao arsenal 
terapêutico da LMC: trata-se do omacetaxine (Synribo), um inibidor de síntese 
proteica que bloqueia preferencialmente a transcrição do oncogene bcr-abl nas 
células do clone neoplásico. Tal droga foi aprovada como terapia de resgate para 
os pacientes em fase crônica ou acelerada que apresentaram falha terapêutica a 
21 
 
pelo menos dois inibidores de tirosinaquinase. Deve ser ministrada pela via 
parenteral, na dose de 1.25 g/m2 de 12/12h por 21 dias. 
Por fim, pacientes que não respondem a nenhum inibidor de tirosina-
quinase – evoluindo com progressão da doença – devem ser avaliados para o 
transplante alogênico de células hematopoiéticas. Como vimos, o transplante 
alogênico de células hematopoiéticas é indicado para portadores de LMC que 
falham na terapia com inibidores de tirosina-quinase. Um pré-requisito básico para 
se considerar esse tratamento é a idade < 55-60 anos. Idealmente, devemos 
buscar um doador “aparentado” HLA compatível (ex.: irmão). A chance de cura 
nesta situação oscila em torno de 50-60%, aumentando para 70-80% em pacientes 
< 50 anos quando o transplante é realizado dentro do primeiro ano do diagnóstico. 
 
 
 LEUCEMIA LINFOBLÁSTICA AGUDA E CRÔNICA 
 
 Leucemia Linfoblástica Aguda 
 
 A leucemia Linfoblástica aguda é o câncer mais comum na infância. Ocorre 
quando uma célula de medula óssea desenvolve erros no seu DNA.É mais comum na 
infância (90% dos casos), entre crianças de 2- a 10 anos (maior aos quatros anos) é 
registrados. É mais comum em raça branca e tem discreta predominância no sexo 
masculino com 57%. 
 A LLA infantil responde bem a quimioterapia, com chance de cura em torno 
de 90%, a LLA também acometem em adultos, só que nesse caso a doença apresenta 
prognostico, com um taxa de cura de apenas 25 a 40%. Já em adultos respondem 
bem a quimioterapia de indução com até 90% de remissão completa, mas a maioria 
experimenta a recaída. 
 
Classificação 
 
 L1: Células pequena com contorno regular, apresentando pouco 
citoplasma se basófilia. 
 L2: Células de tamanho diversos cujo citoplasma varia de tamanho e 
basofilia, podendo apresentar nucléolos e irregularidade de contorno. 
22 
 
 L3: Células com nucléolos, basofilia citoplasmática e vacúolos, este 
subtipo apresenta imunofenotipo b e é considerado a forma leucêmica do linfócitos de 
burkitt. 
 
Fisiopatologia 
 
Na Leucemia, uma célula sanguínea que ainda não atingiu a maturidade sofre 
uma mutação genética que transforma em uma célula cancerosa. Essa célula anormal 
não funciona de forma adequada, multiplica-se mais rápido e morre menos do que as 
células normais.Dessa forma, as células sanguíneas saudáveis da medula óssea vão sendo 
substituídas por células anormais e cancerosa. 
 
Manifestações Clinicas 
 
O quadro clinico da LLA é muito semelhante ao LMA. Algumas diferencias 
devem ser destacadas (1) a dor óssea é muito frequente- 80% dos casos; (2) 
adenomegalia cervical ou generalizada é mais frequente-75% dos casos (3) podem 
ocorrer massas mediatinais no subtipo da células-T do timo; (4) o acometimento do 
sistema nervoso central e dos testículos (especialmente na recidiva) é mais comum 
(5) febre neoplásica é mais comum-70%bdos casos. 
 
Sinais e Sintomas 
 
Os sintomas podem incluir aumento dos gânglios linfáticos, hematomas, febre, 
dor óssea, sangramento da gengiva e infecções frequentes. 
Dores locais: ossos 
No corpo: fadiga, febre, perda de apetite ou suor noturno. 
Também é comum: facilidade de se machucar, falta de ar, inchaço dos 
gânglios, infecção, manchas avermelhadas na pele, palidez, perda de peso, 
sangramento na gengiva ou nasal 
Sinais clínicos relacionados à infiltração do SNC ocorrem de 5á 10% das LLA 
e incluem cefaleia, edema de papila e comprometimento cranianos, como também 
lesões ósseas, infiltrações nos testículos, pele, rins ou pulmões são diagnosticados 
23 
 
em 0,5 a 1 % dos pacientes. E os outros órgãos podem ser acometidos causando o 
aumento do fígado, baço e linfonodos, devido ao acumulo de células leucêmicas. 
 
Tratamento 
 
O tratamento podem incluir quimioterapia ou medicamento direcionados que 
eliminam especificamente as células cancerígenas. 
Indução da remissão: é quando a células leucêmicas é encontrado na 
amostra da medula óssea, e as células normalizam. Mas a remissão não é uma cura, 
ainda que a células cancerígenas podem estar em outra parte do corpo. 
Profilaxia do SNC: é para impedir que as células doentes se espalhe para o 
sistema nervoso central. O medicamento mais utilizados é o metotrexato, mas as 
vezes, a citarabina ou um esteroide, como a prednisona, pode, também, ser 
administrado. Altas doses de metotrexato ou citarabina via intravenosa, radioterapia 
do cérebro e medula espinhal. 
Consolidação da remissão: se caso a leucemia entra em remissão, a etapa 
consiste em outro tipo de quimioterapia usando o mesmo medicamento numa dose 
muito altas, de modo que o tratamento é muito intenso, para esse tipo de tratamento 
e sugerido um transplante halogênico. 
Manutenção: após uma consolidação o paciente é incluído a um programa de 
manutenção da quimioterapia com metotrexato e 6-mercaptopurina. 
 
 
 
LEUCEMIA LINFOBLÁSTICA CRÔNICA 
 
A leucemia LLC, também conhecida como leucemia Linfoblástica crônica, é um 
tipo de câncer das células brancas do sangue (linfócitos B) e da medula óssea, local 
do organismo em que as células do sangue são produzidas. 
A doença é considerada crônica porque a alteração provoca o crescimento 
desordenado de linfócitos B maduros (um tipo de glóbulo branco) que, geralmente, 
não impede a produção de células com problemas, causando acumulo na medula 
óssea, por outro lado o processo de fabricação e maturação das células saudáveis 
continua acontecendo. 
 
24 
 
Classificação 
 
Leucemia Linfoblástica crônicas: afeta células linfoides e se desenvolvem de 
forma lenta. A maioria das pessoas diagnosticadas com esse tipo de doença tem mais 
de 55 anos. Raramente afeta crianças. 
 
Fisiopatologia 
 
No caso de 98% dos casos, as células B CD5+ sofrem transformação maligna, 
se disseminam os linfonodos e outros tecidos linfoides, induzindo esplenomegalia. Os 
pacientes apresentam suscetibilidade elevadas ás doenças auto imunes 
caracterizadas por anemias imunohemoliticas ou trombocitopenia e aumento modesto 
no risco e desenvolvimento de outros cânceres. 
 
Manifestação clinicas 
 
Muitos pacientes são diagnosticados na fase assintomática da doença, pelo 
encontro de uma linfocitose expressiva no hemograma. É definida por 3.000 linfocitos 
por mm3 no sangue, por definição, a linfocitose é >5.000/mm3. 
Posteriormente, evoluem para um aumento de tamanho e confluência, podendo 
se apresentar com grandes massas cervicais, acometendo inclusive linfonodos 
viscerais. 
 
Sinais e sintomas 
 
Os sintomas podem incluir gânglios linfáticos inchados, fadiga e maior 
propensão ao surgimento de hematomas. 
Sintomas comuns é inchaço dos gânglios ou fadiga. 
 
Tratamento 
 
O tratamento nem sempre e necessário no início, mas pode incluir a 
quimioterapia. O transplante de células-tronco é usado em situações raras, para caso 
agressivos. 
25 
 
A indicação de tratar a LLC passa existir quando o paciente desenvolve um ou 
mais dos seguintes: fadiga progressiva, linfadenopatia sintomática, anemia 
trombocitopenia. 
O tratamento especifico é feito com 
 Quimioterapia 
 Corticoides 
 Terapia com anticorpo monocional 
 Radioterapia 
 
 
 
 LEUCEMIA MIELOIDE AGUDA (LMA) 
 
A leucemia mielóide aguda é a mais comum no mundo, devido a incidência em 
populações orientais. De qualquer modo a LMA é a leucemia mais comum e sua 
incidência começa a se elevar a partir dos 15 anos e tende aumentar 
progressivamente com a idade. 
Que é um tipo de câncer do sangue, resultante de uma alteração de DNA das 
células troncos em uma linhagem de glóbulos brancos (as chamadas células 
mieloides). 
O que ocorre translocação de pedaços entre em cromossomos, perda de partes 
de alguns deles, inversões de DNA ou outras alterações do genes, mas vale ressaltar 
que nem toda leucemia mieloide aguda apresenta a mesma características. 
 
Classificações 
 
As leucemias agudas foram inicialmente classificadas pela FAB (French-
americam-bristish cooperative group), atualmente, entretanto, as decisões 
terapêuticas nas leucemia são bastante dependentes de características não 
contempladas pela classificação da FAB, como as anomalias citogeneticas e 
moleculares. 
Por isso a OMS reclassificou que a leucemias mieloide agudas definindo grupos 
de prognósticos e tratamentos diferenciados que são: 
M0 Leucemia mieloblastica aguda indiferenciada 
M1 Leucemia mieloblastica aguda sem maturação 
26 
 
M2 Leucemia mieloblastica aguda com maturação e muitos outros. 
 
Fisiopatologia 
 
A célula maligna, no caso LMA, é o mieloblasto. Na hematopoese normal, o 
mieloblasto é um precursor dos glóbulos brancos imaturos. No entanto, LMA, o único 
mieloblastos acumula modificações genéticas que “congelam” as células em seu 
estado imaturo, impedindo assim a diferenciação celular. 
 
Manifestações clinicas 
 
É fundamental que os médico estejam familiarizado com o quadro clínicos de 
apresentação de uma leucemia aguda. Onde pode ser aguda (dias) ou 
subagudas(semanas) embora que metade dos pacientes apresente queixas no 
últimos três meses, a tríade sintomática da leucemia aguda é: (1) astenia;(2) 
hemorragia;(3) febre, todos os sintomas relativos à insuficiência hemapoetica 
medular. 
 
A astenia, na verdade, é o principal componentes da síndrome anêmica. 
Hemorragia é o sangramento reflete a plaquetopenia grave e, eventualmente, um 
distúrbio da coagulação ex: Coagulação Intravascular disseminada. 
 
A febre pode ser decorrente a neutrpenia ou disfunção neutrófila, que favorece 
infecções bacterianas e fúngicas sistêmicas – mecanismo de ação comum ou febre 
neoplásica, consequente á rápida proliferação clonal. 
 
Tratamentos 
 
O tratamento consiste essencialmente na quimioterapia, onde está dividido em 
três partes: indução, pós remissão ou consolidação. 
 
 Indução da remissão: tem como objetivo de exterminar o clone 
neoplásico população de blastos. A remissão é definida por desaparecimento dos 
27 
 
blastos do sangue periférico, medula óssea com menos de 5% de blastos, ausência 
de células com bastonetes de Auer e muitos outros. 
 
 Pós remissão: A terapia pós remissão é a terapia administrada após o 
paciente atingir a remissão completa.E tem por objetivo prolongar a remissão 
completa, através da prevenção da recaída da doença, maximizando a chance de 
cura. 
 Consolidação: A terapia de consolidação é indicada para paciente com 
cariótipos de bom prognóstico, como t(8,21), no subtipos M2 e inv(16) ou t (16;16) nos 
subtipo M4, e nos pacientes sem condições de receber o transplantes de células 
hematopoiéticas. 
 
 
 TALASSEMIAS 
 
As talassemias são desordens hereditárias que têm como característica básica 
uma deficiência na síntese das cadeias de globina. Elas possuem um espectro clínico 
amplo de apresentação, variando desde indivíduos inteiramente assintomáticos até 
crianças com anemia grave, deformidades ósseas e destruição acelerada de células 
vermelhas. 
 As talassemias não eram reconhecidas até 1925, quando um pediatra de 
Detroit, Thomas Cooley, descreveu uma síndrome em uma criança descendente de 
italianos, caracterizada por anemia profunda, esplenomegalia e deformidades ósseas. 
As talassemias são classificadas de acordo com o tipo de cadeia globínica 
deficiente. Os tipos mais conhecidos são as betatalassemias (deficiência na produção 
de cadeias beta) e as alfatalassemias (deficiência na produção de cadeias alfa) 
 
BETATALASSEMIAS 
 
 Definição 
 A betatalassemia é caracterizada por uma diminuição ou ausência na síntese 
de cadeias beta de globina. O gene defeituoso apresenta geralmente mutações 
28 
 
pontuais (troca, acréscimo ou deleção de um ou dois nucleotídeos) envolvendo a 
regulação ou expressão do gene produtor da cadeia beta. 
 O gene da cadeia beta, ou β, de globina está presente no cromossoma 11, 
juntamente com os genes das outras cadeias globínicas não alfa, isto é, a cadeia delta 
ou δ (forma adulta) e a cadeia gama ou γ (forma fetal). Os genes dessas três cadeias 
globínicas compõem o chamado haplótipo do grupamento betaglobínico. 
 
 Clasificação 
 
 As diversas mutações só podem determinar dois tipos de 
genebetatalassêmico: (1) um gene totalmente incapaz de produzir cadeia beta (gene 
β0 ); 
 (2) um gene que produz uma pequena quantidade de cadeia beta (gene β+ ), mas 
inferior ao normal. 
 Ainda dentro do gene β+ , existem subtipos que produzem mais ou menos 
cadeia beta (ex.: o gene β+ mediterrâneo produz menos cadeia beta do que o gene 
β+ africano, do negro). O gene normal da cadeia beta é representado como gene β. 
Assim, os genótipos possíveis de encontrar são: β/β (pessoa normal), β0 /β0 e β+ /β+ 
(homozigotos), β0 /β+ (duplo heterozigoto), β0 /β e β+/β (heterozigotos). 
 O paciente desenvolve a betatalassemia major (anemia de Cooley), um quadro 
de extrema gravidade e letalidade, dependente de hipertransfusão para a 
sobrevivência (este é considerado o fenótipo mais grave da doença). 
 Os homozigotos para o gene β+ (genótipo β+ / β+ ) costumam dar origem à 
betatalassemia intermedia, um quadro moderadamente grave de talassemia, mas não 
dependente da hipertransfusão. Raramente, o genótipo heterozigoto β0 /β pode cursar 
com uma espécie de betatalassemia intermédia “mais branda”, assim como o genótipo 
β+ /β+ também pode se apresentar como uma betatalassemia major “menos grave” 
que a β0 /β0 e a β0 /β+, especialmente quando o gene β+ é do tipo mediterrâneo. 
 
 Fisiopatologia 
 
 Quando a cadeia beta está em quantidade reduzida ou ausente nas células 
eritroides, diminui a síntese de hemoglobina, promovendo microcitose, hipocromia e 
29 
 
anemia; sobram cadeias alfa no citoplasma do eritroblasto. As cadeias alfa livres são 
completamente insolúveis e precipitam no citoplasma da célula. 
 Na betatalassemia major, somente 15-30% dos eritroblastos escapam da 
destruição medular. Em resumo: a anemia é consequência ao mesmo tempo da 
redução da síntese de hemoglobina, da eritropoiese ineficaz e da hemólise crônica 
extravascular. 
 A eritropoiese ineficaz acaba estimulando (por um mecanismo 
desconhecido) a absorção intestinal de ferro, levando à hemossiderose (ou 
hemocromatose), mesmo na ausência da reposição inadvertida de sulfato ferroso. 
Este é o fenômeno da hemocromatose eritropoiética. 
 
 Manifestações clínicas 
1- Betatalassemia Major (Anemia de Cooley) 
Como até os 3-6 meses de idade a hemoglobina predominante é a HbF (α2γ2), 
não há necessidade de cadeia beta: não há como “sobrar” cadeias alfa, uma vez que 
elas se ligam quase todas às cadeias gama, para formar HbF. 
A partir dessa faixa etária, a doença se instala com anemia grave (Hg entre 3,0-
5,0 g/dl) e icterícia. O ritmo acelerado de destruição de células eritroides (tanto na 
medula, quanto na periferia) estimula fortemente (por intermédio da eritropoietina 
renal) a proliferação e maturação dos eritroblastos (hiperplasia eritroide). Como 
consequência, há uma grande expansão da medula óssea (mais do que em qualquer 
outra anemia), levando às clássicas deformidades ósseas talassêmicas, aumento da 
arcada dentária superior, com separação dos dentes e bossa frontal. 
As crianças que recebem hemotransfusão esporádica, evitando a morte 
precoce por anemia, continuam mantendo os efeitos deletérios da hiperplasia eritroide 
exagerada: deficit importante de crescimento e desenvolvimento, deformidades 
ósseas e infecções recorrentes. As transfusões repetidas durante longos anos levam 
à sobrecarga de ferro no organismo, provocando hemocromatose transfusional. 
Os mais afetados são: fígado, sistema endócrino, pele, coração. O quadro 
clínico é marcado por agravamento da hepatoesplenomegalia, coloração “bronzeada” 
da pele, hipogonadismo, diabetes mellitus e insuficiência cardíaca congestiva 
refratária. O paciente acaba por falecer por arritmias cardíacas ou falência cardíaca 
ainda numa idade jovem. 
30 
 
 
2- Betatalassemia Intermedia 
È um quadro mais brando estes pacientes possuem uma produção 
intermediária de cadeia beta pelos seus eritroblastos. Frequentemente, o diagnóstico 
é feito na adolescência ou fase adulta. São indivíduos cronicamente anêmicos, com 
Hg na faixa entre 6-9g/dl (Ht entre 18-27%), deformidades ósseas características, 
icterícia intermitente, episódios de litíase biliar recorrente e esplenomegalia moderada. 
O crescimento, desenvolvimento e fertilidade estão preservados. 
Os achados dos índices hematimétricos e na hematoscopia do sangue 
periférico são idênticos aos da betatalassemia major. O que as diferencia é o grau de 
anemia. 
 
3- Betatalassemia Minor 
A principal importância da talassemia minor na prática médica é o seu 
reconhecimento como entidade benigna. Esses pacientes são heterozigotos para o 
gene β+ (β+ /β) ou para o gene β0 (β0 /β). A talassemia minor também é referida como 
“traço talassêmico”. 
O paciente é assintomático, sendo o seu problema descoberto acidentalmente 
no seu hemograma. Alguns possuem uma anemia discreta (Hg > 10 g/dl), outros não 
apresentam anemia. Os grandes marcadores desta entidade são a microcitose (VCM 
entre 60-75 fL) e a hipocromia (HCM entre 18-21pg). O sangue periférico contém 
hemácias em alvo e pontilhado basofílico. 
 
 Diagnóstico 
O exame padrão-ouro para o diagnóstico das betatalassemias (e o único capaz 
de confirmá- -las) é a Eletroforese de Hemoglobina. Este exame quantifica 
proporcionalmente os tipos de hemoglobina presentes no homogeneizado de 
hemácias do paciente. 
Nas betatalassemias, como há menos cadeias beta (ou simplesmente não há), 
as hemoglobinas formadas por outras cadeias não alfa sobressaem, como a HbA2 e 
a HbF. Valores de HbA2 entre 3,5 a 8% são característicos. 
 
 Tratamento 
31 
 
1- Betatalassemia Major 
 O tratamento se baseia na Hipertransfusão Crônica. Esta terapia controla a 
hiperplasia eritroide desordenada, por retirar o estímulo anêmico à produção renal de 
eritropoietina. 
Alémdisso, está se fornecendo hemácias com hemoglobina normal (HbA) ao 
paciente, justamente o que está faltando a ele. A hipertransfusão é feita na dose de 
5-10 ml/kg a cada 3-5 semanas, com o objetivo de manter a hemoglobina média de 
12 g/dl e mínima de 10 g/dl. Com esse tratamento, as crianças recuperam o 
crescimento e desenvolvimento, reduzem o risco a infecções e controlam a 
hepatoesplenomegalia. Elas chegam até a adolescência sem muitos problemas. A 
reposição de ácido fólico 1 mg/dia é rotineira. 
A esplenectomia é recomendável sempre que as necessidades de transfusão 
aumentarem mais de 50% em um ano ou ultrapassem 200 ml/kg/ ano. Toda criança 
candidata deve ter pelo menos 6-7 anos de idade e deve ser imunizada (antes da 
cirurgia eletiva) para pneumococo, hemófilo tipo B e meningococo. 
Hemocromatose secundária a terapia com deferoxamina, um quelante do ferro 
parenteral, representa a abordagem clássica. A via de administração é subcutânea, 
infundida em 12h (por meio de um dispositivo próprio), com a dose variando de 1,5-
2,5 g/dia, cinco vezes por semana. 
Transplante alogênico de medula (células- -tronco): esta terapia tem excelentes 
resultados na betatalassemia major, quando indicada corretamente. As crianças sem 
hepatomegalia e fibrose periportal, com uma boa adesão à terapia quelante de ferro 
(classe I), apresentam uma chance de sobrevida longa livre de doença (considerado 
“cura”) acima de 90%. 
 
2- Betatalassemia Intermedia e Minor 
 
Os pacientes com betatalassemia intermedia devem ser acompanhados, para 
uma avaliação contínua de seus sintomas, função cardíaca e sinais de sobrecarga de 
ferro. A reposição de ácido fólico 1 mg/dia está indicada. A terapia quelante de ferro 
está indicada quando a ferritina sérica é superior a 1.000 ng/ml. Pode-se tentar um 
quelante oral, recentemente aprovado, denominado deferiprona (Ferriprox) ou a 
própria deferoxamina. 
32 
 
A talassemia minor não exige tratamento, somente orientação e 
aconselhamento genético. Se for possível, devem-se estudar as mutações do casal, 
para saber se o tipo de gene é β0 ou β+ e, portanto, as chances do filho ter talassemia 
major ou intermedia. 
 
ALFATALASSEMIAS 
 
 Definição e Classificação 
 Existem quatro genes da cadeia alfa de globina, dispostos no cromossomo 16, 
dois alelos em cada braço cromossomial. Os genótipo normal dos quatro genes alfa é 
representado da seguinte forma: αα/αα. Este código é aproveitado para representar 
os genótipos alfatalassêmicos. 
 O alelo α0 (representado por _ _) é a deleção de ambos os genes alfa de um 
braço cromossomial. O alelo α+ (representado por α_) é a deleção de apenas um gene 
alfa de um braço cromossomial. 
 Um casal com alfatalassemia minor (ou “traço talassêmico alfa”), dependendo 
do genótipo, pode ou não ter um filho com hidropsia fetal. 
 
 Fisiopatologia 
1- Hidropsia Fetal 
A ausência completa de cadeias alfa é incompatível com a vida extrauterina. O 
resultado é um natimorto ou um nascimento de um bebê com hidropsia fetal, 
rapidamente fatal. A única cadeia que substitui a cadeia alfa é a ξ (da hemoglobina 
embrionária), ativa somente até a vida fetal. Essa hemoglobina é muito ávida por O2 
, não sendo possível a entrega do precioso gás para os tecidos do feto. A anemia e 
hipóxia grave provocam falência cardíaca e edema fetal (hidropsia). 
 
2- Doença da Hemoglobina H 
 
A ausência de três genes permite o nascimento da criança sem maiores 
problemas, mas já com anemia. Os pacientes chegam à fase adulta sem necessidade 
33 
 
de hemotransfusões. Apresentam esplenomegalia e uma anemia moderada 
microcítica hipocrômica. 
 
3- Alfatalassemia minor 
 
 São pacientes assintomáticos, mas com microcitose e hipocromia no 
hemograma. O valor médio do VCM é de 72 fL e do CHM, de 31 g/ dl. O diagnóstico 
é suspeitado com exames de check-up. A principal preocupação é de saber o genótipo 
e a possibilidade de ter filhos com hidropsia fetal ou doença da HbH. 
 
 Diagnóstico 
 A eletroforese de hemoglobina pode confirmar o diagnóstico em casos de 
hidropsia fetal (forma mais grave), ao mostrar a Hb Barts e ausência completa de HbA. 
A doença da HbH também é diagnosticada por esse exame: o percentual de HbH 
detectado varia entre 5-40%. 
 A alfatalassemia minor é mais difícil de diagnosticar. Indivíduos com 
microcitose entre 70- -80 fL, sem anemia, com laboratório do ferro normal e 
eletroforese de hemoglobina normal provavelmente possuem alfatalassemia minor. O 
diagnóstico deve ser confirmado por estudo genético. 
 O diagnóstico precoce da hidropsia fetal já é possível a partir da 10a semana 
de gestação, através de biópsia do vilo coriônico com realização de teste genético no 
material coletado. 
 
 Tratamento 
 O tratamento só está indicado na doença da HbH, sendo semelhante àquele 
preconizado para a betatalassemia intermedia, observando- -se as indicações de 
hemotransfusão, quelação de ferro e esplenectomia. A reposição de ácido fólico 1 mg 
/dia está sempre indicada. 
 
 
 
 
 
 
34 
 
CONCLUSÃO 
 
 
O termo neoplasia é utilizado para indicar uma proliferação clonal de um tecido, 
sendo essa palavra sinônimo de câncer. Nas leucemias agudas, as células atingidas 
são os blastos, que são a célula jovem ou imatura. Já nas leucemias crônicas e nos 
linfomas, as células que sofrem mutações são as células maduras. Ao sofrer essas 
mutações, essas células deixam de exercer suas funções de defesa e crescem de 
formas descontroladas. O tratamento dessas neoplasias citadas neste trabalho variam 
muito. Pode incluir o monitoramento em casos de crescimento lento, à quimioterapia, 
radioterapia e até mesmo o transplante de células-tronco. Alguns casos dessas 
doenças têm cura, porém dependerá de uma série de fatores como os tipos de células 
afetadas e o tempo que a doença levou pra ser diagnosticada. E o tratamento das 
doenças é feito com associação de medicamentos (poliquimioterapia), e ocorre em 
etapas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
35 
 
 
 
 
REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO 
 
 
Medcurso. Volume 3.: A Série Branca. Editora: MedynEditora. Edição 2019. 
 
Medcurso. Volume 2.: Anemias Parte 2. Editora: Medyn Editora. Edição 2019. 
 
http://www1.inca.gov.br/rbc/n_49/v01/pdf/condutas.pdf. Acesso em: 01/07/2020. 
http://www1.inca.gov.br/rbc/n_49/v01/pdf/condutas.pdf

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