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Feito por: Jéssica Cristina da Silva Família Hexamitidae No reino Archeozoa encontram-se vários protozoários que não possuem mitocôndrias e ao invés delas possuem hidrogenossomos e peroxissomos, na ordem Diplomonadida os protozoários podem apresentar um ou mais flagelos livres , também podem ter mais de um núcleo e a reprodução é assexuada . Na família Hexamitidae os trofozoítos , (que é o termo que se aplica ao estágio dos protozoários no hospedeiro onde ele se alimenta e cresce até iniciar sua divisão) vão possuir de 6 a 8 flagelos livres e terão dois núcleos com cariossomo grande além de apresentarem uma simetria bilateral . O gênero Hexamita tem importância na produção pois infecta aves e peixes e o gênero Giardia tem grande importância na saúde pública e na medicina veterinária. ➢ Existem 6 espécies de giardia, são elas 1. Giardia intestinalis (mamíferos silvestres e domésticos e humanos) é a principal espécie 2. Giardia agillis (anfíbios) 3. Giardia muris (roedores) 4. Giardia microti (roedores) 5. Giardia ardae (aves domésticas e silvestres) 6. Giardia psittace (aves domésticas e silvestres) Essas 6 espécies são bem diferenciadas tanto pela biologia molecular quanto em sua morfologia. Por infectar uma grande variedade de mamíferos domésticos e silvestres incluindo o homem a giárdia intestinalis é a espécie de principal importância de estudo desse gênero. A partir da biologia molecular já foram identificados vários genótipos que variam de A a H. Os genótipos serão responsáveis por infectar: ● A e B - humanos e outros mamíferos (principalmente primatas, cães, gatos e ruminantes além de outros mamíferos silvestres, esses mamíferos podem servir como reservatório para que ocorra a infecção em humanos) ● C e D - canídeos ● E - ruminantes e suínos ● F - gatos ● G - roedores ● H - focas e gaivotas Giardia intestinalis Possui uma forma cística e uma forma trofozoíta. Os cistos são as formas que infectam os hospedeiros , é a forma que é mais liberada no ciclo biológico nas fezes, ela estará presente no ambiente pois é uma forma de resistência . Os trofozoítos são uma forma vegetativa eles causarão a infecção e podem causar os sintomas da giardíase hospedeiro eles também, em alguns casos, podem ser eliminados nas fezes principalmente se o hospedeiro estiver com uma diarreia muito intensa mas eles não conseguem ficar vivos no meio ambiente. O ciclo biológico dessa espécie é direto portanto ela precisa somente de um hospedeiro , sua reprodução é assexuada onde ocorre uma fissão binária longitudinal mas alguns trabalhos discutem a possibilidade de reprodução sexuada em giárdia por conta da recombinação genética que tem sido encontrada. A contaminação dos hospedeiros acontece a partir da ingestão dos cistos a partir principalmente de água e alimentos contaminados. Alguns vetores, como moscas por exemplo, realizam a contaminação de alimentos a partir da transmissão mecânica . Após a ingestão dos cistos o desencistamento ocorre no intestino delgado através da ação de enzimas digestivas, cada cisto ingerido dará origem a dois trofozoítas que irão se aderir às células do epitélio intestinal principalmente no intestino delgado mas caso a carga parasitária seja muito grande pode-se encontrá-los também no intestino grosso. Quando a giárdia se adere às microvilosidades intestinais no intestino delgado através do disco adesivo , o hospedeiro é prejudicado pois essa adesão destrói as microvilosidades o que acaba comprometendo a absorção de nutrientes. É no intestino delgado onde os trofozoítos farão sua reprodução. A giárdia pode se soltar do epitélio intestinal e através dos movimentos peristálticos chegar até o intestino grosso, quando isso ocorre vai ocorrer um encistamento , ou seja ela irá se transformar novamente em um cisto que é a forma de resistência que será eliminada com as fezes do hospedeiro e contaminará o meio ambiente podendo contaminar a água e alimentos e infectar novos hospedeiros sejam eles humanos ou animais, dessa forma o ciclo biológico vai se reiniciar através da ingestão desses cistos por um outro animal ou humano. O período pré-patente (que é o período que decorre entre a penetração do agente etiológico no organismo e o aparecimento das primeiras formas detectáveis do mesmo) é variável de acordo com a espécie e pode variar entre 3 e 10 dias. A eliminação de cistos nas fezes do hospedeiro é intermitente ou seja ela não ocorre sem interrupções, todos os dias, pode haver uma alteração, portanto dependendo do dia em que o material para análise parasitológica for coletado pode não haver presença de cistos nesse material por isso quando a coleta for realizada é interessante que se faça uma coleta seriada e não uma coleta única, deve-se fazer uma alternância coletando-se dia sim, dia não, por pelo menos 3 dias. Os cistos são muito resistentes no meio ambiente tanto às variações ambientais quanto à utilização de produtos químicos dentre eles, inclusive, o cloro. A Giardia intestinalis é responsável tanto em humanos quanto em animais por grandes surtos de diarreia. A contaminação além de poder ocorrer através de água e alimentos contaminados pode ocorrer também através de objetos, contato físico e veiculação mecânica feita principalmente por moscas que ao pousarem no material fecal carregam cistos para outras superfícies pois os mesmos acabam aderidos nas cerdas presentes no corpo delas. A sintomatologia da infecção por esse parasita é bem variável, na maioria das vezes os indivíduos são assintomáticos entretanto pode haver presença de sintomatologia , os sintomas podem ser leves ou severos, dentre eles estão quadros de diarreia que podem variar de leve à intensa, inchaço abdominal , esteatorreia , perda de peso , debilidade e até um retardo no desenvolvimento associado à baixa absorção de nutrientes devido muitas vezes ao atapetamento da mucosa que é quando há um número muito grande de trofozoítos aderidos no epitélio intestinal onde forma-se quase que um tapete cobrindo o epitélio prejudicando assim a absorção dos nutrientes pelo hospedeiro. O diagnóstico de Giardia intestinalis pode ser feito de três formas: através de exames parasitológicos de fezes que é o mais comum e o mais barato, através de testes imunoenzimáticos que vão detectar a presença de antígenos do parasito e através de testes moleculares que são os que tem o maior custo e são mais usados em pesquisas científicas, quando se quer chegar ao genótipo do parasito de Giardia intestinalis é necessário lançar mão de biologia molecular pois através da morfologia não é possível diferenciar esses genótipos. O exame parasitológico de fezes pode ser direto feito com coloração ou sem coloração , se não for usada a coloração e houver a presença de trofozoítos no material é possível observar a movimentação desses protozoários, pode-se fazer esfregaços do material fecal em lâmina e realizar a coloração e pode-se utilizar também técnicas de concentração usando soluções saturadas onde o açúcar é utilizado, geralmente nesses exames é possívelobservar a presença de cistos mas como já mencionado, em quadros severos diarreia pode-se encontrar também a presença de trofozoítos. É importante fazer o exame parasitológico de fezes a fresco pois será possível observar a movimentação do parasito e essa movimentação funciona como um diagnóstico diferencial , por exemplo de indivíduos da família Trichomonadidae, pois em giárdia não há membrana ondulante já em Trichomonadidae existe a presença de uma membrana ondulante cujo batimento no material fecal é diferente. A Giardia apresenta uma movimentação em círculos no material a fresco. Para evitar a infecção pode-se adotar alguns cuidados de profilaxia como: ● Limpeza do ambiente ● Lavar adequadamente alimentos ● Adotar práticas de higiene pessoal adequada ● Consumir água de boa qualidade, preferencialmente filtrada ou fervida ● Saneamento básico ● Controle de artrópodes ● Orientar proprietários de animais para que façam exames periódicos ● Evitar superlotação de animais ● Vacina (a eficiência dessa vacina para cães não é totalmente comprovada pois assim como outros protozoários pode haver uma modificação da carga gênica da capa gênica desse parasito e ocorrendo isso o antígeno não é reconhecido pelo anticorpo fazendo com que o tratamento não seja eficaz)
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