Buscar

Primeira Avaliação DPP

Prévia do material em texto

1º Questionário Direito Processual Penal - Procedimentos:
1. Diferencie processo e procedimento.
O processo é uma entidade complexa que pode ser conceituada em um sentido amplo ou formal, também chamados de sentido restrito e substancial. O sentido amplo inclui uma combinação de ações voltadas para o objetivo final, ou seja, uma frase. Por outro lado, o significado restritivo é conceituado como uma ferramenta para o Estado exercer a jurisdição, o autor tem o direito de litigar e o réu tem o direito de defesa. A relação jurídica entre seus sujeitos - as partes e o juiz - é diferente da lei do direito substantivo, relação, isto é, relação jurídica processual que impõe obrigações, direitos, ónus e obrigações a todos. Por fim, o procedimento é a forma como o comportamento se relaciona no processo e representa a forma como o procedimento se comporta no tribunal.
2. O procedimento é composto de quantas fases? Explique-as.
O procedimento possui quatro etapas, as quais são: Postulatória, a Instrutória, a Decisória e a Recursal. A fase Postulatória abrange a acusação em si, oferecida pelo MP ou pelo querelante, e os atos de reação defensiva do acusado, observação deve ser feita ao momento antes do início do processo, em que pode haver uma fase preliminar de investigações - como o inquérito policial -, que objetiva a coleta de elementos informativos da autoria e materialidade do fato. Já a fase Instrutória diz respeito à produção das provas requeridas pelas partes ou determinadas pelo juiz, esta fase não se resume à audiência una de instrução e julgamento, aqui serão, também, ouvidos o ofendido, testemunhas, peritos e acusado.
3. Como se classifica o procedimento comum?
O procedimento comum é classificado como o rito padrão, isto é, ele se aplica a todos os processos que não possuem procedimento especial, à legislação extravagante, artigo 394, §2°, CPP. Além disso, as suas disposições são aplicáveis subsidiariamente aos procedimentos especial, sumário e sumaríssimo - art. 394, §5°, CPP-, e, também, é regra para os crimes previstos na Lei nº 12.850/13 e infrações conexas.
4. Qual procedimento a ser seguido no caso de infração penal com violência doméstica e familiar contra a mulher?
No caso de infração penal com violência doméstica e familiar contra a mulher, deverá ser seguido o procedimento comum sumário, ou o procedimento comum ordinário, que será definido a partir do quantum da pena cominado ao delito, de acordo com o Art. 394, §1°, I e II do CPP.
5. Qual o procedimento a ser seguido no caso do Estatuto do Idoso cuja pena máxima não ultrapasse 4 anos?
Nesse caso, deve-se seguir o procedimento comum sumário, visto que o enunciado da questão determina que a pena máxima não ultrapasse quatro anos. Todavia, em outra situação será seguido o procedimento comum sumaríssimo, previsto no Art. 94 da Lei n° 10.741/03. Desse modo, tendo em vista que consiste em uma lei especial, o dispositivo citado prevalece sobre o CPP.
6. Qual o procedimento a ser seguido nos crimes falimentares?
	Nos casos de crimes falimentares, deverá ser seguido o procedimento comum sumário. Essa aplicação deve ser feita independentemente de a pena cominada ao delito ser igual, superior ou inferior a quatro anos.
7. Qual o procedimento a ser seguido na nova Lei das Organizações Criminosas e infrações conexas?
	Na nova Lei das Organizações Criminosas e infrações conexas, deve-se aplicar o procedimento ordinário, com o objetivo de adquirir um processo mais lento, para produzir a maior quantidade de provas possível.
8. Explique as fases do procedimento comum ordinário, explicando em que momento é feito o juízo de admissibilidade da peça acusatória.
1
 O procedimento comum ordinário possui 4 fases, sendo elas: oferecimento da denúncia, citação do réu, resposta à acusação e absolvição sumária, e a audiência de instrução. 
	- OFERECIMENTO DA DENÚNCIA: é iniciada com o oferecimento da denúncia, ou com a queixa-crime, feita pelo réu. Podendo ser arroladas até, no máximo, oito testemunhas; 
CITAÇÃO DO RÉU: recebida a denúncia pelo magistrado, o réu é citado no mesmo despacho em que o juiz comunica o recebimento da peça acusatória, em seguida, o réu deve apresentar sua resposta à acusação no prazo de dez dias; 	- RESPOSTA À ACUSAÇÃO E ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA: nessa fase, o advogado deve levantar os pedidos, os quais podem ser preliminares - hipóteses de nulidades processuais -, de mérito - convencimento do juiz a conceder a absolvição sumária do réu de acordo com o artigo 397 do CPP -, de tese subsidiária (hipótese em que ocorre a recusa dos primeiros pedidos, o advogado deve alegar circunstâncias que visem melhorar a condição do réu caso seja condenado;	- 
AUDIÊNCIA: aqui ocorre a audiência de instrução no prazo de 60 dias, sendo ela única. Caso não haja nenhuma das hipóteses, o juiz deve ouvir as alegações finais de ambas as partes e então será julgado o caso. Após oferecida a denúncia, ou queixa, os autos são remetidos ao magistrado competente, para que esse exerça o juízo de admissibilidade da peça acusatória, de acordo com o artigo 396 do CPP.
11
9. Quais as causas de rejeição da peça acusatória?
Existem quatro causas de rejeição da peça acusatória: a Inépcia da Peça Acusatória; a Falta de Pressuposto Processual; a Falta de Condições para o Exercício da Ação Penal e a Falta de Justa Causa para o Exercício da Mesma. 
A primeira, Inépcia da Peça Acusatória pode ser tanto formal (quando a peça não possui os requisitos obrigatórios do art. 41, do CPP), quanto material (quando não há justa causa, ou não possui lastro probatório mínimo indispensável para a instauração de um processo). Já a Falta de Pressuposto pode ser de existência, em que é implicada a inexistência do processo e não pode ser sanada, ou de validade, em que "desafia" a nulidade e pode ser sanada. Em relação à Falta de Condições para o Exercício da Ação Penal, seu nome é autoexplicativo. Nessa, pode-se citar como exemplo a falta de representação do ofendido. Por último, a Falta de Justa Causa é entendida como a falta de lastro probatório mínimo para instaurar um processo, será a prova da materialidade e indícios de autoria.
10. Diferencie resposta à acusação e defesa preliminar e especifique em que casos esta última é utilizada.
A resposta à acusação trata-se da peça apresentada pela defesa, após o recebimento da peça acusatória. Diferentemente desta, a defesa preliminar é apresentada entre o oferecimento e o recebimento da peça, ou seja, ela é realizada com o objetivo de impedir a instauração do processo, e é cabível nos seguintes procedimentos: Lei de drogas, Lei de improbidade administrativa, Procedimento originário dos Tribunais, Juizados Especiais Criminais, Crimes de Responsabilidade dos Prefeitos Municipais e nos Crimes Funcionais Afiançáveis.
11. O que é revelia?
	A revelia pode ser explicada como a inércia ou falta de contestação por parte do réu, em relação à ação judicial proposta em seu desfavor. O CPP dispõe no artigo 367 que o processo seguirá sem a presença do acusado que, citado ou intimado pessoalmente para qualquer ato, deixar de comparecer sem motivo justificado, ou, no caso de mudança de residência, não comunicar o novo endereço ao juízo. Sendo verificada a revelia, não será mais necessária a intimação do acusado para a prática dos demais atos processuais, ele apenas será intimado para comparecer no momento processual da sentença, mesmo estando revel. Além disso, caso o revel comparecer em momento processual posterior, todos os efeitos da revelia cessam e o mesmo volta a participar do processo do modo que se encontra, ou seja, a partir do momento que está para frente, não sendo possível voltar à momento anterior à sua volta.
12. Quais as hipóteses de absolvição sumária no procedimento comum ordinário? Diferencie das hipóteses de absolvição sumária na primeira fase do procedimento do Tribunal do Júri.
As hipóteses de absolvição sumária no procedimento comum estão previstas no art. 397, do CPP. São elas: a) a existência manifesta de cláusulaexcludente da ilicitude do fato; b) a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo hipótese de inimputabilidade; c) o fato narrado evidentemente não constitui crime e d) hipótese de extinção da culpabilidade do agente. 
Entretanto, no que consiste ao procedimento do Tribunal do Júri, os requisitos são diferentes e estão previstos no artigo 415 do mesmo código. São eles: a) se for provada a inexistência do fato; b) se for comprovado de que o acusado não é autor ou partícipe do fato da peça; c) quando não constituir infração penal, ou d) quando for demonstrada causa de isenção de pena ou de exclusão do crime.
13. Diferencie o procedimento comum ordinário e o procedimento comum sumário.
O procedimento criminal pode ser em comum ou especial. O procedimento comum é a regra, e este é dividido em procedimento comum pelos ritos ordinário; sumário e sumaríssimo.
O procedimento comum pelo rito sumário tem uma estrutura muito semelhante ao rito ordinário. Entretanto, eles possuem diferenças entre si. A característica que mais diferencia essas duas espécies de procedimento é a pena máxima cominada em abstrato para cada um. O procedimento comum ordinário deverá ser aplicado quando o crime tiver sua pena máxima em abstrato igual ou superior a quatro anos de pena privativa de liberdade. Já o procedimento comum sumário é aplicado quando houver um crime cuja pena máxima em abstrato é inferior a quatro e superior a dois anos de pena privativa de liberdade 
Outras diferenças do procedimento comum sumário em relação ao procedimento comum ordinário são:
- A audiência deve ser realizada no prazo máximo de 30 dias. (No rito ordinário o prazo é de 60 dias).
- O número máximo de testemunhas é de cinco (art. 532) e aqui não há a ressalva feita no rito ordinário quanto às testemunhas não compromissadas e referidas, ou seja, esse número de 05 inclui também estes tipos de testemunha.
	- Não há previsão de fase de "requerimento de diligências", como no rito ordinário.
- Não há possibilidade de apresentação de alegações finais por escrito devendo ser, necessariamente, orais.
- O rito sumário será aplicável às infrações de menor potencial ofensivo quando, por alguma razão, estas infrações penais não puderem ser julgadas pelos Juizados Especiais Criminais (Quando, por exemplo, é necessária citação por edital, que é modalidade de citação vedada nos Juizados).
14. Quais são os princípios constitucionais do procedimento especial do Tribunal do Júri?
		Os princípios constitucionais do procedimento especial do Tribunal do Júri são quatro: plenitude de defesa, sigilo das votações, soberania dos veredictos, competência para julgamento dos crimes dolosos contra a vida. A plenitude de defesa implica ao exercício da defesa em um grau ainda maior do que a ampla defesa, compreendendo a plenitude de defesa técnica e da autodefesa. O sigilo das votações prevê que ninguém pode saber o sentido do voto do jurado, se é a favor ou contra. A soberania dos veredictos define que a decisão coletiva dos jurados representa a vontade popular, e esta é soberana. Por fim, a competência para julgamento dos crimes dolosos contra a vida é autoexplicativa, com isso, o Júri é dotado de competência mínima de processar e julgar crimes dolosos contra a vida, como homicídio, induzimento, instigação ou auxílio a suicídio e à automutilação, infanticídio e abortos, tentados ou consumados e os conexos.
15. Como se divide o procedimento do Tribunal do Júri?
O Tribunal do Júri possui um procedimento bifásico, na primeira fase ocorre o juízo de formação de culpa (judicium accusatione), na segunda fase ocorre o julgamento da causa pelo Conselho de sentença (judicium causae).
Ao receber a denúncia, o juiz ordenará a citação do acusado para responder a acusação em 10 dias (art. 406 CPP). Não apresentada a resposta no prazo legal o juiz nomeará defensor que a apresentará em 10 dias, trata-se de ato estrutural do processo e sua falta gera nulidade absoluta (art. 408 CPP).
16. Quais as principais diferenças entre o procedimento comum ordinário e a primeira fase do procedimento do júri?
Antes da audiência de instrução e julgamento no procedimento ordinário, pode ocorrer a absolvição sumária do acusado, porém, no Tribunal do Júri não há essa possibilidade. O procedimento ordinário prevê (1) o requerimento de diligências cuja necessidade se origine de circunstâncias ou fatos que tenham sido apurados na instrução e (2) a possível substituição das alegações orais por memoriais, essas previsões não ocorrem no Tribunal do Júri. No procedimento comum ordinário, o magistrado pode conceder mais 5 dias para as partes apresentarem alegações memoriais, o que não ocorre no Tribunal de Justiça, já que o mesmo não admite a substituição das alegações orais por memoriais. A audiência de instrução e julgamento, do procedimento ordinário, deve ser realizada em 60 dias, já a primeira fase do Tribunal de Justiça tem o prazo máximo de 90 dias. O Tribunal do Júri prevê a oitiva da acusação após a resposta à acusação da defesa, já o procedimento ordinário não prevê tal possibilidade.
17. Qual a natureza jurídica da impronúncia? Ela faz coisa julgada? Há interesse recursal da defesa quanto a esta decisão? Qual o recurso cabível da decisão de impronúncia?	
 A impronúncia é decisão interlocutória mista terminativa, ou seja, ela não aprecia o mérito, põe fim a uma fase procedimental e gera extinção do processo antes do fim do procedimento, conclui-se disso, que ela produz coisa julgada formal. Há interesse recursal da defesa quanto a impronúncia, pois, surgindo provas novas, e desde que a extinção da punibilidade não tenha sido configurada, é possível que seja oferecida nova denúncia, ou queixa, contra o acusado. 
 O interesse da defesa decorre da possibilidade de, posteriormente, obter a absolvição sumária do acusado, sagrando-se inocente e tendo um fim definitivo ao processo. O recurso cabível na relação de impronúncia é a apelação - art. 416, do CPP -, sendo o querelante e o Ministério Público, os legitimados a interpor esse recurso.
18. Quando é cabível a decisão de desclassificação no âmbito da primeira fase do procedimento do júri? Qual o recurso cabível desta decisão?
	A desclassificação é cabível quando o juiz se convence, em discordância com a acusação, da existência de crime diverso previsto no art. 74, §1°, do CPP - crimes dolosos contra a vida -, e não é competente para seu julgamento, nesse caso o juiz sumariante desclassifica a imputação e, em seguida, remete os autos ao juiz competente. O recurso em sentido estrito (RESE) é o recurso cabível para essa decisão, podendo ser interposto pelo Ministério Público, pelo querelante, pelo acusado ou por seu defensor.
19. Quando é cabível a decisão de absolvição sumária na primeira fase do procedimento do júri? Diferencie esta decisão da decisão de impronúncia.
De acordo com a previsão do art. 415, do CPP, os casos em que a decisão de absolvição sumária é cabível são: quando é provada a inexistência do fato (I); quando for provado que o acusado não é autor, ou partícipe, do fato da peça acusatória (II); quando o fato apresentado não instituir infração penal (III); ou quando estiver demonstrada causa de isenção de pena ou de exclusão do crime (IV)).
Na absolvição sumária, o juiz está convencido de alguma das hipóteses elencadas acima, necessitando obrigatoriamente, também, de um juízo de certeza, descaracterizando a competência do Tribunal do Júri para julgar o crime do qual o réu é acusado. Diferente da impronúncia, que se dá quando o magistrado não se convence da materialidade do fato ou da existência de indícios suficientes de autoria ou de participação, e este impronunciará, fundamentadamente, o acusado. A impronúncia apenas faz coisa julgada formal e autoriza o oferecimento de nova peça acusatória contra o acusado, desde que haja existência de provas novas. Enquanto isso, a absolvição sumária faz coisa julgada formal e material, e, mesmo com provas novas após o trânsito em julgado dadecisão, o acusado não pode ser novamente processado pela mesma imputação.
20. O que deve ser feito com as infrações conexas em caso de impronúncia, desclassificação e absolvição sumário na primeira fase do procedimento do júri? Qual a natureza jurídica e o recurso cabível da decisão de absolvição sumária?
Caso o juiz sumariante der causa à decisão de impronúncia, desclassificação, ou absolvição sumária, ele deve se abster de fazer qualquer análise à respeito da infração conexa, e, logo em seguida, os autos devem ser encaminhados ao juízo dotado de competência para apreciar o crime conexo, caso o juiz sumariante não seja competente para tal prática. A sentença de absolvição sumária é uma decisão de mérito, que encerra o iudicium accusationis e o processo, e a apelação é o recurso cabível, pois não está previso no art. 581, do CPP, não cabendo recurso de ofício contra a mesma.
21. Quais os pressupostos da pronúncia? Qual a natureza jurídica da decisão de pronúncia? O que é eloquência acusatória? Qual o recurso cabível da decisão de pronúncia?
A pronúncia tem, como pressupostos, o convencimento do juiz sumariante sobre a materialidade do fato e os indícios de autoria ou da participação do réu no respectivo delito. A natureza jurídica da pronúncia é definida como uma decisão interlocutória mista não terminativa, porque não julga o mérito, põe fim a uma fase procedimental e não encerra o processo. 
A eloquência acusatória é quando o juiz sumariante abusa da linguagem e profere pronúncia sem moderação, é uma causa de nulidade da referida decisão que, em consequência, se declarada, será gerado o desentranhamento da pronúncia dos autos do processo e haverá a necessidade de prolação de nova decisão. O recurso cabível da decisão de impronúncia é o recurso em sentido estrido (RESE), de acordo com o art. 581, IV, do Código de Processo Penal.
22. É possível emendatio e mutatio libelli no âmbito do procedimento do júri?
A emendatio libelli e a mutatio libelli são totalmente possíveis no âmbito do procedimento do júri. Segundo o artigo 383 do CPC, por meio da emendatio libelli, o juiz, sem precisar modificar a descrição do fato da peça acusatória, pode atribuir a mesma uma definição jurídica diversa, mesmo que precise aplicar pena mais grave, esse instrumento pode ser utilizado no momento da pronúncia e nunca houve qualquer controvérsia em relação à essa possibilidade.
Art. 383. O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa, poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em consequência, tenha de aplicar pena mais grave. 1º Se, em consequência de definição jurídica diversa, houver possibilidade de proposta de suspensão condicional do processo, o juiz procederá de acordo com o disposto na lei. 2º Tratando-se de infração da competência de outro juízo, a este serão encaminhados os autos.
Por conseguinte, a mutatio libelli - artigo 384 do CPP - é utilizada quando, durante o curso da instrução processual, surge prova de elementar ou circunstância não contida originalmente na peça acusatória, fato que pode se tornar extremamente importante para a sentença, logo, o Ministério Público deve aditar a petição inicial, permitindo ao acusado o exercício do contraditório e da ampla defesa, a Lei nº 11.689 de 2008 trouxe disposições que esclareceram todas as hipóteses e dúvidas, extinguindo qualquer controvérsia e tornando-a possível no procedimento do júri.
A emendatio libelli, é permitida desde que ocorra na primeira fase, momento em que o juiz poderá dar uma definição jurídica diversa. Essa situação está disposta no art. 418 do CPP, que traz em seu bojo os mesmos princípios da emendatio libelli do prevista no art. 383 supracitado.
Art. 418. O juiz poderá dar ao fato definição jurídica diversa da constante da acusação, embora o acusado fique sujeito à pena mais grave.
23. Qual o conteúdo e quais os efeitos da pronúncia?
A impronúncia é uma decisão interlocutória mista terminativa, ou seja, ela não aprecia o mérito, põe fim a uma fase procedimental e gera extinção do processo antes do fim do procedimento, conclui-se disso, que ela produz coisa julgada formal. Há interesse recursal da defesa quanto à impronúncia, pois, surgindo provas novas, e desde que a extinção da punibilidade não tenha sido configurada, é possível que seja oferecida nova denúncia, ou queixa, contra o acusado. O interesse da defesa decorre da possibilidade de, posteriormente, obter a absolvição sumária do acusado, sagrando-se inocente e tendo um fim definitivo ao processo. O recurso cabível na relação de impronúncia é a apelação - artigo 416 do CPP -, sendo o querelante e o Ministério Público, os legitimados a interpor esse recurso.
24. O que é desaforamento? Quais as hipóteses que o autorizam?
O desaforamento consiste no deslocamento da competência de uma comarca para outra, para que nesta seja realizado o julgamento pelo Tribunal do Júri, nas hipóteses previstas no caput do artigo 427, do Código de Processo Penal, que são: em caso de interesse da ordem pública ou havendo dúvida sobre a imparcialidade do júri ou a segurança pessoal do acusado.
25. Como é a composição do Tribunal do Júri? Quais os requisitos para o cidadão ser jurado? Quais os direitos do jurado?
	O Tribunal do Júri é composto por um juiz togado - juiz presidente/juiz sumariante - e por vinte e cinco jurados sorteados dentre aqueles que foram alistados, desses vinte e cinco, sete irão constituir o Conselho de Sentença em cada sessão de julgamento. Os jurados devem decidir a respeito da existência do crime e se o acusado concorreu para a prática do fato delituoso na condição de autor ou partícipe, além de decidirem pela condenação ou absolvição do acusado. Já o juiz sumariante deve proferir a sentença de acordo com a decisão do Conselho de Sentença. 
	Para o cidadão ser jurado, são requisitos: ter idade mínima de dezoito anos; não ter sido processado criminalmente; possuir idoneidade moral; estar em pleno gozo de seus direitos políticos; residir na circunscrição do Tribunal do Júri em quesão; prestar o serviço gratuitamente, ou seja, ser voluntário. Os direitos dos jurados estão dispostos nos artigos 439 e 440 do CPP, são eles: o exercício efetivo da função de jurado constituirá serviço público relevante e estabelecerá presunção de idoneidade moral, e preferência, em igualdade de condições, nas licitações públicas e no provimento, mediante concurso, de cargo ou função pública, bem como nos casos de promoção funcional ou remoção voluntária.
26. Qual a diferença entre reunião periódica e sessão de julgamento?
Segundo Brasileiro, a reunião periódica ocorre durante determinado período do ano em que o Tribunal do Júri se reúne para realizar as sessões de julgamento, ou seja, aqui não ocorre o julgamento do acusado em si, é como se fossem reuniões para juntar informações até a sessão de julgamento, com intuito de servir de preparação. Por outro lado, a sessão de julgamento é o ato processual em si, onde irá ocorrer o julgamento do acusado
27. Qual a consequência da ausência de uma testemunha na sessão de julgamento?
Ao se analisar a legislação processual, a jurisprudência do STF e do STJ, além da doutrina sobre o tema, se pode constatar que, havendo o Judiciário se desincumbido do seu dever de providenciar a intimação da testemunha ou de realizar a diligência de condução coercitiva na hipótese do § 1º do art. 461 do CPP, a sua ausência no dia da sessão não acarretará o adiamento do julgamento, nos termos do § 2º do mencionado artigo, salvo na hipótese de comprovação de prejuízo concreto, que somente se mostra evidenciado com a presença de requisitos excepcionais. Depois que iniciada a sessão de julgamento, se a testemunha não comparecer, sem justa causa, o juiz sumariante aplicará à mesma a multa prevista no art. 436, §2° do CPP.
28. Quais as espécies de recusas que a parte pode fazer do jurado?
Nos termos do artigo 447 do Código de Processo Penal, o tribunal do júri é composto por 1 (um) juiz togado, seu presidente e por 25 (vinte e cinco)jurados, que serão sorteados dentre os alistados, 7 (sete) dos quais constituirão o conselho de sentença em cada sessão de julgamento.
A cada jurado sorteado, o juiz presidente deverá ler seu nome, e a defesa e depois a acusação poderão recusar o jurado de duas maneiras, recusa MOTIVADA e recusa IMOTIVADA. As recusas denominadas motivadas ocorrem quando há alguma causa de suspeição, impedimento ou incompatibilidade do jurado. Já a recusa imotivada, é uma recusa peremptória, pois não há necessidade da parte em justificar o motivo de sua recusa.
29. Quais as peças do processo podem ser lidas em plenário?
Somente poderão ser lidas as peças "que se refiram, exclusivamente, às provas colhidas por carta precatória e às provas cautelares, antecipadas ou não repetíveis" (art. 473, § 3º). Por conseguinte, somente poderão ser lidas as peças mais importantes e fundamentais, que não foram juntadas ao relatório. Quanto às demais peças devem as partes, realizar a leitura dentro do tempo que é concedido (art. 477 e seus §§). A leitura de peças sempre se constitui numa praxe de validade duvidosa. Nos processos volumosos muitas vezes a acusação se valia desse recurso, que foi se tornando de uso constante com a redução do tempo para a exposição da acusação.
 A Lei 5.941/73 reduziu o prazo para a exposição das partes, que passou de três para duas horas, e de uma hora para meia, para réplica e tréplica. De resultado duvidoso, como já apontado, a medida era extremamente cansativa, e exigia dos jurados uma atenção que se tornava impossível de ser sustentada depois de algum tempo de leitura. 
30. Qual é a ordem e o tempo dos debates na sessão de julgamento? Qual o tempo da réplica e da tréplica? E no caso de pluralidade de acusados?
A ordem é a seguinte. O debate começa com o promotor, que terá uma hora e meia para realizar a acusação, logo após, a palavra é dada ao defensor que, também, terá uma hora e meia para realizar sua defesa. Deve-se observar se a ação penal é de iniciativa privada, nesse caso, quem falará primeiro é o querelante e, apenas depois, o Ministério Público. Logo após, a palavra é passada para a defesa. Em relação à réplica e à tréplica, o promotor e defensor terão acrescidos, para cada um deles, uma hora para debates. Na hipótese de pluralidade de acusados, ou seja, havendo mais de um acusado no processo, a acusação e a defesa serão acrescidas de uma hora e, em consequência, o tempo da réplica e da tréplica serão dobrados.
31. É possível inovação na tréplica? Explique.
Sobre a inovação da tese defensiva na tréplica, não existe uma norma que a regulamente, mas sim jurisprudência e entendimentos doutrinários que são divergentes entre si. Existem três correntes doutrinárias a respeito dessa inovação, a primeira entende que, para a defesa, a inovação na tréplica não é cabível, pois, se adotada, estaria violando o princípio do contraditório, uma vez que a acusação não teria como rebater a nova tese. A segunda entende que a inovação na tréplica deve ser permitida, por força do princípio da plenitude de defesa. Já a terceira, majoritária, defende que à defesa deve ser possível a inovação na tréplica, contudo, a acusação deve receber a palavra logo depois, pelo mesmo prazo da tréplica, observando-se, assim, o princípio do contraditório.
32. Qual a ordem dos quesitos?
Conforme o artigo 483 do CPP, para a decisão dos jurados, no júri brasileiro, a regra processual delimita uma ordem nos quesitos:
Art. 483. Os quesitos serão formulados na seguinte ordem, indagando sobre:
I - a materialidade do fato;
II - a autoria ou participação;
III - se o acusado deve ser absolvido;
IV - se existe causa de diminuição de pena alegada pela defesa;
V - se existe circunstância qualificadora ou causa de aumento de pena reconhecidas na pronúncia ou em decisões posteriores que julgaram admissível a acusação.
Dessa forma, segundo Brasileiro, a ordem dos quesitos é a seguinte: (1)materialidade do fato; (2)autoria ou participação: aqui os jurados são indagados sobre a autoria, coautoria ou participação; (3)tentativa ou desclassificação para crime da competência do Júri; (4)se o acusado deve ser absolvido; (5)se existe causa de diminuição da pena alegada pela defesa; (6)se existe circunstância qualificadora ou causa de aumento de pena, reconhecidas na pronúncia ou em decisões posteriores que julgaram admissível a acusação.
33. O que é desclassificação própria? E imprópria?
Para que se passe para o julgamento em plenário é necessário que o juiz decida por pronunciar o réu. Nessa fase, há quatro decisões possíveis: pronúncia, impronúncia, absolvição sumária e desclassificação. Essa última pode ser classificada em própria ou imprópria.
A desclassificação própria se dá quando, em plenário, os jurados consideram que o crime não é da competência do Tribunal do Júri, sem especificar qual é o delito. Neste caso, o juiz presidente assume total capacidade decisória para julgar a imputação, podendo inclusive absolver o acusado. Exemplo: os jurados negam ter havido intenção de matar (animus necandi). Nesse caso o julgamento passa para o juiz presidente, que dará a devida classificação jurídica aos fatos (lesão corporal culposa, perigo de vida etc.).
A desclassificação imprópria, por sua vez, ocorre quando os jurados reconhecem sua incompetência para julgar o crime indicando qual teria sido o delito praticado. Nesta hipótese, o juiz presidente é obrigado a acatar a decisão dos jurados, condenando o acusado pelo delito por eles indicado. Exemplo: os jurados desclassificam o crime doloso (contra a vida) para crime culposo (homicídio culposo). Essa desclassificação vincula o juiz, que não pode decidir de forma distinta (dando outra classificação).
34. Quando é cabível o procedimento comum sumaríssimo? O que é infração de menor potencial ofensivo? Explique as fases deste procedimento.
O procedimento sumaríssimo está previsto no artigo 98, inc. I, (conferir tb, o art. 61) e regulamentado pela lei 9099/95. Esse procedimento é cabível em contravenções penais e os crimes cuja a pena máxima não exceda 2 anos, cumulada ou não com multa. O processo será orientado pelos critérios da celeridade, oralidade, informalidade e economia processual (art. 62). Seu objetivo é, sempre que possível, a reparação dos danos sofridos pela vítima e aplicação de pena não privativa de liberdade.
As infrações de menor potencial ofensivo consistem em crimes com pena máxima de até dois anos, cumulados ou não com multa, e as contravenções penais art. 61, Lei n.º 9.099/95).
De acordo com Brasileiro, as fases do procedimento sumário são:
1. Oferecimento da peça acusatória: é oferecida a denúncia ou queixa oral, que será reduzida a termo, com intuito de que o acusado tenha ciência da imputação formulada; devendo preencher os requisitos do artigo 41 do CPP e outros, como o endereçamento da peça acusatória, sua redação em vernáculo, a citação das razões de convicção ou presunção da delinquência, a subscrição da peça pelo Ministério Público ou pelo advogado do querelante e recolhimento de custas, no caso de queixa-crime; 
2. Defesa Preliminar: o acusado poderá responder à acusação, antes de o juiz receber, ou rejeitar, a denúncia ou queixa;
 3. Rejeição ou recebimento da peça acusatória: o juiz rejeita ou recebe a peça acusatória; se rejeitada, cabe apelação; 
4. Citação do acusado: tendo o juiz recebido a peça, ela será reduzida a termo, entregando cópia ao acusado, que será citado e imediatamente cientificado da designação de dia e hora para a audiência de instrução e julgamento; 
5. Resposta à acusação: acusado deve apresentar resposta à acusação;
 6. Possibilidade de absolvição sumária do acusado: o recurso cabível contra a absolvição sumária é a apelação;
 7. Audiência de instrução e julgamento: caso o acusado não for absolvido sumariamente, com base no artigo 397 do CPP, o juiz deve dar início à instrução do processo.
35. Segundo a Lei 9.099/95, quais as medidas despenalizadoras em que o consenso entre as partes pode evitar a instauração do processo, ou impediro seu prosseguimento?
Tem sido frequente a edição de normas que escapam a esse processo salutar e acabam clamando por socorro ao bom senso. É o caso da Lei 9.099/1995, que versa sobre Juizados Especiais Cíveis e Criminais. Em sede de juizado especial criminal o objetivo principal é o consenso, a fim de se restabelecer a ordem jurídica e a pacificação social, sem necessidade de instauração de processo, ou, quando inevitável, ao menos impedir a aplicação de pena mediante sentença condenatória.
Neste sentido, foram criadas as chamadas medidas despenalizadoras, que representam variados tipos de acordo, para que, de uma forma menos onerosa para o Estado, bem como para as partes, se chegasse a uma solução civil e criminal para o fato. São elas a Composição Civil, a Transação Penal e a Suspensão Condicional do Processo.
A composição civil ocorre quando o autor do fato propõe, à vítima, reparar os danos causados em decorrência do fato, se a vítima aceitar a proposta e o magistrado homologar o acordo, o processo não prossegue. A transação penal é o acordo feito entre o Ministério Público e o acusado, diante desse acordo, o acusado aceita cumprir pena antecipada de multa ou ter seus direitos restringidos, e o processo é arquivado. Por último, a suspensão condicional do processo, ou sursis processual, é a anulação do processo criminal que tem menor potencial ofensivo, com pena de até um ano.
36. Como proceder no caso de impossibilidade de citação pessoal do acusado ou de complexidade da causa no âmbito dos juizados especiais?
No caso de impossibilidade de citação pessoal do acusado ou de complexidade da causa no âmbito dos juizados especiais, apenas após a denúncia e tentativa, fracassada, de citar pessoalmente o réu no Juizado Especial, o juiz poderá remeter os autos ao juízo comum competente, este deve observar o procedimento sumário do CPP, em razão da não possibilidade da citação por edital no primeiro âmbito. Ademais, observa-se que, mesmo que o respectivo acusado da peça acusatória seja encontrado em momento posterior, ele não poderá exigir que a competência dos juizados especiais seja restabelecida, pois essa possibilidade é exaurida logo após o remetimento dos autos ao juízo comum.
37. O que é Termo Circunstanciado? O que deve ser feito pela autoridade policial em caso de situação de flagrância em infração de menor potencial ofensivo?
O Termo Circunstanciado de Ocorrência consiste na situação em que a autoridade policial registra e documenta os fatos que lhe são narrados pelos envolvidos e por testemunhas de uma ocorrência. Difere-se em grau e complexidade do Inquérito Policial, ainda que ambos tenham a finalidade de prestar informações sobre um fato penalmente relevante.
Nas infrações de menor potencial ofensivo, que são os crimes com pena máxima de até dois anos, cumulados ou não com multa, e as contravenções penais (art. 61, Lei n.º 9.099/95), ao invés da lavratura do auto de flagrante, teremos a realização do Termo Circunstanciado de Ocorrência, desde que o infrator seja imediatamente encaminhado aos juizados especiais criminais ou assuma o compromisso de comparecer, quando devidamente notificado. Caso contrário, o auto será lavrado, recolhendo-se o agente ao cárcere, salvo se for admitido a prestar fiança.
38. Diferencie Transação Penal, Suspensão Condicional do Processo e Acordo de Não Persecução Penal, explicando cada um dos institutos.
TRANSAÇÃO PENAL:
Prevista no artigo 76 da lei dos juizados especiais (Lei nº 9.099/95), é o acordo celebrado entre o MP e o autor do fato delituoso, por meio do qual se aplica de imediato pena restritiva de direito. É oferecida antes do recebimento da denúncia, acarretando a extinção da punibilidade caso o acusado cumpra todas as medidas acordadas.
Para que a transação penal seja oferecida, são necessários os seguintes requisitos:
1. a infração cometida deve ser de menor potencial ofensivo (aquelas cuja pena máxima não ultrapasse 2 anos) ou contravenção penal;
2. ser primário e de bons antecedentes;
3. não ter sido beneficiado por transação penal nos últimos 5 anos.
As medidas impostas na transação podem ser restritivas de direito (art. 44 CP) ou multa. A transação penal não gera reincidência. Caso o acusado venha a ser processado por novo fato ou descumpra as medidas impostas, a transação será revogada, o juiz receberá a denúncia e o processo seguirá.
SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO:
Prevista no artigo 89 da lei dos juizados (lei nº 9.099/95), a suspensão condicional do processo é parecida com a transação, sendo outro instituto despenalizador no qual permite-se a suspensão do processo por um período de 2 a 4 anos. Tal período é denominado de período de prova. Ao oferecer a denúncia, o Ministério Público pode oferecer juntamente a proposta de suspensão condicional do processo, desde que o acusado preencha os seguintes requisitos:
1. o crime cometido tenha a pena mínima igual ou inferir a 1 ano;
2. primariedade;
3. não estar sendo processado por outro crime;
4. presente os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena do artigo 77 do CP.
Aceita a proposta, o processo será suspenso e o acusado submetido ao período de prova, onde deverá cumprir as condições estabelecidas, que poderão ser:
1. reparação do dano;
2. proibição de frequentar determinados lugares;
3. proibição de se ausentar da comarca onde reside sem autorização do juiz;
4. comparecimento mensal e obrigatório em juízo para justificar suas atividades.
Além dessas condições é possível estabelecer outras não previstas em lei, desde que adequadas ao caso concreto. Cumpridas as condições, estará extinta da punibilidade, não gerando reincidência. Assim como na Transação, se o acusado vier a ser processado por novo fato ou descumprir as condições impostas, o processo voltará a correr. É possível o oferecimento da proposta de suspensão após o recebimento da denúncia, como por exemplo em sentença, no caso de desclassificação do delito.
ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL:
O Acordo de Persecução Penal está previsto no artigo 28-A do CPP, o qual foi inserido recentemente pela Lei nº 13.964/2019. Tal instrumento, embora pouco aplicado, já era previsto na Resolução nº 181/2017 do Conselho Nacional do Ministério Público, dispondo que não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado a prática de infração penal sem violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior a 4 anos, o MP poderá propor acordo de não persecução penal, mediante as seguintes condições:
1. reparação do dano;
2. renúncia voluntária dos bens, produtos, instrumentos e proveitos do crime;
3. prestação de serviços a comunidade;
4. prestação pecuniária;
5. cumprimento de qualquer outra condição imposta pelo MP desde que adequada ao caso concreto;
Os requisitos para oferecimento do acordo são:
1. primariedade e bons antecedentes;
2. não ser cabível transação penal;
3. não ter sido beneficiado nos últimos 5 anos por transação penal, suspensão condicional do processo ou acordo de não persecução penal;
4. o crime não ter sido praticado no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou praticados contra a mulher por razões da condição de sexo feminino.
Cumpridas as condições, extingue-se a punibilidade. Se descumpridas, a denúncia será oferecida. Essa modalidade é quase uma suspensão condicional do processo, abrangendo delitos de penas maiores, porém de baixa reprovabilidade, evitando assim um encarceramento excessivo e desnecessário.
39. Em que hipóteses é cabível recurso de apelação em sede de juizados especiais criminais?
É cabível a apelação nos Juizados Especiais Criminais nas seguintes hipóteses:
 a) Rejeição da peça acusatória: art. 82, caput; No CPP, Recurso em Sentido Estrito (art. 581, I). 
 b) Sentença condenatória ou absolutória: De modo igual ao CPP, o recurso cabível será a apelação (art. 82, Lei 9.099/95).
 c) Decisão que homologa a transação penal (art, 76, § 5). 
 Diferentemente do Código de Processo Penal, o prazo para interposição da apelação no Juizado Especial Criminal será de 10(dez) dias. Enquanto que no CPP o prazo é de 05 (cinco) dias. Nos Juizados, a apelação deve ser interposta por petição escrita. Ao passo que no CPP a apelação pode ser interposta por petição escrita ou por termo nos autos (art. 578, caput).
 
 No Juizado, teoricamente, não há a possibilidade apresentar a petição de interposição e das razões do recurso separados, conforme preceito do art. 82, § 1º da Lei 9.099/95. Renato Brasileiro de Lima alude que:
“em sede de Juizados, a apelação deve estar necessariamente acompanhada das razões recursais. Se, porventura, a interposição da apelação for apresentada desacompanhada das razões recursais, estas podem ser oferecidas antes do término do prazo de 10 (dez) dias independentemente de nova intimação”.
 Já o Supremo Tribunal Federal, entende ser uma mera irregularidade que não compromete o conhecimento do apelo. Na próxima publicação abordaremos sobre Recurso Especial, Habeas Corpus, Mandado de Segurança e Revisão Criminal.
ceub.br | SEPN 707/907, Campus Asa Norte, CEP: 70.790-075, Brasília - DF • 3966-1201

Continue navegando