Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
MASSOTERAPIA Daniele Simão Cosméticos, óleos e essências na massoterapia Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Relacionar os cosméticos indicados para massagem. � Reconhecer a história da aromaterapia e seus efeitos. � Identificar os principais óleos essenciais associados aos diversos tipos de massagem. Introdução Se a massagem, por seus aspectos confortantes e reequilibrantes, já é uma das terapias mais procuradas quando se deseja qualidade de vida e bem-estar, sua associação a cosméticos, óleos essenciais e aromaterapia é um forte convite à saúde física e emocional. Potencializando seus efeitos, essa associação se apresenta como relevante diferencial de marketing, por sua capacidade de despertar sentidos e sensações, oferecendo ex- periências únicas para os clientes e promovendo equilíbrio entre corpo, mente e espírito. Não poderiam ser melhores os resultados da conexão entre esse dois importantes sentidos, o toque e o olfato. O emprego da aromaterapia como recurso terapêutico não é recente. Entretanto, o desenvolvimento dessa técnica em níveis profissionais mais elevados tem sido estimulado pela busca crescente por tratamentos na- turais e complementares que contribuam para promover o relaxamento, a renovação de energias, a elevação da autoestima e o bem-estar. Neste capítulo, você conhecer os cosméticos indicados para qualificar a prática da massagem; vai estudar a história da aromaterapia e vai apren- der como é possível associar a técnica de massagem a ela, aos cosméticos e aos óleos essenciais, agregando experiências únicas e inesquecíveis a sua prática profissional. Cosméticos para massagem É bem provável que você já tenha observado que maioria dos produtos cos- méticos são aplicados com movimentos de massagem. Isso ocorre porque ela promove a melhora da circulação periférica, consequentemente da oxigenação e nutrição dos tecidos, facilitando a permeação de ativos na pele. Em contrapar- tida, o uso de cosméticos durante as sessões de massagem também potencializa seus resultados, conforme a ação de cada ativo. Ou seja, a massagem e o uso de cosméticos são interdependentes e complementares. Vale ressaltar que nem todo tipo de massagem exige o uso dos cosméticos, como ocorre com as técnicas de drenagem linfática e shiatsu. Contudo, eles são bem-vindos para auxiliar no deslizamento das manobras, favorecendo o toque e a sensação de bem-estar. A história dos cosméticos remete aos tempos em que o homem começou a escrever. Nos primórdios da humanidade, há mais de 30 mil anos, os ho- mens pré-históricos já pintavam seus corpos. Milênios depois, já na época de Cleópatra, considerada como símbolo da Cosmetologia por seus banhos e maquiagens, os cuidados com a pele já chegavam a elevados níveis de requinte. Novo grande desenvolvimento nessa área ocorreu no período pré e pós Segunda Guerra Mundial, quando o desenvolvimento dos tensoativos possibilitou a fabricação de produtos unindo substâncias completamente distintas, como os componentes aquosos e oleosos. O termo “cosmético” vem do grego kosmetikós e se refere a adornos e enfeites e foi proposto no século XVI, tendo como a raiz palavra cosmos (ordem). Originalmente, se referia a substâncias naturais destinadas a suavizar e dar brilho aos cabelos. Somente após a Segunda Guerra Mundial, adquiriu o significado amplo que lhe conferimos atualmente, designando toda substância utilizada para embelezar a pele e seus anexos. Atualmente, Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) descreve cosméticos como produtos para o uso externo, destinados à proteção e/ou ao embelezamento das diferentes partes do corpo Cosméticos são preparações constituídas por substâncias naturais ou sintéticas, de uso externo nas diversas partes do corpo humano, pele, sistema capilar, unhas, lábios, órgãos genitais externos, dentes e membranas mucosas da cavidade oral, com objetivo exclusivo ou principal de limpá-los, perfumá-los, alterar sua aparência e/ou corrigir odores corporais e/ou protegê-los em bom estado (BRASIL, 2005, documento on-line). Cosméticos, óleos e essências na massoterapia2 Com o desenvolvimento de novas substâncias químicas, os cosméticos assumiram funções biológicas, aplicando-se o conceito tanto aos produtos de beleza quanto aos de higiene e tratamento da pele, cabelos, unhas e dentes. Em nosso foco de estudo, vamos considerar o cosmético com a finalidade específica de tratar a pele, prevenindo sua deterioração, devolvendo seu equi- líbrio fisiológico, limpando, corrigindo e embelezando a pele e seus anexos (BARATA, 2002). Nesse contexto, percebemos que o mercado desses produtos vem refletindo as mudanças culturais e de comportamento do consumidor, que passou a buscar o equilíbrio entre o corpo e a mente, o bem-estar e a recuperação da qualidade de vida. Com base nessas mudanças, diferentes áreas de conhecimento vem aprofundando pesquisas e passaram a oferecer novos produtos e conceitos. Os cosméticos adquiriram características de uso tópico e suas formulações incorporaram ingredientes bioativos, capazes de operar na fisiologia e na estrutura da pele, ampliando as possibilidades de ação preventiva e/ou de retardar o envelhecimento cutâneo (PEREIRA, 2013). É justamente nesse ponto, em que a ação dos cosméticos pode ajudar na prevenção e chega à possibilidade de reparação tecidual, que você pode aliá- -los à massagem, potencializando resultados como relaxamento, bem-estar e cuidados com a pele. É importante que você saiba que o uso de cosméticos nas massagens não se restringe somente ao objetivo de deslizamento, embora muitos profissionais ainda acreditem nessa premissa. Todo cosmético, independente de ser formulado como natural, orgânico ou não, é composto por substâncias químicas que são bases da vida e interferem direta ou indiretamente, de maneira benéfica ou não, nas interações da pele e do organismo humano. Atualmente, grande parte dos cosméticos contem ativos com desempenhos específicos, que potencializam os efeitos fisiológicos das massagens, como melhora da circulação sanguínea, redução de edema, ação lipolítica, nutrição celular, entre outras. Por isso, é necessário que você tenha um conhecimento 3Cosméticos, óleos e essências na massoterapia básico sobre a cosmetologia, relacionando esses efeitos fisiológicos com a ação dos ativos, de maneira eficiente e eficaz. Para tanto, é necessário analisar qual o princípio ativo e a forma cosmética do produto a ser aplicado com a massagem, lembrando que esses fatores deter- minam o efeito na pele, definindo assim as ações que serão potencializadas. Como exemplo de ativos, podemos citar cafeína, arnica, vitamina E, centella asiática, entre outros. Já a forma cosmética se refere à maneira como o produto se apresenta, considerando suas características físico-químicas, funcionalidade, percepção sensorial, estabilidade, segurança e eficácia. Também sua escolha deve ser orientada pelo objetivo da massagem, pen- sando em aspectos como deslizamento, emoliência, hidratação, penetração/ permeação do ativo na pele, ação do ativo somada ao efeito fisiológico da massagem, entre outros. Entre as formas de apresentação mais utilizadas em massagens estão: � Óleos — preferidos por seu poder de deslizamento, composição e possibilidade de sinergia com óleos essenciais. � Cremes — promovem deslizamento adequado proporcionando melhor sensorial, agregando tanto ativos hidrossolúveis quanto ativos liposso- lúveis específicos para tratamentos como celulite, redução de medidas, nutrição e revitalização. Neutros e sem ativos podem ser associados aos óleos essenciais. � Fluidos aquosos — agregam ativos que estimulam a circulação, como extratos termogênicos (gengibre, pimenta, cacau, cravo, canela, café verde), que aceleram o metabolismo, facilitam a drenagem e, no uso localizado, potencializam tratamentos de celulite e redução de medidas.� Geles — pouco utilizados para massagem, possuem alta concentração de água, proporcionando refrescância, sensorial leve, agradável e não oleoso. � Talcos — embora pouco utilizados no Brasil, garantem excelente sen- sorial e podem também agregar princípios ativos. São excelentes para massagens que exigem mãos mais firmes, evitando que escorreguem, ou para peles mais oleosas. Auxiliam nas manobras, evitando o atrito direto com a pele, porém não garantem tanto deslizamento quanto as demais formas cosméticas (PEREIRA, 2013). Cosméticos, óleos e essências na massoterapia4 Assim, a eleição da forma cosmética e dos ativos será determinada pelo objetivo da massagem, buscando potencializar sua função ou resultado espe- rado, conforme ilustra a Figura 1. Figura 1. Objetivo e técnica correta. Diminuição do edema Redução da celulite e gordura Alívio de tensões e dores musculares Drenagem Modeladora Relaxante Observe que você pode encontrar, num mesmo produto, uma combinação de ativos que atuará de forma a complementar e/ou potencializar a ação principal pretendida. Temos um bom exemplo nos produtos indicados para as massagens modeladoras, cujo objetivo é atuar na redução de medidas, exigindo que seus principais ativos atuem na inibição do processo de maturação e acúmulo das células de gordura, bem como para ativar sua degradação pelo processo de lipólise (quebra da gordura), além de estimular a microcirculação. Nesse contexto, confira alguns ativos e seus efeitos: � alecrim — anti-inflamatório, estimulante e tonificante; � algas marinhas — ricas em vitaminas e sais minerais, possuem efeito hidratante e protetor da pele, além de estimularem a circulação e eli- minação de toxinas; � aloe vera — anti-inflamatória, rica em aminoácidos e vitaminas, com ação calmante e regeneradora; � amêndoa doce — emoliente, nutritiva e calmante; � aminofilina — liporredutora, anticelulite; � arnica — calmante, descongestionante e estimulante; � aveia — hidratante e emoliente; � avelã — emoliente; � bardana — desintoxicante, anti-inflamatória e antisséptica; 5Cosméticos, óleos e essências na massoterapia � bejoim — antisséptico, cicatrizante; � bétula — indicada para aliviar dores nos músculos e articulações por possuir propriedades cicatrizantes, firmadoras e protetoras da pele; � Bioex Antilipêmico® (arnica, castanha-da-índia, centelha asiática, algas, hera, erva-mate e cavalinha) — descongestionante, anti-inflamatório e lipolítico, ativa a circulação e o metabolismo; � cacau — com alta capacidade de hidratação, evita o ressecamento e perda de água da pele, enquanto e seu aroma característico do chocolate leva à imediata associação com ensações de prazer e conforto; � cafeína — anticelulítico, aumenta o metabolismo e a circulação; � canela — tonificante, antisséptica e estimulante; � castanha-da-índia — antiedematosa, protetora da parede dos vasos; � castanha-do-pará — hidratante, emoliente e revitalizante; � cavalinha — adstringente, emoliente, cicatrizante e tonificante; � centelha asiática — anti-inflamatória, cicatrizante, aumenta a circulação, o metabolismo e a síntese de fibroblastos; � chá-verde — anti-inflamatório, antioxidante, antilipídico e estimulante da circulação periférica; � chá-vermelho — desintoxicante, antioxidante; � DMAE — tensor; � gengibre — estimulante, aumenta a circulação; � gérmen de trigo — hidratante, antioxidante, cicatrizante; � ginko biloba — antioxidante, nutritivo, estimulante, oxigenante e me- lhora a circulação; � girassol — emoliente, hidratante, anti-inflamatório, nutritivo; � guaraná — anticelulite, estimulante e lipolítico; � macadâmia — regeneradora e emoliente; � manteiga de cacau — emoliente; � manteiga de karité — emoliente, regeneradora; � pimenta (capsicum) — estimulante, vasodilatador; � silício orgânico — anti-inflamatório, regenerador epidérmico, hidratante com elevada permeabilidade cutânea e fixação dérmica; � Xantagosil C (silício orgânico com xantina) — lipolítico e antiedema. Como requisitos para escolha dos cosméticos, consideramos que devem ter excelente deslizamento e rendimento, ótima penetração dos ativos e sensorial agradável durante e após a massagem, aumentando a sensação de relaxamento. Não podem, de forma alguma ser irritantes e tampouco manchar as roupas Cosméticos, óleos e essências na massoterapia6 dos clientes. Espera-se que os produtos, além de seguros, eficazes e fáceis de aplicar e espalhar tenham um aspecto visual atrativo e aroma agradável. De maneira geral, o cosmético é composto por várias substâncias ou componentes conhecidos como matérias-primas, classificadas em quatro grupos principais: ativos, aditivos, produtos de correção ou ajustamento e veículos ou excipientes. A interação entre essas matérias-primas compõem a formulação de um produto cosmético e garante sua eficácia. Os ativos são as matérias-primas que respondem pela ação do cosmético; os aditivos conferem cor e fragrância, de acordo com o composto de marketing do cosmético, e também podem atuar em sua conservação; produtos de correção ou ajustamento definem características como pH, estabilidade, emoliência ou espessamento da fórmula; e, por fim, os veículos ou excipientes dão sustentação física ao composto, possibilitando sua aplicação. Como vimos, os cosméticos despertaram grande interesse em razão de seus efeitos de bem-estar e qualidade de vida durante a prática de massagem. Sua aplicação é simples e eficaz como medida potencializadora de resultados e como fator motivador. A seguir, você conhecerá os efeitos da Aromaterapia associada às mas- sagens, potencializando resultados e também como ferramenta de marketing principal para atrair clientes. Você irá conhecer os resultados dessa técnica e tenho certeza que ficará com vontade de conhecer os principais óleos essenciais e suas formas de sua aplicação. 7Cosméticos, óleos e essências na massoterapia História da aromaterapia e seus efeitos O que vem a sua mente quando conversa sobre manter uma vida saudável com aquilo que natureza nos oferece de melhor? Ervas, plantas, cosméticos naturais? Pois bem, quando falamos em massagem, um dos métodos mais naturais e simples existentes é a aromaterapia, entendida como ciência que estuda a saúde física e mental por meio da aplicação tópica e/ou inalação de óleos essenciais. Este termo foi proposto pela primeira vez pelo perfumista René-Maurice Gatefossé, no ano de 1928. Talvez você já tenha ouvido também o termo aromacologia, mas esse conceito se refere à ciência que trata das pesquisas e estudos sobre as relações entre os aromas e seus efeitos psicofisiológicos, envolvendo áreas como quí- mica, farmacologia, neurofisiologia e cosmetologia, fornecendo os subsídios científicos para fundamentar aromaterapia (CORAZZA, 2002). O uso de substâncias aromáticas a fim de despertar reações emocionais positivas não é recente. Essa prática remonta milhares de anos, desde as civi- lizações mais antigas. A civilização egípcia é uma das mais conhecidas pelo uso de plantas aromáticas, mas, mesmo antes dela, diversas culturas orientais já aplicavam plantas aromáticas, defumações e incensos em cerimônias, em rituais, na culinária e até na medicina. Ao longo dos anos o ser humano se afastou dessa prática, perdendo per- cepção quanto à restauração e manutenção de sua saúde por meio da natureza, das ervas e das plantas. Atualmente, essa tradição passou a ser resgatada pela aromaterapia e pelo uso dos óleos essenciais. É provável que você esteja curioso para saber como tudo começou. Não é possível determinar datas exatas, mas já se comprovou o uso de ervas curativas em cavernas, por volta de 18.000 a.C. No museu do Louvre, na França, são estudados e classificados indícios que permitem acompanhar a história da aromaterapia em diferentes situações históricas, conforme segue. � Antiguidades orientais — reúne cerâmicas utilizadas para guarda de líquidos e incensóriospara queima de ervas datados de 7.000 a.C. na Mesopotâmia, Irã e países do Levante que abrigavam as Civilizações do Oriente Próximo. � Antiguidades egípcias — uso de incensos em rituais e prática de mumi- ficação, realizada com bandagens emergidas em substâncias extraídas de plantas aromáticas ou óleos essenciais destinados à conservação de corpos (substâncias de grande valor econômico e uso restrito aos sacerdotes e faraós). Cosméticos, óleos e essências na massoterapia8 � Antiguidades grega, etrusca e romana — uso de aromas pelas castas nobres em rituais religiosos e na decoração doméstica; recipientes para armazenamento de pomadas, unguentos, mel e óleos vegetais. Ressalta-se também que diversas plantas aromáticas foram nomeadas pela cultura greco-romana, como o alecrim (rosmarinus — orvalho do mar) e a lavanda, essa associada ao verbo lavar em razão do hábito dos banhos termais romanos, com maços de lavanda para aromatizar a água. � Antiguidades islâmicas e idade média — materiais de destilação que permitiam a extração dos princípios ativos de plantas aromáticas em forma líquida, os conhecidos óleos essenciais (AMARAL, 2015). A atual expansão da aromaterapia começou na Europa, durante a Segunda Guerra Mundial, quando um cirurgião francês utilizou óleos essenciais para tratamento de feridas. A partir dessas experiências, a prática foi introduzida na medicina francesa e empregada também em ambientes hospitalares da Inglaterra, como unidades de terapia intensiva, salas de parto e de espera (MALUF, 2008). Assim, podemos dividir a história da aromaterapia em três grandes perí- odos, conforme as formas de sua utilização e seu desenvolvimento científica e tecnológico: 1) emprego de unguentos e uso de ervas em defumações e incenso; 2) óleos essenciais, álcool, perfumes e elixires e 3) óleos essenciais, farmacologia e química (AMARAL, 2015). No primeiro período, compreendido até 1000 d.C., quando ainda não se conhecia o óleo essencial na forma líquida, eram utilizados extratos oleosos ou alcoólicos de fermentados, como o álcool de vinho, por exemplo. Os tra- tamentos naturais aromáticos, com plantas sagradas, poções ou unguentos tinham conotação mística e espiritual e eram de uso exclusivo de sacerdotes e líderes espirituais, tudo realizado de forma empírica e intuitiva, transmitida de geração em geração. Já o segundo período, que vai da descoberta da destilação ao desenvol- vimento da indústria petroquímica, permitiu que os óleos essenciais fossem extraídos e aplicados em soluções oleosas e alcoólicas. Passaram a modelar comportamentos e permitiram o desenvolvimento de novos hábitos de con- sumo, como o uso de perfumes, cosméticos e produtos de higiene pessoal e de limpeza. Avicena, protagonista desse período, ficou conhecido como pai da destilação a vapor. O período é marcado, ainda, pela transformação de alquimistas em químicos, constituindo as bases da Farmácia e da Medicina modernas, destacando-se Paracelso, médico e alquimista, com seus estudos sobre extração. 9Cosméticos, óleos e essências na massoterapia Por fim, o terceiro período, iniciou-se em 1900, com os trabalhos do Dr. René-Maurice Gatefossé, na França, de Paolo Rovesti na Itália, e Dr. Arthur Penfold na Austrália, entre outros. Este último, foi pioneiro no estudo e na difusão do óleo essencial de melaleuca (tea tree). Marcado pelo conhecimento tecnológico e pela comprovação científica, esse período consolidou o óleo essencial como princípio ativo aplicável à beleza e à saúde, passando a ser utilizado em difusores para aromatização de ambientes; em massagens, como potencializador de seus efeitos; em banhos para tratamento dos sistemas respiratório e nervoso; em fricções ou compressas para dores e como auxi- liares nos processos de cicatrização; em escalda-pés para alívio de dores e de inchaços nos pés; em pulverizações para aromatizar e desinfetar ambientes domésticos e profissionais. Ao longo dos tempos, pesquisas foram realizadas a fim de entender os efeitos fisiológicos e os benefícios dos óleos essenciais associados ao toque e à massagem. Com o toque e os movimentos da massagem, são liberados importantes mediadores do sistema nervoso, que agem sobre as emoções humanas, como a endorfina e a serotonina, que geram a sensação de bem-estar. Sabe-se, ainda, que a massagem pode despertar lembranças corpóreas que uma pessoa sequer imaginava ter, permitindo a liberação de energias bloqueadas, com efeitos benéficos a sua saúde física, emocional e psicológica. Por outro lado, os óleos essenciais oferecem propriedades medicinais decorrentes de seus princípios ativos, que facilitam os processos metabólicos, regenerativos e antissépticos. Além disso, estimulam as células olfativas que transmitem impulsos nervosos, determinando reações fisiológicas, psicológicas e intelectuais capazes de originar sensações positivas para o organismo. Assim, você pode perceber que, associadas, ambas as técnicas são com- plementares e potencializam a sensação de melhora e bem-estar. Como efeitos gerais, os óleos essenciais possuem ação cutânea e olfativa. Seus princípios ativos, diluídos em óleos vegetais, são dotados de similari- dade e afinidade com o manto hidrolipídico da pele. Assim, quando aplicados, incorporam-se ao sistema cutâneo, vencendo a membrana celular e interagindo tanto com o interior quanto com o exterior das células, como nutriente e/ou como substância medicinal com capacidade hormonal e imunológica (PE- REIRA, 2013). Todos os óleos essenciais são compostos pelas mesmas famílias molecula- res, porém em proporções diferentes, o que determina seu campo de atuação específico no corpo humano. O uso de cada óleo essencial se determina pelo Cosméticos, óleos e essências na massoterapia10 conhecimento de suas moléculas, com perfis adequados a tratamentos espe- cíficos, como verificamos no Quadro 1. Fonte: Adaptado de Pereira (2013). Constituintes Características Ácidos Anti-inflamatórios e analgésicos, auxiliares na redução da temperatura e da pressão arterial. Cumarinas Sedativos, anticoagulantes, antiespamódicos, anticonvulsivos, auxiliares na redução da temperatura e da pressão arterial. Lactonas Poderosos mucolíticos e anticoagulantes. Cetonas Tranquilizantes, sedativos, imunoestimulantes, cicatrizantes, anticoagulantes, mucolíticos e lipolíticos. Dionas Anticoagulantes e espamolíticos. Éteres Espamolíticos, equilibrantes, sedativos, antidepressivos e tranquilizantes. Aldeídos Tônicos, estimulantes, anti-inflamatórios, imunoestimulantes e harmonizantes. Sesquiterpernos Sedativos, hipotérmicos e anti-inflamatórios. Óxidos Mucolíticos, expectorantes, anti-inflamatórios e descongestionantes. Ésteres Espamolíticos, equiilibrantes, tônicos e tranquilizantes. Álcoois diterpênicos Estimulantes funções hormonais. Álcoois sesquiterpênicos Microbicidas, estimulantes, tônicos e anti-inflamatórios. Monoterpenos Antissépticos, imunoestimulantes e espasmolíticos. Fenóis Hipertérmicos, hipertensivos, tônicos, imunoestimulantes e microbicidas. Álcoois monoterpênicos Microbicidas, imunoestimulantes, hipertérmicos, hipertensivos e neurotônicos. Quadro 1. Composição dos óleos essenciais e características conforme grupo molecular 11Cosméticos, óleos e essências na massoterapia A ação olfativa, ligada à conexão dos sentidos, remete a memórias e sensa- ções, desencadeando reações físicas e comportamentais. Essa área é estudada pela osmologia, ramo da ciência que busca entender como o ser humano reage aos estímulos olfativos, de forma a estabelecer uma conexão entre o mecanismo olfativo e as famílias olfativas (AMARAL, 2015). Toda substância lança um odor específico ao liberar partículas que incitam terminações nervosas presentes dentro do nariz. Recebendo esse estímulo, as células olfativas trans- mitem impulsos nervosos ao nervo olfativo que, por sua vez, ativa o sistema límbico, área cerebral correspondente ao olfato, e processaessas informações na forma de reações e sensações inconscientes que afetam o corpo, intelectual e psicologicamente. Deste modo, desencadeiam-se ações fisiológicas importantes vinculadas ao comportamento, à motivação e às emoções (PEREZ; LACRIMANTI; VASCONCELOS, 2014). Fonte: Guedes (2012). Como verificamos, a aromaterapia associada à massagem torna-se um recurso importante para alcançar ótimos resultados. Embora os óleos essenciais possuam muitas indicações, recomenda-se que você converse rapidamente Cosméticos, óleos e essências na massoterapia12 com o cliente para verificar se há alguma situação que impeça a sua aplicação. Essa abordagem correta garantirá que o cliente aproveite melhor os benefícios da massagem. Já conversamos sobre como a aromaterapia atua no organismo humano e suas possíveis interações com as massagens. A seguir, você vai identificar os principais óleos associados aos diversos tipos de massagem. Óleos essenciais nos diversos tipos de massagem Pensando na saúde e no bem-estar do seu cliente, você pode avaliar a impor- tância do preparo de um profissional para trabalhar com óleos essenciais, uma vez que seus princípios ativos são substâncias naturais que entram em contato com a pele e a penetram por meio da massagem, favorecendo a circulação e a absorção de nutrientes. Soma-se o fato de que cada óleo é uma ferramenta com efeitos físicos e emocionais próprios, alcançando o sistema nervoso central através do sistema olfativo e despertando sensações de equilíbrio e harmonia. O que determina a eleição de cada óleo para um tratamento é o efeito desejado e sua região de aplicação. Para tanto, você deve distinguir cada um deles e suas respectivas funções. Outro aspecto importante a ser avaliado é a possibilidade de combinar diferentes produtos, formando blends e sinergias, ajudando a potencializar o aspecto positivo de cada óleo e minimizando algum efeito indesejado. Os óleos essenciais são muito concentrados e podem causar problemas sérios à pele se aplicados puros. Por isso, para aplicação durante a massagem, devem ser incorporados em óleos vegetais ou cremes neutros com fase oleosa vegetal. Temos, como exemplos de adequação a diferentes áreas do corpo: � óleos vegetais para pequenas áreas do corpo — argan, rosa-mosqueta, copaíba e jojoba. � óleos vegetais para grandes áreas do corpo — abacate, amêndoas doces, gérmen de trigo, girassol, macadâmia e semente de uva. Como parâmetro para a aplicação, recomenda-se a proporção de 50 gotas de óleo essencial para 100 ml ou 100 g de base carreadora (óleo vegetal ou creme neutro). 13Cosméticos, óleos e essências na massoterapia M od el ad or a D re na ge m li nf át ic a M as sa ge ns c or po ra is de to do s os ti po s • Gérmen de trigo • Girassol • Argan • Abacate • Jojoba (facial) • Amêndoas doces • Macadâmia • Semente de uva Fonte: Adaptada de Sofiaworld/Shutterstock.com, lOvE lOvE/Shutterstock.com, Maksim Shmeljov/ Shutterstock.com e Evgeny Atamanenko/Shutterstock.com. As características dos óleos essenciais são diferentes das dos óleos normais. Mais próximos do álcool ou do éter, não deslizam e esvanecem rapidamente ao contato. Além disso, são muito concentrados, com potencial alergênico e/ou fototóxico ao serem aplicados diretamente sobre a pele. Por esse motivo, devem ser incorporados a uma base, à proporção máxima de 2%. Essa base poderá ser um óleo vegetal ou um creme neutro à base de óleo vegetal (AMARAL, 2015). Cosméticos, óleos e essências na massoterapia14 Essa proporção máxima de 2% pode ser traduzida como: para cada 100 ml de óleo vegetal ou 100 g de creme neutro, utilizam-se 2 ml (50 gotas) de óleos essenciais. A incorporação não deve ser realizada diretamente na embalagem original do óleo vegetal ou do creme neutro, para uso posterior. Prepare a quantidade necessária para o uso no momento da massagem, separando o creme ou o óleo em uma cubeta de porcelana ou vidro, aplicando as gotas e homogeneizando a mistura com uma espátula. Vamos, agora, conhecer os principais óleos essenciais utilizados para massagem e suas indicações: Óleo essencial Ação Tipo de massagem Alecrim Melhora da circulação; anticelulítica; tonificante e fortalecedora dos tecidos Drenagem linfática; modeladora Bergamota Bactericida Massagem nos pés Camomila Calmante Massagem relaxante Cravo Anti-inflamatório; antiespasmódico Massagem relaxante Gengibre Estimulante e termogênico Modeladora Gerânio Rejuvenescedor Todas as massagens corporais e faciais Grapefruit Desintoxicante e lipolítica Drenagem linfática; modeladora Hortelã Estimulante, antisséptico e descongestionante Modeladora Laranja amarga Antiedematosa Drenagem linfática Laranja doce Regeneradora tecidual Todas as massagens corporais Lavanda Relaxante muscular; cicatrizante Massagem relaxante Lemongrass Desintoxicante; estimulante do metabolismo; melhora da circulação Modeladora; massagem estimulante Limão Estimulante e diurético Drenagem linfática (Continua) 15Cosméticos, óleos e essências na massoterapia Óleo essencial Ação Tipo de massagem Menta Piperita Antiedematosa e vasoconstritora Drenagem linfática Rosa Calmante e antisséptico Massagem relaxante Tangerina Antisséptico e diurético Drenagem linfática Zimbro Lipolítica; melhora de edemas; anticelulítica; desintoxicante dos tecidos Drenagem linfática Outra opção, na associação da aromaterapia com a massagem, pode ser a utilização dos óleos essenciais em difusores elétricos em vez de sua incorpo- ração aos óleos vegetais ou cremes neutros. Pensando nas sinergias, é necessário relembrar que a atividade de cada óleo essencial se dá pelos perfis moleculares, que devem ser escolhidos para tratamentos de sistemas específicos. Assim, você poderá associar de dois a quatro óleos essenciais no mesmo tratamento (MALUF, 2008). Muitos dos problemas passíveis de tratamento terapêutico através do uso de óleos essenciais também podem ser abordados pela prática da massagem (CORAZZA, 2002). Contudo, é recomendado bom senso e estudo aprofun- dando sobre a fisiopatologia destes problemas e sobre os efeitos fisiológicos dos óleos. Alertamos fortemente contra a prática da automedicação e aventuras nessa prática sem conhecimento profundo sobre o assunto. Seguem abaixo alguns problemas para os quais os clientes buscam alívio e a indicação de óleos essenciais para tratá-los: � Ansiedade — benjoim, bergamota, capim-limão, cedro-atlas, gerânio, jasmim, laranja doce, sândalo, tangerina, vetiver e ylang-ylang. � Artrite — alecrim, benjoim, bétula, camomila, cedro-atlas, citronela, cravo, eucalipto, vetiver, zimbro. � Cãibras musculares — alecrim. � Celulite — bétula, ciprestre, gerânio, limão, grapefruit. � Circulação — alecrim, benjoim, canela, ciprestre, citronela, eucalipto, gerânio, limão. � Cólicas em geral — canela, cardamomo, hortelã-pimenta, manjerona. (Continuação) Cosméticos, óleos e essências na massoterapia16 � Contusão — cravo, lavanda. � Cansaço mental, exaustão, fadiga, memória fraca — alecrim, car- damomo, citronela, cravo, gengibre, hortelã, lavandin, manjericão, tomilho, vetiver, zimbro. � Depressão — alecrim, citronela, gerânio, hortelã, jasmim, lavanda, sândalo, tomilho, vetiver, ylang-ylang. � Desequilíbrio de energia — benjoim, cipreste. � Diabetes — gerânio e zimbro. � Dor de cabeça — camomila, citronela, eucalipto, hortelã-pimenta, lavanda, manjericão. � Dores espasmódicas — citronela, cravo, manjericão, sândalo, tangerina. � Dores musculares e articulares — alecrim, bétula, capim-limão, ci- tronela, cravo, gengibre, hortelã-pimenta, lavanda, lavandin, tomilho, vetiver. � Eliminação de toxinas — bétula, laranja amarga, limão, sândalo, tan- gerina, zimbro. � Estresse — benjoim, bergamota, canela, capim-limão, cardamomo, laranja-amarga, lavanda, sândalo, tília, vetiver. ylang-ylang. � Fadiga física — cipreste, cravo. � Hipertensão — laranja amarga,limão, lavanda, ylang-ylang. � Hipotensão — cravo. � Imunidade baixa — tea tree (melaleuca). � Insônia — canela, cardamomo, cravo, gengibre, jasmim, laranja amarga, tangerina, tília, vetiver, ylang-ylang. � Reumatismo — alecrim, bétula, canela, cipreste, cravo, gengibre, la- vanda, limão, vetiver, zimbro. � Torsões, entorses, distensões — lavanda, lavandin. � TPM — gerânio, lavanda. Nos casos acima, você pode aplicar os óleos essenciais para massagem, utilizando a incorporação em óleo vegetal ou creme neutro, segundo sua opção de tratamento. Por fim, convém ressaltar que o uso dos óleos essenciais sempre deve ser personalizado. Garantir bons resultados durante a aplicação da técnica é permitir ao cliente uma experiência única e inesquecível, em que o profissional demonstra seu conhecimento e o interesse pelo seu bem-estar. 17Cosméticos, óleos e essências na massoterapia AMARAL, F. Técnicas de aplicação de óleos essenciais. São Paulo: Cengage Learning, 2015. BARATA, E. A. F. A cosmetologia: princípios básicos. São Paulo: Tecnopress Editora, 2002. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução - RDC Nº 211, de 14 de julho de 2005. Brasília, DF, 2005. Disponível em: <http://www.cosmeticsonline.com.br/ct/ painel/fotos/assets/uploads/regulatorios/f3fb0-Rdc-211.pdf>. Acesso em: 02 ago. 2018. CORAZZA, S. Aromacologia: uma ciência de muitos cheiros. São Paulo: Editora Senac, 2002. GUEDES, V. Aromaterapia e o sentido olfativo: o sentido que confere vida. 2012. Disponível em: <http://aromavera.blogspot.com/2012/04/aromaterapia-perfeicao-humana-vista. html>. Acesso em: 02 ago. 2018. MALUF, S. Aromaterapia: uma abordagem sistêmica. São Paulo: Edição Própria do Autor, 2008. PEREIRA, M. F. L. Cosmetologia. São Caetano do Sul, SP: Difusão Editora, 2013. PEREZ, E.; LACRIMANTI, L. M.; VASCONCELOS, M. G. Curso didático de estética. São Caetano do Sul, SP: Yendis, 2014. v. 2. Cosméticos, óleos e essências na massoterapia18
Compartilhar