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See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/349413161 GESTÃO DE RISCO DE ACIDENTES INDUSTRIAIS COM PRODUTOS QUÍMICOS PERIGOSOS INTEGRADA AO PLANEJAMENTO TERRITORIAL: UM OLHAR PARA O POLO PETROQUÍMICO DO ABC PAULISTA Thesis · November 2020 DOI: 10.13140/RG.2.2.32323.32800 CITATIONS 0 READS 140 1 author: Some of the authors of this publication are also working on these related projects: Industrial accident risk management with hazardous materials using Quantitative Risk Analysis integrated within land use planning View project the crime of theft of oil products from pipelines: risk culture and the current situation in the Brazilian scenario View project Elizabeth Nunes Alves Universidade Federal do ABC (UFABC) 5 PUBLICATIONS 7 CITATIONS SEE PROFILE All content following this page was uploaded by Elizabeth Nunes Alves on 18 February 2021. The user has requested enhancement of the downloaded file. https://www.researchgate.net/publication/349413161_GESTAO_DE_RISCO_DE_ACIDENTES_INDUSTRIAIS_COM_PRODUTOS_QUIMICOS_PERIGOSOS_INTEGRADA_AO_PLANEJAMENTO_TERRITORIAL_UM_OLHAR_PARA_O_POLO_PETROQUIMICO_DO_ABC_PAULISTA?enrichId=rgreq-37dd9de44d6e6cd36386fb2387587471-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM0OTQxMzE2MTtBUzo5OTI2NzUyNzI2MDk3OTJAMTYxMzY4MzYzNjg1Mw%3D%3D&el=1_x_2&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/publication/349413161_GESTAO_DE_RISCO_DE_ACIDENTES_INDUSTRIAIS_COM_PRODUTOS_QUIMICOS_PERIGOSOS_INTEGRADA_AO_PLANEJAMENTO_TERRITORIAL_UM_OLHAR_PARA_O_POLO_PETROQUIMICO_DO_ABC_PAULISTA?enrichId=rgreq-37dd9de44d6e6cd36386fb2387587471-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM0OTQxMzE2MTtBUzo5OTI2NzUyNzI2MDk3OTJAMTYxMzY4MzYzNjg1Mw%3D%3D&el=1_x_3&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/project/Industrial-accident-risk-management-with-hazardous-materials-using-Quantitative-Risk-Analysis-integrated-within-land-use-planning?enrichId=rgreq-37dd9de44d6e6cd36386fb2387587471-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM0OTQxMzE2MTtBUzo5OTI2NzUyNzI2MDk3OTJAMTYxMzY4MzYzNjg1Mw%3D%3D&el=1_x_9&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/project/the-crime-of-theft-of-oil-products-from-pipelines-risk-culture-and-the-current-situation-in-the-Brazilian-scenario?enrichId=rgreq-37dd9de44d6e6cd36386fb2387587471-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM0OTQxMzE2MTtBUzo5OTI2NzUyNzI2MDk3OTJAMTYxMzY4MzYzNjg1Mw%3D%3D&el=1_x_9&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/?enrichId=rgreq-37dd9de44d6e6cd36386fb2387587471-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM0OTQxMzE2MTtBUzo5OTI2NzUyNzI2MDk3OTJAMTYxMzY4MzYzNjg1Mw%3D%3D&el=1_x_1&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Elizabeth-Nunes-Alves?enrichId=rgreq-37dd9de44d6e6cd36386fb2387587471-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM0OTQxMzE2MTtBUzo5OTI2NzUyNzI2MDk3OTJAMTYxMzY4MzYzNjg1Mw%3D%3D&el=1_x_4&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Elizabeth-Nunes-Alves?enrichId=rgreq-37dd9de44d6e6cd36386fb2387587471-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM0OTQxMzE2MTtBUzo5OTI2NzUyNzI2MDk3OTJAMTYxMzY4MzYzNjg1Mw%3D%3D&el=1_x_5&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/institution/Universidade_Federal_do_ABC_UFABC?enrichId=rgreq-37dd9de44d6e6cd36386fb2387587471-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM0OTQxMzE2MTtBUzo5OTI2NzUyNzI2MDk3OTJAMTYxMzY4MzYzNjg1Mw%3D%3D&el=1_x_6&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Elizabeth-Nunes-Alves?enrichId=rgreq-37dd9de44d6e6cd36386fb2387587471-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM0OTQxMzE2MTtBUzo5OTI2NzUyNzI2MDk3OTJAMTYxMzY4MzYzNjg1Mw%3D%3D&el=1_x_7&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Elizabeth-Nunes-Alves?enrichId=rgreq-37dd9de44d6e6cd36386fb2387587471-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM0OTQxMzE2MTtBUzo5OTI2NzUyNzI2MDk3OTJAMTYxMzY4MzYzNjg1Mw%3D%3D&el=1_x_10&_esc=publicationCoverPdf UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PLANEJAMENTO E GESTÃO DO TERRITÓRIO ELIZABETH NUNES ALVES GESTÃO DE RISCO DE ACIDENTES INDUSTRIAIS COM PRODUTOS QUÍMICOS PERIGOSOS INTEGRADA AO PLANEJAMENTO TERRITORIAL: UM OLHAR PARA O POLO PETROQUÍMICO DO ABC PAULISTA São Bernardo do Campo – SP 2020 ELIZABETH NUNES ALVES GESTÃO DE RISCO DE ACIDENTES INDUSTRIAIS COM PRODUTOS QUÍMICOS PERIGOSOS INTEGRADA AO PLANEJAMENTO TERRITORIAL: Um olhar para o Polo Petroquímico do ABC Paulista Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Planejamento e Gestão do Território da Universidade Federal do ABC, como requisito para obtenção do título de Doutor em Planejamento e Gestão do Território. Orientadora: Profa Dra. Katia Canil São Bernardo 2020 O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001 Em memória aos meus maiores incentivadores: meus pais AGRADECIMENTOS Início agradecendo minha orientadora Profa. Katia Canil, que com a sua competente visão das ciências socias me ajudou a enxergar o contexto do planejamento territorial nas questões dos acidentes industriais. Seus valiosos comentários me fizeram refletir e trilhar um novo caminho para discutir questões que antes, como engenheira, só conhecia de forma pragmática e racional. Igualmente, agradeço aos professores do PGT que contribuíram na construção do meu conhecimento sobre teorias e práticas de planejamento territorial e de pesquisa. Agradeço o suporte do Prof. Pedro Roberto Jacobi que tornou possível meu sonho de conhecer especialistas dos Países Baixos, por meio do Programa Ciências Sem Fronteiras da CAPES. Nessa ocasião pude conhecer os professores Jeroen Warner e Robert Coates da Universidade de Wageningen, com os quais participei do artigo ‘O Queijo Suíço no Brasil: cultura de desastres versus cultura de segurança’. Sem dúvida, esse artigo fundamentou minha proposta de gestão de risco no âmbito do PGT. Não posso deixar de agradecer os integrantes da banca, titulares e suplentes, que contribuíram de diferentes formas para a concretização deste trabalho; seja com informações, orientação e sugestões. Profunda gratidão a todos. Agradeço aos integrantes das Prefeituras de Mauá, Santo André e São Paulo, que gentilmente me receberam e mostraram a difícil realidade da gestão pública, que se apresenta desafiadora aos bem intencionados. Precisamos mudar essa situação. Acredito que compartilhar conhecimento seja a primeira etapa. Não posso deixar de agradecer ao Francisco Ruiz do COFIP ABC e ao coordenador do PAM Capuava, Valdemar Conti, que me acolheram e convidaram para participar do simulado do PPABC ocorrido em dezembro de 2019. Agradeço também ao Rafael Antônio T. Neves; coordenador do Grupo de Trabalho de Gestão de Riscos do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC que me acolheu nas reuniões do P2R2 e com o qual pude discutir várias questões. Agradeço especialmente a Alice Ferreira da Silva Paixão, que me auxiliou na elaboração dos mapas aqui apresentados. Sem ela eu não teria alcançado tal qualidade e perfeição. Cabe um agradecimento a Carla Mitie Teruya, colega e amiga com quem sempre troquei ideias sobre análise de risco. Não poderia esquecer da minha colega Cristina Boggio, com quem dividi minhas dúvidas e ansiedades nas disciplinas do curso e na elaboração da tese. Agradeço as minhas filhas que sempre foram minha inspiração e estimulo na busca de conhecimento e sabedoria. Obrigada Isabelle pela revisão do texto, foi muito útil. E por fim agradeço ao meu querido esposo Moacyr, que de forma tão compreensiva ouviu minhas questões (e algunsdelírios também) e me apoiou nos meus momentos mais difíceis. Não poderia deixar de agradecer os meus pais, que certamente ficariam orgulhosos por essa minha conquista. A vocês eu devo eterno amor e gratidão. RESUMO Esta pesquisa aborda a Gestão do Risco de Acidente Industrial (GRAI) integrada ao Planejamento e Gestão do Território (PGT), frente aos acidentes com produtos químicos perigosos que possam resultar em incêndio, explosão e nuvem tóxica, causando fatalidades, danos ao meio ambiente e perda material. Partindo-se da premissa que não há uma gestão de risco integrada entre o setor industrial e o setor público que efetivamente diminua a vulnerabilidade da população e do meio ambiente exposto, propõe-se uma abordagem metodológica para a inserção da GRAI no PGT e Emergência. Tal abordagem baseia-se na hipótese de que é possível utilizar informações dos Estudos de Análise de Risco (EAR); atualmente utilizados nos licenciamentos ambientais; para definir mapas com zonas de risco de fácil compreensão. A partir do reconhecimento das camadas de proteção existentes para gerenciar os riscos, propõe-se implantar camadas adicionais para diminuir a chance da trajetória de um desastre por entre as falhas do sistema de gestão de risco. A metodologia da pesquisa consistiu em análise documental, pesquisa em banco de dados de acidentes, levantamento de informações em bases de dados georreferenciadas, coleta de dados por meio de questionário e entrevistas nos Países Baixos e Brasil, compondo assim uma pesquisa qualitativa, exploratória, analítica e comparativa. O modelo foi aplicado à realidade do estudo de caso no Polo Petroquímico do ABC (PPABC) situado nos municípios de Mauá e Santo André, escolhido por apresentar importância histórica no desenvolvimento industrial, alta concentração de indústrias, alto grau de urbanização e a presença de Zona Especial de Interesse Ambiental (ZEIA) e de Zona Especial de Interesse Social (ZEIS). Espera- se proporcionar um canal inovador de articulação e comunicação entre os diferentes atores, contribuindo para o planejamento territorial com vistas à tomada de decisão quanto ao zoneamento, implementação de sistemas de proteção externos à indústria e comunicação de risco. Palavras-chave: acidentes industriais com produtos químicos perigosos, Polo Petroquímico do ABC, mapeamento de risco, planejamento territorial, planejamento urbano, estudo de análise de risco. ABSTRACT This research addresses Industrial Accident Risk Management (IARM) integrated within Land Use Planning (LUP), in the face of accidents with dangerous materials that can result in fire, explosion and toxic cloud, causing fatalities, damage to the environment and material loss. Based on the premise that there is no integrated risk management involving the industrial sector and the public sector that effectively reduces the vulnerability of the population and the exposed environment, a methodological approach is proposed for the insertion of IARM in the LUP and Emergency. Such an approach is based on the hypothesis that it is possible to use information from Quantitative Risk Analysis; currently used in environmental permission process; to define maps with easily understand risk zones. Based on the recognition of the existing protection layers to manage risks, it is proposed to implement additional layers to reduce the chance of a disaster trajectory through the failures of the risk management system. The research methodology consisted of document analysis, research in accident databases, survey of information in georeferenced databases, data collection through questionnaire and interviews in the Netherlands and Brazil, thus composing a qualitative, exploratory, analytical and comparative research. The model was applied to the case study at the Petrochemical Complex of ABC sited in the municipalities of Mauá and Santo André, chosen for its historical importance in industrial development, high concentration of industries, high degree of urbanization and the presence of Special Zone of Environmental Interest and Special Zone of Social Interest. It is expected to provide an innovative channel of articulation and communication among the different actors, contributing to territorial planning with a view to decision making regarding zoning, implementation of safety systems outside the industry and risk communication. Key-words: hazardous materials, industrial accident, land use planning, petrochemical complex of ABC, risk mapping, quantitative risk analysis. LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Características locacionais dos principais Polos Petroquímicos no Brasil ........... 23 Figura 2 - Macro localização do Polo Petroquímico do ABC Paulista na RMSP................... 24 Figura 3 - Localização do Grande ABC na RMSP, com destaque para o Rodoanel e município de Mauá............................................................................................................................... 26 Figura 4 - Localização do Polo Petroquímico do ABC Paulista ............................................ 27 Figura 5 - Busca por registros de acidentes industriais no Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2iD) ........................................................................................................ 37 Figura 6 – Distribuição geográfica da população e número de estabelecimentos industriais de transformação no Brasil em 2017 ........................................................................................ 45 Figura 7 – Evolução da participação da indústria de transformação brasileira no PIB, entre 1947 e 2018 ......................................................................................................................... 47 Figura 8 - Análise crítica da aplicação do conhecimento das ciências exatas e ciências sociais na GRAI no âmbito do PGT ................................................................................................. 49 Figura 9 - Modelo ‘Queijo Suíço’ de Reason com a trajetória do desastre pelas camadas de proteção............................................................................................................................... 59 Figura 10 - Camadas de proteção para segurança de processos químicos ......................... 60 Figura 11 – Distribuição do número de casos de acidentes industriais por ano no período entre 1980 e 2019, conforme EM-DAT.......................................................................................... 70 Figura 12 – Distribuição do número de casos entre os diversos tipos de acidentes industriais no período entre 1980 e 2019 .............................................................................................. 71 Figura 13 – Distribuição do número de acidentes graves com produtos químicos perigosos, segundo o tipo de instalação. Período de 2006 a 2010 ........................................................ 72 Figura 14 – Distribuição do número de acidentes graves com produtos químicos perigosos, segundo o tipo de produto químico. Período de 2006 a 2010 .............................................. 72 Figura 15 - Análise crítica da atuação do setor industrial na GRAI....................................... 78 Figura 16 - Análise crítica da atuação do setor público na GRAI ......................................... 78 Figura 17 - Mapa da Capitania de São Vicente e Adjacências (1553-1597) com destaque para a trilha Tupiniquim entre São Vicente e São Paulo de Piratininga ........................................ 92 Figura 18 - Mapa com o traçado da ferrovia Santos-Jundiaí em 1954 ................................. 94 Figura 19 - Imagem do vídeo-reportagem ‘Construção da Refinaria de Capuava’ ............... 96 Figura 20 - Inauguração da Petroquímica União (PQU) em 1972 ........................................ 97Figura 21 - Vista do PPABC em 1972*. À direita a Av. Pres. Arthur da Costa e Silva .......... 97 Figura 22 - Vista da Refinaria União em 1972*. Ao fundo, bairros de Santo André .............. 98 Figura 23 - Registro histórico do oleoduto entre Santos e São Paulo .................................. 99 Figura 24 - Ano de abertura de loteamentos no entorno do PPABC .................................. 101 Figura 25 - Vista da Avenida Presidente Costa e Silva em 1970 ....................................... 103 Figura 26 - Vista da Avenida Presidente Costa e Silva em agosto de 2019 ....................... 103 Figura 27 - Situação Atual de Uso e Ocupação do Solo na região do PPABC ................... 105 Figura 28 – Conjunto Habitacional Avenida dos Estados, Santo André, em julho de 2019 com destaque para a ocupação na faixa da linha de transmissão ............................................. 106 Figura 29 – Jardim Oratório, Mauá, em agosto de 2019 com destaque para a ocupação desordenada em topo de morro ......................................................................................... 106 Figura 30 – Loteamento irregular localizado nos bairros Parque São Rafael e Jardim São Francisco em São Paulo .................................................................................................... 107 Figura 31 – Zoneamento na área do PPABC conforme Plano Diretor de Mauá ................. 108 Figura 32 - Zoneamento na área do PPABC conforme Plano Diretor de Santo André ....... 109 Figura 33 - Faixa de dutos no PPABC construída entre maio e julho de 2018 ................... 111 Figura 34 - ZEIS e ZEIA na região do PPABC em maio de 2007 ....................................... 112 Figura 35 - ZEIS, ZEIA e novas áreas urbanizadas na região do PPABC, junho de 2019 . 112 Figura 36 – Localização das indústrias do PPABC e bairros nas imediações .................... 116 Figura 37 – Setor de atuação profissional do entrevistado (50 entrevistados) ................... 133 Figura 38 – Área de atuação do profissional do Setor Público (24 entrevistados) .............. 133 Figura 39 – Área de atuação do profissional do Setor Industrial (14 entrevistados) ........... 134 Figura 40 – Departamento de atuação do profissional do Setor Industrial (14 entrevistados) .......................................................................................................................................... 134 Figura 41 – Área de atuação do profissional do Setor de prestação de serviço (10 entrevistados) .................................................................................................................... 134 Figura 42 – Já teve contato com Estudo de Análise de Risco elaborado conforme norma P4.261 da CETESB? (50 entrevistados) ............................................................................ 135 Figura 43 – Qual das opções (resultados de um EAR) você acredita ser mais adequado para considerar no planejamento urbano e nos planos de contingência da defesa civil? (50 entrevistados) .................................................................................................................... 137 Figura 44 – Fotos das ruas no bairro Capuava em Mauá .................................................. 143 Figura 45 – Detalhe da ocupação na rua Santo André Avelino, Parque São Rafael em São Paulo, SP, em 2020 ........................................................................................................... 144 Figura 46 – Modelo de camadas de proteção para GRAI no âmbito do PGT e Emergência .......................................................................................................................................... 152 Figura 47 - Camadas de proteção identificadas no PPABC .............................................. 152 Figura 48 – Proposta de mapeamento de risco na área do PPABC e seu entorno ............ 156 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Artigos acadêmicos selecionados em periódicos pelo critério de palavras-chave e refinamento, complementado com busca direcionada ......................................................... 32 Tabela 2 - Quantidade de artigos e Classificação Qualis dos periódicos selecionados ........ 33 Tabela 3 - Distribuição dos artigos acadêmicos selecionados por continente que tratam de estudos quantitativos de risco e o planejamento do território ............................................... 34 Tabela 4 - População e número de estabelecimentos industriais de transformação por regiões do Brasil em 2017 ................................................................................................................ 46 Tabela 5 - Perfil epidemiológico dos diversos tipos de desastres tecnológicos entre janeiro de 2005 a julho de 2019, conforme EM-DAT ............................................................................ 69 Tabela 6 - Dados demográficos de Mauá distribuído por décadas, de 1940 até 2010 ....... 100 Tabela 7 – Evolução da população de Santo André entre 1960 e 2012 ............................. 100 Tabela 8 - Distribuição das áreas do PPABC por atividade de uso e ocupação do solo em 2019 .................................................................................................................................. 108 Tabela 9 - Distribuição da área do PPABC por município e tipo de zoneamento ............... 110 Tabela 10 - Número de casos de emergência atendidos pela CETESB nos municípios do Grande ABC e comparativo com o Estado de São Paulo, no período de 01/01/1978 a 31/12/2019 ......................................................................................................................... 126 Tabela 11 - Número de vítimas nos casos de emergência atendimentos pela CETESB nos municípios do Grande ABC e comparativo com o Estado de São Paulo, no período de 01/01/1978 a 31/12/2019 ................................................................................................... 126 Tabela 12 - Número de casos de emergência química atendidos pela CETESB no transporte rodoviário nos municípios do Grande ABC, no período de 01/01/1978 a 31/12/2019 ........ 128 Tabela 13 – Escala de importância dos quesitos para a GRAI no PGT e Emergência na visão dos entrevistados (50 entrevistados) ................................................................................. 136 LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Buscas por artigos acadêmicos no Portal da CAPES que foram descartados ... 35 Quadro 2 - Instituições visitadas nos Países Baixos ............................................................ 38 Quadro 3 - Classificação dos desastres tecnológicos conforme banco de dados EM-DAT .. 62 Quadro 4 - Classificação dos desastres relacionados a produtos perigosos conforme Codificação Brasileira dos Desastres - COBRADE .............................................................. 63 Quadro 5 - Principais acidentes industriais que marcaram a história desde 1970 ................ 65 Quadro 6 - Diferentes abordagens metodológicas para mapeamento de risco e aplicação no PGT ..................................................................................................................................... 91 Quadro 7 - Principais usos e ocupação do solo encontradas nos arredores PPABC ......... 104 Quadro 8 – Informações sobre as indústrias encontradas na área do PPABC .................. 114 Quadro 9 - Descrição dos temas tratados pela Comissão Temática de SSMA do COFIP ABC .......................................................................................................................................... 120 Quadro 10 – Histórico de atendimentos da CETESB nas proximidades do PPABC, no período de maio de 1992 a fevereiro de 2019 ................................................................................. 129 Quadro 11 – Histórico de acionamentos do PAM Capuava de janeiro de 1989a fevereiro de 2019 .................................................................................................................................. 131 Quadro 12 - Critério para definição dos recuos e medidas de proteção para acidentes industriais .......................................................................................................................... 154 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS AQR – Análise Quantitativa de Risco CETESB – Companhia Ambiental do Estado de São Paulo CCIGABC - Consórcio Intermunicipal do Grande ABC COBRADE - Codificação Brasileira dos Desastres EAR – Estudo de Análise de Risco GRAI - Gestão do Risco de Acidente Industrial PAE – Plano de Ação de Emergência PAM – Plano de Auxílio Mútuo PDUI - Plano de Desenvolvimento Urbano Integrado PGT - Planejamento e Gestão do Território PGR – Programa de Gerenciamento de Risco PNPDEC - Política Nacional de Proteção e Defesa Civil PPABC – Polo Petroquímico do ABC P2R2 - Plano Nacional de Prevenção, Preparação e Resposta Rápida em Emergências Ambientais com Produtos Químicos Perigosos RI – Risco Individual RS – Risco Social RMSP - Região Metropolitana de São Paulo ZEIA - Zona Especial de Interesse Ambiental ZEIS - Zona Especial de Interesse Social SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 19 1.1 Hipótese ....................................................................................................................... 25 1.2 Objetivos ....................................................................................................................... 25 2 MATERIAIS E MÉTODOS .............................................................................................................. 26 2.1 Área de Estudo ............................................................................................................. 26 2.2 Caracterização da área de estudo ................................................................................ 28 2.3 Atividades desenvolvidas .............................................................................................. 30 2.4 Banco de dados de registros de acidentes industriais ................................................... 35 2.5 Entrevistas .................................................................................................................... 37 2.5.1 Entrevistas nos Países Baixos .................................................................................... 37 2.5.2 Entrevistas no Brasil ................................................................................................... 41 3 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................................. 43 3.1 A industrialização e a urbanização: é possível uma relação sustentável? ..................... 43 3.2 Por que discutir os acidentes industriais no âmbito do planejamento territorial? ........... 47 3.3 Entendendo risco, vulnerabilidade e desastres ............................................................. 55 3.4 Os acidentes industriais: o despertar da consciência .................................................... 64 3.5 As lições aprendidas com os acidentes industriais ........................................................ 74 3.6 A Diretiva Seveso: a imposição ao diálogo ................................................................... 79 3.7 As regulamentações sobre acidentes industriais e PGT no Brasil ................................. 81 3.8 O que são Estudos de Análise de Risco (EAR)? ........................................................... 87 3.9 As abordagens metodológicas para planejamento do território ..................................... 88 4 RESULTADOS ................................................................................................................................ 92 4.1 Histórico da ocupação da região do PPABC ................................................................. 92 4.2 Situação atual de uso e ocupação do solo na área do PPABC ................................... 102 4.3 Informações sobre as indústrias localizadas no PPABC ............................................. 113 4.4 Ações e iniciativas das indústrias do PPABC .............................................................. 118 4.4.1 Comitê de Fomento Industrial do Polo Petroquímico do ABC ................................... 119 4.4.2 Plano de Auxílio Mútuo do PPABC ........................................................................... 121 4.4.3 Consórcio Intermunicipal do Grande ABC ................................................................ 123 4.5 A epidemiologia dos acidentes industriais no Grande ABC e no PPABC .................... 125 4.6 Resultado do questionário sobre a abordagem metodológica ..................................... 132 5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .............................................................................................. 141 6 PROPOSTA DE GRAI NO ÂMBITO DO PGT ............................................................................. 150 6.1 Camadas de proteção para a GRAI ............................................................................ 150 6.2 Camadas de proteção identificadas no PPABC para a GRAI ...................................... 151 6.3 Mapa de Risco de Acidentes Industriais ..................................................................... 153 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................................... 157 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................................... 160 APÊNDICES ...................................................................................................................................... 171 Apêndice I – Resumo da metodologia para elaboração de EAR e PGR ............................ 172 Apêndice II - Base de dados - Artigos acadêmicos da pesquisa exploratória ..................... 185 Apêndice III - Identificação das indústrias encontradas na área do PPABC ....................... 191 Apêndice IV – Questionário sobre Abordagem Metodológica para Planejamento Territorial e Emergência com Produtos Químicos Perigosos ................................................................ 194 ANEXO ............................................................................................................................................. 199 Anexo I - Lista da Classificação e Códigos dos Desastres Tecnológicos de Acordo com COBRADE ......................................................................................................................... 200 19 1 INTRODUÇÃO O desenvolvimento urbano descontrolado que vem ocorrendo no entorno de plantas industriais e de rotas de dutos, principalmente na área de influência de grandes centros urbanos, constitui-se em ameaça à vida das pessoas e ao meio ambiente. Embora as empresas sejam obrigadas a apresentar Estudos de Análise de Risco (EAR)1 durante processos de licenciamento ambiental, não se identifica no Brasil até o momento, um compartilhamento efetivo das informações de risco entre o setor industrial, o setor público e a população vulnerável, consequentemente há um prejuízo na prevenção e mitigação de acidentes, uma vez que há registros de vários casos históricos de vazamentos de produtos químicos inflamáveis e tóxicos que resultaram em perdas de vida, danos materiais e ambientais. Entre os casos mais relevantes de desastres dessa natureza, pode-se citar Bhopal na Índia com 4 mil mortes, Cidade do México com 650 mortes e Vila Socó em Cubatão com 100 mortes, todos ocorridos no ano de 1984 (LEES, 2005).Apesar da queda mundial do número de registros de acidentes industriais após 2005 apontado pelo Centro de Pesquisa em Epidemiologia do Desastre2, as fatalidades que lhe são atribuídas somam mais de 15 mil mortes, 16 mil feridos e 51 mil desabrigados desde 2005 (CRED, 2019). Portanto, não se pode desprezar o potencial danoso dos incêndios, explosões e nuvens tóxicas. Por consequência, a redução e a mitigação de desastres são reconhecidas como objetivos estratégicos e essenciais, tanto para a preparação e resposta à emergência, quanto para o 1 As indústrias que produzem, armazenem ou processem os produtos químicos listados nos anexos da norma P4.261 da CETESB (2014) devem apresentar a este órgão ambiental, um Estudo de Análise de Risco (EAR) com os raios de alcance das consequências dos acidentes (mapas de vulnerabilidade) e os indicadores de risco quantitativo denominados: Risco Individual e Risco Social. Tais indicadores são utilizados para a tomada de decisão quanto a tolerabilidade dos riscos extramuros da empresa. O EAR é conhecido na literatura da área das engenharias por Quantitative Risk Analysis (RIVM, 2009) ou Safety Report (CONSELHO DA UNIÃO EUROPEIA, 1996). O Apêndice Apêndice I apresenta a metodologia para elaboração de EAR e uma lista com os principais produtos químicos perigosos. 2 O CRED (Centre for Research on the Epidemiology of Disasters); instituição localizada na Escola de Saúde Pública da Universidade Católica de Louvian; promove pesquisa, treinamento e conhecimento sobre emergências e epidemiologia de desastres. O CRED mantém o banco de dados EM-DAT Emergency Events Database, com mais de 20 mil registros de desastres naturais e tecnológicos ocorridos desde 1900. Os acidentes industriais foram classificados no relatório de 2007 do CRED, como um subtipo do grupo denominado desastres tecnológicos (CRED, 2008) e considera vazamentos químicos, colapso de estruturas, explosões, incêndios, vazamentos de gás, envenenamentos, radiação e outros. 20 Planejamento e Gestão do Território (PGT), e vem desafiando o setor público, o setor privado e a sociedade a buscarem medidas técnicas e políticas públicas para proteger a população e o meio ambiente vulnerável. O que se nota na literatura é um vasto e consolidado conhecimento centralizado na área das engenharias discutindo segurança dos processos químicos e modelos matemáticos que são utilizados nos EARs, tanto para estimar o número de fatalidades, quanto para determinar probabilidades de falhas e consequências de um acidente. Certamente as associações de engenheiros químicos dominam o desenvolvimento de estudos, pesquisas e treinamentos em assuntos relacionados com produtos químicos perigosos, podendo-se citar como referência o Centro de Segurança de Processo Químico (CCPS3 - Center for Chemical Process Safety) do Instituto Americano de Engenheiros Químicos (AiChE - American Institute of Chemical Engineers) e o Instituto dos Engenheiros Químicos do Reino Unido e Austrália (IChemE – Institution of Chemical Engineers). Há também centros de pesquisas científicas independentes, tal como, o INERIS4, o TNO5 e o Departamento de Riscos de Acidentes Graves (Major Accidents Hazards Bureau - MAHB) do Centro Comum de Pesquisa da Comissão Europeia (European Commission´s Joint Research Centre - JRC). Há ainda o Health and Safety Executive6, que desenvolveu a metodologia PADHI - Planning Advice for Development near Hazardous Installations (HSE, 2011), usada para o planejamento territorial no entorno de instalações químicas perigosas. Embora existam várias ações técnico-científicas para avaliar e tratar os riscos de acidentes com produtos químicos perigosos, o que se nota é que essas ações são pouco aproveitadas no âmbito do PGT. 3 O CCPS é um centro de referência na área de segurança de processo químico, com diversas publicações técnicas reconhecidas internacionalmente (nota da autora). 4 O INERIS (Institute for Industrial Environment and Risks) foi fundado pelo governo francês em 1990 para ser um centro nacional de competência em segurança industrial e proteção ambiental. O INERIS desenvolve conhecimentos especializados nas áreas de riscos crônicos e perigosos. 5 O TNO, organização dos Países Baixos que publicou entre 1988 e 2005 os conhecidos “livros coloridos”: Purple (VROM, 2005), Green (TNO, 1992), Red (VROM, 1988) e Yellow book (VROM, 1988) que se tornaram referências para a elaboração de Análises Quantitativas de Risco (AQR), denominadas Quantitative Risk Assessment (QRA) em inglês. 6 O HSE é uma instituição reguladora independente do Reino Unido que atua na área da saúde, segurança e bem-estar no ambiente do trabalho. O HSE publicou em 1989 um documento com critérios de risco e distâncias seguras para o planejamento territorial na vizinhança de instalações industriais perigosas (1989). 21 A escassez de informação de risco, a falta de regulamentação para o ordenamento do território e a ocupação irregular de áreas de risco se firmam como elementos que aumentam as consequências dos acidentes industriais. Há, portanto, um hiato nessa questão, seja para definir a abordagem metodológica mais adequada para traçar os mapas de risco e considerá-los em planos diretores e planos públicos de contingência7, seja para identificar os obstáculos que impedem a efetivação de uma regulamentação para a Gestão de Risco de Acidentes Industriais (GRAI) mais participativa. Os EARs contêm informações sobre os alcances dos acidentes e de zonas de risco que poderiam ser utilizadas no PGT, porém não se identificam no Brasil e em vários países no mundo, canais de comunicação efetivos entre os setores públicos e privados, o que acaba por inviabilizar a utilização dessa fonte de informação. A questão é: por que as informações dos EARs não são incorporadas na discussão do planejamento territorial? Esse quadro pernicioso acaba por prejudicar os processos de tomada de decisão nas questões de GRAI, principalmente por falta de visão holística8 do acidente, que efetivamente incorpore a atuação dos diferentes atores envolvidos. Partindo-se da premissa que existe uma relação restrita entre os setores industrial e público, e que a população encontra-se excluída dos processos de tomadas de decisão, conclui-se que não há uma gestão integrada que efetivamente diminua a vulnerabilidade da população e proteja o meio ambiente exposto, frente aos acidentes industriais que resultem em incêndios, explosões e nuvens tóxicas9. Dado o problema de investigação, as questões norteadoras da pesquisa foram: Qual a abordagem metodológica para o mapeamento de áreas de risco que utilize os 7 A Lei 12.608 de 2012 que trata da Política Nacional de Proteção e Defesa Civil, adota o termo ‘Plano de Contingência’ para definir as ações de prevenção, mitigação, preparação, resposta e recuperação voltadas à proteção e defesa civil em desastres naturais, antropogênicos e mistos de maior prevalência no país (BRASIL, 2012). 8 A abordagem holística dos desastres vem sendo sugerida por estudiosos como uma prática abrangente para tratar de questões complexas, já que a mesma observa o fenômeno em sua totalidade e globalidade, tal como proposto na Nova Agenda Urbana 2016 promovida pela ONU- Habitat para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 (ONU- HABITAT, 2016). 9 Os cenários acidentais industriais que resultem em incêndios, explosões e nuvens tóxicas com produtos químicos perigosos são o foco deste estudo. 22 resultados dos EARs e que melhor se traduza em prática para o ordenamento do território? Quais camadas de proteção a GRAI deve ter para evitar a trajetória de um desastre? Pressupõe-se que a identificação e delimitação de diferentes zonas de risco possibilita a tomada de decisãoquanto ao zoneamento e sistemas de proteção (a serem implementadas pelo setor privado em parceria com o setor público). Será possível definir com mais precisão, não só quais os moradores deverão participar de simulados de emergência, como também quais sistemas e equipamentos de proteção e resposta à emergência devem ser instalados nas diferentes zonas de risco, a dizer, barreiras físicas, birutas, pontos de encontro, rotas de fuga, abrigos e sistemas de alerta. Em casos extremos, quando for constatado nos EARs a existência de indicadores de risco intolerável10 em áreas externas à empresa onde haja população vulnerável, a remoção dessas pessoas poderá ser considerada como alternativa de proteção mais efetiva. Importante mencionar que a indústria química brasileira ocupa lugar de destaque no mercado nacional e internacional. Em 2017 obteve faturamento líquido de 104 bilhões de dólares e conquistou a 6ª posição no ranking mundial, precedido pela China, Estados Unidos, Japão, Alemanha e Coreia do Sul (ABIQUIM, 2020). Apesar dessa colocação, a balança comercial do setor de produtos químicos apresenta déficit crescente entre importações e exportações desde 1991, alcançando em 2018 o déficit de 29 bilhões de dólares. No mercado interno, a participação do setor da indústria química no Produto Interno Bruto (PIB) entre as indústrias de transformação foi de 12% (3ª posição) em 2016 (a indústria de alimentos e bebidas ficou em 1º lugar com 24.8% do PIB, enquanto que a indústria do petróleo e biocombustíveis ficou em 2ª lugar com 16,7% do PIB) (ABIQUIM, 2020). As indústrias de maneira geral apresentam uma tendência à concentração geográfica, devido a fatores como mercado consumidor, disponibilidade de matéria-prima e mão de obra. Essa tendência acaba por formar polos industriais, que quando situados no entorno de refinarias de petróleo levam a denominação de ‘Polo Petroquímico’. Klein (2011) 10 Os EARs apresentam resultados de cálculos termodinâmicos, probabilísticos e matemáticos para a avaliação da tolerabilidade dos riscos; a dizer, Risco Social (um gráfico) e Risco Individual (curvas com o contorno do isorrisco – mesmo valor de risco individual - desenhadas sobre mapa geográfico); que são comparados com índices considerados toleráveis (CETESB, 2014). 23 define Polo Petroquímico como “um conjunto de empresas, que, em uma mesma localização geográfica, formam uma cadeia petroquímica. Basicamente, essas indústrias usam petróleo, gás natural ou seus derivados como matéria-prima” (KLEIN, 2011, p. 11). A Figura 1 apresenta características que influenciaram a localização de alguns dos polos petroquímicos brasileiros desde 1972. Figura 1 – Características locacionais dos principais Polos Petroquímicos no Brasil Fonte: Klein (2011) A área de estudo escolhida para esta pesquisa é o Polo Petroquímico do Grande ABC, também conhecido por: Polo Petroquímico do ABC, Polo Petroquímico de Capuava, Polo de Capuava, Polo do Grande ABC ou Polo do ABC. Para efeito da escrita será utilizado o termo Polo Petroquímico do ABC Paulista com a sigla PPABC. O PPABC foi selecionado por apresentar importância histórica no desenvolvimento industrial da região do Grande ABC, alta concentração de indústrias químicas11 instaladas em área urbanizada12, além da presença de uma Zona Especial de Interesse Ambiental (ZEIA)13 e de Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS) no entorno. Ele está situado na sub-região Sudeste da Região Metropolitana de São 11 O PPABC é formado por diversas indústrias químicas. Em 2018 obteve faturamento de 9,7 bilhões de reais e gerou 2550 empregos formais diretos e 7350 indiretos (COFIP ABC, 2020). 12 O PPABC iniciou suas atividades em 1954 e desempenhou importante papel na história petroquímica brasileira (KLEIN, 2011). Conforme Klein (2011) há 80 mil moradores nos arredores do PPABC. 13 Conforme informação cartográfica da Prefeitura de São Paulo, a área onde encontra-se a ZEIA é de propriedade da PETROBRAS (PREFEITURA DE SÃO PAULO, 1988). 24 Paulo (RMSP), especificamente nos municípios de Mauá e Santo André do Grande ABC, fazendo divisa com o município de São Paulo (Figura 2). Figura 2 - Macro localização do Polo Petroquímico do ABC Paulista na RMSP Fonte: elaborado pela autora Espera-se que o mapeamento de risco e demais elementos do modelo proposto aumentem as camadas de proteção contra a ocorrência de um desastre. O modelo a ser proposto poderá ser aplicado em outros municípios onde existam plantas ou complexos industriais, que armazenem, processem ou manuseiem produtos perigosos que possam resultar em incêndios, explosões e nuvens tóxicas. Portanto, pretende-se, contribuir, não só para a inclusão de zonas de risco de acidentes industriais em planos diretores municipais por meio de diretrizes para a regulamentação e o zoneamento; como também subsidiar planos públicos de contingência da defesa civil com informações detalhadas que auxiliem na prevenção, preparação e resposta rápida ao desastre. 25 Desta forma, objetiva-se abrir um caminho inovador para o fluxo de informações de risco entre o setor industrial e o setor público, possibilitando maior segurança para a população vulnerável e uma relação mais consistente, coesa e participativa entre estes atores. 1.1 Hipótese A identificação de zonas de risco de incêndios, explosões e nuvens tóxicas em áreas externas às indústrias é necessária para a adoção de camadas de proteção que diminuam o risco de um acidente industrial de grandes proporções e proteja a população e meio ambiente vulnerável. As zonas de risco estão baseadas nas informações existentes nos Estudos de Análise de Risco (EAR) e podem ser aplicadas no Planejamento e Gestão do Território (PGT). 1.2 Objetivos O principal objetivo dessa pesquisa é apresentar uma proposta de abordagem metodológica para a GRAI no âmbito do PGT baseado em camadas de proteção e mapas com as áreas de risco à acidentes industriais com produtos químicos perigosos, de forma a contribuir com diretrizes para a estruturação de políticas públicas setoriais no âmbito do PGT e planos públicos de contingência. Por objetivos específicos destacam-se: a) Caracterizar o contexto urbano, de infraestrutura, demográfico e ambiental no entorno do Polo Petroquímico do ABC, de forma a gerar mapas georreferenciados e um banco de dados que possam ser sistematicamente atualizados, servindo de base de dados com informações das indústrias para futuras pesquisas; b) Identificar e sistematizar parâmetros e métodos baseados em camadas de proteção e nos resultados dos EARs, para desenho do mapeamento de zonas de risco de acidentes industriais para aplicação no PGT e planos de contingência da Defesa Civil; e c) Propor critérios para a adoção de infraestruturas protetivas para a população e meio ambiente vulnerável, que deverão ser providenciadas pelas indústrias em conjunto com a CETESB, defesa civil e planejamento urbano dos municípios. 26 2 MATERIAIS E MÉTODOS 2.1 Área de Estudo O PPABC caracteriza-se por um aglomerado de indústrias; a grande maioria do segmento petroquímico, além da refinaria de Capuava da Petrobras considerada indústria do petróleo14. O PPABC está localizado nos municípios de Santo André e Mauá na sub-região Sudeste da RMSP (Figura 3), fazendo limite com a Zona Leste do município de São Paulo, estado de São Paulo (Figura 4). A sub-região Sudeste da RMSP, também conhecida por Grande ABC, é constituído por sete municípios: Diadema, Mauá, Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul. Figura 3 - Localização do Grande ABC na RMSP, com destaque para o Rodoanel e município de Mauá Fonte: Prefeitura doMunicípio de Mauá (2020) 14 Faz-se necessário esclarecer que a Indústria do Petróleo (que refina petróleo cru para a produção de derivados, como o caso da Refinaria de Capuava do PPABC) não é considerada indústria química, no entanto, a Indústria Petroquímica, por utilizar derivado do petróleo ou outra matéria- prima de origem não fóssil, é considerada indústria química (ABIQUIM, 2020). 27 Figura 4 - Localização do Polo Petroquímico do ABC Paulista 28 As informações das indústrias instaladas no PPABC (razão social, endereço, CNPJ, código CNAE e outros dados) foram identificadas por meio da pesquisa no Google®, Google Maps® e site da Receita Federal (2018). A base de dados gerada com as informações encontra-se apresentada no Anexo III. A busca por EARs das indústrias do PPABC foi realizada na Agência Ambiental do ABC 1 da CETESB localizada na Rua dos Vianas, 625, São Bernardo do Campo, complementada na Agência da CETESB localizada na Av. Prof. Frederico Hermann Jr., 345, São Paulo. Dar vistas aos processos de licenciamento ambiental foi fundamental para obter os resultados dos EARS e compreender se é possível traçar distâncias de risco em mapas georreferenciados que possam ser utilizados no PGT. A atribuição de coordenadas ao endereço de cada indústria foi necessária para georreferenciar os estabelecimentos e localizá-los espacialmente. O aplicativo ezGeocode® (gratuito) foi utilizado para obter as coordenadas geográficas por endereços ou nome de estabelecimentos. O ezGeocode® é disponibilizado no G Suíte Marketplace (GOOGLE, 2020), loja online de aplicativos para desenvolvimento em ambientes do Google Apps. As informações de endereço e nome das indústrias foram importadas para o Google Planilhas, com o propósito de executar a função do ezGeocode. Após a obtenção da latitude e longitude, estas informações foram exportadas para a Planilha Excel novamente e a nova tabela com as coordenadas geográficas foi importada para o QuantumGIS para gerar as coordenadas UTM (Universal Transversa de Mercator) Zona 23S e o shapefile. Desta forma foi possível espacializar as empresas do PPABC. 2.2 Caracterização da área de estudo No que se refere a área de estudo, o método empregado para compreender a dinâmica territorial e demográfica baseou-se primeiramente em reconstruir a história de formação do PPABC e da ocupação nas cercanias, o que foi desenvolvido por meio de pesquisa exploratória. O levantamento do histórico de instalação do PPABC e análise da ocupação do território permitiu estabelecer uma leitura das relações que foram sendo construídas ao longo do tempo entre as indústrias, a gestão pública e a população. 29 Com o objetivo de explorar e construir conhecimento sobre a área de estudo foram elaborados mapas georreferenciados. O método utilizado consistiu na sobreposição de dados digitais geográficos da área, também conhecidos por shapefiles, sobre as imagens de satélite disponibilizadas no Google Earth Pro® versão 7.3 (2020). Os mapas foram produzidos na plataforma de Sistema de Informação Geográfica, com o uso do software gratuito Quantum GIS® versão Coruña 3.10.1, para a elaboração de arquivos vetoriais georreferenciados no formato shapefile e demais arquivos auxiliares para armazenamento das informações e atributos dos dados (.cpg, .dbf, .prj, .sbn, .sbx, .xml, .shx). A interface para uso das imagens do Google Satélite no software Quantum foi realizada por meio do plugin Quick Map Services (QGIS, 2020). Foi utilizado o datum SIRGAS 2000 como sistema de referência de projeção das informações espaciais e unidade métricas para formatação das coordenadas, na Zona 23 Sul (específica para o estado de São Paulo). As bases de dados georreferenciados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2016) e do portal DataGeo estado de São Paulo (DATAGEO, 2017) foram utilizadas para indicar os limites dos municípios e definir a hidrografia da área de interesse respectivamente, tendo sido utilizada a carta da ‘Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos UGRHI 06 – Alto Tietê’. As informações georrefenciadas da malha de dutos foi obtida na base de dados da Empresa Pesquisas Energéticas, que presta serviços para o Ministério de Minas e Energia brasileiro (EPE, 2020). A delimitação da área do PPABC foi realizada após análise crítica dos arquivos digitais georreferenciados fornecidos pela equipe de Planejamento e Projetos Urbanos do Departamento de Desenvolvimento e Projetos Urbanos da Unidade de Planejamento e Assuntos Estratégicos da Prefeitura de Santo André, além dos mapas temáticos disponíveis no site do Google Maps® (GOOGLE MAPS, 2019) e no site da Prefeitura de Mauá (2020), a dizer: Regiões de Planejamento, Zonas Especiais de Interesse Ambiental, Zonas Especiais de Interesse Social e Zoneamento. A distribuição da área do PPABC por atividade de uso e ocupação do solo foi realizada por meio de análise interpretativa da imagem resultante das sobreposições das bases de dados apresentada na Figura 27. 30 A espacialização das áreas contaminadas encontradas no PPABC foi realizada utilizando-se as coordenadas indicadas no relatório de Áreas Cadastradas no Estado de São Paulo (CETESB, 2019). A análise comparativa das imagens históricas de satélite disponíveis no Google Earth Pro, desde 2004 até 2019, possibilitou identificar as alterações no uso e ocupação do solo na região do Polo ao longo desse período, tais como: a construção de uma faixa de dutos construída em 2018 e novas áreas urbanizadas na região do PPABC. 2.3 Atividades desenvolvidas A pesquisa teve caráter epistemológico e foi desenvolvida em partes distintas, a dizer: pesquisa exploratória, caracterização da área de estudo, entrevistas, análise crítica e proposta do modelo de gestão. A pesquisa exploratória consistiu em análise documental para levantamento de dados e construção de um referencial teórico fundamentado em artigos acadêmicos publicados em periódicos científicos. A leitura e reflexão sobre teorias e práticas existentes que relacionam os Estudos Quantitativos de Risco (Quantitative Risk Assessment, em inglês) e o PGT15 (land use planning, em inglês) possibilitou compreender e discutir tópicos relevantes, tais como: abordagens metodológicas para o mapeamento de risco, aspectos culturais, regulamentação, entre outros. O Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e da Wiley Online Library foram as principais plataformas utilizadas na pesquisa exploratória. O Portal Periódicos da CAPES possui um acervo significativo de publicações e é uma importante fonte de informação científica e tecnológica disponível na Internet para estudantes de pós-graduação. A pesquisa no Portal da CAPES foi personalizada com a seleção das áreas relacionadas ao tema, a dizer, ciências da terra, física, matemática, química, ciências sociais, ciências políticas, geografia, comunicação, saúde pública, sociologia e engenharias. O levantamento de dados consistiu em selecionar artigos publicados em qualquer língua 15 Na literatura são encontrados diferentes termos para designar ‘Planejamento e Gestão do Território’ (land use planning), tais como: planejamento espacial (spacial planning), planejamento urbano (urban planning) e planejamento territorial (territorial planning) (nota da autora). 31 entre 2000 e 2017; em oposição a teses, dissertações, resenhas e outros. A seleção dos artigos foi realizada primeiramente por meio da leitura dos títulos, resumos, introdução e conclusão, apoiada posteriormente pela leitura completa dos artigos de maior interesse. A base de dados de resumos Scopus, da Editora Elsevier Science foi priorizada na pesquisa, mas não se limitou a ela, visto que artigosde interesse em outras coleções foram identificados. As buscas avançadas foram conduzidas utilizando-se combinações de palavras-chaves relacionadas com o tema, conforme apresentadas na Tabela 1. Com exceção da Busca 1, a palavra-chave ‘land use’ foi mantida nas combinações de pesquisa. O refinamento dos elementos identificados na pesquisa inicial consistiu em excluir os tópicos que não eram de interesse. As buscas com os artigos selecionados foram salvas no ‘Meu Espaço’ do Portal da CAPES, totalizando oito buscas conforme apresentado na Tabela 1. A Busca 9 resume a pesquisa complementar realizada no portal da Wiley Online Library (2019), enquanto, que a Busca 10 e a Busca 11 foram realizadas diretamente em periódicos previamente selecionados, sem refinamento de busca. Todos os artigos selecionados foram organizados de forma a se obter um mapeamento do tema, tendo sido registradas as informações consideradas relevantes. O Anexo II apresenta os 45 artigos acadêmicos de interesse para esta pesquisa. Vale notar que este estudo não se limitou aos 45 artigos selecionados na pesquisa exploratória na plataforma CAPES e Wiley, visto que outras literaturas foram consultadas e encontram-se referenciadas na bibliografia deste documento. 32 Tabela 1 - Artigos acadêmicos selecionados em periódicos pelo critério de palavras- chave e refinamento, complementado com busca direcionada Busca Palavras-chave Itens antes do refinamento Itens depois do refinamento Itens selecionados 1 Risk mapping hazardous materials + Hazardous substances 22 7 2 2 Mapping hazardous materials + Land use 19 12 2 3 Mapping major industrial hazard accident + Land use 115 30 8 4 Transportation hazardous Materials + Land use 100 50 3 5 Risk assessment technological industrial accident + Land use 19 8 5 6 Hazardous Materials environmental justice + Land use 12 7 1 7 Risk assessment hazardous materials + Land use 75 25 4 8 Quantitative risk assessment industrial + Land use 41 19 4 9 Mapping major industrial hazards accident + land use Nota 1 79 6 6 10 Busca direta por autor em periódicos selecionados Nota 2 - - 9 11 Busca direta por assuntoNota 3 - - 1 9 Total 482 164 45 Notas: (1) Pesquisa realizada no portal da Wiley Online Library considerando palavras-chaves e por meio de busca direta pelo autor e título do trabalho. (2) Pesquisa realizada diretamente por autor em periódicos previamente selecionados. (3) Pesquisa realizada para buscar artigos que tratassem dos acidentes da Vila Socó e da Cidade do México, conjuntamente com o tema de planejamento territorial. A maior parte dos artigos selecionados foi publicada no Journal of Hazardous Materials, com 36% do total de artigos selecionados (Tabela 2). Isto pode ser explicado pela própria natureza do tema que aborda materiais perigosos, tais como, produtos químicos inflamáveis, materiais explosivos, gases tóxicos e materiais nucleares. 33 Tabela 2 - Quantidade de artigos e Classificação Qualis dos periódicos selecionados Periódico Área do conhecimento Classificação Qualis Quantidade de artigos Advances in Environmental Sciences Biodiversidade, Ciências Agrárias, Ciências ambientais, Geociências e Geografia A1 e B1 1 Applied geography Biodiversidade, Ciências ambientais, Engenharias, Geociências A2, B1 e B2 1 Futures Arquitetura, Urbanismo e Design, Engenharias A1, B2 1 Journal of Environmental Assessment Policy and Management Administração, Ciências ambientais, Ciências Contábeis, Engenharias e Turismo B1 e B2 1 Journal of Hazardous Materials Biodiversidade, Biotecnologia, Ciências Agrárias/ Ambientais/ Biológicas, Engenharias, Farmácia, Materiais, Medicina e Química A1 e A2 16 Journal of risk research Ciências ambientais, Engenharias, Sociologia B1, A2 1 Loss prevention in the process industries Engenharias A2 e B1 8 Natural Hazards and Earth System Sciences Ciências ambientais, Geociências, Geografia, Matemática, Probabilidade e Estatística A2, B2 e B1 3 Process Safety and Environmental Protection Engenharias, Geociências, Materiais A1, B1 e B3 1 Reliability Engineering & System Safety Ciências da computação, Economia, Engenharia, Probabilidade e estatística A1, B2, B3 1 Risk Analysis: an International Journal Biodiversidade, Ciências da computação e Engenharias A2, B1 e B3 5 Safety Science Engenharia, Saúde coletiva A1 e B1 4 Spatium Arquitetura e urbanismo B5 1 Transportation Research, Part D Ciências ambientais e Engenharias A1 e B1 1 Total 45 Fonte: Plataforma Sucupira da CAPES (2019) As Engenharias centralizam os debates, destacando-se o Journal of Loss Prevention in the Process Industries, Risk Analysis e Reliability Engineering and System Safety. A utilização de modelos matemáticos para a estimativa das consequências dos vazamentos de produtos perigosos e das distâncias de risco, além da aplicação de cálculos probabilísticos e determinísticos envolvidos nas Análises Quantitativa de Risco (Quantitative Risk Analysis) podem explicar a centralização das discussões na área das Engenharias. Tais métodos de cálculos exigem conhecimentos específicos de matemática, física, química, termodinâmica e estatística. Outro item observado nos artigos é a aplicação de Sistema de Informação 34 Geográfica (SIG) para elaboração de mapas de risco, recurso amplamente utilizado nas áreas da Ciência Agrária, Geociências e Geografia. Os artigos selecionados foram produzidos em diferentes países, sendo a Itália e a França os países que mais trataram do assunto em publicações de periódicos, desde o ano 2000. Os países da Europa dominam a discussão acadêmica sobre mapeamento de risco e sua aplicação no planejamento territorial, bem como na preparação e resposta a emergência, com 73,3% dos artigos selecionados (Tabela 3). Tabela 3 - Distribuição dos artigos acadêmicos selecionados por continente que tratam de estudos quantitativos de risco e o planejamento do território Continente Quantidade de artigos Distribuição Europa 33 73,3% América do Norte 7 15,6% Ásia 4 8,9% América Latina 1 2,2% Total 45 100,0% Fonte: elaborado pela autora Nota: A Turquia e a Sérvia foram consideradas localizadas na Europa, visto que são candidatas a pertencer a União Europeia (UNIÃO EUROPEIA, 2019). Apesar da pesquisa exploratória não ter restringido a busca por países, somente um artigo foi encontrado na América Latina, embora haja registros de acidentes com consequências graves para a população na circunvizinhança de oleodutos e estabelecimentos químicos que poderiam ter estimulado a produção acadêmica, como os desastres da Vila Socó em Cubatão e o da Cidade do México. As buscas realizadas no Portal da CAPES e que não foram salvas no ‘Meu Espaço’, por não estarem relacionadas diretamente com o objeto da pesquisa, foram registradas de forma a analisar posteriormente se essas informações poderiam trazer alguma contribuição (Quadro 1). 35 Quadro 1 - Buscas por artigos acadêmicos no Portal da CAPES que foram descartados Palavras-chave Itens após refinamento da pesquisa Observação Risk mapping + land use 821 Descartado, pois tratavam do mapeamento de áreas de risco suscetíveis a desastres naturais. Risk mapping + leak hazardous chemicals 89 Descartado, pois tratavam do mapeamento e gestão de riscos internos às indústrias. Risk mapping + hazardous materials 10 Descartado, pois tratavam do mapeamento de áreas contaminadas Fonte: tabelado pela autora com base na pesquisa no Portal de Periódicos da CAPES (2019) Desse levantamento foi possível concluir que o mapeamento de risco demonstra ser uma prática comum e de longa data para a identificação das áreas propensas e vulneráveis a desastres naturais, mais do que para os acidentes industriais,haja vista a quantidade de artigos encontrados utilizando-se as palavras ‘mapas de risco’ (risk mapping) e ‘uso e ocupação do solo’ (land use planning). Áreas contaminadas com produtos perigosos, tais como, metais, solventes, biocidas e dioxinas também são mapeadas cartograficamente e os métodos para remediá-las são discutidos em vários artigos. Apesar de haver áreas contaminadas no PPABC (indicadas no Quadro 8 e na Figura 36), esta questão não será desenvolvida, pois não é o foco desta pesquisa. 2.4 Banco de dados de registros de acidentes industriais Com o objetivo de compreender a epidemiologia16 dos acidentes industriais com produtos inflamáveis e tóxicos foram consultados os bancos de dados EM-DAT (CRED, 2019) e SIEQ (CETESB, 2020). Os registros de atendimento à emergência do PAM Capuava também foram consultados e analisados. O Emergency Events Database (EM-DAT) mantido pelo Centro de Pesquisa em Epidemiologia de Desastres (CRED) conta com mais de 20 mil registros de desastres naturais e tecnológicos ocorridos desde 1900. 16 O termo ‘epidemiologia dos desastres’ é utilizado na área da Saúde Pública para estudar taxas de mortalidade e incidências de doenças desencadeadas por desastres naturais e tecnológicos, bem como desenvolver conhecimento técnico-científico para gestão do risco, preparação e resposta a emergências (SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE, 2018; CARMO; PENNA; OLIVEIRA, 2008). 36 Já o ‘SIEQ – Sistema de Informações sobre Emergência Químicas’ é um banco de dados com mais de 11600 registros organizados e mantidos pela CETESB (2020). Os registros do SIEQ referem-se aos atendimentos realizados pelo Setor de Atendimento a Emergências da CETESB desde 1978, notadamente no estado de São Paulo. Os dados estão organizados por data, município, atividade, produto químico e seu número de registro na Organização das Nações Unidas (ONU), classe de risco segundo a ONU17, causa, meios atingidos (ar, água, solo ou fauna), UGRHI e número de vítimas. As atividades elencadas no SIEQ são: armazenamento (terminais químicos ou petroquímicos), descarte de produtos químicos em vias públicas, indústria, mancha órfã (mancha oleosa de origem não identificada), postos e sistemas retalhistas de combustíveis, transporte aquaviário (marítimos e fluvial), duto, ferroviário e rodoviário. Há também registros de ‘Nada Constatado’ (ao chegar no local da ocorrência indicado pelo reclamante o técnico nada registrou), ‘Não Identificado’ (fonte poluidora não foi identificada) e ‘Outras fontes’ não citadas anteriormente (CETESB, 2020). O Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2iD) mantido pela defesa civil municipais e estaduais também foi consultado, porém não há informações sobre acidentes industriais do tipo: incêndios em plantas e distritos industriais ou liberação de produtos químicos, já que a pesquisa realizada no site do S2iD retornou o mapa do Brasil vazio (Figura 5). Algumas secretarias municipais de Defesa Civil mantém registros de vazamentos de produtos químicos no transporte rodoviário, porém não é o objeto desta pesquisa. 17 As classes de risco dos produtos químicos perigosos segundo a ONU são: (1) explosivo, (2) gases, (3) líquidos inflamáveis, (4) sólidos inflamáveis, substâncias sujeitas a combustão espontânea, substâncias que em contato com água emitem gases inflamáveis, (5) substâncias oxidantes e peróxidos orgânicos, (6) substâncias tóxicas e substâncias infectantes, (7) materiais radioativos, (8) substâncias corrosivas, substâncias e artigos perigosos diversos. 37 Figura 5 - Busca por registros de acidentes industriais no Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2iD) Fonte: Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (2020) 2.5 Entrevistas As entrevistas foram realizadas em dois momentos diferentes da pesquisa: durante a estadia na Universidade de Wageningen, nos Países Baixos em 2017, e na fase de consolidação das informações no Brasil entre 2018 e 2020. 2.5.1 Entrevistas nos Países Baixos O desenvolvimento da pesquisa no período vivenciado na Universidade de Wageningen, nos Países Baixos, entre 22 de julho a 21 de novembro de 2017 como estudante de pós-graduação visitante no Programa Ciências Sem Fronteiras da CAPES, trouxe importantes contribuições para as discussões aqui apresentadas. Foi possível entrar em contato com instituições e especialistas e compreender alguns tópicos de interesse relacionados com PGT e acidentes industriais, tais como, quadro jurídico local e europeu, cultura de segurança, cultura de desastres e gestão de riscos/desastres. As atividades desenvolvidas nos Países Baixos foram: 38 • reuniões com supervisores: Dr. Jeroen Warner e Dr. Robert Coates, Universidade de Wageningen; • pesquisa exploratória, pesquisa analítica e comparativa; • entrevistas com especialistas; • participação de discussões em grupos de pesquisa; e • preparação de artigos acadêmicos, tendo sido publicado o artigo ‘O queijo suíço no Brasil: cultura de desastres versus cultura de segurança’ nas línguas portuguesa e inglesa (WARNER; ALVES; COATES, 2019). As instituições apresentadas no Quadro 2 foram visitadas nos Países Baixos durante estadia na Universidade de Wageningen. Quadro 2 - Instituições visitadas nos Países Baixos Instituição Apresentação da instituição Wageningen University & Research (WUR) – Sociology of Development and Change, Wageningen Fundada em 1876. Encontra-se entre as 64 melhores universidades do mundo conforme Times Higher Education World University Ranking. A WUR ocupa posição de destaque com publicações nas áreas de alimentos, agricultura e meio ambiente. Possui 6500 docentes e 12 mil discentes, sendo 29% dos estudantes de diferentes países. www.wur.nl/en.htm RIVM – Instituto Nacional para Saúde Pública e Meio Ambiente do Ministério da Saúde, Bem-Estar e Esporte Agência governamental que coleta e compartilha o conhecimento entre centros de pesquisa, órgãos intergovernamentais e público em geral de todo o mundo. Missões: apoio político, coordenação nacional, elaboração de programas de prevenção e intervenção, fornecimento de informações a profissionais e público geral, desenvolvimento e pesquisa de conhecimento e apoio a inspetores. www.rivm.nl. PBL Netherlands Environmental Assessment Agency, Den Haag Instituto nacional de análise de políticas estratégicas nos domínios do meio ambiente, da natureza e do ordenamento do território. O PBL contribui na melhora da qualidade da tomada de decisões políticas e administrativas por meio da realização de estudos prospectivos, análises e avaliações utilizando uma abordagem integrada. www.pbl.nl/en/aboutpbl. TNO, Utrecht Fundada em 1932 é uma organização de pesquisa independente. Tem por missão conectar pessoas e conhecimento para criar inovações que promovam força competitiva sustentável para a indústria e bem-estar da sociedade, valorizando a criação conjunta de valor econômico e social. Desenvolve os softwares EFFECTS para cálculo de consequências e RISKCURVES para cálculo do risco quantitativo. www.tno.nl. LANDac Netherlands Academy for Land Governance, Utrecht Fundada em 2010 pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros dos Países Baixos. Associada à Universidade de Utrecht. Discute e compartilha conhecimento sobre conflitos relacionados com o território e desigualdade, por meio de uma abordagem inclusiva de governança, abordando teorias e práticas. Reúne pesquisadores acadêmicos, representantes do setor privado e sociedade civil. www.landgovernance.org. http://www.wur.nl/en.htm http://www.rivm.nl/ http://www.pbl.nl/en/aboutpbl http://www.tno.nl/ http://www.landgovernance.org/ 39 A maioria dos entrevistados nos Países Baixos são de universidades e centros de pesquisas das áreas de estudos quantitativos de risco, ciências sociais e planejamento egestão do território. A seguir é apresentada uma breve descrição do perfil dos entrevistados. ✓ Dr. Jeroen Warner, Wageningen University Professor associado da Universidade de Wageningen. MSc em Relações Internacionais, Amsterdam; PhD Estudos de desastres, Wageningen. Ensina, treina e publica sobre conflitos de água, desastres, gerenciamento de recursos participativos e questões de governança. Suas especialidades são: análise de risco; desastres; políticas; conflitos e segurança. Seus principais interesses de pesquisa são: desastres e resiliência social. Jeroen.warner@wur.nl. ✓ Dr. Robert Coates, Wageningen University Professor na Universidade de Wageningen. MSc Globalization & Latin American Development (Instituto de Estudos Latino-Americanos, Universidade de Londres, 2011); MSc Postcolonial Politics (Aberystwyth, 2003); Bacharel em relações internacionais. Desenvolveu sua tese de doutorado em 2016 no King's Brazil Institute, King's College London: ‘A ecologia da cidadania: compreender a vulnerabilidade no Brasil urbano’. Seus interesses são: ecologia política; desastres; perigos e geografias críticas da cidadania e do estado, especialmente no Brasil. robert.coates@wur.nl. ✓ Dr. Ben J. M. Ale Professor emérito da Universidade de Delft em Ciência da Segurança e Gestão de Desastres e professor titular de 2002 a 2012. Foi professor na Universidade de Ghent e da EPFL em Lausanne, Suíça. Professor visitante em Gestão de Riscos na Universidade de Antuérpia. Sua carreira teve início como cientista na Universidade de Amsterdã e pesquisador de uma empresa química. Foi responsável pela formulação e implementação de políticas governamentais para proteção do ser humano e meio ambiente contra os perigos causados pelas indústrias químicas, transporte de produtos químicos e tráfego aéreo (essas políticas ainda estão em vigor nos Países Baixos). Iniciou e orientou o desenvolvimento de vários sistemas de apoio à decisão e participou do desenvolvimento do reconhecido software SAFETI, amplamente utilizado para análise de riscos quantitativos. Liderou o Centro Nacional de Segurança Externa e a seção de pesquisa do Instituto Nacional de Incêndio Neerlandês. mailto:Jeroen.warner@wur.nl mailto:robert.coates@wur.nl 40 Atualmente participa de projetos de segurança entre outros modelos de análise de risco quantitativos baseados em Bayesian Belief Net. Suas áreas de pesquisa são: gestão de riscos de produtos químicos; transporte de produtos químicos; tráfego aéreo e perigos causados pela indústria química. Foi palestrante em São Paulo no Workshop promovido pela CETESB em 1999, quando falou sobre aceitabilidade de risco. ben.ale@xs4all.nl. ✓ Dr. Jeroen M. M. Neuvel, RIVM/ Universidade de Saxion Pesquisador senior e conferencista em estudos aplicados de segurança. É colaborador do RIVM, professor associado das Ciências da Segurança e pesquisador de gestão de riscos no Centro de Conhecimento para a Vida e Ambiente da Universidade de Saxion. Tese: dimensões geográficas da gestão de riscos: a contribuição do ordenamento do território e da Geo-ICT para a redução do risco, 2009. Jeroen.neuvel@rivm.nl. ✓ Claudia Basta, PBL, Den Haag Claudia Basta é italiana, arquiteta, mestre em planejamento urbano pela Universidade de Arquitetura de Veneza e doutora pela Universidade de Delf em 2009. Sua tese ‘Risco, território e sociedade: desafio para um regulamento europeu conjunto’ foi desenvolvida sob a supervisão combinada do Centro Comum de Pesquisa da Comissão Europeia e da Safety Science Group da Faculdade da Universidade de Delft. Foi professora do Departamento de Planejamento e Gestão Territorial da Universidade de Wageningen. Participou de vários grupos de pesquisa e vem publicando artigos acadêmicos relacionados com a localização de indústrias perigosas, cultura de risco e planejamento territorial. Atualmente trabalha como pesquisadora da Agência de Avaliação Ambiental dos Países Baixos (PBL – Netherlands Environmental Assessment Agency). Seus interesses são: ética aplicada, filosofia, história contemporânea e geografia humana. Claudia.basta@pbl.nl ✓ Arjan M. C. Boxman, RIVM Pesquisador no setor de Segurança Ambiental do RIVM. Atualmente concentra- se no projeto de modernização da política de segurança ambiental dos Países Baixos. Os Países Baixos resolveram repensar a forma de gerenciar os riscos de acidentes industriais no âmbito do PGT, após o desastre em Enschede no ano 2000. Um Manual mailto:ben.ale@xs4all.nl mailto:Jeroen.neuvel@rivm.nl mailto:Claudia.basta@pbl.nl 41 de Segurança Química está sendo desenvolvido com o propósito de ser uma ferramenta para implementar a nova política de segurança ambiental, e oferecerá métodos para a tomada de decisão de autoridades e partes interessadas. O Manual não direciona decisões políticas, pois o RIVM entende que tais escolhas devem ser democráticas. As escolhas são de responsabilidade da autoridade competente local (município). O método baseia-se em determinar se uma área requer atenção e proteção contra incêndio, explosão ou nuvem tóxica e quais as medidas adequadas para proteger a população, inclusive considerando códigos construtivos de edificações civis para a proteção pessoal. arjan.boxman@rivm.nl. ✓ Hans Boot, TNO Pesquisador científico em segurança industrial. Responsável pelos softwares EFFECTS e RISKCURVES do TNO. Especialista em modelagem de consequências da liberação de materiais perigosos e avaliação quantitativa de risco. Atualmente dedica-se ao projeto para apresentação geográfica do Risco Social (geographical societal risk) para aplicação no planejamento e desenvolvimento urbano. O objetivo desse projeto é promover discussões entre especialistas, autoridades e planejadores urbanos, de forma a auxiliar na tomada de decisão quanto a relocação de população, elaboração de planos de emergência e comunicação de risco (BOOT, 2010). ✓ Inge Trijssenaar-Buhre, TNO Pesquisadora em segurança industrial e ambiente construído. Pesquisa sobre análise de risco de liberação de produtos perigosos e desenvolvimento de modelos matemáticos de evaporação e explosão. Atualmente dedica-se ao desenvolvimento de método para auto resgate, que é a base do software ‘SeReMo – Decision-support for self-rescue during accidents with hazardous substances’, indicado para organizações de emergência e defesa civil na tomada de decisão de resgate em acidentes com produtos químicos perigosos. 2.5.2 Entrevistas no Brasil O principal objetivo das entrevistas realizadas no Brasil foi compreender a percepção do entrevistado sobre a problemática e receber sugestões sobre qual a melhor abordagem metodológica para a GRAI no âmbito do PGT. As entrevistas foram realizadas em duas modalidades: presenciais e online. As entrevistas presenciais mailto:arjan.boxman@rivm.nl 42 consistiram primeiramente em apresentar o projeto de pesquisa, de forma a fomentar um debate e identificar possíveis barreiras para a implantação da proposta metodológica. Ao final da entrevista, um questionário de 10 perguntas foi submetido ao entrevistado com o objetivo de identificar o seu perfil e qual a melhor abordagem metodológica para a elaboração dos mapas de risco, isto é, aquela considerada mais compreensível pelo entrevistado para a aplicação no PGT e em planos públicos de contingência. O questionário foi respondido pelo entrevistado espontaneamente e sem a interferência do pesquisador. As entrevistas presenciais foram gravadas em áudio com a permissão do entrevistado. As entrevistas com os agentes públicos dos municípios de Santo André, Mauá e São Paulo foram presenciais. Já o questionário apresentado no Anexo IV foi respondido online por meio de formulário pré-formatado no Google Forms®. O formulário foi encaminhado pela internet para grupos das áreas de planejamento urbano, defesa civil e indústria,a dizer: Câmara Metropolitana de Gestão de Riscos (CTM-GRA), grupo dos discentes da Pós-graduação em Planejamento e Gestão do Território da UFABC, Dinos Group18, além de grupo de relacionamento pessoal nas indústrias de energia, química e petróleo. As respostas do questionário online foram analisadas e tabuladas de forma a identificar o perfil do público e a prevalência das respostas. 18 O Dinos Group é um grupo formado por veteranos brasileiros em emergência, criado após os acidentes nas empresas Ultracargo em 2.015 e Localfrio em 2.016, ambas localizadas na baixada santista, SP. O fundador do grupo, João Carlos Hermenegildo, percebeu que havia dificuldade dos envolvidos nas respostas de emergência por falta de informação técnica e conhecimento prático. O grupo reúne atualmente 96 profissionais com mais de 20 anos de experiência em diferentes áreas da emergência, conta com regulamento e diretoria. Os novos membros devem ser indicados e aprovados pela diretoria do grupo. 43 3 REFERENCIAL TEÓRICO 3.1 A industrialização e a urbanização: é possível uma relação sustentável? A industrialização é apontada na literatura como responsável por diversas transformações no desenvolvimento e nas cidades. A revolução industrial, por exemplo, a partir da segunda metade do século XVIII, deu início a uma série de mudanças nas relações de trabalho e na sociedade. Lefebvre (2011), filósofo e sociólogo francês, expõe a problemática urbana a partir do processo de industrialização na sociedade moderna, definindo à industrialização o papel de ‘indutor’ do desenvolvimento urbano. Em sua narrativa, a industrialização e a urbanização formam um processo dialético com aspectos inseparáveis, porém conflitantes: crescimento e desenvolvimento, produção e vida social. Muitos fenômenos urbanos são atribuídos à industrialização, êxodos, aglomerações e polos de crescimento são alguns dos exemplos que levaram, entre outros efeitos, a uma transformação morfológica das cidades (LEFEBVRE, 2011). O que se observa é que as indústrias já ocuparam diferentes lugares no espaço e no tempo. No início do processo de industrialização, as indústrias se fixaram fora das cidades; apesar de que Lefebvre (2011) observou que isso não era uma lei absoluta; e muitas se aproximaram dos centros urbanos, ou seria o contrário? As cidades cresceram sem ‘barreiras’ que as delimitassem e acabaram se aproximando e encontrando as indústrias? A industrialização no Brasil teve início no XIX, com a instalação de fábricas produtoras de ferro em Minas Gerais e São Paulo, seguida de fábricas do ramo têxtil, calçados, bebidas, fumo e outros bens de consumo não-duráveis localizadas no Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais (LOUREIRO, 2006). A partir do início de 1920, a indústria paulista se destaca na produção industrial nacional, inicialmente se concentrando em Sorocaba, Itu, Salto e Jundiaí, seguido de concentração na Capital, impulsionada por fatores como disponibilidade de mão de obra e de usinas hidrelétricas, além da proximidade de mercados consumidores e do porto de Santos (LOUREIRO, 2006). Há várias teorias sobre quais são os fatores que levam à localização e concentração de indústrias no espaço geográfico. A teoria da localização de Alfred Weber (1929, apud LAUTERT; ARAÚJO, 2007) leva em conta fatores que influenciam a escolha locacional das indústrias em: regionais e locais. Os fatores regionais estão 44 relacionados com a localização geográfica e influenciam o custo de transporte e da mão de obra; enquanto, que, os ‘locais’ são fatores independentes da geografia, classificados em ‘aglomerativos’ e ‘desaglomerativos’: Fatores aglomerativos são vantagens de produção e comercialização resultantes da concentração da produção em um determinado ponto, como economias de escala (internas), economias resultantes da proximidade de outras indústrias (externas). Fatores desaglomerativos são as vantagens obtidas por meio da desconcentração geográfica da produção [...], como o alto custo da terra, congestionamentos, poluição, entre outros fatores (LAUTERT; ARAÚJO, 2007, p. 348). Dentre os fatores ‘locais’, Lautert e Araújo (2007) apontam os incentivos fiscais como o atributo que mais contribui para a localização das indústrias, porém como observado por Acselrad (2001), o processo gerado por esse atributo estimula disputas entre cidades (guerra fiscal), levando a um ‘urbanismo de resultados’, que por sua vez contribui para aumentar as desigualdades, a degradação ambiental e exclusão da população pobre. Como observado por Brenner (2010, p. 544) “[...] as regiões industriais periféricas competem com os núcleos urbanos em termos de investimento de capital, subsídios estatais e outros bens coletivos [...]”, intensificando o desenvolvimento geográfico desigual. Água, energia e infraestrutura de transporte são exemplos dos recursos disputados; porém é no uso da terra que a população de baixa renda perde a disputa, pois à ela restam as “[...] áreas contaminadas por lixo tóxico, áreas sobre gasodutos ou sob linhas de transmissão elétrica [...]” (ACSELRAD, 2001, p. 39), enfim “[...] as terras de localização inadequada para o desenvolvimento urbano e, consequentemente, todas as precariedades decorrentes dessa situação: exposição ao risco e vulnerabilidade a doenças [...]” (SANTOS JR; MONTANDON, 2011, p. 49). Quanto a concentração geográfica da indústria de transformação no Brasil, Lautert e Araújo (2007) analisaram o cenário entre 1996 e 2001, constatando uma tendência nacional de ‘desaglomeração’ geográfica após um período de intensa aglomeração na Região Sudeste a partir de 1970, principalmente no estado de São Paulo. A partir de 1980, a distribuição espacial foi influenciada, entre outros fatores, pela redução dos incentivos estatais que acabaram por favorecer a ‘desaglomeração’, com tendência a estabilizar-se ou mesmo regredir (LAUTERT; ARAÚJO, 2007). Mas como é a distribuição espacial das indústrias no Brasil atualmente? Existe alguma relação com a distribuição demográfica? Para responder essas questões utilizou-se dados organizados pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) 45 para a indústria de transformação19 e dados demográficos do IBGE. Observa-se na Figura 6 uma ‘aglomeração’ de estabelecimentos industriais na região Sudeste e Sul em 2017, com 75,7% do total de indústrias de transformação do Brasil. São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul foram os Estados com o maior número de estabelecimentos da indústria de transformação, com 26,3%, 12,6% e 10,4% respectivamente do total brasileiro de 330.801 de estabelecimentos no Brasil em 2017 (FIESP, 2019). Figura 6 – Distribuição geográfica da população e número de estabelecimentos industriais de transformação no Brasil em 2017 Fontes: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2017) e Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP, 2019) (dados organizados pela autora) 19 A indústria de transformação engloba os seguintes subsetores: produção mineral não metálica, indústrias química, metalúrgica, mecânica, elétrico e comunicação, material de transporte, madeira e mobiliário, papel e gráfica, borracha, fumo, couros, têxtil, calçados, alimentos e bebidas (FIESP, 2019). 30,0% ind. 3,1% ind. 7,5% ind. 14,3% hab. 45,7% ind. 27,6% hab. 41,9% hab. 7,6% hab. 8,6% hab. 13,7% ind. 46 Com relação à distribuição geográfica de indústrias e população (Tabela 4), nota-se distribuições proporcionais no Sudeste e Centro Oeste, isto é, índices semelhantes de indústrias e população, ao passo que o Norte e Nordeste apresentam índices de população maior do que de indústrias. Essa relação entre indústrias e população demonstra que as regiões Centro Oeste, Sudeste e Sul são as mais desenvolvidas industrialmente em comparação com as regiõesNorte e Nordeste. A região Sul apresenta a maior proporção de indústrias por habitantes do Brasil, sendo, portanto, a mais desenvolvida industrialmente. Tabela 4 - População e número de estabelecimentos industriais de transformação por regiões do Brasil em 2017 Região População em 2017 Número de estabelecimentos industriais em 2017 Proporção Quantidade Indústrias/ 1000 hab. Norte 17.936.201 10.273 0,6 Nordeste 57.254.159 45.460 0,8 Centro Oeste 15.875.907 24.724 1,6 Sudeste 86.949.714 151.221 1,7 Sul 29.644.948 99.123 3,3 Total 207.660.929 330.801 1,6 (média) Fontes: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2017) e Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP, 2019) (dados organizados pela autora) Apesar da proporção média de 1,6 estabelecimentos industriais por 1000 habitantes no ano de 2017, o Brasil, no entanto, vem enfrentando um processo de ‘desindustrialização’. Conforme estudo realizado pelo Departamento de Economia, Competitividade e Tecnologia da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP, 2019), a evolução da participação da indústria de transformação no Produto Interno Bruto (PIB) apresentou dois períodos distintos entre 1947 e 2018. Como pode ser observado no gráfico da Figura 7, houve um grande crescimento da indústria no cenário nacional até 1985, atingindo em seu ápice a marca de 21,8% de participação no PIB, mas a partir daí a indústria declinou e alcançou em 2018 o menor nível desde o início do governo de Getúlio Vargas em 1951, o que configura um processo de ‘desindustrialização’ no Brasil (FIESP, 2019). 47 Figura 7 – Evolução da participação da indústria de transformação brasileira no PIB, entre 1947 e 2018 Fonte: FIESP (2019) Um outro fator que influencia a aglomeração de indústrias no espaço geográfico é a presença de refinarias de petróleo. As refinarias concentram, ao seu redor, indústrias da cadeia petroquímica e empresas distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), como observado no PPABC. A industrialização e a urbanização apresentam, portanto, uma relação no desenvolvimento e na disputa pelos espaços geográficos, desta forma, o debate e a proposição de práticas de PGT para estabelecer um nexo sustentável com a GRAI mostram-se necessários. 3.2 Por que discutir os acidentes industriais no âmbito do planejamento territorial? O setor industrial tem buscado recursos no campo das ciências exatas para aumentar sua produção com o menor custo possível. Na década de 70 do século XX iniciou-se uma preocupação com a ameaça que estas atividades causavam às pessoas e ao meio ambiente (LEES, 2005), porém até aquele momento sem muita 48 expressão. Foi somente após a ocorrência de diversos acidentes graves20 ocorridos na década de 1980, que as empresas passaram a incorporar aos seus interesses, a segurança pessoal e a proteção ao meio ambiente. Estas iniciativas trouxeram rápido desenvolvimento tecnológico, que resultou no domínio de técnicas, procedimentos e metodologias para a segurança nas áreas de petróleo, petroquímica e química, que já eram amplamente adotadas pelas indústrias bélica, aeronáutica e nuclear (CETESB, 2011). No entanto, apesar de todo o acervo técnico obtido para controle do processo produtivo e prevenção de acidentes, ainda se observam ações pouco estruturadas das empresas com as instituições públicas para a preparação e resposta aos acidentes graves, exíguo envolvimento das partes interessadas nos processos de tomada de decisão e pouca atuação proativa das empresas em áreas externas à indústria. Nessa perspectiva, há uma tendência das indústrias para agir por ‘demanda’, isto é, quando motivada pela necessidade de atendimento às regulamentações, ou sob ‘condução coercitiva’ imposta por autoridades, principalmente após um acidente (PATEL, 2015). Além disso, as informações de risco não são plenamente compartilhadas e não ficam disponíveis para as partes interessadas (SPÓSITO; POFFO, SALVI; 2016, MERAD; RODRIGUES, 2005). Por outro lado, os gestores do território que se fundamentam nas ciências humanas aplicadas, utilizam o amplo e sólido arcabouço teórico tanto para discutir, analisar e propor políticas e práticas em busca de cidades mais justas (FAINSTEIN, 2005) e sustentáveis (MEADOWCROFT; LANGHELLE; RUUD, 2012; ACSELRAD, 2001), quanto para compreender as dinâmicas territoriais e a vulnerabilidade socioambiental em suas diversas dimensões e escalas (WATSON, 2009). Entretanto, apesar dos grandes avanços teóricos e práticos adquiridos, ainda há muitos problemas identificados e não resolvidos, particularmente aqueles relacionados com a gestão dos riscos urbanos (STOJANOVIć; JOVAšEVIć-STOJANOVIć, 2006), ademais o planejamento territorial não incorpora as discussões sobre os riscos de 20 ‘Acidente grave’ é definido na Diretiva da União Europeia, conhecida por Seveso III (PARLAMENTO EUROPEU E DO CONSELHO, 2012) “[...] como um acontecimento, tal como uma emissão, um incêndio ou uma explosão de graves proporções resultantes do desenvolvimento não controlado durante o funcionamento de um estabelecimento abrangido pela presente diretiva, e que provoque um perigo grave, imediato ou retardado, para a saúde humana ou para o meio ambiente, no interior ou exterior de um estabelecimento, e que envolva uma ou mais substâncias perigosas”. A Diretiva Seveso II apresenta uma lista de substâncias perigosas que definem a aplicação da mesma. 49 acidentes industriais. Basta21 (2009), por exemplo, relata em seu livro sobre ‘Risco, Território e Sociedade’, que as contribuições na literatura dos estudiosos do PGT para a questão dos acidentes industriais são menos representativas em comparação com as fornecidas por analistas e especialistas em risco22, embora [...] as ‘incertezas’ dos engenheiros químicos não são as mesmas ‘incertezas’ dos planejadores urbanos [...] (BASTA, 2011, p. ix, grifo nosso). A afirmação de Basta revela as diferentes perspectivas e interpretações da problemática da GRAI no âmbito do PGT, envolvendo duas especialidades que normalmente atuam de forma independente. Como observado por Canil, Lampis e Santos, a chegada das ciências sociais no campo da gestão dos desastres gerou encontros e desencontros com as ciências exatas, principalmente com relação ao tema da vulnerabilidade, demonstrando a “dificuldade de trabalhar com os conceitos para se alcançar uma abordagem integrada sobre o risco, desastre e vulnerabilidade” (CANIL et al., 2020, p. 403). A partir dessa reflexão, observa-se um vasto conhecimento nas ciências exatas e sociais que atuam com ‘forças’ opostas na questão do GRAI no âmbito do PGT como representado na Figura 8. Figura 8 - Análise crítica da aplicação do conhecimento das ciências exatas e ciências sociais na GRAI no âmbito do PGT Fonte: elaborado pela autora 21 Claudia Basta foi uma das especialistas entrevistadas nos Países Baixos durante a estadia na Universidade de Wageningen (nota da autora). 22 Basta refere-se aos especialistas que elaboram os estudos quantitativos de risco (nota da autora). Ciências exatas Acervo técnico Indústrias, órgãos ambientais, centros de pesquisa, associações de classe Ciências sociais Acervo teórico Governo, acadêmicos, gestores públicos, planos e políticas públicas 50 Além da atuação dos especialistas de risco e dos planejadores urbanos nesse cenário, há ainda a atuação do Estado como organizador e fiscalizador das regulamentações. Adi Ophir (2007), filósofo israelense que analisa e discute teorias críticas sobre desastres e respostas humanitárias, defende a ideia de que o Estado desempenha concomitantemente o papel de facilitador e gerador das catástrofes. Segundo Ophir, a ‘fé’ antes atribuída à ‘divina providência’ tem sido substituída pela figura do Estado, porém visto como um agente imperfeito nesseprocesso por sua incapacidade de tomar decisões adequadas e oportunas, sendo responsabilizado pela ocorrência e danos causados pelos desastres. Ophir parte da dialética do progresso da humanidade em tempos modernos capturada por Kant em sua obra ‘A crítica do julgamento’, onde as calamidades resultantes da guerra também trazem benefícios. De acordo com Ophir (2007), a capacidade do homem em destruir vidas humanas aumentou drasticamente, assim como também sua capacidade em prever e prevenir desastres, e aliviar os sobreviventes. Estes dois processos contraditórios identificados por Ophir são resultados da revolução industrial, do avanço da ciência e tecnologia, de novas teorias e práticas de governança, do progresso dos meios de comunicação e do surgimento de Estados centralizados e poderosos (2007). Nogueira bem observou em sua pesquisa sobre desastres naturais23 que: [...] existe hoje uma lacuna a ser preenchida dentro do conhecimento técnico- científico nacional para que se possam articular os avanços ocorridos nas últimas duas décadas nos campos dos conceitos, da previsão, alerta, prevenção e mitigação de acidentes [...]. Neste setor, a prática institucional nos diferentes níveis de governo é quase sempre aleatória e despida de fundamentos consistentes (NOGUEIRA, 2002, p. 13). Essa mesma lacuna é observada na GRAI, apesar do consolidado conhecimento técnico-científico presente nessa área. Lopes notou durante sua pesquisa sobre os riscos de acidentes industriais e a integração ao planejamento do território, “que a gestão pública dos riscos industriais é centralizada nos órgãos de meio ambiente, tendo pouco ou nenhuma interface com as demais políticas públicas” (LOPES, 2017, p. 67). Lopes relata que apesar dos EARs serem valiosas ferramentas para estimar o risco das atividades industriais e seus resultados poderem ser 23 De acordo com a Classificação e Codificação Brasileira de Desastres (COBRADE), os “desastres naturais” estão classificados em: geológicos, hidrológicos e meteorológicos, climatológicos e biológicos; e englobam: terremoto, emanação vulcânica, movimento de massa, erosão, inundações, enxurradas, alagamentos, tempestades, temperaturas extremas, secas, epidemias e infestações/pragas (MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL, 2016). 51 integrados ao PGT, os mesmos “são utilizados apenas no âmbito do licenciamento ambiental” (LOPES, 2017, p. v). Lopes observou que os resultados dos EARs não chegam a ser considerados pelas autoridades do PGT e que isso “faz com que seja comum o surgimento de cidades ao redor de instalações perigosas, o que aumentam consideravelmente o potencial das consequências de um possível acidente” (LOPES, 2017, p. 111). Como observado por Naime (2010), as discussões que ocorrem nos processos de licenciamento ambiental no Brasil giram em torno dos detalhes técnicos de execução dos EARs, enquanto que pouca atenção é dada para compreender as interações com o meio social. Naime (2010, p. 155) questiona: “se invasões de faixas de dutos são eventos possíveis, por que os estudos quantitativos de risco não são capazes de evitar o aumento da exposição ao risco ?” Simplesmente porque esses estudos não são apropriados para a tomada de decisão, ele conclui. Se por um lado existe esse avanço técnico na prevenção de desastres, mesmo que contraditório como destacado por Ophir, por outro há o desenvolvimento de teorias e práticas no PGT em busca de cidades sustentáveis (WATSON, 2016; ONU, 2015; ACSELRAD, 2001). O aumento da população em áreas urbanas24, a crescente pobreza e as mudanças climáticas trouxeram um viés reflexivo sobre como as cidades vêm sendo planejadas e se preparando para os desafios futuros. Watson (2009), por exemplo, observou que houve pouca mudança nas teorias e práticas do planejamento territorial ao longo das últimas três décadas, principalmente no hemisfério sul, sendo observada uma forte influência das práticas do Norte - especificamente: Europa Ocidental e EUA - para o Sul do hemisfério. Watson (2009) destaca que os atuais sistemas de planejamento urbano são parte do problema de não se alcançar um planejamento sustentável, pois eles promovem a exclusão social e espacial, discriminam os pobres e fazem pouco para garantir a sustentabilidade ambiental, argumentando que o planejamento territorial necessita de uma reforma para desempenhar um papel mais significativo nas questões urbanas atuais, já que a grande maioria dos modelos de planejamento está mais focado em “prover interesses privados com recursos públicos” (WATSON, 2009, p. 153). 24 Atualmente mais da metade da população global vive em áreas urbanas e até 2050 essa proporção deverá chegar a quase 70% (WATSON, 2016). 52 Ainda que questões sobre gestão de desastres no âmbito do PGT estejam presentes nas agendas de fóruns internacionais, como os promovidos pela Organização das Nações Unidas, há um longo caminho a ser percorrido para se alcançar os objetivos para um planejamento sustentável, como aqueles estabelecidos na Agenda 203025, principalmente com relação ao ‘Objetivo para o Desenvolvimento Sustentável – ODS’ número 11, que trata das ‘Cidades e Comunidades Sustentáveis’ e tem como meta tornar os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis (ONU, 2015). Durante a Conferência Habitat III realizada em Quito, de 17 a 20 de outubro de 2016, foi proposta a Nova Agenda Urbana (NAU) com compromissos de mudanças de paradigma na ciência das cidades (ONU-HABITAT, 2016). Dentre os compromissos mais relevantes para a gestão dos riscos dos desastres e o planejamento territorial pode-se citar: • A importância da participação integrada dos atores nos níveis global, regional, nacional, subnacional e local. • Garantir a sustentabilidade ambiental, promovendo o uso sustentável da terra e reduzindo o risco de desastres. • Reorientar a atual abordagem de planejamento para uma mudança de paradigma, reconhecendo como essencial a implementação de políticas envolvendo parcerias locais, nacionais e entre diversos atores, no sentido de construir sistemas integrados e cooperativos. • Fortalecer a resiliência, em particular por meio do desenvolvimento de infraestrutura e do planejamento territorial para a gestão e redução de risco de desastres com base em dados estatísticos e abordagem holística, no sentido de reduzir vulnerabilidades e risco, especialmente em áreas de assentamentos formais e informais propensas ao risco, incluindo favelas, permitindo uma rápida resposta e recuperação. • Promover medidas para o reforço e a reabilitação de todas as moradias em situação de risco, inclusive em favelas e assentamentos informais, 25 A Agenda 2030 é um acordo entre chefes de Estado e de Governos que traz 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) para serem alcançados globalmente até o ano de 2030 (ONU, 2015). 53 para torná-las resilientes aos desastres em coordenação com as autoridades locais e os atores relevantes. • Apoiar a mudança de abordagens reativas para outras mais proativas, holísticas, inclusivas e com base no risco, tais como a sensibilização do público sobre os riscos e a promoção de investimentos prévios para prevenir os riscos e aumentar a resiliência, garantindo, ao mesmo tempo, respostas locais oportunas e eficazes para atender às necessidades imediatas de habitantes afetados por desastres provocados pelo homem. • Adotar os princípios do ‘reconstruir melhor’ no processo de recuperação pós-desastre para integrar ao planejamento futuro medidas ambientais e espaciais e de fortalecimento da resiliência, lições de catástrofes passadas, bem como a conscientização sobre novos riscos. • Integrar medidas de redução de risco de desastres e de mitigação em processos de desenvolvimento e planejamento territorial, incluindo o desenho de espaços, edifícios,construções, serviços e infraestrutura com base na resiliência. • Promover a cooperação e a coordenação entre setores, bem como a capacitação de autoridades locais para desenvolver e implementar planos de redução de risco e de resposta a desastres, tais como avaliações de risco sobre a localização das instalações públicas atuais e futuras, bem como sua capacidade para formular procedimentos de contingência e de evacuação adequados. • Encorajar o uso de ferramentas digitais georreferenciadas para aprimorar o desenho espacial, o planejamento territorial integrado e o uso e ocupação do solo. Não obstante aos desafios para a implementação da NAU em nível global, principalmente aqueles relacionados com a definição de indicadores e de metas; já que, como apontado por Watson (2016), há diferenças significativas no desenvolvimento e práticas de planejamento entre os países do hemisfério norte e sul; a NAU é ambiciosa para o prazo de 15 anos proposto. Conforme Watson (2016), o sucesso da NAU depende de mudanças fundamentais nos atuais paradigmas econômicos globais. 54 Embora os compromissos apresentados na NAU não estejam claramente direcionados aos acidentes industriais (há menções sobre perigos de origem humana e desastres provocados pelo homem), eles são perfeitamente aplicáveis para o planejamento territorial de regiões sujeitas a vazamentos químicos, incêndios, explosões e nuvens tóxicas causados por acidentes em indústrias químicas e dutos. Nesse cenário complexo e de incertezas, há ainda a falta de compartilhamento de informações e integração entre os atores envolvidos na GRAI no âmbito do PGT, a dizer: setor público, setor industrial e população vulnerável. Conforme Bruno Cahen: [...] controlar o risco é uma utopia, assim é necessário que todas as partes interessadas compartilhem informações e avaliem a melhor forma de lidar com a situação, considerando os recursos de cada um e os benefícios que a atividade industrial propõe [...] entender e reduzir os fatores de incerteza podem ajudar, mas as escolhas para as boas práticas no planejamento e gestão do território continuarão a ser uma decisão de risco. (CAHEN, 2006, p. 299, tradução nossa). Mas como unir os especialistas em EARs e os planejadores do território? A resposta pode estar em mapas de risco georreferenciados que apresentem espacialmente as zonas de risco identificadas nos EARs, possibilitando o compartilhamento das informações do setor industrial com o planejamento urbano e população vulnerável. Os mapas de risco georrefenciados são instrumentos que utilizam Sistemas de Informações Geográficas (SIG) para a organização de dados espaciais, facilitando a correlação dos atributos das informações e arquivamento de dados. Os SIGs têm exercido um papel importante na prevenção de riscos e resposta a emergências. Basta et al. (2007) discutiram sobre os avanços nas práticas de GRAI no âmbito do PGT nos Países Baixos e Reino Unido e reconheceram que o uso de SIG é funcional na elaboração de mapas de risco, pois conecta urbanistas e especialistas em segurança nos processos de tomada de decisão sobre o uso e ocupação do solo, bem como facilita a comunicação de risco para o público, dado que as informações se tornam mais transparentes e acessíveis. Estes mesmos autores concluíram também que, apesar dos diferentes contextos políticos, culturais e jurídicos encontrados nos dois países cotejados na pesquisa, os mapas de risco georreferenciados alcançaram uma boa conexão entre os especialistas de segurança e os gestores do planejamento territorial (BASTA et al., 2007). Há, no entanto, uma diferença no 55 processo de divulgação dos riscos entre os dois países, enquanto nos Países Baixos os mapas de risco são públicos e acessíveis pela internet à toda a população interessada26, no Reino Unido os mapas só podem ser visualizados pelo público após solicitação específica. A conduta do Reino Unido pode ser explicada pelo Princípio da Precaução (PP)27, devido à confidencialidade das informações industriais e à proteção da população contra ameaças de terrorismo naquele país (BASTA et al., 2007). 3.3 Entendendo risco, vulnerabilidade e desastres Devido à diversidade e abrangência que o termo ‘risco’ tem assumido atualmente, defini-lo é uma tarefa desafiadora. De acordo com o glossário da Sociedade de Análise de Risco (SRA – Society for Risk Analysis), ‘risco’ pode ser definido e interpretado de diferentes formas e perspectivas (SRA, 2018). Metricamente, ‘risco’ é definido como a combinação entre a probabilidade de um evento indesejável e a severidade de suas consequências, mas também pode ser interpretado em um sentido mais amplo, onde ‘risco’ é a exposição a um evento com consequências negativas que afeta algo que o ser humano valoriza (SRA, 2018). Desta forma, o risco pode ser representado metricamente por: R= f (P * C), onde P = probabilidade, C = severidade da consequência Se por um lado há a definição métrica do risco, amplamente adotada na engenharia e nos EARs, por outro há interpretações que criticam essa visão pragmática e trazem uma reflexão crítica sobre o que seria ‘risco’. Entre os autores que propõem definições e interpretações para ‘risco’ sob a ótica social, o sociólogo alemão Ulrich Beck (2009) contesta a definição de risco como ‘produto da probabilidade de ocorrência multiplicado pela intensidade dos danos’ (perspectiva métrica do risco), propondo a ‘teoria da sociedade de risco’ como um fenômeno de 26 Os mapas de risco dos Países Baixos ficam disponíveis no site https://www.risicokaart.nl/ e contemplam diferentes tipos de desastres: terremoto, inundação nuclear, aéreo, acidentes envolvendo produtos perigosos, transporte de produtos perigosos, entre outros. Ficam disponíveis: as curvas do Risco Individual (isorrisco) para 10-6/ano considerado tolerável (o Risco Individual é um dos resultados dos EARs), os limites do terreno da instalação, a distância segura, informações sobre o produto perigoso e a localização espacial da instalação (GBO, 2020). 27 O Princípio da Precaução foi definido na Declaração Rio/92 (Princípio 15) como "[...] a garantia contra os riscos potenciais que, de acordo com o estado atual do conhecimento, não podem ser ainda identificados [...]”, devendo ser aplicadas medidas preventivas onde existam ameaças de riscos sérios ou irreversíveis, não podendo ser “[...] utilizada a falta de certeza científica total como razão para o adiamento de medidas eficazes, em termos de custo, para evitar a degradação ambiental" (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2020). https://www.risicokaart.nl/ 56 construção social. Para ele, a sociedade moderna está cada vez mais ocupada em debater, prevenir e gerenciar os riscos que a própria sociedade produz, indicando uma “ ...histeria e o uso da política do medo, que é instigada e agravada pelos meios de comunicação de massa”, já que os desastres são antecipados (BECK, 2009, p. 495). Ele distingue ‘risco’ de ‘catástrofe’28, sendo o risco ameaçador, irreal e uma antecipação da catástrofe. Quando uma catástrofe acontece, o risco deixa de existir e se move para um novo estado de antecipação, desta forma, Beck (2009, p. 495, grifo nosso) entende que o “...risco não é nada”. A sociedade de risco “...esconde uma ironia - a ironia da promessa de segurança feita por cientistas, empresas e governos, que de forma ‘maravilhosa’ contribuem para o aumento dos riscos”. Devido às falhas sistemáticas destes atores na gestão dos riscos, Beck pressupõe que os mesmos não sejam vistos pela sociedade moderna como ‘curadores do risco’, mas como fontes e ‘suspeitos de gerar risco’, o que acaba por desencadear um comportamento individualista na sociedade, onde cada um desconfia das instituições. Para Beck, a sociedade, a ciência, os políticos, as leis e a mídia, até mesmo os militares, não estão na posição dedefinir ou controlar os riscos racionalmente. Como colocado por Beck, a radicalização da sociedade produz a ironia fundamental do risco, onde “... a ciência, o estado e os militares estão se tornando parte do problema que deveriam resolver” (BECK, 2009, p. 499). Apesar da relevância do paradigma de Sociedade de Risco de Beck para os momentos atuais, este não é completamente consistente para todos os tipos de riscos impostos pelas indústrias, principalmente aquelas tratadas nesta pesquisa, nas quais os acidentes resultam em incêndios, explosões e nuvens tóxicas. Basta (2009) fez uma análise crítica deste paradigma e identificou que Beck generaliza os riscos tecnológicos, não fazendo distinção entre as indústrias nucleares e não-nucleares. A autora ainda aponta que as consequências de um acidente nuclear são sistêmicas, irreversíveis29, ultrapassam dimensões espaciais e são intergeracional (passam de geração para geração), ao passo que as consequências dos acidentes de indústrias não-nucleares são confinadas a um determinado espaço (aqui interpretado como 28 Beck parece adotar tanto a palavra “catástrofe”, quanto “desastre” para um evento real e de grandes proporções (nota da autora). 29 Basta não desconsidera as consequências irreversíveis de morte e perdas ambientais dos acidentes não-nucleares, porém ela leva em conta o raio dos impactos geográficos dos acidentes não- nucleares e compara com os nucleares (2009). 57 ‘distância’) e tempo (BASTA, 2009). As características dos acidentes nucleares atendem as premissas de Beck sobre os riscos contemporâneos apresentarem impactos ilimitados no espaço e tempo, bem como, da impossibilidade de serem ‘compensados’ pelo princípio de ‘poluidor pagador’30. Outra questão levantada por Basta, trata da premissa de Beck sobre as consequências dos acidentes “[...] não estarem associadas ao seu local de origem – a planta industrial [...]” (2009, p. 21). Para Basta (2009), se as consequências dos acidentes de plantas industriais31 não-nucleares não puderem ser associadas com o seu local de origem, então a distância entre as plantas industriais e os alvos vulneráveis não poderia ser considerada como medida preventiva e a prevenção se limitaria a minimizar a probabilidade de ocorrência dos acidentes. Assim, a definição de risco adotada nesta pesquisa consiste na combinação do risco métrico empregado nos EARs (Probabilidade e Consequência), associada com o paradigma da Sociedade de Risco de Beck; que traz as deficiências do papel dos três atores da GRAI no âmbito do PGT, a dizer, setor industrial, setor público e sociedade; complementada com a compreensão de Basta32 sobre a aplicação da ‘distância segura’ entre as plantas industriais e pontos vulneráveis como medida preventiva. Dentre as diversas interpretações encontradas na literatura ao termo ‘vulnerabilidade’, a que melhor condiz com os objetivos desta pesquisa é a definição dada pelo Conselho Internacional de Governança de Risco (IRGC - The International Risk Governance Council) a dizer: [...] vulnerabilidade é uma condição determinada por fatores ou processos físicos, sociais, econômicos e ambientais, que aumentam a 30 O Princípio do Poluidor-Pagador encontra-se na Declaração do Rio/92 sobre o meio ambiente (Princípio 16) (ONU, 1992). No Brasil, este princípio é um dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente que visa a “imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados, e ao usuário, de contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos” (Inciso VII do Art. 4º) (BRASIL, 1981). 31 Plantas industriais também são referidas na literatura como “estabelecimentos perigosos” (usado na Diretiva Seveso II). 32 Apesar da visão de Basta sobre “distância segura” como medida preventiva, ela propõe a seguinte definição para risco: “[...] possibilidade de perdas de vidas, materiais e valores humanos (2009, p. 43). 58 suscetibilidade de uma comunidade ao impacto de perigos33 (RENN; GRAHAN, 2006). Assim quando população vulnerável for aqui mencionada, refere-se à população que pode sofrer os danos dos cenários acidentais de incêndio, explosão ou nuvem tóxica. Outro termo utilizado nessa pesquisa refere-se a ‘desastre’. O Centro de Pesquisa em Epidemiologia do Desastre (CRED) define ‘desastre’, quando ao menos um dos seguintes critérios é atendido: 10 ou mais mortes são reportadas, 100 ou mais pessoas são afetadas, o estado de emergência é declarado ou quando há um chamado por assistência internacional. Essa definição métrica dada pelo CRED (2008) não leva em consideração as circunstâncias nas quais um vazamento de produto químico perigoso se ‘transforma’ em desastre. Warner, Alves & Coates (2019), em sua análise sobre ‘Cultura de Desastres’ versus ‘Cultura de Segurança’ no contexto dos riscos tecnológicos no Brasil, trazem elementos que auxiliam compreender como um desastre se concretiza baseados no modelo ‘Queijo Suíço’ proposto por Reason (2000) para a gestão de erros humanos em organizações: Se as pessoas expostas ao risco estiverem preparadas para responder em conjunto a um evento iminente, o perigo pode não se transformar em um desastre propriamente dito, pois os esforços e os sacrifícios envolvidos na preparação e enfrentamento são considerados aceitáveis e necessários. O preparo pode ser alcançado, tanto por meio de intervenções técnicas para aumentar as camadas de segurança, como a utilização de materiais mais resistentes e de controles redundantes do processo, quanto a adoção de medidas voltadas para a resposta ao desastre, tais como, simulados de emergência [...] (WARNER; ALVES; COATES, 2019, p. 2). Reason (2000) entende a casualidade da ocorrência de erros por duas perspectivas: abordagem da pessoa e abordagem do sistema. A abordagem da pessoa concentra-se no erro dos indivíduos; seja por ato inseguro ou por violação de procedimentos; culpando-os pelo esquecimento, desatenção, negligência ou imprudência e as medidas defensivas são direcionadas ao comportamento humano, como: campanhas, mudança de procedimentos ou medidas disciplinares (REASON, 2000). Já a abordagem do sistema, concentra-se nas condições sob as quais os indivíduos se encontram e busca construir defesas para evitar erros e mitigar seus efeitos, pois “os erros são vistos mais como consequências do que como causas, tendo suas origens, não tanto na perversidade da natureza humana, mas em fatores 33 Conforme Glossário da SRA (2018) o termo “perigo” refere-se a uma fonte de risco em que as consequências estão relacionadas a danos. “Os riscos podem estar associados à energia (por exemplo, explosão, incêndio), material (tóxico ou ecotóxico), biota (patógenos) e informações (comunicação de pânico) [...]” (SRA, 2018, p. 6). 59 sistêmicos” (REASON, 2000, p. 1/6, tradução nossa). Assim, segundo Reason (2000, p. 2, tradução nossa), “quando ocorre um evento adverso, a questão importante não é quem errou, mas como e por que as defesas falharam”. Ainda para Reason (2000), as defesas, barreiras e salvaguardas funcionam como ‘fatias de um queijo suíço’, onde os ‘orifícios’ são falhas do sistema ou condições adversas latentes, que quando se alinham permitem a trajetória de um desastre (Figura 9). Figura 9 - Modelo ‘Queijo Suíço’ de Reason com a trajetória do desastre pelas camadas de proteção Fonte: Reason (2000) (adaptado) Assim, adotando-se a definição métrica do CRED para desastre (mais de 10 fatalidades) combinada com o modelo do ‘Queijo Suíço’ de Reason (2000) admite-se que um desastre irá ocorrer se as camadas de proteção existentes não estiverem em perfeito funcionamento ou se houver camadas insuficientes para impedir a trajetória do desastre. Esta é a definição de ‘desastre’ a ser utilizada nesta pesquisa. No entanto, para completar oentendimento do modelo do ‘Queijo Suíço’ de Reason é importante definir sob a perspectiva da engenharia, o que são ‘camadas de proteção’; também conhecidas por salvaguardas ou camadas de segurança; e como elas podem controlar, prevenir ou mitigar o risco de acidentes, tais como, incêndio, explosão e nuvem tóxica. Risco Desastre Falhas do sistema de gestão 60 O conceito de aplicação de várias ‘camadas de proteção’ para controlar o risco vem sendo aplicado na segurança de processo químico há algum tempo. O CCPS publicou em 1992 um manual para avaliação de perigos (CCPS, 1992), onde constava uma estratégia com múltiplas camadas de proteção para gerenciamento dos riscos dos processos químicos. A proteção inicia com um Projeto Inerentemente Seguro34; acrescida de sistemas de controle e monitoramento (como sistemas básicos de controle e supervisão do operador), sistemas de prevenção e mitigação (composto por sistemas/ dispositivos de proteção mecânica e sistemas automáticos seguros para a interrupção do processo), chegando à camadas relacionadas com planos de emergência para abandono da planta química (interno à indústria) e de resposta à emergência com comunidades (externo à indústria). A Figura 10 resume o conceito das ‘camadas de proteção’ aplicadas na segurança dos processos químicos. Figura 10 - Camadas de proteção para segurança de processos químicos Fontes: Lees (2005), IEC (2016) 34 Um "Projeto Inerentemente Seguro” concentra-se na eliminação dos riscos e na redução da magnitude das consequências, e não no controle dos perigos propriamente dito (LEES, 2005). Muitos dos conceitos aplicados em projetos desse tipo foram desenvolvidos por engenheiros por muitos anos, sem, contudo, houvesse o reconhecimento de uma abordagem comum. No final da década de 1970, Trevor Kletz reconheceu os conceitos comuns de eliminação e redução de riscos, nomeando essa abordagem “inherently safer design”, o que veio a ajudar os engenheiros das indústrias de processos químicos a projetar plantas inerentemente mais seguras (LEES, 2005). Plano de resposta à emergência com comunidades (externo) Plano de emergência (interno) Mitigação Prevenção Projeto Inerentemente Seguro 61 Atualmente, com o avanço tecno-científico ocorrido nas áreas da tecnologia da informação, comunicação de dados e eletrônica, o conceito de múltiplas camadas de segurança foi aprimorado e a técnica semiquantitativa de risco para análise das camadas de proteção, denominada LOPA35 (Layer Of Protection Analysis), encontra- se padronizada na norma IEC 61.511/ Safety Instrumented Systems for the Process Industry Sector emitida pela Comissão Eletrotécnica Internacional36 (IEC 61.511, 2016). Mas, afinal, como saber se as ‘camadas de proteção’ são suficientes para controlar o risco e evitar um desastre? Conforme Lees (2005) a maioria dos acidentes industriais que resultaram em consequências significativas estavam associados a combinações incomuns de circunstâncias. Na maioria dos casos, uma única falha de uma salvaguarda não resulta em impacto adverso. Quando ocorrem consequências adversas, geralmente é o resultado de um cenário complexo que envolve falhas simultâneas de várias camadas de proteção (LEES, 2005, p. 31/4, tradução nossa). Todos os possíveis cenários acidentais significativos devem ser identificados para determinar o risco com maior precisão, assim como, deve-se identificar todas as camadas de proteção e determinar se são suficientes ou se são necessárias camadas adicionais para reduzir o risco a níveis toleráveis (LEES, 2005). Desta forma, entende- se que poucas camadas de proteção levam ao ‘risco não aceitável’ e consequentemente maior será chance de ocorrência de um desastre. Outro ponto a ser considerado na avaliação das camadas de proteção, refere- se às Zonas de Risco ou Distâncias de Segurança entre indústrias perigosas e a população vulnerável. Basta et al. (2007, p. 241) consideram que “as distâncias de segurança podem ser consideradas como critérios de aceitabilidade de risco com uma 35 A abordagem LOPA tem por objetivo principal determinar quantas camadas de proteção são necessárias para reduzir o risco a níveis toleráveis, baseando-se na definição determinística de que risco é o produto da probabilidade de um evento indesejável e na severidade de suas consequências. A severidade é “avaliada em termos de impacto ao ser humano; lesões pessoais e fatalidades; ao meio ambiente [...] ou perdas financeiras, tais como, perda de produção ou danos à equipamentos” (LEES, 2005, p. 34/7). 36 A IEC é uma organização internacional de padronização de normas, guias, especificações técnicas, entre outros documentos para o avanço dos campos elétricos e eletrônicos. A IEC faz parcerias com organizações internacionais, governamentais e não-governamentais para a preparação de seus documentos (IEC 61.511, 2016). 62 reflexão territorial, pois afetam os destinos do uso e ocupação do solo nos arredores” das plantas industriais perigosas. O último item a ser definido e que permitirá compreender o contexto desta pesquisa, trata-se dos ‘acidentes industriais’ que estão inseridos na terminologia dos ‘desastres tecnológicos’. Os desastres tecnológicos, assim como os naturais, encontram-se classificados para poderem ser organizados e registrados em bancos de dados. O CRED (2008) classificou os diversos tipos de desastres tecnológicos para registro no banco de dados internacional denominado EM-DAT de acordo com a sua natureza, tipo e subtipo, conforme apresentado no Quadro 3. Quadro 3 - Classificação dos desastres tecnológicos conforme banco de dados EM- DAT Tipo de acidente Descrição do tipo de acidente Acidentes diversos Colapso, explosão, incêndio e outros Subgrupo Principal tipo de desastre Acidente industrial Vazamento químico, colapso de estruturas, explosão, incêndio, vazamento de gás, envenenamento, radiação, vazamento de óleo, outros Acidente em transporte Ar, rodovia, ferrovia, água Fonte: CRED (2008) Já no Brasil, o Ministério do Desenvolvimento Regional, por meio da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil adota a Classificação e Codificação Brasileira de Desastres (COBRADE) para os desastres naturais e tecnológicos (MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL, 2016) (o Anexo Erro! Fonte de referência não e ncontrada. apresenta a lista completa dos códigos dos desastres tecnológicos). O Quadro 4 apresenta o resumo para a classificação dos desastres relacionados com produtos perigosos conforme codificação brasileira de desastres (COBRADE). 63 Quadro 4 - Classificação dos desastres relacionados a produtos perigosos conforme Codificação Brasileira dos Desastres - COBRADE Tipo do desastre Tecnológico (2) Grupo Desastre relacionados a produtos perigosos (2) subgrupo Desastre em plantas e distritos industriais e parques de armazenamentos e extravasamento de produtos perigosos (1) Tipo Liberação de produtos químicos para a atmosfera causada por explosão ou incêndio (1) Subtipo (0) Definição Liberação de produtos químicos diversos para o ambiente, provocada por explosão ou incêndio em plantas industriais ou outros sítios COBRADE 2.2.1.1.0 Fonte: Anexo V da Instrução Normativa No 2 de 22 de dezembro de 2016 (MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL, 2016) Nota: a numeração entre parênteses compõe o código COBRADE com produtos perigosos A classificação de interesse para esta pesquisa é ‘acidente industrial’ adotado pelo EM-DAT e o ‘desastres relacionados a produtos perigosos’ do COBRADE. Vale notar, no entanto, que apesar da ampla definição dada ao COBRADE 2.2.1.1.0, esta classificação não considera eventos de ‘envenenamento’, como adotado no EM- DAT. Os envenenamentos são desastres causados por vazamentos de produtos químicos que formam nuvens tóxicas e levam pessoas à morte instantaneamenteou a curto prazo de tempo, como o caso do desastre de Bhopal. As nuvens tóxicas podem alcançar longas distâncias do ponto de vazamento com concentrações letais, formando zonas de risco. Existem vários produtos químicos na indústria que possuem potencial para gerar nuvens tóxicas, os mais comuns são a amônia anidra e o cloro, devido a sua aplicação para refrigeração em indústrias de alimentos e em processos de oxidação, respectivamente. Há uma lista de produtos químicos classificados como ‘tóxicos’ (ver Anexo Apêndice I) na norma P4.261 da CETESB (2011) que devem ser considerados nos EARs para licenciamento ambiental, demonstrando que nuvens tóxicas a partir de vazamentos de produtos químicos perigosos são eventos acidentais de interesse para a avaliação do risco. Desta forma, a definição COBRADE para desastres com produtos perigosos não seria totalmente adequada para esta pesquisa, pois não abrange a questão de vazamentos de produtos químicos tóxicos e 64 consequentemente excluiria zonas de risco que devem ser consideradas no PGT e em planos públicos de contingência. No entanto, apesar da COBRADE não ser totalmente abrangente, o termo ‘acidente industrial com produtos perigosos’ foi adotado nesta pesquisa por ser uma codificação nacional. 3.4 Os acidentes industriais: o despertar da consciência O histórico de acidentes industriais (Quadro 5) demonstra claramente como suas consequências podem ser severamente amplificadas pela presença de pessoas nas adjacências de estabelecimentos com produtos químicos perigosos (COZZANI et al., 2006). Isto tem instigado alguns países, tais como, Países Baixos, Reino Unido, Itália e França, a adotarem políticas públicas para o planejamento e gestão de seus territórios e a tratarem a regulamentação como um dos elementos essenciais para a prevenção de acidentes industriais (MA et al., 2015). 65 Quadro 5 - Principais acidentes industriais que marcaram a história desde 1970 Descrição do acidente Local/ Empresa Ano Consequências/ Danos Comentários da autora Explosão de ciclohexano na planta de caprolactama (inflamável) Flixborough, Reino Unido/ Nypro Ltd. 1974 28 mortes, 104 feridos, US$ 412 milhões danos materiais(1) Este acidente identificou várias lições aprendidas, tais como: manter distância segura entre indústria e população (o número de vítimas poderia ter sido maior se a planta química estivesse em área urbana), limitação do inventário do produto perigoso e elaboração de plano de emergência. Vazamento de 2,3,7,8- tetraclorodibenzo-p-dioxina na planta de herbicidas (tóxico) Seveso, Itália/ ICMESA 1976 Morte de animais, pessoas doentes, abortos espontâneos(1) Este acidente estimulou as Diretivas da União Europeia de 1982,1996 e 2012, que levaram o nome de Seveso I, II e III. Explosão no terminal de armazenamento de GLP (inflamável) Cidade do México, México/ PEMEX 1984 Mais de 500 mortes e destruição do terminal(1) O terminal de GLP estava localizado em área urbana. Este tipo de terminal existe no PPABC. Vazamento de metil isocianato que em contato com a água gerou gás cianeto em Planta de pesticidas (tóxico) Bhopal, Índia/ Union Carbide India Ltd. 1984 De 3150 a 4000 mortes37, milhares de pessoas intoxicadas(1) Maior acidente industrial em número de fatalidades. Presença de assentamentos precários ao redor da planta. Este acidente juntamente com o da Cidade do México estimulou regulamentações na União Europeia para o controle de uso e ocupação do solo ao redor de plantas químicas. Incêndio por vazamento em oleoduto (inflamável) Vila Socó, Brasil/ Petrobras 1984 93 a 500 mortes38 Havia um assentamento irregular onde o oleoduto estava instalado. Há dutos no PPABC. Incêndio por vazamento em oleoduto (inflamável) Jesse, Nigéria/ - 1998 1082 mortes(2) Maior desastre do gênero já registrado. A grande maioria das mortes está associada com o furto de petróleo e combustível(2). Há dutos no PPABC. Explosão em fábrica de material pirotécnico (explosivo) Enschede, Países Baixos/ Fireworks 2000 25 mortes, 3 mil feridos, 2000 desabrigados(2) A fábrica estava localizada em área densamente povoada. Este acidente levou os Países Baixos a revisarem seu programa nacional de segurança química, que atualmente se baseia nos resultados dos EARs. Explosão de nitrato de amônio na fábrica de fertilizantes (explosivo) Toulouse, França/ AZF 2001 31 mortes, 3 mil feridos, 500 casas destruídas(3) Estimulou debates e regulamentação na França e na União Europeia sobre o planejamento territorial ao redor de plantas químicas. Explosão de óxido de etileno (inflamável) Terragona, Espanha/IQOXE 2020 3 mortes e 8 feridos(4) Uma das mortes foi causada por fragmento da explosão que se deslocou 2 km do epicentro do acidente. O óxido de etileno é produzido no PPABC. Detonação de 2750 ton de nitrato de amônio (explosivo) Beirute/ Porto de Beirute 2020 Mais de 100 mortes, 4000 feridos Maior desastre em termos de danos materiais. A onda de choque alcançou 3km de distância. Registro de terremoto de 3,3 de magnitude. Fontes: (1) Lees (2005); (2) EM-DAT (CRED, 2019); (3) Taveau (2010), (4) Reuters (2020). Comentários da autora. 37 Conforme Lees (2005) o número de mortes atribuído ao acidente de Bhopal é incerto. 38 “Muitos moradores visando conseguir algum dinheiro com a venda de combustível, coletaram e armazenaram parte do produto vazado [...]” do oleoduto da Petrobras, resultando em 93 mortes oficiais, porém há relatos de que o número seja superior a 500 vítimas fatais (CETESB, 2019) 66 Não obstante ao teor trágico e por mais paradoxal que pareça ser, os acidentes industriais segundo Passos (2002), despertam a atenção dos órgãos públicos, do setor privado e da sociedade para a necessidade de programas de prevenção de acidentes mais eficientes e de sistemas mais rígidos de gerenciamento de riscos, voltados para a segurança das pessoas e para melhor qualidade ambiental. Alguns acidentes, sobretudo, deixaram marcas históricas, mostrando que, apesar de todo o conhecimento técnico para o controle dos processos produtivos por parte das indústrias, ainda se trilha o caminho de ‘deixar acontecer para depois ver o que fazer’. Entre os acidentes industriais de maior magnitude ocorridos até o momento, há dois casos em particular que trazem elementos importantes para uma reflexão sobre o planejamento territorial ao redor de plantas químicas. Um dos primeiros acidentes que marcou a história ocorreu na cidade de Seveso, localizada a aproximadamente 22 quilômetros de Milão, ao norte da Itália. Em 10 de Julho de 1976 uma das substâncias químicas mais tóxicas conhecida até o momento, chamada TCDD39, um tipo de dioxina, vazou da planta de produção de herbicida da empresa italiana Industrie Chimiche Meda Societa Azionara (ICMESA) associada com outras duas empresas suíças, deixando muitas pessoas intoxicadas, áreas contaminadas e levando vários animais à morte (LEES, 2005). Quando a ICMESA se instalou na área, em 1946, a mesma era cercada por campos e bosques, mas 30 anos depois Seveso tinha 17 mil habitantes e muitos viviam próximos à planta química da ICMESA em assentamentos irregulares (LEES, 2005). Embora esse acidente não tenha registrado fatalidades imediatas ao vazamento, ele mostrou o total despreparo da indústria e das autoridades para lidar com a situação de emergência, o que resultou em atropelos e impactos sociais locais negativos. Conforme Lees (2005), a empresa demorou em anunciar a necessidade de evacuação das pessoas das zonas de risco, pois a mesma foi iniciada somente 14 dias após o vazamento, além disso, os mapas que indicavam as zonas de risco foram questionados pela população, visto que as áreas eram delimitadas por linhas retas coincidentes com os limites políticos-administrativosou com elementos naturais da região; ademais, várias famílias ficaram sem suas casas, pois as mesmas foram destruídas durante os trabalhos de descontaminação. 39 TCDD é a substância química 2,3,7,8-tetraclorodibenzo-p-dioxina. O TCDD quando ingerido, inalado ou contato com a pele pode provocar queimaduras da pele, erupções cutâneas, danos ao fígado, sistema urinário e nervoso. Existem vários graus de evidência para suas propriedades cancerígenas, mutagênicas e teratogênicas (LEES, 2005). 67 Entretanto, conforme Centemeri (2010) a questão que mais suscitou controvérsia foi sem dúvida a decisão das autoridades regionais em permitir abortos terapêuticos às mulheres grávidas que residiam nas áreas contaminadas, temendo os presumíveis efeitos teratogênicos da dioxina. A Itália vivia naquele momento um debate sobre a despenalização do aborto e Seveso estava localizado em um território de tradição cultural e política católica, o que explica os conflitos gerados na população pelas autoridades com a permissão dos abortos. “Deste modo, questões cuja natureza era inextrincavelmente política, científica e social foram reduzidas a problemas técnicos” (CONTI, 1977, apud CENTEMERI, 2010, p. 67). O acidente de Seveso foi chamado por Van Eijndohoven (1994, apud CENTEMERI, 2010) de o ‘desastre da informação’. A zona afetada pelo acidente foi transformada em 1996 num parque urbano, o Bosque dos Carvalhos, e em 2004 foi inaugurado o ‘Percurso da Memória’ com painéis que contam a história do desastre (BOSCO DELLE QUERCE, 2020). Este desastre ‘batizou’ as principais diretrizes da União Europeia que tratam dos riscos de acidentes graves nas atividades industriais. Contudo, um acidente de maior magnitude ainda estava por vir e seria considerado o pior caso em número de fatalidades já registrado até o momento. Em 3 de dezembro de 1984 na planta de pesticidas da empresa americana Union Carbide Índia Ltda, localizada na cidade de Bhopal, Índia, ocorreu o vazamento de uma substância química chamada metil-isocianato40, que em contato com a água gerou o gás cianeto, altamente tóxico, levando à morte em torno de 5.200 pessoas41 e milhares incapacitadas permanente ou parcialmente (SUPREME COURT OF INDIA CIVIL APPELATE JURISDICTION, 2006). A Union Carbide estava instalada em área urbana densamente povoada com vários assentamentos precários em seus arredores. Embora muitos fossem originalmente irregulares, em 1984 o governo Indiano forneceu o direito de posse aos moradores para evitar ter de expulsá-los, sem saber que os estariam deixando à mercê de uma tragédia (LEES, 2005). Esse desastre em especial foi marcado por um conflito de opiniões entre os médicos sobre 40 O metil-isocianato é um gás irritante e pode causar edema pulmonar. Ele se decompõe no corpo humano e forma o cianeto, que por sua vez causa asfixia celular (LEES, 2005). 41 O número exato de fatalidades é incerto, já que o governo indiano informou 1754 mortes em 1986, 3150 em 1989 e 4000 em 1994 (LEES, 2005). Em 2006, apesar de a petição inicial indicar 15248 fatalidades, a suprema corte da Índia chegou à conclusão de que somente 5207 casos tinham realmente nexo com a exposição ao gás, e ordenou uma indenização de 470 milhões de dólares às vítimas (SUPREME COURT OF INDIA CIVIL APPELATE JURISDICTION, 2006). 68 o tratamento adequado à população exposta, visto que os legistas informaram haver forte evidência de envenenamento por cianeto, porém os médicos que faziam o atendimento nos hospitais não tinham total certeza deste mesmo diagnóstico. O tratamento com o antídoto tiossulfato de sódio; normalmente utilizado para intoxicações por cianeto; foi estabelecido pelas autoridades médicas somente dois meses após o desastre. Em 1987 a empresa fez um acordo de indenização das vítimas no valor de 470 milhões de dólares, que foi refutado pelas mesmas nos tribunais norte-americanos, no entanto, a suprema corte dos Estados Unidos decidiu que elas não tinham legitimidade para fazê-lo (LEES, 2005). Segundo Patel42 (2015), o desastre de Bhopal foi marcado por duas tragédias: a primeira foi o evento catastrófico em si e a segunda foi o aumento progressivo do número de mortes para mais de 20 mil nos últimos 30 anos. Ele responsabiliza o crescente número de vítimas ao longo do tempo à falta de remediação do local contaminado, o que ilustra o fracasso do papel do Estado na estipulação de regulamentações apropriadas, tanto para a operação da planta química, quanto para a preparação e resposta ao desastre. Conforme Patel, o Estado Indiano não representou de maneira justa as vítimas do desastre de Bhopal e usou em vários momentos o seu poder ‘coercitivo’ (2015). Dentre muitas das ações autoritárias e coercitivas narradas por Patel, destacam-se que o governo indiano segurou a indenização recebida da Union Carbide durante muito tempo (até hoje as vítimas não receberam os valores estabelecidos), não promoveu a participação de ativistas, blindou a Union Carbide de qualquer responsabilidade e não exigiu a remediação do local contaminado. Além disso, o governo da Índia suspendeu a investigação científica sobre a causa do acidente e se recusou a divulgar publicamente qualquer informação (PATEL, 2015). Apesar desses casos históricos mostrarem a importância das regulamentações para o planejamento territorial ao redor de plantas químicas e da preparação e resposta às emergências, ainda hoje são encontrados polos industriais em áreas 100% urbanizadas e com assentamentos precários ao redor, como o caso do PPABC. 42 Nehal A. Patel defende o envolvimento de pesquisadores com as teorias de Gandhi nos estudos acadêmicos sobre desastres, a dizer: Teoria do Estado, Crítica da Industrialização e Teoria da Tutela (PATEL, 2015). 69 Como observado por Basta (2011) há uma ‘desconexão’ entre os regulamentos urbanos e as regulamentações que tratam da segurança das plantas químicas. Contudo, o que os dados estatísticos atuais de acidentes industriais revelam? Os dados do EM-DAT para o período de 2005 a 2019 (Tabela 5) mostram que os acidentes industriais, dentre os diversos tipos de desastres tecnológicos, são os que mais causaram perdas materiais, com 23,5 bilhões de dólares43, enquanto que os acidentes nos transportes (ar, rodovia, ferrovia e água) são os que mais apresentaram número de casos (2,2 mil ocorrências), bem como de mortes e feridos, tendo sido responsáveis por 69% das ocorrências, 68% do número total de morte e 42% do número total de feridos no período. Já os ‘acidentes diversos’ causaram maior número de desabrigados no período analisado. Encontravam-se classificados no EM-DAT como ‘acidentes diversos’: incêndios e explosões em edificações (igrejas, clubes, favelas, hospitais, orfanatos, prisões, entre outros), colapso de estruturas (edifícios, pontes, etc.), explosões com fogos de artifício, explosões e incêndios em posto de combustíveis, entre outros. Tabela 5 - Perfil epidemiológico dos diversos tipos de desastres tecnológicos entre janeiro de 2005 a julho de 2019, conforme EM-DAT Tipo de desastre tecnológico Número de ocorrências Total de mortes Total de feridos Total de desabrigados Perda material Acidente industrial 524 16.027 17.303 53.791 US$ 23,5 bilhões Acidente transporte 2.249 70.580 38.534 100 US$ 390 milhões Acidentes diversos 505 17.292 36.743 230.429 US$ 273 milhões Total 3.278 103.899 92.580 284.320 US$ 24,1 bilhões Fonte: CRED (2019) Os dados específicos dos acidentes industriais do EM-DAT (Figura 11) mostram que o número de ocorrências anuais foi crescente até o ano de 2004, com um valor máximo de 81 casos, passando a decair após esse ano44. Atualmente os 43 O acidente no Golfo do México em 2010 foi o responsável por 20 milhões de dólares do total dasperdas materiais no período de 2005 a 2019 (EM-DAT, 2019). 44 O CRED informou em agosto de 2019, após consulta por email, que não há estudo que pudesse explicar a queda nos registros de acidentes industriais após 2005. 70 acidentes industriais aparecem com 17 casos reportados até julho de 2019, que correspondem ao mesmo valor do ano de 1985. Figura 11 – Distribuição do número de casos de acidentes industriais por ano no período entre 1980 e 2019, conforme EM-DAT Fonte: CRED (2019) Conforme apresentado na Figura 12, as explosões e os incêndios são os tipos de acidentes industriais mais representativos, totalizando juntos 64% das ocorrências no período entre janeiro de 1980 a julho de 2019, seguido do colapso de estruturas (11% do total do período), como barragem de rejeitos de mineração, andaimes e minas de exploração. Quanto aos vazamentos, a amônia e o cloro aparecem predominantemente nos registros de vazamento de gás, enquanto, que, extensa variedade de produtos químicos aparece nos demais registros de ocorrências de vazamento químico, desde cianeto, estireno, cloreto de vinil e GLP. 81 casos em 2004 17 casos em 2019 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 N ú m er o d e ca so s d e d es as tr es / an o 71 Figura 12 – Distribuição do número de casos entre os diversos tipos de acidentes industriais no período entre 1980 e 2019 Fonte: banco de dados EM-DAT (CRED, 2019) Com relação aos registros de acidentes industriais no Brasil, o que se percebe é que há poucos bancos de dados organizados e de livre acesso. A Secretaria Executiva do P2R245 organizou dados nacionais de vazamentos, explosões e incêndios ocorridos entre 2006 e 2010 (Figuras 13 e 14). Os dados foram recebidos de órgãos estaduais de meio ambiente, defesa civil, corpo de bombeiros, polícia rodoviária federal, IBAMA, polícia ambiental, empresas de atendimento à emergência e Associação Brasileira das Indústrias Químicas (ABIQUIM) (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2011). 45 O Plano Nacional de Prevenção, Preparação e Resposta Rápida a Emergências Ambientais com Produtos Químicos Perigosos (P2R2) foi criado pelo Decreto 5098 de 2004 com o objetivo de prevenir a ocorrência de acidentes com produtos químicos perigosos e aprimorar o sistema de preparação e resposta a emergências químicas no País (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2007). 11% 6% 49% 15% 0,4% 4% 1% 7% 8% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% D is tr ib u iç ão d o n ú m er o d e ca so s 72 Figura 13 – Distribuição do número de acidentes graves com produtos químicos perigosos, segundo o tipo de instalação. Período de 2006 a 2010 Figura 14 – Distribuição do número de acidentes graves com produtos químicos perigosos, segundo o tipo de produto químico. Período de 2006 a 2010 Fonte: Ministério do Meio Ambiente (2011) Fonte: Ministério do Meio Ambiente (2011) 73 Os dados apresentados na Figura 13 evidenciam o transporte rodoviário como o maior responsável pelos casos de vazamentos de produtos perigosos, enquanto que os dados da Figura 14 apontam que os produtos químicos que mais vazaram no período entre 2006 e 2010 foram: óleo diesel, gasolina, álcool e GLP (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2011). O estudo elaborado por Spadoni, Egidi e Contini (2000) para a região Emília- Romagna na Itália, revelou que, apesar do alto número de casos de acidentes no transporte rodoviário, estes poderiam ser reduzidos se houvesse regulamentação específica e construção de novas estradas na Itália. O estudo mostrou também que o transporte de produtos perigosos por dutos mostrava-se mais seguro, se comparado com outros modais logísticos, como o rodoviário e o ferroviário (SPADONI; EGIDI; CONTINI, 2000). Apesar do transporte de produtos perigosos por dutos ser considerado por muitos estudiosos como ‘seguro’; visto que são raros os episódios de vazamentos em oleodutos e gasodutos por falha da instalação ou falha operacional; este modal de transporte tem enfrentado uma ameaça externa: o furto de combustíveis. Esta atividade ilegal é a oitava mais rentável no mundo, movimentando em torno de 12 bilhões de dólares, superando o tráfico de armas, tráfico de órgãos e de bens culturais (GLOBAL FINANCIAL INTEGRITY, 2017). É mais comum na Nigéria, Rússia, México, Indonésia, Síria e Colômbia, mas já chegou ao Brasil em níveis preocupantes (SENADO FEDERAL, 2017). O caso mais recente ocorreu em 2019 no México com 66 fatalidades, porém o de maior magnitude mundial ocorreu em 1998 na cidade de Jesse na Nigéria, com 1082 mortos (CRED, 2019). Em 2016, 90% das ocorrências de vazamentos de dutos na Europa foi atribuída à atividade externa intencional, ou seja, terrorismo, vandalismo ou furto (CONCAWE, 2018). O furto de combustível põe em risco a vida não só daqueles que cometem o ato, como também da população presente nas áreas próximas ao local de perfuração ou do armazenamento do produto inflamável furtado (ALVES, 2019). Há casos de fatalidades associadas com o furto de combustível em dutos; seja pela ação direta de perfuração duto ou pela oportunidade de armazenamento do produto vazado por falhas na instalação (ALVES, 2019). Desta forma, o furto de combustível deixou de ser uma causa episódica de vazamento, para tornar-se um dos principais fatores de danos em oleodutos, onde estudos de confiabilidade e de análise de risco aplicados rotineiramente, não são adequados para 74 proteger a instalação de ataques intencionais, em especial, quando se tem um adversário inteligente e adaptável, que pode adotar estratégias ofensivas diversas para desabilitar medidas de proteção (ALVES, 2019). Em resumo, os dados do EM-DAT indicam que os acidentes industriais causaram desde o ano de 2005, mais de 16 mil mortes, 17 mil feridos, 53 mil desabrigados e perdas materiais em torno de 23,5 bilhões de dólares, porém observa-se queda de casos de acidentes após o ano de 2005, com 17 casos em 2019, contra 81 casos em 2004 (maior número de casos em um ano desde 1900, período inicial dos registros do EM-DAT). As explosões e os incêndios são responsáveis pela maior parte dos cenários acidentais ocorridos, enquanto, que, a amônia e o cloro são predominantes nos vazamentos químicos. Vale notar que a amônia e o cloro são encontrados na listagem de substâncias tóxicas da norma P4.261 da CETESB (2011). Apesar dos dados disponibilizados pelo Ministério do Meio Ambiente estarem desatualizados (os dados mais recentes são de 2010), há convergência com os dados do EM-DAT. Isto posto, não é possível ignorar o potencial danoso dos incêndios, explosões e nuvens tóxicas. 3.5 As lições aprendidas com os acidentes industriais Muitas lições foram aprendidas com os acidentes industriais ocorridos no passado. As indústrias aproveitaram essas experiências para investigar os acidentes46 e identificar deficiências técnicas e avançar em questões técnicas e operacionais; muitas vezes resultando no desenvolvimento de novas tecnologias, sempre apoiadas na engenharia e outras disciplinas das ciências exatas. Dentre as lições assimiladas pelo setor industrial, Lees (2005) aponta algumas que são comuns aos vários desastres47 e que estão relacionadas com o PGT, quais sejam: 46 A investigação de acidentes é parte integrante do PGR exigido das indústrias nos processos de licenciamento ambiental (CETESB, 2014) As lições aprendidas com os acidentes devem ser divulgadas e compartilhas internamente e externamente à empresa, além disso, não há desculpa para não há desculpa para ignorar as ‘lições aprendidas’ com os incidentes (LEES, 2005, p. 1/9). 47 Lees (2005) apresenta as lições aprendidas com casos históricos ocorridos entre 1974 e 1986. Dentre os casos mais conhecidosestá a Usina Nuclear de Chernobyl, a explosão da plataforma de petróleo Piper Alpha, o vazamento de Bhopal, a explosão no Terminal de GLP na Cidade do México, o vazamento de Seveso e a explosão do caminhão-tanque com propileno em São Carlos de La Rapita. 75 • Controle de uso e ocupação do solo nas áreas vizinhas às instalações industriais perigosas: A distância segura até pontos vulneráveis é citada na literatura como a ‘única garantia de segurança’ para a proteção das pessoas vulneráveis (TAVEAU, 2010; BASTA, 2009; BASTA et al., 2007; CAHEN, 2006; LEES, 2005; HSE, 1989). Muitas das indústrias que registraram alto número de fatalidades estavam cercadas de moradias; como os casos históricos de Seveso, Bhopal, Toulouse e Cidade do México (LEES, 2005); porém na época da construção das indústrias não havia pessoas nas proximidades, no entanto, ao longo do tempo, com a falta de controle e de regulamentação restritiva para o uso e ocupação do solo, muitos assentamentos se consolidaram nas adjacências de indústrias perigosas (BASTA, 2009; BASTA et al., 2007; DECHY et al., 2004). A ocupação irregular ao redor de instalações perigosas também é apontado como um fator que amplia a vulnerabilidade e o número de fatalidades nos desastres, como os casos de Bhopal, Cidade do México e Vila Socó em Cubatão (PORTO; FREITAS, 2003). No caso de Toulouse havia 1130 pessoas vivendo na zona de efeitos letais (900 metros) e 16 mil pessoas na zona de efeitos irreversíveis (1600 metros), tais zonas haviam sido delimitadas para uso residencial, porém após o desastre mostraram ser insuficientes (DECHY et al., 2004). • Compartilhamento de informações de risco com autoridades e o público: um dos grandes obstáculos na rápida resposta aos acidentes é a falta de informações sobre os produtos químicos, zonas de risco e tipos de cenários acidentais, se incêndio, explosão ou nuvem tóxica (LEES, 2005). Os casos de Seveso em 1976 e Bhopal em 1984 demonstraram que as empresas não haviam disponibilizado informações suficientes para as autoridades e para o público (BASTA, 2009). O desconhecimento das informações de segurança dos produtos químicos tem sido uma das causas de fatalidades de brigadistas e bombeiros, haja vista o acidente ocorrido em 12 de agosto de 2015, no porto da cidade de Tianjin, no nordeste da China, que deixou cerca de 170 mortos, na maioria bombeiros, e mais de 700 feridos em estado grave. Segundo a agência Reuters do Brasil “o armazém projetado para abrigar substâncias químicas tóxicas e perigosas, continha, sobretudo nitrato de amônio, nitrato de potássio e carbeto de cálcio” (REUTERS DO BRASIL, 2015). O elevado número de fatalidades provavelmente se deve ao lançamento de água contra o 76 carbeto de cálcio, que é notório por reagir violentamente com água gerando gás acetileno, altamente explosivo e muito mais perigoso que o carbeto de cálcio. A falta de comunicação dos riscos para a população e a falta de informações sobre os cenários acidentais no relatório de segurança, também foram identificadas no acidente de Toulouse como elementos agravantes do desastre (TAVEAU, 2010). Isto motivou a criação de um comitê local em Toulouse envolvendo as partes interessadas, com o objetivo de melhorar o compartilhamento das informações sobre os riscos, porém esforços mais amplos deveriam ser iniciados na França para erradicar a ‘cultura do segredo de risco’ entre funcionários e público (DECHY et al., 2004). Spósito e Poffo (2016) reforçam sobre as graves consequências da postura de resistência por parte das indústrias em divulgar seus riscos, visto que muitos desastres acontecem por falta de compartilhamento de informações com as partes interessadas. • Planos de emergência: muitos dos acidentes evidenciaram a falta de preparo e de resposta rápida das empresas e autoridades durante e após os desastres, devido principalmente, a falta de um plano de emergência estruturado e integrado com as instituições externas à indústria (LEES, 2005). Segundo Basta (2009), as pessoas atingidas no desastre de Bhopal não sabiam como agir quando os alarmes tocaram e os hospitais não estavam preparados para atender os casos de intoxicados. No caso da Cidade do México houve caos no trânsito quando os moradores tentavam fugir da área e os serviços de emergência tentavam entrar (LEES, 2005). Já no caso de Toulouse, o sistema de alerta não funcionou e os planos de emergência interno e externo não estavam preparados para atender o cenário catastrófico que ocorreu, além disso, os 1570 bombeiros e 950 policiais que atuaram no desastre não estavam protegidos adequadamente e não utilizaram aparelhos para detectar a presença de gases tóxicos (DECHY et al., 2004). Spósito e Poffo (2016) realizaram estudo comparativo de experiências com Planos de Resposta à Emergência48 na Argentina, Brasil e Colômbia e perceberam que a população 48 Spósito e Poffo (2016) avaliaram a implantação e operação do programa APELL (Awareness and Preparedness for Emergencies at Local Level) da UNEP (United Nations Environment Programme) em diversos países da América Latina. O Programa APELL teve início em 1988 após uma série de acidentes com produtos químicos perigosos que resultaram em fatalidades, danos ambientais e 77 vulnerável está melhor informada sobre os riscos e mais preparada para agir nas situações de emergenciais quando se tem um Plano de Resposta à Emergência Externo a indústria. Outras deficiências nos planos de emergência evidenciadas nos desastres são: falta de definição de rotas de fuga, clareza no significado dos sinais sonoros do sistema de alerta e informações sobre os efeitos dos produtos químicos nos seres humanos (LEES, 2005). • Descontaminação das áreas impactadas49: os desastres de Seveso e de Bhopal ilustraram como a descontaminação do local é fundamental para que os efeitos danosos dos vazamentos não se prolonguem indefinidamente e continuem fazendo vítimas e impactando o meio ambiente (LEES, 2005). Em 30 de julho de 2003, em virtude do desastre de Toulouse em 2001, a França aprovou a Lei No 699 que estabeleceu uma nova abordagem para os relatórios de segurança e aplicação no PGT. Os cenários acidentais representativos deveriam ter uma abordagem probabilística e não apenas considerar a gravidade dos piores cenários como antes praticado (TAVEAU, 2010). Conforme Taveau (2010), os requisitos da Lei No 699/2003 resultaram em uma melhor estimativa de riscos e os relatórios de segurança passaram a ser elementos-chave para o PGT. Essa lei, segundo Salvi, Merad e Rodrigues: [...] permitiu o envolvimento das partes interessadas no processo de tomada de decisões relacionado com a prevenção de riscos e incitou o desenvolvimento de ferramentas específicas para lidar com a complexidade das questões de gestão de risco, em especial aquelas relacionadas com o ordenamento do território (2005, p. 414, tradução nossa). Contudo, conforme Cahen (2006), a Lei impôs não somente o controle de construções futuras, mas por razões de ameaça extremamente grave à vida humana determinou que construções pré-existentes deveriam ser progressivamente desapropriadas, o que demandaria um orçamento de 2 a 4 bilhões de Euros em 2006. Muitas das deficiências identificadas nas ‘lições aprendidas’ com os desastres tiveram origem em estudos de análise de risco que não consideravam cenários materiais e consiste na preparação e respota à emergências coordenada pela indústria, autoridades e comunidade (UNEP, 2020). 49 Nesta pesquisa foram identificadas áreas contaminadas com produtos químicos perigosos no PPABC apresentadas na Figura 36 e Quadro 8. 78 acidentais de pior caso, isto é, aqueles de maior magnitude, pois apresentavam baixa probabilidade de ocorrência(PALTRINIERI et al., 2012). Paltrinieri et al. desenvolveram um estudo sobre as lições aprendidas com os desastres de Toulouse ocorrido na França em 2001 e de Bucenfield no Reino Unido em 2005 e chegaram à conclusão de que os “[...] acidentes são fenômenos complexos, que não podem ser totalmente explicados, mesmo após investigações [...]” e que são facilitados pela combinação de fatores técnicos, humanos, organizacionais e sociais, que muitas vezes não são identificados em estudos de análise de risco (PALTRINIERI et al., 2012, p. 1411). Com base nas lições aprendidas, observa-se uma tendência na atuação do setor industrial e do setor público no que se refere a GRAI que estão sintetizadas nas Figuras 15 e 16. Figura 15 - Análise crítica da atuação do setor industrial na GRAI Fonte: elaborado pela autora Figura 16 - Análise crítica da atuação do setor público na GRAI 79 Fonte: elaborado pela autora 3.6 A Diretiva Seveso: a imposição ao diálogo Enquanto as indústrias encontravam um caminho para melhorar a gestão de seus riscos, as instituições governamentais buscaram estabelecer regulamentações para as atividades industriais perigosas. Os desastres industriais influenciaram significativamente a evolução das Diretivas da União Europeia (BASTA, 2009). O Parlamento e o Conselho da Comunidade Europeia preocupados com as consequências dos acidentes industriais de grande magnitude deliberaram uma sequência de regulamentos que levaram o nome do acidente ambiental ocorrido na Itália em 1976: Seveso I - Diretiva 82/501/CCE (CONSELHO DAS COMUNIDADES EUROPEIAS, 1982), Seveso II - Diretiva 96/82/CE (CONSELHO DA UNIÃO EUROPEIA, 1996) e Seveso III - Diretiva 2012/18/UE (PARLAMENTO EUROPEU E DO CONSELHO, 2012). A Diretiva Seveso I em 1982 definiu que as indústrias apresentassem às autoridades competentes uma notificação contendo informações relativas às substâncias químicas, às instalações e um descritivo sobre as possíveis situações de acidente grave, indicando quais medidas seriam tomadas para limitar as consequências ao ser humano e ao meio ambiente. Setor público Concentra-se no licenciamento ambiental Informações de risco não são compartilhadas entre setores publicos Sistema burocrático Ações pouco estruturadas no pós-desastre Tendência em impor condução coercitiva Ausência de políticas públicas para a GRAI no âmbito do PGT 80 Já na Diretiva Seveso II em 1996, as ‘notificações’ tornaram-se relatórios mais detalhados, inclusive com a avaliação da amplitude e gravidade das consequências dos acidentes. A novidade nessa Diretiva é que os Estados Membros deveriam iniciar um controle da urbanização nas áreas próximas às indústrias (Artigo 12), por meio da implantação de políticas públicas restritivas para uso e ocupação do solo, como também aplicar distâncias adequadas entre os estabelecimentos e as áreas vulneráveis aos acidentes, tais como, zonas residenciais, de utilização pública e de interesse ambiental, em particular aquelas mais sensíveis. A participação da população começa a ter destaque nas Diretivas a partir do livre acesso aos relatórios de segurança e da obrigatoriedade da empresa de informar à população exposta qual a conduta a ser adotada em caso de acidente. Em 2003 alguns artigos da Diretiva Seveso II de 1996 (PARLAMENTO E CONSELHO EUROPEU, 2003) foram alterados após uma sequência de acidentes que causaram fatalidade, impactos ao meio ambiente e danos materiais, a dizer: (1) derrame de cianeto e cobre que poluiu o rio Danúbio devido ao rompimento da barragem de rejeitos da mina de ouro em Baia Mare, na Romênia, em Janeiro de 2000, (2) explosões com artigos pirotécnicos ocorrido em Enschede, nos Países Baixos, em Maio de 2000 e (3) explosão da fábrica de fertilizantes em Toulouse, França, em Setembro de 2001. O Artigo 12 que tratava das distâncias seguras foi complementado com novos pontos de interesse, a dizer: edifícios, principais vias rodoviárias e zonas de recreio e lazer. A Comissão Europeia em colaboração com os Estados Membros deram início a elaboração de uma base de dados técnicos que incluía dados de risco e cenários de risco para avaliação da compatibilidade entre os estabelecimentos perigosos e as zonas de interesse. A Diretiva Seveso III em 2012 reforçou as ações para elevar o nível de proteção às comunidades e ao meio ambiente. Os relatórios de segurança deveriam fornecer informações suficientemente claras, para que as autoridades competentes pudessem tomar suas decisões sobre o ordenamento do território, bem como apresentar planos de emergência internos às indústrias e elementos para a elaboração dos planos externos articulados com as instituições públicas. As informações prestadas ao público deveriam ser claras, compreensíveis e ativas, isto é, sem que o público tivesse de solicitá-las, devendo ser permanentes e atualizadas eletronicamente, sem, no entanto, excluir outras formas de divulgação. 81 O que se observa é que as Diretivas Seveso vêm estimulando discussões e sensibilizando muitos pesquisadores a propor e aprimorar métodos para definir distâncias seguras, como também mapear zonas de risco nos arredores dos estabelecimentos perigosos. Portanto, essas Diretivas desafiaram autoridades gestoras do planejamento urbano e do setor industrial a dialogarem sobre uma questão tradicionalmente tratada de forma independente, e como mencionado por Cozzani et al. (2006) o ordenamento do território pela maioria dos Estados Membros até o ano 2000 era realizado sem regulamentação específica e o risco de acidentes industriais não era explicitamente considerado nas políticas públicas de planejamento territorial, evidenciando a grande dificuldade em unir os tomadores de decisão e as partes interessadas. Embora as Diretivas de Seveso tenham desempenhado um papel importante na relação entre o setor industrial e o planejamento territorial, permanecem questões não resolvidas, como por exemplo: Qual seria a ‘distância segura’ para ser apresentada nos mapas de risco? Qual a abordagem metodológica de risco que melhor se traduz em prática para a GRAI no âmbito do PGT? 3.7 As regulamentações sobre acidentes industriais e PGT no Brasil No Brasil, observam-se políticas e regulamentações para acompanhar o movimento internacional no que se refere a gestão dos riscos de desastres. Especificamente, a GRAI no âmbito do PGT, a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil (PNPDEC) estabelecida na Lei No 12.608/2012 (BRASIL, 2012) e o Plano Nacional de Prevenção, Preparação e Resposta Rápida em Emergências Ambientais com Produtos Químicos Perigosos - P2R2 estabelecido no Decreto 5.098/2004 (BRASIL, 2004) são as principais regulamentações. Há ainda o Estatuto da Metrópole, estabelecido na Lei Federal No 13.089 de 2018 (BRASIL, 2018), que define, entre outros objetivos50, as diretrizes para o desenvolvimento de um Plano de 50 De acordo com Santos (2018), o Estatuto da Metrópole é um diploma normativo inovador para fomentar o desenvolvimento regional que apresenta quatro objetivos: (1) estabelecer diretrizes para o planejamento, gestão e execução das funções públicas de interesse comum em regiões metropolitanas e em aglomerações urbanas, (2) definir normas para a elaboração do Plano de Desenvolvimento Urbano Integrado (PDUI), (3) definir normas para a elaboração dos instrumentos de governança interfederativa, e (4) estabelecer critérios para o apoio da União a ações de governança interfederativa. https://www.pdui.sp.gov.br/rmsp/wp-content/uploads/2018/01/MEDIDA-PROVIS%C3%93RIA-N%C2%BA-818-DE-11-DE-JANEIRO-DE-2018-Di%C3%A1rio-Oficial-da-Uni%C3%A3o-Imprensa-Nacional.pdf 82 Desenvolvimento Urbano Integrado (PDUI) para as Regiões Metropolitanas eAglomerações Urbanas. A PNPDEC (BRASIL, 2012) abrange as ações de prevenção, mitigação, preparação, resposta e recuperação voltadas à proteção e defesa civil na ocorrência de desastres, devendo integrar-se às políticas de ordenamento territorial e desenvolvimento urbano, com vista a promoção do desenvolvimento sustentável. A PNPDEC estabelece as competências da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, porém, compete aos Municípios incorporar as ações necessárias no planejamento municipal. Resumidamente, as ações que competem ao Município são: • identificar e mapear as áreas de risco de desastres; além de promover a fiscalização e vedar novas ocupações nessas áreas; • vistoriar edificações e áreas de risco, promovendo, quando for o caso, a evacuação da população das áreas de alto risco ou das edificações vulneráveis; • manter a população informada sobre áreas de risco e ocorrência de eventos extremos, bem como sobre protocolos de prevenção e alerta e sobre as ações emergenciais em circunstâncias de desastres; • realizar regularmente exercícios simulados, conforme Plano de Contingência de Proteção e Defesa Civil; • estimular a participação de entidades privadas, associações de voluntários, clubes de serviços, organizações não governamentais e associações de classe e comunitárias. Merece destaque a competência do município no que se refere a elaboração de “carta geotécnica de aptidão à urbanização, estabelecendo diretrizes urbanísticas voltadas para a segurança dos novos parcelamentos do solo” (BRASIL, 2012). A Lei No 12.608/2012 por conseguinte, define ações desafiadoras para os municípios, “justamente eles os entes federados mais frágeis, tanto em termos de capacidade econômica, quanto técnico-administrativa” (NOGUEIRA; OLIVERIA; CANIL, 2014). Além do mais, apesar da ampla abrangência da PNPDEC, a Lei No 12.608 não está declaradamente voltada aos desastres tecnológicos (LOPES, 2017), sendo observada citações sobre áreas de deslizamento, inundações, processos geológicos e hidrológicos, que caracterizam os desastres naturais. No entanto, a Lei traz à tona 83 uma importante diretriz para a Gestão de Risco de Desastres: a integração com as políticas de ordenamento do território. A Lei 12.608/2012 aponta a necessidade da integração entre políticas de ordenamento territorial com as políticas de gestão de riscos e representa a busca por transformações e mudanças nos procedimentos, projetos e ações que, desde a década de 1970, vinham ocorrendo separadamente, tanto nas ações de prevenção de risco, quanto nas propostas do planejamento urbano e regional” (LOPES, 2017, p. 26) Já o ‘Plano Nacional de Prevenção, Preparação e Resposta Rápida em Emergências Ambientais com Produtos Químicos Perigosos - P2R2’ reconhece a importância da informação, participação, prevenção, precaução, reparação e o princípio do poluidor-pagador (BRASIL, 2004). O Plano Nacional P2R2 conta com quatro instrumentos básicos: (1) mapeamento das áreas de risco, (2) sistema de informação, (3) mecanismos financeiros e (4) planos de ação de emergência. O mapeamento das áreas de riscos consiste na: [...] identificação, caracterização e mapeamento das áreas e atividades que efetiva ou potencialmente, apresentem risco de ocorrência de acidente de contaminação ambiental, decorrente de atividades que envolvam produtos perigosos [...] (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2007, p. 6). De acordo com o P2R2, os mapas resultantes devem ser georreferenciados e abranger todo o território nacional, considerando as bacias hidrográficas. Já os planos de emergência consistem na definição de sistemas, ações, procedimentos e iniciativas de preparação e resposta dos órgãos públicos e privados para atendimento integrado à acidentes com produtos químicos perigosos (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2007). Vale mencionar que o Ministério do Meio Ambiente realizou um levantamento preliminar, entre 2003 e 2004, e identificou várias dificuldades para o enfrentamento das emergências ambientais, a dizer: “disponibilidade e qualificação de recursos humanos, deficiência de infraestrutura operacional, insuficiência de sistemas de informação” e falta de “gestão integrada dos diversos atores” (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2007, p. 8). Desde 2004, ano da promulgação do Decreto 5.098, até 2012 no ‘Seminário Diálogos Setoriais para Ações de Prevenção Perigosos’ ocorrido em Brasília, poucos Estados do Brasil haviam logrado mapear as áreas de risco ambiental de seu território, apesar dos 10 projetos em andamento na época, limitando-se aos Estados do Acre, Mato Grosso do Sul, Pernambuco e São Paulo, porém somente o Acre relatou ter 84 aplicado criteriosamente a metodologia do P2R2, os demais estavam iniciando esse trabalho ou haviam mapeado algumas de suas principais rodovias (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2013). É importante ressaltar que o P2R2 surgiu a partir da constatação da deficiência de atendimento à emergência por ocasião do rompimento da barragem de resíduos com substâncias químicas perigosas, ocorrido em 29 de março de 2003, no município de Cataguazes, estado de Minas Gerais, que atingiu os rios Pomba e Paraíba do Sul. Portanto, os principais focos do P2R2 são vazamentos que possam impactar sítios frágeis ou vulneráveis e áreas contaminadas e/ou passivos ambientais. Não é sem razão que a principal fonte de informação do P2R2 são as cartas de sensibilidade ambiental51 a derramamentos de óleo em áreas costeiras e marinhas, bem como informações sobre bacias hidrográficas. Desta forma, mapas de risco elaborados a partir da metodologia do P2R2 não seriam completamente adequados para o planejamento territorial e atendimento à emergência da população em caso de incêndio, explosão e nuvem tóxica, pois não há um instrumento apropriado de consulta para definir e mapear as zonas de risco à saúde humana. Quanto ao Estatuto da Metrópole (BRASIL, 2018), nota-se que a sua maior contribuição para a GRAI no âmbito do PGT está relacionada com o desenvolvimento do PDUI e sua integração com os planos diretores municipais. PDUI é definido no §1º do Artigo 12 do Estatuto da Metrópole (Lei No 13.089/2018) como um: [...] instrumento que estabelece, com base em processo permanente de planejamento, viabilização econômico-financeira e gestão, as diretrizes para o desenvolvimento territorial estratégico e os projetos estruturantes da região metropolitana e aglomeração urbana [...] (BRASIL, 2018, p. §1º, Art. 12 ). A RMSP iniciou a elaboração de seu PDUI em outubro de 2015, articulado com o Estado de São Paulo e os 39 municípios que compõem a RMSP. Várias etapas foram cumpridas desde então, contando com a participação da sociedade civil, acompanhamento pelo Ministério Público, promoção de audiências públicas municipais para a discussão do conteúdo, até chegar à validação do caderno preliminar de propostas e da minuta do projeto de lei. Atualmente, a minuta encontra- 51 Desde a promulgação da Lei No 9.966 de 28 de abril de 2000, as cartas de sensibilidade ambiental constituem-se em ferramentas essenciais e fonte primária de informação para o planejamento de contingência e implementação de ações de resposta a incidentes de poluição por óleo (MMA, 2018). 85 se em fase de aprovação pela Assembleia Legislativa do Governo do Estado de São Paulo (CONSELHO DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO, 2020). Quanto ao conteúdo do PDUI/RMSP, observa-se que a RMSP foi dividida em cinco sub-regiões, com os municípios do Grande ABC localizados na sub-região Sudeste. O PDUI/RMSP foi organizado em quatro eixos funcionais52 e contempla os diferentes conteúdos mínimos estabelecidos no Estatuto da Metrópole. Apesar de estar declarado na apresentação do conteúdo do PDUI/RMSP que seja realizada a delimitaçãodas áreas sujeitas a risco de ‘desastre natural’, o Artigo 17 que trata da gestão de riscos ambientais, traz a necessidade de delimitação das áreas com restrição à urbanização relacionadas com riscos tecnológicos, devendo ser consideradas as informações disponíveis em mapeamentos de risco. Em se tratando da regulamentação específica para distanciamentos de instalações industriais, há a Lei No 10.932/2004 (BRASIL, 2004) que dispõe sobre o parcelamento do solo e determina que haja uma reserva de faixa não-edificável vinculada a dutovias, a ser estabelecida: [...] no âmbito do respectivo licenciamento ambiental, observados critérios e parâmetros que garantam a segurança da população e a proteção do meio ambiente, conforme estabelecido nas normas técnicas pertinentes [...] (BRASIL, 2004, p. 1). Apesar dos esforços para a elaboração do PDUI/RMSP, há um debate crítico sobre as limitações de planos diretores municipais como instrumentos urbanísticos verdadeiramente participativos, conforme instituído no Estatuto da Cidade, por meio da Lei Federal No 10.257, de 10 de julho de 2001 (BRASIL, 2001). Klink e Denaldi (2011), por exemplo, argumentam que o planejamento participativo-colaborativo não havia conseguido mudar a trajetória do desenvolvimento desigual das cidades até 2011 e que a participação da sociedade na elaboração dos planos diretores é uma ilusão, tendo em vista a existência de relações de poder e de conflitos em torno do 52 O PDUI/RMSP está organizado nos eixos: (1) Desenvolvimento Econômico, Social e Territorial; (2) Habitação e Vulnerabilidade Social; (3) Meio Ambiente, Saneamento e Recursos Hídricos e (4) Mobilidade, Transporte e Logística. Ele contempla diretrizes para: Funções Públicas de Interesse Comum; parcelamento, uso e ocupação do solo previstas no Ordenamento Territorial; macrozoneamento; delimitação das áreas sujeitas a desastres naturais e sistema de acompanhamento e controle em consonância com a governança metropolitana (CONSELHO DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO, 2020). 86 ambiente construído que dificultam a capacidade transformadora dos processos produtivos. Por outro lado, os recentes desastres naturais ocorridos no Litoral Paulista, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais entre fevereiro e março de 2020 demonstraram que a gestão de risco de desastres no Brasil é ineficiente. A Associação Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental (ABGE, 2020)53 aponta que a Lei No 12.608/2012 não está regulamentada, há ineficiência na fiscalização, falta interlocução entre a gestão pública e a sociedade, bem como, faltam protocolos de comunicação de risco. Além disso, os mapeamentos das áreas de risco realizados por institutos de pesquisa, universidades e empresas não foram incorporados aos planos diretores e de contingência. De acordo com a ABGE (2020, p. 2) é necessário “constituir uma governança para a gestão de riscos por meio de um processo mais participativo, com a integração das políticas setoriais municipais e apoio dos níveis do governo estadual e federal”. Portanto, faltam ações preventivas no âmbito do planejamento urbano e regional para que os terrenos sejam ocupados com segurança, além de medidas mitigadoras para a recuperação de áreas e a remoção de pessoas em casos extremos (ABGE, 2020). Tais críticas revelam deficiências nos processos de gestão de risco de desastres naturais que podem ser aplicadas à GRAI. Para Lopes, a GRAI no âmbito do PGT é uma temática nova e complexa, pois envolve a integração horizontal entre diversos setores e vertical entre diferentes níveis de governo (LOPES, 2017). Não há integração de políticas públicas no Brasil que efetivamente integre os EARs no PGT, o que resulta na inviabilidade de um empreendimento industrial devido a ocupações indiscriminadas de áreas vizinhas (LOPES, 2017). Além disso: [..] os principais gargalos deste processo são: vontade política e apropriação por parte da sociedade. É preciso autoridades políticas, neste caso, municipais, exercerem a liderança no processo de planejamento e ordenamento do território, buscarem resoluções duradouras para os conflitos, adotarem um enfoque participativo, aplicarem critérios territorial [...] (LOPES, 2017, p. 112). Ainda que a GRAI no âmbito do PGT seja um tema sem regulamentação específica; salvo o mapeamento de risco do P2R2 com ressalvas quanto às fontes de 53 A ABGE é uma instituição de classe composta por especialistas em gestão de risco de desastres relacionados com movimentos de massa (corridas e deslizamentos) e inundações (nota da autora). 87 informação e de metodologia para o mapeamento de áreas de risco; o Estatuto da Metrópole e o PDUI/RMSP abrem uma oportunidade para a inclusão do mapeamento de risco nos planos diretores e de instrumentos para o ordenamento do território nos planos de desenvolvimento urbano. 3.8 O que são Estudos de Análise de Risco (EAR)? Estudos de Análise de Risco (EAR); também conhecidos por Análises Quantitativa de Risco (AQR) ou Quantitative Risk Assessment (QRA); são definidos como “estudos quantitativos de risco de um empreendimento, baseados em técnicas de identificação de perigos, estimativa de frequências e de efeitos físicos, avaliação de vulnerabilidade e na estimativa do risco” (CETESB, 2011, p. 5). O caráter preventivo do EAR possibilita o diagnóstico, a avaliação e a redução do risco imposto ao meio ambiente e ao homem, por meio de medidas de mitigação e de gerenciamento (CETESB, 2019). No Brasil, a Resolução CONAMA No1 de 23/01/1986 definiu a obrigatoriedade da apresentação de Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e os EAR passaram a ser solicitados nos processos de licenciamento para determinados tipos de empreendimentos, de forma que a prevenção de acidentes maiores54 fosse contemplada (CETESB, 2014). Os EARs são solicitados nos processos de licenciamento ambiental de atividades potencialmente perigosas, tais como, indústrias, bases, terminais e dutos que manipulam, produzem, armazenam e transportam substâncias inflamáveis ou tóxicas nos estados líquido e gasoso, sendo a norma técnica P4.261 da CETESB (2014) utilizada no Estado de São Paulo e como referência metodológica em grande parte do território nacional (o Anexo Apêndice I apresenta um resumo da norma P4.261). No entanto, “[...] as empresas que manipulam substâncias com perigos diferenciados como, por exemplo, pós, peróxidos, oxidantes, explosivos e reativos são estudados caso a caso, uma vez que 54 Acidente maior ou acidentes grave é definido nas Diretivas de Seveso como um evento tal envolvendo uma ou mais substâncias perigosas que resulte em vazamento, incêndio ou explosão que provoque um perigo imediato ou retardado ao ser humano e/ou meio ambiente, tanto no interior, como no exterior do estabelecimento industrial (CONSELHO DAS COMUNIDADES EUROPEIAS, 1982; CONSELHO DA UNIÃO EUROPEIA, 1996; PARLAMENTO EUROPEU E DO CONSELHO, 2012). 88 [...]” tais substâncias não são cobertas pela norma da CETESB (CETESB, 2011, p. 4/140). Segundo o Ministério da Habitação, Planejamento Urbano e Meio Ambiente dos Países Baixos (VROM - Ministry of Housing, Spatial Planning and the Environment), os estudos quantitativos de risco são “ferramentas valiosas para a determinação do risco do uso, manuseio, transporte e armazenamento de substâncias perigosas...” e “... fornecem às autoridades competentes informações relevantes para a tomada de decisão sobre a aceitabilidade do risco relacionado à mudanças na planta química ou ao redor do estabelecimento e de rotas de transporte...” (VROM, 2005, p. 1.1). O método técnico-científico mais difundido internacionalmente para quantificar o risco industrial, consiste em estimar o número de mortes imediatas ao acidente conjuntamente comsua frequência de ocorrência, entendendo-se por risco “a probabilidade de morte aguda como resultado da exposição a substâncias tóxicas, radiação de calor ou sobrepressão [...]” causadas por substâncias inflamáveis e materiais reativos (RIVM, 2009, p. 3). A elaboração de um EAR exige conhecimentos técnicos específicos, mão de obra especializada e o uso de softwares especiais. O objetivo do EAR é quantificar o risco por meio da simulação dos efeitos de vazamentos de produtos químicos perigosos, a partir de rigorosos algoritmos baseados em modelos matemáticos, que por sua vez são continuamente revisados por centros de pesquisa e associações de engenheiros, matemáticos e estatísticos. Os especialistas dessa matéria buscam alcançar resultados precisos que se aproximem da realidade de um acidente. Não é à toa que os EARs são considerados ferramentas valiosas para estimar o risco de atividades industriais que utilizam substâncias químicas perigosas, porém no Brasil tais estudos são utilizados somente nos processos de licenciamento ambiental para concessão de licenças e seus resultados não são levados em conta pelas autoridades do planejamento urbano (LOPES, 2017). 3.9 As abordagens metodológicas para planejamento do território Desde a publicação da Diretiva Seveso II em 1996 os Estados Membros da União Europeia buscaram definir políticas e práticas para tratar o ordenamento, uso e 89 ocupação do solo ao redor de instalações perigosas55, porém devido a razões históricas, administrativas e culturais de cada país foram empregadas diferentes abordagens, métodos e critérios (CHRISTOU; GYENE; STRUCKL, 2011). Embora houvesse desde 2004 um Grupo de Trabalho Europeu sobre Ordenamento do Território (European Working Group on Land Use Planning - EWGLUP), coordenado pelo Departamento de Riscos de Acidentes Graves (Major Accidents Hazards Bureau - MAHB) do Centro Comum de Pesquisa da Comissão Europeia (European Commission´s Joint Research Centre - JRC) para investigar sobre a situação da implementação do Artigo 12 da Seveso II, não havia uma padronização nas abordagens metodológicas para a GRAI no âmbito do PGT, o que resultou em diferentes políticas e decisões sobre o controle da urbanização (BASTA, 2009). As abordagens metodológicas adotadas em diferentes países europeus para a elaboração de mapas de risco e aplicação no planejamento territorial podem ser assim resumidas (Quadro 6): 1) baseada na consequência do acidente: abordagem determinística que considera as consequências dos cenários acidentais de acordo com os níveis de danos causados por efeitos físicos e toxicológicos (PASMAN; RENIERS, 2014). Esta abordagem baseia-se no conceito de que se existem medidas suficientes para proteger a população do pior cenário, então a proteção existente é suficiente para cenários menos graves (CHRISTOU; GYENE; STRUCKL, 2011). As distâncias de risco são calculadas até os valores limites e as zonas são definidas conforme as restrições de uso e ocupação do solo (MA et al., 2015; COZZANI et al., 2006). As distâncias de risco podem ser traçadas em mapas georreferenciados. De acordo com Sebos et al. (2010) este método é adotado na Áustria, Bélgica, Espanha, Finlândia e Luxemburgo. Há ainda uma abordagem mais simplificada estabelecida e utilizada na Alemanha e Suécia, que consiste na utilização de distâncias ‘genéricas’ derivadas de cenários acidentais selecionados de forma conservativa e validadas por peritos (MA et al., 2015; CHRISTOU; GYENE; STRUCKL, 2011; SEBOS et al., 2010). 55 As instalações perigosas na U.E. que armazenam ou processam produtos químicos perigosos são chamadas de Instalações SEVESO (nota da autora). 90 2) baseada no risco: abordagem probabilística que considera as consequências e as frequências de ocorrência dos cenários acidentais representados por índices de risco, em geral, Risco Individual (RI) e Risco Social (RS) expressos em contornos de curvas isorrisco (mesmo nível de risco individual) e curvas em um gráfico F-N para o RS, onde F é a frequência cumulativa de vários cenários de acidentes e N é o número de fatalidades (PASMAN; RENIERS, 2014). As curvas de isorrisco do RI são traçadas no layout da planta química e sobreposto a imagem de satélite, permitindo georrefenciamento. Os critérios para o PGT baseiam-se em valores de risco considerados toleráveis. Adotado no Reino Unido e Países Baixos (COZZANI et al., 2006) e alguns casos específicos na Grécia (SEBOS et al., 2010). Um artigo recente mostrou que algumas regiões da Bélgica estão adotando a abordagem probabilística para a gestão do território (DELVOSALLE et al., 2017). 3) abordagem híbrida: ou "semiquantitativa" (PASMAN; RENIERS, 2014; CHRISTOU et al., 2011; BASTA, 2011); combina as abordagens de consequência e de risco. Na França a abordagem de consequência é usada para determinar as zonas de danos com base nos valores limites para radiação (incêndio), sobrepressão (explosão) e concentração tóxica, e a abordagem do risco para determinar os cenários acidentais (SEBOS et al., 2010). A Itália adota um critério híbrido com quatro zonas de danos identificadas na abordagem por consequência. Os valores de frequência de cada cenário são divididos em quatro classes de probabilidade e a categoria de risco é determinada em uma matriz 4x4 (Danos x Frequência) que possui categorias de uso do solo associadas (MA et al., 2015). As frequências não são utilizadas para expressar o risco individual e social como na abordagem por risco (SOTO; RENARD, 2015). 91 Quadro 6 - Diferentes abordagens metodológicas para mapeamento de risco e aplicação no PGT Tipo de metodologia Característica da abordagem Adotada em Determinística Base-consequência (valor limite para radiação, sobrepressão, concentração tóxica - distâncias genéricas) Áustria, Finlândia, Alemanha, Luxemburgo, Espanha e Suécia Probabilística Base-risco (Risco Individual e Risco Social) Países Baixos, Reino Unido, Grécia e Brasil Nota 1 Híbrida Combina Base-consequência e base- risco França, Itália e Bélgica Fonte: tabulado pela autora com base nos artigos listados no Anexo II. Nota 1: a CETESB adota a abordagem probabilística, com base nos riscos individual e social (2011). A abordagem probabilística aplicada nos Países Baixos é baseada em estudos de risco quantitativos, ou EARs, e tem por objetivo o planejamento do desenvolvimento urbano. No entanto, conforme Boot (2010), os critérios de Risco Individual e Risco Social não fornecem todas as informações necessárias para o planejamento urbano e as autoridades neerlandesas identificaram a necessidade de visualizar o risco social em mapas. 92 4 RESULTADOS 4.1 Histórico da ocupação da região do PPABC A ocupação da região onde PPABC está localizado teve início entre 1553 e 1560, quando João Ramalho se instalou e deu início ao povoamento da Vila de Santo André da Borda do Campo (SEADE, 2019). A vila se localizava entre São Paulo de Piratininga e a Serra do Mar, em uma região cortada pelo caminho primitivo dos indígenas e estratégica para se chegar ao litoral (SEADE, 2019). Conforme Gouveia, o rio Tamanduateí desempenhou um importante papel para os povos indígenas que aqui habitavam e para os colonizadores europeus, pois constituía-se em uma via de conexão entre o litoral e o interior paulista. Há registro da trilha utilizada pelo povo indígena Tupiniquim no mapa da Capitania de São Vicente (Figura 17), retratado entre 1553 e 1597 (GOUVEIA, 2016). Figura 17 - Mapa da Capitania de São Vicente e Adjacências (1553-1597) com destaque para a trilha Tupiniquim entre São Vicente e São Paulo de Piratininga Fonte: Gouveia (2016, p. 5) Legenda: Trilha utilizada pelo povoindígena Tupiniquim 93 A vila de Santo André foi extinta por Mem de Sá, governador-geral do Brasil, devido aos conflitos existentes na época entre João Ramalho, os fundadores de Piratininga, e os padres jesuítas. Seus habitantes foram transferidos para São Paulo dos Campos de Piratininga, fundada em 1554 (SEADE, 2019). A antiga vila permaneceu abandonada até que Antônio Pires Santiago construiu a capela Nossa Senhora da Conceição da Boa Viagem, criando um novo núcleo populacional em 1735, que depois viria a ser São Bernardo do Campo (SEADE, 2019). Em novembro de 1860, o banqueiro e industrial Irineu Evangelista de Souza, o então Barão de Mauá, financiou a construção da Estrada de Ferro São Paulo Railway, que ficou sob concessão da empresa inglesa The São Paulo Railway Co Ltd até 1946, quando passou a ser administrada pela União e chamar-se Estrada Santos-Jundiaí (IBGE, 1954, p. 140). O acampamento dos operários da obra da estrada de ferro, localizado próximo à descida da Serra do Mar, viria a ser em 1867, a Estação Alto da Serra, que seria posteriormente chamada de vila de Paranapiacaba (PREFEITURA DE SANTO ANDRÉ, 2013). Toda essa região por onde passava a estrada de ferro pertencia, na época, a São Bernardo do Campo que ganhou impulso ao desenvolvimento graças à inauguração em 1867 de diversas estações na estrada de ferro, cujo papel era escoar a produção de café do interior para o litoral paulista (SEADE, 2019). A Figura 18 apresenta o traçado da Ferrovia Santos-Jundiaí em 1954 (IBGE, 1954, p. 36). Atualmente esse trajeto forma a Linha 10-Turquesa e Linha da 7- Rubi da CPTM, porém sem o antigo trecho que descia a Serra do Mar, entre Paranapiacaba e Santos. 94 Figura 18 - Mapa com o traçado da ferrovia Santos-Jundiaí em 1954 Fonte: IBGE (1954, p. 36) Nota: Destaque para a Estação de Capuava 95 Mauá por sua vez surgiu em torno da capela de Nossa Senhora do Pilar construída em 1714 (NUNES, 2017). As primeiras construções na região foram um engenho de açúcar, um armazém e um comércio de madeira (SEADE, 2019). Em abril de 1883, a inauguração da Estação de Pilar da ferrovia Santos-Jundiaí, hoje Estação Mauá, marca o início do processo de industrialização da região com indústrias de cerâmica e porcelana, seguindo basicamente o modelo de desenvolvimento ‘povoados-estação’ do sistema ferroviário (NUNES, 2017). Posteriormente, as indústrias de porcelana e químicas iriam induzir e acelerar o desenvolvimento do munícipio (NUNES, 2017). Em 1910, a atual região de Santo André já se destacava como o principal polo industrial, atraindo fábricas de diversas modalidades e um operariado proveniente do interior do Estado. A proximidade com a estação de ferro, as terras planas do vale do Tamanduateí e os estímulos fiscais contribuíram para o desenvolvimento da região. Entre 1950 e 1960 São Bernardo do Campo iniciaria a sua escalada de industrialização que culminaria com o maior parque automobilístico e metalúrgico do País (SEADE, 2019). Em 195356 inicia-se a formação do PPABC com a construção da Refinaria e Exploração de Petróleo União S/A, também conhecida por Refinaria União. A Refinaria foi construída por iniciativa do Grupo União, empresa de capital privado dos irmãos Soares Sampaio, mas viria a se tornar a Refinaria de Capuava (RECAP) da Petrobras em 1974 (PETROBRAS, 2019; KLEIN, 2011). De acordo com Klein há relatos de que a região onde a Refinaria União estava sendo construída “[...] era um espaço ermo, onde não havia uma sociedade organizada, existindo apenas uma parada de trem, que é a estação de Capuava. Portanto, não havia nada no entorno, muito menos comunidade [...]” (KLEIN, 2011, p. 21). Esse relato pode ser confirmado no vídeo-reportagem sobre a construção e inauguração da Refinaria União entre janeiro e dezembro de 1954, onde é possível observar que não havia moradores na região próxima ao local (Figura 19) (Construção da Refinaria de Capuava, 1954). 56 A construção da Refinaria inicia-se no mesmo ano em que Mauá é elevado à condição de município (PREFEITURA DE SANTO ANDRÉ, 2016) 96 Figura 19 - Imagem do vídeo-reportagem ‘Construção da Refinaria de Capuava’ Fonte: Construção da Refinaria de Capuava (1954) Tizio (2009) em sua pesquisa sobre os nomes dos bairros de Santo André, relata que em 1957 a região era deserta e que o Grupo União havia comprado muitas terras ao redor de sua refinaria, de forma a impedir a abertura de loteamentos. Vale destacar que o atual bairro Parque Capuava, em Santo André, levou o nome da refinaria e foi pavimentado por iniciativa do Grupo União (TIZIO, 2009). Conforme Klein (2011), em 1967 inicia-se a construção, também por iniciativa de Soares Sampaio, de um polo petroquímico em terreno adjacente à já existente Refinaria União. O local era estratégico, pois estava entre o litoral e o mercado consumidor da Capital Paulista, o que acabou atraindo outras indústrias químicas após a inauguração em 1972 da PQU-Petroquímica União (atual Braskem Q3) (Figuras 20, 21 e 22). 97 Figura 20 - Inauguração da Petroquímica União (PQU) em 1972 Fonte: KLEIN (2011) Figura 21 - Vista do PPABC em 1972*. À direita a Av. Pres. Arthur da Costa e Silva Fonte: IBGE (2014). *data estimada. 98 Figura 22 - Vista da Refinaria União em 1972*. Ao fundo, bairros de Santo André Fonte: IBGE (2014). *Data estimada. A construção de dutos interligando a PQU à Refinaria de Capuava e às indústrias na região; inclusive algumas localizadas em Cubatão; colaborou para o desenvolvimento do Polo Petroquímico, pois facilitou o escoamento de matérias- primas, que na época eram importadas (KLEIN, 2011). O relatório do IBGE (1954), sobre o I Centenário das ferrovias brasileiras, relata a presença de um oleoduto entre Santos e São Paulo (Figura 23), enquanto que Klein destaca sobre os dutos na região da PQU: [...] a distribuição da produção da PQU era quase que inteiramente feita por dutos, que cobriam um raio de 20 quilômetros. Havia apenas duas exceções: o butadieno que era transportado por caminhões-tanque para a fábrica de borracha sintética da Petrobras em Caxias, RJ; e parte do etileno, que era distribuído por etilenoduto para a Cia. Brasileira de Estireno e para a Union Carbide, ambas em Cubatão, SP [...] (KLEIN, 2011, p. 24) 99 Figura 23 - Registro histórico do oleoduto entre Santos e São Paulo Fonte: IBGE, 1954, p.35 Em 1975, o PPABC já estava constituído e era composto por várias indústrias do ramo do petróleo e químico, a dizer: “[...] PQU, Unipar Química, Poliolefinas, RECAP, Oxiteno, Atlas, Polibrasil e Capuava Carbonos Industriais [...]”, além das indústrias localizadas fora da região do Polo: “[...] Union Carbide do Brasil e Companhia Brasileira de Estireno em Cubatão; Eletrocloro e Copamo localizadas na Vila Elclor, entre Rio Grande da Serra e Paranapiacaba [...] (KLEIN, 2011, p. 28). Muitas dessas industriais tiveram suas razões sociais alteradas ao longo desses anos, devido à compra e venda de ativos, grande parte motivada pela abertura do mercado petroquímico para o capital privado após 1990. Houve também mudanças nos portfólios de produtos fabricados, de forma a manter as empresas mais competitivas no mercado industrial. A UNIPAR, por exemplo, se uniu a Petrobras em 2008 e surgiu a empresa Quattor para produção de Nafta, agregando também a PQU, Polietilenos União e UNIPAR (POLO INDUSTRIAL, 2020). Em 2010, a BRASKEM, do grupo Odebrecht Química, adquire a empresa Quattor, tornando-se uma empresa com 4 unidades fabris dentro do PPABC (BRASKEM, 2020). Quanto a evolução dos dados demográficos de Mauá apresentadosna Tabela 6 nota-se que a maior taxa de crescimento populacional ocorreu entre 1960 e 1970, época que coincide com a instalação da Refinaria de Capuava e da Petroquímica União (NUNES, 2017). A partir de 1980 já não havia mais população rural em Mauá e a taxa de crescimento populacional diminuiu em relação às décadas anteriores. 100 Tabela 6 - Dados demográficos de Mauá distribuído por décadas, de 1940 até 2010 Ano Crescimento populacional em relação à década anterior População urbana População rural População total Densidade demográfica (hab./km2) 1940 - - - 4.973 80,33 1950 90% - - 9.472 153,00 1960 205% 14.128 14.796 28.924 467,20 1970 253% 102.031 157 102.188 1.650,62 1980 101% 205.736 0 205.736 3.324,51 1991 43% 294.631 0 294.631 4.759,10 2000 23% 363.392 0 363.392 5.869,78 2010 15% 417.064 0 417.064 6.736,73 Fonte: Nunes (2017) A demografia de Santo André apresenta uma evolução similar à de Mauá, evidenciando a maior taxa de crescimento populacional entre 1960 e 1970 (Tabela 7). Conforme o Plano Plurianual Participativo 2014-2017 da Prefeitura de Santo André , o acelerado crescimento populacional entre 1960 e 1970 se deve à industrialização da região do Grande ABC e da RMSP (PREFEITURA DE SANTO ANDRÉ, 2013). Tabela 7 – Evolução da população de Santo André entre 1960 e 2012 Ano Crescimento populacional em relação à década anterior População total 1960 - 245.147 1970 71% 418.826 1980 32% 553.072 1991 12% 616.991 2000 5% 649.331 2012 5% 680.496 Fonte: Plano Plurianual Participativo 2014-2017 da Prefeitura de Santo André (2013) A instalação de várias indústrias na área do PPABC teve por objetivo “[...] aproveitar as sinergias logísticas, de infraestrutura e de integração operacional, e com isso minimizar os custos, que na maioria dos países a indústria petroquímica se organiza em polos industriais [...]” (KLEIN, 2011, p. 14). Ao mesmo tempo que a ocupação dos terrenos no entorno do PPBAC: [...] ocorreu principalmente por causa dos primeiros funcionários das empresas, que começaram a construir suas casas em volta. Diferentemente dos outros complexos industriais do setor, cujo planejamento urbano das cidades nas quais estão instalados proibia a construção de moradias nas imediações, no Grande ABC casas e edificações foram construídas bem próximas ao Polo. (KLEIN, 2011, p. 70). 101 Apesar do relato de Klein sobre a permissividade do planejamento urbano na época da implantação do PPABC, Mauá já dispunha de um plano diretor em 1970 (PREFEITURA DE MAUÁ, 1970), com o objetivo de propiciar condições ao município para receber o desenvolvimento industrial. Outro ponto a ser destacado no Plano Diretor de Mauá, trata da desapropriação de área e a concessão de isenções fiscais para a implantação de indústrias, o que certamente estimulou novos estabelecimentos industriais. O Anuário 2016-2015 de Santo André (PREFEITURA DE SANTO ANDRÉ, 2016) apresenta o ano de abertura de vários loteamentos que deram origem a bairros no entorno do PPABC (Figura 24). Em Mauá, por exemplo, o engenheiro Raul Ferreira de Barros loteou os Jardins Sônia Maria e Silvia Maria na segunda metade da década de 1950, iniciando a venda de seus lotes em 1959 e 1961, respectivamente (GALVEZ, 2011). É possível observar que esses loteamentos apareceram após a inauguração da Refinaria União em 1954. Figura 24 - Ano de abertura de loteamentos no entorno do PPABC Fontes: Nunes (2017); Prefeitura de Santo André (2016); Galvez (2011) (elaborado pela autora). 102 Quanto aos assentamentos precários identificados no entorno do PPABC, a Prefeitura do Município de Mauá (2017) relata que o Jardim Oratório está situado na antiga Fazenda Oratório de 1883, que por sua vez deu origem a outros bairros de Mauá. A ocupação dos morros do Oratório, no entanto, iniciou-se na década de 1970 estimulada pela especulação imobiliária na região e proximidade com o Centro de Mauá (PREFEITURA DE MAUÁ, 2017). Nunes (2017, p. 12), que estudou decretos e plantas dos loteamentos de Mauá, relata que, apesar de haver relatos de “ocupação desordenada aparentemente sem planejamento prévio e de modo irregular”, a ocupação em Mauá se deu em loteamentos regulares e aprovados na prefeitura. Entretanto, continua Nunes (2017, p. 12), os lotes passaram por processos de revenda na década de 1980 (ou mesmo antes), “desta vez com desmembramentos que iriam contribuir para essa imagem de desordenamento”. Já o assentamento Conjunto Habitacional Avenida dos Estados57, localizado no loteamento Jardim Alzira Franco em Santo André, foi instalado em 1963. 4.2 Situação atual de uso e ocupação do solo na área do PPABC A diversidade de uso e ocupação do solo encontrada atualmente difere substancialmente da situação em 1954, quando a Refinaria de Capuava da Petrobras (antiga Refinaria União) foi instalada e a região era pouco habitada e urbanizada. A comparação entre as fotos do ano de 1970 (data aproximada) (Figura 25) e de agosto de 2019 (Figura 26) evidencia uma relevante amortização do espaço, com nítido aumento da mancha urbana ocasionada por uso e ocupação do solo e adensamento urbano no entorno do PPABC. Em 1970 havia poucas casas no Jardim Sônia Maria e Silvia Maria em Mauá, ao mesmo tempo que Santo André já apresentava urbanização no bairro Parque Capuava. A mata existente em 1970 foi removida para dar lugar às indústrias e um dos afluentes do ribeirão do Oratório foi canalizado, dando preferência a ocupação do espaço para o uso das indústrias. 57 O Conjunto Habitacional Avenida dos Estados encontra-se identificado como bairro ’Tamanduateí 8’ e ‘Favela Estados’ na Sinopse por Setores do IBGE (IBGE, 2010), mas também é conhecida por ‘Favela Capuava’, ‘Favela Capuava Unida’ e ‘Núcleo Jardim Capuava’. 103 Figura 25 - Vista da Avenida Presidente Costa e Silva em 1970 Fonte: Ruiz (2018). Figura 26 - Vista da Avenida Presidente Costa e Silva em agosto de 2019 Fonte: Google Earth (2020) Notas: (1) O marcador amarelo é um ponto comum entres as Figuras 25 e 26 (localização aproximada). (2) A data da Figura 25 é aproximada (estimada em função da época de construção da Petroquímica União em 1972). Jardim Sônia Maria Jardim Sônia Maria Santo André Santo André 104 Atualmente a área no entorno do PPABC apresenta diversidade no uso e ocupação do solo. O Quadro 7 apresenta os principais usos e ocupação do solo encontrados atualmente num raio de 1 quilômetro58 dos limites PPABC e a Figura 27 apresenta a situação espacial de uso e ocupação do solo em imagem de satélite georreferenciada de 2019. Quadro 7 - Principais usos e ocupação do solo encontradas nos arredores PPABC Item Uso e ocupação do solo Atividades econômicas Industrial Residencial/ Comercial Acessibilidade/ Mobilidade Linha turquesa da CPTM (Estação Capuava e Estação Mauá), Av. Pres. Costa e Silva, Av. dos Estados, Av. Alberto Soares Sampaio, SPA 086/21 (Rodoanel Mário Covas trecho sul, Interligação com a Av. Papa João XXIII), Av. Ayrton Senna da Silva, R. Oscarito, Rua Oratório, Av. Adélia Chohfi, Av. das Indústrias, Estrada da servidão Principais corpos d’água Rio Tamanduateí, Córrego do Oratório (divisa entre Mauá e São Paulo), Córrego Itrapuã (divisa entre Santo André e Mauá) Zonas especiais59 Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS): Jardim Oratório (Mauá) e Conjunto Habitacional dos Estados (Santo André). Zona Especial de Interesse Ambiental (ZEIA) dentro do PPABC (Mauá) Fonte: elaborado pela autora com base nas informações visualizadas na Figura 27. Nota: 1) A ZEIS Jardim Oratório e a ZEIA do PPABC encontram-se delimitadas nos Anexos III e IVrespectivamente da Lei No 5.167/2016 e descritas na Lei No 4.968/2014 do município de Mauá (PREFEITURA DE MAUÁ, 2014). 2) A ZEIS Cjto Habitacional dos Estados encontra-se delimitada e descrita no Anexo VIII da Lei No 9.924/2016 do município de Santo André (PREFEITURA DE SANTO ANDRÉ, 2016). Há várias vias de acesso ao PPABC, sendo as principais: Av. Presidente Costa e Silva, Av. Alberto Soares Sampaio e Av. Ayrton Senna da Silva. Quanto a mobilidade urbana, a Estação Capuava da linha turquesa da CPTM é a mais próxima do Polo (Quadro 7 e Figura 27). 58 Estima-se que a maior distância de risco esteja em torno de 900 metros dos limites do PPABC, valor obtido no Anexo D da norma P4.261 da CETESB (2014) considerando 500 toneladas armazenadas de óxido de etileno. 59 As ZEIS) foram instituídas em 2001 como instrumento de política urbana e devem ser demarcadas nos planos diretores (BRASIL, 2001). 105 Figura 27 - Situação Atual de Uso e Ocupação do Solo na região do PPABC Mapa 2, Tamanho A3, escala 1:25.000 106 No que concerne às Zonas Especiais de Interesse Social na região do PPABC observa-se ocupação desordenada e irregular em faixas de servidão de linhas de transmissão e topos de morros (Figuras 28 e 29). Figura 28 – Conjunto Habitacional Avenida dos Estados, Santo André, em julho de 2019 com destaque para a ocupação na faixa da linha de transmissão Fonte: Google Maps (2020). Figura 29 – Jardim Oratório, Mauá, em agosto de 2019 com destaque para a ocupação desordenada em topo de morro Fonte: Google Maps (2020). 107 Foi localizado um loteamento irregular no entorno do PPABC, especificamente nos bairros Parque São Rafael e Jardim São Francisco em São Paulo (Figura 30). Figura 30 – Loteamento irregular localizado nos bairros Parque São Rafael e Jardim São Francisco em São Paulo Fonte: GeoSampa mapas, camada habitação/loteamento irregular (PREFEITURA DE SÃO PAULO, 2017). No tocante aos aspectos ambientais na região do PPABC; apesar do Grande ABC conter uma grande extensão territorial em área de mananciais, a represa Billings e parte da reserva ambiental da Mata Atlântica; a região onde o Polo está localizado é totalmente urbanizada, com exceção da área de mata e capoeira classificada no plano diretor de Mauá como ZEIA. Corpos d’água também são observados (Figura 27), a dizer: rio Tamanduateí, córrego do Oratório (faz divisa entre Mauá e São Paulo) e o córrego Itrapuã (faz divisa entre Mauá e Santo André), todos pertencentes à Bacia Hidrográfica do Alto Tietê (CBH-AT), especificamente à bacia do rio Tamanduateí. Vale lembrar que há vários casos históricos de vazamentos de oleodutos que impactaram corpos d’água, dentre eles pode-se citar o caso do vazamento do oleoduto na Baía da Guanabara e do oleoduto da Refinaria REPAR que atingiu os rios Barigui e Iguaçu, ambos em 2000 (CRED, 2019). Portanto, não se pode descartar a possibilidade de que os corpos d’água presentes na área do PPABC venham a ser impactados por vazamentos de produtos perigosos originados nas indústrias ou em oleodutos do PPABC. PPABC Santo André São Paulo Mauá Loteamento irregular 108 Em síntese, as atividades de uso e ocupação do solo na área do PPABC estão distribuídas em: industrial, área de interesse ambiental e residencial/comercial (Tabela 8). Tabela 8 - Distribuição das áreas do PPABC por atividade de uso e ocupação do solo em 2019 Atividade Área (km2) Distribuição da área (%) Industrial 5,17 71,7 Zona Especial de Interesse Ambiental (ZEIA) 1,21 16,7 Não ocupado 0,62 8,6 Residencial/ comercial 0,21 2,9 Total 7,21 100,0 Fonte: elaborado pela autora com base na análise crítica e medição na Figura 27. Com relação ao zoneamento, o PPABC está localizado em Macrozona adensável de Mauá e em Macrozona urbana de Santo André. O PPABC encontra-se em Zona de Desenvolvimento Econômico (ZDE) de Mauá (Figura 31) e em Zona Exclusivamente Industrial (ZEI) em Santo André (Figura 32). Figura 31 – Zoneamento na área do PPABC conforme Plano Diretor de Mauá Fonte: Anexo II do Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado de Mauá estabelecido na Lei No 5.167 de 1º julho de 2016 (PREFEITURA DE MAUÁ, 2016). SÃO PAULO ZDE 1-B: região com potencial preferencialmente industrial ZUD 1-B: áreas com infraestrutura considerada satisfatória para o adensamento populacional ZDE 2: área com potencial para atividades logísticas, admitindo uso diversificado MAUÁ 109 Figura 32 - Zoneamento na área do PPABC conforme Plano Diretor de Santo André Fonte: Anexo do Plano Diretor de Santo André estabelecido na Lei Nº 9.924/2016 (PREFEITURA DE SANTO ANDRÉ, 2016). Vale salientar que a Lei 3.272/2000, que dispõe sobre o uso e ocupação do solo de Mauá, considera na categoria de uso ‘não residencial’ as atividades perigosas que apresentem risco ao meio ambiente e danos à saúde em caso de acidente, por comercializarem, utilizarem ou estocarem materiais perigosos, compreendendo: explosivos, GLP, inflamáveis e tóxicos, conforme normas técnicas que tratam do assunto (PREFEITURA DE MAUÁ, 2000). As medidas mitigadoras previstas para as empresas que desempenham tais atividades perigosas consistem em apresentar à Prefeitura, diretrizes quanto à: • localização da utilização dos produtos no estabelecimento; • quantidade de produtos a ser estocado; e • normas de estocagem, produção e transporte. Em Santo André, o Art. 45 da Lei No 8.696/2004 (SANTO ANDRÉ, 2004) define como Zona Exclusivamente Industrial as atividades industriais de grande porte e correlatas, com potencial de impacto ambiental significativo, situadas ao longo da Avenida Presidente Costa e Silva, não sendo permitido o uso residencial. Zona Exclusivamente Industrial Zona de Reestruturação Urbana Zona de Qualificação Urbana MAUÁ SANTO ANDRÉ SÃO PAULO 110 Como pode ser observado na Tabela 9, a maior parte da área do PPABC (87,7% da área total do Polo) está localizada no município de Mauá. Tabela 9 - Distribuição da área do PPABC por município e tipo de zoneamento Município Zoneamento Área do PPABC (km2) Distribuição da área do PPABC/ município (%) Mauá, SP Macrozona adensável, Zonas de Desenvolvimento Econômico 1 e 2 (ZDE 1-B e ZDE 2) e Zona Especial de Interesse Ambiental (ZEIA) 6,327 87,7 Santo André, SP Macrozona urbana, Zona Exclusivamente Industrial (ZEI) 0,883 12,3 Total 7,210 100,0 Fontes: Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado de Mauá estabelecido na Lei No 5.167/2016 (PREFEITURA DE MAUÁ, 2016) e Plano Diretor de Santo André estabelecido na Lei No 9.924/2016 . Nota: a área do PPABC em cada município foi medida na imagem da Figura 27. No que diz respeito à ZEIA observa-se que, apesar dos seus limites terem sido mantidos ao longo dos anos, houve desmatamento de uma faixa de 40 metros de largura por 1.130 metros de extensão, totalizando 45,2 mil m2. Trata-se de uma faixa de dutos, que se supõe ser da Petrobras, construída entre maio e julho de 2018 (Figura 33) e que passava pelo território do Parque São Rafael, no município de São Paulo. 111 Figura 33 - Faixa de dutos no PPABC construída entre maio e julho de 2018 Fontes: Google Earth (2020), Anexo XV da Lei No 4698/2014 (PREFEITURA DE MAUÁ, 2014) No tocante a ocupação do espaço urbano no entorno do PPABC, a análise comparativa das imagens entre maio de 2007 (Figura 34) e junho de 2019 (Figura 35) mostra que os limites do Polo foram mantidos, porém houve amortização do espaço vazio na circunvizinhança do PPABC, especificamente nos bairros de Mauá: Jardim Ipê e Jardim Paranavaí(ao lado da ZEIS Jardim Oratório). Em São Paulo observa-se ocupação acentuada no Parque São Rafael e Jardim São Francisco. Já a sudeste do PPABC, houve uma expansão da área ocupada no Jardim Alzira Franco em Santo André. Portanto, houve um aumento no espaço urbano no entorno do PPABC entre 2007 e 2019. 112 Figura 34 - ZEIS e ZEIA na região do PPABC em maio de 2007 Fonte: Google Earth (2020) Figura 35 - ZEIS, ZEIA e novas áreas urbanizadas na região do PPABC, junho de 2019 Fonte: Google Earth (2020) 113 Com relação aos bairros que fazem divisa com o PPABC, identifica-se (Figura 36): 4) Mauá: Jardim Sônia Maria, Jardim Silvia Maria, Jardim Paranavaí, Jardim Ipê, Jardim Oratório (ZEIS), Vila Santa Cecília, Vila João Ramalho e Capuava. 5) Santo André: Várzea do Tamanduateí, Jardim Alzira Franco, Jardim Rina, Parque Capuava, Jardim Itapoan e Jardim Ana Maria 6) São Paulo: Parque São Rafael e Jardim São Francisco. 4.3 Informações sobre as indústrias localizadas no PPABC O Quadro 8 e a Figura 36 apresentam as indústrias instaladas no PPABC com informações levantadas durante visita a campo, pesquisa na internet e consultas ao arquivo das agências da CETESB. No Apêndice III são apresentadas as informações básicas das indústrias (razão social, endereço, CNPJ, código CNAE e coordenadas UTM). 1 1 4 Q u a d r o 8 – I n f o r m a ç õ e s s o b r e a s i n d ú s t r i a s e n c o n t r a d a s n a á r e a d o P P A B C Item Razão Social/ CNPJ Sócia COFIP ABC?(1) EAR? PGR? Sócia da ABIQUIM? (3) Principais produtos fabricados/ produtos perigosos Nota 1 Tipo de produto perigoso RI saiu dos limites? Região do RS Área contaminada? (2) 1 B a n d e i r a n t e Q u í m i c a L t d a / B r a z m o S i m S i m S i m N ã o P e t r o q u í m i c o s / I n f l a m á v e i s INFLA Não localizado Não localizado N ã o 2 B r a s k e m Q 3 A B C I n t e r m e d i á r i o s ( a n t i g a U N I P A R / Q U A T T O R ) S i m N ã o N ã o S i m P r o d u t o s P e t r o q u í m i c o s ( c u m e n o ) INFLA - - S i m 3 B r a s k e m Q 3 C K A B C ( a n t i g a P e t r o q u í m i c a U n i ã o ) S i m N ã o N ã o S i m O l e f i n a s , a r o m á t i c o s , s o l v e n t e s , c o m b u s t í v e i s INFLA - - S i m 4 B r a s k e m U N P E 7 A B C ( a n t i g a P o l i e t i l e n o s S . A . ) S i m N ã o N ã o S i m P o l i e t i l e n o INFLA - - N ã o 5 B r a s k e m U N P P 4 A B C ( a n t i g a S u z a n o P e t r o q u í m i c a / P o l i b r a s i l ) S i m S i m S i m S i m P o l i p r o p i l e n o INFLA Não localizado Não localizado S i m 6 B R K A m b i e n t a l ( A q u a p o l o - E s t a ç ã o d e T r a t a m e n t o d e M a u á ) S i m N ã o N ã o N ã o Á g u a d e r e u s o ( p r o v e n i e n t e d a E T E d o A B C ) Sem inf. - - N ã o 7 C A B O T B r a s i l I n d . e C o m . L t d a ( a n t i g a C a p u a v a C a r b o n o s ) S i m S i m S i m S i m N e g r o d e F u m o ( g á s n a t u r a l / a m ô n i a ) INFLA e TOX NÃO GER. N ã o 8 C h e v r o n O r o n i t e B r a s i l L t d a S i m N ã o N ã o S i m A d i t i v o s p a r a c o m b u s t í v e i s e l u b r i f i c a n t e s INFLA - - S i m 9 C o m p a s s M i n e r a l s ( a n t i g a P r o d u q u í m i c a ) N ã o S i m S i m N ã o F e r t i l i z a n t e s / a m ô n i a a n i d r a TOX NÃO GER. N ã o 1 0 C o n s i g a z D i s t r i b u i d o r a d e G á s L t d a S i m S i m S i m N ã o G L P INFLA SIM GER. N ã o 1 1 C o p a g a z D i s t r i b u i d o r a d e G á s S . A . N ã o S i m S i m N ã o G L P INFLA NÃO não calculado N ã o 1 2 G r a x L u b r i f i c a n t e s E s p e c i a i s L t d a N ã o N ã o N ã o N ã o g r a x a s l u b r i f i c a n t e s INFLA - - N ã o 1 3 L i q u i g á s D i s t r i b u i d o r a S . A . ( P e t r o b r a s ) S i m N ã o N ã o N ã o G L P INFLA - - S i m 1 4 M a x i l i g a s S u c a t a s e L i g a s d e M e t a i s N ã o N ã o N ã o N ã o S u c a t a d e A l u m í n i o Sem inf. - - N ã o 1 5 N a c i o n a l G á s B u t a n o D i s t r i b u i d o r a L t d a N ã o N ã o N ã o N ã o G L P INFLA - - N ã o 1 6 O x i c a p I n d . e C o m . d e G a s e s L t d a ( A i r L i q u i d e d o B r a s i l ) S i m N ã o N ã o S i m O 2 , N 2 , H 2 e o u t r o s g a s e s d o a r INFLA - - N ã o 1 7 O x i t e n o S . A . - U n i d a d e P e t r o q u í m i c a S i m S i m N ã o S i m O x i d o d e E t i l e n o INFLA e TOX SIM NEG N ã o 1 8 O x i t e n o S . A . - U n i d a d e Q u í m i c a ( a n t i g a A t l a s ) S i m S i m S i m S i m T e n s o a t i v o s INFLA - - S i m 1 9 P E T R O B R Á S - R e f i n a r i a d e C a p u a v a R E C A P N ã o Nota 3 S i m S i m N ã o D e r i v a d o s d e P e t r ó l e o INFLA e TOX NÃO GER. S i m 1 1 5 Item Razão Social/ CNPJ Sócia COFIP ABC?(1) EAR? PGR? Sócia da ABIQUIM? (3) Principais produtos fabricados/ produtos perigosos Nota 1 Tipo de produto perigoso RI saiu dos limites? Região do RS Área contaminada? (2) 2 0 P l a s t i f a m a I n d . e C o m . d e P l á s t i c o s L t d a N ã o N ã o N ã o N ã o C a n u d o s e h a s t e s d e p l á s t i c o COMB. - - N ã o 2 1 P o l i R u b b e r I n d . e C o m . d e B o r r a c h a N ã o N ã o N ã o N ã o B o r r a c h a COMB. - - N ã o 2 2 Q u a n t i Q D i s t r i b u i d o r a L t d a ( a n t i g a I p i r a n g a ) S i m N ã o N ã o N ã o L u b r i f i c a n t e s , S o l v e n t e s , C o m b u s t í v e i s , R e s i n a s INFLA - - N ã o 2 3 S H V G á s ( a n t i g a S u p e r G a s b r a s ) S i m S i m S i m N ã o G L P INFLA NÃO NEG N ã o 2 4 S u l a n T i n t a s N ã o N ã o N ã o N ã o T i n t a s INFLA - - N ã o 2 5 U l t r a g a z S . A . - T e r m i n a l d e D i s t r i b u i ç ã o S i m N ã o N ã o N ã o G L P INFLA - - S i m 2 6 U l t r a g a z S . A . - T e r m i n a l M a u á S i m S i m S i m N ã o G L P INFLA NÃO NEG S i m 2 7 V i t o p e l d o B r a s i l L t d a S i m N ã o N ã o N ã o P o l i p r o p i l e n o ( e m b a l a g e n s ) COMB. - - N ã o 2 8 W h i t e M a r t i n s G a s e s I n d u s t r i a i s L t d a S i m N ã o N ã o S i m O2, N2, H2 e outros gases do ar INFLA - - S i m 2 9 W h i t e M a r t i n s G a s e s I n d u s t r i a i s L t d a - U n i d a d e d e C O 2 S i m S i m S i m S i m C O 2 / U t i l i z a A m ô n i a p a r a R e s f r i a m e n t o INFLA e TOX SIM GER. N ã o 3 0 A k z o N o b e l Nota 2 S i m N ã o N ã o N ã o T i n t a s e V e r n i z e s INFLA - - S i m 3 1 B r a s k e m ( t e r r e n o d a a n t i g a F o s f a n i l ) S i m - - - - - - - S i m 3 2 P h i l i p s d o B r a s i l ( d e s a t i v a d a ) - - - - - - - S i m F o n t e s : ( 1 ) s i t e C O F I P A B C ( 2 0 2 0 ) ; ( 2 ) R e l a t ó r i o d e Á r e a s C o n t a m i n a d a s n o E s t a d o d e S ã o P a u l o ( C E T E S B , 2 0 1 9 ) , ( 3 ) s i t e A B I Q U I M ( d a d o s o r g a n i z a d o s p e l a a u t o r a ) . N o t a s : 1 ) O t i p o d e p r o d u t o p e r i g o s o f o i i n f e r i d o p e l a a u t o r a c o m b a s e n a s i n f o r m a ç õ e s d o s i t e d a e m p r e s a , c o n s u l t a a o E A R eà f i c h a d e s e g u r a n ç a d o p r o d u t o q u í m i c o ( C E T E S B , 2 0 2 0 ) . 2 ) A e m p r e s a A k z o N o b e l , a p e s a r d e s e r s ó c i a d o C O F I P A B C , e s t á l o c a l i z a d a f o r a d o s l i m i t e s d o P P A B C . 3 ) A R e f i n a r i a R E C A P d a P E T R O B R A S , a p e s a r d e n ã o s e r s ó c i a d o C O F I P A B C , p a r t i c i p a d o P A M / N U P D E C d e C a p u a v a . Legenda: ABIQUIM = Associação Brasileira da Indústria Química COFIP ABC= Comitê de Fomento Industrial do Polo do Grande ABC COMB. = Produto combustível, sujeito somente a cenários de incêndio. EAR = Estudo de Análise de Risco GLP = Gás Liquefeito do Petróleo GER. = Região Gerenciável do Risco Social INFLA = Produto inflamável, sujeito a cenários acidentais de incêndio e explosão NEG. = Região Negligenciável do Risco Social PGR = Programa de Gerenciamento de Risco RI = Risco Individual RS = Risco Social TOX.= Produto que forma nuvem tóxica. Letal se inalado em condições específicas de concentração e tempo de exposição 116 Figura 36 – Localização das indústrias do PPABC e bairros nas imediaçõesMapa 3 tamanho A2 117 Como pode ser observado no Quadro 8, a grande maioria das indústrias produz ou armazena produtos inflamáveis, portanto, é possível a ocorrência de incêndios e explosões. Há também indústrias que manuseiam produtos químicos tóxicos que podem formar nuvens com concentrações nocivas ao ser humano, sob condições meteorológicas e tempo de exposição específicos. Vale notar que entre as 32 indústrias identificadas no Quadro 8, somente 31 podem ser visualizadas na Figura 36, já que a empresa Akzo Nobel, apesar de ser sócia do Comitê de Fomento Industrial do Polo do Grande ABC (COFIP ABC), está instalada fora dos limites do PPABC. Outro ponto a ser ressaltado, trata-se do terreno da empresa Braskem (número 31) e da empresa Phillips do Brasil (número 32) que foram espacializadas por apresentarem área contaminada com produto perigoso, contudo nenhuma dessas empresas está em atividade. Portanto, somente 29 indústrias identificadas estão em atividade dentro da área do PPABC. Apenas 12 EARs foram localizados e inspecionados dentre a lista de 29 indústrias ativas e localizadas na área do PPABC. A elaboração do EAR é obrigatória desde que sejam atendidos os critérios de quantidades armazenadas e de distanciamento até a população de interesse, descritos na norma P4.261 da CETESB (2011). Baseado no CNAE, tipo de produto fabricado e na análise crítica da Figura 36 (ausência de tanques de armazenamento e distanciamento até a população) supõe- se que 8 indústrias não têm obrigação de apresentar EAR para licenciamento por não apresentarem risco à população externa, são elas: BRK Ambiental (número 6); Grax Lubrificantes (número 12), Maxiligas Sucatas e Ligas de Metais (número 14), Plastifama (número 20), Polirubber (número 21), Sulan Tintas (número 24), Ultragaz Terminal de Distribuição (número 25) e Vitopel (número 27). Com essa consideração, pode-se dizer que 9 EARs devem ter sido elaborados, porém não foram localizados. Ainda que os 12 EARs encontrados tenham sido elaborados conforme a norma P4.261 da CETESB, não há uma garantia de que tais EARs apresentem informações sobre os cenários acidentais de maior proporção da empresa, visto que alguns desses estudos, como os casos da Petrobras, Oxiteno Petroquímica e Bandeirante Química tratavam de projetos de expansão da indústria e não contemplavam os riscos já existentes na planta. 118 Dentre os 12 EARs localizados, 2 não continham as curvas do RI e do RS para consulta, são eles: Bandeirantes Química (número 1) e Braskem UN PP4 ABC (número 5). Entre os EARs com curvas de RI, 3 deles (Consigaz número 10, Oxiteno número 1 e White Martins número 29 e) apresentaram RI intolerável (>10-5/ano) fora dos limites da empresa, porém não atingiu a população externa. As curvas do RS ficaram na região Negligenciável (3 EARs) e Gerenciável (5 EARs) do critério de tolerabilidade proposto pela CETESB (2011). A curva do RS da Copagaz (número 11) não precisou ser calculado, visto não ter atingido população externa à empresa. 4.4 Ações e iniciativas das indústrias do PPABC Desde a inauguração da Petroquímica União (atual Braskem Q3 CK ABC) em 1972, as indústrias do PPABC têm demonstrado capacidade para se organizar e tomar ações integradas. Dentre as diversas iniciativas deliberadas pelas indústrias, destacam-se as seguintes relatadas por Klein (2011): ✓ Criação em 1973 do Plano de Auxílio Mútuo (PAM) para atuar nas emergências (plano pioneiro no País nessa modalidade). ✓ Implantação do programa de conscientização sobre o perigo de soltar balões em 1999, com ações educativas (teatro, peças publicitária e cartilhas) em escolas do ensino fundamental da região. ✓ Adesão das indústrias ao ‘Programa Portas Abertas’ em setembro de 2000, visando estreitar o relacionamento entre os moradores do entorno e as empresas do Polo, por meio da criação do Conselho Comunitário Consultivo (CCC). O CCC é constituído de “representantes da sociedade civil - moradores dos bairros do entorno das fábricas e conselheiros das áreas de educação, meio ambiente, saúde e segurança” (KLEIN, 2011, p. 62). ✓ ‘Derrubada da Lei’60 que impedia a ampliação das indústrias do PPABC. 60 Acredita-se que Klein (2011) usou o termo “derrubada da lei” para referir-se ao Artigo 15 da Lei 1.817/1978 que proibia a alteração do processo produtivo e ampliação de indústrias do petróleo e petroquímicas, por serem consideradas “incompatíveis” com o interesse metropolitano (SÃO PAULO (ESTADO), 1978). No entanto, em 2002, o Artigo 15 da Lei 1.817 foi revogado na Lei 11.243/2002 e passou a aceitar alterações e ampliações, desde que fossem adotados sistemas de controle de poluição baseados na melhor tecnologia disponível, de modo a garantir o gerenciamento ambiental (SÃO PAULO (ESTADO), 2002). 119 ✓ Interação entre as empresas do Polo para otimização do consumo e distribuição da energia excedente. Essa ação foi tomada após a ‘crise do apagão’ que ocorreu no País durante o período de julho de 2001 a fevereiro 2002, durante o mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso. ✓ Realização de entrevistas qualitativas com representantes da sociedade civil, sobre a percepção, a imagem e a visibilidade das empresas do Polo foram realizadas em 2002 e 200461. Dentre as instituições que as indústrias do PPABC mantém relação, o COFIP ABC, o PAM Capuava e o Consórcio Intermunicipal do Grande ABC são as mais importantes e estão descritas a seguir. 4.4.1 Comitê de Fomento Industrial do Polo Petroquímico do ABC O Comitê de Fomento Industrial do Polo Petroquímico do ABC (COFIP ABC) desempenha um importante papel para as indústrias do PPABC e foi formalizado em 2015 com o propósito de “[...] gerar sinergia entre as empresas associadas, o poder público e a comunidade, em prol do desenvolvimento sustentável [...]” (COFIP ABC, 2020). Antes do COFIP ABC, a Associação das Indústrias do Polo Petroquímico do Grande ABC (APOLO) já atuava desde 2004 com o mesmo objetivo, que por sua vez substituiu o Grupo de Sinergia62 (KLEIN, 2011). Atualmente 15 indústrias do PPABC e da região são sócias do COFIP ABC (as empresas associadas encontram-se indicadas no Apêndice III). O COFIP ABC entende que suas associadas possuem objetivos comuns e que as iniciativas convergentes ganham mais força e amplitude quando implantadas conjuntamente (COFIP ABC, 2020). 61 Em 2019 uma nova pesquisa envolveu 882 pessoas com a pergunta: “o que vem à mente quando o assunto é o Polo Petroquímico?”. As repostas foram: “economia local”, “geração de empregos” e “renda para as cidades”, porém “poluição” ainda é um assunto que gera dúvidas aosentrevistados (COFIP ABC, 2019; CONCAWE, 2018) 62 O Grupo de Sinergia, criado em 1996, foi um projeto que envolvia ações de cooperação entre as empresas do Polo com o objetivo de minimizar custos e explorar oportunidades de ganhos em escala. Este projeto serviu de modelo para outros conglomerados industriais, como o Polo Automotivo do Paraná e o Polo Petroquímico de Camaçari (KLEIN, 2011). 120 O COFIP ABC atua por meio de conselho administrativo e comissões temáticas que conduzem temas específicos, a dizer: Segurança, Saúde e Meio Ambiente (SSMA), Relações Institucionais e Sinergias (COFIP ABC, 2020). A Comissão Temática de SSMA trata do Plano de Auxílio Mútuo (PAM), Plano de Contingência do Polo (PCP) e Plano de Emergência para a Comunidade (PEC) (Quadro 9), que por sua vez são assuntos relacionados com a GRAI do PPABC. Quadro 9 - Descrição dos temas tratados pela Comissão Temática de SSMA do COFIP ABC Tema Descrição PAM Por meio desse plano uma empresa pode recorrer ao apoio das demais em situações de emergência. Isto envolve recursos humanos e equipamentos, a exemplo de profissionais da área médica e de segurança, brigadistas, ambulâncias e viaturas de combate a incêndio. PCP Estabelece normas e procedimentos coletivos de segurança para a evasão de pessoas do interior das fábricas, em situações de emergência. Para atender ao PCP, as empresas realizam treinamentos periódicos em seus sites e participam, pelo menos uma vez por ano, de um exercício simulado conjunto que envolve toda as pessoas do Polo63. PEC Estabelece normas e procedimentos para controle de situações de emergência nas comunidades vizinhas ao Polo. Periodicamente são realizados exercícios simulados envolvendo a comunidade64, as empresas do Polo, agentes dos municípios vizinhos, integrantes do Núcleo Comunitário de Proteção e Defesa Civil (NUPDEC), Corpo de Bombeiros, Polícia Civil e Militar, dentre outros parceiros. Fonte: COFIP ABC (2020). Além da Comissão Temática de SSMA, destaca-se o Conselho Comunitário Consultivo (CCC) formado por representantes da comunidade no entorno do PPABC. Apesar do CCC ser um requisito das empresas associadas da ABIQUIM, o COFIP ABC, por meio da atuação desse Conselho, desempenha um importante papel na relação das indústrias com as comunidade, estabelecendo “interação entre a 63 O primeiro simulado do PCP organizado pelo COFIP ABC foi realizado em 12 de dezembro de 2017 e envolveu 2 mil profissionais das empresas do PPABC, defesa civil de Santo André, Mauá e São Paulo, Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, CETESB, Guarda civil Metropolitana, 8º grupamento do corpo de bombeiros, Polícia Militar, SAMU, Prefeituras de Mauá e de Santo André (COFIP ABC, 2020). 64 O primeiro simulado do PAM com evasão da comunidade organizado pelo COFIP ABC foi realizado em 7 de dezembro de 2019 e contou com a participação dos moradores das ruas Patagônia e Paquistão, situadas no Parque Capuava, Santo André (COFIP ABC, 2019). A autora participou como observadora desse simulado e pode constatar o envolvimento das instituições e participação da comunidade. 121 percepção representativa da comunidade e as ações das empresas associadas COFIP ABC” (COFIP ABC, 2020, p. Conselho Comunitário Consultivo). Vale a pena notar que um dos princípios éticos do COFIP ABC é a redução do risco das atividades de suas associadas mediante o relacionamento aberto e respeitoso com a comunidade do entorno do Polo. Embora o COFIP siga esse princípio, Luís Antônio Pazin; atual presidente do COFIP ABC biênio 2019-2020 e diretor industrial das Unidades de Químicos da Braskem da região Sudeste; relata que o grande desafio da instituição é manter uma relação de sustentabilidade com a comunidade do entorno do Polo, “é o que chamamos de licença social de operação”65 diz ele, pois no entendimento de Pazin não há políticas públicas de urbanização para tratar dessa questão (RD REPÓRTER DIÁRIO, 2019, p. 1). 4.4.2 Plano de Auxílio Mútuo do PPABC O Plano de Auxílio Mútuo do PPABC, também conhecido por PAM/NUPDEC Capuava, ou simplesmente por PAM Capuava, está em atividade desde 1973, mas teve sua origem no Grupo de Estudo de Higiene e Segurança das Indústrias Químicas e Petroquímicas (COFIP ABC, 2020). A ideia de compartilhar experiências e recursos para atender emergências em qualquer uma das empresas do Polo fez surgir um plano de auxílio mútuo. Um Plano de Auxílio Mútuo é definido como um acordo formal e compromisso que: [...] permite a cada uma das empresas acionarem as outras, o Corpo de Bombeiros, a Defesa Civil e o SAMU para suprir equipamentos, materiais e recursos humanos, com o objetivo de conjugar os esforços das associadas para articular recursos, assegurar maior eficiência no atendimento e auxiliar no controle de uma emergência [...] (COFIP ABC, 2018, p. 6) Conforme informações disponíveis no site do COFIP ABC e no material recebido do atual coordenador do PAM Capuava, Engo Valdemar Aparecido Conti, o PAM Capuava desenvolveu seu Estatuto em agosto de 1986, quando contava com a 65 Conforme Rocha a “licença social para operar não é prevista em lei, não está escrita em um papel e não prevê penalidades legais”, diferentemente das licenças ambientais regulamentadas (INSTITUTO ETHOS, 2016). A Licença Social para Operar (LSO) é uma anuência da comunidade para a operação da atividade industrial por um longo prazo, baseada em laços de confiança entre a empresa e a comunidade. De acordo com Rigout, sociólogo e avaliador de projetos sociais, há casos de sucesso na implementação da LSO em mineradoras no Peru, Austrália e Canadá. No Brasil, a LSO foi implementada por uma mineradora que envolveu a comunidade num projeto de agroecologia, que transformou 50 famílias em empreendedores com influência sobre a economia local (RIGOUT, 2020). 122 parceria do 8° Grupamento de Bombeiros e a participação das empresas: Poliolefinas, Petroquímica União, Unipar, Oxiteno, Capuava Carbonos, Polibrasil, Ultraquímica e Chevron. Em 6 de setembro de 1995, o antigo PAM transforma-se em NUDEC Capuava (Núcleo de Defesa Civil de Capuava) consolidando-se em: Plano de Auxílio Mútuo Núcleo de Defesa Civil de Capuava (PAM/NUDEC Capuava). Em 2000 o grupo do PAM inicia auditorias para identificar conformidades das instalações de combate a incêndio das indústrias. A atuação do PAM Capuava trouxe benfeitorias nas vias internas66 do Polo e elevou a qualidade dos sistemas de combate a incêndio, tendo em vista o nível técnico exigido das indústrias nesse assunto (COFIP ABC, 2020). Em 2010 inicia-se o registro dos testes de comunicação por rádio com as indústrias e o Corpo de Bombeiros. Em 2011, os SAMUs de Mauá e de Santo André ingressam no grupo do PAM. Em 2013, é criado o Programa Prêmio Destaque, no qual as empresas são mensuradas e pontuadas mensalmente em relação ao atendimento dos requisitos do Estatuto, com premiação anual daquelas que se destacaram durante o período. Em 2015, o sistema de comunicação é alterado de analógico para digital com frequência exclusiva enquanto o PAM/NUPDEC publica o Manual de Emergência com informações sobre a localização das empresas, os recursos disponíveis e informações de segurança dos produtos químicos perigosos67. Em 2017, o PAM/NUPDEC é incorporado ao COFIP ABC e seu Estatuto é revisado e aprovado pela área jurídica das empresas participantes, constituindo-se em regimento interno. Atualmente o PAM Capuava conta com a participação das indústrias associadas do COFIP ABC (a PETROBRAS/ RECAP não é sócia do COFIP, mas participa do PAM), além do Corpo de Bombeiros de Mauá (8º Grupamento de São Paulo), Defesa Civil de Mauá e de Santo André, SAMU de Mauá e de Santo André e a empresa AMBIPAR (antiga SUATRANS), especializada em atendimento a emergência ambiental (COFIP ABC, 2020). 66 Estabeleceram-se vias internas sinalizadas,interligando as diversas unidades industriais do Polo, propiciando maior rapidez no deslocamento e múltipla opção de acesso para o corpo de bombeiros, SAMU e outros envolvidos nas emergências (COFIP ABC, 2020). 67 As informações de segurança dos produtos químicos que constam no Manual de Emergência do PAM Capuava consistem em: localização e layout da empresa, indicação das vias de acesso, características físico-químicas, incompatibilidade química, equipamentos de proteção individual necessários para manuseio e contato com o produto, além das ações de combate a incêndio, ações em caso de vazamento e primeiros socorros (informações levantadas na ficha da empresa Bandeirantes Química Ltda) (PAM CAPUAVA, 2012). 123 O PAM Capuava conta com um Sistema de Comando e Operações de Emergência para as situações de crise, localizado nas instalações da Braskem Q3, e um Sistema suplente localizado nas instalações da Refinaria RECAP da PETROBRAS. Apesar da participação da defesa civil nos simulados de emergência promovidos pelo COFIP ABC, as áreas de risco não estão mapeadas, portanto, não há informação precisa sobre a população vulnerável aos efeitos de um acidente industrial68. Contudo, conforme informação verbal recebida do Sr. Engo Valdemar Conti, coordenador do PAM Capuava, o COFIP ABC está elaborando um mapa de risco para o Polo que fará parte do Estatuto do PAM. Conti relata que não está sendo uma tarefa fácil construir um mapa que represente o risco do Polo em sua integralidade. No julgamento do grupo do PAM Capuava, um mapa de risco único para o PPABC facilitaria o trabalho de esclarecimento das áreas de risco para a comunidade. Inicialmente, continua Conti, “houve dificuldade em reunir os EARs das indústrias” (informação verbal), devido ao revés dos processos burocráticos das empresas para autorizar a entrega dos estudos. Além disso, houve dificuldades para compreender e definir as zonas de risco que deveriam ser traçadas no mapa, pois em geral, os EARs contêm vários mapas com diferentes resultados, o que torna a escolha da tipologia acidental um trabalho complexo. Conforme Conti, o COFIP ABC pretende inicialmente fazer um contorno somente com o alcance dos cenários acidentais mais significativos de explosão e incêndio de cada indústria do PPABC. 4.4.3 Consórcio Intermunicipal do Grande ABC Superando as dificuldades impostas pelo federalismo no Brasil, os municípios do Grande ABC firmaram e consolidaram uma experiência exitosa de cooperação intermunicipal, por meio da criação do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC (CIGABC). Desde a sua fundação em 1990, o CIGABC “vem atuando, ora com maior, ora com menor intensidade e êxito no planejamento e gestão de uma série de políticas 68 Representantes da defesa civil de Mauá e Santo André confirmaram que não dispõem de mapas de risco com a indicação de zonas de resposta para os acidentes industriais, assim como é feito para as áreas de risco de inundação e deslizamentos de massa. 124 públicas regionalizadas” (NOGUEIRA; OLIVEIRA; CANIL, 2014, p. 184). O CIGABC foi inicialmente constituído como uma associação civil de direito privado, mas desde 2010 tornou-se autarquia com “legitimidade para planejar e executar ações de políticas públicas de âmbito regional” voltadas para o desenvolvimento econômico, mobilidade regional, entre outros (CONSÓRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC, 2018). Desde então, o Grupo de Trabalho (GT) da Defesa Civil denominado ‘Gestão de Riscos’ vem se articulando para promover o fortalecimento institucional para os assuntos de melhoria da infraestrutura, capacitação de seus agentes, ampliação do conhecimento, prevenção e monitoramento dos riscos voltados a desastres naturais, destacando-se as seguintes ações (CONSÓRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC, 2018): 7) 2010: Programa de Remoções Preventivas, Planos Municipais de Redução de Riscos na Região, Plano de Mapeamento de Inundações e Alagamentos de São Caetano do Sul, instalação de pluviômetros. 8) 2014: Plano Regional de Apoio Mútuo das /Defesas Civis do Grande ABC, criação do Grupo Temático Impacto de Obras para investigar riscos tecnológicos ocasionados por edificações. 9) 2015: assinatura do termo de cooperação com a UFABC para elaboração de Cartas Geotécnicas de Aptidão à Ocupação. Mas foi a partir de 2015 que as ações do CIGABC se voltaram para a integração dos diversos riscos urbanos, quando o Consórcio inicia sua participação na Câmara Temática Metropolitana de Gestão de Riscos Ambientais Urbanos; instituída pelo Conselho de Desenvolvimento Metropolitano da Região Metropolitana de São Paulo. Em 2016 forma-se a Subcomissão Regional de Prevenção, Preparação e Resposta Rápida a Emergências Ambientais com Produtos Químicos Perigosos do Grande ABC (P2R2/ABC). A Subcomissão P2R2/ABC tem por objetivo principal analisar os potenciais problemas envolvendo produtos químicos perigosos e criar um procedimento coordenado de ações de resposta a emergências (CONSÓRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC, 2018). Conforme Rafael Antônio T. Neves; coordenador do GT de Gestão de Riscos do CIGABC, diretor do departamento de Defesa Civil da Prefeitura de Santo André e 125 secretário executivo da SRP2R2/ABC; faltam informações básicas para identificar quais indústrias apresentam riscos à população civil. Sem essas informações, conforme sua análise, não é possível desenvolver uma sistemática para o mapeamento das áreas de riscos sujeitas a incêndios, explosões e nuvens tóxicas. Ademais, ele tem a percepção de que as grandes empresas químicas estão mais bem preparadas para responder a um acidente de grandes proporções do que as pequenas e médias empresas que, por falta de conhecimento dos riscos envolvidos na manipulação e armazenamento do produto perigoso, apresentam mais riscos para os envolvidos desde o processo produtivo até a venda do produto acabado. 4.5 A epidemiologia dos acidentes industriais no Grande ABC e no PPABC No Estado de São Paulo, a base de dados mantida pela CETESB por meio do Sistema de Informações sobre Emergências Químicas (SIEQ) fornece dados dos casos atendidos pelo Setor de Emergências dessa instituição. A Tabela 10 apresenta os números de casos para os sete municípios que compõem o Grande ABC no período de janeiro de 1978 a dezembro 2019, enquanto que a Tabela 11 apresenta o número de vítimas no mesmo período. Os totais e a distribuição de registros encontrados para o Grande ABC podem ser comparados com os totais do Estado de São Paulo no mesmo período. Deve-se levar em conta que nem todos os casos de incêndios, explosões e vazamentos se convertem em chamadas de emergência para a CETESB, portanto o número real de casos deve ser maior do que aqueles registrados no banco de dados do SIEQ. 126 Tabela 10 - Número de casos de emergência atendidos pela CETESB nos municípios do Grande ABC e comparativo com o Estado de São Paulo, no período de 01/01/1978 a 31/12/2019 Tipo de emergência x município da Região do ABC D ia d e m a M a u á R ib e ir ã o P ir e s R io G ra n d e d a S e rr a S a n to A n d ré S ã o B e rn a rd o d o C a m p o S ã o C a e ta n o T o ta l D is tr ib u iç ã o d o s c a s o s G ra n d e A B C T o ta l d o E s ta d o d e S ã o P a u lo D is tr ib u iç ã o d o s c a s o s n o E s ta d o d e S ã o P a u lo Armazenamento 2 1 0 0 1 3 0 7 1,4% 315 3,6% Indústria 18 7 3 1 4 17 4 54 10,4% 807 9,1% Transporte por dutos 4 4 1 0 5 22 4 40 7,7% 278 3,1% Postos de combustíveis 13 3 4 0 22 18 2 62 12,0% 738 8,3% Transporte rodoviário 20 11 22 1 18 158 8 238 46,0% 5140 57,7% Descarte 6 4 3 0 4 14 0 31 6,0% 493 5,5% Outros 11 3 6 1 23 28 13 85 16,5% 1.134 12,7% Total 74 33 39 3 77 260 31 517 100% 8.905 100% Fontes:CETESB (2020) e Guerra (2017) (atualizado pela autora) Nota: no total do Estado de São Paulo foram subtraídos os casos do Grande ABC Tabela 11 - Número de vítimas nos casos de emergência atendimentos pela CETESB nos municípios do Grande ABC e comparativo com o Estado de São Paulo, no período de 01/01/1978 a 31/12/2019 Nota: no total do estado de São Paulo foram subtraídos os casos do Grande ABC Número de vítimas/evacuados x tipo de emergência D ia d e m a M a u á R ib e ir ã o P ir e s R io G ra n d e d a S e rr a S a n to A n d ré S ã o B e rn a rd o d o C a m p o S ã o C a e ta n o T o ta l D is tr ib u iç ã o d o s c a s o s G ra n d e A B C T o ta l d o e s ta d o d e S ã o P a u lo D is tr ib u iç ã o d o s c a s o s n o e s ta d o d e S ã o P a u lo Armazenamento 0 0 0 0 4 0 0 4 1,6% 967 8,8% Indústria 8 4 0 0 0 2 0 14 5,8% 3.708 33,5% Transporte por dutos 0 8 0 0 10 0 0 18 7,4% 613 5,5 % Postos de combustíveis 2 0 0 0 0 0 0 2 0,8% 914 8,3% Transporte rodoviário 10 3 1 0 2 84 0 100 41,2% 1.663 15,0% Descarte 0 0 0 0 0 0 0 0 0,0% 69 0,6% Outros 0 0 0 0 4 101 0 105 43,2% 3.133 28,3% Total 20 15 1 0 20 187 0 243 100,0% 11.067 100,0% Fontes: CETESB (2020) e Guerra (2017) (atualizado pela autora) 127 Como pode ser observado na Tabela 10, o transporte rodoviário é o item de maior incidência de casos (46% do total de casos do grande ABC) entre os tipos de emergência analisados para o Grande ABC, enquanto que o armazenamento e as indústrias totalizam juntos 11,8% do total de casos. Os postos de combustíveis apresentaram 12% do total de casos atendidos pela CETESB no período, porém não são objeto de análise dessa pesquisa. Comparativamente com os dados do estado de São Paulo, o Grande ABC apresenta índices de acidentes nas indústrias (10,4% do total de casos do Grande ABC) e no transporte por dutos (7,7% dos casos totais do Grande ABC) maiores do que a média do estado de São Paulo (9,1% para indústrias e 3,1% para os dutos). Com relação ao número de vítimas registradas, o transporte rodoviário (Tabela 11) indicam que o transporte rodoviário é o item que causa maior número de vítimas (41,2% do total do Grande ABC). Comparativamente com os dados do estado de São Paulo, as vítimas no transporte por dutos e no transporte rodoviário são maiores no Grande ABC. No entanto, o número de vítimas no armazenamento e indústrias no Grande ABC é substancialmente menor do que no estado de São Paulo. Foram 18 vítimas no armazenamento e indústria no Grande ABC, contra 4.675 para o estado de SP em 41 anos de observação. Entre os registros de atendimento de emergência no transporte rodoviário (Tabela 12), São Bernardo do Campo foi o município que apresentou maior número de casos nesse tipo de emergência, sendo 31 na Rodovia Imigrantes, 28 na Rodovia Anchieta e 10 no Rodoanel Mario Covas. Vale ressaltar a importância dessas rodovias, visto que interligam a RMSP com polos industriais e logísticos instalados na Baixada Santista, como Santos, Cubatão e Guarujá, o que torna as malhas viárias da região do ABC sujeitas a acidentes no transporte de cargas perigosas. 128 Tabela 12 - Número de casos de emergência química atendidos pela CETESB no transporte rodoviário nos municípios do Grande ABC, no período de 01/01/1978 a 31/12/2019 Rodovia/ município D ia d e m a M a u á R ib e ir ã o P ir e s R io G ra n d e d a S e rr a S a n to A n d ré S ã o B e rn a rd o d o C a m p o S ã o C a e ta n o T o ta l Imigrantes 5 0 0 0 0 31 0 36 Anchieta 2 0 0 0 0 28 0 30 Rodoanel Mário Covas 0 1 4 0 1 10 0 16 Ruas e Avenidas/ Estradas vicinais 4 6 2 0 4 4 3 23 Índio Tibiriçá 0 0 5 0 0 3 0 8 Caminho do Mar 0 0 0 0 0 2 0 2 Interligação Imigrantes - Anchieta 0 0 0 0 0 2 0 2 SP 133 0 0 0 0 1 0 0 1 Não identificada 9 3 11 1 12 76 4 116 Total 20 10 22 1 18 156 7 234 Fonte: CETESB – Emergência Química (2020). Quanto aos registros de atendimento à emergência ocorridos nas proximidades do PPABC foram analisados os dados disponíveis no SIEQ (CETESB, 2020) para o período de maio de 1992 a fevereiro de 2019, apresentados no Quadro 10. Os dados referem-se às ocorrências em atividades de armazenamento, indústria, transporte por duto e transporte rodoviário nas vias públicas indicadas. 1 2 9 Q u a d r o 1 0 – H i s t ó r i c o d e a t e n d i m e n t o s d a C E T E S B n a s p r o x i m i d a d e s d o P P A B C , n o p e r í o d o d e m a i o d e 1 9 9 2 a f e v e r e i r o d e 2 0 1 9 Data Local Munícipio Atividade Empresa Causa Produto Classe do produto Informações complementares 09/05/1992 Polo do Grande ABC Mauá transporte por duto PETROBRAS Duto RECAP-UTINGA rompimento de oleoduto óleo combustível INFLA nada consta 15/07/1992 Polo do Grande ABC Santo André indústria Petroquímica União não especificada nafta INFLA nada consta 16/07/1994 Av. Alberto Soares Sampaio Mauá transporte por duto PETROBRAS Duto RECAP-UTINGA furo em oleoduto óleo combustível INFLA nada consta 05/11/1994 não especificado Santo André outras não pertinente não especificada gasolina INFLA nada consta 17/06/1996 Av. Alberto Soares Sampaio, 2000 Mauá indústria Cia Paulista de Fertilizantes não especificada amônia anidra TOX nada consta 11/10/1997 não especificado Santo André outras não pertinente não especificada produto químico diverso N.C. nada consta 09/07/1998 não especificado Santo André não identificada não pertinente outra óleo diesel INFLA 0 vítimas/ evacuados 22/08/1998 não especificado Mauá outras não pertinente não especificada éter etílico - 0 vítimas/ evacuados Meio atingido: solo 22/08/1998 não especificado Mauá outras não pertinente não especificada gasolina INFLA 0 vítimas/ evacuados Meio atingido: solo 10/02/1999 Av. Cap. Mário Toledo de Camargo, 5049 Santo André transporte por duto duto de 14 polegadas ação de terceiros (tentativa de furto) GLP INFLA 0 vítimas/ evacuados 04/06/1999 Av. Industrial, 657 Santo André indústria Empresa Paulista de Reciclagem Ltda outra ácido clorídrico, hidróxido de sódio, ácido nítrico CORR 0 vítimas/ evacuados Meio atingido: ar 20/04/2000 não especificado Mauá outras não pertinente falha operacional metano INFLA 0 vítimas/ evacuados Meio atingido: ar e solo 23/12/2000 não especificado Santo André não identificada não pertinente tubulação GLP INFLA 0 vítimas/ evacuados Meio atingido: ar, solo 05/05/2001 não especificado Santo André não identificada não pertinente outra gasolina INFLA 0 vítimas/ evacuados Meio atingido: - 14/07/2001 não especificado Santo André não identificada não pertinente outra gasolina INFLA 0 vítimas/ evacuados Meio atingido: água, fauna 14/08/2001 não especificado Santo André não identificada não pertinente outra gasolina INFLA 0 vítimas/ evacuados Meio atingido: - 27/05/2002 não especificado Santo André outras não pertinente não identificada amônia anidra TOX 0 vítimas/ evacuados Meio atingido: - 03/06/2002 não especificado Mauá não identificada não pertinente não identificada gasolina INFLA 0 vítimas/ evacuados Meio atingido: - 07/02/2003 Av. dos Antúrios, 1145 Mauá indústria Ecoper Química Ltda. incêndio produtos químicos diversos INFLA 0 vítimas/ evacuados Meio atingido: - 1 3 0 Data Local Munícipio Atividade Empresa Causa Produto Classe do produto Informações complementares 11/02/2004 Av. Alberto Soares Sampaio, 1240 Mauá indústria Bandeirante Química Ltda. incêndio de caminhão Thinner INFLA 0 vítimas/ evacuados Meio atingido: - 09/07/2004 Av. Alberto Soares Sampaio, 2000/ Ferrovia RFFSA Mauá transporte por duto PETROBRAS Duto RECAP-UTINGA furo no oleoduto resíduo oleoso INFLA0 vítimas/ evacuados Meio atingido: solo 30/06/2008 R. Acarape, 599, Jardim Estela Santo André indústria MARFRIG Frigoríficos e comércios Ltda falha mecânica amônia anidra TOX 0 vítimas/ evacuados Meio atingido: ar, solo 15/10/2012 não especificado Santo André outras não pertinente tubulação GLP INFLA 0 vítimas/ evacuados Meio atingido: ar 27/09/2013 Av. Papa João XXIII, sobre Av. João Ramalho Mauá transporte rodoviário não especificado Colisão e ruptura caminhão-tanque Cola N.C. 0 vítimas/ evacuados Meio atingido: - 04/10/2013 Av. Papa João XXIII com Av. Jacú Pêssego Mauá transporte rodoviário não especificado Tombamento de caminhão-tanque Thinner INFLA 2 vítimas feridas Meio atingido: água, ar 04/07/2015 Av. das Indústrias com Av. Ayrton Senna s/n Mauá transporte por duto não especificado não especificada resíduo aromático de pirolise INFLA 8 vítimas/ evacuados Meio atingido:água,ar,flora 26/11/2015 Av. Papa João XXIII, 3521, Vila Assis Mauá indústria Repanol Lavanderia Industrial Ltda tanque ácido clorídrico CORR 0 vítimas/ evacuados Meio atingido: ar 03/04/2016 Polo do Grande ABC Santo André armazenamento Braskem vazamento de duto ácido acrílico inibido CORR 4 vítimas/ evacuados Meio atingido: ar 17/04/2017 Av. Sapopemba, 370, Jardim Utinga Santo André transporte por duto não especificado ação de terceiros (trepanação69) GLP INFLA 10 vítimas/ evacuados Meio atingido:água,ar,solo 10/05/2017 R. Taubaté, 1130, Utinga Santo André transporte por duto não especificado ação de terceiros (tentativa de furto) nafta INFLA 0 vítimas/ evacuados Meio atingido: ar, solo 20/05/2017 R. João Nincão 202, Capuava Mauá indústria Durocromo Ind. e Com. Ltda incêndio Inflamável INFLA 0 vítimas/ evacuados Meio atingido: ar 08/04/2017 Rua Jurassi Fernandes 69, Capuava Mauá transporte de produtos químicos Trans MRA Lima Ltda incêndio em caminhão-tanque Inflamável INFLA 0 vítimas/ evacuados Meio atingido: ar 08/09/2017 Avenida Sapopemba, 1580, Jardim Utinga Santo André transporte por duto não especificado ação de terceiros (tentativa de furto) nafta INFLA 0 vítimas/ evacuados Meio atingido: ar 23/10/2019 Av. João Ramalho 1000, acesso Av. Papa João XXIII Mauá transporte rodoviário não especificado descarte de produto Decapante (semelhante ác. clorídrico) CORR 0 vítimas/ evacuados Meio atingido: - Legenda: INFLA: produto inflamável TOX: produto tóxico CORR.: produto corrosivo N.C.: não classificado Total 24 vítimas/evacuados Meio atingido: ar, água, solo e flora F o n t e : S I E Q ( C E T E S B , 2 0 2 0 ) e A p l i c a t i v o d e G e o r r e f e r e n c i a m e n t o d e E m e r g ê n c i a s Q u í m i c a s d a C E T E S B ( 2 0 2 0 ) . N o t a : o p r o d u t o p r o d u z i d o f o i i n f e r i d o c o m b a s e n o c ó d i g o C N A E e p e s q u i s a n o s i t e d a e m p r e s a . 69 T r e p a n a ç ã o é u m a t é c n i c a q u e c o n s i s t e n a i n s t a l a ç ã o d e u m a d e r i v a ç ã o c l a n d e s t i n a n o d u t o p e r f u r a d o ( S E N A D O F E D E R A L , 2 0 1 7 ) 131 Além dos dados do SIEQ, o registro histórico de acionamentos do PAM Capuava auxiliou a compreender o cenário epidemiológico dos acidentes industriais no PPABC (Quadro 11). Quadro 11 – Histórico de acionamentos do PAM Capuava de janeiro de 1989 a fevereiro de 2019 Data Empresa Evento Comentários 05/01/1989 Poliolefinas Incêndio em um reator O reator estava carregado com acetato de vinila. Não houve explosão. Fogo controlado. A área foi isolada e serviço de rescaldo realizado. 11/02/2004 Bandeirante Química Incêndio na área de formulação de Thinner Durante carregamento de caminhão-tanque com produto inflamável na área de formulação e Thinner, houve incêndio devido à eletricidade estática. 24/07/2012 Vitopel Incêndio na área de vegetação ao redor da empresa Incêndio causado por queda de balão que caiu próximo à dependência da empresa e como a mata estava seca se expandiu rapidamente. 07/08/2014 Oxiteno Incêndio na área de vegetação e próximo às torres de alta- tensão Ocorrência de dois princípios de incêndio em mata decorrente de centelhamento da rede de transmissão. Cenários simultâneos em locais de risco próximo às torres de 88.000v. 04/09/2014 Oxiteno Incêndio na área 100 (óxido de eteno) Ocorrência de pequeno vazamento de metano próximo ao compressor, onde em contato com uma parte quente do mesmo ocasionou o fogo. 17/09/2015 Cabot Incêndio em mata no terreno da empresa Ocorrência de fogo em mata em terreno da empresa do outro lado da Av. Ayrton Senna. Houve apoio dos brigadistas da Oxiteno e acionamento do bombeiro. 01/08/2015 Akzo Nobel Incêndio na área de vegetação da empresa A emergência ocorreu em decorrência de um incêndio causado pela queda de um balão de grande porte na reserva florestal da empresa. 14/10/2015 Braskem UNIB-3 Incêndio em tubulação da unidade Olefinas Explosão e incêndio devido ao rompimento da linha de transferência na saída dos fornos da unidade de olefinas. 13/01/2016 Cabot Incêndio na área de utilidades O princípio de incêndio ocorreu em um compressor. A brigada agiu prontamente, no entanto o PAM foi acionado preventivamente. 01/08/2016 Vitopel Incêndio na área de vegetação próxima a empresa O vigilante da empresa foi informado durante ronda noturna sobre foco de incêndio na vegetação em área externa próxima da Vitopel. Acionada brigada de emergência e equipe do PAM. 28/09/2016 Braskem PP-4 Incêndio na área de vegetação dentro da empresa Princípio de incêndio no talude externo à empresa. A brigada se deslocou até o local e combateram o incêndio. O PAM foi acionado pela empresa Chevron e não pela Braskem. 06/12/2016 Corpo de Bombeiro Incêndio em mata na Av. Ayrton Senna sentido Rodoanel Incêndio em mata no rodoanel sentido Paranavaí, controlado pelas equipes. Acionamento do corpo de bombeiros. 30/07/2017 Cabot Incêndio em mata no terreno próximo à empresa Ocorrência de fogo em mata em um terreno da empresa do outro lado da Av. Ayrton Senna. Houve apoio dos brigadistas do PAM. 01/02/2019 Braskem Q3 Fogo em uma das chaminés de nafta Fogo no interior da câmara de um dos fornos, devido a retorno de gás da linha de transferência em decorrência do apagão do dia 31/01/2019, que afetou várias cidades da região. Acionamento e atuação do PAM e brigada interna. Fonte: histórico de acionamento do PAM Capuava (PAM CAPUAVA, 2020). Descrição do evento resumido pela autora. 132 O histórico dos atendimentos de emergência química da CETESB (Quadro 10) mostra que o furto de combustível de dutos tem aumentado na região do Polo nos últimos anos e foi a atividade que causou o maior número de vítimas/ evacuados (10 vítimas/evacuados em 17/04/2017), em contrapartida, há poucos registros de incêndios, explosões e nuvens tóxicas nas indústrias e armazenamentos na região do PPABC. O histórico de acionamento do PAM Capuava (Quadro 11) indica que a maioria dos casos se refere a incêndio em áreas de vegetação próximas às empresas. Conforme informado pelo atual coordenador do PAM, os casos de incêndio no processo produtivo das indústrias; isto é, aqueles cenários acidentais significativos previstos nos EARs; foram controlados e combatidos sem desdobramento dos efeitos para fora da área das empresas. 4.6 Resultado do questionário sobre a abordagem metodológica A ideia de conduzir um questionário para identificar qual seria a melhor abordagem metodológica para a GRAI no âmbito do PGT e Emergência surgiu da pesquisa realizada pelo RIVM envolvendo os municípios dos Países Baixos. Conforme Boxman70, após o acidente ocorrido na cidade de Enschede no ano 2000 (Quadro 5), oRIVM entrevistou planejadores urbanos dos municípios para compreender sobre as dificuldades em aplicar os resultados dos EARs, visto que houve um alto número de fatalidades, feridos e desabrigados no acidente de Enschede. Considerando que o Brasil adota para o licenciamento ambiental a mesma abordagem dos Países Baixos, isto é, baseada no Risco Social e Individual, e que os EARs não são divulgados para as Secretarias de Planejamento Urbano dos municípios é importante identificar qual a melhor abordagem metodológica para a GRAI no âmbito do PGT, se baseada na consequência (mapas de vulnerabilidade), no Risco Social ou no Risco Individual. Duas questões foram incluídas, a primeira busca identificar a importância dos elementos básicos para a construção da abordagem metodológica (por meio da 70 Arjan M. C. Boxman do RIVM foi um dos entrevistados nos Países Baixos (ver item 2.5.1). 133 classificação do grau de importância definida pelo entrevistado) e outra questão (dissertativa) traz a percepção do entrevistado sobre os possíveis obstáculos para a implantação e manutenção de uma abordagem metodológica para a GRAI no âmbito do PGT e Emergência baseada nos resultados dos EARs71. Obteve-se 50 respostas com o questionário online. O resumo das respostas encontra-se apresentado nas figuras abaixo (as questões encontram-se apresentadas no Apêndice IV). As Figuras 37, 38, 39, 40 e 41 apresentam o perfil dos entrevistados. As porcentagens referem-se à distribuição de entrevistados no grupo analisado. Figura 37 – Setor de atuação profissional do entrevistado (50 entrevistados) Figura 38 – Área de atuação do profissional do Setor Público (24 entrevistados) * Outros: infraestrutura, segurança pública, ciência e tecnologia, secretaria municipal de subprefeituras e transportes metropolitanos. 71 A questão sobre os obstáculos para implantação da abordagem metodológica foi sugerida pela Dra. Claudia Basta durante entrevista realizada na Agência de Avaliação Ambiental nos Países Baixos (PBL – Netherlands Environmental Assessment Agency). Setor Público; 24; 48% Não representa instituição; 2; 4% Setor Industrial; 14; 28% Prestação de Serviços; 10; 20% Defesa Civil; 7; 29% Outros*; 5; 21%Secretaria do Meio Ambiente; 5; 21% Planejamento Urbano; 7; 29% 134 Figura 39 – Área de atuação do profissional do Setor Industrial (14 entrevistados) Figura 40 – Departamento de atuação do profissional do Setor Industrial (14 entrevistados) Figura 41 – Área de atuação do profissional do Setor de prestação de serviço (10 entrevistados) * Outros: consultor em planejamento e políticas culturais, consultor em projetos de gestão de recursos hídricos e infraestrutura, consultor socioambiental, engenharia de incêndio, ensino A maioria dos entrevistados (46%) respondeu que não havia tido contato com um EAR elaborado conforme norma P4.261 da CETESB, enquanto que 32% responderam que ‘Sim’ já haviam tido contato com EAR e 22% responderam que ‘Não tenho certeza’ (Figura 42). Energia; 5; 36% Química; 4; 29% Petróleo; 3; 21% Petroquímica; 2; 14% Engenharia; 2; 14% Controle de Emergências e Segurança Patrimonial; 1; 7% Segurança, Meio Ambiente e Saúde; 10; 72% Gestão Operacional; 1; 7% Consultoria em Análise de Risco 4 Atendimento a Emergência de Acidentes Industrias 1 10% Outros* 5 50% 135 Figura 42 – Já teve contato com Estudo de Análise de Risco elaborado conforme norma P4.261 da CETESB? (50 entrevistados) Entre aqueles que ‘não’ tiveram contato com um EAR, aproximadamente 70% eram do Setor Público, enquanto que aqueles que responderam ‘não tenho certeza’ eram Prestadores de Serviço e do Setor Industrial. Aqueles que responderam que já haviam tido contato com um EAR eram do Setor Público (44%), do Setor Industrial (38%) e Prestadores de Serviço (18%). Para identificar a importância dos quesitos para uma abordagem metodológica para a GRAI no âmbito do PGT e Emergência (Tabela 13) foi necessário fazer uma média ponderada entre o número de respostas e o grau de importância do quesito, entre 1 (menos importante) e 5 (muito importante). Sim; 16; 32% Não; 23; 46% Não tenho certeza; 11; 22% 136 Tabela 13 – Escala de importância dos quesitos para a GRAI no PGT e Emergência na visão dos entrevistados (50 entrevistados) Quesito Grau de importância Total de respostas Média Ponderada 1 2 3 4 5 Definição das Zonas de Risco 3 1 14 6 26 50 4,02 Comunicação de risco à população vulnerável 3 2 14 4 27 50 4,00 Definição de medidas protetivas externas à indústria 1 3 16 7 23 50 3,96 Definição dos cenários acidentais mais significativo 1 3 18 5 23 50 3,92 Espacialização geográfica das zonas de risco 2 3 16 9 20 50 3,84 Informação sobre o produto químico 3 3 16 6 22 50 3,82 Probabilidade de ocorrência do acidente 3 1 17 11 18 50 3,80 Critérios de tolerabilidade de risco 2 3 17 11 17 50 3,76 Total 19 21 131 63 181 50 - Quanto a melhor opção de utilização dos resultados de um EAR para aplicação no planejamento urbano e planos de contingência da defesa civil, a grande maioria dos entrevistados (74%) optou pelos Mapas de Vulnerabilidade (Opção 1), seguido da curva de isorrisco do Risco Individual (Opção 2) com 18% dos entrevistados (Figura 43). A curva do risco social (Opção 3) foi a última opção dos entrevistados (8%). 137 Figura 43 – Qual das opções (resultados de um EAR) você acredita ser mais adequado para considerar no planejamento urbano e nos planos de contingência da defesa civil? (50 entrevistados) Opção 1 - Mapas de Vulnerabilidade: são mapas elaborados com o alcance das consequências de cada tipologia acidental (incêndio, explosão e nuvem tóxica), definindo as zonas de risco em função da probabilidade de fatalidade (100%, 50%, 1%). Opção 2 - Curva do Risco Social: representa o risco quantitativo para um agrupamento de pessoas presentes na vizinhança de uma instalação perigosa. A curva do RS é construída com pontos de frequência acumulada da ocorrência dos cenários acidentais (F) versus o número de fatalidade (N), sendo desenhada no gráfico com os limites de risco tolerável (linha verde) e intolerável (linha vermelha) definidos na norma P4.261. Opção 3 - Curvas de Isorrisco: curvas calculadas considerando a frequência de ocorrência dos cenários acidentais e a probabilidade de fatalidade para uma única pessoa (por isso se chama Risco Individual - RI). As frequências são somadas em cada célula da área total de abrangência do tipologia acidental de maior alcance (pontos x,y). As curvas são traçadas sobre imagens georreferenciadas contornando as células com risco da mesma ordem de grandeza, por isso é conhecida por curva de isorrisco (mesmo valor de risco). O valor de RI = 10-5/ano é considerado intolerável de acordo com a norma P4.261. Entre aqueles que escolheram a ‘Opção 1 – Mapas de Vulnerabilidade’, 46% eram do Setor Público, 27% do Setor Industrial, 22% eram Prestadores de Serviço e 5% Não Representava Nenhuma Instituição. As justificativas dos 37 entrevistados que escolheram a ‘Opção 1 - Mapas de Vulnerabilidade’ podem ser assim resumidas: • “mais apropriada para embasar legislação de ordenamento de uso, ocupação e parcelamento do solo”. • “permite constatar as vulnerabilidades, a exemplo dos mapas de riscos relacionados a outras tipologias de desastres, como riscos geológicos e hidrológicos”. • “mais adequada para o planejamento do território, pois apresenta configuração espacial das vulnerabilidades e riscos”. • “evita novas ocupações”. Opção 2 - Curva do Risco Social; 4; 8% Opção 1 - Mapas de Vulnerabilidade; 37; 74% Opção 3 - Curvas de Isorrisco; 9; 18% 138 • “ainda que abstrata é mais intuitiva, o que pode facilitar o planejamento urbano em municípios inexperientes com o assunto”.• “leitura simples e direta das zonas de risco”. • “mais didático e amigável (fácil interpretação) para a preparação e treinamento de comunidades”. • “reúne informações úteis para os atores envolvidos, incluindo a população que pode ser afetada”. • “define claramente as áreas de risco que devem ser priorizadas em um plano de contingência da defesa civil”. • “mais confiável, pois não está relacionado com ‘critério de risco tolerável’, que é um entendimento pragmático para algo com muitas variáveis”. • “é a opção menos ruim, pois relaciona o risco com probabilidade de fatalidades, que é um guia inseguro para ações corretivas”. As justificativas dos 4 entrevistados que escolheram a ‘Opção 2 - Curva do Risco Social’ foram: • “apresenta o risco quantitativo para um agrupamento de pessoas presentes na vizinhança de uma instalação perigosa, com isso a empresa consegue dimensionar melhor seus recursos e ações em casos de emergência”. • “leva em conta grupos de pessoas afetadas pelos acidentes, em outras palavras, pode ser estratégica para salvar vidas”. • “devido ao aspecto social”. As justificativas dos 9 entrevistados que escolheram a ‘Opção 3 – Curvas de Isorrisco’ foram: • “as curvas do tipo ‘iso’; a exemplo de outras aplicações, tais como: ‘iso- oxigênio dissolvido’ e ‘iso-temperatura’ em reservatórios de água, ‘iso-ruído’ no entorno de instalações industriais e aeroportos; transmitem melhor as condições de risco, embora sejam abstrações da realidade e subjetivas. Juntar as curvas ‘iso’ (mix da Opção 1 e 3) pode ajudar a visualizar espacialmente a abrangência do risco. A Opção 2 é abstrata para a população de risco, embora fundamental para o gestor do risco”. 139 • “dá maior transparência à percepção espacial pelo ‘não especialista’, apesar da Opção 1 ser mais atraente”. • “mais condizente para a comunicação do risco”. • “boa abordagem quantitativa e espacial (por usar imagem que pode ser georreferenciada)”. • “auxilia na tomada de decisão em uma situação de emergência”. • “por conter informações georreferenciadas possibilita a sua aplicação de forma direta no planejamento urbano, por meio da territorialização das informações técnicas (linguagem familiar ao planejador urbano)”. • “permite cruzar informações georreferenciadas com outras camadas de estudo do território e gerar análises integradas para o planejamento urbano”. As 40 respostas sobre ‘Quais os obstáculos para a implantação e manutenção de uma abordagem metodológica para planejamento urbano e planos de contingência da defesa civil, que seja baseada nos resultados de um EAR?’, podem ser assim resumidas: • “Falta regulação ou há regulação ineficiente para uso e ocupação do solo. As legislações locais nem sempre contemplam a necessidade de uma abordagem metodológica para a GRAI no âmbito do PGT”. • “O distanciamento geográfico das fontes de perigo é fundamental para a segurança da população e não é divulgado”. • “Falta integração entre os órgãos públicos, desta forma os EARs não são compartilhados entre eles, sendo usados apenas no licenciamento ambiental”. • “Falta diálogo com a sociedade civil, que muitas vezes tem um entendimento diferente das necessidades do planejador urbano”. • “As empresas não disponibilizam informações reais para um planejamento urbano adequado e para a atuação em emergências”. • “Falta divulgação de dados, consequentemente a população não tem conhecimento das informações dos riscos químicos”. • Falta metodologia e dados confiáveis. As informações devem vir de fontes diferentes do Polo Industrial. 140 • Os EARs são instrumentos de importância e, portanto, sua elaboração e manutenção não devem ser negligenciadas. • Há grande dificuldade em dar sequência nas ações públicas. • Os EARs não são amplamente divulgados e são elaborados para realizar o licenciamento junto aos órgãos ambientais. • É necessário ter interfaces com outros instrumentos que definem o uso e ocupação do solo, como plano de gestão viária, por exemplo. 141 5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS As evidências documentais encontradas no levantamento histórico da implantação do PPABC permitem considerar que a ocupação do território teve início em 1954, com a construção da Refinaria de Petróleo União (atual Refinaria RECAP da Petrobras), mas se intensificou após 1970, notadamente após a construção da PQU-Petroquímica União (atual Braskem Q3). Segundo Nunes (2017), as indústrias do PPABC induziram a ocupação do território em Mauá. Esse processo identificado por Nunes vem ao encontro da narrativa de Lefebvre (2011) que atribui à industrialização, o papel de ‘indutor’ do desenvolvimento urbano. A formação do PPABC e a evolução demográfica de Mauá e Santo André constituem-se no fenômeno urbano denominado por Lefebvre por ‘aglomeração’, que leva à transformação morfológica das cidades (LEFEBVRE, 2011). A teoria de Weber citada por LAUTERT e ARAÚJO (2007) sobre os fatores que influenciam a localização das indústrias, também pode ser confirmada no histórico de implantação do PPABC, visto que, houve tanto fatores regionais geográficos (o local já era usado como trilha do povo indígena Tupiniquim, a Estrada de Ferro Santos- Jundiaí construída em 1860 facilitou os acessos ao Porto de Santos e ao mercado consumidor de São Paulo); quanto fatores locais, independentes da geografia, associados aos aspectos da economia resultante da proximidade entre as indústrias, quais sejam: disponibilidade de matérias-primas fornecidas pela refinaria de petróleo, a otimização de recursos e a mobilização integrada das indústrias. Além desses fatores locais, as indústrias receberam incentivo fiscal do município de Mauá (evidenciado no Plano Diretor de Mauá de 1970). Há indícios de que a relação integrada gerada pela aglomeração entre as indústrias do PPABC incitou a alteração da Lei Estadual 1.817/1978 (SÃO PAULO (ESTADO), 1978), que proibia a ampliação de indústrias de petróleo e petroquímicas, passando a ser permitida a partir de 2002 (SÃO PAULO (ESTADO), 2002). Se por um lado a aglomeração foi ‘vantajosa’ para as indústrias do PPABC, por outro, a ausência de regulamentação restritiva para o uso e ocupação do solo na região resultou em amortização do espaço e adensamento urbano dos bairros no entorno do Polo, notadamente no Jardim Sônia Maria, Jardim Silvia Maria e Vila Santa 142 Cecília em Mauá, assim como, Jardim Ana Maria, Jardim Itapoan, Parque Capuava e Jardim Rina em Santo André (Figuras 25, 26 e 36). Faz-se notar no Plano Diretor de Mauá de 1970 (PREFEITURA DE MAUÁ, 1970) a transferência de núcleos residenciais existentes na zona industrial de Capuava, sugerindo que havia residências na área do PPABC e que foram removidas. Na mesma época da implantação da Petroquímica União (1972) houve acentuado crescimento da ocupação dos assentamentos precários: Jardim Oratório, em Mauá, e Conjunto Habitacional Avenida do Estados, em Santo André (Figuras 28 e 29), caracterizando-se no modelo de desenvolvimento urbano desigual, que disponibiliza espaços inadequados para a população de baixa renda (ACSELRAD, 2001; SANTOS JUNIOR; MONTANDON, 2011). Apesar da aparente ocupação desordenada em alguns bairros de Mauá, Nunes (2017) relata que os loteamentos abertos entre 1960 e 1970 são todos regulares e foram aprovados na prefeitura. A regularização de assentamentos precários localizados próximos a indústrias perigosas sem prévia análise do risco de acidentes, pode resultar em trágicas consequências, como o ocorrido em Seveso em 1976, Bhopal em 1984, Vila Socó em 1984 e Toulouse em 2001 (BASTA, 2009; BASTA et al., 2007; LEES, 2005; DECHY et al., 2004; PORTO; FREITAS, 2003). Quanto a evolução do uso e ocupação do solo na região do PPABC, a comparação entre as imagens do ano de 1970 (Figura 25) e 2019 (Figura 26)demonstra que houve intensa amortização do espaço urbano no entorno do Polo. Atualmente, o uso industrial na área do PPABC é predominante (71,7% da área do PPABC apresentada na Figura 27), seguido de área ambiental ocupada pela ZEIA (16,7% da área do PPABC), porém há ainda áreas não ocupadas (8,6% da PPABC). No entanto, observa-se 3% da área do PPABC ocupada por residências e comércios72 (Figura 44). Tal área encontra-se na Zona ZDE-2 para uso de atividades logísticas e diversificadas conforme Plano Diretor de Mauá de 2016 (Figura 31). Esta zona, no entanto, revela permissividade em relação ao uso e ocupação do solo, visto 72 Essa área refere-se ao bairro Capuava, que deu origem ao nome do Polo e que, conforme, informação verbal recebida da equipe da Secretaria de Planejamento Urbano do Município de Mauá, o bairro Capuava já existia antes da regulamentação que definiu o zoneamento. 143 que há indústrias com produtos químicos perigosos instaladas na Av. Alberto Soares Sampaio, a dizer: Bandeirantes Química (inflamável), Compass (tóxico), Copagaz (inflamável), Consigaz (inflamável), Liquigás (inflamável), SHV Gás (inflamável) e Ultragaz (inflamável) indicadas na Figura 36. Desta forma, há potencial para a ocorrência de incêndio, explosão e nuvem tóxica nessa região, portanto, não se recomenda o uso residencial e adensamento nessa zona (ZDE 2). Figura 44 – Fotos das ruas no bairro Capuava em Mauá Fonte: Google Earth Pro (2020) Outra questão relacionada com o uso e ocupação do solo, refere-se a proximidade do PPABC com bairros residenciais (Figura 36), como o Jardim Sônia Maria, Jardim Silvia Maria, Vila Santa Cecília em Mauá, Jardim Ana Maria e Jardim Itapoan em Santo André, e Parque São Rafael e Jardim São Francisco em São Paulo. Nesses bairros não se recomenda o adensamento populacional e a instalação de equipamentos sociais que podem ser usados em pós-desastre ou acumular pessoas, tais como, hospitais, unidades de pronto atendimento, escolas, igrejas, clubes, asilos, entre outros. O distanciamento entre as indústrias perigosas e a população vulnerável é considerado como medida de prevenção de desastres por vários estudiosos e especialistas das áreas de planejamento urbano e da engenharia (TAVEAU, 2010; BASTA, 2009; BASTA, et al., 2007; CAHEN, 2006; LEES, 2005; HSE, 1989). Observa-se, contudo, um ponto favorável no atual desenho urbano no entorno do PPABC. Trata-se da presença da ZEIA e de uma região não ocupada do lado Noroeste do Polo, no município de São Paulo, próxima à divisa com Mauá (Figuras 35 e 45). Tais áreas estão funcionando como ‘zonas de amortecimento’ contra os efeitos danosos de acidentes, protegendo os bairros: Parque São Rafael e Jardim São Francisco em São Paulo, Jardim Paranavaí e Jardim Oratório em Mauá. Contudo, 144 notam-se edificações precárias na rua Santo André Avelino em São Paulo. Essas áreas devem ser mantidas livres de edificações residenciais aproveitando o atual desenho urbano. A gestão de áreas de risco de desastres no Brasil tem sido apontada por vários estudiosos como ‘ineficiente’, tanto por falta de regulamentação, quanto por falta de fiscalização (ABGE, 2020; LOPES, 2017; NOGUEIRA; OLIVEIRA; CANIL, 2014). Figura 45 – Detalhe da ocupação na rua Santo André Avelino, Parque São Rafael em São Paulo, SP, em 2020 Fonte: Google Earth Pro (2020). Apesar dos EARs serem documentos públicos, não foi possível ‘dar vistas’ a todos os estudos, pois os mesmos não foram localizados nas agências da CETESB e nem com representantes das indústrias do Polo. Além disso, houve muita resistência por parte das indústrias em fornecer informações detalhadas sobre os seus cenários acidentais. Essas dificuldades podem ser entendidas como demonstração da ‘cultura do segredo de risco’ mencionada por Taveau (2010) e Dechy et al. (2004). Outro ponto que merece atenção refere-se às áreas contaminadas existentes no PPABC. Conforme relatório da CETESB (2019) há 13 áreas contaminadas com diferentes contaminantes (a grande maioria com metais e solventes). Muitas dessas áreas já foram reabilitadas para uso ou estão em processo de remediação/ reutilização. Apenas uma área foi contaminada por acidente ocorrido na instalação, 145 demonstrando que os poucos registros de acidentes ocorridos no PPABC não contribuíram para a contaminação do solo e águas subterrâneas. A descontaminação de áreas impactadas por acidentes industriais é uma das ações de remediação pós- desastre (LEES, 2005). A atuação do COFIP ABC comprova que um grupo de indústrias localizadas em uma mesma área pode unir-se e ter representação única para tratar de diferentes demandas, desde otimização de custos operacionais, até questões mais complexas com diferentes atores envolvidos, como as relacionadas com a GRAI. Não obstante o princípio ético para a redução do risco das indústrias do PPABC, Luís Antônio Pazin, atual presidente do COFIP ABC, entende que é um grande desafio manter uma relação de sustentabilidade com a comunidade, posto que não há políticas públicas para tratar a questão de urbanização. Esta lacuna apontada por Pazin confirma o hiato existente atualmente no Brasil para dialogar sobre as questões de gestão de risco de desastres, principalmente aquelas relacionadas com riscos industriais no âmbito do PGT. Esta lacuna é confirmada por Lopes (2017), Naime (2010), Nogueira (2002) e especialistas da ABGE (ABGE, 2020). Quanto a preparação e planejamento para o enfrentamento de emergências, o PAM Capuava comprova que é possível compartilhar experiências e recursos entre empresas localizadas em uma mesma área. A divulgação das informações de segurança dos produtos químicos de cada empresa, previsto no Manual de Emergência do PAM Capuava, previne desdobramentos de cenários acidentais. Conforme apontado por Basta (2009) e Lees (2005), a falta de compartilhamento de informações de segurança é um dos obstáculos para uma resposta rápida aos acidentes industriais. Apesar da participação da Defesa Civil de Mauá e de Santo André no PAM Capuava e no Grupo do P2R2 do Consórcio do ABC, não foram identificadas ações concretas para a integração dos riscos às políticas de ordenamento do território, tão pouco para o desenvolvimento urbano e comunicação de risco. Como observado por Nogueira, Oliveira e Canil (2014), falta capacidade econômica, técnica e administrativa aos municípios para implementar as ações necessárias e atingir os objetivos da PNPDEC (BRASIL, 2012). 146 Quanto ao trabalho de elaboração dos mapas de risco coordenado pelo grupo da Subcomissão do P2R2 do Consórcio do Grande ABC, observa-se que não houve um real avanço no mapeamento das áreas de riscos sujeitas a acidentes industriais. A falta de metodologia estruturada para definir as zonas de risco foi relatada pelo coordenador do grupo do Consórcio, como um dos motivos para esse atraso. Não foram localizados mapas com zonas de risco para o PPABC, com exceção do mapa que está sendo elaborado pelo COFIP ABC para ser incluído no Estatuto do PAM Capuava. A ausência de mapas com a identificação das áreas de risco impossibilita definir com precisão a localização da população vulnerável, bem como, as rotas de fuga para a evasão da comunidade. A análise crítica das imagens com a localização espacial das indústrias e o entorno do PPABC (Figuras 27 e 36) permite considerar que há áreas que necessitam de mapeamento das rotas de fuga, principalmente aquelas que, por limitação física do desenho urbano (presença de rios, viadutos, vias públicas com barreiras para pedestres), impeçam a evasão rápida da população. Portanto, mapas com zonas de risco permitem planejamento estratégico das rotas de fuga e a tomada de decisão quanto a implantação de infraestrutura protetiva, considerados na Nova Agenda Urbana (ONU-HABITAT,2016) como itens fundamentais para reduzir vulnerabilidades e risco. Com relação aos registros de acidentes industriais, os dados do SIEQ da CETESB (2020) no período de 1978 a 2019 (Tabela 10) indicam que a incidência de atendimentos à emergência em indústrias, dutos e transporte rodoviário é relevante, demonstrando a necessidade de ações estruturadas para combater os impactos e avanços desse cenário danoso. O número de casos de acidente com cargas perigosas no transporte rodoviário é expressivo no Grande ABC e estado de São Paulo (Tabela 10), porém nota-se que a magnitude das consequências dos derramamentos é, na maior parte das vezes, menor do que para instalações industriais denominadas ‘fixas’, isto é, plantas químicas com grandes quantidades de produtos perigosos armazenados. Já o cenário epidemiológico de casos de emergência específicos para o PPABC demonstra que as indústrias têm conseguido fazer uma boa gestão de seus 147 riscos, pois não há registros de acidentes de grandes proporções no banco de dados do SIEQ no período entre 1992 a 2019 (CETESB, 2020), tão pouco nos registros de atendimento do PAM Capuava no período entre 1989 e 2019. O questionário online sobre a abordagem metodológica para a GRAI no âmbito do PGT e emergência teve boa aderência, pois houve a participação de 50 voluntários do setor industrial (28%), setor público (48%) e prestadores de serviço (20%) (4% dos entrevistados não representam nenhuma instituição), atuam em diferentes áreas: planejamento urbano, defesa civil, secretaria do meio ambiente, indústria química, petroquímica, petróleo e energia. Quase metade dos entrevistados (46%) não havia tido contato com um EAR, o que ajudou a validar a questão sobre qual a melhor opção de utilização dos resultados de um EAR para aplicação no planejamento urbano e planos de contingência, já que a intenção é que os resultados do EARs sejam utilizados por ‘não especialistas’ em análise de risco. Os três quesitos escolhidos pelos entrevistados como de maior importância para a GRAI no âmbito do PGT e Emergência foram: (1) definição das zonas de risco; (2) comunicação de risco à população vulnerável e (3) definição de medidas protetivas externas à indústria (Tabela 13). O quesito ‘critérios de tolerabilidade de risco’ obteve o menor peso na votação. A questão sobre qual o resultado do EAR seria mais adequado para considerar no planejamento urbano e nos planos de contingência resultou na ‘Opção 1 – Mapas de Vulnerabilidade’ com 74% dos entrevistados, enquanto que a ‘Opção 3 – Curva do Risco Social’ obteve apenas 8% da preferência dos entrevistados. Os mapas de vulnerabilidade foram considerados pelos entrevistados como mais apropriados “para embasar legislação de ordenamento de uso, ocupação e parcelamento do solo”, podendo ser interpretados mais intuitivamente, “o que pode facilitar o planejamento urbano em municípios inexperientes com o assunto”, além do mais, eles reúnem “informações úteis para os atores envolvidos, incluindo a população que pode ser afetada”, pois definem “claramente as áreas de risco que devem ser priorizadas em um plano de contingência da defesa civil”. Os mapas de vulnerabilidade (Opção 1 do questionário) também foram considerados ‘mais confiáveis’ ou ‘menos ruim’, pois não estão relacionados “com ‘critério de risco tolerável’, que é um entendimento pragmático para algo com muitas variáveis”, no entanto, a probabilidade de fatalidades 148 utilizada nos cálculos da Opção 1 foi considerada “um guia inseguro para ações corretivas”. O resultado do mapa de vulnerabilidade (Opção 1) como preferido pelos entrevistados veio ao encontro com a pesquisa realizada nos Países Baixos, quando o RIVM constatou que os agentes municipais e planejadores urbanos interpretavam as curvas de isorrisco (opção 3 do questionário online), porém não compreendiam o gráfico do Risco Social (Opção 2 do questionário online), por tratar-se de um critério gráfico em 2 dimensões sem visualização espacial. Não é sem motivo que o Centro de Pesquisa TNO dos Países Baixos vem desenvolvendo um projeto técnico-científico para apresentar o Risco Social geograficamente e aplicá-lo em planejamento urbano (BOOT, 2010)73. Entretanto, apesar de a CETESB estar voltada para o licenciamento ambiental e não para a regulamentação do uso e ocupação do solo propriamente dito, ela faz a seguinte consideração sobre o Risco Individual e Risco Social: [...] os casos em que o risco social for considerado atendido, mas o risco individual for maior que o risco máximo tolerável, a CETESB, após avaliação específica, poderá considerar o empreendimento aprovado, uma vez que o enfoque principal na avaliação do risco está voltado para agrupamentos de pessoas possivelmente impactadas por acidentes maiores, sendo o risco social o critério prioritário nesta avaliação. (CETESB, 2011, p. 36/140). Desta forma, a tomada de decisão para a emissão das licenças ambientais está baseada no Risco Social, que conforme RIVM dos Países Baixos, é considerado um critério ‘não adequado’ para o PGT. Vale ressaltar que a curva de isorrisco do Risco Individual também foi considerada pelos entrevistados como adequada para o planejamento do território, por “apresentar configuração espacial das vulnerabilidades e riscos” e por transmitir “maior transparência à percepção espacial pelo ‘não especialista’”. Ela também foi considerada mais apropriada para a comunicação do risco. A questão sobre ‘Quais os obstáculos para a implantação e manutenção de uma abordagem metodológica para planejamento urbano e planos de contingência da defesa civil, que seja baseada nos resultados de um EAR?’ contribuiu para o delinear 73 Hans Boot do TNO foi um dos entrevistados nos Países Baixos (ver item 2.5.1). 149 as barreiras no processo da GRAI no âmbito do PGT. Dentre as 40 respostas recebidas, nota-se um consenso sobre: • falta regulamentação para a GRAI; • falta de integração entre os órgãos públicos; • falta diálogo com a sociedade civil; e • falta transparência das empresas. 150 6 PROPOSTA DE GRAI NO ÂMBITO DO PGT A partir dos resultados obtidos nesta pesquisa propõe-se um modelo baseado em ‘camadas de proteção’ para obter uma efetiva GRAI no âmbito do PGT e Emergência. A estrutura da proposta está apresentada na Figura 46 e descrita a seguir. 6.1 Camadas de proteção para a GRAI As camadas de proteção do GRAI são constituídas de medidas e instrumentos que, apesar de serem ‘permeáveis’, dificultam a trajetória do desastre. Desta forma, quanto mais camadas de proteção no sistema de gestão de risco, menor é a chance de um desastre vir a acontecer. • As camadas foram classificadas em ‘proteção interna’ e ‘proteção externa’, tendo a indústria como ponto de partida, assim as proteções externas referem-se a ações que devem ser implantadas externamente a área das indústrias, isto é, fora dos limites físicos da empresa. As proteções externas por sua vez, visam estabelecer diretrizes para o zoneamento e a implantação de infraestrutura de proteção e ações de contingência externas às indústrias. As camadas de proteção são assim definidas: Proteção Interna: mantida pela própria indústria, tais como, projeto inerentemente seguro, sistemas de segurança de processo e barreiras de segurança, como, por exemplo: sistema instrumentado de segurança, válvulas de alívio e bacias de contenção. Os EARs, PGRs e PAEs também se constituem em proteções internas, pois são de responsabilidade da indústria, apesar de serem instrumentos submetidos ao órgão ambiental licenciador. • Proteção Externa – Infraestrutura: são medidas de segurança que consistem em soluções técnicas para mitigar os efeitos de vazamentos, incêndios, explosões e nuvens tóxicas. O tipo de solução a ser adotado depende da intensidade da tipologia acidentalem áreas externas à indústria. Em linhas gerais as medidas de segurança são: reforço das edificações civis para o caso de explosão de nuvem não confinada (códigos de engenharia a serem utilizados nas construções para reforço de estruturas e vidros à prova de explosão), construção de paredes corta-fogo, construção de valas e diques 151 para impedir a contaminação de corpos d’água e abrigos para o caso de nuvens tóxicas. • Proteção Externa – Emergência: são instrumentos para preparação e resposta a emergência, a dizer: Plano de Auxílio Mútuo (quando for o caso de áreas onde haja agrupamento de indústrias), Plano de Contingência da Defesa Civil, Informações de segurança sobre os produtos químicos perigosos e Mapas de Risco. Os mapas de risco devem indicar as rotas de fuga, alarmes instalados em zonas de danos severos e birutas para indicar a direção da nuvem tóxica. • Proteção Externa – Planejamento e Gestão do Território: consiste em indicar as zonas de risco em mapas georrefenciados que devem ser incorporados nos planos diretores municipais, da mesma forma como atualmente é feito para outros riscos, a exemplo dos geodinâmicos (deslizamentos) e hidrodinâmicos (inundações). Isso possibilitará cruzar informações georrefenciadas com outras camadas do planejamento do território e gerar análises integradas para: controle do uso e ocupação do solo, planejamento urbano e desenvolvimento integrado. As ferramentas são: mapas de risco, regulamentação para uso e ocupação do solo, plano diretor municipal, plano de desenvolvimento urbano integrado. • Proteção Externa – Comunicação de Risco: consiste em instrumentos para a inclusão da população vulnerável, tornando a mesma mais participativa e despertando para a percepção dos riscos relativos às atividades industriais. Esse trabalho pode ser desenvolvido por meio de oficinas técnicas junto às comunidades. Os instrumentos são: Conselho Comunitário Consultivo e Programa de Comunicação de Risco. O programa de comunicação de risco deve basear-se no mapa de risco e incluir um cronograma de exercícios simulados. 6.2 Camadas de proteção identificadas no PPABC para a GRAI A Figura 47 apresenta as camadas de proteção identificadas no PPABC. Observa-se que, apesar dos esforços despendidos pelas indústrias do Polo em construir camadas de proteção, ainda faltam camadas relacionadas à infraestrutura externa, planejamento do território e comunicação de risco. 152 Figura 46 – Modelo de camadas de proteção para GRAI no âmbito do PGT e Emergência Fonte: adaptado de Reason (2000). Figura 47 - Camadas de proteção identificadas no PPABC 74 74 O Plano Diretor de Mauá foi considerado incompleto, visto que o zoneamento da Av. Alberto Soares Sampaio não está adequado para adensamento urbano, pois há potencial para incêndio, explosão e nuvem tóxica nessa região. Proteção Interna: projeto inerentemente seguro, sistema de segurança de processo, Estudo de Análise de Risco (EAR), Programa de Gerenciamento de Risco (PGR), Plano de Ação de Emergência (PAE) Proteção Externa – Comunicação de Risco: Conselho Comunitário Consultivo, Programa de Comunicação de Risco Proteção Externa – Emergência: Plano de Auxílio Mútuo, Plano de Contingência com Defesa Civil, Informações de segurança, Mapas de Risco Proteção Externa – Planejamento e Gestão do Território: Mapas de Risco, Regulamentação para uso e ocupação do Solo, Plano Diretor Municipal, Plano de Desenvolvimento Urbano Integrado Proteção Externa – Medidas de Segurança (infraestrutura): barreiras físicas (vidros à prova de explosão, parede corta-fogo), birutas, pontos de encontro, rotas de fuga, abrigos e sistemas de alerta, infraestrutura de escape. Proteção Interna: projeto inerentemente seguro, Estudo de Análise de Risco (EAR), Programa de Gerenciamento de Risco (PGR), Plano de Ação de Emergência (PAE) Proteção Externa – Comunicação de Risco: Conselho Comunitário Consultivo, Programa Portas Abertas, Exercícios Simulados (iniciado) Proteção Externa – Emergência: Plano de Auxílio Mútuo, Plano de Contingência com Defesa Civil, Manual de Segurança Proteção Externa – Planejamento e Gestão do Território: Plano Diretor de Santo André, Plano Diretor de Mauá 153 6.3 Mapa de Risco de Acidentes Industriais O mapeamento de áreas de risco é um dos principais elemento para o ordenamento do território, planos de contingência e comunicação de risco. Propõe-se a elaboração de mapas com a identificação de áreas suscetíveis à ocorrência de incêndio, explosão ou nuvem tóxica ocasionados por acidente em indústria que armazene, produza e manuseie produto químico perigoso, causando efeitos danosos às pessoas presentes em áreas externas à indústria. O critério para definição dos recuos e implantação de medidas urbanísticas é voltado para o zoneamento municipal e desenvolvimento urbano integrado. Os recuos utilizam os resultados dos Estudos de Análise de Risco (EARs) como referência e baseiam-se em abordagem híbrida, que combina a abordagem determinística ‘base-consequência’ e a probabilística ‘base-risco’. Nas situações em que a curva de isorrisco alcançar áreas externas e estiver acima do critério de tolerabilidade estabelecido pelo órgão ambiental licenciador, ou a distância de consequência de incêndio, explosão em nuvem não confinada e nuvem tóxica alcançarem áreas externas com 100% de probabilidade de fatalidade, essa área será definida como ‘Zona de Exclusão’, devendo ser aplicado o recuo conforme Quadro 12. Caso o recuo desta zona não possa ser aplicado por já existir edificações na ‘Zona de Exclusão’, o proprietário do empreendimento industrial deverá aplicar medidas protetivas externas ao seu terreno, conforme o tipo e intensidade do acidente: se incêndio, explosão ou nuvem tóxica. Cabe a gestão municipal por meio do diálogo e a análise da situação entre os representantes legais das secretarias envolvidas (Defesa Civil, Meio Ambiente, Planejamento Urbano e outros), o poder de decidir sobre a remoção e o reassentamento de pessoas residentes nas ‘Zonas de Exclusão’, desde que todas as medidas protetivas tenham sido esgotadas e consideradas insuficientes para manter a segurança de pessoas residentes. O reassentamento deve ser integrado com políticas setoriais, a exemplo da política de habitação definida pelos municípios e estados. 154 Quadro 12 - Critério para definição dos recuos e medidas de proteção para acidentes industriais Zona de Risco Descrição da zona Recuos (indicados no EAR) Notas 1 e 2 Medidas de proteção 1 Zona de exclusão Curva de isorrisco do Risco Individual igual a 10-5/ano Ou 100% de probabilidade de fatalidade para incêndio, explosão em nuvem não confinada e nuvem tóxica Nota 3 Avaliar a remoção de pessoas. Caso já existam edificações nesta zona, não permitir adensamento e implantar infraestrutura de proteção e contingência externa à indústria. Comunicar o risco à população vulnerável presente na área. 2 Zona de danos severos Cenários de explosão: distância da onda de choque até a sobrepressão igual a 0,3bar. Cenários de incêndio e bola de fogo: distância para 37,5kW/m2 Cenários de nuvem tóxica: distância até concentrações com 50% probabilidade de fatalidade. Não permitir adensamento. Implantar infraestrutura de proteção e contingência externa à indústria. Zona a ser evacuada em caso de acidente. Infraestrutura de proteção e contingência externa à indústria. Comunicar o risco à população vulnerável presente na área. Fonte: elaborado pela autora Notas: 1) Os alcances para 100% de probabilidade de fatalidade de ‘incêndio em nuvem’ foram descartados, visto depender de fatores probabilísticos de direção do vento, existência de fontes de ignição,fatores de proteção e de exposição. O que torna o valor incerto para efeito de definição de zoneamento e ações de emergência. 2) O Risco Social em gráfico não será utilizado para PGT, por ser considerado de difícil interpretação por parte dos gestores do planejamento urbano, defesa civil e indústria. 3) Adotar a maior distância entre a curva de isorrisco e o alcance para 100% de probabilidade de fatalidade. Os mapas com a indicação da Zonas de Exclusão e da Zona de Danos Severos devem ser georrefenciados no formato shapefile sobre imagem de satélite disponibilizada no Google Earth Pro (ou similar), de forma que o planejamento urbano do município possa sobrepor camadas de informações e gerar o seu banco de dados georreferenciado. O planejamento urbano municipal, a seu critério, poderá elaborar um termo de referência com as instruções para recebimento dos mapas de risco, de acordo com os requisitos do sistema municipal de gestão de imagens. 155 Utilizando os critérios aqui propostos e os resultados desta pesquisa, propõe- se o mapeamento de risco para o PPABC e seu entorno conforme exemplificado na Figura 48. Deve-se levar em conta que algumas das ‘Zonas de Danos Severos’ indicadas na Figura 48 foram estimadas com base em cenários acidentais similares, visto que nem todos os EARs foram localizados e, portanto, não se dispunha das distâncias das Zonas de Risco. 156 Figura 48 – Proposta de mapeamento de risco na área do PPABC e seu entorno 157 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS Conclui-se que existe uma riqueza de conhecimento técnico-científico nos campos das ciências exatas e ciências sociais para tratar a GRAI no âmbito do PGT, porém não existe uma conexão entre ambos, principalmente no Brasil. Identificam-se três atores principais envolvidos nas questões da GRAI, a dizer: setor industrial, setor público e população vulnerável. Há uma relação restrita entre o setor industrial e o setor público, enquanto que a população vulnerável encontra-se excluída dos processos participativos e de tomadas de decisão. Apesar de haver instrumentos que regulam a segurança operacional de plantas químicas com produtos perigosos, como os Estudos de Análise de Risco (EAR) e Programas de Gerenciamento de Risco (PGR), estes instrumentos são usados apenas para o licenciamento ambiental, tornando a gestão de risco de acidente industrial no Brasil um processo meramente burocrático. Assim, as licenças ambientais são tidas como ‘salvaguardas’ nos pós-desastres, com o setor público transferindo responsabilidade para as indústrias, como se elas fossem plenamente capazes de arcar com o ônus causado pelos danos dos acidentes, por meio de pagamentos de multas e medidas compensatórias. Essa transferência de responsabilidade contraria a noção de que não existe ‘risco nulo’ durante a operação de uma atividade industrial perigosa, portanto, faz-se necessário estar preparado para evitar que incêndios, explosões e nuvens tóxicas, se convertam em desastres com fatalidades, danos ambientais e perdas materiais. A grande maioria das regulamentações nacionais e internacionais que tratam de desastres, não consideram explicitamente os acidentes industriais, pois além de estarem direcionadas a desastres naturais, as discussões são realizadas fora do ambiente onde este tipo de risco acontece, isto é, na indústria e no planejamento urbano. No Brasil, não há regulamentação que trate exclusivamente do GRAI no âmbito do PGT, assim como a Diretiva Seveso II da União Europeia que em 1996 ‘obrigou’ os especialistas em análise de risco a discutirem com os planejadores urbanos sobre o ordenamento do território no entorno de instalações químicas perigosas. Desta 158 forma, há uma situação de ‘permissividade urbana’ uma vez que propicia assentamentos irregulares no entorno de industrias perigosas. Considerando o modelo de Camadas de Proteção para a GRAI no âmbito do PGT e Emergência apresentado na Figura 46 nota-se uma fragilidade no caso do PPBAC, pois apesar dos esforços e inovações por parte das empresas ali localizadas, ainda faltam camadas de proteção relacionadas à infraestrutura externa à indústria, planejamento do território e comunicação de risco. Além do mais, não há mapas nos planos diretores municipais com a identificação das zonas de risco que pudessem orientar o zoneamento. Isto impossibilita um planejamento urbano integrado e articulado com políticas e planos de desenvolvimento territorial estratégico, como o previsto no PDUI da RMSP. Entende-se que o cenário atual identificado no estudo de caso pode ser replicado para o Brasil, sendo possível estabelecer que há poucas camadas de proteção na GRAI, consequentemente há uma chance de ‘alinhamento’ das falhas do atual sistema de gestão, levando à ocorrência de um desastre. Portanto, pode-se concluir que o risco de acidentes com produtos químicos perigosos que possam resultar em incêndio, explosões e nuvem tóxica no Brasil é crítico’. Há uma resistência por parte das empresas na divulgação das informações de risco que; independentemente das questões de confidencialidade e sigilo sobre tecnologia industrial e reações negativas da população sobre os acidentes; acaba por causar uma postura ‘sem transparência’ por parte das empresas. Assim, faz-se necessário combater a ‘cultura do segredo do risco’, para obter um efetivo compartilhamento de informações e conhecimento entre as indústrias, agentes públicos e população vulnerável. Por conseguinte, o Princípio da Precaução deve ser aplicado nesse assunto até o estabelecimento de diálogo entre os setores industrial, público e população vulnerável, contudo, é importante trazer à tona as deficiências e os favoritismos das relações dos atores envolvidos na questão, de forma a propor práticas que possam prevenir, preparar respostas de emergência e diminuir a vulnerabilidade da população exposta, o que pode ser alcançado por meio de uma abordagem holística do acidente industrial e um desenho urbano espacial com base no risco. 159 Espera-se que a identificação das camadas de proteção para a GRAI no âmbito do PGT e Emergência, e a proposta para o mapeamento de risco baseado nos resultados de Estudos de Análise de Risco possam contribuir para uma mudança de paradigma, pois o processo de gestão de riscos de acidentes industriais deve ser integrado à agenda do planejamento e desenvolvimento urbano, para que o ciclo de ameaças seja rompido e a população e o meio ambiente fiquem protegidos, aumentando a segurança dos territórios e a resiliência das comunidades. Por último, se propõe uma adequação na classificação e codificação brasileira de desastres tecnológicos (COBRADE) relacionados a produtos perigosos, para a inclusão de acidentes que resultem em ‘envenenamento devido a formação de nuvem tóxica’, devido a vazamento de produto químicos classificados como ‘tóxicos’75. Unir as diferentes perspectivas e chegar a um ponto comum em um tema tão complexo é, portanto, o grande desafio para a GRAI no âmbito do PGT, que deve contar com diálogo, transparências das empresas, articulação entre os setores envolvidos e visão holística para obter-se um efetivo ordenamento do território. 75 O Anexo A da norma P4.261 da CETESB (2014, p. 73/140) apresenta uma relação de produtos químicos considerados tóxicos, no entanto, a Parte I da norma apresenta um método para classificar a toxicidade de outros produtos químicos não relacionados no Anexo A. 160 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABGE. 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A norma P4.61 é utilizada no estado de São Paulo como termo de referência para elaboração de Estudo de Análise de Risco (EAR) e Programa de Gerenciamento de Risco (PGR), sendo aplicável a empreendimentos76 pontuais e dutos que “manipulam (produzam, armazenam, transportam) substâncias inflamáveis77 e/ou tóxicas, nos estados líquido ou gasoso” (CETESB, 2011, p. 4/140). No entanto, a norma não se aplica à avaliação de risco à saúde e segurança dos trabalhadores, danos aos bens patrimoniais das instalações analisadas e impactos ao meio ambiente (CETESB, 2011, p. 15/140). As seguintes definições são encontradas na norma P4.261 da CETESB (2011): • EAR – Estudo de Análise de Risco: “estudo quantitativo de risco de um empreendimento, baseado em técnicas de identificação de perigos, estimativa de frequências e de efeitos físicos, avaliação de vulnerabilidade e na estimativa do risco” (CETESB, 2011, p. 5/140). • PGR – Programa de Gerenciamento de Risco: “documento que define a política e diretrizes de um sistema de gestão, com vista à prevenção de acidentes em instalações ou atividades potencialmente perigosas” (CETESB, 2011, p. 7/140). • PAE – Plano de Ação de Emergência: “documento que define as responsabilidades, diretrizes e informações, visando a adoção de procedimentos técnicos e administrativos, estruturados de forma a propiciar respostas rápidas e eficientes em situações emergenciais” (CETESB, 2011, p. 6/140). 76 O termo “empreendimento” é utilizado na norma P4.261 para designar indústrias, bases, terminais e dutos (CETESB, 2014). 77 A norma P4.261 adota os termos “substância química”, “substância inflamável”, “substância tóxica” para designar produtos químicos perigosos (nota da autora). 173 A norma P4.261 da CETESB é composta por quatro partes distintas, a dizer: • Parte I - Classificação de empreendimentosquanto à periculosidade; • Parte II - Termo de referência para a elaboração de EAR para empreendimentos pontuais; • Parte III - Termo de referência para a elaboração de EAR para dutos; • Parte IV - Termo de referência para a elaboração de PGR. 2) Parte I - Classificação do empreendimento quanto à periculosidade A Parte I da P4.261 (CETESB, 2011) é aplicada para a tomada de decisão quanto a necessidade de apresentação de EAR ou somente de PGR para o licenciamento ambiental, visto que nem todos os empreendimentos apresentam risco para a população externa. O método para a tomada de decisão baseia-se no princípio de que o risco da instalação está diretamente associado às características das substâncias químicas, suas quantidades armazenadas e à vulnerabilidade da região em seu entorno (CETESB, 2011). Esse princípio está representado esquematicamente na Figura 1 a seguir: Figura 1 - Fatores que influenciam o risco de um empreendimento Fonte: Norma P4.261 da CETESB (2011, p. 10/140) Cada substância química apresenta propriedades físico-químicas e toxicológicas específicas que definem o seu grau de periculosidade ao ser humano e ao meio ambiente. As propriedades de interesse são: inflamabilidade e toxicidade. A norma P4.261 apresenta em seus Anexos A e B as substâncias inflamáveis e tóxicas que foram previamente classificadas como perigosas e de interesse para a norma (Figuras 2 e 3), enquanto que os Anexos D e E apresentam as distâncias denominadas de referência (dr) para as substâncias de interesse e diferentes quantidades armazenadas. Resumidamente, pode-se dizer que a Distância de 174 Referência (dr) refere-se ao alcance dos efeitos das hipóteses acidentais até 1% de probabilidade de fatalidade, seja para incêndio e explosão, ou para nuvem tóxica (os pressupostos dos cálculos realizados pela CETESB para determinar a dr em função do volume armazenado encontram-se apresentados no Anexo C da norma P4.261). Figura 2 - Listagem das substâncias tóxicas Fonte: Anexo A da norma P4.261 (CETESB, 2011, p. 73/140) Nota: CAS refere-se ao número de registro da substância no banco de dados denominado Chemical Abstracts Service. 175 Figura 3 - Listagem das substâncias inflamáveis Fonte: Anexo B da norma P4.261 (CETESB, 2011, p. 75/140) Nota: CAS refere-se ao número de registro da substância no banco de dados denominado Chemical Abstracts Service 176 A vulnerabilidade da região é avaliada em função da distância de referência (dr) e da distância até a população de interesse (dp), desde que haja mais de 25 pessoas (Np) na área de interesse, delimitada pelo raio referente a dr. O método para a tomada de decisão pode ser assim resumido (Figura 4): Figura 4 – Fluxograma do processo de tomada de decisão quanto a elaboração ou dispensa do EAR Fonte: Norma P4.261 da CETESB (2011, p. 12/140) (organizado pela autora) 3) Partes II e III - Elaboração de EAR de empreendimentos pontuais e dutos As Partes II e III contém os termos de referência para a elaboração de EAR para empreendimentos pontuais (indústrias, bases, terminais, entre outros) e dutos, respectivamente. Os EARs devem ser elaborados em uma sequência de capítulos conforme apresentado na Figura 5. 177 Figura 5 – Sequência de capítulos que compõem um EAR Fonte: Norma P4.261 da CETESB (2011, p. 9/140) 178 Importante observar que o Capítulo 2 do EAR deve conter uma caracterização da população no entorno do empreendimento, com dados levantados em campo ou obtidos do IBGE (setores censitários). Deve constar os tipos de atividade presente na área do entorno, tais como: comércios, indústrias, entre outros, com enfoque para os locais onde pode haver aglomeração de pessoas, tais como residências, creches, escolas, asilos, presídios, ambulatórios, casas de saúde, hospitais e afins (CETESB, 2011, p. 18/140). As informações a respeito da população vulnerável devem ser apresentadas em foto aérea, com escala e resolução adequadas. A metodologia aplicada no Capítulo 4 baseia-se na utilização de modelos matemáticos e de softwares de cálculos para a estimativa das frequências de ocorrência das hipóteses acidentais e para a estimativa dos efeitos nos seres humanos em termos de radiação térmica (incêndios), sobrepressão (explosões) e concentrações tóxicas (nuvens tóxicas). A avaliação da vulnerabilidade das pessoas também é realizada por meio da aplicação de modelo matemáticos que permitem estimar a probabilidade de fatalidade das tipologias acidentais. A CETESB adota valores de referência para a avaliação da vulnerabilidade que consiste em dividir o alcance das hipóteses acidentais em regiões de probabilidade de fatalidade, conforme apresentado nas Figuras 6, 7 e 8. As regiões de probabilidade de fatalidade devem ser desenhadas sobre foto aérea atualizada e em escala que permita a adequada visualização da área de influência dos efeitos físicos. Figura 6 – Representação das regiões de probabilidade de fatalidade associadas aos valores de referência para o efeito da sobrepressão Fonte: norma P4.261 (CETESB, 2011, p. 26/140) 179 Figura 7 – Representação das regiões de probabilidade de fatalidade associadas aos valores de referência para o efeito da radiação térmica Fonte: norma P4. 261 (CETESB, 2011, p. 27/140) Figura 8 – Representação das regiões de probabilidade de fatalidade associadas aos valores de referência para o efeito de toxicidade Fonte: norma P4. 261 (CETESB, 2011, p. 28/140) No Capítulo 5 é realizada a estimativa da frequência de ocorrência dos cenários acidentais por meio da aplicação de técnicas de análise de risco, como Análise por Árvore de Eventos e Análise por Árvore de Falhas. O Capítulo 6 compreende a estimativa e avaliação do risco, que utilizam a estimativa do número de fatalidades e da frequência de ocorrência de cada tipologia acidental calculados nos Capítulos 4 e 5. 180 O risco é expresso na forma de Risco Individual (RI) e de Risco Social (RS). A estimativa do RI requer cálculos iterativos e cumulativos, pois a área afetada pelos cenários acidentais é dividida em células (devem ser maiores do que 35 metros x 35 metros) formando uma malha no entorno do empreendimento. O RI é calculado em cada célula que compõe a malha da área afetada, considerando os cenários de explosão, incêndio e dispersão tóxica e as probabilidades de fatalidade. A Figura 9 apresenta um exemplo de representação das curvas de isorrisco. Figura 9 – Exemplo de representação do RI por meio de curvas de isorrisco para empreendimentos pontuais Fonte: norma P4. 261 (CETESB, 2011, p. 32/140) O RI é então avaliado em relação ao critério de tolerabilidade adotado pela CETESB que considera três níveis de risco: tolerável, a ser reduzido e intolerável (Figura 10). 181 Figura 10 - Limites de tolerabilidade para o Risco Individual (RI) Fonte: norma P4. 261 (CETESB, 2011, p. 32/140) (organizado pela autora) O RS é determinado para um agrupamento de pessoas expostas aos efeitos físicos decorrentes de um ou mais cenários acidentais. O RS é obtido considerando pares ordenados de F (frequência) e N (número de fatalidades na região de interesse) para cada tipologia acidental. O número de fatalidades é determinado a partir da distribuição populacional na região e da probabilidade de fatalidade em função da localização das pessoas nas regiões 1, 2 e 3 dos alcances dos incêndios, explosão e nuvem tóxica, formando pares F x N. Apesar da consideração espacial da população para a estimativa da fatalidade, o RS é representado em um gráfico tipo logaritmo (di-log), que permite a visualização dos pares FxN em curva, visto que os mesmos estão relacionados exponencialmente. A curva resultante docálculo deve ser desenhada no gráfico com as linhas de tolerabilidade propostas pela CETESB, para a avaliação do RS. A Figura 11 apresenta um exemplo de curva RS desenhada no gráfico com as áreas que definem o critério de tolerabilidade de risco. Risco intolerável Risco a ser reduzido Risco Tolerável RI >1x10-5/ano RI<1x10-6/ano Limite intolerável Limite tolerável 182 Figura 11 – Exemplo de curva do RS com o critério de tolerabilidade da CETESB Fonte: norma P4. 261 (CETESB, 2011, p. 35/140) (organizado pela autora) Vale ressaltar que a metodologia para elaboração de EAR de empreendimentos pontuais não difere substancialmente da metodologia para dutos. No caso de EAR de dutos, deve-se identificar pontos notáveis como: aglomerados populacionais, travessias de corpos d’água, áreas de preservação ambiental, interferências elétricas, cruzamentos ou paralelismos com outros dutos, entre outros, em foto aérea com escala mínima de 1:10.000 (CETESB, 2011, p. 41/140). Outro ponto que distingue as metodologias utilizadas para empreendimentos pontuais e dutos refere-se ao método de cálculo e a forma de apresentação do RI que levam em consideração especificidades dos dutos. O RI deve ser apresentado como curvas de isorrisco (Figura 12) e de perfil do risco (Figura 13). 183 Figura 12 – Exemplo de representação do RI com curvas de isorrisco para dutos Fonte: norma P4. 261 (CETESB, 2011, p. 58/140) Figura 13 – Exemplo de representação do RI por meio do perfil de risco para dutos, com o RI situado na região de risco a ser reduzido (entre 1x10-5/ano e 1x10-6/ano) Fonte: norma P4. 261 (CETESB, 2011, p. 60/140) 184 4) Partes IV - Termo de referência para a elaboração de PGR A Parte IV da norma P4.261 (CETESB, 2011) apresenta as diretrizes para a elaboração do PGR, que deve contemplar os seguintes itens: • Caracterização do empreendimento e do entorno; • Identificação de perigos; • Revisão do EAR ou da identificação de perigos; • Procedimentos operacionais; • Gerenciamento de modificações; • Manutenção e garantia de integridade; • Capacitação de recursos humanos; • Investigação de incidentes e acidentes; • Plano de Ação de Emergência (PAE); • Auditoria do PGR. 185 Apêndice II - Base de dados - Artigos acadêmicos da pesquisa exploratória Os seguintes artigos foram selecionados que tratam de análise de risco de acidentes industriais e planejamento territorial, tendo sido publicados em periódicos acadêmicos entre 2000 a 2017. Item Autor (es) Título do artigo Ano País do(s) autor(es) Tema do artigo Periódico 1 Alileche, Nassim; Olivier, Damien; Estel, Lionel; Cozzani, Valerio Analysis of domino effect in the process industry using event tree method 2017 França e Itália Método para considerar o efeito dominó nas AQR e PGT Safety science 97, 2017, p. 10-19 2 Basta, Claudia Siting technological risks cultural approaches and cross-cultural ethics 2011 Países Baixos Discute questões culturais das diferentes abordagens metodologias para mapeamento de risco Journal of Risk Research, v. 14, No. 7, Aug. 2011, p.799–817 3 Basta, Claudia; Neuvel, Jeroen M.M.; Zlatanova, Sisi; Ale, Ben Risk-maps informing land- use planning processes: A survey on the Netherlands and the United Kingdom recent developments 2007 Países Baixos Estudo comparativo entre Países Baixos e Reino Unido sob a ótica da SEVESO II Journal of Hazardous Materials, 2007, v.145(1), p.241-249 4 Bonvicini S., Ganapini S., Spadoni G., Cozzani, V. The description of population vulnerability in quantitative risk analysis 2012 Itália Propor método para definir áreas de acidentes graves usando análises quantitativas de risco para apoiar PGT Risk Analysis, 2012; v.32, p.1576–94 5 Bonvicini, Sarah; Spadoni, Gigliola A hazmat multi-commodity routing model satisfying risk criteria: a case study 2008 Itália Escolha de rota rodoviária com critérios de aceitabilidade de risco para apoiar PGT Journal of Loss Prevention in the Process Industries, 2008, v.21(4), p.345-358 6 Bubbico, R.; Maschio, G.; Mazzarotta, B.; Milazzo, M. F.; Parisi, E. Risk management of road and rail transport of hazardous materials in Sicily 2006 Itália Avaliação de risco de transporte de produtos perigosos Journal of loss prevention in the process industries, 2006, p.32-38 7 Cahen, Bruno Implementation of new legislative measures on industrial risks prevention and control in urban areas 2006 França Discute a evolução da legislação (remoção de edificações da área de risco) Journal of Hazardous Materials, 2006, v.130(3), p.293-299 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186 Item Autor (es) Título do artigo Ano País do(s) autor(es) Tema do artigo Periódico 8 Christou, Michalis D.; Mattarelli, Marina Land-use planning in the vicinity of chemical sites: risk-informed decision making at a local community level 2000 Itália Discute as abordagens metodológicas para mapeamento de risco e aplicação em PGT Journal of Hazardous Materials, V. 78, 2000, p. 191-222 9 Christou, Michalis; Gyenes, Zsuzsanna; Struckl, Michael Risk assessment in support to land- use planning in Europe: towards more consistent decisions? 2011 Itália Discute estudo do European Working Group e as influências nas diferentes abordagens de mapeamento de risco e PGT Journal of loss prevention in process industries, v.24, 2011, p. 219-226 10 Contini, Sergio; Bellezza, Furio; Christou, Michalis D.; Kirchsteiger, Christian The use of geographic information systems in major accident risk assessment and management 2000 Itália Discute ferramentas SIG para mapeamento de risco e aplicação no PGT Journal of Hazardous Materials, Vol.78(1), p.223-245 11 Cozzani, Valerio; Bandini, Riccardo; Basta, Claudia; Christou, Michalis D. Application of land-use planning criteria for the control of major accident hazards: A case-study 2006 Itália e Países Baixos Discute as abordagens metodológicas para aplicação no PGT Journal of Hazardous Materials, 2006, Vol.136(2), p.170-180 12 Dechy, Nicolas; Bourdeaux, Thomas; Ayrault, Nadine; Kordek, Marie-Astrid Kordek; Le Coze, Jean-Christophe First lessons of the Toulouse ammonium nitrate disaster, 21st September 2001, AZF plant, France 2004 França Discute as lições aprendidas no desastre da AZF e quais as implicações no PGT Journal of Hazardous Materials 111 (2004), p.131–138 13 Delvosalle, C.; Robert,B.; Nourry, J.; Yan, G.; Brohez, S.; Delcourt, J. Considering critical infrastructures in the land use planning policy around Seveso plants 2017 Bélgica e Canada Propõe metodologia para considerar os danos às infraestruturas com aplicação no PGT Safety science 97, 2017, p.27-33 14 Galderisi, Adriana; Ceudech, Andrea; Pistucci, Massimiliano A method for na-tech risk assessment as supporting tool for land use planning mitigation strategies 2008 Itália Propõe método para considerar os riscos Na-Tech para apoio no PGT Natural Hazards, 2008, v.46(2), p.221-241 15 Gheorghe, Adrian; Vamanu, Dan Decision support systems for risk mapping: viewing the risk from the hazards perspective 2004 Suíça Propõe abordagem para facilitar a comunicação do risco: mapear o risco relacionando com as consequências Journal of Hazardous Materials, v.111(1), p.45- 55 187 Item Autor (es) Título do artigo Ano País do(s) autor(es) Tema do artigo Periódico 16 Girgin, S.; Krausmann, E. RAPID-N: Rapid natech risk assessment and mapping framework 2013 EUA Propõe metodologia para avaliação de risco Na-Tech Journal of Loss Prevention in the Process Industries, 2013, v.26(6), p.949-960 17 Gupta, J.P. Land use planning in India 2005 Índia Discute legislação na Índia pós-desastre para PGT Journal of Hazardous Materials 130 (2006), p.300–306 18 Hauptmanns, Ulrich A risk-based approach to land-use planning 2005 Alemanha Propõe método para determinar distância segura para novos estabelecimentos baseada em risco Journal of Hazardous Materials, 2005, v.125(1), p.1-9 19 Khakzad, Nima; Reniers, Genserik Cost-effective allocation of safety measures in chemical plants with regard to land-use planning 2017 Países Baixos e Bélgica Propõe metodologia Bayesiana para mitigar os riscos e apoiar PGT. Safety Science, special issue article: risk and land-use, v.97, p. 2-9 20 Kontic, Davor; Kontic, Branko Introduction of threat analysis into the land-use planning process 2009 Eslovênia Discute as abordagens metodológicas para aplicação no PGT Journal of hazardous materials, V. 163, 2009, p.683-700 21 Kontić, Davor; Kontić, Branko; Gerbec, Marko How powerful is ARAMIS methodology in solving land-use issues associated with industry based environmental and health risks? 2006 Eslovênia Avalia a metodologia ARAMIS para licenciamento e PGT Journal of Hazardous Materials, 2006, v.130(3), p.271-275 22 Lari, S.; Frattini, Paolo; Crosta, Giovanni B. Integration of natural and technological risks in Lombardy, Italy 2009 Itália Propõe método para avaliar multi-risco Natural Hazards and Earth System Sciences (NHESS), 2009, v.9(6), p.2085-2106 23 Lenoble, Clement; Durand, Clarisse Introduction of frequency in France following the AZF accident (Report) 2011 França Avaliar legislação francesa pós-desastre Journal of Loss Prevention in the Process Industries, May., 2011, v.24(3), p.227(10) 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188 Item Autor (es) Título do artigo Ano País do(s) autor(es) Tema do artigo Periódico 24 Li, Fengying; Bi, Jun; Huang, Lei; Qu, Changsheng; Yang, Jie; Bu, Quanmin Mapping human vulnerability to chemical accidents in the vicinity of chemical industry parks 2010 China Mapeamento de vulnerabilidade com o uso de SIG Journal of Hazardous Materials, 2010, v.179(1), p.500-506 25 Ma, Shuming; Zhang, Shushen; Yu, Chen; Zheng, Hongbo; Song, Guobao; Semakula, Henry Musoke; Chai, Yingying Assessing Major Accident Risks to Support Land-Use Planning Using a Severity-Vulnerability Combination Method: A Case Study in Dagushan Peninsula, China 2015 China Discute as abordagens metodológicas para aplicação no PGT Risk Analysis, v. 35, Issue 8; Aug. 2015; p.1503–1519 26 Marzo, E.; Busini, V.; Rota, R. Definition of a short-cut methodology for assessing the vulnerability of a territory in natural– technological risk estimation 2015 Itália Metodologia para avaliação de risco Na-Tech Reliability Engineering and System Safety 134(2015), p.92–97 27 Nijenhuis, Rene; Wahlstrom, Emilia The use of the flash environment tool in developing countries for environmental emergency prevention, preparedness and response 2014 Suíça Discute abordagens para LUP e planos de emergência Journal of Environmental Assessment Policy and Management, Sep 2014, v.16 (3), p.1-17 28 Paltrinieri, Nicola; Dechy, Nicolas; Salzano, Ernesto; Wardman, Mike; Cozzani, Valerio Lessons Learned from Toulouse and Buncefield disasters: from risk analysis failures to the identification of a typical scenarios through a better knowledge management 2012 França, Itália e Reino Unido Discute lições aprendidas no pós-desastre Risk Analysis, v. 32, No. 8, 2012, p. 1404-1419 29 Pasman, Hans; Reniers, Genserik Past, present and future of Quantitative Risk Assessment (QRA) and the incentive it obtained from Land-Use Planning (LUP) 2014 Bélgica e EUA Aplicação de AQR para PGT Journal of Loss Prevention in the Process Industries 28 (2014), p.2- 9 30 Porto, M.F. de S.; Freitas, C.M. de Vulnerability and industrial hazards in industrializing countries: an integrative approach 2008 Brasil Discute as abordagens integradas e a questão da vulnerabilidade nos acidentes industriais Futures vol. 35, p. 717- 736 189 Item Autor (es) Título do artigo Ano País do(s) autor(es) Tema do artigo Periódico 31 Ramírez-Camacho, J. Giovanni; Carbone, Federica; Pastor, Elsa; Bubbico, R.; Casal, Joaquim Assessing the consequences of pipeline accidents to support land- use planning 2017 Espanha e Itália Avalição das consequências de dutos para aplicação no PGT Safety Science, special issue article: risk and land-use, v.97, p. 34-42 32 Salvi, Olivier; Debray, Bruno A global view on ARAMIS, a risk assessment methodology for industries in the framework of the SEVESO II directive 2006 França Metodologia ARAMIS para mapeamento de risco Journal of Hazardous Materials, 2006, v.130(3), p.187-199 33 Salvi, Olivier; Merad, Myriam; Rodrigues, Nelson Toward an integrative approach of the industrial risk management process in France 2005 França Lições aprendidas (Pós- desastre) Journal of Loss Prevention in the Process Industries 18 (2005) p.414–422 34 Schweitzer, Lisa Environmental justice and hazmat transport: A spatial analysis in southern California 2006 EUA Justiça ambiental no transporte de produtos perigosos Transportation Research Part D, 2006, v.11(6), p.408-421 35 Schweitzer, Lisa Accident frequencies in environmental justice assessment and land use studies 2008 EUA Justiça ambiental e o PGT Journal of Hazardous Materials, 2008, v.156(1), p.44-50 36 Sebos, Ioannis; Progiou, Athena; Symeonidis, Panagiotis; Ziomas, Ioannis Land-use planning in the vicinity of major accident hazard installations in Greece 2010 Grécia Avaliação de risco e mapeamento para PGT Journal of Hazardous Materials, 179 (2010), p.901–910 37 Soto, Didier; Renard, Florent New prospects for the spatialisation of technological risks by combining hazard and the vulnerability of assets 2015 França Metodologia para mapeamento do risco considerando a vulnerabilidade do território Natural Hazards, 2015, v.79(3), p.1531-1548 38 Spadoni, G.; Egidi, D.; Contini, S. Through ARIPAR-GIS the quantified area risk analysis supports land-use planning activities 2000 Itália Uso de AQR no PGT Journal of Hazardous Materials, Jan 7, 2000, v.71 (1-3), p.423-437 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190 Item Autor (es) Título do artigo Ano País do(s) autor(es) Tema do artigo Periódico 39 Stojanović, Božidar; Jovašević-Stojanović, Milena Chemical and radiological vulnerability assessment in urban areas 2006 Sérvia Avaliação da vulnerabilidade a acidentes químicos e terrorismo Spatium, 01 January 2006, Vol.2006(13-14), p.21-26 40 Taveau, Jerome Risk assessment and land-use planning regulations in France following the AZF disaster 2010 França Legislação francesa pós- acidente Journal of Loos Prevention in the Process Industries, Nov. 2010, v. 23 (6), p.813-823 41 Torok, Zoltán; Ozunu, Alexandre Chemical risk assessment for storage of hazardous materials in the context of Land Use Planning 2010 Romênia Metodologia para avaliação dos riscos e mapeamento para PGT, plano de emergência Advances in Environmental Sciences, 2010, v. 2 42 Verter, V., Kara, B.Y. A GIS-Based framework for hazardous materials transport risk assessment. 2001 Canadá e Turquia Mapeamento de rotas de transporte rodoviário Risk Analysis 21, p.1109–1120, 2001 43 Walker, Gordon; Mooney, John; Pratts, Derek The people and the hazard: the spatial context of major accident hazard management in Britain 2000 Reino Unido Mapeamento do risco Applied Geography, 2000, v.20(2), p.119-135 44 Xanten, Nico H.W. van; Pietersen, Chris M; Pasman, Hans J.; Torn, Peiter van der; Vrijling, Han K.; Wal, Arien J. van der; Kerestens, Jan G.M. Risk evaluation in Dutch land-use planning 2014 EUA e Países Baixos Avaliar método de cálculo das AQR e aplicação no PGT Process Safety and Environmental Protection, v.92, 2014, p. 368-376 45 Zhou, Yafei; Liu, Mao Risk assessment of major hazards and its application in urban planning a case study 2012 China Abordagens metodológicas para aplicação no PGT, baseado no RI Risk Analysis, Vol. 32, Issue 3, Mar. 2012, p.566–577 Fonte: Portal de periódicos CAPES (2019) . 191 Apêndice III - Identificação das indústrias encontradas na área do PPABC Item Razão Social Endereço Coordenada UTM X (m) Coordenada UTM Y (m) CNPJ(1) CNAE(1) 1 Bandeirante Química Ltda/ Brazmo Av. Alberto Soares Sampaio, 1240, 09380-000, Mauá, SP 349446,215 7382729,565 47.854.831/0020- 57 20.99-1- 99 2 Braskem Q3 ABC Intermediários (antiga UNIPAR/QUATTOR) R. da União, 765, 09380-250, Mauá, SP 348779,430 7385703,360 04.705.090/0007- 62 20.21-5- 00 3 Braskem Q3CK ABC (antiga PQU) Av. Pres. Costa e Silva, 1178, 09270-000, Santo André, SP 348447,345 7384873,549 61.632.964/0001- 47 20.21-5- 00 4 Braskem UN PE 7 ABC (antiga Polietilenos S.A.) Av. Pres. Costa e Silva, 400, 09270-000, Santo André, SP 348239,648 7384152,620 09.017.802/0001- 89 20.21-5- 00 5 Braskem UN PP 4 ABC (antiga Suzano Petroquímica/ Polibrasil) Av. Ayrton Senna da Silva, 2700, 09380-440, Mauá, SP 350390,980 7384766,840 04.705.090/0003- 39 20.31-2- 00 6 BRK Ambiental (Estação de Tratamento de Mauá) Av. Alberto Soares Sampaio, 1681, 09380-000, Mauá, SP 348573,577 7383064,468 11.399.666/0001- 80 36.00-6- 01 7 CABOT Brasil Ind. Com. Ltda (antiga Capuava Carbonos) Av. das Indústrias, 135, 09380-435, Mauá, SP 349932,823 7384802,641 61.741.690/0001- 24 20.29-1- 00 8 Chevron Oronite Brasil Ltda Av. Ayrton Senna da Silva, 2500, 09380-902, Mauá, SP 350536,688 7384773,011 42.352.559/0001- 20 20.93-2- 00 9 Compass Minerals do Brasil Ltda (antiga Produquímica) Av. Alberto Soares Sampaio, 2544, 09380-000, Mauá, SP 348493,109 7383048,010 60.398.138/0001- 12 20.13-4- 02 10 Consigaz Distribuidora de Gás Ltda R. Vitória Perdão Petigrosso, 115, 09380-112, Mauá, SP 349577,811 7383223,390 01.597.589/0008- 96 46.82-6- 00 11 Copagaz Distribuidora de Gás S.A. Estrada da Servidão, 183, 09380-117, Mauá, SP 349442,287 7383614,905 03.237.583/0055- 50 46.82-6- 00 12 Grax Lubrificantes Especiais Ltda R. Zequinha de Abreu, 668, 09380-320, Santo André, SP 348722,518 7385923,622 67.080.838/0001- 03 20.99-1- 11 13 Liquigás Distribuidora S.A. Av. Alberto Soares Sampaio, 1426, 09380-000, Mauá, SP 349306,96 7382877,565 60.886.413/0003- 09 46.82-6- 00 14 Maxiligas Sucatas e Ligas de Metais R. Pedro Luiz Coppini, 150, 09380-220, Mauá, SP 347925,092 7383285,351 07.436.109/0001- 15 38.31-9- 01 15 Nacional Gás Butano Distrib. Ltda Av. Ayrton Senna da Silva, 1421, 09380-440, Mauá, SP 349926,938 7383618,035 06.980.064/0129- 46 46.82-6- 00 16 Oxicap Ind. e Com. de Gases Ltda Av. Ayrton Senna da Silva, 3111, 09380-440, Mauá, SP 349626,266 7385067,408 43.117.399/0002- 89 20.14-2- 00 17 Oxiteno S.A. - Unidade Petroquímica Av. Ayrton Senna da Silva, 3001, 09380-440, Mauá, SP 350078,696 7384949,328 62.545.686/0002- 34 20.29-1- 00 192 Item Razão Social Endereço Coordenada UTM X (m) Coordenada UTM Y (m) CNPJ(1) CNAE(1) 18 Oxiteno S.A. - Unidade Química (antiga Atlas) Av. das Indústrias, 365, 09380-435, Mauá, SP 348855,480 7383264,760 62.545.686/0002- 34 20.29-1- 00 19 Petrobrás - Refinaria Capuava RECAP Av. Alberto Soares Sampaio, 2122, 09380-000, Mauá, SP 348886,692 7383038,575 33.000.167/0852- 63 19.21-7- 00 20 Plastifama Ind. e Com. Plásticos Ltda Av. Pres. Costa e Silva, 2119, 09270-000, Santo André, SP 348361,689 7385600,409 57.550.766/0001- 67 22.22-6- 00 21 PoliRubber Ind. e Com. Borracha Eireli Av. Alberto Soares Sampaio, 944, 09380-000, Mauá, SP 349659,231 7382615,572 57.499.907/0001- 64 22.19-6- 00 22 QuantiQ Distribuidora Ltda (antiga Ipiranga) Av. Ayrton Senna da Silva, 2336, 09380-440, Mauá, SP 350470,591 7384512,504 62.227.509/0032- 25 46.84-2- 99 23 SHV Gás Brasil Ltda (antiga SuperGasBras) Av. Alberto Soares Sampaio, 1300, 09380-000, Mauá, SP 349393,946 7382843,089 19.791.896/0007- 98 46.82-6- 00 24 Sulan Ind. e Com. de Tintas Ltda Av. João do Prado, 298, 09270-160, Santo André, SP 348650,355 7386117,482 59.689.323/0001- 87 20.71-1- 00 25 Ultragaz S.A. - Terminal de Distribuição Estrada da Servidão, 240, 09380-117, Mauá, SP 349297,74 7383133,647 61.602.199/0003- 84 46.82-6- 00 26 Ultragaz S.A. - Terminal Mauá Av. Alberto Soares Sampaio, 1098, 09380-000, Mauá, SP 349581,518 7382728,620 61.602.199/0189- 17 46.82-6- 00 27 Vitopel do Brasil Ltda Av. Ayrton Senna da Silva, 2037, 09380-440, Mauá, SP 350233,136 7384433,261 03.206.039/0001- 58 22.21-8- 00 28 White Martins Gases Industriais Ltda Av. Pres. Costa e Silva, 2629, 09270-000, Santo André, SP 348563,518 7386334,944 35.820.448/0098- 69 20.14-2- 00 29 White Martins Gases Industriais Ltda - Unidade CO2 Av. das Indústrias, 412, 09380-435, Mauá, SP 349779,859 7384561,888 35.820.448/0166- 44 20.14-2- 00 30 AkzoNobel (localizada fora dos limites do PPABC) Av. Papa João XXIII, 2100, 09370-800, Mauá, SP 349833,666 7379825,201 60.561.719/0001- 23 20.71-1- 00 31 Braskem (terreno vazio antiga Fosfanil) Av. Alberto Soares Sampaio, 1550, 09380-000, Mauá, SP 349088,455 7383078,492 - 32 Philips do Brasil (Desativada) Av. Comendador Wolthers, 500, 09380-200, Mauá, SP 348130,210 7383422,700 - - Fontes: Receita Federal (2018), site de cada empresa (2020) Legenda: CNAE = Código Nacional de Atividades Econômicas; GLP = Gás Liquefeito do Petróleo; UTM = Universal Transversa de Mercator, Zona 23S 193 CNAE Descrição da atividade conforme CNAE 19.21-7-00 Fabricação de produtos do refino de petróleo 20.13-4-02 Fabricação de adubos e fertilizantes, exceto organo-minerais 20.14-2-00 Fabricação de gases industriais 20.21-5-00 Fabricação de Produtos Petroquímicos Básicos 20.29-1-00 Fabricação produtos químicos orgânicos não especificados anteriormente 20.31-2-00 Fabricação de resinas termoplásticas 20.71-1-00 Fabricação de tintas, vernizes, esmaltes e lacas 20.93-2-00 Fabricação de aditivos de uso industrial 20.99-1-11 Fabricação de produtos químicos não especificados anteriormente CNAE Descrição da atividade conforme CNAE 20.99-1-99 Fabricação de produtos químicos não especificados anteriormente 22.19-6-00 Fabricação de artefatos de borracha não especificados anteriormente 22.21-8-00 Fabricação de laminados planos e tubulares de material plástico 22.22-6-00 Fabricação artefatos material plástico para outros usos não especificados anteriormente 36.00-6-01 Captação, tratamento e distribuição de água 38.31-9-01 Recuperação de sucatas de alumínio 46.82-6-00 Comércio atacadista de gás liquefeito de petróleo (GLP) 46.84-2-99 Comércio atacadista outros produtos químicos e petroquímicos não especificados anteriormente Fonte: IBGE (2019) http://compras.dados.gov.br/fornecedores/id/cnae/2021500 https://empresasdobrasil.com/empresas/maua-sp/comercio-atacadista-de-outros-produtos-quimicos-e-petroquimicos https://empresasdobrasil.com/empresas/maua-sp/comercio-atacadista-de-outros-produtos-quimicos-e-petroquimicos 194 Apêndice IV – Questionário sobre Abordagem Metodológica para Planejamento Territorial e Emergência com Produtos Químicos Perigosos QUESTIONÁRIO ONLINE TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE) Você está sendo convidado a participar da coleta de dados para o projeto de pesquisa GESTÃO DE RISCO DE ACIDENTES INDUSTRIAIS INTEGRADO AO PLANEJAMENTO DO TERRITÓRIO: UM OLHAR PARA O POLO PETROQUÍMICO DO ABC PAULISTA. A pesquisa aborda a Gestão do Risco de Acidente Industrial (GRAI) integrada ao Planejamento e Gestão do Território (PGT), frente aos acidentes com produtos químicos perigosos que possam resultar em incêndios, explosões e nuvens tóxicas, causando fatalidades e danos ao meio. Partindo do pressuposto que não há uma gestão integrada entre o setor industrial e o setor público que efetivamente diminua a vulnerabilidade da população e do meio ambiente exposto, propõe-se modelo utilizando informações existentes nos Estudos de Análise de Risco (EAR); atualmente apresentados nos processos de licenciamento ambiental no Brasil; para definir mapas com Zonas de Risco de fácil compreensão. Espera-se inovar com um canal de comunicação entre o setor industrial e o setor público, além de contribuir com a GRAI no âmbito do PGT, possibilitando a tomada de decisão quanto ao parcelamento, zoneamento, uso e ocupação do solo, além de definir sistemas e equipamentos de proteção a serem instalados externamente as indústrias.