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Oferta e Demanda de Energia – o papel da tecnologia da 
informação na integração dos recursos 
26 a 28 de setembro de 2016 
Gramado – RS 
 
 
ASPECTOS REGULATÓRIOS DA GERAÇÃO DISTRIBUÍDA NO 
BRASIL E NO ESTADO DO PIAUÍ 
 
RESUMO 
O grande desafio encontrado pelo sistema de geração de energia 
elétrica no Brasil e em outros países, é a busca pela geração sustentável de 
energia. Com base nisso, este trabalho aborda o tema Geração Distribuída, 
que vem sendo difundida como um meio alternativo de obtenção de energia. 
Será abordada a evolução das regulamentações referente à GD, bem como a 
sua atual situação com relação às normas que regem esse tipo de geração no 
Brasil. Além do âmbito nacional, são mostrados os aspectos regulatórios 
definidos pela empresa distribuidora de energia elétrica do estado do Piauí. 
Palavras-chave: Geração Distribuída, regulamentações. 
ABSTRACT 
 The major challenge faced by the power generation system in Brazil 
and other countries, is the search for sustainable energy generation. Based on 
this, this paper addresses the topic Distributed Generation (DG), which has 
been widespread as an alternative means of obtaining energy. It will look at the 
evolution of regulations related to GD, and their current situation with regard to 
the rules governing this type of generation in Brazil. In addition to the national 
level, the regulatory aspects defined by the distributor of electricity in the state 
of Piauí are shown. 
Keywords: Distributed Generation, regulations. 
1.INTRODUÇÃO 
O homem tornou-se dependente das fontes de produção de energia, 
fazendo parte de quase todas as atividades do nosso cotidiano. Diante da 
enorme importância do setor energético, foram necessários avanços e 
mudanças ao longo dos anos, que foram implementadas a fim de melhorar o 
serviço oferecido à população. O sistema energético passou por vários 
modelos de estruturação até chegar ao modelo atual. O histórico mundial é 
constituído basicamente de três momentos que constituem o progresso desse 
setor tendo em vista a crescente demanda por energia. 
A primeira fase, teve início com a construção da indústria elétrica em 
1879 até os anos 1930. Esse modelo era constituído por um monopólio 
formado por empresas de geração local interconectada e de capital privado, 
que contavam com um sistema de distribuição ineficiente por não haver 
regulamentação, tornando assim o serviço de má qualidade. Todos os 
processos de produção de energia, geração, transmissão, distribuição, 
operação do sistema e comercialização, eram executados por uma mesma 
empresa que caracterizava um sistema “verticalizado”, constituindo um 
monopólio. O mundo passou por transformações políticas, econômicas e 
sociais, e com o declínio do liberalismo, o estado se tornou o principal agente 
no desenvolvimento econômico, inclusive no setor energético. Com isso, surge 
por volta de 1930 um novo sistema estrutural energético, que dura até a 
década de 90. Esse novo modelo era constituído de monopólios verticalizados 
integralmente estatais e interconectados. O financiamento nos setores de 
energia era feito com recursos públicos e, portanto, não havia competição e 
nem incentivo para o melhoramento e inovação dos sistemas de geração 
empregados. Frente a isso, o estado sentiu a necessidade de dinamizar a 
situação do sistema elétrico do pais. Surge então a terceira fase, a partir de 
1993, que houve uma transferência do setor energético brasileiro do estado, 
para as mãos de empresas privadas. Esse processo de reestruturação tinha 
como objetivo acabar com o sistema de verticalização estatal. Medidas como 
comercialização de energia, financiamentos de origem pública e privada, 
etapas de geração divididas entre as concessionárias, tiveram como objetivo 
aumentar a eficiência do sistema energético através da competição, que 
levaram a implantação de avanços no setor. (Malaguti, 2009) 
2. MERCADO ENERGÉTICO BRASILEIRO 
2.1 Órgãos regulamentadores 
Implantada em 2004, a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica 
(CCEE) é responsável pela viabilização e gerenciamento da comercialização 
da energia elétrica no Brasil. É uma entidade sem fins lucrativos, e financiada 
por empresas que compram e vendem energia no país. Ela, junto com outras 
instituições, atua em função do setor elétrico brasileiro. A estrutura desse setor 
é formada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), que é 
responsável por regular e fiscalizar os processos de produção, transmissão, 
distribuição e comercialização de energia elétrica; pelo Comitê de 
Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) que tem como função garantir a 
continuidade e segurança de energia elétrica em todo território nacional; pelo 
Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) que é um órgão responsável 
por formular medidas que garantam o suprimento de insumos energéticos a 
todas as regiões do país, incluindo as mais distantes; pela Empresa de 
pesquisa Energética (EPE) responsável pelo estudo e pesquisa com finalidade 
de melhorar o setor energético; pelo Ministério de Minas e Energia (MME) 
responsável pela condução das políticas energéticas do país e pelo Operador 
Nacional do Sistema Elétrico (ONS) que tem a finalidade de administrar a rede 
básica de transmissão de energia elétrica no Brasil. 
2.2 Histórico das regulamentações em Geração Distribuída no Brasil 
Analisando o histórico brasileiro no contexto da Geração Distribuída, foi 
observado que entre os anos de 1970 a 1990 já se falava acerca do tema, no 
entanto, havia a necessidade de aperfeiçoamento da legislação. Com isso, ao 
longo do tempo ocorreu uma evolução nas leis, decretos e resoluções que 
afetaram o desenvolvimento de geração distribuída no país. 
A primeira lei a tratar do tema foi a n° 9.074, de 7 de julho de 1995, que 
foi responsável por regulamentar a produção de energia do produtor 
independente e do autoprodutor. Foi determinado no artigo 13 do Decreto nº 
2.003, de 10 de setembro de 1996, que esses produtores teriam assegurados o 
livre acesso aos sistemas de transmissão e distribuição, mediante o 
ressarcimento de custos de transporte envolvido. Em 1999, a ANEEL publicou 
a Resolução nº112, que definiu os requisitos para a obtenção do registro e 
autorização para a implantação, ampliação ou repotenciação das fontes 
https://www.ccee.org.br/portal/faces/pages_publico/onde-atuamos/com_quem_se_relaciona?_afrLoop=175637601747723
https://www.ccee.org.br/portal/faces/pages_publico/onde-atuamos/com_quem_se_relaciona?_afrLoop=175637601747723
alternativas de energia. A Lei nº 10.848, de 2004 surgiu para dispor sobre a 
comercialização de energia elétrica, e logo após, o decreto nº 5.163 do mesmo 
ano regulamentou essa medida. Foi através deste documento que foi definido 
pela primeira vez o conceito de Geração Distribuída, mas somente para 
geração por meio de hidrelétricas e termelétricas descentralizadas, sendo 
considerada GD quando a potência fosse igual ou inferior a 30 MW no caso de 
Pequenas Centrais Hidrelétricas e para geração térmica, o que inclui a 
cogeração qualificada com eficiência energética igual ou superior a 75%. 
Permitiu também, que as distribuidoras contratassem energia a partir da 
geração distribuída, mas que não poderia exceder 10% da carga da 
distribuidora de energia, o que acabava não incentivando a expansão desse 
tipo de geração. As fontes solares e eólicas não foram previstas nessa lei. 
Alguns anos depois, a lei n° 12.111 de 09 de dezembro de 2009, trata 
dos sistemas isolados, custos de contratação de energia, encargos do setor 
elétrico e impostos, investimentos realizados, dentre outros. Com a carência de 
regulamentação para GD conectada à rede elétrica, foi criada a Resolução 
Normativa da ANEEL N°482 de 17 de abril de 2012, que definiu regras para a 
instalação de sistemas de geração de pequeno porte. Esta resolução 
englobava consumidores que utilizassemgeração com base em fontes 
renováveis, além de permitir que o produtor fornecesse energia à rede da 
distribuidora através do sistema de compensação. Resolução Normativa da 
ANEEL N° 517 de 11 de dezembro de 2012, alterou a resolução n°482, que foi 
definido o sistema de compensação. 
 
3. REGULAMENTAÇÃO VIGENTE NO BRASIL PARA GERAÇÃO 
DISTRIBUÍDA 
Como foi dito, o conceito de geração distribuída (GD) no Brasil foi 
definido oficialmente a partir do Decreto nº 5.163 no ano de 2004, e com o 
passar do tempo este conceito se tornou mais amplo, de forma que ele não se 
prende apenas à definição inicial dada no decreto. Além dela, a GD pode ser 
considerada como a produção de energia elétrica de qualquer fonte geradora, 
que alimente cargas próximas a sua geração, não sendo obrigatório o uso da 
rede de transmissão da distribuidora. Da mesma forma que ocorreram 
alterações na definição de geração distribuída, as principais medidas 
relacionadas ao processo desde a instalação até a finalização deste 
procedimento, também sofreram mudanças. 
Foi definido pela resolução normativa ENEEL 482/12, que Geração 
Distribuída é o sistema de produção de energia elétrica conectado diretamente 
à rede de distribuição e instalado na própria unidade consumidora ou em sua 
proximidade, que utilize fontes renováveis para a geração de energia elétrica. 
As modalidades de geração previstas são as de fonte solar fotovoltaica, eólica, 
biomassa, cogeração qualificada e pequena central hidrelétrica. Essas 
modalidades de geração incluem micro e minigeradores definidos pela potência 
instalada. Para microgeração o sistema deverá ter uma potência máxima de 
75kW, e para a minigeração o sistema deverá ter potência mínima de 75kW e 
máxima de 3MW para pequenas centrais hidrelétrica e 5MW para as demais 
fontes de geração. (Villalva, 2012) 
3.1 Condições gerais para acesso 
Quanto às condições para se ter acesso à geração distribuída, pouco 
era tratado em resoluções, leis ou decretos mais antigos. O mais relevante, foi 
a lei no 10.848/04, já citada na Introdução. Ela afirma que a comercialização de 
energia elétrica entre concessionários, permissionários e autorizados, e destes 
com os consumidores deve ser feita mediante contratação regulada ou livre. 
Enquanto que pela resolução atual nº687 de 2015, “Fica dispensada a 
assinatura de contratos de uso e conexão na qualidade de central geradora 
para os participantes do sistema de compensação de energia elétrica”, sendo 
necessário apenas um Acordo Operativo entre ambas as partes. Essa 
alteração veio de forma a atrair um maior número de possíveis interessados em 
aderir energias de GD. 
Fazendo uma comparação entre a resolução nº482/2012, e a resolução 
nº687/2015 que altera a primeira resolução citada, foi possível perceber que 
ocorreram poucas alterações em alguns pontos específicos. Um ponto que não 
houve mudanças, foi em relação à responsabilidade da distribuidora de 
determinar as normas técnicas para se ter acesso à micro e minigeração 
distribuída, bem como pelo sistema comercial. Contudo, a distribuidora deve 
cumprir os prazos determinados no Módulo 3 do PRODIST (Procedimentos de 
Distribuição), no momento da solicitação para o fornecimento inicial da unidade 
consumidora que contenha mini e microgeração distribuída. 
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2010.848-2004?OpenDocument
Ainda analisando essas duas resoluções, os possíveis custos com 
melhorias ou reforços no sistema de distribuição com o uso 
de microgeração distribuída devem ser arcados pela distribuidora, ao contrário 
da conexão de minigeração, que deve estar incluso na participação financeira 
do consumidor, segundo a resolução mais atual. 
Desde 1997 o Conselho Nacional de Política Fazendária (CONFAZ) 
determinou que não fosse recolhido ICMS (Imposto sobre Circulação de 
Mercadorias e Serviços) de módulos e células fotovoltaicas em nenhum estado 
do país. Contudo, para todos os outros componentes que formam o sistema de 
geração distribuída, essa determinação não foi estendida, mantendo o alto 
custo de se obter esse sistema. Ainda por volta de 2014, outros impostos como 
o Programa de Integração Social (PIS) e a Contribuição para o Financiamento 
da Seguridade Social (COFINS) também dificultavam o aumento do número de 
unidades que possuíssem um sistema de GD, dificultando até mesmo no 
sistema de compensação, já que a energia injetada na rede se dava de forma 
gratuita, porém quando era preciso o retorno desse excedente, havia imposto 
cobrado pela utilização do sistema da distribuidora. No entanto, mais 
recentemente, a Lei nº 13.169 de 2015, reduziu a zero as alíquotas referentes 
aos impostos para o PIS e da COFINS incidentes sobre a energia 
elétrica fornecida pelo sistema da distribuidora à unidade consumidora 
mantendo de forma mais coerente o sistema de compensação. 
3.2 Sistema de compensação 
O sistema de compensação foi apresentado pela Resolução nº482/2012, 
e funciona basicamente como uma troca entre a distribuidora e a unidade 
consumidora com micro ou minigeração. Caso a energia produzida na unidade 
consumidora seja maior que o consumo local, o excedente de energia elétrica é 
lançado na rede da distribuidora, gerando um crédito de energia que poderá 
ser usado posteriormente quando a unidade necessitar de energia da rede. Se 
a energia consumida for maior que a produzida, este pagará a diferença entre 
esses dois valores. 
A mesma resolução que apresentou o Sistema de Compensação, afirma 
que essa energia excedente que é injetada na rede de distribuição pela 
unidade consumidora, pode ser utilizada por um prazo de até 36 meses pelo 
consumidor. Contudo, com a alteração através da resolução nº687/2015, esse 
prazo foi prolongado para até 60 meses após a injeção de energia excedente 
no sistema. 
Cada ciclo de faturamento, de acordo com a Resolução Normativa 
nº414/2010, na fatura dos locais que possuem micro ou minigeração distribuída 
devem conter dados como, o saldo anterior de créditos em kWh, a energia 
elétrica ativa consumida e injetada, o total de créditos utilizados no ciclo de 
faturamento, o total de créditos expirados e o saldo atualizado de créditos, 
dentre outros. Essas informações ajudam o consumidor a acompanhar de 
forma detalhada os valores que envolvem a produção de energia elétrica em 
sua residência, podendo otimizar o consumo, de forma que a economia de 
energia na unidade consumidora seja cada vez maior. 
3.3 Sistema de medição da energia elétrica 
Analisando as normas técnicas para a conexão de acessantes à rede de 
distribuição da distribuidora Eletrobrás Piauí do ano de 2016, foi visto que o 
custo para a adequação de medição fica a cargo do consumidor interessado 
em injetar energia excedente na rede de distribuição, sendo necessária a 
alteração do sistema de medição unidirecional para o bidirecional, de forma a 
permitir a medição do que é gerado para o sistema e o que é consumido dele. 
A distribuidora é responsável pela substituição e manutenção do medidor. Caso 
a compra do medidor seja feita pela distribuidora, o custo será 
responsabilidade do acessante, e será cobrado na fatura de energia elétrica 
após a aprovação do ponto de conexão. 
3.4 Procedimento de conexão com a concessionária 
O procedimento para se obter a autorização de conexão da unidade 
consumidora com a concessionária ocorre em cinco etapas. A primeira delas 
consiste na solicitação de acesso pelo acessante, onde há o encaminhamento 
da documentação necessária, dados, informações e estudos realizados. Fica 
sendo responsabilidade da distribuidora, o recebimento da solicitação de 
acesso, bem como a notificação de pendências, caso haja alguma. A solução 
dessas pendências é de responsabilidade do acessante. Na segunda etapa 
ocorre o parecer de acesso com as definições das condições, informados pela 
distribuidora,e ocorre em um prazo de até 60 (sessenta) dias. 
Na terceira etapa após a implantação da conexão, o acessante tem um 
prazo de até 120 dias após a emissão do parecer para solicitar a vistoria por 
parte da distribuidora. Esta tem um prazo de até sete dias após a solicitação 
para realizar a vistoria, e mais cinco para emitir o relatório da vistoria. Na 
quarta etapa é onde ocorre o possível ajuste de condicionantes apontados no 
relatório da vistoria, de forma que a distribuidora aprove o ponto de 
conexão. Terminado esse processo, acontece a quinta e última etapa, no qual 
ocorre o acordo Operativo, que nada mais é que a assinatura do acordo entre o 
acessante e distribuidora. 
 
4. RESULTADOS 
Desde que entrou em vigor a resolução da ANEEL nº482/12, foram 
observadas mudanças quantitativas com relação ao número de unidades 
geradoras no Brasil. A realidade brasileira começou a ser alterada com os 
resultados obtidos a partir do ano de 2013, que ouve um elevado número de 
adesões ao sistema de GD. Já no ano seguinte, o crescimento continuou 
acentuado, e no ano de 2015 houve um crescimento de 75% em relação ao 
ano anterior. Essa crescente onda de implantação de centrais geradoras 
ocorreu logo após a adoção do sistema de compensação. No gráfico abaixo, 
está expresso o progresso brasileiro nesse setor. 
 
 
Gráfico 1- unidades produtoras no Brasil. (ENEEL, 2015) 
 
No estado do Piauí, o número de centrais geradoras ainda é pouco 
notável quando comparado com outros estados brasileiros. Minas Gerais é o 
estado que possui mais unidades produtoras, e no final de 2015, era o maior 
estado produtor contendo 213 unidades conectadas à rede, correspondendo a 
0
500
1000
1500
2000
2012 2013 2014 2015
3 75
424
1731
Q
td
. 
d
e
 U
n
id
ad
e
s 
G
e
ra
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ra
s
Ano
Unidades Geradoras
12% do total de unidades no país. Enquanto isso, o estado do Piauí 
representava menos de 1%. 
Apesar de ainda ter poucos adeptos à geração distribuída no estado do 
Piauí, o número de instalações continua crescendo nesse setor, demonstrando 
reflexo do sistema de regulamentação nos números de instalações estaduais, 
como também a nível nacional. Esse crescimento está expresso no gráfico 
abaixo, que demostra números do ano 2014 até março de 2016. (Registro 
ANEEL, 2016) 
 
 
Gráfico 2- Unidades Produtoras no Estado do Piauí. (ENEEL, 2016) 
 
Esses dados são reflexos da realidade existente no mercado brasileiro. 
Mas, ainda existem muitas medidas que interferem na adoção da população a 
esse sistema. Tentando fazer um mapeamento dos pontos negativos 
apontados por consumidores, o Instituto para Desenvolvimento de Energia 
Alternativa (IDEAL) em parceria com a Cooperação Alemã para o 
desenvolvimento sustentável, promoveram uma pesquisa em âmbito nacional 
voltado para instaladores do sistema de GD no Brasil. Dentre os aspectos 
estudados, um fator que apontaram como negativo foi referente ao custo de 
instalação do sistema. No Brasil ainda não existe incentivos fiscais para os 
equipamentos que compõem os sistemas renováveis, tornando a implantação 
mais cara. O preço médio obtido na pesquisa foi de R$8,69, elevado quando 
comparado com a implantação de sistemas equivalentes em países que já 
possuem histórico nesse setor de geração. O gráfico 3, mostra o preço de 
11
22
0
5
10
15
20
25
2015 2016
N
ú
m
er
o
 d
e 
in
st
al
aç
õ
es
Ano
Unidade Geradoras
implantação por KW no Brasil e compara com o preço na Alemanha, país 
referência em geração por fonte renovável. 
 
 
Gráfico 3- preço do KW no Brasil e Alemanha. (IDEAL, 2014) 
 
Outro ponto dado como negativo foi o tempo para a conclusão de todas 
as etapas de instalação e conexão. Foi obtido como tempo médio no Brasil a 
duração de seis meses e duas semanas, para a finalização de todas as etapas 
de solicitações, inspeção e instalação. Quando comparado com outros países, 
o Brasil se enquadra em nível intermediário com relação ao tempo de finalizar a 
conexão. Na Alemanha e Holanda, a duração é em média de três a sete 
semanas. Além da rapidez desses países, os sistemas implantados possuem 
potência superior aos de países que levam mais tempo para o fim dos 
processos. 
 
5.PERSPECTIVA 
O Brasil possui um longo caminho a percorrer e muitos desafios para 
superar quando se trata de geração distribuída. Este é um país com enorme 
potencial para a implantação de geração por fontes renováveis, principalmente 
a solar fotovoltaica. Segundo dados do MME, espera-se que até 2024 seja 
alcançada a marca de 1,23 milhões de unidades geradoras, tendo em vista os 
reflexos das mudanças ocorridas nas regulamentações. Com o intuito de atrair 
mais adeptos, o MME lançou o Programa de Desenvolvimento da Geração 
Distribuída de Energia Elétrica (ProGD), que visa ampliar o interesse dos 
consumidores em aderir a produção de energia por meio de fontes renováveis, 
em especial a solar fotovoltaica. Será investido mais de R$100 bilhões até 
2030 nesse setor de geração, e neste mesmo ano é esperado que se alcance o 
número de 2,7 milhões de unidades consumidoras produzindo sua própria 
energia elétrica. Investimentos como esse, aumentam a expectativas de que no 
futuro a energia utilizada em residências, comércios e indústrias seja quase 
que totalmente renovável. 
 
6.CONCLUSÃO 
Os dados expostos mostram que o mercado de Geração Distribuída no 
Brasil se encontra atrasado em relação a outros países. Essa 
tecnologia chegou há pouco tempo e o acesso aos brasileiros ainda foi pouco 
disseminado, devido a dificuldades legislativas e escassez em investimentos. 
Todavia, com a expansão dessa tecnologia junto à rede de distribuição, o país 
impôs mudanças regulatórias que serviu de incentivo para a adoção desse 
sistema. Esse tipo de geração veio como principal ferramenta para dinamizar o 
sistema de energia elétrica, que procura deixar um pouco de lado a 
dependência por fontes convencionais, dando lugar a fontes alternativas e 
renováveis de geração. 
Por ser um mercado novo, muito ainda tem que ser aperfeiçoado, tanto 
nas regulamentações, quanto na geração de incentivo, de forma a tornar 
maior o interesse da população em adotar esse tipo de sistema. Além de 
melhorias já aplicadas através do sistema de compensação, isenção de 
impostos na energia injetada pelo produtor, dentre outros, ainda se pode fazer 
muito para melhorar adesão dos consumidores. É possível citar como 
exemplos, incentivos fiscais sobre todos os equipamentos utilizados na 
geração (principalmente nos de fonte solar que são os mais implantados 
atualmente), a disponibilização de linhas de financiamento, diminuição do 
tempo que leva para o cumprimento de todas as etapas de instalação do 
projeto, e também a divulgação dos benefícios de se produzir a própria energia, 
mostrando ao consumidor o quanto de energia que ele iria economizar em 
longo prazo. 
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
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brasileiro: da formação da indústria de energia elétrica aos dias atuais”. 
Dezembro/2009 
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fotovoltaica com o sistema de distribuição”. Projeto de graduação, 
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Portal, o setor elétrico. <http:// http://www.osetoreletrico.com.br/>. 
Acessado em: <12/05/2016> 
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novembro de 2015; n° 482, de 17 de abril de 2012., Lei n° 10.848, de 15 de 
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Acessado em: <24/05/2016>. Publicado: 27/01/2016 17h12 
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BRASIL. Decreto 5.163, de 30 de julho de 2004; 
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1993; 9.074, de 7 de julho de 1995; 9.427, de 26 de dezembro de 1996; 9.478, 
de 6 de agosto de 1997; 9.648, de 27 de maio de 1998, 9.991, de 24 de julho 
de 2000; 10.438, de 26 de abril de 2002. 
 BRASIL. Resolução n. 273, de 10 de julho de 2007; n. 414, de 9 de 
setembro de 2010; n. 482, de 17 de abril de 2012; n. 517, de 11 de dezembro 
de 2012; n. 687, de 24 de novembro de 2015; 
ANEEL. Acesso ao Sistema de Distribuição. Módulo 3 do Procedimentos 
de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional – PRODIST.

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