Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Hurian Machado – Odontologia UNIG 1 Farmacologia Aula 1 Introdução A farmacologia é o estudo dos fármacos, e divide-se em 3 ramos: ➯Farmacocinética: estuda a absorção, distribuição, biotransformação e excreção dos fármacos. ➯Farmacodinâmica: estuda os mecanismos de ação e efeitos dos fármacos. ➯Farmacoterapêutica: indicações dos fármacos (quando e para que usar). Medicamento X Remédio - O medicamento é uma substância de uso terapêutico. - O remédio é qualquer agente, não necessariamente químico, tem que uso terapêutico. Ex: massagem, compressa. Efeito colateral X Efeito adverso - O efeito colateral é indesejado, porém esperado de acordo com o medicamento usado. - O efeito adverso é também indesejado, porém é mais raro de acontecer, varia de pessoa para pessoas. Antídoto X Adsorvente - O antídoto é um fármaco específico com efeito contrário a outro fármaco (inibe a ação do fármaco específico). - O adsorvente é um fármaco que se liga as moléculas de outro fármaco para impedir sua absorção. Farmacocinética Vias de Administração ➯Vias Enterais 1. Via oral - Mais comum, principalmente na odontologia; - Maior facilidade de administração; - Está associada à automedicação (prejudicial); - Menos invasiva; - Mais segura; Nesta via, é possível fazer o uso de antídotos (fármacos com efeitos contrários) e adsorventes (fármacos que se ligam a molécula de outro fármaco impedindo sua absorção); Apresenta a menor biodisponibilidade – quantidade do fármaco que chega ao sangue sem sofrer alterações; A baixa biodisponibilidade ocorre devido às interações com alimentos e medicamentos; O principal processo responsável pela baixa biodisponibilidade é o efeito de primeira passagem, que é a passagem pelo fígado antes de ser distribuído. No fígado, o fármaco sofre metabolismo através das enzimas microssomais hepáticas (EMH), diminuindo sua biodisponibilidade. O fígado é o principal responsável pela absorção dos fármacos. 2. Via Retal - Usada principalmente em crianças ou quando há dificuldade de administração por outra via; - Não tem absorção imediata; - É considerada uma via alternativa; - O conteúdo fecal interfere de forma significativa na absorção; Hurian Machado – Odontologia UNIG 2 - Nesta via o fármaco não sofre efeito de primeira passagem. 3. Via Sublingual - Utilizada em casos de emergência; - É a 2ª via de administração com efeito mais rápido; - Geralmente são medicamentos de gosto amargo, e é necessário que seja dissolvido embaixo da língua. ➯Vias Parenterais 1. Via Intramuscular - Tem efeito intermediário entre a via oral e sublingual; - Escolhida por condições dos pacientes e medicamentos específicos; - Há dor principalmente quando o pH do fármaco é diferente do pH tecidual. 2. Via Intravenosa - Via de efeito imediato; - É a via mais insegura (mesmo com antídotos é mais difícil reverter o efeito); - Única via no qual não há absorção já que o fármaco vai diretamente para a corrente sanguínea, e consequentemente terá 100% de biodisponibilidade; - Permite administração de grandes volumes; - A aplicação deve ser lenta devido ao volume do fármaco; - Há o risco de causa flebite (inflamação das veias). 3. Via Subcutânea - Via pouco utilizada (mais usada quando se quer um período de ação maior); - É uma via alternativa; - Absorção mais lenta; - Nunca é usada em casos emergenciais. ➯Vias Tópicas 1. Pele, intraconjuntival e intravaginal - Absorção pouco significativa; - Geralmente o fármaco não tem efeitos colaterais sistêmicos. Perfil Farmacocinético É avaliado através da curva de concentração do fármaco em relação ao tempo. Todo medicamento lançado é avaliado pela capacidade de absorção, se é biotransformado ou não, etc. A última etapa de análise dos fármacos é realizada quando já estão lançados. ➯Análise do Perfil Farmacocinético O fármaco é administrado por alguma via, com exceção da intravenosa pois a curva fica diferente, já que nesta via não há absorção. Administra-se o fármaco uma vez, colhe-se o sangue periodicamente e vê-se a curva. - CMT: concentração máxima tolerada (é o máximo a ser administrado para não ser tóxico). - NPE: nível plasmático efetivo (concentração mínima para que ocorra o efeito). - JANELA TERAPÊUTICA: está entre o CMT e NPE. Todos os processos acontecem simultaneamente, quando a curva aumenta, algum processo farmacocinético acontece graças à absorção. Relação absorção e outros processos: a quantidade de absorção é próxima à quantidade que está saindo, após isso, o predomínio é da excreção. O ideal é que a concentração dos fármacos esteja entre o CMT e NPE, ou seja, na janela terapêutica (quanto maior a janela terapêutica, maior a margem de segurança). Hurian Machado – Odontologia UNIG 3 Exemplo: Aumentou a concentração do fármaco, após 4 horas atingiu o máximo e começou a diminuir. O fármaco demorou 2 horas para iniciar o efeito e finalizou após 7 horas, agiu por 5 horas no organismo. Na via intravenosa, o fármaco só atinge o CMT caso a concentração seja alta, se aplicar na mesma quantidade não há aumento inicial. O tempo de ação é o tempo que está no NPE. Obs: DIGITÁLITOS são fármacos que possuem a janela terapeutica muito pequena, e graças à qualquer alteração mínima nos processos fármacocinéticos, pode torná-nos tóxicos ou ineficientes. Geralmente na unidade de nanograma (ng). Ex: digoxina Absroção dos Fármacos É a passagem dos fármacos através das membranas biológicas. ➯Processos de Passagem 1. PASSAGEM DIETA - Moléculas lipossolúveis; - O fármaco transpõe diretamente a camada lipídica. 2. PASSAGEM PELOS CANAIS DE ÁGUA - Moléculas hidrossolúveis transportadas por canais de água; - Moléculas de alto peso molecular. 3. DIFUSÃO FACILITADA - Não há gasto de energia; - Ocorre com fármacos hidrossolúveis de alto peso molecular e que tenham afinidade com a proteína. 4. TRANSPORTE ATIVO - Há gasto de energia; - Ocorre com fármacos de alto peso molecular e que tenham afinidade com a proteína. 5. ENDOCITOSE SEGUIDA DE EXOCITOSE - Ocorre quando tem um peso molecular muito alto e não tem afinidade com a proteína; - Engloba-se a molécula do fármaco (endocitose) e libera do outro lado (exocitose); - Apenas fármacos lipossolúveis. Hurian Machado – Odontologia UNIG 4 ➯Fatores que influenciam na absorção 1. LIPOSSOLUBILIDADE - Quanto mais lipossolúvel o fármaco, mais fácil é a absorção. 2. ÁREA DE SUPERFÍCIE DE ABSORÇÃO - Quanto maior a área, mais fácil de ser absorvido no local. - O principal local de absorção é nos intestinos. 3. IRRIGAÇÃO LOCAL - Quanto mais irrigado o loca, ou seja, mais vasos sanguíneos, mais rapidamente ocorrerá a absorção. - Compressas mornas no local de injeção do fármaco auxiliam na absorção pois causam vasodilatação. - Compressas frias retardam a absorção pois causam vasoconstrição. 4. FORMULAÇÃO FARMACÊUTICA Representa a forma em que o fármaco está disponível. a) Líquida: a molécula já está livre e dissolvida; absorção rápida. b) Comprimido: necessita ser dissolvido no organismo e atingir a mucosa; o tamanho varia (quanto menor, mais rápida a absorção). c) Cápsula: revestida de um material gelatinoso para proteger o princípio ativo do ácido clorídrico. d) Injetáveis: há maior tempo de ação no organismo pois é liberado lentamente. e) Drágea: possui uma película externa que protege o princípio ativo contra o ácido clorídrico; o princípio ativo só é liberado nos intestinos (absorção mais lenta). 5.VELOCIDADE DE ESVAZIAMENTO GÁSTRICO - Na via oral, quanto maior a velocidade de esvaziamento gástrico, mais rápida será a absorção e o efeito. - O trânsito intestinal refere-se à mobilidade dos intestinos. Caso os movimentos sejammuito rápidos, menor quantidade será absorvida. Ex: diarreia (diminui a biodisponibilidade. 6. INTERAÇÃO COM MEDICAMENTO/ALIMENTO - Pode ser favorável ou não, varia pelo fármaco. - Alimentos gordurosos melhoram a passagem do fármaco. - Alguns antibióticos interagem com alimentos e isso diminui a irritação gástrica. - Há fármacos específicos que interagem com alimentos e medicamentos que contenham Ca, Mg, Al, Fe, e isso diminui a capacidade de absorção já que ligam-se e formam complexos não absorvíveis. Ex: quinolonas e tretaciclinas. 7. PH LOCAL E PKA FO FÁRMACO - O pH varia se a porção é ionizada (hidrossolúvel) ou não ionizada (lipossolúvel). - A maioria dos fármacos possui um ácido ou base fraca, e podem ser encontrados de forma polar e apolar, dependendo do pKa. - Quanto maior a concentração não ionizada (lipossolúvel), mais fácil será a absorção. - pH = pKa à 50% ionizado e 50% não ionizado. Distribuição dos Fármacos É a passagem do fármaco do sangue para os tecidos. No sangue, o fármaco é encontrado sob duas formas: livre e ligado às proteínas plasmáticas. O fármaco chega ao sangue de forma livre, e as moléculas circulam transpondo-se nas paredes dos vasos e ligam-se as proteínas plasmáticas. Ex: 80% das moléculas estão ligadas às proteínas, 20% são moléculas livres. Somente as moléculas livres (20%) ativam o fármaco, enquanto os outros 80% que estão Hurian Machado – Odontologia UNIG 5 ligados às proteínas plasmáticas não conseguem ser distribuídos até se tornarem livres. ➯Fatores que influenciam na absorção 1. GRAU DE LIGAÇÃO DAS PROTEÍNAS PLASMÁTICAS Quanto maior, mais demora absorção e maior é o tempo de duração dos fármacos no organismo. Normalmente se ligam a albumina, que possui dois sítios de ligação: baixo grau (40%) e alto grau (70%). 2. GRAU DE LIGAÇÃO DAS PROTEÍNAS TECIDUAIS Quanto maior, maior será a tendência de distribuição no tecido. 3. IRRIGAÇÃO TECIDUAL Quanto mais irrigado o local, maior será a distribuição do fármaco nesse tecido. O fígado é o órgão mais irrigado, logo, nele a distribuição é maior. Já no tecido adiposo, onde há pouquíssima irrigação, a distribuição é menor. 4. BARREIRAS FISIOLÓGICAS Alguns tecidos apresentam barreiras fisiológicas, e elas limitam a chegada do fármaco. Ex: barreira hematoencefálica, mamária e placentária. As moléculas lipossolúveis são facilmente distribuídas, já as hidrossolúveis passam pela barreira se forem de baixo peso molecular ou se forem auxiliadas por proteínas. No cérebro, passam somente as moléculas lipossolúveis ou fármaco com transporte especializado. 5. INTERAÇÃO COM MEDICAMENTOS Quando há 2 ou mais fármacos interagindo e eles possuem afinidade pela mesma proteína, acabam competindo pelo sítio de ligação das proteínas plasmáticas. Um irá se ligar à proteína e o outro ficará livre, e nisso, corre o risco de toxicidade já que pode ultrapassar o CMT. 6. LIPOSSOLUBILIDADE Quanto mais lipossolúvel, maior a distribuição do fármaco. Biotransformação dos Fármacos É o metabolismo dos fármacos. São reações químicas que ocorrem com os fármacos levando a formação de seus metabólitos. Nem todos os fármacos sofrem biotransformação. Existem fármacos que são excretados de forma inalterada. ➯Pró-Droga São fármacos que necessitam sofrer biotransformações para que tenham ação terapêutica. Ex: enalapril. ➯Não Pró-Droga São os fármacos que tem ação terapêutica antes da biotransformação. Precisam se tornar hidrossolúveis para serem excretados. Esses fármacos chegam promovendo seu efeito e só sofrem biotransformação para que sejam excretados. ➯Padrão da Biotransformação dos Fármacos É bifásico, ou seja, ocorre em duas fases. Fármaco → Reações de Fase 1 (reação de funcionalização) → Metabólito Intermediário → Reações de Fase 2 (reação de conjugação) → Metabólito Final (conjugado hidrossolúvel) → Excreção 1. Reações de Fase 1 (funcionalização) - Reações como oxidação, hidrólise e redução; - Enzimas oxidases de função mista produzidas no fígado (enzimas microssomais hepáticas) metabolizam muitos fármacos, realizando a oxidação e gerando metabólitos intermediários. 2. Reações de Fase 2 (conjugação) - O fármaco se liga a um agente conjugado, como por exemplo o ácido hialurônico (glicuronil transferase), ácido acético (acetil transferase), sulfato (sulfotransferase) e glutationa (glutationa transferase). - O ácido glicurônico é o mais importante, pois é o mais abundante. Hurian Machado – Odontologia UNIG 6 - A glutationa também é importante, pois inativa os metabólitos tóxicos. • Exceções aos Padrões - Caso o fármaco já esteja hidrossolúvel; - Caso o fármaco tenha sofrido reação de fase 1 e já está hidrossolúvel; - Caso o fármaco tenha sofrido só reações da fase 2 e esteja hidrossolúvel; Obs: alguns fármacos precisam sofrer reação de fase 1 para ganhar hidroxila, carboxila etc. ➯Fatores que Interferem: 1. PATOLOGIAS Principalmente doenças relacionadas ao fígado, levando a insuficiência hepática, dependendo do grau de déficit enzimático até pode ser usado. A biotransformação do fármaco é reduzida, não terá então efeito significativo; Não pró-drogas: demora mais para ser excretado. Também pode ser tóxico, e dependendo do grau de insuficiência hepática o fármaco pode ser administrado em pequenas doses. 2. IDADE Recém-nascidos não possuem muitas enzimas, e a partir de 40 anos há diminuição das enzimas microssomais hepáticas, então há dificuldade para metabolizar fármacos que necessitem de EMH; Poliformismo genético (alterações genéticas). Existem polimorfismos genéticos que interferem diretamente no metabolismo, isso leva a doenças. Pode ser que algum efeito ou inatividade do fármaco possa ser graças à genética do indivíduo; O indivíduo pode ter deficiência de enzimas específicas, por exemplo, japoneses tem maior resistência ao álcool; 3. INTERAÇÃO COM MEDICAMENTOS Ocorre quando há o uso de dois fármacos, quando um é metabolizado pelas EMH e o outro é inibidor de EMH; Isso pode acontecer com fármacos pró-droga ou não. INIBIDORES (-EMH) Cemetidina Para dor gástrica, diminui o pH do estômago; Cloronfenicol Antibiótico via tópica, muitos efeitos; Eritromicina Antibiótico muito usado; Cetoconazol Antifúngico, uso sistêmico; EX: clopidrogel + omeprazol - O fármaco B inibirá as EMH, diminuindo a produção de metabólitos ativos, então diminuiu ou inibe o efeito do fármaco A; - Sem risco de intoxicação; Outros fármacos: - O fármaco B inibirá ações do A, não forma metabólito e há dificuldade para excreção; O metabolismo reduz, a excreção também, levando à concetração de fármaco alta no sangue, havendo risco de toxidade já que o fármaco age por mais tempo; INDUTORES (+EMH) Anticonvulsivantes geralmente uso crônico; Ex: fenobarbial, fenitoína e carbamazepina; O fenobarbital aumenta seu metabolismo, então é normal que “pare” de fazer efeito. -Pró-droga: Metabólito ativo EMHFármaco A ExcreçãoMetabólito (1 ou mais) hidrossolúvelEMHFármaco A Metabólito ativoEMHFármaco A + Fármaco B (inibidor de EMH) + Fármaco B (inibidor de EMH) + Fármaco B (indutor de EMH) + Fármaco B (indutor de EMH) + Fármaco B (indutor de EMH) Hurian Machado – Odontologia UNIG 7 Terá mais enzimas microssomais hepáticas para metabolizar o fármaco A, então será metabolizado mais rápido e ficará no organismo por menos tempo, então o efeito é maior, por menos tempo, já que será mais rapidamente excretado; - Quanto menor o tempo no organismo, menor ação terapeutica; Outros fármacos: O fármaco B aumenta a quantidade de EMH, então o metabolismo será mais rápido, consequentemente a excreção será mais rápida, diminuindo a concentração de fármaco no sangue; O tempo de ação no organismo será menor. Então há risco de nãoatingir o NPE, reduzindo o efeito; 4. INTERAÇÃO COM O ÁLCOOL O álcool tem interação com o SNC, reagindo com o fármaco, potencializa o seu efeito; O uso agudo inibe EMH, diminuindo o efeito do fármaco; O uso crônico induz EMH, fazendo com que os fármacos sejam metabolizam mais rapidamente, então a ação é muito rápida; Excreção dos fármacos É a eliminação do fármaco pelo organismo. ➯Vias de Excreção - Urina (renal); - Fezes (hepatobiliar); - Leite materno; - Suor; - Saliva. O fármaco pode ser excretado por mais de uma via. A excreção renal e hepatobiliar são as mais significativas. Se o fármaco tiver 100% de excreção pela via renal, os rins precisam estar funcionando, caso contrário, o fármaco não será excretado. A excreção renal é a mais importante, a unidade funcional dos rins saõ os nefrons (formado por glomerulos/tubulos renais). Tipos de excreção renal: 1. FILTRAÇÃO GLOMERULAR Moléculas lipossolúveis: são filtradas, se continuarem lipossolúveis, são reabsorvidas. Se tornarem-se hidrossolúveis, são excretadas. Moléculas hidrossoúveis de baixo peso molecular: se continuarem hidrossolúveis, são excretadas. Se tornarem-se lipossolúveis, são reabsorvidas. 2. DIFUSÃO SIMPLES Ocorre com as moléculas lipossolúveis que não foram filtradas por falta de tempo. 3. SECREÇÃO TUBULAR ATIVA Moléculas hidrossolúveis de alto peso molecular: sofrem secreção tubular ativa. Precisam ter afinidade com as proteínas transportadores que irão carrear estas moléculas para o tubulo renal para serem excretadas. Se o fáramaco não for excretada em nenhum dos casos, será excretado por outra via. ➯Fatores que Interferem 1. PATOLOGIAS O maior problema é quando o paciente tem insufiência renal ou outras nefropatias (depende do grau de comprometimento renal e o grau de excreção.) Os rins com alguma anormalidade não eliminam excreções que deveriam ser eliminadas como amônia, uréia. Se a forma de excreção for maior ou igual a 70% renal, é totalmente não indicado fármacos que atinjam os rins. ExcreçãoMetabólitos ativosEMHFármaco A + Fármaco B (indutor de EMH) Hurian Machado – Odontologia UNIG 8 2. PH DA URINA Se a molécula chega nos rins antes de passar pelo fígado, o pH da urina altera o fármaco. O pH altera a excreção do fármaco se este for um ácido ou base fracos. Fármaco ácido fraco: se o pH está alto, a concentração de lipossolúvel é baixa, facilitando a excreção, já que o fármaco está hidrossolúvel; Fármaco base fraca: se o pH está alto, a concentração de lipossolúveis também vai estar, dificultando a excreção, já que o fármaco está lipossolúvel. Ex: O paciente está com intoxicação por ácido fraco, uma das formas de reduzir o quadro de intoxicação é acelerando a excreção desse fármaco. Então, aumenta- se o pH da urina desse paciente, para acelerar a excreção. (ex: bicabornato de sódio e acetazolamida). 3. INTERAÇÃO COM DROGAS - Pode ser de duas formas: a) Uso de dois medicamentos: um deles sendo ácido ou base fraca, e o outro altera o pH da urina, seja para mais ou para menos, alterando então a excreção; b) Dois medicamentos sofrem o processo de secreção tubular ativa nos rins. Há uma competição pela proteína transportadora, um deles vai ter mais afinidade por ela, alterando sua excreção. Aula 2 Farmacodinânima É o ramo da farmacologia que estuda os mecanismos de ação e efeitos dos fármacos, seja terapêuticos ou indesejados. ➯Possíveis Mecanismos de Ação 1. NÃO CELULARES a) Reações químicas Principal exemplo: fármacos anti-ácidos (usados para asia, queimação). Se há muito ácido clorídrico no estômago, usa-se o anti-ácido. Eles reagem quimicamente com o ácido clorídrico e formam sal + HeO, diminuindo o ácido clorídrico, então o pH do estômago aumenta e a dor para. Nesse processo não há nenhuma ação com célula. b) Modificadores de fluídos Exemplo: manitol altera os fluídos corporais no local em que estiver presente, dependendo da via que é administrado, pode ser por via oral ou intravenosa. Via oral: o efeito limita-se aos intestinos, aumenta a pressão osmótica no intestino, atraindo água e causa diarreia osmótica. Via intravenosa: na corrente sanguínea aumenta a pressão osmótica e a água é atraída nesse meio. Depois aumenta a pressão osmótica nos tubos renais e aumenta a excreção de água na urina (diurético). A indicação nessa via é somente por edema cerebral. 2. CELULARES a) Alteração da função da membrana Medicamnetos que agem nessa alteração são os que agem promovendo a inibição ou abertura dos canais iônicos em membranas celulares. Exemplo: canais de Ca voltagem dependentes tipo L presentes no coração – bloqueadores de canais de Ca++ (fármaco verapamil que é usado em casos de hipertensão); Quando os canais se abrem, eles entram no coração. O aumento do Ca no coração, aumenta a FC e a força de Hurian Machado – Odontologia UNIG 9 contração cardíaca. O veropamil bloqueia os canais, diminuindo a FC. b) Inibição enzimática Inibição de enzimas específicas de processos fisiológicos do organismo. Exemplo: sistema renina angiostensina aldosterona (SRAA), sempre que nossa pressão reduz, o organismo ativa este sistema. Quando acionado, libera a renina, que atua sobre o angiotensinogênio, formando a angiostensina I, que através da ECA se converte em angiostensina II. A angiostrnsina II atua na vasoconstrição, que aumenta a PA e também libera aldosterona, que promove a retenção de Na++ e H2O, aumentando o volume sanguíneo e assim aumenta a PA. - Paciente normotenso: quando a PA sobe, o próprio organismo atua inibindo o SRAA e não necessita de medicamentos. - Paciente hipertenso: pode usar medicamentos que inibem a ECA, chamados de inibidores de enzima conversora de angiostensina (IECA). Ex: enalopril e captopril. c) Ação sobre neurotransmissores Os neurotransmissores são liberados nos terminais nervosos para dar continuidade nos impulsos. Ex: acetilcolina, noradrenalina, etc. Alguns medicamentos agem inibindo ou estimulando a produção de neurotransmissores. Ex: toxina botulinica inibe a liberação de acetilbotulínica, ocorrendo o relaxamento dos músculos esqueléticos da região. d) Interação droga-receptor - Definições: 1. Receptor de membrana: receptores específicos de alguns tecidos que são formados por proteínas. Dependendo da proteína, há uma específica em cada tecido. Existem receptores que são intracelulares como por exemplo oshormônios, e assim o fármaco entra na célula para chegar ao receptor. Como se tratam de proteínas, quer dizer que o número de receptores pode ser variável. De modo geral, podemos dizer que há muitos receptores disponíveis no organismo. .Por outro lado, existem condições patológicas que podem diminuir ou aumentar a quantidade de receptores. Quando uma molécula se liga ao receptor, signifca que ela tem afinidade pelo receptor. Se a molécula ativa os mecanismos internos dentro da célula, além de afinidade, também tem atividade intrínseca. 2. Fármaco agonista (parcial/total) Quando um fármaco possui afinidade e atividade intrínseca, ou seja, consegue se ligar e ativar, ele é chamado de agonista. Agonista parcial: aquele que se liga e ativa o receptor, mas independentemente da dose, ele não consegue a resposta máxima (efeito). Agonista total: aquele que liga e ativa o receptor, mas se aumentar a dose, consegue resposta máxima. 3. Fármaco antagonista É aquele que possui afinidade mas não ativa nenhum mecanismo, não possui atividade instrinseca, mas possui efeito, esse efeito é o contrário ao que ocorreria se fosse ativado. • Classificação: a) De acordo com o agente endógeno (ligante) São todas as substâncias presentes no nosso organismo que se ligam fisiologicamente aos receptores específicos. Todos são agonistas totais. Obs. o agonista parcial pode ter efeito de umantagonista, pode atrapalhar o efeito do endógeno; Exemplo: - Nos receptores colinérgicos, o agente ligante endógeno é a acetilcolina; - Receptores S-hidroxitriptaninérgicos (S-HT seramina); - Receptores dropminérgicos: dopamina; - Receptores adrenérgicos: adrenalina e noradrenalina; - Receptores histamínicos: histamina; Hurian Machado – Odontologia UNIG 10 Exemplo de um fármaco agonista adrenérgico: ele possui afinidade e atividade intrínseca pelos receptores adrenérgicos. Um fármaco antagonista adrenérgico tem afinidade mas não tem atividade intrínseca nos receptores adrenérgicos, causando então efeitos contrários. Fármaco agonista adrenérgico= vasoconstrição; Fármaco antagonista adrenérgicos=vasodilatação; Outro exemplo: a histamina promove efeitos no organismo que está associado a quadros de alergia. Uma alergia respiratória eleva a histamina no trato respiratório, causando contrações dos brônquios no músculo liso. Deve-se usar um fármaco antagonista histamínico, que vai causar o relaxamento do músculo liso dos brônquios, melhorando a respiração. b) De acordo com os mecanismos de transdução de sinais: São todos os mecanismos acionados dentro de uma célula para gerar efeito. Todos os receptores já estão acoplados a um mecanismo de transdução. De modo que sempre que aquele receptor for ativado, se for agonista, vai ativar o mesmo mecanismo e então terá o mesmo efeito. Mecanismos principais de transdução sinais: a) Receptores acoplados diretamente a canais iônicos; b) Receptores acoplados à proteínas G; c) Receptores acoplados a tirosina quinase; d) Receptores acoplados à guanilato ciclase; e) Receptores reguladores de transcrição do DNA. Todos os receptores colinérgicos são ativados pela acetilcolina, mas alguns, além dela, são ativados pela muscarina e nicotina; MUSCARÍNICOS NICOTÍNICOS Acoplados a proteína G; Acoplados a canais iônicos seletivos para cátion; Órgãos involuntários; Músculos esqueléticos; SNC SNC/SNA (gânglios); A) RECEPTORES ACOPLADOS A CANAIS IÔNICOS Podem ser seletivos para cátions e seletivos para ânions. 1. Seletivo para cátions: Só permitem a passagem de íons positivos; Principal exemplo: colinérgicos nicotínicos; Quando uma molécula de acetilcolina ou qualquer molécula agonista se liga e ativa o receptor, abre-se os canais iônicos. Então os íons positivos ou Na+ vão entrar, a cada 3Na+, saem 2K+. Assim, o meio intracelular fica mais positivo, ocorrendo a despolarização da membrana, fazendo com que a actina e a miosina deslizem, então acontece a contração muscular. A resposta seletiva para cátion sempre é estimulatório. Se essa situação estiver acontecendo no SNC, este será estimulado. Caso um antagonista ligue-se, não abrirá canais iônicos, então não haverá contração e sim relaxamento. 2. Seletivo para ânions: Só permitem a passagem de íons negativos; Principal exemplo: receptores GABA-A (seu agente ligante é o GABA - este é o principal neurotransmissor inibidor do SNC); Quando o GABA se liga ao GABA-A, ele ativa o receptor, assim abrem-se os canais iônicos. O cloreto (íon -) entra no meio interno e torna esse meio mais negativo. Quanto mais negativo, vai ocorrer a hiperpolarização que dá resposta inibitória. Benzodiazepínicos: são fármacos que potencializam o efeito inibitório do GABA, pois eles aumentam a frequência de abertura dos canais iônicos. B) RECEPTORES ACOPLADOS À PORTEÍNA G Está na membrana celular. O receptor tem um sítio de ligação externo, onde vai se ligar a molécula do agente ligante endógeno, e também um sítio de ligação interno, que inicialmente não tem afinidade com a proteína G, que está em repouso. A proteína G em repouso está na membrana e é formada por 3 unidades proteícas = alfa, beta e gama (GTP ligada). Assim que a molécula se liga, ela ativa e altera a conformação do sítio interno, assim, a proteína G sai da membrana interna e vem para o sítio, ocorrendo a Hurian Machado – Odontologia UNIG 11 fosforilação assim que ela chega, aumentando um fósforo, se tornando GTP, mais as 3 unidades. Assim que passa para GTP, ela se dissocia e então B e Y voltam para o lugar inicial e alfa GTP vai para o citoplasma, representando a proteóna G ativa. Para esse tipo de receptor, o objetivo é ativar a proteína G. A proteína G pode ser: - Proteína Gq – ativa a FLC (fosfolipase C); - Proteína Gs; - Proteína Gi; - Proteína Go. Obs: dependendo do tipo de proteína, os efeitos serão diferentes. RECEPTORES ACOPLADOS A PROTEÍNA GQ Ex: receptores muscarínicos M3 (glândulas salivares); Sempre que a acetilcolina ou uma molécula agonista ativar o M3, vai ativar a proteína Gq. Assim, automaticamente ativa a FLC. Sempre que a FLC é ativada, atua no fosfolipídeo da membrana celular e promove a quabra de fosfolípedos em 2 componentes: IP3 e DAG. O IP3 é mais importante, ele estimula a liberação de cálcio no retículo endoplasmático e o cálcio fica livre no tecido, no caso das glandulas salivares, estimulam a produção de saliva. Ex 1: um fármaco administrado, como por exemplo a pilocarpina, e o paciente possuí asma bronquica, nesse caso o medicamento não é indicado pois o M3 também está no músculo livre dos brônquios, fazendo com que possa ocorrer um esparma no paciente. A asma pode ser tratada com antagonista muscarínico que causaria bronquiodilatação. Ex 2: o paciente está com excesso de salivação, pode- se usar um medicamento antagonista muscarínico, reduzindo a produção de saliva. Exemplos: Receptores colinérgicos muscarínicos M3 = acoplados à ptna Gq (presentes nas glândulas salivares e outros tecidos); Receptores alfa1-adrenérgicos = acoplados à ptna Gq (presentes nos músculos lisos dos vasos sanguíneos e outros locais). Assim, tem-se como exemplos de medicamentos: .1. Pilocarpina (agonista muscarínico que causará nas glândulas salivares o aumento da liberação de saliva); .2. Atropina (antagonista muscarínico que causará nas glândulas salivares a redução da liberação de saliva. RECEPTORES ACOPLADOS A PROTEÍNA GS Quando houver ativação de um receptor acoplado à proteína Gs, automaticamente ativa essa proteína, e sempre que ativada, estimula o sistema Ac/AMPc. Ex 1: um dos principais locais que há receptores acoplados a proteína Gs é o coração, como os receptores adrenérgicos B1. Quando a noradrenalina ou qualquer molécula agonista ativar o receptor B1 adrenérgico, há a ativação das proteínas Gs e depois é ativada a enzima adenilato ciclase (Ac) que atua sobre ATP no coração e forma o AnPc. Sempre que ele aumenta, ele ativa as proteínas cinases, que são fosforiladoras, ocorre a fosforilação e abre os canais de Ca+ no coração, aumentando a concentração de cálcio, aumenta a força de contração do coração. Se o paciente tem insuficiência cardíaca intensa, existe um medicamento que aumenta a força de contração (via intravenosa), nesse caso faz-se o uso de medicamento que seja antagonista B1 adrenérgico, como a dobritamina. Atuam sobre o sistema Ac/AmPc Hurian Machado – Odontologia UNIG 12 Ex 2: se o paciente fizer uso de um medicamento que é antagonista B-adrenérgico (propanolol, por exemplo) significa que provavelmente ele possui hipertensão arterial. Esse medicamento bloqueia receptores B1 no coração, assim não vai ativar a proteína Gs, não ocorreneo a fosforilação. Então não há a abertura dos canais de Ca+, fazendo com que a frequência cardíaca diminuia e a força de contração, pois a Ac não é ativada e não forma AmPc. Exemplos: receptores beta-adrenérgicos (β1 e β2 = acoplados à ptna Gs). Assim, tem-se como exemplos de medicamentos: 1. Dobutamina (agonista β1-adrenérgico que causará no coração o da Frequência cardíaca e da Força de contração); .2. Atenolol (antagonista β1-adrenérgico que causará no coração a ¯ da Frequência cardíacae da Força de contração); .3. Fenoterol (agonista β2-adrenérgico que causará relaxamento do músculo liso dos brônquios – broncodilatação); .4. Propranolol (antagonista β1e β2-adrenérgico que causará no coração a ¯ da Frequência cardíaca e da Força de contração e nos brônquios causará broncoconstrição). RECEPTORES ACOPLADOS A PROTEÍNA GI Ex 1: os receptores presentes no coração são muscarínicos M2, que estão acoplados a proteína Gi, e sempre que o M2 é ativo no coração, a proteína Gi também é ativada. Quando ela é estimulada, inibe Ac e diminui a conversão de ATP para AMPc, que causa a inibição das proteínas cinases, não ocorrendo fosforilação nem abertura dos canais de Ca+, diminuindo a força de contração e a frequência cardíaca. Exemplos: receptores M2 = acoplados à ptna Gi e presentes no coração; Receptores alfa2-adrenérgicos = acoplados à ptna Gi; Assim, a pilocarpina (agonista muscarínico) causa redução da frequência cardíaca e da força de contração cardíaca. E) RECEPTORES REGULADORES DA TRANSCRIÇÃO DO DNA A molécula do fármaco se liga ao receptor, este expõe um sítio de ligação ao DNA, ele entra no núcleo e se liga ao DNA. Assim, regula a transcrição do DNA. Pode ocorrer de duas formas: > Passa para o DNA uma mensagem para não produzir determinada enzima. O DNA faz isso sem continuidade. > Passa para o DNA uma mensagem para produção de uma proteína específica. Essa mensagem é passada para o RNA mensageiro que leva até o ribossomo, produzindo tal proteína para gerar efeito. Ex: antinflamatórios esteroidais como dexametasona, betametasona, triacinolona. Sobre o processo de inflamação: Temos a presença de duas enzimas que participam deste processo, a COX2 e a fosfolipase A2 (age antes do COX2). Elas contribuem na formação de mediadores inflamatórios. Hurian Machado – Odontologia UNIG 13 Os corticoides são os antinflamatórios mais potentes, e quando administrados se ligam aos receptores específicos dos corticoides, que expõe um sítio de ligação, entra e se liga ao DNA. Após isso, os corticoides fazem 2 coisas: 1. Passam informação para o DNA que é para inibir a síntese de COX2, não gerando prostalglandina (mediador inflamatório) parando a produção durante o processo inflamatório. Então, os corticoides ao regular a transcrição do DNA, inibe também a síntese do COX2, que já reduz a inflamação. 2. Passa para o RNA mensageiro a ordem de produção de proteína, leva aos ribossomos, estes produzem lipocortina, que no processo inflamatório inibe outra proteína, a fosfolipase A2, que sintetiza mais mediadores, e com isso, há o efeito inflamatório. Aula 3 Sistema Nervoso Parassimpático ➯Introdução ORIGEM DAS FIBRAS O SNA é formado por fibras nervosas eferentes (partem do SNC e levam os estímulos para a periferia). Se classificam em fibras nervosas eferentes do SNA simpático e SNA parassimpático. O SNC é formado pelo encéfalo e pela medula espinhal. No parassimpático, a origem das fibras é crânio-sacral. Existem fibras que partem do crânio (essas levam estímulos para a periferia e também para tecidos mais superiores do corpo) e fibras que partem da região sacral, também levam estímulos para as periferias. Todas as fibras não possuem um contato direto com o tecido efetor, elas possuem um espaço chamado fenda sináptica. A liberação de um neurotransmissor (acetilcolina, por exemplo) estimula o gânglio para que o estímulo chegue no terminal nervoso. Quando o estímulo se depara com uma nova fenda sináptica, a acetilcolina é liberada novamente para os estímulos chegarem no tecido, através da ativação dos receptores desse tecido, gerando o efeito. • As fibras podem ser: 1. As fibras pré-ganglionares: estão antes do gânglio; 2. As fibras pós-ganglionares: estão depois do gânglio; Todas elas liberam Ach (por isso são colinérgicas). SÍNTESE LIBERAÇÃO E DEGRADAÇÃO DAS ACh Hurian Machado – Odontologia UNIG 14 A acetilcolina é produzida dentro do próprio terminal nervoso, a partir da Acetil CoA e da colina. Ela é transportada e fica armazenada dentro das vesículas pré-sinápticas. Quando ocorre a chegada do potencial de ação (estímulos que são enviados através da despolarização) no terminal nervoso, são abertos os canais de cálcio, o cálcio entra e estimula a liberação de ACh. Quando ela é liberada, muitas moléculas são liberadas em quantidade superiores à de receptores presentes ali. Algumas moléculas se ligam rapidamente aos receptores mais próximos daquele tecido para gerar um efeito, mas outras moléculas não se ligam a tempo, porque existe uma enzima chamada acetilcolinesterase, que degrada a acetilcolina, formando colina + acetato. Assim a colina é reaproveitada para formar de novo acetilcolina. As moléculas que conseguiram se ligar aos receptores, irão ativá-los mas também ficam pouco tempo ligadas por também sofrerem ação dessas enzimas, mas são em tempo suficiente para ativar o receptor e causar o efeito. (no caso dos receptores pós-sinápticos); Existem também os receptores pré-sinápticos. Todo terminal nervoso tem este receptor, isso significa que a própria acetilcolina que foi liberada, além de estimular receptores pós-sinápticos, também libera receptores pré-sinápticos. O objetivo principal vai ser inibir a liberação da acetilcolina, mecanismo chamado de feedback negativo. RECEPTORES MUSCARÍNICOS Receptores colinérgicos (muscarínicos/nicotínicos): estão presentes nos gânglios e nos tecidos alvos do parassimpático e no SNC; 1. Receptores M1: Sempre que a acetilcolina é liberada em um local que tenha M1, há ativação deste receptor, ativando também a proteína Gq. Quando esta é ativada, há a estimulação da fosfolipase C, ocorrendo a formação do IP3, que estimula a liberação de cálcio no retículo sarcoplasmático, o cálcio vai causar um efeito estimulatório. Se isso ocorre no SNC, há uma estimulação do SNC, e se isso ocorre nas células parietais gástricas, há estimulação dessas células, cuja função é produzir HCl, quando forem estimuladas, há o aumento da produção de HCl. 2. Receptores M2: Quando a acetilcolina se liga nos receptores M2, ativa estes receptores, ativando a proteína Gi. Quando a ptna Gi é ativada, inibe a enzima adenilato ciclase, reduzindo a conversão do ATP em AMPc, não ocorre ativação das proteínas cinases (fosforiladoras), não havendo assim a fosforilação de canais de cálcio, assim não há abertura dos canais de cálcio. Se os canais de cálcio a nível pré-sináptico não se abrem, não ocorre a liberação da Ach, reduzindo sua quantidade. Se não ocorrer a abertura dos canais de cálcio no coração, o cálcio intracardíaco diminui, então reduz a frequência cardíaca e a força de contração. 3. Receptores M3: Quando a acetilcolina é liberada em locais que tenham receptores M3, vai ativá-los e também vai ativar a proteína Gq, ativando a fosfolipase C, formando o IP3, liberando o cálcio naquele tecido, promovendo o efeito estimulatório. - Músculos lisos: causa contração muscular; - TGI: contrai muito, causando diarreias; - Brônquios: causa dificuldade respiratória; - Bexiga urinária: causa a micção; - Nas glândulas: aumenta a secreção glandular; Hurian Machado – Odontologia UNIG 15 - M. ciliar dos olhos: contração destes músculos; - M. dilatador da pupila: causa a miose (contração da pupila); - Endotélio vascular: o endotélio libera óxido nítrico (NO), que causa o relaxamento do músculo liso, havendo vasodilatação. • Como ocorre a contração do músculo ciliar dos olhos? Existem alguns líquidos que mantém a pressão do globo ocular, um deles é o humor aquoso (responsável pela pressão na câmara anterior dos olhos). Ele é produzido nos corpos ciliares, e quando produzido, por ser uma produção constante, ele deve ser drenado para manutenção da pressão intra-ocular. Nos músculos, quandoele contrai, expõe mais o canal de drenagem do humor aquoso, com isso, necessita de um medicamento que aumenta a contração do M. ciliar dos olhos, para aumentar a drenagem. FÁRMACOS COLINÉRGICOS: Todo fármaco que atua em alguma neurotransmissão que envolve acetilcolina, é chamado de colinérgico. Existe uma classificação mais específica para os fármacos que atuam no SNA parassimpático. PARASSIMPATOMIMÉTIC OS PARASSIMPATOLÍTIC OS Ação direta Ação direta Ação indireta 1. Parassimpatomiméticos: São os fármacos que promovem o mesmo efeito da Ach no SNA parassimpático. É usado quando é desejado potencializar o efeito da acetilcolina em algum local. Ex: quando a produção de saliva precisa ser aumentada, pode-se fazer o uso deste. a) Ação direta - Fármacos que agem diretamente nos receptores muscarínicos para promover os mesmos efeitos da ACh. - É aquele que tem afinidade e atividade intrínseca pelos receptores muscarínicos, ou seja, são agonistas muscarínicos. b) Ação indireta - Promovem os mesmos efeitos da acetilcolina, mas não ativam o receptor, não se ligam a ele. - São os fármacos inibidores de acetilcolinesterase. Ao inibir a enzima, as moléculas que não tenham tido tempo de se ligar ao receptor, vão ficar mais tempo aqui e vão ativando os receptores. Quanto mais receptores ativados, maior a resposta. 2. Parassimpatolíticos: São fármacos que quebram o efeito da acetilcolina, produzem efeitos contrários da acetilcolina no SNA parassimpático. Hurian Machado – Odontologia UNIG 16 a) Ação direta - São aqueles que vão se ligar ao receptor, não ativam esse receptor. - São chamados de antagonistas muscarínicos. - Atropina= usada na odontologia; - Ipratrópio= atrovent, causa bronquiodilatação; - Oxibutinina= usada principalmente para o paciente que tem incontinência urinária (mantém a micção); - Cinetose= vômito provocado pelo movimento. O movimento vai promover a estimulação do núcleo vestibular através de uma ação, onde em receptores muscarínicos e também histamínicos, que quando este núcleo vestibular é estimulado, envia estímulos para a zona deflagradora do vômito, (onde existe receptores dopamínicos) quando ativada, envia estímulos para o centro do vômito. Quando estimulado causa o vômito. Pessoas que possuem este problema, usam escopolamina que bloqueia os receptores muscarínicos no núcleo vestibular, não causando o vômito. - Dramin= bloqueia receptores histamínicos. USO NA ODONTOLOGIA Hurian Machado – Odontologia UNIG 17 Aula 4 Sistema Nervoso Simpático ➯Introdução ORIGEM DAS FIBRAS As fibras no sistema simpático são de origem “toracolombar”. Assim como acontece no parassimpático, essas fibras não vão diretamente para o tecido efetor, elas são intermediadas por um gânglio e depois disso, temos o tecido alvo. 1. As fibras pré-ganglionares: liberam acetilcolina (o raciocínio é semelhante ao SNAP) 2. As fibras pós-ganglionares: liberam noradrenalina A liberação de um neurotransmissor (noradrenalina, por exemplo) estimula o gânglio para que o estimulo chegue no terminal nervoso. Quando o estimulo se depara com uma nova fenda sináptica, a noradrenalina é liberada novamente para os estímulos chegarem no tecido, através da ativação dos receptores desse tecido, gerando o efeito. SÍNTESE, LIBERAÇÃO E DEGRADAÇÃO DA NORADRENALINA A noradrenalina é produzida dentro do próprio terminal nervoso, a partir da Tirosina. A tirosina sofre ação de uma enzima, a partir da tirosina é formado a Dopa, a partir da Dopa, a Dopamina, que gera a síntese da noradrenalina (como podemos observar, essa síntese não é direta). A noradrenalina é transportada para dentro das vesículas pré-sinápticas, onde normalmente ela fica ligada a uma proteína com o objetivo de evitar o extravasamento dela. A noradrenalina que por acaso sofra extravasamento, ou a noradrenalina que não conseguiu ser transportada, se chegar no terminal nervoso sem o potencial de ação, ela promove efeitos. Para que isso não aconteça, existe uma enzima (MAO - mono amina oxidase), que tem a função de degradar/metabolizar as moléculas de noradrenalina que por acaso fiquem liberadas, e ao degradar a noradrenalina, ela forma metabólitos inativos. Se essa enzima é inibida, diminui a degradação de noradrenalina, aumentando seus níveis. A noradrenalina só é liberada quando chega ao potencial de ação (estímulo do SNC), ocorrendo a abertura de canais de cálcio, o cálcio entra e promove a liberação da noradrenalina. A noradrenalina liberada, ativa os receptores adrenérgicos, mas ela não pode ficar o tempo inteiro agindo, deve haver um mecanismo para interromper o seu efeito, senão ela ativa initerruptamente os receptores. Para que isso não aconteça, existem 3 processos responsáveis pelo término da atividade da noradrenalina na fenda sináptica: • Captação 1: (principal) recaptação da noradrenalina para o terminal nervoso, para ser armazenada de novo nas vesículas pré-sinápticas. - Ela é reaproveitada no organismo. - Esse processo é o alvo de medicamentos antidepressivos. • Captação 2: a noradrenalina é captada para outros tecidos, em especial para as glândulas adrenais ou supra drenais. Nessas glândulas a noradrenalina sofre a ação de outra enzima para formar a adrenalina. Ação da enzima COMT: essa enzima degrada a noradrenalina. Ela metaboliza catecolaminas (como a noradrenalina e adrenalina). Essa via é menos significativa. Continuando, se a noradrenalina for liberada, ativa os receptores adrenérgicos, os alvos são receptores pós- sinápticos, mas também existem os pré-sinápticos. Os receptores pré-sinápticos são sempre acoplados à proteína G. A própria noradrenalina ao ser liberada ativa os receptores α2 (pré-sinápticos) que estão acoplados à Hurian Machado – Odontologia UNIG 18 proteína Gi. Quando a proteína Gi é ativada, inibe o AMPC, essa inibição evita a abertura dos canais de cálcio e sem a abertura dos canais de cálcio, não há mais a liberação da noradrenalina. Se os canais de cálcio não forem fechados, a liberação de noradrenalina ocorre até acabar tudo, por isso devem ser evitados. No organismo isso tudo ocorre de acordo com nossas necessidades. RECEPTORES ADRENÉRGICOS, CLASSIFICAÇÃO E EFEITOS QUANDO ATIVADOS Receptores adrenérgicos se dividem em α-adrenérgicos e β-adrenérgicos. Os α se dividem em: α1 e α2. Os β se dividem em β1, β2 e β3. 1. Receptores α1: estão acoplados à proteína Gq. É o único receptor adrenérgico que está acoplado a esta proteína. O principal local é nos músculos lisos dos vasos. Sempre que a noradrenalina é liberada em um local que tenha receptor α1, ela ativa esses receptores, ativando a proteína Gq, ativando a fosfolipase C, ocorrendo a quebra de fosfolipídeos para formar IP3, forma o IP3 ocorrendo a liberação de cálcio no reticulo sarcoplasmático, aumentando o cálcio nesse tecido (nos locais de exemplo). O aumento do cálcio nos oferece um efeito estimulatório. Se for nos músculos lisos, causa contração desses músculos, o que chamamos de vasoconstrição. No útero, causa contração uterina (mas para isso, o receptor β2 precisa estar inativo, pois ele é o principal receptor neste local). No músculo liso do colo vesical, causa contração, diminuindo o fluxo urinário. No músculo radial da íris, causa contração desse músculo, promovendo a dilatação da pupila (midríase). No fígado, ocorre a estimulação de enzimas que vão gerar glicogenólise, que é a quebra do glicogênio, formando glicose, aumentando os níveis de glicose no sangue (glicemia). 2. Receptores α2: estão acoplados à proteína Gi. É o único receptor adrenérgico acoplado a esta proteína. Sempre que a noradrenalina for liberadaem local que tenha receptores α2, ela ativa esses receptores, ativando a proteína Gi, inibindo a Ac (adenilato ciclase), que é uma enzima com função de reverter ATP em AMPC (responsável por ativar as proteínas cinases), porém, com a inibição da Ac, reduz a produção de AMPC, inibindo as proteínas cinases (são fosfoliradoras). Quando chega nesta situação, ocorrem dois quadros: 1. Para o coração, glândulas, membranas pré-sinápticas: a inibição das proteínas cinases vai promover a não fosforilação de canais de cálcio, então os canais de cálcio não se abrem, ocorrendo uma redução dos canais de cálcio intracelular, gerando um efeito inibitório. Se for no coração, diminui a FC. Se for membrana pré-sináptica, diminui a liberação de noradrenalina. Se for no pâncreas, ocorre a diminuição da liberação de insulina, aumentando a glicemia. 2. Para os músculos lisos dos vasos: (não pé recomendado associar a canais de cálcio). As proteínas cinases forforilam a miosina cinase, que é a enzima que promove a contração dos músculos lisos. A fosforilação da miosina cinase, promove a sua inativação. Então, a inibição das proteínas cinases, não irão promover a fosforilação da miosina cinase, assim, quando estas não estão forforiladas, são ativadas. Com isso, há a contração dos músculos lisos, ou seja, vasoconstrição. 3. Receptores β1: são acoplados a proteína Gs. Quando a noradrenalina é liberada, ativa esses receptores, ativando a proteína Gs. Quando ela é ativada, Hurian Machado – Odontologia UNIG 19 ativa a Ac, ocorrendo a conversão do ATP em AMPC. O AMPC, ativa as proteínas cinases, que são fosforiladoras. No coração, ocorre a fosforilação dos canais de cálcio, aumentando a concentração do cálcio intracelular, aumentando a força de contração cardíaca e a FC. No fígado, estimula-se a glicogenólise, ocorrendo a quebra do glicogênio para aumentar a formação de glicose, que aumenta a glicemia. 4. Receptores β2: são acoplados à proteína Gs. Quando a noradrenalina é liberada, ativa esses receptores, ativando a proteína Gs. Quando ela é ativada, ativa a Ac, ocorrendo a conversão do ATP em AMPC. O AMPC, ativa as proteínas cinases, que são fosforiladoras. Nos músculos lisos, se há a fosforilação da miosina cinase, ocorre a inativação desta enzima, causando relaxamento dos músculos lisos (vasodilatação). Nos brônquios, causa brocodilatação. No TGI, causa relaxamento do TGI, causa constipação (diminui o peristaltismo). No útero, causa relaxamento uterino, causando retenção do feto (um medicamento que promove o relaxamento do útero, atrapalha o parto). No músculo ciliar dos olhos, causa relaxamento desse músculo, reduzindo a drenagem do humor aquoso, aumentando a pressão intraocular. Nas glândulas, as proteínas cinases promovem a fosforilação de canais de cálcio, aumentando os níveis de cálcio, aumentando a secreção glandular (lacrimal, salivar, etc). Os mastócitos são os únicos que não são satisfatórios nessa situação, pois são responsáveis pela liberação de histamina, que é armazenada em grande quantidade dentro deles e normalmente eles precisam ser estimulados para que ocorra a liberação delas. No entanto, os receptores β2 quando ativados nos mastócitos, diminuem a liberação de histamina. Nas proteínas contrateis dos músculos esqueléticos, há a estimulação dessas proteínas, promovendo contrações na forma de tremores musculares (conhecendo tremores de ansiedade). Fármacos que atuam no Sistema Nervoso Simpático Todo medicamento que atua em alguma neurotransmissão que envolve noradrenalina, o fármaco é chamado de adrenérgico. Existe uma classificação especifica para os fármacos que atuam no SNAS. 1. Simpatomiméticos: - Ação direta - Ação indireta 2. Simpatolíticos: - Ação direta SIMPATOMIMÉTICOS São os fármacos que promovem o mesmo efeito da noradrenalina, agindo no SNAS. a) Ação direta - Fármacos que agem diretamente nos receptores adrenérgicos, para promover os mesmos efeitos da noradrenalina. - É aquele que tem afinidade e atividade intrínseca (se ligam e ativam) pelos receptores adrenérgicos, ou seja, são agonistas adrenérgicos. b) Ação indireta - São fármacos que causam os mesmos efeitos, mas sem se ligar e ativar os receptores adrenérgicos. - Eles agem em nível pré-sináptico e estimulam a liberação de noradrenalina. NÃO há receptores adrenérgicos nos músculos esqueléticos, seus receptores são os muscarínicos. Mas as proteínas contrateis do musculo esquelético possuem receptores adrenérgicos. É importante não confundir. Hurian Machado – Odontologia UNIG 20 -Adrenalina: em um paciente com reação anafilática, por exemplo, ele pode ser usado para promover a vasoconstrição, aumentando a pressão arterial do paciente e a broncodilatação, favorecendo a respiração do paciente e também diminuição da liberação de histamina nos mastócitos. Em associação aos anestésicos locais, pode ser usado para promover a vasoconstrição, diminuindo a absorção dos anestésicos, aumentando a duração deles no local e diminuindo os efeitos sistêmicos. -Fenilefrina, oximetazolina, nafazolina, efedrina: usados em casos de congestão nasal. Promovem a vasoconstrição, revertendo o quadro de congestão e favorecendo a respiração. -Dobutamina: usada em ambiente hospitalar, por via intravenosa. -Salbutamol, terbutalina, fenoterol, salmeterol: são usados principalmente por suas atividades nos brônquios. Em todos esses casos, esses medicamentos promovem a broncodilatação, favorencendo a respiração do paciente. O salbutamol também pode ser usado para p relaxamento uterino, para evitar o parto prematuro. Em todos os casos, os efeitos indesejáveis são as probabilidades de efeito em outros receptores (como os β1). Se ativarem β1, no coração por exemplo, pode aumentar a FC, e a forca de contração, podendo causar taquicardia. Nas proteínas contrateis, pode ocorrer tremores nervosos. Mas isso só ocorre, se tiverem efeito em outros receptores também. SIMPATOLÍTICOS São fármacos que quebram o efeito da noradrenalina, promovem efeitos contrários à noradrenalina no SNAS. a) Ação direta - São aqueles que vão se ligar aos receptores adrenérgicos, mas não vão ativar esses receptores. - Só possuem afinidade com esses receptores, mas não possuem atividade intrínseca. São conhecidos como antagonistas adrenérgicos (bloqueadores adrenérgicos). -Prazosina, terazosina, oxazosina: são bloqueadores alfa 1, eles promovem vasodilatação, diminuindo a pressão arterial. -Propranolol, alprenalol: são bloqueadores beta adrenérgicos (1 ou 2), em casos de hipertensão arterial, eles promovem a redução da FC e força de contração, diminuindo a pressão arterial. Em casos de angina (dor no peito por falta de oxigenação), promovem a vasodilatação nas artérias coronárias, facilitando a oxigenação. Nas arritmias, eles diminuem a FC. Para o glaucoma, existe o fármaco timolol, que contrai os músculos presentes nos olhos. -Practolol, metoprolol, atenolol: possuem as mesmas indicações no coração. São seletivos para o receptor Beta 1 adrenérgico. -Carvedilol: também possuem as mesmas indicações. É um dos medicamentos mais indicados para pacientes com insuficiência cardíaca crônica. IMPORTÂNCIA E USO NA ODONTOLOGIA Hurian Machado – Odontologia UNIG 21 Os agonistas α adrenérgicos são muito importantes na odontologia, pois são usados em associação aos anestésicos locais, visando aumentar seu efeito e diminuir a absorção, para isso, deve-se promover a vasoconstrição. E também uso nos casos de reação anafilática, para causar vasoconstrição, por efeitos broncodilatadores e por causa da inibição da liberação de histaminas nos mastócitos. Se usados em doses repetitivas, aumentam o efeito vasoconstritor no local, que em excesso pode diminuir a oxigenação do local, causandonecrose ou microfibrose tecidual. A adrenalina ou noradrenalina em doses elevadas, causam quadros de ansiedade, aumento da PA, taquicardia e efeitos no SNC (quadro acima). Existem situações que podem potencializar esses efeitos sistêmicos, tornando o uso do vasoconstritor mais perigoso. Em casos de angina, pode causar infartos. Pacientes com hipertireoidismo, têm mais receptores beta 1 adrenérgico no coração, podendo causar efeitos cardíacos. Uso de betabloqueadores, se a adrenalina chega na corrente sanguínea, ela só vai ter alfa para agir, pois o beta está bloqueado, aumentando o efeito vasoconstritor, tornando um risco. Fármacos que aumentam a noradrenalina, se ela já está em excesso e esses fármacos são usados, pode causar hipertensão no paciente, por exemplo. - Os fármacos antagonistas alfa adrenérgicos possuem efeitos vasodilatadores. Esses fármacos podem causar efeitos indesejáveis como: taquicardia reflexa, a vasodilatação pode reduzir a pressão, o organismo vai tentar aumentar a pressão, mas como essa parte está bloqueada, pode causar taquicardia. Os fármacos vasodilatadores também podem causar hipotensão postural (queda da pressão quando a pessoa levanta rapidamente), causando tonteira. A tansulozina, também é um antagonista alfa adrenérgico, mas ela possui seletividade pelos receptores alfa adrenérgicos nos músculos lisos do colo vesical. O que significa que ela tem menor atividade nos vasos sanguíneos. Se o paciente utilizar esse fármaco, o risco de hipotensão postural praticamente não existe devido a esta seletividade que ela possui. Aula 5 Toxina Botulínica É obtida através de uma bactéria chamada Clostridium botulinum. Essas neurotoxinas tem tropismo pelo sistema nervoso, ou seja, tendem a se ligar aos terminais nervosos, mais especificamente nos terminais nervosos colinérgicos, onde há liberação da Acetil Colina. A aplicação da toxina é feita de forma local, diretamente nos músculos onde é desejado o efeito. Se administrada de forma sistêmica, iria se ligar aos terminais nervosos colinérgicos de outras regiões do corpo. Onde há Acetil Colina, a toxina age. Ex: coração, músculos lisos, TGI e todo sistema autônomo. A toxina age na junção neuromuscular esquelética. Neurotransmissor envolvido na neurotransmissão esquelética: Acetil Colina. Hurian Machado – Odontologia UNIG 22 Receptores específicos da Acetil Colina (colinérgicos): nicotínicos (presentes nos gânglios, músculos esqueléticos e SNC). ➳Transmissão do Impulso na JNM Esquelética O estímulo chega ao terminal nervoso → ocorre a entrada de Ca → o Ca ativa as sinaptotagminas → as sinaptotagminas fazem com que as vesículas pré- sinápticas fiquem em contato com a membrana pré- sináptica → as membranas pré-sinápticas liberam Acetil Colina → a Acetil Colina se liga aos receptores da região → fica pouco tempo ligada pois sofre a ação da Acetilcolinesterase → forma colina e acetato → a colina volta ao terminal nervoso pra formar mais Acetil Colina. De acordo com o mecanismo de transdução de sinais, os receptores nicotínicos se classificam como diretamente acoplados a canais iônicos seletivos para cátions (permite a passagem de íons positivos – Na+ e K+). Obs: são necessárias 2 moléculas de Acetil Colina para ativar o receptor nicotínico. ➳Fisiologicamente Acetil Colina se liga → ativa o receptor nicotínico → promove a abertura do canal iônico → passagem de íons positivos (Na+ e K+) → o que está em maior concentração fora, entra (Na+) / maior concentração dentro, sai (K+) → despolarização do M. Esquelético → deslizamento da actina sobre a miosina → contração do M. Esquelético. Obs: entra mais Na do que sai K devido a diferença de concentração dos dois meios. ➳Mecanismo de Ação Obs: atua em nível pré-sináptico. • 1ª Fase: Aglutinação A molécula se liga a parte externa do terminal nervoso colinérgico. • 2ª Fase: Internalização A molécula entra no terminal nervoso. • 3ª Fase: Bloqueio A molécula da toxina promove a inibição das sinaptotagminas → fazendo com que as vesículas pré-sinápticas não consigam se ligar a membrana pré-sináptica → não há liberação de Acetil Colina → relaxamento do M. Esquelético. Obs: o terminal nervoso fica inativo. Hurian Machado – Odontologia UNIG 23 • 4ª Fase: Rebrotamento Gradativamente ocorre o surgimento de novos terminais nervosos próximo aquele que foi inativado. • 5ª Fase: Reestabelecimento da Conexão nervosa Um dos terminais nervosos se forma completamente, fazendo o restabelecimento da conexão nervosa daquele local. Obs: geralmente a toxina atua em um período de 3 a 6 meses, que é o tempo para que a conexão nervosa seja reestabelecida. Obs: teoricamente, pode ocorrer a reativação do terminal nervoso que estava inativo. Com o uso contínuo, faz necessário o aumento da dose devido a reativação, pois forma cada vez mais terminais nervosos. ➳Indicações 1. Uso Estético - Linhas faciais hipercinéticas (rugas); - Sorriso gengival. 2. Uso Terapêutico - Bruxismo; - Espasticidade; - Estrabismo. 3. Na Odontologia - Disfunções e dores na ATM; - Dores de cabeça de origem ortodôntica; - Apertamento dental e bruxismo; - Sorriso gengival; - Linhas faciais hipercinéticas. ➳Contraindicações - Glaucoma (reduz a drenagem do humor aquoso, aumentando a pressão intraocular); - Gestantes; - Pacientes sob tratamento quimioterápico; - Pacientes sob uso crônico de antinflamatórios. Obs: por ser administrada localmente, dificilmente os efeitos sistêmicos irão ocorrer. O mais comum são os locais. Ex: ptose palpebral. Aula 6 Fármacos Anti-Histamínicos Também chamados de antagonistas histamínicos. Os fármacos anti-histamínicos se ligam aos receptores da histamina mas não os ativa, fazendo com que a histamina não promova seus efeitos, promovendo então os efeitos contrários. ➳Síntese, Localização e Liberação A histamina é uma amina biogênica; Pode ser classificada também como uma autacóide (são todas as substâncias/fatores biológicos produzidos no organismo que agem como hormônios, com duração curta e ação perto do seu local de síntese); A histamina é sintetizada a partir histidina. Histidina → Histidina Descarboxilase → Histamina. ➳Classificação 1. Mastocitária A maior parte da histamina produzida no organismo é armazenada na forma de grânulos, e principalmente nos mastócitos (histamina mastócitária). Hurian Machado – Odontologia UNIG 24 Os locais de maior concentração de mastócitos, e portanto, maior liberação de histamina são: -TGI; -Trato respiratório; -Epitélio. A liberação da histamina pode ser localizada ou sistêmica (choque anafilático). 2. Não-Mastocitária Atua como um neurotransmissor em terminais nervosos histaminérgicos no SNC principalmente. No SNC, sua função é fazer a manutenção do alerta/estado de vigília do corpo (manter acordado). ➳Degranulação dos Mastócitos A degranulação dos mastócitos basicamente é a ativação do mastócito para liberar histamina. A estimulação dos mastócitos ocorrerá principalmente devido as imunoglobulinas (principalmente a IgE), quando há a exposição a um alérgeno. Se não houver exposição ao agente alergênico, não haverá liberação de histamina. Após ser liberada, agirá nos seus receptores específicos (histamínicos/histaminérgicos). ➳Locais de Ação da Histamina -Pele: prurido e reação tríplice (eritema, edema e halo circundante). H1. -Brônquios: contração brônquica (broncoconstrição). H1. -Vasos: estimulação do endotélio → libera NO. Vasodilatação. H1. -Células Parietais Gástricas: secreção de HCl. H2. ➳Receptores Histamínicos 1. Receptores H1 Histamina se liga ao receptor H1 → ativa o receptor H1 → ativa a proteína Gq → estimula a FLC → formação de IP3 → aumenta o Ca → efeito estimulatório - Glândulas: aumenta a secreçãoglandular. - M. Lisos: contração do músculo. - Endotélio dos vasos: liberação de NO (vasodilatação). - Pele: resposta tríplice. - Terminações Nervosas Sensitivas: prurido. 2. Receptores H2 Ativa a proteína Gs. - Coração: aumento da FC. - Células Parietais Gástricas: aumento do HCl. ➳Fármacos Anti-Histamínicos 1. Bloqueadores de H1 ➳Mecanismo de Ação: se liga aos receptores histamínicos H1, porém não os ativam (Gq), gerando efeito inibidor. 1ª Geração: são mais lipossolúveis, portanto, ultrapassam melhor a barreira hematoencefálica fazendo maior distribuição no SNC (diminuem a atividade da histamina no SNC), causando sedação. - Clorferinamina; - Dexclorferinamina; - Difenidramina; - Dimenidrinato (cinetose/dramim/com vitamina B6 não causa sono); - Hidroxizina; - Prometazina (quadros mais graves); - Clemastina. 2ª Geração: possuem menor distribuição no SNC (são menos lipossolúveis), e não causam sedação. Hurian Machado – Odontologia UNIG 25 - Cetirizina; - Desloratadina; - Fexofenadina; - Loratadina; ➳Farmacocinética Boa absorção por via oral (boa biodisponibilidade); Sofrem metabolismo pelas EMH, em especial os de 1ª geração; Excreção renal, com exceção da fexofenadina que tem excreção hepatobiliar. ➳Indicações - Alergias leves a moderadas (agudas); - Cinetose (bloqueia o receptor no núcleo vestibular). ➳Na odontologia - Látex das luvas; - Gel para clareamento; - Anestésico local (alergia aos sulfitos do vasoconstritor). ➳Principais Efeitos Indesejáveis 1. Efeitos no SNC (1ª Geração) - Diminuição da neurotransmissão no SNC; - Sedação; - Diminuição do rendimento cognitivo e neuropsicomotor; - Aumento do apetite (bloqueia os receptores cerotoninérgicos). 2. Bloqueio Muscarínico Periférico (mais relacionados aos de 1ª geração) - Xerostomia (diminuição do estímulo nas glândulas); - Retenção urinária (relaxamento da bexiga); - Taquicardia (bloqueio do M2). 3. Bloqueio dos Receptores α-adrenérgicos (mais relacionados aos de 1ª geração) - Bloqueia os receptores nos vasos → vasodilatação; - Hipotensão; - Tontura; - Taquicardia reflexa; Obs: o principal fármaco que promove esses efeitos é a prometazina (fenergam). ➳Escolha do Anti-Histamínico Obs: observar se o paciente é criança, idoso, lactente, gestante, se pode ou não ter sedação, se há problemas de insuficiência renal (fexofenadina é o mais indicado) ou hepática. Loratadina e Desloratadina: mais amplamente utilizados. • Lactentes e Crianças Pré-Escolares - Hidroxizina e Clorferinamina: antes dos 2 anos (1ª geração); - Desloratadina: a partir de 1 ano (2ª geração); - Fexofenadina e Levocitirizina: com mais de 6 anos (2ª geração); - Cetirizina: entre 1 e 2 anos (2ª geração); • Idosos - Evitar os de 1ª geração (devido a sedação); - Os de 2ª geração propiciam alternativas excelentes, efetivas e seguras nessa faixa etária. • Gestação - 1º Trimestre: descloferinamina e dimenidrinato (1ª geração); - 2º a 3º Trimestre: loratadina e cetirizina (2ª geração). • Lactação - Os de 1ª geração devem ser evitados na lactação. - Irritabilidade; - Sedação; Hurian Machado – Odontologia UNIG 26 - Diminuição do leite materno; - Loratadina e cetirizina (2ª geração); Obs: só são indicados quando a necessidade sobrepõe o risco. ➳Bloqueadores de H2 • Mecanismo de Ação: se ligam aos receptores de H2, mas não os ativam (Gs). Estão presentes no estômago (faz a redução da produção de HCl) e no coração (diminui a FC). - Cimetidina (menos usado pois inibe as EMH, podendo ser prejudicial a outro fármaco caso esteja sendo administrado juntamente com a cimetidina); - Famotidina; - Nizatidina; - Ranitidina (mais usado). ➳Indicações Terapêuticas • Gastriste/Úlcera Gástrica: hoje são mais usados inibidores da bomba de prótons. - Omeprazol; - Pantoprazol; - Rabeprazol; - Exomeprazol; A bomba de prótons é uma enzima que disponibiliza H+ para formação do HCl no estômago e atua na célula parietal gástrica. O fármaco bloqueia a bomba de prótons e diminui a produção do HCl. Agem através de inibição enzimática. Obs: o tempo de ação dos inibidores da bomba de prótons é maior. ➳Antagonistas Fisiológicos da Histamina Fármaco que promove o efeito contrário sem agir nos receptores específicos da histamina. 1. Adrenalina Antagonista fisiológico da histamina. Causa efeitos contrários aos da histamina, porém age nos receptores adrenérgicos. Adrenalina → ativa os receptores α-adrenérgicos → vasoconstrição Adrenalina → ativa os receptores β2-adrenérgicos → broncodilatação Obs: a adrenalina é usada em choque anafilático. 2. Aminofilina Faz a broncodilatação; Usada em casos de asma brônquica (broncoconstrição); Não pode ser administrada em casos de choque anafilático pois causa vasodilatação (causa hipotensão se administrada). ➳Mecanismo de Ação A aminofilina libera a teofilina → inibe a enzima fosfodiasterase → a fosfodiasterase inibe o AMPc → se usada a aminofilina, ela inativa a fosfodiasterase → potencializa o AMCc → aumenta o efeito broncodilatador. Hurian Machado – Odontologia UNIG 27 Aula 7 Analgésicos Opióides Os analgésicos são os fármacos usados para prevenir ou inibir a dor já existente. ➳Dor Nociceptores estimulados → estimulam fibras nervosas sensitivas → chega ao terminal nervoso através de despolarizações (abertura dos canais de Na voltagem dependentes) → liberação do neurotransmissor → estimula as regiões do SNC → consciência da dor ➳Analgésicos de Ação Periférica - São os mais usados na odontologia; - Tem menos efeitos indesejáveis. ➳Analgésicos de Ação Central - Agem no sistema nervoso central. Obs: analgésicos opióides naturais: morfina. Codeína: tanto natural quanto sintética. • Mecanismo de Ação São fármacos agonistas opióides, ou seja, se liga e ativa os receptores opióides. Receptores opióides: M (mi), K (kappa), δ (delta), σ (sigma), ε (épsulon). O principal receptor opióide relacionado a dor, é o do tipo M (mi). Estão presentes em nível pré e pós-sinápticos. ➳Pré-Sináptico Analgésico opióide → se liga e ativa o receptor M (mi) → ativa a proteína Gi → inibe a adenilato ciclase → reduz o AMPc → no terminal nervoso, impede a entrada do Ca → não libera o neurotransmissor → não ativa as regiões da dor → não ocorre a dor → efeito analgésico ➳Pós-Sináptico Obs: principal mecanismo de ação dos analgésicos opióides. Analgésico opióide → se liga e ativa o receptor M (mi) → ativa a proteína Go → abre os canais de K → saída/efluxo de K → hiperpolarização → aumento do limiar a dor/excitabilidade ➳Exemplos de Opióides • Mais Potentes - Morfina; - Metadona; - Mepiridina: - Fentanil. • Potência Moderada a Fraca - Oxicodona; - Codeína; Obs: ação somente agonista opióde • Agonistas Parciais/Ação Mista - Buprenorfina; - Butorfanol; - Nalbufina; - Tramadol (ativa os receptores opióides tipo M, e também inibe a recaptação de noradrenalina no terminal nervoso; o aumento da noradrenalina em áreas cerebrais também tem efeito analgésico). ➳Dor 1. Neurogênica Tem início com a estimulação dos nociceptores; Hurian Machado – Odontologia UNIG 28 Pode ser provocada diretamente por estímulos mecânicos. A mais comum é a de origem inflamatória, que libera mediadores químicos inflamatórios e ativa as fibras nervosas. 2. Neuropática A dor neuropática não tem estímulo inicial mecânico ou químico nas fibras nervosas e nociceptores. Ex: neuralgia do trigêmeo (causa dor na face). O fármaco mais usado neste caso é a carbamazepina. ➳Efeitos Farmacológicos dos Opióides • Sistema Nervoso Central (SNC) - Analgesia; - Euforia (morfina); - Disforia (fármacos que tenham ação sobre os receptores K (kappa); - Depressão respiratória (principalefeito indesejável); - Inibição do Locus Ceruleus (regula sensações de alarme, pânico, medo e ansiedade); - Inibição da tosse (codeína); - Náuseas e vômitos; - Miose (contração da pupila); - Rigidez muscular; - Alterações de temperatura; - Efeitos neuroendócrinos. • Outros Locais - Sistema cardiovascular: vasodilatação, hipotensão, diminuição da frequência cardíaca, diminuição da pressão arterial. - TGI: constipação intestinal: - TGU: relaxamento da bexiga: - Histamina: degranulação dos mastócitos (principalmente a morfina); - Tolerância: as doses deverão ser aumentadas com o tempo; - Dependência: física e psicológica. ➳Indicações Clínicas - Analgesia; - Edema pulmonar agudo; - Anestesia; - Tratamentos de pacientes adictos; - Tosse (codeína); - Diarreia (loperamida). ➳Síndrome de Abstinência aos Analgésicos Opióides - Ansiedade e tremores musculares. - Ansiedade; - Insônia; - Dores gástricas; - Rinorréia; - Midríase; - Diaforese. Hurian Machado – Odontologia UNIG 29 - Taquicardia; - Náuseas e vômitos; - Aumento da pressão arterial; - Diarreia; - Aumento da temperatura corporal; - Hipertermia; - Calafrios; - Tremores; - Convulsões. A: - B: Morfina*, metadona**, fentanil*, meperidina, oxicodona C: codeína e tramadol. D: - *Cirurgia pós-operatória não obstétrica; **Dor crônica não oncológica. ➳Contraindicações - Hepatopatias (não são metabolizados, e o aumento da concentração pode ser tóxica); - Nefropatias (dificulta na excreção); - Hipotensão; - Alterações respiratórias; - Doença de Addison (hipoadrenocorticismo); - Hipotireoidismo; - Evitar associação a outras drogas, como: antidepressivos, benzodiazepínicos e barbitúricos. • 5 a 7: - Codeína + paracetamol= tilex - Codeína + diclofenaco ➳Tratamento de Intoxicação por Analgésicos Opióides Deve-se administrar um fármaco antagonista opióide, como por exemplo a naloxona (se liga aos receptores opióides mas não os ativa, evitando sua ação e revertendo seus efeitos). Hurian Machado – Odontologia UNIG 30 Aula 8 Anti-inflamatórios não-esteroidais Também conhecidos como analgésicos de ação periférica. Não são derivados do colesterol/não são hormonais. ➳Inflamação É um processo de defesa do organismo, e seus sinais são (sinais cardinais da inflamação): - Dor (ocorre devido a liberação dos mediadores químicos); - Edema (aumento da permeabilidade vascular gera o extravasamento de líquidos= edema); - Calor; - Rubor. Obs: o calor e o rubor ocorrem devido a vasodilatação local, que promove o aumento do fluxo sanguíneo. ➳Mediadores da Inflamação e sua Função Ex: histamina, óxido nítrico, bradicinina (quando ocorre uma lesão tecidual, há a formação de principalmente e primeiramente de bradicinina.). Lesão tecidual → formação de bradicinina → ativa a fosfolipase A2 → atua sob o fosfolipídeo → forma o ácido araquidônico (substrato para a formação de vários mediadores inflamatórios) e lisoglicerilfosforilcolina • Ácido araquidônico → cicloxigenases (COX-2) → endoperóxidos cíclicos (PGG2/PGH2 – prostaglandinas intermediárias inativadas) → prostaglandina (PGE2/PGI2) e tramboxano A2 (gera agregação plaquetárias) Obs: a COX2 indutiva será formada durante o processo inflamatório. • Ácido araquidônico → leucotrienos (mediadores inflamatórios responsáveis pela quimiotaxia) Obs: os leucotrienos são medidores inflamatórios que fazem a quimiotaxia (migração de células inflamatórias para o local onde está ocorrendo o processo inflamatório). • Lisoglicerilfosforilcolina → faz a formação do fator ativador de plaquetas (é um mediador) Obs: as prostaglandinas fazem a vasodilatação local, levando ao rubor e calor; Fazem a estimulação das fibras nervosas (provoca dor) e também aumentam a permeabilidade vascular (edema). ➳Cicloxigenases ➳Cox1 (constitutiva) É uma enzima fisiológica. Participa na formação de prostaglandinas fisiologicamente. - Vasos: vasodilatação - Plaquetas: produz tramboxano A2. Estimula a agregação plaquetária. Hurian Machado – Odontologia UNIG 31 - Estômago: estimula a produção de muco e bicarbonato protegendo a mucosa gástrica e diminui o HCl; - Rins: promove a formação de prostaglandinas nos rins que fazem vasodilatação renal, aumentando a filtração glomerular. - Pulmão: contração (broncoconstrição) e relaxamento dos brônquios (broncodilatação); - Útero: contração uterina, eliminando o fluxo menstrual e o feto. ➳COX2 (indutiva) Formada no processo inflamatório. Faz a formação de mais prostaglandinas do que deveria, resultando nos sinais cardinais da inflamação. ➳COX2 (constitutiva) Presente em algumas regiões do corpo, mas principalmente: - Rins: produção de prostaglandinas → vasodilatação renal → aumento da filtração glomerular - Endotélio vascular: ác. Araquidônico → endoperóxidos cíclicos → formação da prostaglandina I2 → inibe a agregação plaquetária - SNC: não se sabe muito. ➳COX3 É uma variação da COX1 . Presente principalmente no hipotálamo (controla a temperatura. corporal). Faz a síntese de prostaglandina E2, aumentando a temperatura corporal. ➳Mecanismo de Ação dos AINE O AINE inibe a COX2 → reduz a síntese de endoperóxidos cíclicos → reduz a síntese de prostaglandinas → não libera o tramboxano A2 → inibe o processo inflamatório Obs: todos os AINES tem o mesmo mecanismo de ação. ➳Classificação dos AINE 1. Inibidores Não-Seletivos da COX2 Inibe a COX2, mas também a COX1. • Derivados do Ácido Salicílico: - Ácido acetilsalicílico (AAS) - Salicilato de sódio - Diflunisal. • Ácidos Acéticos: - Intometacina - Sulindaco - Tolmedina - Diclofenaco - Cetorolaco - Etodolaco • Ácidos Propiônicos: - Ibuprofeno - Naproxeno - Flubiprofeno - Cetoprofeno • Ácidos Antranílicos (fenamatos): Obs: evitar diclofenaco de potássio para pacientes com insuficiência cardíaca, e o diclofenaco de sódio para pacientes como hipertensão. • Derivados da Pirazolona: - Fenilbutazona - Oxifembutazona - Dipirona Hurian Machado – Odontologia UNIG 32 - Metazonil • Sulfonanilidas: - Nimensulida • Alcanomas: - Nabumetona 2. Inibidores seletivos da COX2 • Coxibes - Celecoxib; - Etoricoxibe. ➳Analgésicos Na tipiréticos (antitérmico) - Derivados do para-aminofenol (paracetamol); - Inibe a COX3; - Possui ação analgésica e antipirética, e não tem ação antinflamatória. ➳Efeitos Indesejáveis dos AINE (gerais) 1. Inibidores Não-Seletivos da COX2 • Alterações gástricas: em uso crônico pode causar úlcera péptica. Inibe a COX1 no estomago → diminui a produção de prostaglandinas no estômago → reduz a produção de muco e bicarbonato → aumenta a produção de HCl. • Insuficiência Renal: associada ao uso crônico. Inibe a COX1 nos rins → diminui a síntese de prostaglandinas → diminui a vasodilatação → reduz → diminui a filtração glomerular • Inibição Plaquetária: inibe a COX1 nas plaquetas → não terá síntese de tramboxano A2 → não terá agregação plaquetária → hemorragias Obs: a inibição é ainda maior se for administrado o AAS, pois além de inibir a COX1 nas plaquetas, faz isso de forma irreversível, ou seja, a COX1 daquela plaqueta não irá participar do processo de agregação plaquetária nunca mais. Depois da última dose do AAS, seu efeito permanece de 7 a 10 dias. 2. Inibidores Seletivos da COX2 • Aumento da Incidência de Trombos: inibe a COX2 constitutiva → inibe a PIG2 → não terá inibição da agregação plaquetária Obs: a COX2 constitutiva é responsável pela síntese de PIG2 nas células endoteliais, e que irão promover inibição da agregação plaquetária (risco maior de trombos). • Insuficiência Renal: todos os antinflamatórios não esteroidais em uso crônico podem levar ao quadro de insuficiência
Compartilhar