Buscar

Resumo contratos

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 25 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 25 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 25 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Resumo – Contratos
Professora: Célia Abreu 
Aluna: Larissa Quintanilha Pimentel 
- O contrato é um ato jurídico bilateral, dependente de pelo menos duas declarações de vontade, cujo objetivo é a criação, a alteração ou até mesmo a extinção de direitos e deveres de cunho patrimonial. Constitui um negócio jurídico por excelência. 
Crise dos contratos: Não se pode falar em crise dos contratos, mas sim em alteração de sua estrutura e função. Há uma renovação dos pressupostos e princípios da teoria geral dos contratos, que tem por função redimensionar seus limites, e não extingui-los. 
 A tese do diálogo das fontes 
- A teoria do diálogo das fontes propõe um diálogo de complementaridade entre o CC e o CDC. Não são mais microssistemas isolados, há uma interação dessas duas leis no que tange aos contratos. Em algumas hipóteses, pode-se buscar a norma mais favorável ao consumidor, que pode estar no CC e não no CDC. Isso só foi possível a partir de uma aproximação principiológica entre o CDC e o CC, que se deu pelos princípios da função social do contrato e da boa fé objetiva. 
- Antes, havendo um contrato civil, seria aplicado o CC e não o CDC, por outro lado, havendo consumo, se aplicaria o CDC e não o CC. Isso que o dialogo das fontes combate. Até porque, hoje a maioria dos contratos é de consumo. 
- Há uma forte aproximação entre o cc 2002 e o cdc, que consagram uma principiologia social do contrato. Boa parte dos princípios do CDC encontram-se hoje incorporados no sistema geral do direito privado, pois presentes no novo CC. 
- O diálogo das fontes ocorre, por exemplo, quando da analise dos contratos de seguro e de transporte, normalmente caracterizados como contratos de consumo e de adesão. 
- Pode-se dizer que, em uma relação jurídica em que existam normas consumeiristas e normas civilistas incidindo, a princípio, com igual força, a solução, a teor do que dispõe os arts. 5º, inc. XXXII, e 170, inc. V, ambos da Constituição Federal, deve ser aquela que melhor represente as aspirações constitucionais, significa dizer: a prevalência da norma mais favorável ao consumidor, mesmo que esta norma esteja prevista, formal e circunstancialmente, no Código Civil ou em outros diplomas legais. Aqui, pois, a essência do Diálogo das Fontes, a tutela eficaz e efetiva do bem jurídico em simetria com os postulados Constitucionais, mesmo que isso, aos menos desavisados, possa contrariar, por exemplo, o princípio da especialidade. Não contraria; implementa-o, embora não nos moldes clássicos.
 Elementos constitutivos do contrato 
Análise da Escada Ponteana: 
Plano da existência: presença de agente, vontade, objeto e forma. Sem qualquer um desses elementos o negócio jurídico é inexistente. 
Plano da validade: presença de agente capaz, vontade livre, sem vícios; objeto lícito, possível, determinado ou determinável e forma prescrita e não defesa em lei. (art. 104 CC)
O negócio jurídico que não se enquadra nesses elementos de validade, havendo vícios ou defeitos quanto a estes, é, por regra, nulo de pleno direito, ou seja, haverá nulidade absoluta. Eventualmente, o negócio pode ser também anulável, como no caso daquele celebrado por relativamente incapaz ou acometido por algum vício de consentimento. 
Plano da eficácia: São os elementos relacionados com as consequências do negócio jurídico, ou seja, com a suspensão e a resolução de direitos e deveres relativos ao contrato. Nesse plano estão as questões relativas às consequências e aos efeitos gerados pelo negócio em relação às partes e em relação a terceiros. 
- A escada ponteana logicamente indica que o plano seguinte não pode existir sem o anterior. 
Obs.: todo contrato é negócio jurídico. 
Art 2.035 – Análise do tempo em relação à aplicação da lei. Dispõe que quanto à validade dos negócios jurídicos deve ser aplicada a norma do momento da sua constituição ou celebração. Já quanto ao plano da eficácia, devem ser aplicadas as normas existentes no momento da produção de seus efeitos. O que se percebe é que é possível aplicar a um mesmo contrato duas leis gerais privadas, ou seja, o CC 16 e o CC 2002. 
Obs.: Não há que se falar em inconstitucionalidade deste artigo por suposta lesão à proteção do direito adquirido e do ato jurídico perfeito (art 5º, XXXVI da CF). Isso porque tais institutos protegidos no texto maior somente se referem à existência e à validade dos negócios jurídicos em geral, não à eficácia, aplicando-se a regra tempus regit actum quanto a ultima. 
Por exemplo, os juros. Estes estão no plano da eficácia de uma obrigação ou contrato. Sendo assim, devem ser aplicadas as normas do momento da eficácia do negócio jurídico. 
* Vário julgados do STF vem aplicando essa visão doutrinária. Exemplos na pág 31 do livro do Tartuce. 
 Principais classificações contratuais:
# Quanto aos direitos e deveres das partes envolvidas ou quanto à presença de sinalagma 
- O contrato é sempre negócio jurídico bilateral ou plurilateral, eis que envolve pelo menos duas pessoas (alteridade). No entanto, o contrato pode ser classificado como unilateral, bilateral ou plurilateral. 
a) Contrato unilateral: é aquele em que apenas um dos contratantes assume deveres em face do outro. Nestes contratos, apesar da presença de duas vontades, apenas uma delas será devedora, não havendo contraprestação. Ex: doação simples, mútuo (empréstimo de bem fungível para consumo) e comodato (empréstimo de bem infungível para uso). 
b) Contrato bilateral: nele, os contratantes são simultânea e reciprocamente credores e devedores uns dos outros, produzindo o negócio, direitos e deveres para ambos, de forma proporcional. Há a presença de sinalagma, que é a proporcionalidade das prestações, eis que as partes têm direitos e deveres entre si. 
Ex: compra e venda, troca ou permuta, locação, prestação de serviços, o seguro, etc. 
O vendedor tem o dever de entregar a coisa e o direito de receber o preço.
O comprador tem o dever de pagar e o direito de receber a coisa. 
C) contrato plurilateral: é aquele que envolve várias pessoas, trazendo direitos e deveres para todos os envolvidos, na mesma proporção. 
Exemplos: seguro de vida em grupo e contrato de consórcio. 
Obs.: O que deve ficar claro é que a classificação do contrato não se confunde com a classificação do negócio jurídico em unilateral, bilateral e plurilateral. Isso porque, como demonstrado, todo contrato é negócio jurídico pelo menos bilateral. 
# Quanto ao sacrifício patrimonial das partes 
a) Onerosos: são aqueles que trazem vantagens para ambos os contratantes, pois ambos sofrem sacrifício patrimonial. Há uma prestação e uma contraprestação. Exemplo típico é a compra e venda. 
b) Gratuitos ou benéficos: oneram somente uma das partes, proporcionando à outra uma vantagem sem qualquer contraprestação. Exemplo típico é a doação pura ou simples. 
- Como decorrência lógica da estrutura contratual, em regra, os contratos onerosos são bilaterais e os contratos gratuitos unilaterais. Mas pode haver exceção, como é o caso do contrato de mútuo de dinheiro sujeito a juros (mútuo feneratício), pelo qual, além da obrigação de restituir a quantia emprestada (contrato unilateral), devem ser pagos os juros (contrato oneroso). 
#Quanto ao momento de aperfeiçoamento do contrato
a) Consensuais: são aqueles que têm aperfeiçoamento pela simples manifestação de vontade das partes envolvidas. 
Ex: compra e venda, doação, locação.
b) reais: Aqueles que apenas se aperfeiçoam com a entrega da coisa de um contratante para o outro. Nessas figuras contratuais, antes da entrega da coisa há apenas uma promessa de contratar.
- Nos contratos reais a entrega da coisa está no plano da validade. 
Ex: comodato, mútuo, depósito, etc.
 #Quanto aos riscos que envolvem a prestação 
a) comutativos ou pré-estimados: quando as partes já sabem quais são as prestações, não existe o fator de risco, as prestações são certas e determinadas. Ex: Compra e venda. Nela, o vendedor já sabe qual o preço a ser pago e o comprador qual a coisa a ser entregue. Também é exemplo a locação, pois aspartes já sabem o que será cedido e qual o valor do aluguel. 
b) aleatório: é aquele contrato oneroso em que não há certeza da existência da contraprestação ou da extensão desta.  A prestação de uma das partes não é conhecida com exatidão no momento da celebração do negócio jurídico pelo fato de depender da sorte, da Álea, que é um fator desconhecido. Arts. 458 a 461 CC. 
-Álea significa sorte. Quando se faz, portanto, um contrato aleatório, ao contrário do contrato comutativo, que é um contrato previsível, está sujeito a incertezas. No contrato aleatório existe uma imprevisibilidade acerca de seu conteúdo. 
Obs.: A compra e venda também pode assumir a forma aleatória, excepcionando a regra relativa à sua natureza comutativa. Pode-se citar como exemplo disso a compra e venda de colheita futura, que vir a não existir por algum elemento acidental. 
Há 3 espécies de contrato aleatório: 
1) Álea sobre a existência (“emptio spei”) – Art 458 CC
- Nesta, o comprador resolve correr o risco quanto à existência da coisa, compra algo que pode não existir. É ajustado um determinado preço, que será devido integralmente, mesmo que a coisa não exista no futuro e desde que não haja dolo ou culpa (negligência) da outra parte. Há um risco maior. O exemplo mais atual é aquele em que o sujeito compra a safra antes do tempo, uma safra futura. A álea, o risco está na própria existência. Deve-se ressaltar que a boa-fé objetiva dos contratantes deve ser sempre levada em conta. 
2) Álea sobre a quantidade (“emptio rei speratae”) – Art 459 CC
- O risco diz respeito à quantidade da coisa contratada. Assim, mesmo se a coisa vier em quantidade menor do que a contratada, o contratante deverá pagar integralmente. Foi fixado pelas partes um mínimo como objeto do negócio. Nesse caso, o risco, apesar de existente, é menor. Em casos tais, a parte terá direito a todo o preço, desde que de sua parte não tenha concorrido com culpa, ainda que a coisa venha a existir em quantidade inferior à esperada. Mas, se a coisa não vier a existir, o alienante deverá devolver o preço recebido. 
Exemplo: Contrato de compra de peixes com um pescador que ainda não realizou a pesca. Se o contrato contiver a previsão de que se adquire o que vier da rede lançada ao mar pelo pescador, desde que algo venha, pagando-lhe R$ 100,00, teremos a seguinte consequência:
*       Se nada vier, a compra e venda está desfeita (resolução) e o comprador não terá que pagar o preço;
*      Se a rede contiver apenas um peixe, o comprador continua a pagar o preço.
O comprador só se livra do pagamento do preço se houver culpa da outra parte na quantidade da coisa obtida. Assim, se o pescador lança a rede que está cheia de furos e poucos são os peixes pescados por esta razão, pode o comprador não efetuar o pagamento do preço.
3) Coisas existentes expostas à risco
- Diz respeito às hipóteses em que a coisa existe, mas está exposta a riscos. 
Exemplos: 
Imaginemos o caso de o dono de certo imóvel ser réu em ação reivindicatória pela qual um terceiro alega ser verdadeiro proprietário da coisa. Se o réu na ação em questão resolver vender a casa e avisar ao comprador que a coisa existe, mas há riscos de ocorrer sua perda em razão da demanda, estamos diante de um contrato aleatório.
Também, se o alienante avisa o adquirente que a mercadoria está bloqueada no porto em razão de greve dos portuários e que, em razão da demora na liberação, poderá estar com a data de validade vencida, e este aceita assumir os riscos (certamente negociando redução de preço com o primeiro), o negócio é válido e o preço deve ser pago, mesmo que a greve demore muitos meses e a validade dos produtos se expire.
- Assim, se o adquirente assume o risco da perda, o alienante terá direito ao valor integral, do preço, ainda que a coisa pereça total ou parcialmente (art. 460). Não responderá o alienante por evicção ou qualquer outro dano que a coisa venha a sofrer. 
-Entretanto, a lei determina ser nulo o contrato em questão, se na data da contratação o risco já havia se consumado e o contratante disto tinha ciência (CC, art. 461). A lei não poderia prestigiar a má-fé do contratante que, ciente de que o risco já se consumou, não informa o outro contratante e celebra o contrato. 
 Retomemos o exemplo da mercadoria do navio em questão. Se o vendedor, na data do contrato, já sabe que o prazo de validade da mercadoria expirou, e dolosamente oculta tal fato do comprador, não terá direito ao preço, pois o risco já tinha se consumado. Neste caso, o risco não mais existia em razão de o evento estar consumado. Da mesma forma, se determinado vendedor aliena um lote de mercadorias que está no Iraque e, em razão da guerra, ocorre riscos de não conseguir sair do país, o comprador que assume o risco pagará o valor, ainda que a mercadoria não chegue a seu destino. Entretanto, se o vendedor, na data do contrato, já sabia que a mercadoria fora destruída durante a guerra (o risco já se consumou), perde o direito ao preço, diante de sua evidente má-fé.
- Prevê a lei que se trata de anulação do contrato por dolo do contratante. Na realidade, se a coisa já não existe em razão do risco, o contrato tem um vício na sua formação, qual seja, a inexistência do objeto, ferindo o disposto no art. 104 do atual Código Civil.  
# quanto à previsão legal 
a) Típicos: São aqueles regulados por lei. É contrato típico aquele que a lei regulamenta, estabelecendo regras específicas de tratamento e lhe concedendo um “nomen júris”. Exemplos: compra e venda, troca ou permuta, locação, prestação de serviço, empreitada, comodato, mútuo, etc. 
b) Atípicos: aquele não disciplinado pelo ordenamento jurídico, embora lícito, pelo fato de restar sujeito as normas gerais do contrato e não contrariar a lei, nem os bons costumes, nem os princípios gerais do direito. Seu traço característico próprio é o fato de não estar sujeito a uma disciplina própria. Como normas que devem ser respeitadas, no caso normas de ordem pública, podem ser mencionados os arts. 421 e 422 do CC. É lícito às partes estipular contratos atípicos, desde que observadas normas gerais estabelecidas pelo código. 
Exemplo: contratos eletrônicos em geral, celebrados pela via digital. 
Obs.: não se pode confundir contratos nominados e inominados com típicos e atípicos, existem diferenças entre estes conceitos. As expressões “nominados” e “inominados” devem ser utilizadas quando a figura negocial constar ou não em lei. Por outro turno, os termos “típicos” e “atípicos” servem, para apontar se o contrato tem ou não um tratamento legal mínimo. 
# Quanto à negociação do conteúdo pelas partes 
Contratos de adesão: Aqueles que não resultam do livre debate entre as partes, mas provêm do fato de uma delas aceitar tacitamente cláusulas e condições previamente estabelecidas. Constituem uma oposição a ideia de contrato paritário, por inexistir a liberdade de convenção, visto que excluem a possibilidade de qualquer debate e transigência entre as partes, uma vez que um dos contratantes se limita a aceitar as cláusulas e condições previamente redigidas pelo outro. 
- O art. 54, parágrafo 3º do CDC prevê que os contratos de adesão deverão ser escritos de modo a possibilitar o seu entendimento pelo consumidor, em termos claros e com caracteres ostensivos. O contrato deve ser redigido de forma a possibilitar o seu entendimento perante o aderente leigo. Eventualmente, em caso de dúvidas, a interpretação deve ser feita da maneira mais favorável ao consumidor (art. 47 CDC). 
STJ: “com efeito, nos contratos de adesão, as cláusulas limitativas ao direito do consumidor contratante deverão ser redigidas com clareza e destaque, para que não fujam de sua percepção leiga”. 
Contrato de consumo x contrato de adesão 
- Não devem ser confundidos. O contrato de consumo não necessariamente é de adesão e nem o de adesão é necessariamente de consumo. 
- O contrato de consumo é aquele em que alguém fornece produto ou presta serviços a um destinatário final, fático e econômico mediante remuneração direta ou vantagensespecíficas. Ser destinatário fático significa ser o último da cadeia de consumo e final significa não utilizar o produto ou serviço para lucro. (opinião doutrinária- teoria finalista) Ver art. 2º e 3º do CDC. 
- O contrato de adesão é aquele em que as cláusulas contratuais são predispostas por uma das partes, de forma plena ou restrita, restando à outra a opção de aceitá-las ou não. Leva-se em conta a forma de contratação e não as partes envolvidas. 
- Por outro lado, parte da doutrina entende que a lei consumerista deve ser aplicada a todos os contratos de adesão. O simples fato de se submeter a um contrato de adesão colocava o aderente em posição inferior, s e equiparando ao consumidor. (teoria maximalista). 
- Cabe ressaltar, que parte desta doutrina deve ser aceita. Nem todo contrato de adesão deve ser regulado pelo CDC, mas as situações em que fica patente a hipossuficiência da pessoa frente à outra parte contratual, deve ser aplicado. Por exemplo, um caminhoneiro que compra um caminhão para o exercício de atividade comercial para o sustento de sua família deve ter a proteção do CDC. A expressão “destinatário final” que trata o art. 2º, caput do CDC, abrange quem adquire mercadorias para fins não econômicos, e também aqueles que, destinando-os a fins econômicos, enfrentam o mercado de consumo em condições de vulnerabilidade.
Resumindo: A jurisprudência do STJ adota o conceito finalista de consumidor, restrito à pessoa física ou jurídica que adquire o produto no mercado a fim de consumi-lo. Contudo, tal teoria pode ser abrandada a ponto de autorizar a aplicação das regras do CDCD para resguardar como consumidores determinados profissionais que adquirem o bem para usá-lo no exercício de sua profissão. Para tanto, há que demonstrar sua vulnerabilidade técnica, jurídica ou econômica.
#Quanto à presença de formalidades 
- Solenidade significa a necessidade de ato público, enquanto formalidade é a exigência de qualquer forma apontada pela lei, como, por exemplo, a forma escrita. Formalidade seria gênero e solenidade espécie. 
- O contrato Solene é aquele que exige escritura pública. Outros contratos exigem forma escrita, o que os torna formais, mas não solenes. No contrato solene, a ausência de forma torna-o nulo. Já quando há a preterição e formalidades, nem sempre ocorrerá a nulidade, e a relação jurídica gerará efeitos entre as partes. 
Art. 107 CC: “a validade das declarações de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente exigir”. (princípio da liberdade das formas). 
Art. 108 CC 
- Parte da doutrina entende não haver diferença entre solenidade e formalidade.
# quanto à independência do contrato. O conceito de contratos coligados.
a) principais: aqueles que existem por si só, não havendo qualquer relação de dependência em relação ao outro pacto. Ex: contrato de locação e imóvel urbano. 
b) acessórios: aqueles cuja validade depende de um outro negócio, o contrato principal. Ex: contrato de fiança, que depende de outro, como, por exemplo, de um contrato de locação de imóvel urbano. 
- Diante do princípio da gravitação jurídica, tudo que ocorre no contrato principal repercute no acessório. Sendo nulo o principal, será nulo o acessório, por ex. 
- O contrato acessório não pode trazer mais obrigações do que o principal. 
- O que ocorre no acessório não repercute no principal. Sendo assim, a nulidade do acessório não gera a nulidade do principal. Art. 184 CC. 
Contratos coligados: utilização de uma pluralidade de negócios para a realização de uma mesma operação econômica. Os Contratos Coligados representam um grupo de contratos que têm algum ponto em comum entre si, uma mesma pessoa, por exemplo, que faz com que estes contratos interajam uns com os outros, muito embora cada um deles seja um contrato independente, dotado de autonomia. São contratos principais, cada qual dotado com suas características próprias. 
-São aqueles que embora distintos, estão ligados por uma cláusula acessória, implícita ou explícita. Se encontram ligados por um nexo funcional, podendo essa dependência ser bilateral (vende o automóvel e a gasolina); unilateral (compra o automóvel e arrenda a garagem, ficando o arrendamento subordinado à compra e venda); alternativa (compra a casa na praia ou, se não for para lá transferido, loca-a para veraneio). Mantém-se a individualidade do contrato, mas as vicissitudes de um podem influir sobre o outro. 
#quanto ao momento do cumprimento 
a) Instantâneos: aqueles que têm aperfeiçoamento e cumprimento de imediato, caso de uma compra e venda à vista. 
b) contratos de execução diferida: têm o cumprimento previsto de uma vez só no futuro. Ex: compra e venda pactuada com pagamento por cheque pré ou pós-datado. 
c) contratos de execução continuada ou de trato sucessivo: têm o cumprimento previsto de forma sucessiva ou periódica no tempo. É o caso de uma compra e venda cujo pagamento deva ser feito por meio de boleto bancário, com periodicidade mensal, quinzenal, bimestral, ou qualquer outra forma sucessiva. 
 É importante frisar que tais formas negociais podem referir-se a ambos os deveres contratuais, dentro da ideia de sinalagma. Na compra e venda, por exemplo, podem dizer respeito à entrega da coisa ou ao pagamento do preço. 
Obs.: em regra, os contratos instantâneos já cumpridos não podem ser alterados por fato superveniente. 
# quanto à pessoalidade 
a) Pessoais: São aqueles em que a pessoa do contratante é um elemento dominante de sua conclusão. Sendo assim, o contrato não pode ser transmitido por ato inter vivos ou mortis causa. Ocorrendo a morte do contratante, o contrato é extinto. Ocorrendo a cessão inter vivos sem a devida autorização, poderá motivar a resolução do contrato, em virtude do inadimplemento contratual. 
Exemplo: contrato de fiança, uma vez que tal condição não se transmite aos herdeiros, mas somente as obrigações vencidas e não pagas enquanto era vivo o fiador e até os limites da herança. 
b) impessoais: A pessoa do contratante não é juridicamente relevante para a conclusão do negócio. Hipótese em que a causa do contrato está relacionada com a transmissão do domínio. Eventualmente, pode ocorrer a transmissão dessa obrigação, por ato inter vivos ou mortis causa. 
Ex:
- Contrato de compra e venda, no qual não importa quem é o comprador ou o vendedor, o que interessa é o pagamento do preço e a entrega do bem.
#quanto às pessoas envolvidas 
#quanto à definitividade do contrato
a) definitivos 
b) preliminares: negócios que tendem à celebração de outros, denominados contratos definitivos. Tratado no art. 462 a 466. 
Princípios contratuais 
-Horizontalização dos direitos fundamentais: nada mais é do que o reconhecimento da existência e aplicação desses direitos e princípios constitucionais nas relações entre particulares. 
- O Min. Gilmar Mendes diz expressamente que as cláusulas gerais são a porta de entrada dos valores constitucionais nas relações privadas. O preenchimento dos conceitos legais indeterminados que constam da atual codificação privada, caso da função social do contrato e da boa-fé objetiva, deve-se dar a partir de valores constitucionais. Este ponto representa importante interação entre o direito civil constitucional e o sistema de cláusulas gerais.
 Princípio da autonomia privada 
- Embora afirmada em linha de princípio, deve-se saber que tal autonomia não é absoluta, encontra restrições, limites. 
- A autonomia privada é o poder que os particulares têm de regular, pelo exercício de sua própria vontade, as relações que participam, estabelecendo-lhe o conteúdo e a respectiva disciplina jurídica. 
Enunciado 23 CJF/STJ, aprovado na I jornada de Direito civil: “A função social do contrato, prevista no art. 421 do novo Código Civil, não elimina o princípio da autonomia contratual, mas atenua ou reduz o alcance desse princípio, quando presentes interesses metaindividuais ou interesse individual relativo à dignidade da pessoa humana”. 
Enunciado 411 da V Jornada de Direito Civil: “O descumprimento de contratopode gerar dano moral, quando envolver valor fundamental protegido pela constituição federal”. Tal conclusão tem sido aplicada especialmente nos casos de inadimplemento de contratos de plano de saúde. 
- Na formação dos contratos, muitas vezes, percebe-se a imposição de cláusulas pela lei ou pelo Estado, o que nos leva ao caminho sem volta da intervenção estatal nos contratos ou dirigismo contratual. 
- Importante reconhecer que, na prática, predominam os contratos de adesão, ou contratos standart, padronizados. Do ponto de vista prático e da realidade, essa é a principal razão pela qual se pode afirmar que a autonomia da vontade não é mais princípio contratual. A vontade agora tem um papel secundário, resumindo-se, muitas vezes, a um sim ou não, como resposta a uma proposta de contratação. 
- A autonomia privada é o direito indeclinável da parte de autorregulamentar os seus interesses, decorrente da dignidade humana, mas que encontra limitações em normas de ordem pública, particularmente nos princípios sociais contratuais. É a possibilidade oferecida e assegurada aos particulares, de regularem suas relações mútuas dentro de determinados limites, por meio de negócios jurídicos, em especial mediante contratos.
- Como as normas restritivas da autonomia privada constituem exceção, não admitem analogia ou interpretação extensiva, justamente diante da tão mencionada valorização da liberdade. 
- “Emprestar ao direito uma função social significa considerar que os interesses da sociedade se sobrepõem ao do indivíduo, sem que isso implique, necessariamente, a anulação da pessoa humana, justificando-se a ação do Estado pela necessidade de acabar com as injustiças sociais” (Francisco Amaral). 
 Princípio da função Social dos contratos -art. 421 e 2.035 PU CC.
- A função social dos contratos visa à proteção da parte vulnerável da relação contratual. Os contratos não devem trazer onerosidade excessiva às partes contratantes, garantindo que a igualdade entre elas seja respeitada, mantendo a justiça contratual e equilibrando a relação onde houver a preponderância da situação de um dos contratantes sobra a do outro. Valoriza-se a equidade, a razoabilidade, o bom-senso, afastando-se o enriquecimento sem causa. 
Obs.: liberdade de contratar x liberdade contratual
- A liberdade de contratar, relacionada com a celebração do contrato, é, em regra, ilimitada, pois a pessoa celebra o contrato quando quiser e com quem quiser, salvo raríssimas exceções. 
- Já a liberdade contratual, relativa ao conteúdo negocial, é que está limitada pela função social do contrato. 
Análise do art. 2035- retroatividade
- Fica claro que a função social do contrato é matéria de ordem pública, espécie do gênero função social da propriedade lato sensu, também com proteção constitucional, particularmente mais forte que a proteção do direito adquirido, do ato jurídico perfeito e da coisa julgada. Assim, não se pode afastar a aplicação da regra contida no art. 2.035 PU do CC. Por isso é que defende-se que o art. 2.035, consagra o princípio da retroatividade justificada ou motivada, anexo à função social dos contratos, possível em casos excepcionais, em prol da função social da propriedade stricto sensu e da função social do contrato. 
Entre os doutrinadores, Mario Luiz delgado diz: “se, por um lado, exige a vida social que a fé na segurança jurídica e estabilidade das relações não seja ameaçada pelo receio de que uma lei posterior venha a perturbar aquelas que validamente já se formaram, de outro é também de se exigir a submissão do ordenamento jurídico aos interesses maiores da coletividade de modo a se atingir o ideal de justiça e de utilidade, representação do bem comum”. 
Luiz Edson Fachin: “a função social dos contratos é um preceito de ordem pública. Inválido, por isso, pode ser considerado qualquer negócio ou ato jurídico que contrariar essa disposição, hoje inserida no direito brasileiro pelo p.u do art. 2035 do CC [...]. Além disso, tal incidência abrange não apenas atos e negócios realizados após 11 de janeiro de 2003, mas compreende também aqueles concluídos antes da vigência do nosso CC. A consequência, contudo, será diferente: No primeiro caso (contratos posteriores a nova lei), haverá invalidade; na segunda hipótese (contratos pretéritos), ocorrerá ineficácia total ou parcial [...]. Não se trata de aniquilar a autonomia privada, mas sim de superar o ciclo histórico do individualismo exacerbado, substituindo-o pela coexistenciabilidade. [...] . O equilíbrio entre justiça e segurança jurídica provoca a compreensão desse cenário jurídico.”
- Flávio Tartuce concorda plenamente com tal posição, afirmando que com a combinação dos arts. 157, parágrafos, 421 e 2.035, pu, do CC 2002, combinados com o art. 5º, XXII e XXIII, e o art 170, III da CF, há plena possibilidade de se anular, judicialmente, negócio celebrado antes da vigência da atual codificação pela presença de lesão, desde que o contrato esteja gerando efeitos na vigência da atual codificação.
- Tartuce entende que o art. 2.035 pu do atual CC é o dispositivo mais importante para a função social dos contratos na atual legislação brasileira, eis que: 
a) compara a função social dos contratos à função social da propriedade stricto sensu, dotando a primeira de fundamento constitucional.
b) Prevê expressamente que a função social dos contratos é preceito de ordem publica, o que faz com que caiba sempre declarar sua proteção ex officio, pelo magistrado e eventual intervenção do MP. 
c) Traz em seu bojo, o princípio da retroatividade motivada ou justificada, princípio anexo à função social dos contratos. 
- Há grande divergência doutrinária quanto a tal artigo, parte defende sua inconstitucionalidade, havendo inclusive a ADIN 493/DF. Defende-se a inconstitucionalidade por violar o pacta Sunt servanda, porquanto mesmo norma de ordem pública não poderia ofender direitos adquiridos ao alcançar a causa do negócio jurídico, sob pena de injustificada restrição ao princípio da autonomia privada e da segurança jurídica. 
- A função social vem trazer a ideia de que o contrato deve ser bom para ambas as partes e também para a sociedade de um modo geral.
Função social interna do contrato: Dá-se entre as partes, Impõe a observância de direitos e garantias fundamentais da pessoa humana. Pode-se imaginar alguns contratos em que a dignidade da pessoa é violada, os modus vexatórios de cobrança, a prisão civil do depositário infiel, por exemplo, (antes da súmula do STF). Busca-se o equilíbrio contratual, eventuais desequilíbrio devem ser sanados, atenuados. Há contratos, por exemplo, que geram excessiva onerosidade para uma das partes, o que pode ser revisto pelo poder judiciário, justamente por levar ao desequilíbrio. A função social guarda uma relação direta com a mitigação do pacta Sun servanda. O contrato faz lei entre as partes, mas desde que atenda à função social do contrato. 
Função social externa do contrato: o contrato deve ser bom para a sociedade. Exemplo que ocorreu no município de São Paulo, onde foi criada uma rodovia para que os caminhões pudessem trafegar sem precisarem passar por dentro da cidade, a função era tirar os caminhões de dentro da cidade. Várias companhias de seguro, então, estabeleceram em seus contratos que a Cia seguradora não indenizaria caso o acidente acontecesse em tal rodovia. Essa simples cláusula fez com que todos os caminhões voltassem a circular pela cidade. Tal cláusula pode até ser boa para a seguradora, mas é ruim para a sociedade, então, é uma cláusula contratual que viola a função social. Não basta que seja bom para ambas as partes, tem que ser bom para a sociedade de um modo geral. Há uma intervenção do Estado na autonomia da vontade das partes, limitando o que as partes podem estabelecer dentro de seus contratos. 
- Há uma personalização do contrato. Perde-se um pouco o viés apenas patrimonial. Os contratos também são resolvidos no aspecto imaterial (ex de indenização por danos morais no descumprimento de contrato de plano de saúde). Enunciado411 da V jornada de direito civil, onde diz ser possível a presença de danos morais por inadimplemento de um contrato, quando envolver valor fundamental contido na constituição. 
- O contrato não deve ser concebido como uma relação jurídica que só interessa às partes contratantes, impermeável às condicionantes sociais que o cercam e que são por ele próprio afetadas. 
Dispositivos do CDC e do CC consagradores da função social dos contratos: 
 CDC
- Há no âmbito do CDC a possibilidade de revisão contratual, ou mesmo de resolução ou declaração de nulidade do contrato, devido aos abusos de direitos cometidos pelos fornecedores e prestadores. 
- art 46, 47, CDC
-Art 51 CDC – Possibilidade de uma cláusula tida como abusiva declarar a nulidade do negócio. 
- Súmula 302 STJ que considera abusiva cláusula que limita o tempo de internação hospitalar do segurado. 
- O parágrafo 2º do art 51 do CDC consagra o princípio da conservação contratual que visa a manutenção da autonomia privada. Essa previsão mantém intima relação com a função social dos contratos, pois revela a importância dos pactos perante o meio social, sendo a nulidade absoluta o último caminho. 
- A ação que visa reconhecer a nulidade absoluta da cláusula mesmo de todo o contrato é imprescritível, por envolver ordem pública. 
 CC
- atr 108- proteção dos vulneráveis ao dispor ser desnecessário escritura pública para imóveis com valor inferior à 30 salários.
-Art 157- Possibilidade de anulabilidade dos contratos quando se verifica lesão. 
- A manutenção da autonomia privada é preceito de ordem pública, relacionado com a justiça contratual. 
-Art 187, que trata do abuso de direito. Eventualmente o abuso de direito pode gerar a nulidade da cláusula ou até do próprio contrato, que passa a ter um conteúdo ilícito (art 166, II, cc). 
 - Art 406- Limitação da taxa de jutos legais moratórios. 
- Um dos melhores exemplos de eficácia interna da função social do contrato é o controle da cláusula penal, para que esta não traga valores abusivos, tendentes ao enriquecimento sem razão. A redução da cláusula penal preserva a função social do contrato na medida em que afasta o desequilíbrio contratual e seu uso como instrumento de enriquecimento sem causa. 
- Art 423- Interpretação mais favorável ao aderente de um contrato de adesão. 
- Art 424- São nulas nos contratos de adesão as cláusulas que estipulem a renuncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio. Exemplo das benfeitorias necessárias e úteis e da fiança (pág 79/80 livro). Percebe-se uma relação direta entre a função social e a proteção do aderente, para a busca de uma isonomia material, à luz dos princípios civis constitucionais e da própria equivalência material. 
- As normas de ordem pública não podem ser afastadas por convenção volitiva. 
- Art 425- função social dos contratos atípicos. 
- Deve-se destacar que a função social do contrato também traz efeitos extra ou ultra partes (eficácia externa). É possível que um contrato seja perfeitamente equilibrado entre as partes, sem onerosidade excessiva, mas se revele ruim para a sociedade. São os casos, por exemplo, de um contrato que causa dano ambiental, ou de um contrato celebrado entre uma empresa e uma agência de publicidade, veiculando a última, publicidade abusiva. Ex: art 1.118 – função socioambiental do contrato. 
Princípio da força obrigatória dos contratos (pacta sunt servanda)
- A força obrigatória dos contratos prevê que tem força de lei o estipulado pelas partes. Sendo celebrado com observância de todos os pressupostos e requisitos necessários à sua validade, deve ser executado pelas partes como se suas cláusulas fossem preceitos legais imperativos. 
- Ainda que se possa dizer que o código Civil adotou a teoria da vontade, a verdade é que doutrina e jurisprudência se encarregaram de lhe diminuir os excessos. A realidade jurídica e fática do mundo capitalista e pós-moderno não possibilita mais a concepção estanque do contrato. 
-Acentua-se um movimento de revolução do contrato pelo juiz; conforme as circunstâncias, pode este, fundando-se em superiores princípios de direito, boa-fé, comum intenção das partes, amparo do fraco contra o forte, interesse coletivo, afastar a regra da obrigatoriedade, até agora tradicional e imperativa. 
-Hoje, admite-se a intervenção externa, pelo interesse coletivo que representa o contrato. Diferentemente da concepção superada de que o contrato traz em si um ordenamento jurídico suficiente às partes, uma espécie de microssistema privado, não suscetível de intervenção externa, hoje, o direito é um corretivo das aspirações individuais, e princípio da força obrigatória não tem mais encontrado a predominância e a prevalência que exercia no passado. 
- Apesar disso, não há de se dizer que o princípio da força obrigatória foi extinto, visto que tal conclusão afasta o mínimo de segurança e certeza que se espera do ordenamento jurídico, há apenas uma relativização, uma mitigação. 
 O princípio da boa-fé objetiva 
- É aquela direcionada à conduta das partes, principalmente nas relações negociais e contratuais. 
- Enunciado 363 CJF/STJ, prevendo a boa-fé objetiva como princípio de ordem pública.
- A quebra dos deveres anexos gera a violação positiva do contrato, com responsabilização civil daquele que desrespeita a boa-fé objetiva. A violação positiva do contrato vem sendo reconhecida pela doutrina contemporânea, como nova modalidade de inadimplemento obrigacional. 
Como deveres anexos podem ser citados:
a) O dever de cuidado em relação à outra parte negocial;
b) O dever de respeito;
c) O dever de informar a outra parte quanto ao conteúdo do negócio;
d) O dever de agir conforme a confiança depositada;
e) O dever de lealdade e probidade;
f) O dever de colaboração ou cooperação;
g) O dever de agir conforme a razoabilidade, a equidade e a boa razão. 
- Além da relação com esses deveres anexos, decorrentes de construção doutrinária, o CC de 2002, apresenta outras funções importantes da boa fé objetiva:
Função de interpretação do negócio jurídico: consagra-se a boa-fé como meio auxiliador do aplicador do direito para a interpretação dos negócios, particularmente dos contratos. Art 113 CC.
Função de controle: art. 187 CC, segundo o qual aquele que contraria a boa-fé objetiva comete abuso de direito. A responsabilidade civil que decorre do abuso de direito é objetiva, não depende de culpa. (Enunciados 37 e 24 da jornada de Direito Civil). 
Função de integração do contrato: O princípio da boa-fé objetiva deve ser aplicado também nas relações pré-contratuais e na conclusão contrato. 
Art. 422 CC –Princípio da Boa-fé Objetiva:
Boa-fé objetiva= Boa-fé subjetiva (boa intenção) + (e) probidade (lealdade). 
- Em regra, dentro da boa-fé objetiva está a boa-fé subjetiva. 
- Indagações surgem quanto à necessidade da presença da boa fé na fase pré-contratual. Apesar de o nosso atual código não ter disposto sobre a matéria, deve-se ser entendida como fundamental. Apontam-se aos negociadores certos deveres recíprocos, como o de comunicar a outra parte a causa da invalidade do negócio, o de não adotar uma posição de reticência perante o erro em que esta lavre, o de evitar a divergência entre a vontade e a declaração, etc. É possível aplicar a boa-fé na fase pré-contratual, conforme reconhecem os enunciados 25 e 170 do CJF/STJ. 
Enunciado 25: “O Art. 422 do CC não inviabiliza a aplicação pelo julgador do princípio da boa-fé nas fases pré-contratual e pós-contratual”. 
- Como exemplo da aplicação prática da boa-fé na fase pré-contratual, tem-se o caso da empresa CICA, que distribuía sementes de tomates aos agricultores sob a promessa de compra da produção futura, o que gerou uma expectativa quanto à celebração de um contrato de compra e venda. Certa vez a empresa não adquiriu o que foi produzido. Os agricultores então ingressaram com demandas indenizatórias, alegando quebra da boa-fé, mesmo não havendo qualquer contrato escrito, e obtiveram êxito. 
- A mais corriqueira aplicação do princípio da boa-féobjetiva, no entanto, ocorre na fase contratual. (como exemplo, caso do Zeca Pagodinho e as cervejarias Schincariol e Brahma, pág. 92 livro). 
-Exemplo de ausência de boa-fé pós-contratual: Uma dona de boutique encomendou a uma confecção de roupas 120 casacos de pele. A confecção fez os casacos, vendeu e entregou-os. Liquidado esse contrato, a mesma confecção fez mais 120 casacos idênticos e vendeu para a dona da boutique vizinha. Há evidente deslealdade e falta de boa-fé post pactum finitum.
Da jurisprudência estadual, o tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul aplicou a responsabilidade pós-contratual decorrente da boa-fé objetiva, responsabilizando a credora que não retirou o nome do devedor de cadastro de inadimplentes após o pagamento da dívida. 
- Pode-se então observar que aplica-se a boa-fé contratual em todas as fases do negócio. 
 A função de integração da boa-fé objetiva. Os conceitos oriundos do direito comparado: Supressio, surrectio, tu quoque, venire contra factum proprium e duty to mitigate the loss. 
- Tais conceitos devem ser utilizados como função integrativa, suprindo lacunas do contrato e trazendo deveres implícitos às partes contratuais. 
Supressio: significa supressão, por renúncia tácita, de um direito ou de uma posição jurídica, pelo seu não exercício com o passar dos tempos. Ex: art. 330 CC. 
Surrectio: surgimento de um direito diante de práticas, usos e costumes. 
Ex: Caso tenha sido previsto no instrumento obrigacional o benefício da obrigação portável (cujo pagamento deve ser efetuado no domicilio do credor), e tendo o devedor o costume de pagar no seu próprio domicílio de forma reiterada, sem qualquer manifestação do credor, a obrigação passará a ser quesível (pagamento no domicílio do devedor). Ao mesmo tempo em que o credor perde um direito (supressio) o devedor adquire (surrectio).
- Há a mitigação da força obrigatória do contrato em prol da boa-fé objetiva, da atuação concreta das partes. 
Tu quoque: a locução designa a situação de abuso que se verifica quando um sujeito viola uma norma jurídica e, posteriormente, tenta tirar proveito da situação em benefício próprio. Evita-se que uma pessoa que viole uma norma jurídica possa exercer direito dessa mesma norma inferido ou, especialmente, que possa recorrer, em defesa, a normas que ela própria violou. 
Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro. – Exceção do contrato não cumprido. 
- A pretensão desse dispositivo é evitar que aquele que não cumpre a sua obrigação, violando uma norma jurídica, venha a invocar essa mesma norma em seu favor, com isso atentando contra o princípio da boa-fé objetiva.
-Na prática, é muito utilizado em questões contratuais, como por exemplo: quando nenhuma das partes cumprem com a obrigação estipulada, e depois uma delas aciona a outra judicialmente para cumprir. O fato de um cobrar o outro sem ter cumprido com a própria obrigação caracteriza ato abusivo, ilícito, vedado pelo art. 187 CC – segundo o qual todo aquele que ao exercer o seu direito extrapolar os limites, prática ato ilícito.  Dentre as modalidades dos atos ilícitos, insere-se o "tu quoque”. 
Exceptio doli: aqui a boa-fé objetiva é utilizada como defesa, tendo uma importante função reativa. É o poder que a pessoa tem de repelir a pretensão do autor por este ter incorrido em dolo. 
Exceptio non adimpleti contractus: ninguém pode exigir que uma parte cumpra com a sua obrigação se primeiro não cumprir com a própria. Vale lembrar que a exceção de contrato não cumprido é ocorrência adstrita aos contratos bilaterais cuja essência é a interdependência recíproca das obrigações, onde as partes contratantes possuem direitos e deveres. Só podemos usar essa defesa quando a lei ou o contrato se a lei ou o contrato não estipular a quem cabe cumprir primeiramente a obrigação. 
Venire contra factum proprium non potest: Determinada pessoa não pode exercer um direito próprio contrariando um comportamento anterior. Veda-se o comportamento contraditório.
Enunciado 362 CJF “a vedação do comportamento contraditório funda-se na proteção da confiança...” 
Ex: - Contrato de compra e venda em que o Marido realizou sem a anuência da esposa (o cód. de 16 exigia, sob pena de nulidade). Porém, a mesma, informou em uma ação que concordou tacitamente com a venda. Dezessete anos após a celebração, pretendeu a nulidade, o que foi afastado justamente pela presença de comportamentos contraditórios. 
- Caso de uma empresa administradora de cartão de crédito que mantinha a prática de aceitar o pagamento de valores atrasados, mas, repentinamente, alegou a recisão contratual com base em cláusula que previa a extinção do contrato em caso de inadimplemento. O tribunal Paulista mitigou a força obrigatória dessa cláusula, ao apontar que a extinção do negócio não seria possível. 
Duty to mitagate the loss: Dever do credor de mitigar o próprio prejuízo. Os contratantes devem tomar as medidas necessárias e possíveis para que o dano não seja agravado. A parte a que a perda aproveita não pode permanecer deliberadamente inerte diante do dano. Casos em que há agravamento do prejuízo em razão da inércia do credor. Fica claro que há infringência aos deveres de cooperação e lealdade. O não atendimento a tal dever traz como consequências sanções ao credor, principalmente a imputação de culpa próxima à culpa delitual, com o pagamento de eventuais perdas e danos, ou a redução do seu próprio crédito. 
Enunciado 169 da Jornada de direito civil: “O princípio da boa-fé objetiva deve levar o credor a evitar o agravamento do próprio prejuízo”. 
Exs: 
-O fato de se ter deixado o devedor na posse do imóvel por quase 7 anos, sem que este cumprisse com seu dever contratual (pagamento das prestações), evidencia ausência de zelo com o patrimônio do credor, com o consequente agravamento significativo das perdas, uma vez que a realização mais célere de ação, reduziria a extensão do dano. 
- Art 769 e 771 CC
- Banco que demora a comunicar da dívida e deixa que atinja montantes astronômicos. O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, em determinado julgado, diante da demora do credor em cobrar a sua dívida, substituiu os juros contratuais pelos juros legais. 
- Como se vê, nestes casos, há a quebra de deveres anexos. Há uma relação direta com o princípio da boa-fé objetiva, uma vez que a mitigação do próprio prejuízo constituiria um dever de natureza acessória, um dever anexo, derivado da boa conduta que deve existir entre os negociantes. 
 Princípio da relatividade dos efeitos contratuais.
- O negócio celebrado, em regra, somente atinge as partes contratantes, não prejudicando ou beneficiando terceiros estranhos a ele. Também encontra limitações, pois é possível afirmar que o contrato também gera efeitos perante terceiros (exemplo dos casos em que a obrigação se estende ao patrimônio deixado pelo falecido ou da estipulação em favor de terceiros).
Exs:
Estipulação em favor de terceiros: 
- contrato de seguro de vida em que consta terceiro como beneficiário. Este terceiro consta no instrumento, mas não o assina. Aqui, os efeitos são exógenos, vão de dentro para fora do contrato.
Promessa de fato de terceiro: art. 439 e 440 CC. Determinada pessoa promete que determinada conduta seja praticada por outrem, sob pena de responsabilização civil.
- Promotor de eventos que promete o show de determinado cantor e este não comparece, o promotor responde perante o outro contratante. Neste, os efeitos são exógenos, vão de fora para dentro do contrato, porque a conduta de um estranho ao contrato repercute pra dentro deste. 
- É possível, em outro exemplo, responsabilizar o terceiro que vende combustível ao posto revendedor, que, por sua vez, mantém um contrato de exclusividade com a distribuidora, exibindo a sua bandeira. Além da possibilidade de recisão contratual diante desse fato, é possível à distribuidora oficial pleitear indenização por eventuais perdas e danos em relação àquele que aliciou o posto revendedor.Trata-se do que se denomina teoria do terceiro cúmplice. 
-Entra em cena, para tanto a função social do contrato. Os terceiros não podem comportar-se como se o contrato não existisse. 
“o que se demonstra, com a percepção do efeito contratual perante terceiro é a inevitável ocorrência de externalidades, ora positivas, ora negativas. O ato de contratar não remanesce nunca estranho ao conjunto de operações que ocorrem na vida social.” 
A formação do contrato pelo Código Civil e pelo Código de Defesa do Consumidor 
- Formação do contrato pelo Código Civil. 
 Fase de negociações preliminares 
- Fase em que ocorrem debates prévios. Não está prevista no CC, sendo anterior a formalização da proposta, e por isso não vincula as partes. 
- O início das negociações preliminares, em uma primeira abordagem, poderá consistir em uma solicitação de orçamento, indagação do preço de um produto ou serviço, ou qualquer comportamento indicativo do interesse de celebrar um contrato. 
- É preciso deixar claro que apesar da falta de obrigatoriedade, eventualmente pode surgir a responsabilidade civil para os que dele participam, não no campo da culpa contratual, mas no da culpa aquiliana (extracontratual). Na verdade, há uma responsabilidade pré-contratual, que dá certa relevância jurídica aos acordos preparatórios, fundada no princípio de que os interessados na celebração de um contrato deverão comportar-se de boa-fé e nos arts. 186 e 927 do Código Civil que dispõe que todo aquele que, por ação ou omissão, culposa ou dolosa, causar prejuízo a outrem fica obrigado a reparar o dano”. 
- O princípio da boa-fé contratual também é aplicado a essa fase pré-contratual, notadamente os deveres acessórios de lealdade e confiança recíproca. 
- Aquele que desrespeitar a boa-fé objetiva na fase de debates poderá cometer abuso de direito, o que gera o dever de indenizar. 
- deve-se entender que a questão da responsabilização pela quebra das negociações ainda não é pacífica na doutrina. 
- Existem vários julgados que debatem a imputação da responsabilidade civil à parte, pela quebra da boa-fé na fase de negociações preliminares ou pontuação.
Ex: 
“Responsabilidade pré-contratual. Despesas realizadas pela autora, de forma antecipada, com o objetivo de viabilizar negócio futuro com o réu. Não celebração do contrato, após uma série [sic] de diligências e pagamentos feitos pela autora. Comportamento concludente do réu que gerou expectativa da autora de finalização do contrato e estimulou a realização de despesas para a regularização do imóvel.” 
- Deve-se concluir que não é incorreto afirmar que a fase de puntuação gera deveres às partes, pois em alguns casos, diante da confiança depositada, a quebra desses deveres pode gerar a responsabilização civil.
 Fase de proposta, policitação ou oblação 
RESUMIR 
 Fase de contrato preliminar 
 
- Não é uma fase obrigatória entre as partes, sendo dispensável. 
- Na definição de Caio Mário, o contrato preliminar é “aquele por via do qual ambas as partes ou uma delas se comprometem a celebrar mais tarde outro contrato, que será o principal”.[1] Os contratos preliminares têm, portanto, a função de tornar obrigatória no futuro a contratação, quando as partes não querem ou não podem, desde logo, contratar definitivamente.
- Trata-se de um contrato com o objetivo de se formular um contrato definitivo no futuro 
- Exemplo do contrato de promessa de compra e venda. 
- São dois tipos de contratos preliminares no ordenamento jurídico brasileiro, intitulados como compromisso de contrato. 
Compromisso unilateral de contrato ou contrato de opção: apenas uma das partes assume a obrigação de fazer o contrato definitivo. Assim, existe para o outro contratante apenas uma opção de celebrar o contrato definitivo. Essa forma de contrato preliminar está prevista no art. 466 do atual Código Civil, pelo qual: “Se a promessa de contrato for unilateral, o credor, sob pena de ficar a mesma sem efeito, deverá manifestar-se no prazo nela previsto, ou, inexistindo este, no que lhe for razoavelmente assinado pelo devedor”.
Compromisso Bilateral de contrato: as duas partes assinam o instrumento e, ao mesmo tempo, assumem a obrigação de celebrar o contrato definitivo. 
Efeitos quando o compromisso é ou não registrado na matrícula do imóvel: 
- Quando o instrumento não estiver registrado na matrícula do imóvel, haverá compromisso bilateral de compra e venda. 
- Se ocorrer registro, estaremos diante de um direito real de aquisição do promitente comprador. 
-Surge dúvida sobre essa diferenciação, eis que, pelo art. 463, parágrafo único, do atual Código, “O contrato preliminar deverá ser levado ao registro competente”. A questão é esclarecida pelo Enunciado n. 30 do Conselho da Justiça Federal, aprovado na I Jornada de Direito Civil, pelo qual: “A disposição do parágrafo único do art. 463 do novo Código Civil deve ser interpretada como fator de eficácia perante terceiros”. Em suma, a palavra “deve”, constante do comando legal em questão, merece ser interpretada como sendo um “pode”. Melhor explicando, se o contrato não for registrado, haverá compromisso bilateral de contrato, gerando uma obrigação de fazer e efeitos obrigacionais inter partes; se houver o registro, haverá direito real de aquisição do promitente comprador, gerando obrigação de dar e efeitos reais erga omnes.
- Opções caso não haja registro do compromisso bilateral de compra e venda e o promitente-vendedor se negue a celebrar o contrato (desde que não conste cláusula de arrependimento):
1- exigir, por meio da tutela específica das obrigações de fazer, que o vendedor celebre o contrato definitivo. 
2- Se não ocorrer tal efetivação do contrato, ao ser esgotado o prazo assinalado na ação de obrigação de fazer para que a outra parte celebre o contrato definitivo, poderá o juiz suprir a vontade da parte inadimplente, conferindo caráter definitivo ao contrato preliminar (art. 464 do CC). Esse efeito somente é possível se a isso não se opuser a natureza da obrigação. Deve-se concluir que o efeito, aqui, é similar ao da adjudicação compulsória, desde que o comprador deposite em juízo o preço do imóvel. 
* O direito a adjudicação compulsória não depende do registro da promessa de compra e venda no cartório de registro imobiliário. 
3- Por fim, como terceira opção, caso o bem não interesse mais, poderá o compromissário comprador requerer a conversão da obrigação de fazer em obrigação de dar perdas e danos, conforme prevê o art. 465 do CC.
- Quando há o registro da promessa de compra e venda no cartório de registro de imóveis não se constitui contrato preliminar, no sentido categórico do termo contrato, mas um direito real de aquisição a favor do promitente comprador, que consta do inc. VII do art. 1.225 e dos arts. 1.417 e 1.418 da codificação atual. Em decorrência desse instituto, surge uma obrigação de dar ou entregar o bem, de forma que não resta outra opção ao compromissário comprador.
- Para fazer valer tal direito, o compromissário-comprador poderá ingressar com ação de adjudicação compulsória mediante depósito judicial do valor da coisa, caso não tenha ocorrido o pagamento anterior. Tal ação pode ser proposta em face do próprio promitente vendedor ou contra terceiro que eventualmente tenha adquirido a coisa, o que realça o caráter real do instituto, com efeitos erga omnes (art. 1.418 do CC). Não há, como ocorre no compromisso bilateral de compra e venda, outras opções iniciais a favor do promitente comprador, como a de pleitear perdas e danos caso não exista mais interesse quanto ao bem.
Contrato com pessoa a declarar: Por tal figura jurídica, no momento da conclusão do contrato, pode uma das partes reservar-se a faculdade de indicar outra pessoa que deve adquirir os direitos e assumir as obrigações decorrentes do negócio. A pessoa nomeada assumirá todos os direitos e obrigações relacionados ao contrato a partir do momento em que este foi celebrado (art. 469). Nesse contexto, pode aquele que celebrou contrato preliminar de compra e venda indicarterceira pessoa que adquirirá o imóvel, retirando lucro de tal transação. 
 Fase de contrato definitivo 
- A última fase de formação do contrato é a fase do contrato definitivo, quando ocorre o choque ou encontro de vontades originário da liberdade contratual ou autonomia privada. A partir de então, o contrato estará aperfeiçoado, gerando todas as suas consequências como, por exemplo, aquelas advindas da responsabilidade civil contratual. Arts. 389 a 391 CC.
CDC:
- Percebe-se, por um lado, que o Código de Defesa do Consumidor tem um tratamento mais completo quanto à fase de negociações preliminares do contrato. Entretanto, não trata das demais fases – policitação e contrato preliminar –, razão pela qual deverá o aplicador do Direito procurar socorro nas regras do Código Civil brasileiro. Por outro lado, conforme demonstrado, ocorre justamente o contrário com a atual codificação privada, que não apresenta previsões suficientes quanto à fase das tratativas. Na verdade, aqui é necessária uma complementaridade entre os dois sistemas, conforme já demonstrado em outras oportunidades (diálogo das fontes).
Formação do contrato pela via eletrônica: 
- Não há um consenso na doutrina quanto a se o contrato pela internet é entre presentes ou entre ausentes. Parte defende que é entre ausentes, tendo em vista que não há uma resposta imediata, há uma diferença de tempo de contato entre as partes. Outros defendem que se assemelha ao telefone, e que a velocidade da internet, hoje, faz com que a comunicação seja imediata. Defende-se essa última tese pela análise do art. 428, I do CC, que trata das comunicações por telefone ou meios semelhantes. 
- Tartuce defende que raras serão as situações em que as partes não estão em comunicação em tempo real, muito mais rápida até que o telefone, mesmo porque geralmente as pessoas permanecem grande parte do tempo on-line. Essa conclusão até pode ser aplicada aos casos de comunicação via mensagens eletrônicas – e-mails. Em conclusão, é correto afirmar que somente excepcionalmente o contrato será formando entre ausentes.
-Não obstante, se esse contrato houver sido formado por e-mail, em que a comunicação não ocorre de forma imediata – entre ausentes –, deve ser aplicada a teoria da agnição, na subteoria da recepção, outrora comentada. Essa é a conclusão constante do Enunciado n. 173 do Conselho da Justiça Federal e do Superior Tribunal de Justiça, aprovado na III Jornada de Direito Civil, pelo qual: “A formação dos contratos realizados entre pessoas ausentes por meio eletrônico, completa-se com a recepção da aceitação pelo proponente”. 
Cap. 5- Efeitos dos Contratos – Os vícios redibitórios, os vícios do produto e a evicção. 
- Os vícios contratuais atingem o objeto do negócio, não se confundindo com os vícios da vontade (erro, dolo, coação). 
Vícios Redibitórios: “Os vícios redibitórios são defeitos ocultos existentes na coisa alienada, objeto de contrato comutativo ou de doação onerosa, não comum às congêneres, que a tornam imprópria ao uso a que se destina ou lhe diminuem sensivelmente o valor, de tal modo que o negócio não se realizaria se esses defeitos fossem conhecidos, dando ao adquirente ação para redibir o contrato ou para obter abatimento no preço. Por exemplo, novilhas escolhidas para reprodução de gado vacum, porém estéreis”. 
 
Erro x Vício redibitório 
- Não se deve confundir. No primeiro o vício é de consentimento, atinge a vontade, gerando a anulabilidade do negócio jurídico. A coisa é diferente daquela em que o declarante tinha em mente ao emitir a declaração de vontade. No segundo, o vício é da coisa. Neste caso, o comprador realmente queria comprar aquele objeto, mas há defeito. Não há disparidade entre a vontade e a declaração. O vício redibitório está no plano da eficácia, gerando o abatimento do preço ou a resolução do negócio. 
-confere à parte prejudicada o direito de redibir, ou seja, rescindir o contrato, devolvendo a coisa e recebendo do vendedor a quantia paga. 
* O vício deve ser tido como oculto no momento em que o bem é adquirido para que exista tal garantia. 
O código civil traz duas situações distintas: 
 Aquela em que o vício redibitório pode ser conhecido desde logo (art.445, caput), e nessa hipótese, o prazo decadencial inicia-se com a entrega efetiva da coisa ou da alienação, se o adquirente já estava da posse da coisa. Caso em que estando o bem na posse do adquirente, após uma análise mais apurada e profunda, este percebe o vício de imediato, sendo o mesmo do tipo aparente nesse momento de contato com a coisa. 
Prazo decadencial para o adquirente ingressar com ação: 
– 30 (trinta) dias para bens móveis;
– 1 (um) ano para bens imóveis.
* Tais prazos devem ser contados, em regra, da entrega efetiva da coisa (tradição real). Mas, se o comprador já estava na posse do bem, os prazos serão reduzidos à metade (15 dias para móveis e 6 meses para imóveis).
 E aquela em que o vício, por sua natureza, só pode ser conhecido mais tarde e, então, o prazo só se inicia no momento em que o adquirente tomar ciência do vício (art. 445 § 1.º). Tem vício que, por sua natureza, só se manifesta mais tarde. 
Prazo decadencial para ingressar com ação: 
– 180 (cento e oitenta) dias para bens móveis;
– 1 (um) ano para bens imóveis.
* A redução de prazo prevista no art. 445, caput, do CC não se aplica a essas hipóteses que estão previstas no § 1.º do mesmo dispositivo. Esses prazos devem ser contados do conhecimento do vício, o que é mais justo diante do que já previa o Código de Defesa do Consumidor. Mais uma vez, o diálogo com a Lei consumerista é evidente.
Estando prejudicado o adquirente, terá ele as seguintes possibilidades jurídicas:
1) Pleitear abatimento proporcional no preço, por meio de ação quanti minoris ou ação estimatória.
2)Requerer a resolução do contrato (devolvendo a coisa e recebendo de volta a quantia em dinheiro que desembolsou), sem prejuízo de perdas e danos, por meio de ação redibitória. Para pleitear as perdas e danos, deverá comprovar a má-fé do alienante, ou seja, que o mesmo tinha conhecimento dos vícios redibitórios (art. 443 do CC). Todavia, a ação redibitória, com a devolução do valor pago e o ressarcimento das despesas contratuais, cabe mesmo se o alienante não tinha conhecimento do vício.
- É pertinente deixar claro que a responsabilidade do alienante permanece ainda que a coisa pereça em poder do adquirente em virtude do vício oculto já existente no momento da entrega (art. 444 do CC). 
- Há ainda a possibilidade de troca do bem, que não enunciada expressamente no CC, mas no CDC, podendo ser aplicada em relações que não são de consumo, pelo diálogo das fontes. É claro que, deve haver essa possibilidade por parte do alienante, ou seja, se ele é profissional na área, poderá realizar a troca do bem. 
 O exemplo pode ocorrer no caso em que uma empresa, profissional em sua atividade, vende para outra empresa uma máquina industrial, que será utilizada na linha de produção desta. Nessa situação, não há que se falar em relação de consumo, pois a última empresa não é destinatária final econômica do bem, pois utiliza a máquina para dela retirar lucro.
-Com efeito, na vigência de prazo de garantia (decadência convencional) não correrão os prazos legais (decadência legal), mas, diante da boa-fé objetiva, o alienante deverá denunciar o vício no prazo de trinta dias contatos do seu descobrimento, sob pena de decadência. A decadência referenciada no final do art. 446 do CC está ligada à perda do direito de garantia e não ao direito de ingressar com as ações edilícias. Sendo assim, findo o prazo de garantia convencional ou não exercendo o adquirente o direito no prazo de 30 dias fixado no art. 446 do CC, iniciam-se os prazos legais previstos no art. 445 do CC, já visualizados.
Os vícios nas relações de consumo 
- Nas relações de consumo, respondem pelos vícios todos os envolvidos com o fornecimento, de forma solidária. Tal regra não é aplicada aos vícios redibitórios, nos quais só responde o alienante.O consumidor prejudicado com os vícios do produto poderá pleitear (art. 18 do CDC):
1.º) A substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso.
2.º) A restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos.
3.º) O abatimento proporcional do preço.
- Para tais ações, esclareça-se que não se utiliza a expressão ações edilícias, própria do Direito
Civil.
- Há um prazo de 30 dias para que o fornecedor sane o vício, a lei traz uma chance para que o fornecedor do produto sane o problema.
Exceção: O consumidor poderá fazer uso imediato das alternativas expostas, sempre que, em razão da extensão do vício, a substituição das partes viciadas puder comprometer a qualidade ou características do produto, diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto essencial (art. 18, § 3.º, do CDC). 
 No CDC, os prazos são os mesmos, sendo os vícios aparentes (de fácil constatação) ou ocultos, a saber:
– 30 dias, tratando-se de fornecimento de produtos não duráveis (aqueles que desaparecem facilmente com o consumo, caso de alimentos perecíveis).
– 90 dias, tratando-se de fornecimento de produtos duráveis (aqueles que não desaparecem facilmente com o consumo, caso de veículos e de eletrodomésticos). 
 Presentes os vícios aparentes, os prazos são contados a partir da entrega efetiva da coisa (art. 26, § 1.º, do CDC). Por outro lado, havendo vícios ocultos, os prazos serão contados a partir do seu conhecimento por parte do consumidor (art. 26, § 3.º, do CDC).
-Apesar de o consumidor ter prazos menores para a defesa dos seus interesses individuais, a seu favor haverá a possibilidade de obstação de decadência, uma forma de suspensão especial prevista no art. 26, § 2.º, do CDC. Prevê esse comando legal que obstam a decadência:
a) A reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor de produtos até a resposta negativa correspondente, que deve ser transmitida de forma inequívoca.
b) A instauração de inquérito civil, pelo Ministério Público, até o seu encerramento.
-Em havendo prazo de garantia convencional ou contratual, o prazo de garantia legal somente será contado a partir do término do primeiro. 
- Não se deve confundir prazo de reclamação com garantia legal de adequação. Se o fornecedor dá prazo de garantia contratual (até a Copa de 2002, um ou dois anos, etc.), dentro do tempo garantido até o fim (inclusive o último dia) o produto não pode apresentar vício. Se apresentar, o consumidor tem o direito de reclamar, que se estende até 30 ou 90 dias após o término da garantia. Se o fornecedor não dá prazo, então os 30 ou 90 dias correm do dia da aquisição ou término do serviço. Claro que sempre haverá, como vimos, a hipótese de vício oculto, que gera o início do prazo para reclamar quando ocorre. 
Evicção 
- A evicção consiste na perda parcial ou integral do bem, via de regra, em virtude de decisão judicial que atribua seu uso, posse ou propriedade a outrem em decorrência de motivo jurídico anterior ao contrato de aquisição.
- Todo o mecanismo da evicção é voltado para a proteção do adquirente. 
 Alienante aquele que transferiu a coisa viciada, de forma onerosa.
 evicto (adquirente ou evencido) aquele que perdeu a coisa adquirida. 
evictor (ou evencente) aquele que teve a decisão judicial ou a apreensão administrativa a seu favor.
- ex: quando se compra um terreno em que o adquire-se um terreno, ignorando que há uma ocupação de posse, que já constitui usucapião. 
- Denunciação da lide: O CPC exige que o adquirente, acionado que foi em ação que busca tirar o bem de sua mão, deverá denunciar a lide ao alienante, informando-o estar na iminência de perder o bem por motivo jurídico anterior a alienação. 
 -Tradicionalmente, afirma-se que, se assim não proceder o evicto, perderá os direitos decorrentes da evicção, não mais dispondo de ação direta para exercitá-los. Nossos Tribunais, entretanto, por vezes têm entendido que essa denunciação não é obrigatória, sendo possível reaver o preço da coisa por meio de ação própria, mesmo na falta da intervenção de terceiro.
- Denunciação per saltum: Permite ao evicto a denunciação direta de qualquer dos responsáveis pelo vício. 
- A falta da denunciação da lide apenas acarretará para o réu a perda da pretensão regressiva, privando-o da imediata obtenção do título executivo contra o obrigado regressivamente. Restará ao evicto, ainda, o direito de ajuizar ação autônoma.
- A responsabilidade pela evicção decorre da lei, assim, não precisa estar prevista no contrato, mas as partes podem reforçar a responsabilidade, atenuando ou agravando seus efeitos. As partes podem, entre si, convencionar o reforço, a redução ou a exclusão das garantias quanto a evicção: 
-Quanto ao reforço em relação à evicção, diante da vedação do enriquecimento sem causa, tem-se entendido que o limite é o dobro do valor da coisa (DINIZ, Maria Helena. Código..., 2005, p. 426). Tendo em vista a função social dos contratos e a boa-fé objetiva, concorda-se com essa corrente doutrinária.
 - No que concerne à exclusão da responsabilidade, esta pode ocorrer desde que feita de forma expressa (cláusula de non praestaenda evictione ou cláusula de irresponsabilidade pela evicção) e o adquirente for informado sobre o risco da evicção (sabia do risco e o aceitou). 
Pode-se assim utilizar as seguintes formas:
# Cláusula expressa de exclusão da garantia + conhecimento do risco da evicção pelo evicto = isenção de toda e qualquer responsabilidade por parte do alienante.
#Cláusula expressa de exclusão da garantia – ciência específica desse risco por parte do adquirente = responsabilidade do alienante apenas pelo preço pago pelo adquirente pela coisa evicta. Quando, por exemplo, o adquirente assina um contrato padrão com a imobiliária em que há a cláusula de exclusão, mas ele não tem ciência de que isso de fato pode acontecer.
#Cláusula expressa de exclusão da garantia, sem que o adquirente haja assumido o risco da evicção de que foi informado = direito deste de reaver o preço que desembolsou.
- Não havendo cláusula expressa de exclusão de garantia pela evicção, a responsabilidade do alienante será plena, podendo o adquirente pleitear, nos casos de evicção total: 
a) A restituição integral do preço pago.
b) A indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir.
c) A indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente resultarem da evicção (danos emergentes, despesas de escritura e registro e lucros cessantes, nos termos dos arts. 402 a 404 do CC; além de danos imateriais).
d) As custas judiciais e os honorários advocatícios do advogado por ele constituído.
- O art 451 do CC prevê que a responsabilidade do alienante pela evicção total ou parcial permanece ainda que a coisa alienada esteja deteriorada, exceto havendo dolo do adquirente. Exemplificando, não poderá o adquirente haver a coisa deteriorada para si sabendo do vício e depois se insurgir, pleiteando o que consta do art. 450 do CC. 
-Se o evicto tiver auferido vantagens das deteriorações e não tiver sido condenado a pagar tais valores ao evictor, o valor dessas vantagens deverá ser deduzido da quantia pleiteada do alienante (art. 452 do CC). 
-Em relação às benfeitorias necessárias e úteis não abonadas ao evicto pelo evictor, deverão ser pagas pelo alienante ao adquirente da coisa, já que o último é tido como possuidor de boa-fé (art.453 do CC). 
-Evicção Parcial: Em regra, pode-se afirmar que a evicção parcial é aquela que supera a metade do valor do bem, entretanto, também se poderá levar em conta a essencialidade da parte perdida. Sendo parcial, mas considerável a perda, poderá o evicto optar entre a rescisão do contrato e a restituição da parte do preço correspondente ao desfalque. Sendo parcial a evicção, mas não considerável, poderá o evicto somente pleitear indenização por perdas e danos (art. 455 do CC).
-prevê o art. 457 do CC que “Não pode o adquirente demandar pela evicção, se sabia que a coisa era alheiae litigiosa”. Entendemos que o dispositivo veda a possibilidade de o evicto demandar o alienante se tinha conhecimento do vício e do risco de perder a coisa, o que de fato ocorreu. A relação com o princípio da boa-fé objetiva é, portanto, explícita.
Obs: na evicção o vício é jurídico, e não do objeto. 
Capítulo 6- Extinção dos contratos 
1) Extinção normal dos contratos
- extinção de forma normal, pelo cumprimento da obrigação. Por exemplo, quando são pagas todas as parcelas da obrigação. 
- Também haverá a extinção normal findo o prazo previsto para o negócio, ou seja, no seu termo final, desde que todas as obrigações tenham sido cumpridas. 
2) Extinção por fatos anteriores à celebração 
 Poderá se dar por: 
-Situações de nulidade e anulabilidade (mesmas dos negócios jurídicos) -Art 166 e 171 CC 
- Existência no negócio de cláusula resolutiva expressa.
- inserção de cláusula de arrependimento. 
3) Extinção por fatos posteriores à celebração 
- Toda vez em que há extinção de contrato por fatos posteriores em que uma das partes tenha prejuízo, fala-se em recisão contratual. 
- Recisão é gênero, do qual surgem duas espécies: Resolução (extinção do contrato por descumprimento) e Resilição (dissolução por vontade bilateral ou unilateral, quando admissível por lei, de forma expressa ou implícita, pelo reconhecimento de um direito potestativo). 
- Todas as situações envolvem o plano da eficácia do contrato. 
 Resolução (descumprimento) 
a) Inexecução voluntária: relacionada com a impossibilidade da prestação por culpa ou dolo do devedor, podendo ocorrer tanto na obrigação de dar como nas obrigações de fazer e de não fazer. 
 - A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato. Mas, se não preferir essa resolução, poderá exigir da outra o cumprimento do contrato, de forma forçada, cabendo, em qualquer das hipóteses, indenização por perdas e danos. 
Teoria do adimplemento substancial: Na hipótese em que o contrato tiver sido quase todo cumprido, não caberá a sua extinção, mas apenas outros efeitos jurídicos, visando sempre a manutenção da avença. 
b) Inexecução involuntária: impossibilidade de cumprimento da obrigação em decorrência de caso fortuito (evento totalmente imprevisível) ou de força maior (evento previsível, mas inevitável). A outra parte contratual não poderá pleitear perdas e danos, sendo tudo o que foi pago devolvido e retornado a obrigação à situação primitiva. 
Só haverá responsabilidade por tais eventos, totalmente imprevisíveis ou previsíveis, mas inevitáveis, nas seguintes situações:
– Se o devedor estiver em mora, a não ser que prove ausência de culpa ou que a perda da coisa objeto da obrigação ocorreria mesmo não havendo o atraso (art. 399 do CC).
– Havendo previsão no contrato para a responsabilização por esses eventos por meio da cláusula de assunção convencional (art. 393 do CC), cuja validade é discutível nos contratos de consumo e de adesão.
– Em casos especificados em norma jurídica, como consta, por exemplo, do art. 583 do CC, para o contrato de comodato, segundo o qual “Se correndo risco o objeto do comodato, juntamente com outros do comodatário, antepuser este a salvação dos seus abandonando o do comodante, responderá pelo dano ocorrido, ainda que se possa atribuir a caso fortuito, ou força maior”.
c) Cláusula resolutiva tácita: aquela que decorre da lei e que gera a resolução do contrato em decorrência de um evento futuro e incerto, geralmente relacionado ao inadimplemento (condição). Como exemplo de condição resolutiva tácita cite-se a exceção do contrato não cumprido, que pode gerar a extinção de um contrato bilateral ou sinalagmático, nos casos de mútuo descumprimento total do contrato. Com efeito resolutivo, havendo descumprimento bilateral, o contrato reputar-se-á extinto. 
Obs: A exceção do contrato não cumprido, em caso de descumprimento total, sempre foi tida como forma de defesa. Entretanto, sendo essa uma cláusula resolutiva tácita para os contratos bilaterais, é possível e recomendável alegá-la em sede de petição inicial com o objetivo de interpelar judicialmente a outra parte visando à extinção contratual. 
* quebra antecipada do contrato- Se uma parte perceber que há risco real e efetivo demonstrado pela realidade fática, que a outra não cumpra com a sua obrigação, poderá antecipar-se, pleiteando a extinção do contrato. 
* execução de inseguridade- pode ser oposta à parte cuja conduta põe manifestamente em risco a execução do programa contratual. 
d) Onerosidade excessiva: Deve ser decorrente da imprevisibilidade e da extraordinariedade. O fato extraordinário e imprevisível causador de onerosidade excessiva é aquele que não está coberto objetivamente pelos riscos próprios da contratação. 
- Para a aplicação dessa teoria, é imprescindível que as circunstâncias que envolveram a formação do contrato de execução diferida não sejam as mesmas no momento da execução da obrigação, tornando o contrato extremamente oneroso para uma parte em benefício da outra. 
- O réu poderá oferecer-se a modificar de forma equitativa as condições do contrato. 
*Frustração do fim do contrato: extinção do contrato por resolução diante da frustração do fim do contrato ou da perda de seu objeto. 
 Resilição: quando a lei previr a extinção do negócio como um direito potestativo reconhecido à própria pessoa. 
Resilição bilateral: ambas as partes, de comum acordo resolvem pôr fim ao anterior que firmaram. É feita através de um novo negócio em que ambas as partes resolvem, de comum acordo, pôr fim ao negócio anterior que firmaram. O distrato submete-se à mesma forma exigida para contrato conforme previsão taxativa do comando legal. 
Resilição Unilateral: dissolução pela simples declaração de vontade de uma das partes. Na resilição unilateral há o exercício de um direito potestativo, aquele que se contrapõe a um estado de sujeição. A resilição unilateral, pelo que consta do art. 473 do Código Civil, só é prevista em hipóteses excepcionais, como, por exemplo, na locação, na prestação de serviços, no mandato, no comodato, no depósito, na doação, na fiança, operando-se mediante denúncia notificada à outra parte. Essa notificação pode ser judicial ou extrajudicial.
São casos de resilição unilateral: 
Denuncia vazia e cheia: ?
Revogação: Espécie de resilição unilateral cabível quando há quebra de confiança naqueles pactos em que esta se faz presente como fator predominante. Cabe revogação por parte do mandante – no mandado –, do comodante – no comodato –, do depositante – no depósito –, do doador – no caso de doação modal ou com encargo e por ingratidão.
Renúncias: Outra forma de resilição unilateral cabível nos contratos baseados na confiança, quando houver quebra desta. Também é possível a renúncia por parte do mandatário, comodatário, depositário e donatário, nos contratos acima mencionados.
Exoneração por ato unilateral: cabível por parte do fiador, na fiança por prazo indeterminado. 
 - Ainda no que interessa à resilição unilateral, sintonizado com a função social dos contratos e a boa-fé objetiva, o parágrafo único do art. 473 do CC estabelece que, se diante da natureza do contrato, uma das partes houver feito investimentos consideráveis para a execução do negócio, a resilição unilateral só produzirá efeito depois de transcorrido prazo compatível com a natureza e o vulto dos investimentos. A título de exemplo, eventual despejo por denúncia vazia até pode não ser concedido se o locatário tiver introduzido investimentos consideráveis no imóvel, sendo omisso o instrumento contratual quanto a esses investimentos. 
4) extinção por morte de um dos contratantes 
- Para algumas formas negociais a morte de um dos contratantes pode gerar o fim do pacto. Isso somente ocorre nos casos em que a parte contratual assume uma obrigação personalíssima ou intuitu personae, sendo denominada cessação contratual. 
Em casos tais, o contrato se extingue de pleno direito, situação que ocorre, por exemplo, na fiança. Para este contrato, os herdeiros não recebem como

Outros materiais