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Aula 3 - Tutela Constitucional do Meio Ambiente

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Direito Ambiental
Aula 3: Tutela Constitucional do Meio Ambiente
Apresentação
Esta aula será dividida em 2 partes. Na primeira, analisaremos o Direito Ambiental e a sua proteção constitucional esculpida no
Art. 225 e em seus 7 parágrafos. Na segunda parte, veri�caremos a competência constitucional em matéria ambiental.
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 elevou o meio ambiente ao status constitucional, criando capítulo próprio
sobre o tema no Art. 225 e em seus parágrafos. A mesma Carta Magna disciplina a competência administrativa e legislativa dos
entes federativos para editar normas de proteção e preservação do bem ambiental.
Objetivo
Analisar o Direito Ambiental e sua proteção constitucional;
Compreender o Art. 225 da Constituição Federal e os seus 7 parágrafos;
Identi�car a competência constitucional ambiental.
O Direito Ambiental e a sua Proteção Constitucional
A Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB), promulgada em 05 de outubro de 1988, elevou o meio ambiente a status
constitucional, criando capítulo próprio no Art. 225 – Capítulo VI (Do Meio Ambiente), dentro do Título VIII, Da Ordem Social. O Art. 225 é
a principal fonte formal do Direito Ambiental nacional. Antes de promulgada a Constituição Cidadã, a principal norma de proteção
autônoma do meio ambiente era a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), Lei nº 6.938, sancionada em 31 de agosto de 1981.
Atenção
Importante frisar que é na Constituição Federal que estão os princípios fundamentais do Direito Ambiental, como o Princípio do
Desenvolvimento Sustentável, Princípio do Direito Humano Fundamental, Princípio da Responsabilidade Ambiental, Princípio do Poluidor-
Pagador, Princípio da Prevenção, entre outros.
Engana-se quem pensa que apenas o Art. 225 da Constituição Federal trata do bem ambiental; ao longo da Carta Cidadã, há diversos
outros artigos que dispõem sobre o meio ambiente.
Exemplo
Artigo 5°, inciso LXXIII; Art. 20, incisos I a XI e §§ 1° e 2°; Art. 21,incisos IX, XIX, XX, XXIII, XXV; Art. 22, incisos IV, XII, XVI; Art. 23, incisos I, III,
IV, VI, VII, IX, XI; Art. 24, incisos I, VI, VII, VIII; Art. 26; Art. 30, incisos I, II, VIII, IX; Art. 43, § 2°, inciso IV, e § 3°; Art. 49, incisos XIV e XVI; Art. 91,
§ 1°, inciso III; Art. 129, inciso III; Art. 170, inciso VI; Art. 174, §§ 3° e 4°; Art. 176, § 1° ao § 4°; Art. 182; Art. 186, inciso II; Art. 215; Art. 225;
Art. 231, § 1°.
Saiba mais
Alguns desses artigos merecem destaque.
Para possibilitar a ampla proteção ao meio ambiente, a Constituição Federal de 1988 fez previsão a diversas regras, que foram divididas
nestes quatro grandes grupos:
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São aquelas previstas de forma direta ou indireta em vários textos da Constituição Federal.
Regras Gerais 
São previstas no capítulo do Meio Ambiente, isto é, no Art. 225 e em seus 7 parágrafos da Constituição Federal.
Regras Especí�cas 
São divididas em legislativas e administrativas. A primeira diz respeito ao poder de legislar dos entes federativos, e a segunda
atribui ao Poder Público a prática de atos administrativos em prol da preservação e proteção ambiental.
Regras de Competência 
São as tutelas processuais ambientais, como a ação popular e a ação civil pública, entre outras.
Regras de Garantia 
Agora faremos uma análise detalhada do Art. 225 (caput e parágrafos) da Constituição Federal.
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CRFB, Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e
essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo
para as presentes e futuras gerações.
(BRASIL, 1988)
Esse dispositivo legal deve ser observado sob os seguintes aspectos:
O meio ambiente ecologicamente equilibrado que gera qualidade de vida.
O meio ambiente enquanto bem de uso comum do povo.
O meio ambiente como bem difuso, essencial à sadia qualidade de vida.
O dever do poder público e da coletividade em proteger e preservar o meio ambiente para as presentes e futuras gerações.
Comentário
O doutrinador Paulo de Bessa Antunes destaca que a palavra todos, contida no caput do Art. 225, diz respeito a qualquer indivíduo que se
encontre no território nacional, independentemente da condição em que se encontre perante o nosso ordenamento jurídico. Trata-se de
todos os seres humanos, não havendo a exigência da condição de cidadão. Por esse entendimento, até o estrangeiro não residente no país
e aqueles que, por qualquer motivo, tenham suspensos os seus direitos de cidadania, ainda que parcialmente, encaixam-se como
destinatários da norma contida no caput do Art. 225 da Constituição Federal.
 Vejamos agora os quatro aspectos que listamos anteriormente
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O meio ambiente ecologicamente equilibrado que gera qualidade de vida
O meio ambiente ecologicamente equilibrado está diretamente vinculado ao Princípio da Dignidade da Pessoa Humana (Art. 3°,
inciso I, CF/88), uma vez que o bem ambiental protegido e preservado gera qualidade de vida para todos. Trata-se de um direito
fundamental da pessoa humana; direito à vida com qualidade. O meio ambiente é um bem difuso, portanto, indisponível.
O meio ambiente enquanto bem de uso comum do povo
O meio ambiente é um bem jurídico, que possui valor econômico e social
O meio ambiente como bem difuso
O meio ambiente se enquadra na categoria de direitos coletivos (lato sensu), como um direito e interesse difuso. Apesar de a
Constituição Federal de 1988, no Art. 129, inciso III, prever interesse difuso ao dispor que entre as funções institucionais do
Ministério Público está “promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio
ambiente e de outros interesses difusos e coletivos”, a Carta Magna não conceituou interesse difuso, deixando esse encargo
para o Código de Defesa do Consumidor, Lei nº 8.078/90, em seu Art. 81, parágrafo único, inciso I.
 Fonte: shutterstock
Nunes (2019, p. 808 ) esclarece que, antes de de�nir direito e interesse difuso, é necessário entender que as palavras interesses
e direitos são compreendidas como sinônimos:
E ainda, o termo difuso signi�ca:
Conforme dispõe a redação do Art. 81, parágrafo único, inciso I, do Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.089/90), direitos
e interesses difusos são aqueles transindividuais, indivisíveis, dos quais são titulares pessoas indeterminadas e ligadas por
circunstâncias de fato. Os direitos e interesses difusos são aqueles que pertencem à sociedade como um todo e independem
da existência de uma relação jurídica anterior entre seus titulares e aqueles contra quem serão tutelados.
O dever do poder público e da coletividade em proteger e preservar o meio ambiente para as presentes e futuras gerações
A proteção ambiental é um dever do Poder Público e de toda a coletividade, com o objetivo de protegê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações. A Constituição Federal impõe esse dever de conservar o bem ambiental não somente para a
geração presente, mas também para as gerações, que estão por vir, isto é, as futuras gerações.
Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores
e das vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente,
ou a título coletivo. Parágrafo único. A defesa coletiva será
exercida quando se tratar de: I - interesses ou direitos
difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os
transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam
titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias
de fato.
(BRASIL, 1990)
“na medida em que [o termo] ‘interesses’ tem o sentido de
prerrogativa, e esta é exercício de direito subjetivo. Logo,
direito e interesse têm o mesmo valor semântico: direito
subjetivo ou prerrogativa, protegidos pelo ordenamento
jurídico”.
Nunes (2019, p. 808)
“indeterminado, indeterminável. Então, não será necessárioque se encontre quem quer que seja para proteger-se em
direito tido como difuso”.
Nunes (2019, p. 808)
A Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), Lei nº 6.938/81, em seu Art. 2°, I, consagra o meio ambiente como um
patrimônio público que deve ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista seu uso coletivo.
IMPORTANTE: O meio ambiente é um Direito de Terceira Geração, pautado nos Princípios da Solidariedade e
Fraternidade. Os Direitos de Terceira Geração são os transindividuais, enquanto os Direitos de Primeira Geração
são os ligados ao valor liberdade; são os direitos civis e políticos, e os Direitos de Segunda Geração são os direitos
sociais, econômicos e culturais.
No Art. 225, § 1º, e em seus incisos, estão contidos os comandos, de natureza obrigatória, de que deve o Poder Público dispor
para a defesa do meio ambiente. O Poder Público, para assegurar a proteção do meio ambiente, deve:
preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas;
preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e �scalizar as entidades dedicadas à pesquisa e
manipulação de material genético;
de�nir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos,
sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a
integridade dos atributos que justi�quem sua proteção;
exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de signi�cativa degradação do meio
ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade;
controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a
vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;
promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio
ambiente;
proteger a fauna e a �ora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem
a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade.
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Saiba mais
Saiba mais sobre o inciso I, § 1º, Art. 225 da CRFB.
Competência Constitucional Ambiental
A Constituição da República Federativa do Brasil, sancionada em 1988, reparte as competências entre todos os entes da federação
brasileira, isto é, entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, segundo destaca o Art. 18, caput, da Constituição Federal.
CRFB, Art. 18.
A organização político-administrativa da República
Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o
Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos
termos desta Constituição.
(BRASIL, 1988)
A principal característica da Federação é a autonomia das unidades federadas, que se caracteriza pela capacidade de as unidades
federativas se auto-organizarem, observando os princípios do pacto federal.
 Competência dos entes públicos
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A doutrina divide a competência dos entes públicos em:
1 - Competência Administrativa
A competência administrativa atribui ao Poder Público a prática de atos administrativos e de atividades ambientais. Essa
competência é de atuação concreta do ente, por meio do exercício do poder de polícia.
A competência material ou administrativa se divide em:
a) Competência administrativa (ou material) exclusiva
Essa competência é inerente à União, Art. 21 da Constituição Federal. Trata-se de competência exclusiva da União e versa
sobre interesse geral. A competência administrativa exclusiva da União em sede de meio ambiente se evidenciam o Art. 21,
incisos IX; XII, letra b; XV; XIX; XX; XXIII, alíneas “a” até “d” e ainda o inciso XXV.
CRFB, Art. 21. Compete à União:
[...]
IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do território e de desenvolvimento econômico e social;
X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional;
XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os serviços de telecomunicações, nos termos
da lei, que disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um órgão regulador e outros aspectos institucionais;
XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão:
[...]
XV - organizar e manter os serviços o�ciais de estatística, geogra�a, geologia e cartogra�a de âmbito nacional;
XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e de�nir critérios de outorga de direitos de seu uso;
XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico e transportes urbanos;
XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a
lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios nucleares e seus derivados,
atendidos os seguintes princípios e condições:
a) toda atividade nuclear em território nacional somente será admitida para �ns pací�cos e mediante aprovação do
Congresso Nacional;
b) sob regime de permissão, são autorizadas a comercialização e a utilização de radioisótopos para a pesquisa e usos
médicos, agrícolas e industriais;
c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção, comercialização e utilização de radioisótopos de meia-vida igual
ou inferior a duas horas;
d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de culpa; XXIV - organizar, manter e executar a
inspeção do trabalho;
XXV - estabelecer as áreas e as condições para o exercício da atividade de garimpagem, em forma associativa. (BRASIL,
1988.)
b) Competência administrativa (ou material) comum
Também denominada concorrente administrativa, é atribuída conjuntamente a todos os entes federativos, isto é, cabe tanto à
União quanto aos Estados, Municípios e Distrito Federal. Trata-se de mera cooperação administrativa prevista no Art. 23, incisos
VI; VII; VIII; IX; X; XI, e parágrafo único da Constituição Federal.
CRFB, Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
[...]
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;
VII - preservar as �orestas, a fauna e a �ora;
VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar o abastecimento alimentar;
IX - promover programas de construção de moradias e a melhoria das condições habitacionais e de saneamento básico;
X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização, promovendo a integração social dos setores
desfavorecidos;
XI - registrar, acompanhar e �scalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais
em seus territórios;
Parágrafo único. Leis complementares �xarão normas para a cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional. (BRASIL, 1988.)
IMPORTANTE:
O parágrafo único do Art. 23 da Constituição Federal narra que a cooperação executiva entre os entes federados
será determinada por leis complementares, que deverão veri�car o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar
em âmbito nacional. No que tange ao meio ambiente, foi sancionada a Lei Complementar nº 140, de 08 de
dezembro de 2011, que �xa normas, nos termos dos incisos III, VI e VII do caput, bem como do parágrafo único do
Art. 23 da Constituição Federal, para a cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios nas
ações administrativas decorrentes do exercício da competência comum relativas à proteção das paisagens
naturais notáveis, à proteção do meio ambiente, ao combate à poluição em qualquer de suas formas e à
preservação das �orestas, da fauna e da �ora; e altera a Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981, isto é, Política
Nacional doe Meio Ambiente (PNMA).
Determina a Lei complementarnº 140/2011, nos seus Arts. 1º e 3º:
Art. 1° Esta Lei Complementar �xa normas, nos termos dos incisos III, VI e VII do caput e do parágrafo único do art.
23 da Constituição Federal, para a cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios nas
ações administrativas decorrentes do exercício da competência comum relativas à proteção das paisagens
naturais notáveis, à proteção do meio ambiente, ao combate à poluição em qualquer de suas formas e à
preservação das �orestas, da fauna e da �ora.
[...]
Art. 3° Constituem objetivos fundamentais da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, no exercício
da competência comum a que se refere esta Lei Complementar:
I - proteger, defender e conservar o meio ambiente ecologicamente equilibrado, promovendo gestão
descentralizada, democrática e e�ciente;
II - garantir o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico com a proteção do meio ambiente, observando a
dignidade da pessoa humana, a erradicação da pobreza e a redução das desigualdades sociais e regionais;
III - harmonizar as políticas e ações administrativas para evitar a sobreposição de atuação entre os entes
federativos, de forma a evitar con�itos de atribuições e garantir uma atuação administrativa e�ciente;
IV - garantir a uniformidade da política ambiental para todo o País, respeitadas as peculiaridades regionais e locais.
(BRASIL, 2011.)
2 - Competência Legislativa
É atribuída aos entes federativos o ato de legislar. A competência legislativa é dividida em:
a) Competência legislativa privativa
Prevista no Art. 22 da Constituição Federal, a competência legislativa privativa é inerente à União, que é quem tem o poder de
legislar sobre as matérias especí�ca do Art. 22 da Carta Magna.
A competência legislativa privativa tem a possibilidade de delegação, conforme dispõe o parágrafo único do próprio Art. 22: “Lei
complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões especí�cas das matérias relacionadas neste artigo”. No
que tange ao bem ambiental, este está discriminado nos incisos IV, X, XII, XIV, XV, XVIII e XXVI do Art. 22.
CRFB, Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
[...]
IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão;
X - regime dos portos, navegação lacustre, �uvial, marítima, aérea e aeroespacial;
XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia;
XIV - populações indígenas;
XV - emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão de estrangeiros;
XVIII - sistema estatístico, sistema cartográ�co e de geologia nacionais;
XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza;
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões especí�cas das matérias
relacionadas neste artigo. (BRASIL, 1988.)
b) Competência legislativa exclusiva
Diz respeito aos Estados e aos Municípios, sendo reservada unicamente a uma entidade, sem a possibilidade de delegação.
Está prevista no Art. 25, §§ 2º e 3°, além, no que concerne ao estudo de nossa disciplina, do Art. 30, inciso I, da Constituição
Federal.
CRFB, Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios
desta Constituição.
[...]
§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei,
vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação.
§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e
microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a
execução de funções públicas de interesse comum.
CRFB, Art. 30. Compete aos Municípios:
I - legislar sobre assuntos de interesse local. (BRASIL, 1988.)
c) Competência legislativa residual
Também denominada de competência legislativa remanescente ou ainda reservada, trata-se de competência residual dos
Estados, conforme prevista no Art. 25, § 1°, da CRFB.
CRFB, Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios
desta Constituição. § 1º - São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta
Constituição. (BRASIL, 1988 – grifo nosso.)
d) Competência legislativa concorrente
Permite que a União, os Estados e o Distrito Federal legislem sobre a mesma matéria. Possui como característica a atribuição
de uma mesma matéria a mais de um ente federativo. Tem seu fundamento no Art. 24 da Constituição Federal. No que diz
respeito ao meio ambiente, os incisos I a VIII do Art. 24 disciplinam a questão.
CRFB, Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
I - direito tributário, �nanceiro, penitenciário, econômico e urbanístico;
II - orçamento;
III - juntas comerciais;
IV - custas dos serviços forenses;
V - produção e consumo;
VI - �orestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio
ambiente e controle da poluição;
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico;
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico,
turístico e paisagístico. (BRASIL, 1988.)
A competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais (Art. 24, § 1°, da CRFB/1988), que deverá ser observada por
todos.
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: § 1º No âmbito da legislação
concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais. (BRASIL, 1988.)
e) Competência legislativa suplementar
Na legislação concorrente, a União limita-se a estabelecer normas gerais, e os Estados, as normas especí�cas. No entanto, em
caso de inércia legislativa da União, os Estados poderão suplementá-la.
Sobre os Estados, o Art. 24, § 2°, da Constituição Federal estabelece que a competência da União para legislar sobre normas
gerais não exclui a competência suplementar dos Estados.
CRFB, Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
[...]
§ 2º - A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados.
(BRASIL, 1988.)
No que tange aos municípios, a redação do Art. 30, inciso II, da Carta Magna destaca que compete aos municípios suplementar
a legislação federal e a estadual no que couber.
CRFB, Art. 30. Compete aos Municípios:
[...]
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber. (BRASIL, 1988.)
f) Competência legislativa supletiva
Decorre da inércia da União em editar lei federal sobre normas gerais, adquirindo dessa forma os Estados e o Distrito Federal
competência plena para a edição de normas gerais e de normas especí�cas sobre os assuntos relacionados no Art. 24 da
Constituição Federal (Art. 24, § 3°). Essa superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a e�cácia de lei estadual
(ou distrital) naquilo que lhe for contrário (Art. 24, §4°, da CRFB/1988).
CRFB, Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
[...]
§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais.
§ 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados.
§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a
suas peculiaridades.
§ 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a e�cácia da lei estadual, no que lhe for contrário.
(BRASIL, 1988 – grifo nosso.)
 Atividades
1. Em controle concentrado de constitucionalidade, a ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal, decidiu:
Controle concentrado de constitucionalidade. As medidas provisórias não podem veicular norma que altere espaços territoriais
especialmenteprotegidos, sob pena de ofensa ao Art. 225, Inc. III, da Constituição da República. As alterações promovidas pela Lei
12.678/2012 importaram diminuição da proteção dos ecossistemas abrangidos pelas unidades de conservação por ela atingidas,
acarretando ofensa ao Princípio da Proibição de Retrocesso Socioambiental, pois atingiram o núcleo essencial do direito
fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado previsto no Art. 225 da Constituição da República. [ADI 4.717, rel. min.
Cármen Lúcia, j. 5-4-2018, P, DJE de 15-2-2019.]
Explique com as suas palavras o que você compreendeu sobre o Art. 225, § 1°, inciso III, da Constituição Federal.
2. (Questão XXI Exame da OAB) – Com relação aos ecossistemas Floresta Amazônica, Mata Atlântica, Serra do Mar, Pantanal Mato-
grossense e Zona Costeira, assinale a a�rmativa CORRETA.
a) Tais ecossistemas são considerados pela CRFB/1988 patrimônio difuso; logo, todos os empreendimentos nessas áreas devem ser precedidos de
licenciamento e estudo prévio de impacto ambiental.
b) Tais ecossistemas são considerados patrimônio nacional, devendo a lei infraconstitucional disciplinar as condições de utilização e de uso dos
recursos naturais, de modo a garantir a preservação do meio ambiente.
c) Tais ecossistemas são considerados bens públicos, pertencentes à União, devendo a lei infraconstitucional disciplinar suas condições de
utilização, o uso dos recursos naturais e as formas de preservação.
d) Tais ecossistemas possuem terras devolutas que são, a partir da edição da Lei nº 9985/2000, consideradas unidades de conservação de uso
sustentável, devendo a lei especificar as regras de ocupação humana nessas áreas.
e) Tais ecossistemas são considerados bens nacionais, pertencentes aos Estados e Municípios, devendo a lei infraconstitucional disciplinar suas
condições de utilização, o uso dos recursos naturais e as formas de preservação.
3. O Art. 24, VIII, da Constituição Federal determina que Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente
sobre responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e
paisagístico. Esse artigo e inciso tratam de que competência?
a) Competência legislativa privativa.
b) Competência legislativa exclusiva.
c) Competência legislativa residual.
d) Competência legislativa concorrente.
e) Competência legislativa suplementar.
4. O Art. 22, XIV, da Constituição Federal que determina que compete à União legislar sobre populações indígenas. Esse artigo e inciso
tratam de:
a) Competência legislativa privativa.
b) Competência legislativa exclusiva.
c) Competência legislativa residual.
d) Competência legislativa concorrente.
e) Competência legislativa suplementar.
5. (XVII Exame de Ordem) – O Município Z deseja implementar política pública ambiental, no sentido de combater a poluição das vias
públicas. Sobre as competências ambientais distribuídas pela Constituição, assinale a a�rmativa CORRETA.
a) União, Estados, Distrito Federal e Municípios têm competência material ambiental comum, devendo leis complementares fixarem normas de
cooperação entre os entes.
b) Em relação à competência material ambiental, em não sendo exercida pela União nem pelo Estado, o Município pode exercê-la plenamente.
c) O Município só pode exercer sua competência material ambiental nos limites das normas estaduais sobre o tema.
d) O Município não tem competência material em direito ambiental, por falta de previsão constitucional, podendo, porém, praticar atos por
delegação da União ou do Estado.
e) O Distrito Federal e o Municípios possuem competência material ambiental, devendo leis complementares fixarem normas de cooperação entre
os entes.
Notas
Referências
ANTUNES, Paulo Bessa. Direito Ambiental. 18 ed. São Paulo: Atlas/GEN, 2016.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil 1988. Disponível em: //www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao
/constituicaocompilado.htm. Acesso em: 12 maio 2019.
______. Lei complementar nº 140, de 8 de dezembro de 2011. Fixa normas, nos termos dos incisos III, VI e VII do caput e do parágrafo
único do art. 23 da Constituição Federal, para a cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios nas ações
administrativas decorrentes do exercício da competência comum relativas à proteção das paisagens naturais notáveis, à proteção do
meio ambiente, ao combate à poluição em qualquer de suas formas e à preservação das �orestas, da fauna e da �ora; e altera a Lei no
6.938, de 31 de agosto de 1981. Disponível em: //www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp140.htm. Acesso em: 12 maio 2019.
______. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus �ns e mecanismos de
formulação e aplicação, e dá outras providências. Disponível em: //www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6938.htm. Acesso em: 12 maio
2019.
______. Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras providências. Disponível em:
//www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078.htm. Acesso em: 12 maio 2019.
Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e dá outras providências. Disponível em: //www.planalto.gov.br/ccivil_03
/leis/l9985.htm. Acesso em: 12 maio 2019.
______. Lei nº 11.105, de 24 de março de 2005. Regulamenta os incisos II, IV e V do § 1º do art. 225 da Constituição Federal, estabelece
normas de segurança e mecanismos de �scalização de atividades que envolvam organismos geneticamente modi�cados – OGM e
seus derivados, cria o Conselho Nacional de Biossegurança – CNBS, reestrutura a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança –
CTNBio, dispõe sobre a Política Nacional de Biossegurança – PNB, revoga a Lei nº 8.974, de 5 de janeiro de 1995, e a Medida Provisória
nº 2.191-9, de 23 de agosto de 2001, e os arts. 5º, 6º, 7º, 8º, 9º, 10 e 16 da Lei nº 10.814, de 15 de dezembro de 2003, e dá outras
providências. Disponível em: //www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11105.htm. Acesso em: 12 maio 2019.
______. Lei nº 13.123, de 20 de maio de 2015. Regulamenta o inciso II do § 1º e o § 4º do art. 225 da Constituição Federal, o Artigo 1, a
alínea j do Artigo 8, a alínea c do Artigo 10, o Artigo 15 e os §§ 3º e 4º do Artigo 16 da Convenção sobre Diversidade Biológica,
promulgada pelo Decreto nº 2.519, de 16 de março de 1998; dispõe sobre o acesso ao patrimônio genético, sobre a proteção e o acesso
ao conhecimento tradicional associado e sobre a repartição de benefícios para conservação e uso sustentável da biodiversidade; revoga
a Medida Provisória nº 2.186-16, de 23 de agosto de 2001; e dá outras providências. Disponível em: //www.planalto.gov.br/ccivil_03
/_ato2015-2018/2015/lei/l13123.htm. Acesso em: 12 maio 2019.
MILARÉ, Édis. Direito do Ambiente. 18. ed. Revistas dos Tribunais. 2018.
RODRIGUES, Marcelo Abelha. Direito Ambiental Esquematizado. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2018.
SIRVINSKAS, Luís Paulo. Manual de Direito Ambiental. 17. ed. São Paulo: Saraiva, 2018.
THOMÉ, ROMEU. Manual de Direito Ambiental. 9. ed. Bahia: JusPodium, 2019.
Próxima aula
Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), principal norma de gestão ambiental nacional;
Princípios, objetivos gerais e especí�cos próprios da PNMA;
Conceitos de degradação ambiental, poluidor, poluição e meio ambiente;
Sistema Nacional do Meio Ambiente e o Conselho Nacional do Meio Ambiente.
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1. Ação Direta de Inconstitucionalidade n 4.983, estado do Ceará. Acórdão.Disponível em: //redir.stf.jus.br/paginadorpub
/paginador.jsp?docTP=TP&docID=12798874
3. Notícias STF: ADI questiona emenda constitucional que permite a prática de vaquejada. Disponível em: https://stf.jusbrasil.com.br
/noticias/474777118/adi-questiona-emenda-constitucional-que-permite-a-pratica-de-vaquejada
4. Resolução CONAMA nº 01/1986. Disponível em: https://www.ibama.gov.br/sophia/cnia/legislacao/MMA/RE0001-230186.PDF
5. Resolução CONAMA nº 237/1997. Disponívelem: //www.icmbio.gov.br/cecav/images/download/CONAMA%20237_191297.pdf

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