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Estrutura da Contabilidade Brasileira Aula 4

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ESTRUTURA DA 
CONTABILIDADE BRASILEIRA 
AULA 4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Edenise Aparecida dos Anjos 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Caros alunos, sejam bem-vindos. Nesta aula, vamos ampliar o leque de 
conhecimentos sobre os requisitos necessários para escrituração contábil e 
confiabilidade da informação contábil. Os seguintes temas serão abordados: 
 Requisitos básicos para reconhecimento contábil; 
 Regime de Competência; 
 Probabilidade de futuros benefícios econômicos; 
 Confiabilidade da mensuração; 
 Conceitos de Capital e Manutenção de Capital. 
CONTEXTUALIZANDO 
Nesta disciplina, a contabilidade vem sendo discutida sob diversos 
ângulos, desde a sua função social, quando se aborda o ambiente de atuação 
das entidades, o relacionamento com seus usuários e principalmente a função 
do controle do patrimônio das entidades. Os conteúdos expostos vêm sendo 
abordados gradativamente em sentido evolutivo, por isso, nesta aula, vamos 
tratar dos requisitos básicos para o reconhecimento contábil: 
 Como identificar e reconhecer contabilmente um item como ativo, passivo, 
receitas e despesas na contabilidade? O que formaliza um fato contábil? 
 Como saber o momento do reconhecimento de um evento ou uma 
transação na contabilidade, ou seja, existe um fato gerador? 
 Quais os regimes permitidos para apuração dos resultados e elaboração 
dos demonstrativos contábeis? 
Esses questionamentos serão respondidos ao longo da nossa aula, assim 
como novas questões vão sendo inseridas à medida que avançamos no 
conteúdo, mas sem a intenção de esgotá-las, pois ao longo do curso teremos a 
oportunidade de explorar com mais profundidade esses conhecimentos 
introdutórios. Vamos a nossa aula e bons estudos! 
 
 
 
3 
TEMA 1 – REQUISITOS BÁSICOS PARA RECONHECIMENTO CONTÁBIL 
Para iniciar nossa aula, precisamos focar o ambiente da aplicação da 
contabilidade, ou seja, as Entidades. A contabilidade inserida nesse contexto 
tem como objetivo estudar o patrimônio, registrar e controlar todas as suas 
variações, de modo que possa expressar, em termos monetários, a criação de 
riqueza gerada pelas transações ou negócios efetuados pela entidade. 
Assim sendo, para entender o reconhecimento dos elementos 
patrimoniais como ativos e passivos e de resultados como receitas e despesas, 
é importante conhecer o ambiente das entidades e como formalizam seus 
negócios. A partir desse entendimento, você poderá aplicar todos os conceitos 
já estudados, além dos princípios e normas, primando pela qualidade e 
confiabilidade da informação contábil. 
1.1 Entidade Contábil 
Para entender a aplicação da contabilidade no ambiente das entidades ou 
empresas, é importante verificar o contexto dessas entidades, ou seja, o que 
exatamente a contabilidade registra, controla e divulga. Desse modo, podemos 
entender a entidade de acordo com os diversos enfoques estudados 
anteriormente (fiscal, legal, ético, econômico, comportamental e estrutural). 
Esses enfoques direcionam para o esclarecimento da razão da existência 
das entidades e no modo como realizam seus negócios, firmando contratos 
(compras e vendas) que geram direitos e obrigações (ativos e passivos). Esses 
contratos podem ser entendidos como documentos formais, como notas fiscais 
contratos, recibos, guias de impostos etc. 
É nesse contexto que a contabilidade atua, ou seja, para que haja o 
registro, a contabilidade identifica esses eventos, classifica e reconhece os 
elementos patrimoniais e de resultados, estruturando essas informações em 
forma de relatórios ou demonstrativos contábeis. 
Uma entidade ou instituição organizacional é identificada pelas relações 
contratuais com seus fornecedores, clientes, funcionários, entidades de créditos, 
governo etc. O Quadro 1 apresenta um exemplo genérico de como as relações 
contratuais definem uma entidade. 
 
 
 
4 
Quadro 1 – Exemplo de relações contratuais 
Eventos Formalização/Contratos 
Uma ou mais pessoas decidem 
abrir um negócio ou entidade. 
Para isso, é necessário 
formalizar: 
 Um contrato Social ou um formulário de empresário 
individual ou Estatuto Social ou outros documentos. 
Formalizando o contrato, 
expressando os direitos e 
obrigações do sócio ou das 
partes, precisa: 
 Legalizar a empresa juntos aos órgãos competentes, 
como: junta comercial da região, sistema da Receita 
Federal para obter o CNPJ (Cadastro Nacional de 
Pessoa Jurídica, na Receita Estadual para obter a 
Inscrição Estadual, na prefeitura para obter licença de 
funcionamento (Alvará) e demais órgãos pertinentes. 
Observe quanta formalização é necessária, e a empresa ainda não entrou em operação. 
Ao entrar em operação: 
 são formalizados muitos outros contratos, por exemplo, se for uma empresa do 
comércio: 
 ao adquirir mercadorias para revenda o faz mediante negociação com fornecedores, 
mediante nota fiscal de compra, 
 ao vender essas mercadorias, emite nota fiscal de venda para seus clientes, 
 ao contratar funcionários deve registrar na carteira de trabalho. Ao pagar os 
funcionários, fornece o recibo de pagamento (holerite). 
 ao abrir conta no banco, o faz mediante contrato de prestação de serviços. 
 ao pagar seus impostos, o faz mediante emissão de guias de pagamentos de 
impostos e formaliza os valores devidos nos respectivos órgãos governamentais. 
 
Mas a contabilidade registra todos os atos (ações) e fatos 
(transações) de uma entidade? 
A contabilidade tem como objetivo registrar e controlar o patrimônio da 
organização. Entende-se, assim, que somente os eventos ou transações que 
forem passíveis de serem mensurados em valor monetário podem ser 
registrados contabilmente, desde que atendam aos critérios de 
reconhecimento e sejam relativos a transações das operações da entidade. 
Por exemplo: 
 Uma nota de compra, para ser registrada contabilmente, precisa estar 
com CNPJ da entidade. Se estiver no CPF do sócio, não é considerada 
como um documento contábil (lembre-se da aplicação do princípio da 
entidade). 
 A anotação de venda de uma mercadoria em um caderno ou bloco de 
papel não é um documento contábil e não pode ser considerada como 
Receita de Venda, pois a nota fiscal é o documento que formaliza a 
transação. 
Mas por que não pode ser registrado? 
 
 
5 
Porque somente os eventos econômicos e financeiros da entidade 
podem ser atribuídos a ela. Observa-se aqui o princípio da entidade; o patrimônio 
e despesas do sócio não devem se misturar com a da entidade e características 
como a representação fidedigna do patrimônio da entidade, a capacidade de 
verificação. Lembrando que as demonstrações contábeis devem ser elaboradas 
de acordo com as normas e bases de reconhecimento confiáveis. 
1.2 Critérios para a escrituração contábil 
O objetivo da escrituração contábil consiste em registrar todas as 
transações passíveis de serem mensuradas monetariamente e seu 
reconhecimento para a escrituração contábil. 
Para que a contabilidade possa exercer seu papel de controle patrimonial 
e fornecer informações úteis para o processo decisório, é importante que se 
registre todas as variações ocorridas no patrimônio empresarial, identificando os 
eventos que podem criar ou alterar ativos, passivos, receitas e despesas. 
Exemplos de eventos: compra de mercadoria para revenda, 
empréstimos bancários, venda de mercadorias, pagamento de fornecedor, 
compra de material de escritório, pagamento de impostos, compra de 
imobilizados, pagamentos de funcionários, despesas de energia, pagamento de 
juros, entre outros. 
Verifique que a identificação dessas transações deve ser amparada por 
documentos legais que as validem, como nota fiscal de compra, nota fiscal de 
venda, guias de pagamentos de impostos, contrato de prestação de serviços etc. 
A metodologia para escrituração contábil pode ser resumida nos seguintes 
aspectos principais (Padoveze, 2017, p.57): 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
Figura 1 – Escrituração contábil 
 
Vamos estudar os regimes de escrituração contábil na sequência. 
TEMA 2 – REGIME DE COMPETÊNCIA 
Na contabilidade, pode-se observar dois regimes de escrituração: (a) 
regime de competência e (b) regime de caixa. Todavia, para o atendimento das 
normas contábeis, a escrituração e elaboração dos demonstrativos contábeis, a 
adoção do regime de competência é uma premissa básica. 
A adoção do regime de escrituração define o momento do registro dos 
eventos ou transações de uma entidade. Determinam ainda a forma como o 
resultado é apurado e as variações patrimoniais. 
Para definir e conceituar os regimes de escrituração, é necessário definir 
alguns termos que serão explorados, como fato gerador, momento econômico e 
momento financeiro. 
O fato gerador é uma expressão que representa a origem ou o momento 
em que um evento econômico acontece. O fato gerador representa o momento 
em que as partes envolvidas em uma transação estão plenamente conscientes 
de suas obrigações (forma jurídica), tanto da entrega do produto ou serviço 
quanto do pagamento ou recebimento na hora ou posteriormente (Padoveze, 
2017, p. 57). 
 
a) A identificação das transações que alteram o patrimônio da entidade; 
b) A adoção de um método de registro (escrituração) das transações;
c) A mensuração do valor monetário de cada transação nas contas contábeis por 
meio do método contábil;
d) A aplicação de critérios de valorização de cada transação; 
e) A classificação das contas contábeis para apresentação dos relatórios 
contábeis; 
f) A estruturação de cada relatório contábil para atender aos principais objetivos dos 
usuários da informação contábil.
 
 
7 
Por exemplo, quando uma empresa realiza uma transação de venda a 
prazo. Essa transação é o fato gerador da receita de vendas da empresa e o 
reconhecimento do direito de receber do cliente por ter sido realizada a prazo. 
O fato gerador pode ser registrado contabilmente, levando em 
consideração dois momentos: 
Figura 2 – Regimes de escrituração contábil 
 
Vamos iniciar nossos estudos com o regime de competência, 
ressaltando que este é vinculado ao reconhecimento do momento econômico 
do evento econômico ou fato contábil. 
2.1 Regime de Competência 
A aplicação do regime de competência é prevista no pronunciamento 26 
do CPC, que trata das apresentações e elaboração das demonstrações 
contábeis. “A entidade deve elaborar as suas demonstrações contábeis, 
exceto para a demonstração dos fluxos de caixa, utilizando-se do regime 
de competência” (CPC 26, item 27). 
O regime de competência é um dos conceitos mais aplicados da 
contabilidade, pois privilegia o momento econômico. Desse modo, o registro 
contábil de uma transação ocorre, por exemplo, na data da venda, data da 
compra, data do contrato e período incorrido de uma despesa, e não no 
momento financeiro que representa a entrada e saída de dinheiro do caixa da 
entidade por recebimentos e pagamentos. 
Para entender os efeitos do regime de competência, acompanhe o 
exemplo a seguir, no qual analisaremos a formação do resultado de uma 
entidade e as variações patrimoniais. A empresa Exemplo Ltda. iniciou suas 
Momento econômico
Ocorre quando a empresa 
formaliza a compra, venda de 
mercadorias e/ou prestação de 
serviços, independentemente se 
houver recebimentos e 
pagamentos.
Momento Financeiro
Ocorre quando do recebimento 
ou do pagamento de uma 
transação.
 
 
8 
atividades no dia 1 de dezembro de X1. Nesse período, foram identificadas as 
seguintes transações: 
 05/12/X1 – adquiriu mercadorias (estoques) para revenda a prazo do 
Fornecedor A, pelo valor de custo de aquisição de R$ 1.600,00, data de 
vencimento da dívida: 25/01/X2. 
 22/12/X1 – emitiu nota fiscal de vendas de todas as mercadorias 
adquiridas pelo valor de R$ 3.000,00 para o Cliente XX, parcelado em 6x 
de R$ 500,00, acordando o recebimento da primeira parcela para o dia 
22/01/X2. 
 Contratou um funcionário acordando o pagamento inicial de 1 salário 
mínimo, R$ 1.045,00 a ser pago no 5º dia útil do mês seguinte. 
No dia 31 de dezembro de X1, o contador solicitou todos os documentos 
e notas fiscais para realizar o fechamento do período e do exercício social da 
empresa. 
Vamos analisar a aplicação do regime de competência na 
escrituração contábil. 
A primeira transação realizada pela entidade em dezembro de X1 foi a 
aquisição de mercadorias para revenda. Pelo regime de competência, o contador 
deverá fazer a escrituração contábil de as transações da empresa Exemplo 
Ltda., levando em consideração o momento econômico. 
 As mercadorias adquiridas para revenda serão registradas contabilmente 
como ativos, estoques, conta de Mercadorias para revenda na data do dia 
05/01/X1, pelo seu valor de custo de aquisição R$ 1.600,00. 
 Como as mercadorias para revenda foram adquiridas a prazo, reconhece-
se, no passivo, a obrigação para com fornecedores (contas a pagar). O 
reconhecimento contábil da obrigação se dará no dia 05/01/X1 pelo valor 
de R$ 1.600,00. 
O Balanço Patrimonial no dia 05/01/X1 seria representado da seguinte 
forma: 
 
 
 
 
 
 
 
9 
BALANÇO PATRIMONIAL X1 
EMPRESA EXEMPLO LTDA 
ATIVO R$ PASSIVO R$ 
Estoques 
Mercadorias para revenda 
 
1.600 
Fornecedores a pagar 1.600,00 
TOTAL DO ATIVO 1.600 TOTAL DO PASSIVO + PL 1.600 
No dia 22/01/X1, a empresa vendeu todas as mercadorias adquiridas pelo 
valor total de R$ 3.000,00. Acompanhe, na demonstração do resultado, os 
efeitos dessa transação de venda pelo regime de competência. 
DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO X1 
EMPRESA EXEMPLO LTDA 
Receita de Venda R$ 3.000,00 
(-) custo das mercadorias vendidas R$ 1.600,00 
(=) Lucro do período R$ 1.400,00 
 
 As Receitas de vendas devem ser reconhecidas contabilmente no 
dia 22/12/X1 (seu fato gerador), ou seja, na data de emissão da 
nota fiscal pelo valor monetário de R$ 3.000,00. 
 Custos das mercadorias vendidas: As mercadorias que foram 
adquiridas no dia 05/12/X1 e estavam fisicamente nos estoques e 
registradas contabilmente por R$1.600,00 foram vendidas. Como 
por essa razão já não existem fisicamente nos estoques, agora é 
necessário baixá-las contabilmente. 
 Nesse caso, o valor que consta na conta estoque, o valor de custo de 
aquisição de R$ 1.600,00 é baixado como custo das mercadorias 
vendidas pelo mesmo valor. 
O resultado do período (Lucro ou Prejuízo) é apurado pela seguinte 
equação: 
 
Assim, o lucro da empresa Exemplo em X1, de R$ 1.400, foi formado 
por: 
 Receitas no valor de R$ 3.000,00 menos os custos das mercadorias 
vendidas no valor de R$ 1.600, igual a R$ 1.400,00. 
Custos e 
despesas
Receitas Resultado
 
 
10 
Veja agora os efeitos dessa venda registrada pelo regime de 
competência no patrimônio da empresa. 
BALANÇO PATRIMONIAL X1 
EMPRESA EXEMPLO LTDA 
ATIVO R$ PASSIVO R$ 
Duplicatas a receber de clientes 3.000,00 Fornecedores a pagar 1.600,00 
Mercadorias para revenda 
(estoques) 
0,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO (PL) 
 Lucro do período 1400,00 
TOTAL DO ATIVO 3.000,00 TOTAL DO PASSIVO + PL 3.000,00 
 
Variações Patrimoniais no Ativo: 
 As mercadorias adquiridas para revenda registradas pelo valor de R$ 
1.600,00 foram baixadas como custo da mercadoria vendida, na 
Demonstração do Resultado. Logo, essa conta ficará com saldo zerado. 
 Como a venda realizada foi a prazo, ou seja, não houve entrada de 
dinheiro do caixa de forma imediata, deve-se reconhecer um direito de 
receber do cliente XX, reconhecendo, na conta Duplicatas a receber de 
clientes, o valor de R$ 3.000,00 
No passivo: 
 A conta de fornecedor a pagar não se altera, uma vez que o 
pagamento se dará em 25/01/X2. 
No Patrimônio Líquido 
 O lucro apurado na demonstração do resultado no valor de R$ 1.400,00 
em X1 é transferido para o patrimônio líquido da empresa. 
E o saláriodo funcionário? A empresa Exemplo deve contabilizar as 
despesas com a folha de pagamento somente em janeiro, no momento do 
pagamento? 
Pelo regime de competência, o salário deve ser contabilizado como 
despesa do período. Para entender, vamos relembrar o fato gerador de 
pagamentos de salários. 
 Fato gerador de Despesas de Salários e encargos trabalhistas: dias 
trabalhados em dezembro de X1. 
 Pagamento das despesas de salários e encargos: 05/01/X2 
 
 
11 
Como o fato gerador das despesas, ou seja, os dias trabalhados 
ocorreram em dezembro X1, pelo regime de competência, as despesas de 
Salários e encargos trabalhistas devem ser contabilizadas no período a que 
pertencem, ou seja, em dezembro de X1. 
Assim, a demonstração do resultado contemplaria também essa despesa: 
DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO X1 
EMPRESA EXEMPLO LTDA 
RECEITA DE VENDA 
(-) custo das mercadorias vendida 
(=) LUCRO BRUTO 
(-) Despesas de Salários e encargos trabalhistas 
(=) LUCRO DO PERÍODO 
R$ 3.000,00 
R$ 1.600,00 
R$ 1.400,00 
R$ 1.045,00 
R$ 355,00 
A contrapartida das despesas de salários e encargos é a conta do 
Passivo, Salários e ordenados a pagar, ou seja, essa despesa gera, para a 
Empresa Exemplo Ltda, a obrigação a pagar em janeiro de X2. Assim, o Balanço 
Patrimonial de dezembro de X1 apresenta a seguinte situação patrimonial: 
BALANÇO PATRIMONIAL X1 
EMPRESA EXEMPLO LTDA 
ATIVO R$ PASSIVO R$ 
Duplicatas a receber de clientes 3.000,00 Fornecedores a pagar 1.600,00 
 Salários e ordenados a pagar 1.045,00 
 PATRIMÔNIO LÍQUIDO (PL) 
 Lucro do período 355,00 
TOTAL DO ATIVO 3.000,00 TOTAL DO PASSIVO + PL 3.000,00 
Resumindo: no regime de competência, toda receita ou despesa incorrida 
em determinado período é atribuída a esse período, mesmo que os pagamentos 
ou recebimentos sejam efetivados em períodos futuros. 
O regime de competência é o único método contabilmente aceito para 
elaboração dos demonstrativos contábeis. 
2.2 Regime de caixa 
O regime de caixa não é um regime de escrituração contábil, pois as 
normas privilegiam o momento econômico e não financeiro para elaboração dos 
demonstrativos contábeis (CPC 00, R2 2019). 
De acordo com Marion (2018), o regime de caixa é uma forma 
simplificada, aplicada basicamente para prestação de contas de entidades sem 
 
 
12 
fins lucrativos, tais como igrejas, clubes, sociedades filantrópicas etc. e apuração 
fiscal de microempresas. 
Assim, entende-se que o regime de caixa privilegia o momento financeiro, 
como as entradas e saídas de dinheiro do caixa como parâmetro de apuração 
de resultados, reconhecendo: 
 Receitas: no momento do recebimento da venda, ou seja, da entrada do 
dinheiro no caixa. Se considerarmos o exemplo da Empresa Exemplo 
Ltda., a venda não seria registrada no dia 22/01/X1, somente os 
recebimentos de cada parcela. 
 Despesas: no momento do pagamento ou da saída de dinheiro do caixa 
da empresa. No exemplo, o salário do funcionário seria reconhecido 
somente na data do pagamento, 5º dia útil de janeiro de X2. 
 Resultado (lucro ou prejuízo): é apurado pelo confronto da receita 
recebida efetivamente (entrada de dinheiro no caixa) e despesa paga 
saída de dinheiro do caixa) 
Se considerar o mesmo exemplo da Empresa Exemplo Ltda., em 2019, 
não haveria apuração de resultado, pois não houve entrada ou saída de 
recursos (dinheiro) no caixa da empresa. 
2.3 Regime de competência versus regime de caixa 
As demonstrações contábeis elaboradas de acordo com o regime de 
competência fornecem informações sobre as transações passadas (entrada e 
saída de recursos do caixa da empresa ocorridos) e também sobre transações 
futuras (obrigações a pagar e direitos a receber), fatos estes que não são 
possíveis de observar no regime de caixa. 
O regime de competência fornece melhores bases para avaliações dos 
ativos, passivos, resultados econômicos passados e futuros da entidade (Lucros 
e prejuízos) do que as informações puramente baseadas em recebimentos e 
pagamentos em caixa (regime de caixa) ao longo desse mesmo período 
(Adriano, 2018). Ademais, o CPC 00 (R2, 2019) trata o regime de competência 
sob a perspectiva do desempenho financeiro, reforçando a importância de 
se apurar os resultados e as mudanças incorridas nos ativos e passivos 
durante o período, destacando que estes fornecem uma base melhor de 
avaliação do desempenho passado e futuro da entidade do que informações 
 
 
13 
exclusivamente sobre recebimentos e pagamentos à vista (regime de caixa) 
durante esse período. 
Em suma, o regime de caixa não é recomendado pelas normas, pois sua 
adoção dificulta os controles, como de contas a pagar ou a receber, e não 
representa, de forma fidedigna, a situação patrimonial da empresa. 
O Quadro 2 apresenta alguns exemplos de eventos e momentos 
contábeis comuns na operacionalização dos negócios das entidades de acordo 
com os referidos regimes de escrituração contábil. 
Quadro 2 – Eventos econômicos e momentos contábeis 
EVENTOS ECONÔMICOS E MOMENTOS CONTÁBEIS 
FATO OU EVENTO 
CONTÁBIL 
REGIME DE COMPETÊNCIA REGIME DE CAIXA 
MOMENTO ECONÔMICO MOMENTO FINANCEIRO 
Venda a prazo Data da venda Data do recebimento 
Venda à vista Data da venda Data da venda 
Compra a prazo Data da compra Data do pagamento 
Compra à vista Data da compra Data da compra 
Folha de pagamento Final do mês Data do pagamento 
Décimo terceiro e férias 1/12 avos todo final do mês Data do pagamento 
Serviço recebido Data da prestação do serviço Data do pagamento 
Tributos sobre compra Data da nota fiscal Data do recolhimento 
Tributos sobre venda Data da nota fiscal Data do recolhimento 
Tributos sobre o lucro Final do mês ou trimestre Data do recolhimento 
Capital social Data do contrato ou estatuto Data da integralização 
Auto de infração Data do recebimento do auto Data do pagamento 
Juros de empréstimos Final do mês Data do pagamento 
Juros de aplicação 
financeira 
Final do mês Data do resgate 
Fonte: Padoveze, 2017, p. 58. 
TEMA 3 – PROBABILIDADE DE FUTUROS BENEFÍCIOS ECONÔMICOS 
Os critérios de reconhecimento e mensuração de um elemento contábil 
se baseiam na probabilidade da geração de benefícios futuros de uma entidade 
ou a saída de recursos da entidade (entrada ou saída de dinheiro do caixa da 
empresa). 
Lembrando que o elemento patrimonial do qual se espera que flua ou 
gere benefícios econômicos futuros são os ativos, classificado como recursos 
econômicos: 
 
 
 
14 
Figura 3 – Definição de ativos 
 
Fonte: CPC 00 (R2), 2019. 
3.1 Probabilidade de futuros benefícios econômicos 
Ao iniciarmos nossa aula, apresentamos alguns aspectos que são 
necessários para a escrituração contábil e a necessidade da identificação dos 
eventos para classificar os elementos patrimoniais e de resultados. 
No entanto, devido ao ambiente de atuação das entidades, pode se 
observar momentos ou graus de incerteza quanto à probabilidade de que um 
ativo continue a gerar benefícios econômico futuros. 
Por exemplo, a conta de duplicatas de clientes a receber representa 
um direito de recebimento, pois a entidade espera, na data acordada, receber 
dos seus clientes. Logo, a conta de duplicatas a receber possui a capacidade de 
gerar benefícios econômicos, presentes e futuros, pois espera-se a troca de um 
direito de receber por dinheiro em caixa. No entanto, se os clientes, por motivos 
diversos, deixarem de efetuar os pagamentos, ou seja, fiquem inadimplentes, a 
conta de duplicatas de clientes a receber continua com os valores registrados, 
no entanto, diminui o potencial ou capacidade desse direito se transformar em 
dinheiro no caixa. 
Assim, pode-se observar que, mesmo que os valores da conta de 
duplicatas de clientes a receber sejam conhecidos, existem graus de incerteza 
quanto ao recebimento dos clientes, caracterizado como percentuais de 
inadimplência. Entende-se, desse modo, que os graus de incerteza sereferem 
ao potencial dos recursos econômicos da entidade gerarem fluxo de caixa ou 
benefício econômico presente e futuro para a entidade. Mas todos os ativos 
podem apresentar esses graus de incertezas? 
• é um recurso econômico presente controlado pela entidade como resultado 
de eventos passados. 
•RECURSO ECONÔMICO: é um direito que tem o potencial de produzir 
benefícios econômicos.
ATIVO
• Dentro de recurso econômico, a característica que já exista e que, em pelo 
menos uma circunstância, produzirá para a entidade benefícios econômicos 
além daqueles disponíveis para todas as outras partes
Potencial de produzir benefícios econômicos:
 
 
15 
Via de regra, todo elemento, para ser classificado como ativo, deve 
carregar consigo o potencial de produzir benefícios econômicos para a entidade. 
Por exemplo: 
 Bens de troca (estoques) e bens duráveis (imobilizado, máquinas e 
equipamentos para produção). 
Nos dois exemplos, a expectativa desses ativos é de que gerem 
benefícios econômicos presentes ou futuros para a entidade. Por exemplo: 
 Os estoques, que serão trocados por dinheiro (caixa, no caso de vendas 
à vista) ou direitos (vendas a prazo – conta clientes), que se converterão 
em dinheiro em caixa de forma imediata ou em breve (direito). 
 Máquinas e equipamentos do setor produtivo: devido a sua 
capacidade produtiva, irão produzir muitas unidades de produtos 
acabados que serão convertidos em estoques e trocados por direitos ou 
caixa. Observe que, desses ativos, se espera benefícios futuros por um 
ou mais períodos (exercício social). 
Para o CPC 00 (R2) de 2019, os ativos classificados como Direitos 
possuem o potencial de produzir benefícios econômicos e assumem muitas 
formas, como por exemplo direitos de: 
 Receber caixa (duplicatas a receber de clientes); 
 De recuperar tributos; 
 De receber juros de aplicação financeira; 
 De receber produtos ou serviços pagos antecipadamente; 
 De propriedade intelectual, marcas e patentes; 
 Demais direitos sobre ativos de propriedade da entidade. 
De modo geral, a avaliação do grau de incerteza é atrelada à capacidade 
de um direito parar de produzir benefícios futuros. Por exemplo, uma empresa 
do varejo possui uma vasta carteira de clientes, no entanto, no último período, 
observou que um percentual de clientes se enquadrou como inadimplente, ou 
seja, existe uma probabilidade mínima que estes venham a pagar as suas 
dívidas para com a empresa. Nesse caso, a empresa deve manter no total da 
conta clientes os valores que já foram identificáveis como não recebíveis? 
 
 
16 
Para responder a essa pergunta, deve-se primeiramente verificar como a 
norma trata o ativo em questão. As perdas estimadas de clientes são tratadas 
pelo pronunciamento técnico, CPC 48 (item 5.5.15): 
O CPC 48 determina que a entidade deverá reconhecer perdas de 
créditos esperadas para as contas a receber que resultam de 
transações que não contenham componente de financiamento 
significativo ou que contenham esse componente significativo se a 
entidade escolher, como sua política contábil, mensurar as perdas por 
valor equivalente ao que espera não receber desse crédito. Essa 
política poderá ser aplicada de forma generalizada para todas as 
contas a receber ou específica para cada tipo de recebíveis. 
Traduzindo a norma (CPC 48): “quando já esgotados os esforços 
aplicados para receber seus direitos dos clientes, as entidades podem 
reconhecer esses valores como perdas estimadas com clientes e baixar 
como despesas no resultado do período”, de modo que, na conta de clientes 
a receber, fiquem expressos somente os valores correspondentes a direitos 
passíveis de serem recebidos e a empresa possa fazer as estimativas de 
entradas de fluxos de caixa futuros (dinheiro no caixa) em bases confiáveis. 
Em resumo, sempre que um direito perder a capacidade de gerar 
benefícios econômicos futuros, devem ser avaliados os critérios de 
reconhecimento e mensuração desse ativo. O CPC 00 (R2, 2019) discorre 
sobre esse assunto: 
 Um direito pode atender à definição de recurso econômico e, portanto, 
pode ser um ativo, mesmo se a probabilidade de que produzirá benefícios 
econômicos for baixa. 
 Não obstante, essa baixa probabilidade pode afetar decisões sobre quais 
informações fornecer sobre o ativo e como fornecer essas informações, 
incluindo decisões sobre se o ativo é reconhecido e como é mensurado 
(veremos mais sobre esse assunto em outras aulas). 
3.2 Baixa probabilidade de entrada ou saída de benefícios econômicos 
De acordo com o CPC 00 (R2, 2019), um ativo ou passivo pode existir 
mesmo se a probabilidade de entrada ou saída de benefícios econômicos for 
baixa. Considerando a característica da relevância da informação contábil, caso 
identifique-se a baixa probabilidade de entrada ou saída de recursos econômicos 
do caixa de uma entidade, essas informações devem estar contidas nas 
 
 
17 
demonstrações contábeis, mais especificamente em notas explicativas, em 
quadros complementares. 
Veja o exemplo de nota explicativa da empresa natura, na qual é 
informado o não reconhecimento de ativos nas Demonstrações Contábeis e de 
processos que tramitam na justiça, pois não se identificou a probabilidade de 
benefícios para a entidade. 
Figura 4 – Nota explicativa (NE) n. 19 
 
Fonte: Demonstrativos públicos natura Cosméticos S/A, 2018, NE 19, p. 104. 
TEMA 4 – CONFIABILIDADE DA MENSURAÇÃO 
Começamos discorrendo sobre as escolhas das práticas contábeis 
(regimes e critérios), observando que as normas de contabilidade vigentes 
permitem ao contador definir, dentro de bases confiáveis, os critérios de 
reconhecimento e mensuração de ativos, passivos, receitas e despesas, e os 
regimes de contabilização para elaboração dos demonstrativos contábeis. 
4.1 Confiabilidade da mensuração 
O reconhecido de um elemento como ativo, passivo, receita e despesas 
nos demonstrativos contábeis devem ser reconhecidos e mensurados em bases 
confiáveis de valor. Nos ativos, observa-se a geração de benefícios econômicos 
(valor dos recebimentos), e nos passivos, a provável saída de recursos 
econômicos (valor dos pagamentos). O valor que se espera receber de uma ação 
judicial pode se enquadrar nas definições tanto de ativo quanto de receita, assim 
como nos critérios probabilísticos exigidos para reconhecimento. Todavia, se 
não é possível mensurar com confiabilidade o montante que será recebido, ele 
não deve ser reconhecido como ativo ou receita. A existência da reclamação 
 
 
18 
deve ser, entretanto, divulgada nas notas explicativas ou nos quadros 
suplementares (Adriano, 2013, p. 57). 
Em termos gerais, a confiabilidade pode ser definida como o resultado da 
aplicação da base de mensuração de ativo ou passivo e as correspondentes 
receitas e despesas (CPC 00, R2 2019). Um dos principais objetivos da 
contabilidade é gerar informações que sejam confiáveis, relevantes e úteis para 
a tomada de decisão. Para isso, o reconhecimento de um item, para ser 
mensurado com confiabilidade, deve possuir custo ou valor (Gelbcke et al., 
2018). 
O custo ou valor de um elemento, em alguns casos, precisa ser estimado, 
e nesse caso, é necessário analisar o tipo de item para verificar quais bases de 
mensuração de valor podem ser aplicáveis. Os estoques, por exemplo, podem 
ser mensurados pelos seus custos de transformação (no caso de uma indústria), 
ou pelo valor de custo de aquisição e valor de mercado (custo de reposição). 
Vamos estudar esse assunto em outras aulas. O uso de estimativas pode ser 
aplicado, desde que não comprometa a relevância e a confiabilidade da 
informação. 
No entanto, quando não for possível fazer uma estimativa razoável de 
custo ou valor, ou seja, não é possível analisar a probabilidade de entrada ou 
saída de recursos econômicos do caixa da empresa, o item não deve ser 
reconhecido no balanço ou demonstração do resultado,deve ser informado 
somente em notas explicativas. 
Por exemplo: o valor que se espera receber de uma ação judicial pode se 
enquadrar nas definições tanto de ativo quanto de receita, assim como nos 
critérios probabilísticos exigidos para reconhecimento. 
Todavia, se não é possível mensurar com confiabilidade o montante 
(valor) que será recebido, este não deve ser reconhecido como ativo ou receita. 
A existência da reclamação deve ser, entretanto, divulgada nas notas 
explicativas ou nos quadros suplementares (Gelbcke et al., 2018, p. 37). 
Os requisitos básicos para a escrituração contábil consistem na 
identificação de dois critérios, a probabilidade de benefícios econômicos futuros 
e confiabilidade na mensuração. Caso não atenda, somente deve ser informado 
em notas explicativas. 
 
 
 
19 
Figura 4 – Síntese 
 
Saiba mais 
A característica qualitativa confiabilidade foi redenominada na estrutura 
conceitual (CPC 00, R2, 2019) como representação fidedigna e é amplamente 
explorada nas bases de mensuração, que serão estudadas em outras aulas. 
TEMA 5 – CONCEITOS DE CAPITAL E MANUTENÇÃO DE CAPITAL 
Para finalizar nossa aula, vamos tratar de um assunto recorrente no 
mundo dos negócios, o capital e a formação do lucro. 
5.1 Conceitos de capital 
Uma entidade é influenciada pelas suas relações com o ambiente interno 
e externo em que atua e o modo como realiza seus negócios (por meio das 
transações com seus agentes, clientes, fornecedores, governos, funcionários, 
etc.) por meio de contratos. Pode-se dizer ainda que essas relações dependem 
de como a empresa interage com seus capitais e as partes relacionadas. 
Nesse contexto, todas as entidades obtêm sucesso quando conseguem 
agregar valor a seus produtos e serviços ao longo do tempo. Assim, o valor 
gerado ao longo do tempo se manifesta por meio de acréscimos, decréscimos 
ou transformações de capitais causados por suas atividades e produtos (Gelbcke 
et al., 2018). 
As entidades, para operacionalizar suas atividades, fazem uso de 
diversos tipos de capital. Todavia, vamos explorar dois tipos de capital nesta 
aula, nas quais os critérios de reconhecimento, mensuração e aplicação dos 
princípios e normas contábeis se aplicam, o capital físico e o capital financeiro. 
De acordo com Adriano (2018, p. 75): 
Um entidade somente fará o reconhecimento contábil de um item se 
atender a dois critérios: 
O custo puder ser mensurado com confiabilidade 
Existir a probabilidade de que fluam benefícios econômicos futuros 
para a entidade
 
 
20 
Figura 5 – Capital financeiro e físico 
 
Fonte: Adriano, 2018, p. 75. 
 
Os conceitos de capital são dotados de relevância contábil, caracterizados 
pela mensuração e confiabilidade da aplicação dos critérios e escolhas de 
práticas contábeis utilizados para reconhecimentos dos ativos, passivos, receitas 
e despesas e elaboração dos demonstrativos contábeis. 
A contabilidade é, assim, a principal fonte de informação financeira de 
uma entidade. A elaboração dos demonstrativos contábeis, em bases confiáveis 
de mensuração, gera as informações necessárias para análise do capital de giro, 
liquidez, endividamento, rentabilidade, lucratividade entre outros elementos que 
podem ser observados nos demonstrativos contábeis necessários para a 
manutenção do capital, fortalecendo os conceitos e manutenção de capital. 
5.2 Manutenção de capital e determinação do lucro 
O conceito de manutenção de capital é relacionado com a capacidade ou 
os esforços da entidade em manter seu capital, assim como com as bases de 
mensuração (ativos, passivos, receitas e despesas) utilizadas para apuração do 
lucro, as análises de retorno dos investimentos, retorno do capital investido, entre 
outras questões. 
O Quadro 3 apresenta o conceito de capital e sua importância para a 
determinação dos lucros e as bases de mensuração utilizadas. 
 
é adotado na elaboração das demonstrações contábeis, assim como o
dinheiro investido ou o seu poder de compra investido,
é sinônimo de ativos líquidos ou patrimônio líquido da entidade.
CAPITAL FINANCEIRO - MONETÁRIO
é considerado como a capacidade produtiva da entidade, baseada, por
exemplo, nas unidades de produção diária.
é sinônimo de capacidade operacional da entidade.
CAPITAL FÍSICO
 
 
21 
Quadro 3 – Conceitos de manutenção de capital 
MANUTENÇÃO CAPITAL FINANCEIRO - 
MONETÁRIO 
CAPITAL FÍSICO 
DETERMINAÇÃO 
DO LUCRO 
O lucro é auferido somente se o 
montante financeiro (ou dinheiro) 
dos ativos líquidos no final do 
período exceder o montante 
financeiro (ou dinheiro) dos ativos 
líquidos no início do período. 
O lucro é auferido somente se a 
capacidade produtiva física (ou 
capacidade operacional) da 
entidade (ou os recursos ou fundos 
necessários para alcançar essa 
capacidade) no final do período 
exceder a capacidade produtiva 
física no início do período. 
BASE DE 
MENSURAÇÃO 
Não requer o uso de base de 
mensuração específica, depende 
do tipo de capital financeiro que a 
entidade está buscando manter. 
Requer a adoção do custo 
corrente. 
Fonte: CPC 00 (R2), 2019. 
A manutenção do capital financeiro tem como premissa que o capital da 
Entidade é o meio de geração futura de riquezas. É associado ao capital 
investido na entidade e na expectativa de retornos líquidos do patrimônio líquido 
por parte dos investidores, representado pela seguinte equação: 
Figura 6 – Equação 1 
 
Por sua vez, a manutenção do capital físico da entidade está 
relacionada com a necessidade de reinvestimento constante do capital de giro 
da entidade de forma natural, ou seja, pela sua capacidade produtiva 
representada pelas atividades operacionais (compra, produção e venda, por 
exemplo). 
Figura 7 – Equação 2 
 
Patrimônio 
Líquido 
Final
Patrimônio 
Líquido 
Inicial
Resultado
Produção 
Final
Produção 
Inicial
Resultado
 
 
22 
Esse conceito é consistente com o princípio da continuidade e reconhece 
a necessidade de a empresa efetuar a reposição de seus ativos em valores 
correntes (Santos, 1994), sem a necessidade de buscar capital financeiro 
externo para se manter. Parte do pressuposto que uma entidade deve ser 
autossuficiente para se manter em continuidade. 
Para o CPC 00 (R2, 2019), a diferença principal entre os dois conceitos 
de manutenção de capital é o tratamento dos efeitos das mudanças nos preços 
dos ativos e passivos da entidade. A entidade terá mantido o seu capital se 
tiver tanto capital no fim do período quanto tinha no início do período. 
Qualquer valor acima daquele necessário para manter o capital no início do 
período representa lucro. 
TROCANDO IDEIAS 
Nesta aula, foram estudados os requisitos necessários para o 
reconhecimento contábil, e um dos elementos estudados se refere à escolha da 
prática contábil para a apuração dos resultados das entidades, como os regimes 
de competência e de caixa. Embora o regime de caixa seja permitido somente 
para fins de prestação de contas e fiscal para microempresas, este traz inúmeras 
implicações negativas, por exemplo, compromete a eficácia dos controles de 
valores a pagar e a receber em períodos futuros (analise dos fluxos de caixa 
futuros da entidade). 
Nesse sentido, sugiro que verifique na empresa que trabalha ou que 
conhece o regime de escrituração contábil adotado e discuta no fórum, com seus 
colegas, as implicações do regime de caixa em paralelo com o regime adotado 
pela empresa analisada. 
NA PRÁTICA 
Sobre os regimes de escrituração contábil, os conceitos de momento 
econômico e momento financeiro são distintos. O momento econômico provoca 
alterações no patrimônio quando ocorre (regime de competência), e o momento 
financeiro só modifica o patrimônio quando há entradas ou saídas de dinheiro 
(regime de caixa). 
 
 
23 
Sobre os regimes de escrituração contábil, analise os elementos a seguir 
e classifique-os em momento financeiro ou momento econômico1.(1) Momento financeiro 
 
(2) Momento econômico 
 
( ) Recebimento do auto de infração; 
( ) Prestação de serviços contábeis; 
( ) Pagamento do 13º salário dos 
funcionários; 
( ) Recebimento de clientes; 
( ) Vendas a prazo; 
Assinale a opção que contém a associação correta: 
A - 1, 2, 2, 1, 2 
B - 2, 1, 2, 2, 1 
C - 2, 1, 2, 1, 1 
D - 1, 2, 1, 1, 2 
E - 1, 2, 2, 1, 2 
FINALIZANDO 
Para finalizar nossa aula, vamos fazer um resumo geral do que estudamos 
e observar que os questionamentos iniciais foram respondidos na medida em 
que os tópicos foram apresentados. 
Observamos que esta aula teve como ponto central os requisitos 
necessários para o reconhecimento contábil, com destaque para a confiabilidade 
da mensuração. Abordamos ainda o ambiente de atuação dos negócios que 
caracterizam uma “entidade contábil”, o regime de competência, probabilidade 
de futuros benefícios econômicos e finalizamos com os conceitos de capital e 
manutenção do capital de uma entidade. 
 
 
1 O gabarito para essa questão pode ser encontrado ao final deste material, após a seção Referências. 
 
 
24 
REFERÊNCIAS 
ADRIANO, S. Manual dos Pronúncias Contábeis Comentados. Minha 
Biblioteca. Disponível 
em: <https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788597016079/ 2018>. 
Acesso em: 21 maio 2020. 
COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. CPC 00 (R2) - Estrutura 
Conceitual para Relatório Financeiro, 2019. Disponível em: 
<http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos>. Acesso 
em: 21 maio 2020. 
GELBCKE, E. R. et al. Manual de contabilidade societária: aplicável a todas 
as sociedades de acordo com as normas internacionais e do CPC. 2018. 
MARION, C. J. Contabilidade Básica. Grupo Gen, 2017. Disponível em: 
<https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788597018103>. Acesso 
em: 21 maio 2020. 
PADOVEZE, C. L. Contabilidade geral facilitada. Grupo Gen-Editora Método 
Ltda., 2017. 
SANTOS, N. dos. Aspectos relacionados com o lucro passível de distribuição e 
a manutenção do capital da empresa. Cad. estud., São Paulo, n. 10, p. 1-13, 
Maio 1994. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S1413-
92511994000100003>. Acesso em: 21 maio 2020. 
KPMG A. Demonstrações Financeiras Individuais e Consolidadas: Natura 
Cosméticos S.A (2018). Disponível em: 
<https://natu.infoinvest.com.br/ptb/6877/Demonstraes_financeiras_Completas.p
df>. Acesso em: 21 maio 2020. 
 
 
 
25 
GABARITO 
A resposta correta é D - 1, 2, 1, 1, 2 
(1) Recebimento do auto de infração; 
(2) Prestação de serviços contábeis; 
(1) Pagamento do 13º salário dos funcionários; 
(1) Recebimento de clientes; 
(2) Vendas a prazo;

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