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Modulo Psic. Geral 2013

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5 
INTRODUÇÃO 
Quando falamos de um curso superior, estamos nos referindo, indirectamente, a uma Academia 
de Ciências, já que qualquer Faculdade nada mais é do que o local próprio da busca incessante 
do saber científico
1
. Este trabalho não tem a pretensão de abranger todas as questões envolvidas 
em Psicologia. Trata-se, tão-somente, de uma contribuição para consulta por parte dos 
estudantes dos cursos de Licenciatura, a decorrer na UP-Nampula. Pode também servir de 
instrumento de consulta a outros interessados em saber um pouco mais sobre Psicologia, esta 
ciência que se ocupa do estudo do Comportamento humano. Os aprofundamentos teóricos ou 
práticos poderão ser buscados nos materiais sugeridos na bibliografia no final deste trabalho, 
assim como em outros recursos. 
A estrutura deste trabalho, por si só, serve de modelo para um trabalho realizado em sala de aula. 
Além disso, procura-se apresentar e explicar as regras para cada parte de um trabalho científico. 
Dada a complexidade dos temas e fenómenos psicológicos, os conteúdos apresentados nesta 
sebenta são abordados de uma maneira sintética visando facilitar a leitura e interpretação dos 
mesmos. 
A sebenta foi elaborada respeitando os programas curriculares de Psicologia, da UP, orientando-
se para o alcance dos seguintes objectivos: Conhecer a diferença entre a Psicologia do senso 
comum e a Psicologia Científica: objecto, métodos, ramos da psicologia, assim como áreas de 
aplicação dos conhecimentos psicológicos; conhecer a evolução do pensamento psicológico (as 
três grandes fases da evolução da Psicologia); relacionar a psicologia com outras áreas de 
conhecimento; saber os fundamentos biológicos, sociais, genéticos do comportamento; 
surgimento da consciência, teorias do psiquismo; definir o conceito de desenvolvimento, seus 
factores; desenvolvimento psicossexual; psicossocial; cognitivo e moral; compreender as teorias 
da personalidade e suas propriedades individuais; conhecer os processos psíquico cognitivo; 
dominar conhecimentos referentes à esfera emocional, sentimental da personalidade; caracterizar 
o grupo, o colectivo e as relações sociais e interpessoais dentro do grupo social. 
Segundo afirmou-se, a sebenta está organizado de forma que facilite a consulta, obedecendo a 
lógica de agrupamento temático dos conteúdos. 
 
1
 J.L. de Paiva Bello. Metodologia científica. 2004 
 6 
Visão Geral da Disciplina 
Unidade Temática (Conteudos) Horas 
Contacto Estudo Independente 
Psicologia como Ciência 
 Pensamento Psicológico antes e depois do 
séc. XVIII; 
 Métodos, princípios, objecto e estrutura 
da Psicologia; 
 Psicologia do senso comum e Psicologia 
Científica. 
 
 
3 
 
 
7 
Desenvolvimento do Psíquico e da 
Consciência Humana 
 O homem como unidade bio-psico-sócio-
cultural; 
 Fundamentos biológicos da conduta; 
 Psicofisiologia do sistema nervoso; 
 O papel da hereditariedade e do meio na 
conduta; 
 Desenvolvimento filogenético do 
psíquico e suas teorias; 
 Surgimento da consciência no processo 
da 
Actividade humana. 
 
 
 
 
7 
 
 
 
 
5 
Psicologia Evolutiva e da Personalidade 1. 
 Conceito de desenvolvimento; 
 Factores de desenvolvimento e de 
crescimento; 
 Desenvolvimento e a socialização; 
 Desenvolvimentos (cognitivo, 
psicossocail, psicosexual e 
moral). 
 
 
8 
 
 
10 
Psicologia Evolutiva e da Personalidade 2. 
 Conceito de personalidade e sua estrutura; 
 Factores gerais que influenciam a 
Personalidade; 
 Teorias da Personalidade; 
 
8 
 
10 
 7 
 Propriedades individuais da 
Personalidade 
Processos Psíquicos Cognitivos. 
 Conceito de sensação, percepção, 
memória, pensamento e 
imaginação; 
 Leis, características, propriedades ou 
particularidades dos 
processos psíquicos; 
 Teorias dos processos psíquicos ; 
 Mecanismos fisiológicos dos processos 
psíquicos; 
 Tipos de processos psíquicos; 
 Perturbaçãoes dos processos psíquicos; 
 Pensamento e linguagem suas relações, 
aquisição e 
desenvolvimento. 
 
 
 
 
12 
 
 
 
 
10 
Esfera Emocional, Sentimental e Volitiva 
da Personalidade. 
 Conceitos de sentimento, emoções e 
vontade; 
 Bases fisiológicas dos sentimentos, 
emoções e vontade; 
 Funções dos sentimentos, emoções e 
vontade; 
 Características das emoções dos 
sentimentos e da vontade; 
 Teorias e tipos das emoções, sentimentos 
e da vontade; 
 Perturbações da vontade, dos sentimentos 
e das emoções; 
 Diferenças entre emoções humanas dos 
animais. 
 
 
 
 
 
10 
 
 
 
 
 
10 
Total 48 52 
 
 8 
Unidade 1: A PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA 
 
 1. Ciência e Senso Comum 
Antes de iniciarmos o estudo da Psicologia (nosso propósito neste trabalho), mostra-se 
importante apresentarmos de forma breve uma visão básica sobre ciência, para que possamos 
compreender a Psicologia como ramo científico. 
Conhecer é incorporar um conceito novo, ou original, sobre um fato ou fenómeno qualquer. O 
conhecimento não nasce do vazio e sim das experiências que acumulamos em nossa vida 
quotidiana, através de experiências, dos relacionamentos interpessoais, das leituras de livros e 
artigos diversos. 
Entre todos os animais, nós, os seres humanos, somos os únicos capazes de criar e transformar o 
conhecimento; somos os únicos capazes de aplicar o que aprendemos, por diversos meios, numa 
situação de mudança do conhecimento; somos os únicos capazes de criar um sistema de 
símbolos, como a linguagem, e com ele registar nossas próprias experiências e passar para outros 
seres humanos. Essa característica é o que nos permite dizer que somos diferentes dos gatos, dos 
cães, dos macacos, dos leões, e outros animais considerados irracionais; precisamente porque 
não têm a capacidade pensante, que caracteriza o homem. 
Ao criarmos este sistema de símbolos, através da evolução da espécie humana, permitimo-nos 
também ao pensar e, por consequência, a ordenação e a previsão dos fenómenos que nos cerca. 
Existem diferentes tipos de conhecimentos: 
 
1.1. O senso comum: conhecimento da realidade 
Existe um modo de vida que pode ser entendido como a vida por excelência: é a vida do 
quotidiano. É no quotidiano que tudo flúi, que as coisas acontecem, que nos sentimos vivos, que 
sentimos a realidade. 
Quando fazemos ciência baseamo-nos na realidade quotidiana e pensamos sobre ela. O 
conhecimento do quotidiano (senso comum) e o conhecimento científico aproximam-se e 
afastam-se contemporaneamente. Aproximam-se enquanto a ciência se refere á realidade e 
 9 
afastam-se enquanto a ciência abstrai a realidade para compreender melhor, isto é, transforma a 
realidade em objecto de investigação permitindo a construção do conhecimento científico sobre 
o real. 
Sem o conhecimento intuitivo, espontâneo, de tentativa e erros, a nossa vida quotidiana não teria 
o devido sentido, de vida. 
A esta experiência acumulada no quotidiano chamamos de senso comum, ou seja, é o 
conhecimento intuitivo, espontâneo, de tentativas e erros que facilitam a nossa vida no dia-a-dia. 
(imaginemos ter que pensar sempre que atirando algo da janela cai; que o carro em velocidade se 
aproxima, etc.). Esta experiência torna-se hábito e passa de geração em geração e assim o senso 
comum vai construindo suas «teorias» médicas, físicas, psicológicas (poder de persuasão de um 
vendedor, um amigo que escuta bem, etc.). 
O conhecimento intuitivo não é suficiente para as exigências do desenvolvimento humano; 
Os gregos, por volta do século 4 a.C. já dominavam complicados cálculos matemáticos, ainda 
hoje difíceis, mas eles precisavam entender para resolver problemas arquitectónicos, navais, 
agrícolas, etc. Com o tempo tais conhecimentos especializaram-se, até atingirem um nível de 
satisfação que permitiu ao Homem de atingir a lua. A este tipo de conhecimento, que 
definiremos com mais cuidado logo adiante, chamamos de Ciência.Deste modo foram-se 
constituindo várias áreas de conhecimento, entre as quais podemos citar: 
 Filosofia - Forma mais geral de perceber e compreender a natureza.. A especulação em 
torno deste tema forneceu um corpo de conhecimentos denominados de filosofia. A 
Filosofia é fruto do raciocínio e da reflexão humana. É o conhecimento especulativo 
sobre fenómenos, gerando conceitos subjectivos. Busca dar sentido aos fenómenos gerais 
do universo, ultrapassando os limites formais da ciência. Leis mais gerais sobre os 
componentes do conhecimento, por exemplo os gregos se preocuparam com a origem e o 
significado da existência humana 
 Religião - Formulação de um conjunto de conhecimentos sobre a origem do Homem, 
seus mistérios, princípios morais. A fonte destas tradições e crenças é a Bíblia (registo do 
conhecimento religioso judaico-cristão), base da conduta para muitos, diferente da 
história. É um conhecimento revelado pela fé divina ou crença religiosa. Não pode, por 
 10 
sua origem, ser confirmado ou negado. Depende da formação moral e das crenças de 
cada indivíduo. 
 Ciência (Conhecimento Científico) - procura conhecer, além dos fenómenos, suas 
causas e leis. É o conhecimento racional, sistemático, exacto e verificável da realidade. 
Sua origem está nos procedimentos de verificação baseados na metodologia científica. 
 Arte - traduz a emoção, o belo e a sensibilidade, na pré-história encontramos desenhos 
do corpo humano nas paredes das cavernas que exprimiam tal sensibilidade e emoção. 
 Ética (moral) - valores morais, normas de conduta. 
Ciência, Arte, Ética, Religião, Filosofia, e Senso Comum são domínios do conhecimento 
humano. Nosso objectivo é definir a Psicologia como ciência. Para tal constitui imperativo 
analisar o que é ciência?”, para que possamos compreender a psicologia como ciência. 
 
1.2. Evolução da Ciência Psicológica 
1.2.1. Os Grandes Períodos de Evolução da Psicologia 
Pode-se considerar três grandes períodos/fases da evolução da psicologia. 
i. Fase filosófica 
É a fase relacionada com a Ética e a Filosofia. Compreendia o estudo da natureza dos reflexos da 
mente e da alma. Era um saber especulativo, de carácter racional. Os filósofos explicavam os 
fenómenos da natureza (formação de cosmos e origem do próprio Homem) de forma mitológica. 
O saber psicológico estava envolto à vasta área do conhecimento filosófico, portanto, 
classificado como especulativo, por não poder provar suas conclusões. 
 
ii. Fase pré-científica (psicologia empírica) 
Dedicava-se ao estudo dos factos psíquicos que eram interpretados com base na experiência do 
dia-a-dia, isto é, do quotidiano vivido. É nesta fase que se abre o caminho para a cientificidade 
da psicologia. A interpretação e consequente conhecimento dos fenómenos psíquicos eram 
 11 
fundamentadas em parte pelo saber filosófico, influenciado pela experiência quotidiana (social e 
reflexão sistemática) dos cientistas. 
 
iii. Fase científica 
Estuda os fenómenos e processos psíquicos, descreve-os, explica e estabelece as relações causa-
efeito. Nesta fase a psicologia torna-se ciência autónoma: define o seu objecto de estudo, 
métodos e técnicas próprias, leis e princípios que regem o estudo da psicologia, utiliza uma 
linguagem rigorosa e determina os seus objectivos e finalidades. 
Contribuiu de forma marcante para a cientificação da Psicologia a institucionalização, pelo 
psicofisiologista alemão Wilhelm Wundt, em 1879, de um laboratório de Psicologia, na cidade 
alemã de Leipzig. O laboratório permitiu o desenvolvimento de métodos de estudo próprios, a 
reverificação do objecto de estudo, e consequente afirmação de seu conceito como ciência que 
estuda os fenómenos psíquicos, ou simplesmente, estudo do comportamento. 
1.3. O Pensamento Psicológico Antes e Depois do Século XVIII 
1.3.1. Psicologia e História 
Por de trás de qualquer produção humana material ou espiritual (cadeira, computer, religião), 
existe sempre uma história 
Cada um tem uma história pessoal, longa ou curta, a psicologia tem cerca de dois mil anos de 
história 
Para compreender a psicologia é necessário compreender a sua história, história essa que está 
ligada a cada momento histórico, ás exigências do conhecimento da humanidade, as demais áreas 
de conhecimento humano e aos novos desafios colocados pela realidade económica e social e 
pela insaciável necessidade do Homem de compreender a si mesmo. 
 
1.3.2. A Psicologia entre os Gregos 
É entre os filósofos gregos que surge a primeira tentativa de sistematizar uma psicologia. De 
facto, os avanços permitem que os cidadãos se ocupem de coisas do espírito, como a filosofia e a 
 12 
arte – homens como, Sócrates, Platão, Hipócrates e Aristóteles dedicam-se a compreender esse 
espírito empreendedor do conquistador grego, ou seja, a Filosofia começou a especular o 
Homem e a sua interioridade. O próprio termo Psiché= alma e logos= logos (razão), portanto 
etimologicamente Psicologia significa estudo da alma. 
 
Filósofos pré-socráticos - preocupam-se em definir a relação do Homem com o mundo através 
da PERCEPÇAO = o mundo existe porque o Homem o vê ou o Homem vê o mundo que já 
existe – oposição entre idealistas (a ideia forma o mundo) e materialistas (a matéria que forma 
o mundo já dada para a percepção). 
Sócrates (496-399 a.C.) 
Com ele a Psicologia na antiguidade ganha consistência: segundo Sócrates o que distingue o 
Homem do animal é a RAZÃO porque permite ao Homem de sobrepor-se aos instintos, que 
seriam a base da irracionalidade – definindo a razão como essência e peculiaridade do Homem, 
Sócrates abre um caminho que será explorado pela Psicologia: fruto desta reflexão são por 
exemplo, as Teorias da consciência que de certa forma são resultado desta sistematização na 
Filosofia. 
Platão (427-347 a.C.) 
Discípulo de Sócrates, procura o «lugar» para a razão no nosso corpo (cabeça), onde se encontra 
a ALMA do Homem. A medula será o elemento de ligação da alma com o corpo - este elemento 
era necessário porque Platão concebia a alma separa do corpo (dualismo). Quando alguém 
morria a matéria (corpo) desaparecia, mas a alma ficava livre para ocupar outro corpo 
(reincarnação). 
Hipócrates e a Teoria dos Humores (496-361 a.C.) 
Uma análise mais acurada das diferenças individuais, estreitamente ligadas a uma reflexão mais 
sistemática na relação mente-corpo, foi feita com Hipócrates de Cosmes. Médico e a sua ciência 
era finalizada á medicina, mas, enquanto filósofo, funda uma verdadeira e própria ciência do 
Homem onde confluíram observações sociológicas, psicológicas e fisiológicas. O contínuo 
esforço de síntese e de sistematização de tais observações não tiveram precedentes na história do 
 13 
pensamento humano e permanecerão em seguida apreciados por um período de 20 séculos. 
Todavia, a medicina hipocrática passou na história como aquela que se baseava na teoria dos 
quatro humores. 
Hipócrates defende que existem 4 humores no corpo humano: o sangue, a fleuma, a bílis 
amarela e a bílis preta. Segundo a prevalência de cada um destes elementos sobre o outro a 
pessoa desenvolverá um certo temperamento que poderá ser respectivamente: sanguíneo, 
fleumático, colérico e melancólico e também vários tipos de predisposições á doença. O 
Homem é «são» quando estes humores estão «reciprocamente bem temperados por propriedade e 
quantidade» e a mistura é completa. Contrariamente a isto o Homem é doente quando existe 
excesso ou defeito destes elementos. 
Mais importantes ainda são os seus estudos neurológicos. Numa das suas obras afirma que o 
cérebro é o órgão mais potente do corpo e que os órgãos de sentido actuam em base á sua 
capacidade de discernimento. Ainda nesta obra Hipócrates descreve os delírios e alucinações e 
afirma na dependência de anomalias das faculdades intelectuais dos traumas cranianos. 
Com estas afirmações, Hipócrates põe em relevo uma concepção quese está afirmando no 
pensamento grego, isto é, que o Homem é parte da natureza e pode ser estudado com os métodos 
da ciência natural. Esta concepção encontrou a sua expressão mais forte em Aristóteles. 
Aristóteles (384-322 a.C.) 
Discípulo de Platão, foi um dos mais importantes pensadores da história da filosofia – superou o 
dualismo da dissociação entre a alma e o corpo (inovação). Para ele a psyché era o princípio 
activo da vida, isto é, tudo aquilo que cresce, se reproduz e alimenta possui a sua psyché ou alma 
(vegetação, animais, Homem, possuem alma: 
 alma vegetativa – vegetais: função reprodutiva e alimentar 
 alma sensitiva – animais: função de percepção e movimento 
 vegetativa, sensitiva + racional – função pensante 
Aristóteles estuda as diferenças entre a razão, percepção e sensações, estudo sistematizado no 
“Da Anima” o qual pode ser considerado o primeiro tratado de Psicologia. 
 14 
Portanto, 2300 anos antes do advento da Psicologia Científica, os gregos já haviam formulado 
duas “Teorias”: Platónica – que postulava a imortalidade da alma e a concebia separada do 
corpo, e a Aristotélica – que afirmava a mortalidade da alma e a sua relação de pertecimento ao 
corpo. 
 
1.3.3. A Psicologia no Império Romano 
O império romano nasce às véspera da era cristã, domina parte da Grécia, Europa e do Oriente 
Médio 
Característica deste período é o advento do cristianismo. Força religiosa que passa á força 
política dominante que não obstante as invasões barbarias de 400 d.C., que levam á degradação 
territorial e económica, o cristianismo sobrevive e até se fortalece, tornando-se a religião 
principal da Idade Média, período que então se iniciara: 
Falar da psicologia neste período é relacionada ao conhecimento religioso, o qual dominando o 
poder económico e político monopolizava também o saber e, consequentemente o estudo do 
psiquismo. 
Santo Agostinho (354-430 d.C.) 
Inspirado em Platão faz cisão entre corpo e alma, a diferença para ele é que a alma, não é 
somente a sede da razão mas também a prova de uma manifestação divina no Homem. A alma 
era imortal por ser o elemento que liga o Homem á Deus e sendo a alma também a sede do 
pensamento a Igreja passa a se preocupar também com a sua compreensão. 
São Tomas de Aquino (1225-1274) 
Vive numa período que preanuncia a ruptura da Igreja católica, o advento do protestantismo – 
época que prepara a transição para o capitalismo, com a revolução francesa e a revolução 
industrial na Inglaterra. Perante esta crise social e económica a Igreja devia encontrar novas 
justificações em relação ao conhecimento como a relação com Deus e o Homem. São Tomas 
d’Áquino foi buscar em Aristóteles a distinção entre essência e existência – como Aristóteles, ele 
considera que o Homem, na sua essência, busca a perfeição através da sua existência mas 
 15 
introduzindo o ponto de vista religioso, ao contrário de Aristóteles, afirma que somente Deus 
seria capaz de reunir a essência e a existência, em termos de igualdade. Portanto, a busca da 
perfeição do Homem seria a busca de Deus. 
S. Tomás encontra argumentos racionais para justificar os dogmas da Igreja e continua 
garantindo para ela o monopólio do estudo do psiquismo. 
 
1.3.4. A Psicologia do Renascimento 
+ 1200 depois da morte de S. Tomás inicia uma época de transformações radicais no mundo 
europeu: RENASCIMENTO ou RENASCENCA – o mercantilismo, e a descoberta de novas 
terras (América, Índia, Rota pacífica) propicia a acumulação das riquezas para a Franca, Itália, 
Inglaterra, Franca, Espanha. Na transição para o capitalismo emerge nova forma de organização 
social e económicas, dá-se também um processo de valorização do Homem. 
As transformações ocorrem no sector humano: 
+ 1300 Dante escreve a “Divina Comédia” 
+ 1475-1478 - Leonardo da Vinci pinta o ”quadro da Assunção” 
+ 1513 – Maquiavel escreve o “Príncipe”, obra clássica da política 
 Alguns marcos que definiram o avanço da ciência: 
 1543 – Copérnico mostra que o nosso planeta não é o centro do universo 
 1610 Galileu estuda a queda dos corpos, realizando as primeiras experiências da física 
moderna – avanço que principia o inicio da sistematização do conhecimento científico 
- começam a estabelecer-se métodos e regras básicas para a construção de 
conhecimento científico. 
René Descartes (1596-1659) 
um dos filósofos que mais contribuiu para o avanço da ciência postula a separação entre a mente 
(alma, espírito) e corpo, afirmando que o Homem possui uma substancia material e uma 
substancia pensante e que o corpo, desprovido do espírito era somente uma máquina - 
dualismo corpo e mente que torna possível o estudo do corpo humano morto, o que era 
 16 
impensável nos séculos anteriores (o corpo era considerado sagrado pela Igreja, por ser a sede da 
alma) e dessa forma possibilita o avanço da anatomia e da fisiologia que inicia a contribuir muito 
para o progresso da Psicologia. 
 
1.4. A Origem da Psicologia Científica 
No século XIX, o papel da ciência torna-se necessário devido ao crescimento na ordem 
económica – CAPITALISMO que traz a INDUSTRIALIZAÇÃO. A ciência deve dar novas 
respostas e soluções práticas no campo da técnica. Para melhor compreensão, analisemos as 
características da sociedade nalgumas fases do desenvolvimento influenciadas pela política 
social e económica: 
 
1.4.1. PERÍODO FEUDAL: 
Caracteriza-se pela: 
 Produção de subsistência 
 Relação Senhor feudal – servo 
 Sociedade estável 
 Papéis eram baseados no sexo 
 Hierarquia – base de verdade; centralização do poder; 
Esse mundo fechado é o universo finito, reflectia e justificava a hierarquia social 
inquestionável do fundo. 
 
1.4.2. PERÍODO CAPITALISMO 
Põe o mundo em movimento com a necessidade de abastecer os mercados e produzir mais 
algumas características desta fase: 
 Buscou nova matéria – prima na natureza 
 17 
 Criou novas necessidades; questiona as hierarquias para derrubar a nobreza e o clero 
dos seus lugares há séculos estabelecidos 
 O universo também foi posto em movimento, o sol tornou-se o centro do universo, que 
passou a ser visto sem hierarquização; 
 Superou-se o antropocentrismo (o Homem – centro do universo), passando a ser visto 
um ser livre, capaz de construir o futuro; 
 O servo, liberto do seu vínculo com a terra pode escolher seu trabalho e seu lugar 
social 
 O capitalismo torna todos os Homens consumidores, em potências das mercadorias 
produzidas 
 O conhecimento tornou-se livre, independente da fé, os dogmas da Igreja foram 
questionados e a racionalidade do Homem apareceu como a grande possibilidade de 
construção do conhecimento. 
 
1.4.3. A BURGUESIA: 
O Capitalismo traz como consequência a formação de uma nova classe, a burguesia, com as 
seguintes características: 
 Disputa o poder e surge como nova classe social e económica 
 Defende a emancipação do Homem para emancipar-se também 
 Era preciso quebrar a ideia do universo estável, para poder transformá-lo, era preciso 
questionar a NATUREZA para viabilizar a sua exploração em busca de matérias-
primas – condições materiais para o desenvolvimento da ciência moderna: 
CONHECIMENTO COMO FRUTO DA RAZÃO 
 Possibilidade de desvendar a natureza e leis de observação rigorosa e objectiva – não 
mais submetidos a leis ou dogmas religiosos ou pela actividade eclesial e portanto 
sentiu-se a necessidade da ciência: 
 18 
A possibilidade de realizar trabalhos de pesquisa mais aprofundados, que exigiam algum tipo de 
suporte financeiro (só possível com a classe dos burgueses) fez com que surgissem novos 
contornos nas diversas áreas do saber. São exemplos disso: 
 Surge Charles DARWIN – enterra o antropocentrismo com a sua tese evolucionista. 
(teoria da evolução das espécies – selecção natural). 
 HEGEL – sublinha a importância da história para a compreensão humana – a ciência 
avança e se torna referencial parao mundo – verdade procurada na ciência; a própria 
filosofia adapta-se aos tempos. 
 Augusto COMTE - com o seu Positivismo, postula a necessidade de maior rigor 
científico na construção dos conhecimentos nas ciências humanas, desse modo 
propunha o método das ciências naturais: física, como modelo de construção do 
conhecimento 
 
Consequências 
Na metade do século XIX temas e problemas até então estudados pelos filósofos passam a ser 
estudados pela fisiologia, neurofisiologia em particular – formulação de teorias dobre o SNC, 
demonstrando que o pensamento, as percepções e os sentimentos humanos eram produtos deste 
sistema. 
O capitalismo trouxe uma “máquina” - criação fantástica que determinou a forma de ver o 
mundo ( o mundo visto como uma máquina), o mundo como um relógio, todo o universo como 
se fosse uma máquina, isto é, que podemos conhecer o seu funcionamento, a sua regularidade, as 
suas leis, uma forma de pensar que atingiu as ciências humanas, facto que, para se conhecer o 
psiquismo humano passa a ser necessário compreender o mecanismo e o funcionamento da 
máquina de pensar do Homem: o CÉREBRO! 
Assim a psicologia começa a trilhar os caminhos da fisiologia, da neuroanatomia e da 
neurofisiologia. 
Resultado disso, em 1846, a Neurologia descobre que a doença mental é fruto da acção directa 
ou indirecta de diversos factores sobre as células cerebrais; Neuroanatomia descobre que a 
actividade motora nem sempre está ligada á consciência para não estar necessariamente na 
 19 
dependência dos centros cerebrais superiores, p.ex. quando alguém queima a mão na chapa 
quente, primeiro tira a mão para depois perceber o que aconteceu, fenómeno denominado 
reflexo, e o estímulo que chega a medula espinhal, antes de chegar aos centros cerebrais 
superiores, recebe uma ordem para a resposta, que é tirar a mão; caminho natural dos 
fiosologistas, estudo da fisiologia do olho e a percepção das cores – fenómenos psicológicos. 
Foram importantes os estudos do psicofisiologista russo Ivan PAVLOV sobre o reflexo 
condicionado. 
Em 1860 é formulada uma lei no campo da psicofísica, a lei de Fechner–Weber que estabelece 
a relação estímulo – sensação, permitindo a sua mensuração – aumento da intensidade de uma 
luz e o seu efeito – com esta lei os fenómenos psicológicos vão adquirindo status científicos, 
porque, para a concepção da ciência da época o que não era mensurável, não era possível de 
estudo científico 
Wilhelm Wundt (1832-1926), da Universidade de Leipzig, na Alemanha, cria um laboratório 
para realizar experimentações na área da psicofísiologia – por este facto e da extensa produção 
teórica na área é considerado o Pai da Psicologia Moderna, Psicologia científica. 
Em resultados de seus estudos Wundt desenvolve a concepção de: 
 Paralelismo psicofísico: aos fenómenos mentais correspondem fenómenos 
orgânicos, por exemplo, estimulação física: picada de agulha na pele teria uma 
correspondência na mente deste indivíduo. 
 Método: para explorar a mente ou a consciência do indivíduo, Wundt, cria um 
método que denomina introspecionismo – o experimentador pergunta ao sujeito, 
especialmente treinado para a auto-observação, os caminhos percorridos no seu 
interior por uma sensorial (a picada de agulha por exemplo). 
 
1.5. A CIÊNCIA 
Como as explicações mágicas, baseadas no senso comum, não bastavam para compreender os 
fenómenos, os seres humanos evoluíram para a busca de respostas através de caminhos que 
pudessem ser comprovados. Desta forma, nasceu a ciência, metódica, que procura sempre uma 
aproximação com a lógica. 
 20 
O ser humano é o único animal na natureza com capacidade de pensar. Esta característica 
permite que os seres humanos sejam capazes de reflectir sobre o significado de suas próprias 
experiências. Assim sendo, é capaz de novas descobertas e de transmiti-las a seus descendentes. 
O desenvolvimento do conhecimento humano está intrinsecamente ligado à sua característica de 
viver em grupo, ou seja, o saber de um indivíduo é transmitido a outro, que, por sua vez, 
aproveita-se deste saber para somar outro. Assim evolui a ciência. 
Ciência: do latim «scire» que significa conhecimento, pode ser definida como o conjunto de 
conhecimentos sobre factos ou aspectos da realidade (objecto de estudo) expresso por meio de 
uma linguagem precisa e rigorosa. Esses conhecimentos devem ser obtidos de forma: 
Características da Ciência 
A Ciência é racional, sistemática, exacta e verificável da realidade. Sua origem está nos 
procedimentos de verificação baseados na metodologia científica. Podemos então dizer que o 
Conhecimento Científico: 
- É racional e objectivo. 
- Atém-se aos fatos. 
- Transcende aos fatos. 
- É analítico. 
- Requer exactidão e clareza. 
- É comunicável. 
- É verificável. 
- Depende de investigação metódica. 
- Busca e aplica leis. 
- É explicativo. 
- Pode fazer predições. 
- É aberto. 
- É útil (Galliano, 1979, apud Paiva Bello, 2004;s/p). 
A ciência é um processo; facto que um novo conhecimento é produzido sempre a partir de algo 
anteriormente desenvolvido onde negam-se, reafirmam-se, descobrem-se novos aspectos, e 
assim a ciência avança; 
 21 
A Ciência deve verificar a objectividade; suas as conclusões devem ser passíveis de verificação 
e isentas de emoções, para tornarem-se válidas para todos. 
A Ciência possui objecto específico, linguagem rigorosa/técnica; possui métodos e técnicas 
específicas, 
O processo cumulativo do conhecimento, objectividade fazem da ciência uma forma de 
conhecimento que supera em muito o senso comum = características que permitem que 
denominemos científico a um conjunto de conhecimentos. 
Não existe um divisor nítido entre o conhecimento empírico e científico, visto que a pesquisa 
científica não se realiza no «vácuo intelectual», mas sempre está mergulhada em um contexto – 
o conhecimento científico nasce, em última instância, de problemas observados e acontecimentos 
encontrados na experiência humana. 
 
1.5.1. Objectivos/propósitos da Ciência 
1. oferecer uma explanação objectiva, factual e útil do universo. Neste caso, ela procura 
uma explanação verificável dos fenómenos naturais e sociais, diferentes, pois, da 
abordagem artística, religiosa, etc. (central) 
2. Controlar – controle prático da natureza e vida social (ervas daninhas-agricultura; 
inseminação artificial, clonação (pecuária).... 
3. Descrever, compreender o mundo - curiosidade natural do Homem, compreender o 
mundo, tornando-o inteligível é uma necessidade, é possível compreender o mundo 
somente se conhecemos a relações e inter-relações das variáveis dos fenómenos 
estudados – como controlar a malária, por exemplo, se não forem descritas as suas 
características ou os seus sintomas, se não for conhecida a causa e a evolução da doença? 
4. Prever: a sistematização objectiva da ciência permite uma generalização no espaço e no 
tempo e graças a este objectivo muitas vidas tem sido salvas de terramotos, maremotos, 
vendavais, etc. 
 
 22 
1.6. A PSICOLOGIA CIENTÍFICA 
O berço da Psicologia moderna foi a Alemanha de final do século 19. Wundt, Weber e Fechner 
trabalharam juntos na Universidade de Leipzing – seguiram para aquele País muitos estudiosos 
dessa nova ciência; como o inglês Edward B. Titchner e o americano William James. 
Seus status de ciência é obtido a medida que se “liberta” da filosofia, que marcou a sua história 
até aqui e atrai novos estudiosos e pesquisadores , que sob novos padrões de produção de 
conhecimento, passam a: 
 Definir seu objecto de estudo (comportamento, a vida psíquica, a consciência) 
 Delimitar seu campo de estudo, diferenciando-o de outras áreas de conhecimento 
como a Filosofia, Fisiologia 
 Formular métodos de estudo deste objecto 
 Formular teorias enquanto um corpo consistente de conhecimento na área 
A Psicologia científica nasce na Alemanha mas se desenvolve, cresce rapidamentenos Estados 
Unidos como resultado de grande avanço económico colocado na vanguarda do sistema 
capitalista. É ali que surgem as primeiras abordagens ou escolas em psicologia, as quais deram 
origem ás enumeras teorias que existem actualmente. Essas abordagens são: 
O Funcionalismo, de William James (1842-1910) 
O Estruturalismo, de Edward Titchner (1867 – 1927) 
O Associacionismo, de Edward Thorndike (1874-1949) 
 
1.7. As Primeiras Abordagens Teóricas da Psicologia 
As primeiras abordagens ou escolas em psicologia, as quais deram origem às enumeras teorias 
que existem actualmente são consideradas como tendo sido as seguintes: 
O Funcionalismo (Escola funcionalista) 
Primeira sistematização genuinamente americana de conhecimentos em Psicologia – numa 
sociedade que exigia o pragmatismo para o seu desenvolvimento económico acaba por exigir dos 
 23 
cientistas americanos o mesmo espírito. Portanto, para a escola funcionalista de James importa 
responder “o que fazem os homens e “por que o fazem”. Para responder a isto, James elege a 
consciência como o centro de suas preocupações e bisca a compreensão do seu funcionamento, 
na medida em que o Homem usa para adaptar-se á realidade. 
O Estruturalismo 
Começa com Wundt e continua com Titchner, os quais definem como o objecto de estudo da 
psicologia também mas focalizando os seus aspectos estruturais, isto é os estados elementares da 
consciência como estrutura do SNC. Inaugurada por Wundt mas somente o seu seguidor 
Titchner usa o termo estruturalismo pela primeira vez para diferenciá-lo do funcionalismo. O 
método de observação de Titchner, assim como o de Wundt, é o introspeccionismo, e os 
conhecimentos psicológicos produzidos são eminentemente experimentais, isto é, produzidos a 
partir do laboratório. 
O Associacionismo 
Edward Thorndike, primeiro fundador de uma teoria de aprendizagem na Psicologia de 
aprendizagem na Preocupação da aplicação prática da psicologia e não só especulação filosófica. 
Associacionismo origina-se da concepção de que a aprendizagem se dá por processo de 
associação das ideias mais simples ás mais complexas. Assim para aprender algo complexo 
precisamos de aprender as ideias simples associadas aquele conteúdo. 
Thorndike formula a “lei de efeito” que seria de grande importância na psicologia 
comportamentalista. De acordo com essa lei “todo o comportamento de um organismo vivente 
tende a se repetir, se nós o recompensarmos (efeito) o organismo assim que repetir/emitir o 
comportamento. Por outro lado o comportamento tenderá a não acontecer, se o organismo for 
castigado (efeito) após a sua ocorrência. (ex. se apertarmos o botão da rádio formos premiados 
pela música, em outras oportunidades apertaremos o mesmo botão, bem como generalizaremos 
essa aprendizagem para outros aparelhos, como toca discos, gravadores, etc. 
1.8. As Principais Teorias da Psicologia do Século XX 
A psicologia enquanto ramo da Filosofia estuda a alma, a psicologia científica que Wundt 
preconiza, a “psicologia sem alma”, o conhecimento científico produzido no laboratório com uso 
 24 
de instrumentos de medição/mensuração. Da subordinação á Filosofia a Psicologia se liga á 
medicina, usando o método de investigação das ciências naturais como critério rigoroso da 
construção do conhecimentos. 
A psicologia científica, que se constituiu de 3 escolas (Associacionismo, Estruturalismo e 
Funcionalismo) foi substituída neste século XX, por novas Teorias. 
As três mais importantes tendências teóricas da psicologia neste século consideradas por 
enumeros autores são: Behaviorismo, Gestaltismo e a Psicanálise. 
1.8.1. O Behaviorismo ou Comportamentalismo 
O Comportamentalismo, ou Teoria S-R do inglês Stimuli – Response, nasce com o americano 
Watson e se desenvolve na América em função das aplicações práticas, tornou-se importante por 
ter definido o facto psicológico de modo concreto a partir da noção de comportamento 
(behavior). 
Em 1913, o americano John Watson numa revista intitulada “Psicologia – como os 
behavioristas a vêm”, inaugura o termo behaviorismo. Behavior, comportamento postulado por 
Watson como objecto da Psicologia, dá á psicologia a consistência procurada por séculos: 
objecto observável, mensurável cujos experimentos poderiam ser reproduzidos em diferentes 
condições e sujeitos. 
O carácter observável do objecto contribui para o alcance de status da ciência da psicologia, ou 
seja para a ruptura “definitiva” com a filosofia. Watson defende uma perspectiva funcionalista 
para a psicologia, isto é, o comportamento deveria ser estudado como função de certas variáveis 
do meio. 
Watson busca uma psicologia sem alma e sem mente, livre de conceitos mentalistas e métodos 
subjectivos e que tenha a capacidade de prever e controlar. 
R – S + para referir-se ao que o organismo faz e as variáveis ambientais que interagem com o 
sujeito 
Comportamento – unidade básica de descrição = ponto de partida para o desenvolvimento da 
ciência do comportamento 
 25 
O comportamentalismo nega o estudo da consciência: o comportamentalismo representa uma 
reviravolta radical no que se refere ao objecto de estudo da psicologia, do momento em que se 
limita ao estudo do comportamento observável e nega o estudo da consciência. Watson afirmou 
que a psicologia deve considerar-se a ciência do comportamento, pois a “consciência” e a alma 
são objectos de pesquisa inconsistentes para uma ciência empírica. Segundo Watson, a tarefa da 
psicologia consistia no estudar as relações cientificamente determinadas entre as situações 
estimulantes (S) e a reacção provocada (R): 
 Paradigma comportamentalista: Estimulo (S) Resposta (R) 
Estudadas as conexões, os seus mecanismos, e identificadas as leis, pode-se explicar cada uma 
das reacções como resultado de um determinado estímulo e poder prever qual reacção pode 
seguir uma determinada situação estimulante. 
Os comportamentalistas admitem entre o estímulo e a resposta esteja presente a actividade do 
cérebro e do SNC, mas afirma que tal actividade está fora do alcance e que a psicologia não deve 
interessar-se daquilo que acontece dentro do organismo (processos neurofisiológicos, processos 
inconscientes, etc.). Concessão esta dita “black box” sustenta que a psicologia deve interessar-se 
daquilo que entra (input) na “caixa preta” e daquilo que sai (output) sem ter que se ocupar 
necessariamente da complexa actividade desenvolvida pelo cérebro no seu interior. Deste modo 
os comportamentalistas reduzem o âmbito da psicologia somente ao estudo do comportamento 
observável mediante o uso dos métodos objectivos de verificação, estudando a regularidade do 
comportamento independente dos correlatados neurofisiológicos. 
 “Black Box” 
Estimulo(R) Resposta (R) 
 
 
Processos neurofisiológicos 
 Processos inconscientes 
O quadro negro representa a “blac box” ou seja simboliza tudo aquilo que não é do interesse para 
o estudo do psicólogo comportamentalista. 
 
 
 26 
1.8.1.1. Análise experimental do comportamento 
Frederik SKINNER (1904-1990), americano, é considerado o mais importante sucessor de 
Watson. A sua teoria tem até hoje uma influência. Inaugura o behaviorismo radical, termo 
cunhado pelo próprio Skinner em 1945, para designar uma filosofia da ciência do 
comportamento (que ele se propôs defender) por meio da análise experimental do 
comportamento. Algumas noções importantes no behaviorismo de Skinner são: 
COMPORTAMENTO OPERANTE: base da corrente formulada por Skinner, entendendo este 
conceito é necessário retroceder aos conceitos de comportamento reflexo ou respondente. 
1) Comportamento respondente: usualmente chamada de “não voluntário”e inclui as 
respostas que são (“produzidas”) por estímulos antecedentes do ambiente --- interacçãoestímulo –resposta (ambiente – sujeito) incondicionadas (não dependem da 
aprendizagem (limão -salivação; ou as famosas “lágrimas de cebola”, etc. 
Reflexos condicionados – estímulos acompanhados/pareados com outros que produzem resposta. 
2) Comportamento operante ( tem efeito sobre o mundo: ex: tocar um instrumento 
musical) 
Nos anos de 1930, na Universidade de Haward (EUA), Skinner desenvolvendo o seu trabalho de 
estudo do comportamento respondente, teoriza sobre um outro tipo de relação indivíduo-
ambiente, a qual viria a ser nova unidade de análise da ciência: comportamento operante, o qual 
teria a maioria das nossas interacções com o ambiente – comportamento operante opera sobre o 
mundo, por assim dizer, quer directa quer indirectamente e abrange um leque amplo de 
actividade humana, da actividade do recém nascido (balbuciar, acatar-se a um objecto, etc.) aos 
mais sofisticados apresentados pelo adulto. 
Para Keller o comportamento operante inclui todos os movimentos de um organismo dos quais 
se possa dizer que, em algum momento, têm efeito sobre ou fazem algo ao mundo em redor. O 
comportamento operante opera sobre o mundo, por assim dizer, quer directa, quer 
indirectamente”. 
 27 
1.8.2. A Psicologia da Forma: A Escola da Gestalt 
Gestalt é um termo alemão que se pode traduzir como «forma»; «figura»; «configuração»; 
entendendo também um aspecto de organização da que se entende melhor quando se fala da 
percepção visível; 
As principais figuras da Gestalt são os alemães: Max Wertmeir, Wolfgang Kohler e Kurt 
Kofka. 
A Gestalt nega decompor a consciência nos seus elementos mais elementares, nega a concepção 
e métodos que descendem deste estudo e que tendem a uma teoria elementista 
Os psicólogos da gestalt estudam em particular os processos cognitivos em particular a 
percepção visual e o pensamento 
Conceito fundamental da psicologia da forma é o aforisma: «o todo é mais da soma das 
partes» atravessa todos os escritos da Gestalt 
 
 
 
 
 
 
 A B 
As leis da percepção visiva: são leis sobre a constituição das totalidades perceptivas que eram 
chamadas Gestalten ou factores estruturantes. Essas leis afirmam que as partes de um campo 
perceptivo tendem a construir outras gestalts (formas unitárias) que são de tal forma coerentes e 
unidas, quanto mais os elementos são 
1. Vizinhos (lei da aproximação) 
2. Semelhantes (lei da semelhança) 
3. Tendem a forma formas fechadas (lei do fechamento) 
4. Dispostos ao longo duma mesma linha (lei da continuação) 
 28 
1.8.3. A Psicanálise/Freud 
Sigmund FREUD (1856-1939), médico vienense (Áustria), alterou, radicalmente, o modo de 
pensar a vida psíquica. Freud ousou colocar os “processos misteriosos” do psiquismo”, suas 
“regiões obscuras”, isto é as fantasias, os sonhos, os esquecimentos, a interioridade do homem, 
como problemas científicos. A investigação sistemática destes problemas levou Freud á criação 
da Psicanálise. 
Freud emprega o termo Psicanálise pela primeira vez em 1896. A Psicanálise constituiu-se como 
método e como teoria, e ainda como terapia. Como método consiste na interpretação e busca do 
significado oculto daquilo que é manifesto por meio de palavras ou acções e como teoria pode 
ser definida como um conjunto de conhecimentos, sistematizados sobre o funcionamento da vida 
psíquica. 
Freud, como hebreu, herdou uma rica tradição do pensamento hebraico, e por outro lado, de 
formação clássica (filosofia antiga) e perito linguista, ele veio a contacto com a literatura antiga e 
moderna. Sobre esta base assentaram-se os seus estudos de medicina e ciências naturais, no 
campo da fisiologia, neurofisiologia e farmacologia. Teve o mérito de ter descoberto a 
sexualidade (base fundamental de seus estudos), embora este fosse um tema debatido antes da 
publicação do sua obra intitulada ”os três ensaios sobre a teoria sexual”. 
Freud postula o inconsciente como objecto de estudo da Psicologia, da mesma forma que quebra 
a tradição da psicologia como uma ciência da consciência e da razão. 
 
1.8.3.1. A Teoria da Personalidade segundo Freud 
Freud considerava a personalidade constituída de três grandes sistemas/estruturas cada um com 
sistemas próprios mas integrados: ID, EGO e SUPEREGO. 
O Id 
O ID ou incosciente (infra-eu) é o núcleo primitivo da personalidade. Não sofre as influências 
das forças sociais e conscientes que forma o indivíduo. A sua preocupação é satisfazer as 
necessidades instintivas de acordo com o princípio de prazer. O Id é a estrutura original básica e 
mais central. As leis lógicas do pensamento não se aplicam ao Id O Id é a sede das pulsões e dos 
 29 
desejos recalcados e representações recalcadas (recalcamento = processo mental pelo qual 
pensamentos insuportáveis ao eu consciente são reprimidos) (agressivas e sexuais). Não conhece 
juízos de valor, nem o bem do mal, nenhuma moralidade. Os conteúdos do Id são quase todos 
inconscientes, assim como o material que foi considerado inaceitável pela consciência. O Id não 
suporta energia de muita tensão e o seu objectivo é reduzir a tensão dolorosa aos baixos níveis 
possíveis. O Id é baseado no princípio do Prazer. 
 
Ego (Eu) 
O Ego é a consciência propriamente dita. É a personalidade enquanto actua no momento 
presente. Caracteriza-se pela actividade consciente (percepções exteriores e elaboração de 
processos intelectuais) e a capacidade para estar em contacto com a realidade exterior. O Ego é 
dominado pelo princípio da realidade (pensamentos objectivos, actos socializados, actividade 
racional e verbal). Também caracteriza-se pelo estabelecimento de mecanismos de defesa contra 
as invasões da pulsão. As funções básicas do Ego são: percepção, memória, sentimento, 
pensamento. Em suma, o Ego tem a função de ajustar o homem ao meio da realidade física e 
social em que vive. É um instrumento de adaptação do indivíduo ao meio. O Ego é baseado no 
princípio do Realidade. 
 
O Ego, orientado à realidade do mundo que o circunda, é a chave da adaptação que procura de 
mediar as pressões ditadas pelo princípio de prazer, a busca do prazer e da gratificação imediata, 
com as exigências impostas pelo principio da realidade, provenientes do mundo externo. O Ego 
utiliza a angústia como sinal de alarme diante dos perigos do mundo interno (pulsional), por 
outro lado, organiza mecanismos de defesa que consentem de moderar as exigências do Id com 
aquelas do mundo externo. 
 
Os mecanismos de defesa: são mecanismos que o indivíduo usa para deformação da realidade, 
ou melhor, são processos realizados pelo ego e são inconscientes, isto é, ocorrem 
independentemente da vontade do indivíduo. Os mais comuns são: Recalcamento, formação 
reactiva, regressão, projecção, racionalização, sublimação, negação. 
 30 
Super-Ego (super-eu) 
O superego é o resultado da interiorização de censuras que a criança faz suas (identificação) e 
que lhe vêm dos pais ou do meio ambiente. O conteúdo do superego refere-se a exigências 
sociais e culturais. Representa o ideal do que é real. É defensor dos impulsos rumo a perfeição. 
Origina-se com o complexo de Édipo, a partir da interiorização das proibições, dos limites e da 
autoridade. O superego é o depósito das normas morais e modelos de conduta. As suas funções 
são a consciência, a auto-observação e a formação das ideias. Podemos afirmar que o Superego é 
baseado no princípio da Moralidade/sociabilidade. 
A combinação das três camadas, segundo Freud constitui factor importante para a formação e 
estruturação da Personalidade. 
As investigações sobre os conteúdos do Id, conduziram Freud à formulação duma doutrina geral 
das pulsões nas quais a libido exprime-se percorrendo as zonas eróticas, cada uma das quais 
representa uma determinada fase de evolução (os estádios do desenvolvimento psicossexual). O 
desenvolvimento da libido pode acontecer naturalmente ouenfrentar bloqueios por interferência 
da fixação o da regressão que bloqueiam o desenvolvimento psíquico e o reconduzem a fases 
precedentes, com consequências na formação de sintomas nevróticos. Esta postulação chamou-se 
de teoria das pulsões. 
 
1.8.3.2. O princípio do Prazer e o princípio da Realidade 
Contudo, segundo Freud, o bebé no nascimento é dominado duma única estrutura de 
personalidade, o Id, fonte originária de todas as motivações e energias. Ele procura de realizar 
esta descarga de energia sem preocupar-se daquilo que é realizável o socialmente aprovável. 
O seu modo de funcionamento e regulado pelo principio de prazer, que procura a gratificação 
imediata e completa das pulsões. Mas desde o inicio dos primeiros meses de vida estas tentativas 
de obter uma gratificação imediata são frustradas ou punidas. Estas experiências contribuem para 
a formação do ego (eu), o qual é governado pelo princípio de realidade. 
 
 
 31 
1.9. Conceito de Psicologia 
Depois desta breve alusão geral à noção de Ciência, iniciemos agora o estudo da Psicologia. 
O termo Psicologia é de origem grego-latino, e etimologicamente pode traduzir-se no seguinte: 
psiychè = alma; logia= logos= estudo ou ciência. Assim, a palavra Psicologia significa estudo da 
alma ou ciência da alma, ciência que estuda as ideias, sentimentos, e determinações cujo 
conjunto constitui o espírito humano. 
Esta definição permaneceu até aos meados do séc. XIX devido ao seu desenvolvimento 
condicionado com a Filosofia. 
Como uma ciência autónoma com um objecto de estudo e métodos próprios de investigação, ela 
é definida como ciência que estuda o comportamento do homem e dos outros animais. 
A psicologia supõe-se a outras ciências sociais, especialmente a sociologia. Mas, enquanto a 
sociologia concentra sua atenção nos grupos, processos grupais e forças sociais os psicólogos 
sociais concentram-se nas influências que os grupos e a sociedade exercem sobre os indivíduos. 
A ênfase da psicologia está no ser humano a diferença dos fisiólogos (biologia) que se 
concentram no sistema nervoso, cérebro, memória, atenção, movimento, fome, impacto das 
drogas, etc. 
Actualmente a psicologia é definida como a ciência que se concentra no comportamento e nos 
processos mentais – de todos os animais. 
o Ciência: enquanto a ciência oferece procedimentos disciplinados e racionais para a 
condução de investigações válidas e a construção de um corpo de informações coerentes 
e coesas. 
o Comportamento: abrange tudo o que pessoas e animais fazem: conduta, emoção, formas 
de comunicação, processos de desenvolvimento. 
Assim, o objecto de estudo da Psicologia é o comportamento dos seres vivos especificamente 
homens e animais, isto é, a Psicologia estuda a resposta ou conjunto de respostas observáveis de 
um individuo ou de um grupo, a uma situação ou estímulo. 
 32 
o Processos mentais - incluem formas de cognição ou formas de conhecimento, de entre 
elas: perceber, participar, lembrar, raciocinar, ou resolver problemas. Sonhar, fantasiar, 
desejar, ter esperança são também processos mentais. 
 
1.9.1. Importância da Psicologia 
Por ser uma ciência multiperspectiva e se aplicar em todas as áreas da vida humana, tais como no 
Ensino, na Saúde, na Família, no Comércio, no Desporto, etc., a Psicologia possui uma vasta 
importância. 
 No ensino permite ao professor conhecer as particularidades individuais dos alunos para 
melhor planificar e administrar as aulas, identificar e resolver os problemas de 
aprendizagem segundo o desenvolvimento dos alunos e fazer uma avaliação do processo 
de ensino e aprendizagem. 
 Na saúde permite ao profissional de saúde estabelecer uma melhor comunicação 
com o paciente e vice-versa. 
 Para os governantes a Psicologia permite uma óptima comunicação com as massas. 
 Também permite ao Homem conhecer-se a si próprio e a natureza de diferenciação 
dos outros Homens; ajuda o Homem a resolver os seus problemas s do dia-a-dia, 
conhecer a forma de agir de cada um, as tendências compartimentais, as atitudes, as 
motivações dos outros Homens. 
 
1.9.2. Objecto de Estudo da Psicologia 
O objecto ou assunto de estudo de uma determinada ciência é a realidade ou o aspecto da 
realidade que ela se propõe a estudar, descrever ou explicar. 
Para compreender o objecto de estudo da Psicologia é preciso compreender a diversidade de 
objectos definidos por várias correntes psicológicas. 
 
 33 
A diversidade dos objectos de estudo da psicologia 
 Behaviorismo ou comportamentalismo: segundo estes teóricos o objecto de estudo da 
Psicologia é o comportamento; 
 Psicanálise: para esta escola o objecto de estudo da psicologia é o inconsciente. 
 Outros psicólogos: o objecto de estudo da psicologia é a consciência ou ainda a 
personalidade humana. 
Razões da dificuldade de definição do objecto 
 Por ser uma área de conhecimento cientifico que se constituiu recentemente (final do séc. 
19) não obstante a sua existência dentro da filosofia como preocupação humana; 
 Outro motivo que dificulta a definição do objecto de estudo da Psicologia é o facto do 
cientista – o pesquisador confundir-se com o objecto a ser pesquisado – a concepção do 
Homem contamina inevitavelmente a sua pesquisa; 
 Em terceiro lugar esta dificuldade justifica-se pelo facto dos fenómenos psicológicos 
serem tão diversos, que não podem ser acessíveis ao mesmo nível de observação, não 
podem ser sujeitos aos memos padrões de descrição, medida, controle e interpretação. 
 
1.9.3. A Subjectividade como objecto de estudo da Psicologia 
Considerando toda esta dificuldade na definição única do objecto da psicologia, podemos 
considerar como objecto a subjectividade. 
A identidade da Psicologia é o que diferencia dos demais ramos das ciências humanas, e pode ser 
obtida considerando que cada um desses ramos invoca o Homem de maneira particular 
(economia, política, história) trabalham essa matéria-prima de maneira particular, construindo 
conhecimentos distintos e específicos a respeito dela. A psicologia colabora com o estudo da 
subjectividade: é essa a sua forma particular, específica de contribuição para a compreensão da 
totalidade da vida humana. 
 34 
A subjectividade é a síntese singular e individual que cada um de nós vai construindo conforme 
vamos nos desenvolvendo e vivenciando as experiências da vida social e cultural. É a síntese 
que nos identifica por ser única e nos igual a medida em que os conhecimentos que a constituem 
são experienciados no campo comum da objectividade social. É o mundo de ideias, significados, 
emoções, construído inteiramente pelo sujeito a partir das suas relações sociais, suas vivências e 
sua constituição biológica. É a fonte das manifestações afectivas. A subjectividade é a maneira 
de sentir, pensar, fantasiar, sonhar, amar, e de fazer de cada um. É o nosso modo de ser. 
Entretanto a subjectividade não é inata. Ela se constrói, apropriando-se do material do mundo 
social e cultural. 
A subjectividade em Psicologia é vista em dois níveis: subjectividade social e individual. A 
subjectividade individual representa o espaço pessoal dos sentidos que se atribui ao mundo real 
(valor, cultura, experiência, ideias) e a subjectividade social é comparável com o sentido que a 
sociedade atribui ao mundo real. 
 
1.9.3. Estrutura e Tarefas da Psicologia 
Psicologia industrial: estuda a estruturação do trabalho, a conduta dos trabalhadores, a selecção 
dos trabalhadores, o incremento da produção e da produtividade, a avaliação dos funcionários e 
as greves dos trabalhadores. 
Psicologia pedagógica (escolar) ou de aprendizagem: estuda as leis psicológicas de ensino e 
de educação do Homem. Estuda a formação do raciocínio dos alunos, os problemas do governo 
do processo de assimilação dos meios e dos hábitos da actividade intelectual, revela os factos 
psicológicos que influenciam o processo de aprendizagem, asrelações dentro da colectividade de 
alunos, as diferenças psicológico individuais dos alunos, as particularidades psicológicas da 
educação e do ensino das crianças com desenvolvimento psiquismo anormal. 
Em suma: estuda a problemática psicológica no quadro escolar. Tenta compreender os problemas 
de adaptação, de relações e de aprendizagem. 
Psicologia clínica: dedica-se a prevenção e terapia dos desajustamentos de conduta qualquer que 
seja o seu grau de gravidade. 
 35 
Psicologia social: estuda a conduta humana na perspectiva de grupos de colectividades. 
Investiga o processo de interacção entre membros do grupo e as influências grupais sobre a 
dinâmica dos individuais. 
Psicologia jurídica: analisa as questões psicológicas relacionadas com a realização do sistema 
do direito 
Psicologia militar: estuda a conduta do Homem no campo de combate, os aspectos psicológicos 
das relações entre os chefes e os subalternos, os problemas psicológicos de uso de materiais de 
guerra. 
Psicologia experimental: estuda os princípios psicológicos básicos; sensação, percepção, 
atenção, motivação, memória, pensamento, pensamento e (emoções) em situação laboratorial 
visando a solução de problemas práticos de dia-a-dia da humanidade. 
Psicologia do desporto: analisa as particularidades psicológicas do indivíduo e da actividade 
dos desportistas, as condições e os métodos da sua preparação psicológica, os parâmetros 
psicológicos de preparação e da capacidade do desportista e os factores psicológicos 
relacionados com a organização de competições. 
1.9.4. Métodos da Psicologia 
O estudo da Psicologia como ciência pressupõe o uso de métodos, que possa facilitar a análise do 
seu objecto de estudo, os fenómenos psíquicos (memória, percepção, a sensação, o pensamento, 
assim como a imaginação) que numa só linguagem são reduzidos em comportamentos. 
 
Método: na perspectiva psicológica é o caminho ou via utilizado para esclarecer as 
manifestações ou causas de um comportamento, de manifestações psíquicas. Em psicologia, o 
conjunto dos métodos específicos engloba todos aqueles que frequentemente são usados pelos 
psicólogos como: 
a) Introspecção ou método introspectivo 
Descrição cuidadosa dos fenómenos psíquicos que os estados da consciência acusavam, mas 
feita pelo próprio indivíduo. Consiste na orientação da consciência reflexiva para aquilo que se 
passa em nós, ou seja, concentração do espírito sobre si mesmo para analisar os fenómenos que o 
indivíduo experimenta. 
 36 
É a observação e a descrição que o indivíduo faz dos seus estados psíquicos. Supõe um 
desdobramento do sujeito que é ao mesmo tempo observador e observado. O sujeito é o próprio 
objecto. 
A introspecção pode ser pessoal ou laboratorial. A introspecção pessoal consiste na auto-análise, 
isto é na observação interior e análise. Na introspecção laboratorial o experimentador (sujeito) 
estabelece as condições de experiência, anota e interpreta os resultados. 
b) Extrospecção ou método extrospectivo (de Expressão) 
Consiste na observação, descrição e explicação dos comportamentos dos outros. Portanto, as 
manifestações exteriores do sujeito, são devidamente anotadas por um observador. 
 c) A observação (Método de observação) 
A observação como método em psicologia consiste na percepção directa ou indirecta, atenciosa, 
racional, planificada e sistemática, das manifestações do comportamento nas suas condições 
naturais, com o objectivo de dar uma explicação científica da sua natureza. 
d) A experimentação (Método experimental) 
Consiste na relação entre o objecto de investigação e a situação experimental com o objectivo de 
descobrir a natureza dessa relação e as variáveis das quais ela depende. Pressupõe a possibilidade 
de intromissão activa do pesquisador na actividade da pessoa submetida a experiência. 
É a actividade na qual o investigador provoca o fenómeno a estudar e controla os possíveis 
factores e condições que podem incidir na sua produção e desenvolvimento com o objectivo de 
conhecer a natureza interna do processo psíquico e desta forma descobrir as leis objectivas que o 
explicam. 
A experimentação como método em psicologia usa-se geralmente em estudo de casos ao nível 
animal porque é difícil manipular o comportamento humano, por razões morais, éticas até 
mesmo razões ligadas á saúde. 
e) Método estatístico 
Usa-se para fazer o estudo ao nível dos grupos maiores, isto é, para a compreensão de fenómenos 
de massa. 
 
 37 
f) Método de entrevista 
É uma conversação entre investigador e o sujeito investigado através da qual o investigador 
obtém informações sobre o psiquismo. Geralmente se utiliza para enriquecer e aprofundar a 
informação obtida a partir da observação e experimentação. Ela permite a obtenção directa dos 
dados. O investigador faz a pergunta e o entrevistado apenas responde a pergunta. 
 
g) Questionário 
Consiste num conjunto de perguntas cujo conteúdo e extensão dependem dos objectivos da 
investigação e se aplica como substituto da entrevista quando se trabalha com amostras grandes. 
 
h) Método comparativo 
Serve para fazer extrapolação de uma conclusão feita sobre o estudo de um animal para 
relacionar ao Homem, permite a formação de um perfil comportamental. 
 
i) Método analítico ou psicanalítico 
É um método interpretativo que busca o significado oculto, isto é, que torna claro o significado 
daquilo que é manifestado por meio das palavras e acções. 
 
j) Testes psicológicos 
Consistem num sistema de tarefas, perguntas, seleccionadas, que tem como objectivo a avaliação 
e comparação de sujeitos quanto a qualidade da personalidade, habilidades, nível de 
desenvolvimento intelectual, efectuando-se esta comparação sobre a base de normas 
estabelecidas previamente. Existem testes psicológicos para medir tanto aspectos cognitivos 
como aspectos afectivos da personalidade. 
Os testes psicológicos não consistem em obter dados novos que serão necessários para o 
aprofundamento dos conhecimentos científicos, mas sim em estabelecer as qualidades 
psicológicas da pessoa submetida á experiência para se analisar se corresponde ou não as normas 
ou padrões revelados anteriormente 
Este grupo de testes é utilizado para revelar a existência ou a ausência de certas capacidades, 
aptidões, caracterizar com o máximo de precisão certas qualidades do indivíduo para exercer 
 38 
certa profissão, etc. Podem ser: testes de inteligência, de capacidades, de aptidões, de 
personalidade. 
 
k) Métodos de estudo individual ou histórico do caso 
Neste método são empregue muitos métodos e técnicas combinadas. Para se estudar o 
comportamento de um indivíduo importa conhecer o maior número possível de factos sobre o 
mesmo, a fim de que possam ser compreendidas as principais forças e influências que orientam 
seu desenvolvimento. 
O estudo do caso é frequentemente empregue pelo orientador educativo, visando ajudar os 
alunos na solução de seus problemas. Podemos citar também alguns métodos particularmente 
usados na Psicologia de desenvolvimento, que é um ramo da Psicologia; através do qual se 
estuda o desenvolvimento humano. 
 
l) Métodos longitudinais 
É um processo de observação que se faz no sentido de duração. Os estudos longitudinais têm 
fornecido informações excelentes e decisivas para a explicação e compreensão do 
desenvolvimento humano, quer relativamente ao crescimento físico e desenvolvimento dos 
processos cognitivos, quer sobre a evolução da personalidade e a aquisição da linguagem. Este 
método procura seguir os sujeitos, em intervalos de tempo convenientemente escolhidos, para 
determinar a curva ou lei de crescimento e desenvolvimento. O Método longitudinal estuda, no 
tempo, em períodos mais ou menos espaçados, o comportamento dos sujeitos ou amostragens de 
sujeitos. 
m) Métodos de corte ou de selecção transversal 
Trata-se de um tipo de observação que pode estudar um grande númerode sujeitos num espaço 
de tempo relativamente curto. Por exemplo, no mesmo espaço de tempo, o investigador pode 
observar diferentes ou vários aspectos da estrutura do sujeito em diferentes faixas etárias através 
de amostragens significativas. Pode observar crianças dos 0 aos 2 anos, de 1 aos 3 anos, dos 2 
aos 4 anos sob um determinado número de aspectos da sua personalidade e estabelecer curvas de 
 39 
desenvolvimento através de processos estatísticos de cada um desses aspectos e do seu conjunto 
como integrantes ou componentes de uma mesma estrutura, a estrutura da personalidade. 
 
n) Métodos mistos (perspectiva eclética) 
Esta perspectiva de uso de métodos é baseada particularmente no recurso a diversos e variados 
métodos de estudo. São aplicados simultaneamente um tipo de método em conjugação com 
outros métodos. Os métodos são usados em forma de complementaridade entre um e outros, 
permitindo o alcance de vários resultados. 
 
1.9.5. Relação da Psicologia com outras Ciências 
A Filosofia, a Antropologia, a História, a Sociologia e a Biologia, estão entre as ciências que 
contribuem para a compreensão do comportamento humano, em particular. Vejamos a possível 
relação que se estabelece: 
Filosofia: a correlação que existe entre o corpo e a alma na Filosofia vai permitir de modo que a 
psicologia especule e forneça hipóteses empiricamente testadas. Neste sentido, pode-se afirmar 
que a Filosofia forneceu á psicologia os primeiros quadros conceptuais. 
Antropologia: interessa-se pelas formas culturais dos povos. Esses dados são importantes 
porque dão ao psicólogo a consciência da relatividade cultural dos valores, dos motivos, das 
aspirações dos indivíduos, o que obriga a ter presente a influência da cultura no comportamento 
do indivíduo. 
História: permite-nos conhecer o desenvolvimento do Homem através dos tempos e 
compreender a partir dessa evolução as características actuais das várias realidades sociais que 
influenciam no comportamento do indivíduo. 
Sociologia: estuda a sociedade, as instituições sociais, a estrutura dos grupos e o seu 
funcionamento. Estuda, também, o comportamento humano na perspectiva dos grupos. 
Biologia: estuda o funcionamento e a estrutura do Sistema Nervoso, as glândulas secretoras e o 
seu funcionamento. O sistema nervoso capta estímulos, os organiza e emite respostas ou actos de 
conduta e, a secreção de hormonas permite que Sistema Nervoso fique estimulado numa 
determinada direcção. Um dos principais ramos da Biologia que se relaciona com a Psicologia é 
 40 
a Genética. A Genética estuda os processos hereditários subjacentes ao comportamento. 
Esquematicamente: 
 
 
 
 
 
 
 
 
Questões de reflexão 
1. A Psicologia como ciência autónoma e com um objecto de estudo e métodos próprios de 
investigação, ela é definida como ciência que estuda o comportamento do homem e dos outros 
animais. 
a) Fale das características de cada período da evolução da Psicologia antes e depois do 
sec. XVIII. 
b) Fale do objecto de estudo da psicologia. 
c) Explique a importância da Psicologia na área do ensino. 
2. Qual dos métodos ajuda melhor a recolher dados sobre um fenómeno ou caso. 
3. Fale do contributo das grandes escolas para o desenvolvimento da psicologia. 
 
Bibliografia recomendada 
 
BOCK, A. M. B. FURTADO, O e TEXEIRA, M. T. Psicologias: uma introdução ao estudo de 
psicologias. 14ª ed. Saraiva. São paulo, 2009. 
DAVIDOFF, Linda. Introdução à Psicologia. S . Paulo. Brasil editora Mcgraw-hilLDA, 
FILOSOFIA 
Estudo do Homem 
HISTÓRIA 
Importância do factor tempo 
e espaço social 
PSICOLOGIA 
Estudo do 
comportamento 
BIOLOGIA 
Estudo do S.N. e glândulas 
secretoras; Processos 
hereditários no 
comportamento 
ANTROPOLOGIA 
Influência da cultura no 
comportamento 
SOCIOLOGIA 
Influências sociais no 
comportamento 
 41 
Unidade 2: O DESENVOLVIMENTO PSIQUICO E DA CONSCIÊNCIA HUMANA 
A evolução psíquica dos indivíduos depende da maturação e do desenvolvimento genético; dos 
estímulos sociais e afectivos. 
2.1. O Homem como Unidade bio-psico-socio-cultural 
Todo ser humano à nascença já constitui-se como indivíduo, com qualidades de integridade 
próprias, particularidades que o distinguem dos outros. O mesmo não se pode dizer em relação à 
Personalidade. O ser humano forma sua personalidade em resultado da sua constituição biológica 
(características herdadas), das influências do meio social e cultural do contexto em que se 
encontra (aquisições do meio), assim como das experiências de vida (desenvolvimento), e 
sempre considerando seu desenvolvimento psicológico (estabilidade emocional, de sentimentos). 
Por tal se diz ser uma unidade bio-psico-social. 
 
Alguns termos importantes para compreender o desenvolvimento humano: 
Desenvolvimento: é o conjunto de fases pelas quais o indivíduo passa ao longo do seu ciclo de 
vida. É um processo multidimensional que engloba os aspectos físicos (crescimento); 
fisiológicos (maturação), psicológicos (cognitivos e afectivos), sociais (socialização), e culturais 
(aquisição de valores, normas). 
Maturação : é a dimensão fisiológica do desenvolvimento. Refere-se ao grau de prontidão 
funcional dos diversos sistemas do organismo, nomeadamente do sistema nervoso. É que torna 
possível determinado padrão de comportamento. (por exemplo, a alfabetização das crianças 
depende da maturação neurofisiológica para manejar o lápis, e segurá-lo com as mãos é 
necessário um desenvolvimento neurológico o que a criança de 1 ou 2 anos não possui ainda. 
Maturidade: é o estádio de desenvolvimento do indivíduo indispensável para a execução de 
determinada tarefa, actividade ou função. 
Estado etário: fase de maturação e estruturação (anatómica, fisiológica, psíquica) 
correspondente a idade ou nível de desenvolvimento do indivíduo. 
 
 42 
2.2. A Vida Antes do Nascimento (o Desenvolvimento Pré-Natal) 
O desenvolvimento pré-natal (gestação) é o período compreendido entre a fecundação e o parto. 
Este pode ser dividido em três períodos: 
 
O zigoto 
O zigoto forma-se após a fecundação e flutua livremente no fluido do útero. Ao fim de cerca de 
duas semanas, o zigoto (ovo) fixa-se na parede do útero recebendo oxigénio e alimentação do 
corpo da me. Dois ou três dias a sua implantação no útero o novo ser passa a chamar-se embrião. 
 
Embrião 
O segundo estádio do desenvolvimento pré-natal é o estádio embrionário. Este estádio começa 
cerca de duas semanas depois da fecundação, na altura em que o zigoto (ovo) se fixa á parede 
uterina. 
O estádio embrionário dura cerca de oito semanas depois da concepção. As primeiras fases de 
vida do embrião humano apresentam características semelhantes com os outros mamíferos. A 
cabeça do embrião é muito grande em relação ao resto do corpo e membros não são 
diferenciados. No final deste período o organismo é claramente identificável como humano (tem 
face, olhos, nariz) e passa a se designar feto. 
 
Feto 
A partir da oitava semana até ao nascimento o novo ser passa a chamar-se feto. O feto é capaz de 
ouvir, movimentar os dedos (dar pontapés, fazer punho, levar o polegar a boca, escolher a 
posição de dormir, etc.) sentir sabor, etc. O desenvolvimento do feto culmina com o nascimento. 
 
Nascimento 
O nascimento é conjunto de fenómenos físicos que tem como finalidade expulsar o feto para o 
exterior. Quando a criança nasce pesa normalmente 2500 gramas e a placenta para de introduzir 
 43 
alimentos. Crianças com um período de gestação reduzido e peso inferior a 25000 gramas são 
consideradas prematuras. 
A primeira respiração imediatamente após o parto é difícil devido o oxigénio do ambiente que a 
criança recebe, pois tem inicio a respiração pulmonar. Se o pequeno cérebro não recebe oxigénio 
dentro de 8 (oito) minutos pode contrair lesões. 
Por regra, a primeira respiração é acompanhada por grito. O grito converte-se em breve numa 
forma de manifestação dedissabores ou transtornos (indisposição, desconforto, mal estar, alerta 
á mãe para acções de cuidado, isto é, um estímulo chave da mãe. 
Em cada dor do parto, a criança está exposta a uma pressão com cerca de 25kg. Por isso, partos 
muito prolongados ou complicados colocaram a criança provavelmente numa situação de 
indisposição intensiva. O acto do nascimento por si só é uma lesão psíquica, o que serve de base 
para o medo original do homem, segundo a psicanálise. 
 
2.3. Fundamentos biológicos da conduta 
Hereditariedade e comportamento: mecanismos básicos 
Em última instância, as diferenças entre as espécies dependem da hereditariedade, ou herança 
física. A hereditariedade compartilhada por todas as pessoas permite uma série de actividades 
humanas distintas. Por termos herdados polegares opostos e dedos móveis, aprendemos 
facilmente a manipular ferramentas. As heranças de imensos córtices cerebrais permitem-nos 
processar vasta quantidade de informação. 
Além das estruturas influenciadoras e dos comportamentos comuns a todas as pessoas, a 
hereditariedade modela o que é exclusivo a cada pessoa. Seus genes têm algo a dizer sobre uma 
capacidade de aprendizagem e se somos ou não propensos á depressão. 
 
2.4. Genética do comportamento 
A genética do comportamento, um ramo da psicologia e também da genética, estuda as bases 
herdadas da conduta e da cognição. Abrange diferenças individuais e de espécie (evolutivas). 
 44 
Os geneticistas do comportamento pressupõem que tudo o que as pessoas fazem depende, em 
algum grau, das estruturas físicas subjacentes. Sua tarefa é definir exactamente quanto de um 
determinado acto é modelado pela hereditariedade e quanto o é pelo ambiente. Eles pesquisam 
também os mecanismos biológicos pelos quais os genes afectam o comportamento e a cognição. 
 
2.5. O papel da hereditariedade e do meio na conduta 
Hereditariedade e o ambiente: uma parceria permanente. Estará tudo nos genes? 
De acordo com Robert Plomin (1993) , talvez o principal sobre a genética do comportamento na 
última década, o que os cientista verificaram a repetidas vezes foi que hereditariedade e 
experiência influenciam conjuntamente muitos aspectos do comportamento. Além disto seus 
efeitos são interactivos – elas jogam uma com a outra. Por exemplo, em relação a esquizofrenia, 
embora a evidencia indique que factores genéticos influenciam o desenvolvimento da 
esquizofrenia, do outro lado não parece que alguém herde directamente o distúrbio mas um certo 
grau de vulnerabilidade a ela. Portanto, se a vulnerabilidade vai ou não se transformar num 
distúrbio real, isso dependerá das experiências de cada pessoa na vida. 
 
2.5.1. O herdado e o meio: qual interacção? 
O organismo e o ambiente fazem parte de um todo no qual são inter-relacionados e em constante 
interacção. O meio mobiliza ou favorece disposições hereditárias, mas por sua vez a acção do 
meio não é independente dessas disposições. 
Por um lado, qualquer factor hereditário opera de modo diferente quando as condições do meio 
ambiente variam. Por outro lado, as condições do meio ambiente exercem diferentes influências 
sobre as características hereditárias. 
As disposições hereditárias traçam o marco do desenvolvimento e oferecem-nos um plano de 
construção do organismo. Os genes exercem um papel ou acção directiva nos fenómenos do 
desenvolvimento embrionário e, especialmente, dos primeiros anos de vida, isto é, não se 
transmitem qualidades já desenvolvidas, mas apenas disposições ou possibilidades para 
configurar essas qualidades. Por exemplo, a estatura de um indivíduo depende de toda a carga 
 45 
genética, mas além disso, variará, entre outros factores de acordo com a alimentação recebida 
nos primeiros anos de vida e com as vicissitudes do desenvolvimento glandular posterior. 
 Herança e meio são factores que contribuem para a formação do novo ser e se misturam 
de tal modo que é difícil distinguir o que corresponde a um e ao outro; 
 Não podem ser considerados opostos ou antagónicos mas complementares; 
 Era comum considerar a herança é rígida, fixa, imutável, irreversível algo como código 
ou lista de instruções e procedimentos que não admite modificações e na qual cada 
“instrução” age de modo independente das demais mas hoje tal posição não se sustenta 
por que também os genes podem sofrer uma mutação, brusca ou não. 
Portanto, Dizer que um os “genes influenciam x ou y” não quer dizer que os “genes determinam 
x ou y”. Tão pouco quer dizer que o ambiente tenha pouca influência sobre a qualidade em 
questão. Do início até ao fim da vida, os organismos estão sendo constantemente moldados tanto 
pela hereditariedade como pelo ambiente. A natureza e a extensão de uma influência sempre 
dependem da contribuição da outra. 
 
2.6. Princípio fundamental da psicologia 
O princípio fundamental e o seu axioma principal é o de que o organismo é produto da 
hereditariedade em interacção com o meio e com o tempo, isto é, o comportamento não é 
resultado de uma única causa, mas sim de causas múltiplas (biológicas, sociais, culturais,...). É o 
resultado da hereditariedade a interagir com o meio e com o tempo. 
O nosso potencial hereditário pode ser enriquecido ou empobrecido dependendo do tipo, 
quantidade e qualidade dos nossos encontros com o meio e depende do momento em que estes 
encontros ocorrem. É pela interacção entre determinantes da hereditariedade e a influência do 
meio que o indivíduo se forma, desenvolve e realiza. 
Não se pode limitar aos aspectos educativos e os sócio-culturais pós-natais, os aspectos físicos, 
biológicos (alimentares, etc.), e psico-afecivos (emocionais) dos primeiros tempos da vida, 
nomeadamente pré-natais e perinatais são fundamentais na formação de todas as características 
do indivíduo. 
 46 
2.7. Psicofisiologia do sistema nervoso 
A comunicação no sistema nervoso é central para o comportamento. Em breves anotações 
examinaremos a organização do sistema nervoso. 
Especialistas acreditam que há de 85 a 180 biliões de neurónios no cérebro humano. Obviamente 
isto é apenas uma estimativa. Se os contássemos sem parar a proporção de um por segundo, 
estaríamos contando por cerca de 6 mil anos! Multidões de neurónios no sistema nervoso têm de 
trabalhar junto para manter a informação fluindo eficientemente. Para fazer isso, eles estão 
organizados em equipas, várias das quais têm funções e deveres especializados que dependem, 
antes de tudo, de sua localização. 
 
2.7.1. Sistema nervoso central 
O sistema nervoso central (SNC) é a porção do sistema nervoso que fica dentro do crânio e da 
coluna espinhal. Assim, o SNC compreende o cérebro e a medula e a medula espinhal. O 
SNC é banhado na sua “sopa” nutritiva especial chamada fluido cérebro-espinhal (FCE). Este 
fluido alimenta o cérebro e fornece-lhe uma protecção. Embora derivado do sangue, o FC é 
cuidadosamente filtrado. 
Para entrar no FCE, as substâncias do sangue têm de passar pela barreira cérebro-sanguínea, 
um mecanismo membranoso semipermeável que impede a passagem de certas substâncias 
químicas entre a corrente sanguínea e o cérebro. Esta barreira evita que algumas drogas 
entrem no FCE e afectem o cérebro. 
 
2.7.1.1. A medula espinhal 
A medula espinhal liga o cérebro ao resto do corpo através do sistema nervoso periférico. 
Embora se pareça com um cabo do qual os nervos somáticos saem, ela é parte do sistema 
nervoso central e vai desde a base do cérebro até um nível abaixo da cintura, abrigando 
aglomerados axónios que carregam os comandos do cérebro aos nervos periféricos e conduzem 
sensações de periferia do corpo cérebro. Muitas formas de paralisia resultam de danos na medula 
espinhal, facto que ressalta o papel crítico que ela representa na transmissão de sinais do cérebro 
aos neurónios que movem os músculos do corpo. 
 47 
2.7.1.2. O cérebro 
Evidentemente, a glória suprema do sistema nervoso central

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