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MSV1 Camila Ferreira Vitor Arantes Metalurgia da Soldagem Alumínio, Cobre e Titânio MSV1 1 9/11/11 T15 Nome : Camila Ferreira Vitor Arantes Tema: Soldabilidade do Al,Cu e Ti 1. Objetivo O presente trabalho tem por objetivo apresentar caraterísticas particulares e quanto a soldabilidade de três grupos de materiais: Alumínio e suas ligas, Cobre e suas ligas e Titânio e suas ligas. 2. Introdução O alumínio é um elemento químico de símbolo Al, metal sólido na temperatura ambiente que apresenta estrutura cristalina CFC, sendo o elemento metálico mais abundante da crosta terrestre (8,13%). Sua leveza, condutividade elétrica, resistência à corrosão e baixo ponto de fusão lhe conferem uma multiplicidade de aplicações, especialmente nas soluções de engenharia aeronáutica. O cobre é um elemento químico de símbolo Cu. Na temperatura ambiente, o cobre encontra-se no estado sólido. É um dos metais mais importantes industrialmente, de coloração avermelhada, dúctil, maleável e que apresenta alta condutibilidade elétrica e térmica, só superada pela da prata. Conhecido desde a antiguidade é utilizado, atualmente, para a produção de materiais condutores de eletricidade (fios e cabos), e em ligas metálicas como latão e bronze. Entre as suas propriedades mecânicas destacam-se sua excepcional capacidade de deformação e ductilidade. O titânio é um elemento químico de símbolo Ti. Trata-se de um metal de transição leve, forte, cor branca metálica, lustroso e resistente à corrosão, sólido na temperatura ambiente. O titânio é muito utilizado em ligas leves e em pigmentos brancos. É um elemento metálico muito conhecido por sua excelente resistência à corrosão (quase tão resistente quanto a platina) e por sua grande resistência mecânica. Possui baixa condutividade térmica e elétrica. É um metal leve, forte e de fácil fabricação com baixa densidade (40% da densidade do aço). Apresenta inúmeras aplicações como metal de ligas leves na indústria aeronáutica, aeroespacial e outras. Conhecer as características desses metais e suas ligas do ponto de vista da soldagem se mostra de extrema importância, uma vez que estão completamente inseridos na indústria e com aplicabilidade em vários segmentos. MSV1 1 9/11/11 T15 Nome : Camila Ferreira Vitor Arantes Tema: Soldabilidade do Al,Cu e Ti 3. Alumínio e suas ligas Figura 1: Alumínio nativo 3.1. Características e Aplicações do Aluminio O alumínio é um metal leve, macio e resistente. Possui um aspecto cinza prateado e fosco, devido à fina camada de óxidos que se forma rapidamente quando exposto ao ar. O alumínio não é tóxico como metal, não-magnético, e não cria faíscas quando exposto a atrito. O alumínio puro possui tensão de cerca de 19 (MPa) e 400 MPa se inserido dentro de uma liga. Sua densidade é aproximadamente de um terço do aço ou cobre. É muito maleável, muito dúctil, apto para a mecanização e fundição, além de ter uma excelente resistência à corrosão e durabilidade devido à camada protetora de óxido. É o segundo metal mais maleável, sendo o primeiro o ouro, e o sexto mais dúctil. Por ser um bom condutor de calor, é muito utilizado em panelas de cozinha Baixa densidade (2,7 g/cm3) Elevada condutividade elétrica (cerca de 60% da do Cu) Alta condutividade térmica; Excelente resistência à corrosão atmosfera; Boa conformabilidade; Não é tóxico e, portanto, é largamente empregado em embalagens; Sua principal limitação é seu baixo ponto de fusão (T=660ºC), o que limita a temperatura de trabalho de suas ligas. http://pt.wikipedia.org/wiki/Oxida%C3%A7%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Metal http://pt.wikipedia.org/wiki/Tens%C3%A3o_(f%C3%ADsica) http://pt.wikipedia.org/wiki/Liga http://pt.wikipedia.org/wiki/Densidade http://pt.wikipedia.org/wiki/A%C3%A7o http://pt.wikipedia.org/wiki/Cobre http://pt.wikipedia.org/wiki/Maleabilidade http://pt.wikipedia.org/wiki/Ductilidade http://pt.wikipedia.org/wiki/Fundi%C3%A7%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Ouro http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Aluminium-4.jpg MSV1 1 9/11/11 T15 Nome : Camila Ferreira Vitor Arantes Tema: Soldabilidade do Al,Cu e Ti 3.2. Ligas de Alumínio A principal função das ligas de alumínio é aumentar a resistência mecânica sem prejudicar as outras propriedades. Elementos de liga adicionados apresentam característica que conferem a liga resistência mecânicos, resistência à corrosão, fluidez no preenchimento de moldes, etc. Além dos elementos com função acessória de controle de microestrutura, de impurezas, etc. Os principais elementos de ligas: Cobre (Cu); Magnésio (Mg); Silício (Si); Manganês (Mn) e Zinco (Zn). Na tabela 1 e apresentado a influencia dos princimais elementos nas ligas de Alumínio: Elemento de liga Percentagem Típica Vantagem Desvantagem Cu 3 a 11% - confere alta resistência mecânica - facilita trabalho de usinagem - diminui resistência à corrosão salina - fragilidade a quente Si 12 a 13% - aumenta fluidez na fundição - reduz coeficiente de dilatação - melhora a soldabilidade - diminui usabilidade Mg > 8% - confere alta soldabilidade - aumenta resistência a corrosão em meio salino - possibilita tratamento térmico de ligas de Al-Si - dificulta fundição devido a oxidação (borra) e absorção de impurezas (Fe e outros) Zn 0,05 a 2,2% - sempre associado ao Mg - confere alta resistência mecânica - aumenta ductilidade - diminui resistência à corrosão salina - fragilidade a quente - alta contração em fundição Mn 0,5 a 10,7% -aumenta resistência mecânica a quente - pequena diminuição da ductilidade MSV1 1 9/11/11 T15 Nome : Camila Ferreira Vitor Arantes Tema: Soldabilidade do Al,Cu e Ti Tabela 1: Influência dos principais elementos nas ligas de alumínio Os principais tipos de ligas de Alumínio são: - Ligas Trabalhadas > Não tratáveis termicamente > Tratáveis termicamente - Ligas Fundidas Figura 2: Classificação das Ligas de Alumínio 3.2.1 Ligas Trabalháveis Ligas destinadas à fabricação de produtos semi-acabados, como laminados planos (placas, chapas e folhas), laminados não planos (tarugos, barras e arames) perfis extrudados e componentes forjados. A composição química do alumínio e suas ligas são expressas em percentagem, obedecendo a Norma NBR 6834 da ABNT. Principais Tipos de Ligas Trabalháveis (ASTM): Série 1xxx – Alumínio Comercialmente Puro Série 2xxx – Ligas Al-Cu. Tratadas termicamente de alta resistência mecânica. Tão resistentes quanto o aço estrutural,mas necessitam de proteção superficial. Série 3xxx - Conformabilidade e resistência à corrosão são similares às da Série 1XXX com propriedades mecânicas um pouco maiores, particularmente quando deformadas a frio. Série 4xxx – Ligas de Al-Si para consumíveis de soldagem. Série 5xxx – Ligas de Al-Mg. São as mais resistentes. Estão disponíveis em vários formatos, como lâminas, chapas, perfis, tubos, arames, etc. Elas também possuem elevada resistência à corrosão e são facilmente produzidas e soldadas. Série 6xxx – Ligas de Al-Mg-Si. Tratadas termicamente de média resistência mecânica e com elevada resistência à corrosão. MSV1 1 9/11/11 T15 Nome : Camila Ferreira Vitor Arantes Tema: Soldabilidade do Al,Cu e Ti Série 7xxx – Ligas de Al-Zn. Tratadas termicamente de alta resistência mecânica, boa resistência a corrosão e boa conformabilidade3.2.1.1 Ligas Tratadas Termicamente Características de reagir a tratamento térmico que pode ser de Homogeneização, Solubilização/Envelhecimento, Recozimento Pleno, Recozimento Parcial, Estabilização e desse modo conseguir aumento considerável da resistência mecânica. Quando soldadas perdem propriedades mecânicas, e essas propriedades podem ser restauradas após soldagem. As ligas tratáveis termicamente são; Al-Cu Al-Cu-Si Al-Mg-Si Al-Zn-Cu Al-Li 3.2.1.2 Não Tratadas Termicamente Não Tratáveis Termicamente- Cuja a resistência mecânica só pode ser aumentada por deformação a frio.Na soldagem ocorre perda de propriedades mas obtém boa ductilidade.As ligas não tratáveis termicamente são: Al-Mg Al-Mn Al-Si 3.2.2 Ligas de Fundição Diferentemente dos materiais trabalháveis, que estão sujeitos a uma variação dos processos de aquecimento e de resfriamento, as ligas de fundição adquirem suas propriedades na condição de fundida (em alguns casos, com tratamento térmico) e, consequentemente, um grupo diferente de ligas tem sido formulado para a produção de peças fundidas. Principais tipos de Ligas Fundidas: Al-Cu: boa resist. mecânica e ótima usinabilidade; resist. à corrosão e à oxidação baixas. Al-Si: elevada resist. à corrosão. Al-Mg: boa resist. mecânica, à corrosão e boa usinabilidade. Al-Sn: usadas na confecção de mancais e buchas. Chapas finas de aço, Al e desta liga são laminadas e tratadas termicamente obtendo-se uma peça completa de mancal, com estreito contato físico entre elas 3.3. Soldabilidade das Ligas de Alumínio As ligas de alumínio podem ser soldadas satisfatoriamente, visto que as linhas de solda são bastante resistentes para as suas várias aplicações. Na preparação o alumínio deve ser limpo e livre de umidade para evitar porosidade, é necessário preparar as bordas para facilitar a fusão. A limpeza da junta a ser soldada é necessária para se obter soldas isentas de defeitos. Há necessidade de pré-aquecimento. Através da escolha adequada da liga de adição, utilização de técnicas apropriadas. A escolha do processo de soldagem é determinada pela espessura do material, tipo de cordão de solda, requisitos de qualidade, aparência e custo. Os tipos de processo de soldagem para Alumínio e apresentado na figura 3 : Figura 3: Esquema dos processos de Soldagem para Alumínio Porém os dois processos mais conhecidos e utilizados para Alumínio são o MIG e o TIG. Com relação a consumíveis e apresentado na figura 4 alguns consumíveis e suas características: MSV1 1 9/11/11 T15 Nome : Camila Ferreira Vitor Arantes Tema: Soldabilidade do Al,Cu e Ti Figura 4: Consumíveis para Alumínio. Com base na classificação ASTM das ligas Tratáveis Termicamente e apresentado uma analise da soldabildade : Soldabilidade do Alumínio e das Ligas Al-Mn (Série 1XXX e 3XXX) O metal de enchimento com a mesma composição do metal base é adequado para a soldagem do alumínio comercialmente puro (1080 e 1050) e ligas de Al-Mn (3103, 3105 e 3003), não obstante o metal de enchimento na liga Al-Si (ER-4043) ser preferido, em virtude de sua elevada fluidez, facilitando a fusão e provendo uma resistência maior da solda. Soldabilidade das Ligas Al-Cu (série 2XXX) Até bom pouco tempo, raríssimos trabalhos em soldagem (exceto por resistência) foram realizados com esta série, e a maioria deles nas ligas 2014 e 2024 em chapas de espessuras finas. A liga 2219, desenvolvida mais recentemente da série 2000, é basicamente uma liga binária Al-6Cu, com boa soldabilidade e muito utilizada na fabricação de tanques de combustível soldados para foguetes. O problema da maioria das ligas Al-Cu é fissuramento na solda (exceto a 2219), particularmente em grandes espessuras ou quando soldadas sob restrição. As soldas com as ligas 2014 e 2024 geralmente apresentam baixa durabilidade. Em geral, para se conseguir melhores propriedades mecânicas na condição como soldada com essas ligas, é necessário o uso de velocidade de soldagem elevada em conjunto com uma alta taxa de resfriamento, e MSV1 1 9/11/11 T15 Nome : Camila Ferreira Vitor Arantes Tema: Soldabilidade do Al,Cu e Ti máxima transferência de calor no metal base. O tratamento térmico após soldagem pode ser utilizado para obter uma melhora adicional na resistência, particularmente no limite de escoamento. Soldabilidade das Ligas Al-Mg (Série 5XXX) As soldas por fusão, feitas nas ligas Al-Mg (5252, 5052, 5005, 5050), estão sujeitas a trincas à quente durante a solidificação, se for usado metal de enchimento de mesma composição química do metal base; e o risco de fissuras aumenta se a solda for realizada sob condições que impeçam a livre movimentação das peças a serem unidas. Este problema pode ser facilmente superado pelo aumento do teor de Mg da peça de solda, para mais de 3% Mg, que pode ser feito mediante o uso de um metal de enchimento adequado. Os metais de enchimento do tipo Al-Mg (ER-5356, ER-5556) são muito eficazes e podem evitar a fissuração até mesmo em juntas com movimentação restrita, nas quais há considerável diluição do metal base. Uma vantagem adicional dos metais de adição de ligas com maior teor de Mg consiste em que a resistência do metal de solda superará aquela do metal base na zona termicamente afetada (ZTA). A liga Al-Mg3-Mn (5454) foi especialmente desenvolvida para aplicações sob tensões, por períodos prolongados e temperaturas de serviços de 65ºC (por exemplo, em vasos de pressão, sistemas de tubulação ou navios petroleiros, transportando cargas aquecidas ou sujeitas à limpeza com vapor), onde as ligas contendo mais de 3% de Mg estão sujeitas a sofrer corrosão sob tensão em determinadas condições metalúrgicas e ambientais. Em tais casos, o metal base 5454 deve ser soldado com metal de adição na liga Al-Mg-Mn (5554), desenvolvido para esse fim. A fissuração à quente não é normalmente um problema com essa combinação de materiais, recomendando-se porém razoável cuidado para evitar-se um nível de restrição elevado. A liga de Al-Mg4, 5-Mn (5083) é a mais resistente das ligas trabalháveis não tratáveis termicamente, e há muitos anos vem sendo amplamente usada na área de estruturas soldadas em aplicações marítimas e aplicações criogênicas. Essa liga não tem tendência à fissuração e pode ser soldada com os seguintes metais de adição normalizados: Al-Mg5 (ER-5356) , Al-Mg4,5-Mn (ER-5183) ou Al-Mg5,2-Cr (ER-5556). Destes metais de enchimento, o de classificação ER-5356 é empregado mais comumente na fabricação em geral, porém os ER-5183 e ER-5556 são freqüentemente preferidos para a soldagem de material espesso (acima de 20,0 mm), visto que a liga ER-5183 proporciona uma união satisfatória com o metal de base na condição recozida, e a liga ER-5556 fornece uma maior resistência, porém com ductilidade e tenacidade ligeiramente inferiores. Soldabilidade das Ligas Al-Mg-Si (Série 6XXX) As ligas tratáveis termicamente da série 6XXX também apresentam fragilidade à quente e podem sofrer graves fissurações durante a solidificação, se soldadas sem metal de enchimento ou usando metal de enchimento com a mesma composição do metal base. A eliminação do problema pode ser conseguida pelo uso de metais de enchimento de Al-Mg com 5% de Mg ou de Al-Si (ER-4043), para conduzir a composição do metal de solda a uma faixa que não seja de fragilidade à quente. Nos casos em que for importante uma coincidência de tonalidade entre o metal de solda e o metal base, tal como, por exemplo, nos conjuntos anodizados, recomenda-se MSV1 1 9/11/11 T15 Nome : Camila Ferreira Vitor Arantes Tema: Soldabilidade do Al,Cu e Ti o uso de metal de adição com 5% de Mg. Em se tratando juntas com diluição pelo metalbase superior a 80%, como por exemplo nas juntas de topo com arestas paralelas e sem abertura, é possível obter-se uma resposta ao tratamento térmico de solubilização posteriormente à soldagem, usando-se qualquer uma das ligas de enchimento. Soldabilidade das Ligas Al-Zn-Mg (Série 7XXX) As ligas da série 7XXX são sujeitas a fissuração durante a solidificação da solda, mas isto pode ser eliminado pelo emprego de metal de enchimento do tipo Al-Mg5 (ER-5456 e ER- 5556). Se a configuração da junta produzir uma diluição elevada do metal base, poderá haver alguma resposta ao envelhecimento natural no metal de solda, porém isto deve ser considerado com um ganho extra e não como um requisito de projeto. Nos casos de soldas em chanfro do tipo “V”, em materiais espessos (acima de 12,0 mm), ou de soldas em filete, onde a diluição é pequena, existe alguma justificativa para o uso da liga Al-Mg-Zn (como exemplo ER-5039), para a obtenção de um endurecimento por precipitação mais eficaz no metal de solda. 3.3.1. Efeitos Metalúrgicos da Soldagem Nas ligas Tratáveis Termicamente: Degradação das propriedades do metal de base (microestrutura nesta zona é alterada); ZTA apresenta dissolução ou crescimento de precipitados. Nas ligas Não Tratáveis Termicamente: ZTA é considerada como uma zona única; Resistência mínima desta zona será bem próxima da resistência da liga na condição totalmente recozida; As soldas apresentam excelente ductilidade 3.3.2. Tratamento Térmico Pós Soldagem Visa aumentar as propriedades da ZTA : Pode envolver solubilização + envelhecimento; Somente envelhecimento (não tão eficaz na recuperação da ZTA como solubilização + envelhecimento) -- Vantagem de envelhecimento (não há necessidade de aquecimento a altas temperaturas). 3.3.3. Fissuração a Quente MSV1 1 9/11/11 T15 Nome : Camila Ferreira Vitor Arantes Tema: Soldabilidade do Al,Cu e Ti Fatores que favorecem a fissuração: Perda de resistência mecânica (MS e ZTA); Perda de ductilidade (MS e ZTA); Aumento de espessura do metal; Aumento no tamanho de grão do metal; Aporte de energia; Grau de restrição do movimento da peça. Fatores que reduzem a fissuração: Temperatura do consumível similar ou inferior à do MB; Consumível com maior teor de liga que MB. Fatores que eliminam a trinca: Controlar a composição química da poça de solda; Junta com abertura de ângulo adequada; Velocidades de soldagem maiores. Fissuração de liquefação – Ocorre na ZTA. Fissuração de solidificação – Ocorre no MS MSV1 1 9/11/11 T15 Nome : Camila Ferreira Vitor Arantes Tema: Soldabilidade do Al,Cu e Ti 4. Cobre e suas ligas O cobre e suas ligas são o terceiro metal mais utilizado no mundo, perdendo apenas para os aços e para o alumínio e suas ligas. Figura 5: Cobre nativo e microestrutura do cobre comercial (liga 11000, estrutura dendrítica) 4.1. Características e Aplicações do Cobre Elevada condutividade elétrica (depois da prata, é o metal que melhor conduz eletricidade). Elevada condutividade térmica. Boa resistência à corrosão causada por água salgada, produtos químicos e alimentos em geral. Elevada resistência mecânica e à fadiga. Densidade de 8,94 g/cm- (um pouco acima da do aço) Temperatura de fusão de aproximadamente 1083ºC. As principais aplicações incluem barras e laminados, tubos e conexões, conexões de energia, arquitetura, agropecuária, indústria naval e indústria química, automobilística, arquitetura, sistemas de aquecimento, painéis para absorção de energia solar, trocadores de calor, mecânica, condução de fluídos, objetos decorativos, bélica, mineração e exploração petrolífera. MSV1 1 9/11/11 T15 Nome : Camila Ferreira Vitor Arantes Tema: Soldabilidade do Al,Cu e Ti 4.2. Ligas de Cobre Geralmente se utiliza o cobre na sua forma pura. Porém se pode combiná-lo com outros metais a fim de lhe conferir caraterísticas desejadas. Cada elemento adicionado reforça características de dureza, resistência à corrosão, resistência mecânica, usinabilidade e coloração. Os principais grupos de ligas de cobre são: Cobre puro – Com no mínimo 99,3% de pureza Ligas com alto teor de cobre – Com até 5% de elementos de liga Ligas de Cobre-zinco (Latão) Ligas de Cobre-estanho (Bronze) Ligas de Cobre-alumínio (Bronze Alumínio) Ligas de Cobre-silício (Bronze Silício) Ligas de Cobre-níquel (Cupro-Níquel) Ligas de Cobre-níquel-zinco (Alpaca) Figura 6: Adição de elementos e ligas de cobre resultantes 4.2.1. Cobre puro Cobre com no mínimo 99,3% de pureza. Quanto à soldabilidade: Pode ser aplicado isento de oxigênio, com oxigênio (neste caso as impurezas e resíduos de oxigênio podem causar porosidade e outras descontinuidades quando são soldadas) e com fósforo como agente desoxidante. 4.2.2. Ligas com alto teor de cobre MSV1 1 9/11/11 T15 Nome : Camila Ferreira Vitor Arantes Tema: Soldabilidade do Al,Cu e Ti São ligas de cobre com baixo teor de liga (elementos de liga <5%). Aqui estão inclusos o cobretelúrio (Cu-Te), o cobre-enxofre (Cu-S), o cobre-chumbo (Cu-Pb) e o cobre-cromo (Cu-Cr). Quanto à soldabilidade: A soldagem destas ligas não é indicada, pois a solda apresenta uma maior suscetibilidade a trincas. Peças podem ser unidas por brasagem. Quanto ao cobre cromo, a soldagem pode resultar em superenvelhecimento das áreas expostas, causando degradação das propriedades mecânicas. Após a soldagem deve ser realizado um tratamento térmico completo de solubilização e envelhecimento. 4.2.3. Latões (Cu-Zn) O zinco é seu principal elemento de liga. Figura 7: Micrografia da latão C21100, do latão comercial e do latão de usinagem fácil As principais propriedades são: alta resistência à corrosão atmosférica, soldabilidade, usinabilidade, conformabilidade, boa base pra recobrimento eletrolítico e cor atraente. O teor de zinco varia de 5% a 45%. Quanto à soldabilidade: Não pode ser soldado com processo elétrico (o calor do arco é muito alto, fazendo com que o Zn funda primeiro ocorrendo a perda do elemento na forma de gás). Deve-se usar o processo de brasagem. 4.2.4. Bronzes (Cu-Sn) Contém estanho como principal elemento de liga, entre 1 a 10%. MSV1 1 9/11/11 T15 Nome : Camila Ferreira Vitor Arantes Tema: Soldabilidade do Al,Cu e Ti Figura 8: Micrografia da Bronze comum, bronze fosforoso e bronze ao alumínio As principais propriedades são: elevadas resistências à tração, abrasão e fadiga, excelente resistência à corrosão em vários meios (incluindo água doce e salgada, diversos ácidos exceto o clorídrico), boa usinabilidade e boa ductilidade. Quanto à soldabilidade: São suscetíveis as fissuras à quente quando sofrem solicitação mecânica. Deve-se evitar um pré-aquecimento elevado, um alto aporte de calor e uma baixa taxa de resfriamento (resfriamento lento), pois pode haver porosidade por contração térmica da solidificação. 4.2.5. Bronze Alumínio Contém principalmente alumínio (entre 3 a 15%) com adição de ferro, níquel e manganês em alta quantidade. É excelente para aumentar a resistência de superfícies sujeitas a desgaste mecânico e por corrosão. 4.2.6. Bronze Silício As principais propriedades são: boa soldabilidade, elevada resistência mecânica e à corrosão. O silício aumenta seu limite de resistência à tração, dureza e a taxa de trabalho a frio. Quanto à soldabilidade: Durante a soldagem deve se considerar como principal fator o intervalo de temperaturas (800ºC e 950 ºC) no qual ocorrefragilidade a quente. O resfriamento neste intervalo deve ser o mais rápido possível. 4.2.7. Cobre Níquel O níquel é o elemento de liga em maior quantidade (de 10 a 30%). Resistem bem a qualquer tipo de atmosfera (águas industriais e salgadas, ácidos minerais e orgânicos). São produzidos como tubos, barras e perfis forjados. 4.2.8. Cobre-Níquel-Zinco Apresentam zinco (entre 17 a 27%) e níquel (entre 8 a 11%) como principais elementos de liga. Esta liga apresenta boa ductilidade e excelente resistência ao desgaste por fricção. Também podem ser trabalháveis e encruadas quando submetidas a tratamento. 5. Soldabilidade do Cobre e suas ligas MSV1 1 9/11/11 T15 Nome : Camila Ferreira Vitor Arantes Tema: Soldabilidade do Al,Cu e Ti Inicialmente, todos os processos normalmente utilizados para o aço doce podem ser empregados na soldagem do cobre e suas ligas. Porém devemos avaliar todas as diferentes características físico-metalúrgicas das ligas de cobre e selecionar cuidadosamente os processos em função das propriedades específicas de cada tipo de liga. 5.1. Processos mais comuns MIG, TIG, Oxi-combustível. Também podem ser utilizados os processos de soldagem a arco elétrico com eletrodo revestido (SMAW), soldagem a arco elétrico com gás de proteção (GMAW), soldagem a plasma e soldagem com arco submerso. Vale ressaltar que quando é realizada a soldagem ao invés da brasagem, é importante a determinação da área onde o calor será imposto, pois são materiais com alta condutividade térmica. Temos ainda que: A soldabilidade varia conforme a pureza do cobre: Uma quantidade alta de oxigênio no cobre pode causar porosidade e deixar a ZTA sujeita a fissuras. O fósforo como agente desoxidante apresenta melhor soldabilidade, sendo que a porosidade pode ser evitada usando MA com agentes desoxidantes, como alumínio, manganês, silício, fósforo e titânio. A soldabilidade varia consideravelmente entre as ligas de cobre: Assim, cuidados devem ser tomados para garantir que os procedimentos de soldagem sejam utilizados de forma correta para cada liga em particular, a fim de reduzir os riscos de ocorrer defeitos na soldagem. 5.2. Projetos de juntas e chanfros As juntas recomendadas para a soldagem do cobre e suas ligas são juntas de topo e chanfros que podem ser do tipo I, V, U, duplo V e duplo U. Devido à alta condutividade térmica do cobre, as juntas são maiores do que as utilizadas para aço, permitindo assim uma fusão e penetração adequadas. MSV1 1 9/11/11 T15 Nome : Camila Ferreira Vitor Arantes Tema: Soldabilidade do Al,Cu e Ti 5.3. Fatores que afetam a soldabilidade Deve se sempre estar atento a alguns fatores na soldagem do Cobre e suas ligas, tais como: 5.3.1. Condutividade térmica Dependendo da espessura de corte, o pré-aquecimento pode ser necessários para ligas de cobre com menor condutividade térmica. A temperatura entre os passes devem ser as mesmas que a do pré-aquecimento. 5.3.2. Posição de soldagem Posição plana: Devido à natureza altamente fluida do cobre e suas ligas. Posição horizontal: Usada em alguns filetes de solda de juntas de canto e juntas em T. Posições vertical e horizontal: são menos usadas em soldagem de juntas de topo. 5.3.3. Porosidade Alguns elementos (ex: zinco, cádmio e fósforo) têm baixo ponto de ebulição. A vaporização destes elementos durante a soldagem pode resultar em porosidade. Quando soldamos ligas de cobre estes elementos, a porosidade pode ser minimizada por velocidades de soldagem maior e pela presença de metais de adição sem a presença desses elementos. 5.3.4. Condição da superfície Os óxidos nas superfícies de trabalho devem ser removidos antes da soldagem. 5.3.5. Acabamento superficial Não precisam do mesmo grau de limpeza que os metais leves. Apesar disso, alguns cuidados no acabamento para a maioria das juntas soldadas são necessários, pois em algumas condições de serviço a corrosão pode ser grave. É essencial remover as impurezas que podem acelerar ataques corrosivos, para oferecer uma superfície lisa ao término da solda, que posteriormente não irá oferecer alojamento para os líquidos que podem facilitar a corrosão. MSV1 1 9/11/11 T15 Nome : Camila Ferreira Vitor Arantes Tema: Soldabilidade do Al,Cu e Ti 6. Titânio e suas ligas De todos os elementos presentes na terra, o titânio é o nono mais abundante. Entretanto, o custo para sua obtenção é elevado Figura 9: Titânio nativo e microestrutura de superfície de Titânio 6.1. Características e Aplicação O titânio é um elemento metálico muito conhecido por sua excelente resistência à corrosão (quase tão resistente quanto a platina) e por sua grande resistência mecânica. Possui baixa condutividade térmica e elétrica. É um metal leve, forte e de fácil fabricação com baixa densidade (40% da densidade do aço). Quando puro é bem dúctil e fácil de trabalhar. O ponto de fusão relativamente alto faz com que seja útil como um metal refratário. Ele é mais forte que o aço, porém 45% mais leve. É 60% mais pesado que o alumínio, porém duas vezes mais forte. Tais características fazem com que o titânio seja muito resistente contra os tipos usuais de fadiga O titânio e suas ligas possuem limites de resistência de 300.000 psi a 2.000.000 psi e sua densidade é 56% a do aço. Combina uma excelente relação densidade x limite de resistência. Com relação a corrosão sua resistência se compara a da platina. http://pt.wikipedia.org/wiki/Metal http://pt.wikipedia.org/wiki/Corros%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Platina http://pt.wikipedia.org/wiki/Densidade http://pt.wikipedia.org/wiki/A%C3%A7o http://pt.wikipedia.org/wiki/Ductilidade http://pt.wikipedia.org/wiki/Ponto_de_fus%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Material_refrat%C3%A1rio http://pt.wikipedia.org/wiki/Alum%C3%ADnio http://www.infoescola.com/wp-content/uploads/2010/02/titanio.jpg MSV1 1 9/11/11 T15 Nome : Camila Ferreira Vitor Arantes Tema: Soldabilidade do Al,Cu e Ti Dentre suas aplicações destacam se na indústria aeronáutica devido a relação densidade x limite de resistência, química alta resistência a corrosão e no seguimento da biomédica. 6.1.2 Obtenção O Titânio pode ser obtido de três minerais Ilmenita (Fe.TiO3), Rutilo (TiO2), Anatásio (TiO2). Sendo que Existem atualmente seis tipos de processo disponíveis para a fabricação do titânio metálico: • “Kroll”(responsável, até hoje, pela maioria do titânio metálico produzido no mundo ocidental); • “Hunter”; • Processo de redução eletrolítica; • Processo de redução gasosa; • Redução com plasma; • Processos de redução metalotérmica. 6.2. Soldabilidade do Titânio e suas ligas Vale ressaltar que a soldabilidade das ligas de titânio são diferentes umas das outras. 6.1.1 Processo mais comum Os processos de soldagem mais utilizados são os processos TIG, MIG, soldagem por plasma, soldagem a laser e soldagem por feixe de elétrons. As tensões residuais decorrentes da soldagem, que afetam significativamente o desempenho de componentes soldados de titânio, devem ser minimizadas com a utilização de processos que permitam concentração de calor em regiões estreitas, soldagem autógena, e utilização do menor número de passes possível. MSV1 1 9/11/11 T15 Nome : Camila Ferreira Vitor Arantes Tema: Soldabilidade do Al,Cu e Ti 6.1.2 A fragilização Para se obter uma boa qualidade de solda com o titânio a fusão, a solidificação e o resfriamento no estado sólido devem ocorrer como uso de uma atmosfera protetora adequada(uso de gases inertes como hélio e o argônio). Isso acontece porque o titânio possui uma elevada afinidade química com o oxigênio, que confere uma camada de óxido estável na superfície. Esta afinidade aumenta com a temperatura. Porém, acima de 500⁰C a resistência à oxidação diminui rapidamente e o titânio fica muito suscetível à fragilização pelo hidrogênio, oxigênio e nitrogênio, que se dissolvem intersticialmente no titânio. 6.3. Ligas 6.3.1 Ligas α Apresentam boa soldabilidade devido a sua boa ductilidade. Operações de soldagem não introduzem muitas alterações nas propriedades mecânicas do metal recozido na ZTA. Entretanto, a resistência mecânica do material trabalhado a frio na ZTA é reduzida pelo aquecimento associado à soldagem. Por este motivo estas ligas são geralmente soldadas na condição de material recozido. É recomendada a realização de tratamento térmico de alívio de tensões pós-soldagem. 6.3.2 Ligas α+β A maioria das ligas α+β apresentam baixa ductilidade na solda, devido a transformações de fase no MS ou na ZTA, ou em ambas as regiões. A soldagem das ligas α+β pode modificar significativamente sua resistência mecânica, sua ductilidade e sua tenacidade, devido ao ciclo térmico de soldagem. A baixa ductilidade da maioria das soldas de ligas α+β é causada por transformações de fase no MS ou na ZTA, ou em ambas as regiões. Estas ligas podem ser soldadas com MA de titânio comercialmente puro ou de ligas monofásicas α, para produzir um MS com baixa %β, o que melhora a ductilidade da junta MSV1 1 9/11/11 T15 Nome : Camila Ferreira Vitor Arantes Tema: Soldabilidade do Al,Cu e Ti soldada. Entretanto, este procedimento não resolve o problema de baixa ductilidade da ZTA em ligas que contêm elevados percentuais de elementos formadores de fase β. 6.3.2.1 Liga Ti-6Al-4V (α+β) É a que apresenta melhor soldabilidade entre as ligas α+β. Isso pode ser atribuído a dois fatores: Formação de uma martensita α’ que nesta liga não é tão dura e frágil como em outras ligas com maiores teores de elementos formadores de β, como Ti-6Al-6V- 2Sn. Devido à endurecibilidade relativamente baixa da liga Ti-6Al-4V, que permite a formação de maiores proporções de uma microestrutura mais desejável como a estrutura de ferrita de Widmanstätten da fase α junto com a fase β retida, mesmo no caso de elevadas taxas de resfriamento após a soldagem. Trincas da Ti-6Al-4V: Devido a solidificação da liga Ti-6Al-4V não apresentar formação de eutéticos de baixo ponto de fusão, esta liga é também altamente resistente ao trincamento na solidificação (liquação). Entretanto, a ocorrência de trincamento no estado sólido e a formação de porosidades podem ocorrer como consequência da soldagem. Felizmente esses defeitos não são inerentes à liga Ti-6Al-4V, mas podem ocorrer devido a deficiências que podem ser corrigidas na limpeza da peça que será soldada e na proteção da junta soldada contra a contaminação atmosférica. Resistência ao trincamento: Pode ser melhorada por um pré-aquecimento na faixa de 150 a 175 ºC e por um tratamento de alívio de tensões realizado imediatamente após a soldagem. Microestrutura da Ti-6Al-4V: As propriedades mecânicas da ZTA da liga Ti-6Al-4V são muito influenciadas pelo modo em que ocorre a transformação da fase β CCC de alta temperatura em fase α HCP de baixa temperatura. As características dessa microestrutura MSV1 1 9/11/11 T15 Nome : Camila Ferreira Vitor Arantes Tema: Soldabilidade do Al,Cu e Ti “β-transformada” dependem principalmente da taxa de resfriamento a partir da alta temperatura do campo monofásico β, a qual é influenciada pelo tipo de processo de soldagem, pelos parâmetros de processo de soldagem e outras condições de soldagem, como a geometria da peça e sua montagem para a operação de soldagem. Nas regiões próximas à ZTA, altas taxas de resfriamento, associadas a processos de baixo aporte térmico como soldagem a laser, soldagem com feixe de elétrons e soldagem por resistência (100 a 10.000 ºC/s), promovem a transformação de fase β em fase α’martensítica. Esta fase acicular extremamente fina apresentam alta resistência mecânica e dureza, porém baixa dutilidade e tenacidade. No caso das taxas de resfriamento mais baixas associadas aos processos TIG ou soldagem a plasma (10 a 100 ºC/s), surge uma microestrutura de Widmanstätten mais grosseira de fase α com fase β retida, ou uma mistura dessa microestrutura com a fase α linha, que apresenta tensão limite de ruptura e de escoamento superiores às encontradas para o metal base recozido e dutilidade e tenacidade superiores às encontradas para a microestrutura completamente martensítica. Na região mais distante da ZTA, a microestrutura é constituída de fase α primária que se origina de uma microestrutura de metal base numa matriz de fase β transformada. A microestrutura da solda e suas propriedades mecânicas também podem ser influenciadas pelo tratamento térmico pós-soldagem, o qual pode apresentar efeitos específicos, dependendo do tempo de tratamento e da temperatura atingida, na microestrutura do material soldado. 6.3.2.2 Outras ligas α+β Ligas bifásicas α+β com elevados teores de elementos formadores de fase β, como as ligas Ti-6Al-2Sn-4Zr-6Mo e Ti-6Al-6V-2Sn apresentam soldabilidade limitadas, apresentando tendência ao trincamento quando soldadas em condições de restrições severas ou quando apresentam pequenos defeitos na zona de solda. MSV1 1 9/11/11 T15 Nome : Camila Ferreira Vitor Arantes Tema: Soldabilidade do Al,Cu e Ti 6.3.2.3 Microestrutura da junta soldada em ligas α+β ZTA: Após a soldagem as ligas α+β apresentam grãos colunares grosseiros resultantes da solidificação, que inicialmente se formam com fase β em altas temperaturas. O tamanho e a morfologia desses grãos dependem da natureza do fluxo de calor que ocorre durante a solidificação após soldagem. Em condições simples de fluxo de calor uniaxial os grãos de fase β se nucleiam epitaxialmente a partir dos grãos de fase β presentes no MB e se solidificam preferencialmente numa direção paralela ao gradiente máximo de temperatura, ou seja, paralela aos eletrodos de soldagem, até se encontrarem numa linha de solda horizontal e central. Sob condições de fluxo de calor bidimensional com elevada penetração, como no caso dos processos de soldagem a laser, plasma e feixe de elétrons, os grãos colunares de fase β solidificam a partir do interior do metal base numa direção praticamente paralela à superfície da chapa ou da placa, chegando finalmente a se encontrar com os grãos que crescem em sentido contrário, formando uma linha de solda central e vertical. Por outro lado, condições de fluxo de calor tridimensional ou misto bidimensional/tridimensional, como ocorre na soldagem TIG e MIG multipasse, promovem a formação de grãos de fase β multidirecionais com morfologia mais complexa. O tamanho de grão de fase β na zona de fusão depende essencialmente do aporte térmico, que, sendo maior, resulta em grãos mais grosseiros. Devido ao crescimento de grão epitaxial, o tamanho de grão de fase β na zona de fusão pode depender também do tamanho de grão de fase β na região da ZTA mais próxima à linha de fusão. Este efeito é mais significativo na soldagem de ligas fundidas ou recozidas para formar fase β com grãos muito grosseiros, e quando acontece, evidentemente prejudica as propriedades mecânicas, principalmente a dutilidade. Como mencionado anteriormente na região da ZTA mais próxima à zona de fusão, na qual a temperatura pode atingir 995 º, portanto bem acima da temperatura de formação da fase β (883 ºC, que é a chamada β transus), ocorre crescimentode grão acentuado. Como no caso da zona de fusão, esse crescimento aumenta com a elevação do aporte térmico na zona de soldagem. MSV1 1 9/11/11 T15 Nome : Camila Ferreira Vitor Arantes Tema: Soldabilidade do Al,Cu e Ti Consequentemente esta região de grãos grosseiros da ZTA pode variar em largura, sendo extremamente estreita, quase não observada, no caso de soldagem a laser ou com feixe de elétrons, e ainda assim tendo a largura de vários grãos de fase β em soldas TIG. Em regiões mais afastadas da zona de fusão, atinge-se temperaturas abaixo da β transus, que promovem a transformação de fase α na microestrutura trabalhada e recozida para várias proporções de fase β de alta temperatura. A presença de pequenas quantidades de fase α nas temperaturas de pico de ciclo térmico de soldagem já é suficiente para evitar, ou minimizar, o crescimento de grão de fase β, assim contribuindo para melhorar a dutilidade desta região quando comparada com a região de grãos grosseiros da ZTA próxima à zona de fusão. O refino do grão: Recentemente foram desenvolvidas novas técnicas para refinar o grão nas soldas de ligas de titânio, como agitação eletromagnética e inoculação com terras raras e partículas que aceleram o resfriamento da zona de fusão, de modo a promover a nucleação não epitaxial de grãos de fase β durante a solidificação, e assim resultando numa microestrutura de zona de fusão com grãos refinados. Vários desses métodos têm se mostrado efetivos em refinar a microestrutura de grãos de fase β, melhorando assim as propriedades mecânicas da zona de fusão. Apesar do sucesso dessas técnicas, particularmente no caso de chapas finas, seu uso ainda é muito limitado. 6.4 Ligas β metaestáveis A maioria das ligas metaestáveis β são soldáveis tanto na condição recozida quanto na condição termicamente tratada. Entre estas ligas estão a Ti-13V-11Cr-3Al, Ti-8Mo-8V-3Al- 2Fe e Ti-15V-3Al-3Cr-3Sn. As juntas soldadas destas ligas apresentam boa ductilidade, porém resistência mecânica relativamente baixa na condição como soldada. Elas são usadas mais frequentemente nesta condição, porque a resposta ao tratamento térmico da junta soldada é diferente da do MB, e possui baixa ductilidade após o envelhecimento. O envelhecimento também pode ocorrer se as juntas soldadas são expostas a temperaturas relativamente elevadas em serviço. MSV1 1 9/11/11 T15 Nome : Camila Ferreira Vitor Arantes Tema: Soldabilidade do Al,Cu e Ti 6.4.1 Microestrutura da ZTA das ligas β metaestáveis A microestrutura da ZTA e da zona de fusão de grãos β da solda de ligas de titânio metaestáveis β são essencialmente semelhantes à encontrada nas ligas α+β. Devido ao considerável teor de elementos betágenos e a difusividade relativamente baixa desses elementos nas ligas β metaestáveis, a fase β de alta temperatura é retida durante o resfriamento após a soldagem até a temperatura ambiente (embora possa ocorrer transformação atérmica para fase ômega em algumas ligas). O tratamento térmico pós- soldagem subsequente, em temperaturas da ordem de 450 a 650 ºC promove a precipitação de fase α em grãos finos, tanto intragranularmente como ao longo dos contornos da fase β prévia. Através de controle adequado da temperatura e do tempo de envelhecimento, pode ser obtida uma grande variedade de combinações de resistência mecânica e dutilidade no metal base e na zona de solda. A precipitação relativamente uniforme de fase α extremamente fina durante o envelhecimento em baixa temperatura (482 ºC por 24 horas), para o caso de zona de fusão de solda obtida pelo processo TIG de liga β C (Ti-3Al-8V- 6Cr-4Zr-4Mo), resulta em elevada dureza e resistência mecânica (resistência à tração da ordem de 1382 MPa) e baixa dutilidade (apenas 2,5 % de alongamento) na zona de fusão. O aumento da temperatura de envelhecimento promove a precipitação de fase α mais grosseira, amolecimento (resistência à tração da ordem de 1121 MPa) e um aumento de dutilidade (alongamento de 8,0 %), como no caso da zona de fusão da mesma liga, soldada pelo mesmo processo, porém envelhecida a 593 ºC por 8 horas. Verifica-se que, ao contrário das ligas α+β, a microssegregação residual da solidificação da solda pode influenciar a precipitação da fase α durante o envelhecimento, particularmente para o caso de tratamentos térmicos com baixas temperaturas de envelhecimento.
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