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Visão da profissão de Gari perante à sociedade

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Comentário crítico sobre a visão do Gari perante à sociedade. 
 
 
Décadas se passaram da época escravocrata no Brasil, porém um dos seus 
frutos permanece intensamente nos dias atuais, o racismo. Para seguir adiante, 
é importante entender o significado da palavra racismo, que conforme o 
dicionário “É a forma de preconceito ou discriminação diante de quem apresenta 
uma raça ou etnia diferente”. No Brasil, observamos esta prática sobretudo, sob 
a população negra, que se encontra marginalizada. 
O texto evidência o racismo pois a partir do momento em que se procura no 
Google imagens a palavra “Gari”, como resultado, surge diversas fotos de 
homens negros trabalhando como tal. Há o rebaixamento da profissão de gari, 
considerando-a imunda, invisível perante a sua importância na sociedade, 
apenas “lixo”; e do outro lado, tem a vinculação da imagem do negro a essa 
profissão, pois o negro é considerado desde as colonizações, um ser imundo, de 
cor. 
O racismo se torna naturalizado pela sociedade, como Lélia Gonzales(1984) 
afirma. Não tem espaço para discutir esta palavra no Brasil. Vende-se a ideia de 
que todos são iguais, logo não tem porque achar que um negro é diferente, ele 
pode torna-se capaz e conquistar qualquer coisa. Mas pouco se fala das 
dificuldades impostas ao negro, como a segregação, inferioridade, o verdadeiro 
apartheid social por assim dizer. A partir do momento que uma grande 
multinacional, vulgo o Google, que é utilizada como ferramenta de pesquisa, 
associa a imagem do negro a diversas coisas ditas pela sociedade como ruins, 
é porque algo não está certo. Realizando aqui um paralelo com Fanon(1952) é 
perceptível a alienação do negro, uma vez que foi um fenômeno socialmente 
construído e atualmente é uma engrenagem do sistema capitalista, que vende 
essas imagens, movimentando o lucro e induzindo cada vez mais a segregação 
social. “O homem negro não é um homem”, como dizia Fanon. 
Logo, é importante compreender que há uma supremacia branca incorporada na 
sociedade, mascarada pelo “mito da brasilidade” de que há plena igualdade entre 
as raças, que naturaliza o racismo, e exclui os negros dos seus direitos, e dos 
espaços de poder. Pesquisas como o IBGE(2020) indicam que a pobreza no país 
cresceu 13,5%, sendo que 70% eram pessoas de cor preta ou parda, abaixo da 
linha da pobreza. Enquanto brancos, considerados pobres não somavam à 20%. 
Importante salientar que ser gari não é sinônimo de baixa escolaridade, de quem 
não teve estudo. A profissão de gari não é diferente de um médico, professor, 
etc. É essencial e de extrema importância para a manutenção da sociedade. 
Aqui trago o livro “Homens invisíveis: Relatos de uma humilhação social” do 
Fernando Braga da Costa, referente as humilhações sofridas por estes 
profissionais, emergidas por meio de uma atividade cotidiana para um trabalho. 
Conseguinte, a associação do negro a essa imagem demonstra que há muito o 
que lutar em relação ao combate do racismo estrutural. Não existe democracia 
racial. E pesquisas no Google colocam essa afirmação em pauta, a partir dos 
seus buscadores “Gorilas”; “Corte de cabelo profissional”; “Cabelo ruim”; “Gari”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Referências: 
 GONZALES, Lélia. Racismo e sexismo na cultura brasileira. 1984, p. 223-244. 
 COSTA, Fernando. Homens Invisíveis: Relatos de uma humilhação social. 2004. 
 FANON, Frantz. Pele negra, máscaras brancas. 1952. 
 Racismo estrutural: estudo do IBGE revela mais uma vez a brutal desigualdade racial 
no Brasil. Disponível em: 
https://adusb.org.br/web/page?slug=news&id=10775&pslug=#.YMGuatVKjIV. 2020 
 
 
 
https://adusb.org.br/web/page?slug=news&id=10775&pslug=#.YMGuatVKjIV

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