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EEIMVR Aula 3 – Materiais de Engenharia Classes e Sub-Classes Slide 1 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Rogério Itaborahy Tavares Introdução METAIS CERÂMICAS VIDROS MATERIAIS NATURAIS POLÍMEROS E ELASTÔMEROS HÍBRIDOS: compósitos, sanduíches, segmentados, reticulados, espumas MATERIAIS DE ENGENHARIA • Segundo Ashby, existem cerca de 160.000 diferentes materiais disponíveis para o engenheiro usar em projetos de componentes mecânicos. • Uma maneira de organizar essa grande quantidade de materiais é o seu agrupamento ou classificação em famílias ou classes, como mostrado ao lado. • Os componentes de uma mesma família possuem características comuns: propriedades e processos de produção similares, e ainda aplicações semelhantes. • Os Metais tem módulo de elasticidade relativamente alto, e grande flexibilidade de propriedades mecânicas, dependendo da composição química e do processo termo-mecânico usado na sua produção. • Além disso, a ductilidade dos metais facilita a sua conformação por deformação plástica; a tenacidade confere capacidade de absorver impacto; a nuvem de elétrons das ligações atômicas metálicas geram altas condutividades térmica e elétrica; em geral têm menor resistência à corrosão que outros materiais. EEIMVR Aula 3 – Materiais de Engenharia Classes e Sub-Classes Slide 2 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Rogério Itaborahy Tavares Introdução • As Cerâmicas e Vidros, ao contrário dos metais, apresentam comportamento frágil. Isto é, atingem a fratura sem apresentar deformação plástica. A fratura frágil em compressão ocorre com tensões até 15 vezes maiores que em tração. A ausência de ductilidade das cerâmicas resulta em baixa tolerância para a concentração de tensões (presença de furos e trincas) e altas tensões de contato (pontos de fixação, p.ex.). Por outro lado, as cerâmicas possuem alta rigidez, elevadas dureza, resistência ao desgaste e à corrosão; também conservam alta resistência mecânica em temperaturas elevadas. • Polímeros e Elastômeros têm módulo de elasticidade até 50 vezes menor que os dos metais, mas atingindo resistência mecânica próxima das deles. As deformações elásticas são grandes e podem sofrer fluência mesmo na temperatura ambiente, limitando seu uso a temperaturas abaixo de 200 ºC. Porém, a relação resistência/peso é similar às dos metais. A principal característica dos polímeros é a sua enorme facilidade de conformação, permitindo obter formas complicadas numa única operação. O correto dimensionamento dos moldes e o uso de corantes dispensam etapas finais de acabamento. Também apresentam elevada resistência à corrosão e baixos coeficientes de atrito. • Os Híbridos combinam as propriedades atrativas de diferentes classes de materiais, podendo ser leves, rígidos, resistentes e tenazes. Destaque para os Compósitos, especialmente aqueles com matriz polimérica (epóxi ou poliéster) reforçada por fibras de vidro, de carbono ou de Kevlar (ou até fibras vegetais). Uso limitado a 250ºC (amolecimento da matriz), podendo ser imbatíveis na T ambiente. Em geral são caros, difíceis de conformar e de unir, porém sua tecnologia e redução de custo vem evoluindo rapidamente. EEIMVR Aula 3 – Materiais de Engenharia Classes e Sub-Classes Slide 3 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Rogério Itaborahy Tavares Famílias, Classes e Sub-classes REINO FAMÍLIA CLASSE SUB-CLASSE MEMBRO ATRIBUTOS MATERIAL CERÂMICAS VIDROS COMPÓSITOS METAIS POLÍMEROS ELASTÔMEROS NATURAIS AÇOS FOS FOS LIGAS DE Cu LIGAS DE Al LIGAS DE Ti LIGAS DE Ni LIGAS DE Zn 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 5005-O 5005-H4 5005-H6 5083-H2 5083-H4 5083-H6 5154-O 5154-H2 ... Densidade Módulo E Escoamento Resistência M. Tenacidade Condutividade T. Expansão T. Resistividade E. Custo Corrosão Oxidação EEIMVR Aula 3 – Materiais de Engenharia Classes e Sub-Classes Slide 4 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Rogério Itaborahy Tavares Família Classes Abreviatura Polímeros e Elastômeros Epóxis EP Poliéster PEST Polietileno PE Polimetilmetacrilato PMMA (acrílico) Náilon PA (poliamida) Politetrafluoretileno PTFE (teflon) Poliestireno PS Poliuretano PU Cloreto de Polivinila PVC Polietileno tereftalato PET Polietil-éter-cetona PEEK Borracha Natural NR Borracha de Silicone Silicone Famílias e Classes EEIMVR Aula 3 – Materiais de Engenharia Classes e Sub-Classes Slide 5 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Rogério Itaborahy Tavares Família Classes Abreviatura Cerâmicas e Vidros Alumina Al2O3 Magnésia MgO Vidros de Sílica e Silicatos SiO2 Carbeto de Silício SiC Nitreto de Silício Si3N4 Zircônia ZrO2 Cimento e Concreto Rochas naturais (granito, mármore, etc.) Compósitos Polímero reforçado por fibra de vidro GFRP Polímero reforçado por fibra de Carbono CFRP Polímero reforçado por fibra de Kevlar KFRP Laminados metálicos (claddings) Cermets Famílias e Classes EEIMVR Aula 3 – Materiais de Engenharia Classes e Sub-Classes Slide 6 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Rogério Itaborahy Tavares Família Classes Membros Materiais Naturais Couros e Peles Boi, Búfalo, Cobra, Jacaré, Coelho, etc. Fibras Finas Algodão, Lã, Seda Fibras Vegetais Sisal, Juta, Côco, Sapé, Piaçava, Palha Santa Fé, etc. Rochas (cerâmicas naturais) Calcário (mármore), Arenito, Granito, etc. Pedras preciosas e semi Esmeralda, safira, diamante, rubi, etc Madeiras Pinho, eucalipto, carvalho, peroba, ipê, angelim, jacarandá, caviúna, cerejeira, roxinho, mogno, cedro, maçaranduba, sucupira, balsa, cortiça, bambu, etc. Produtos derivados da Madeira Compensado, laminado (Veneer), aglomerado, MDF, HDF, MDP, OSB Famílias, Classes e Membros EEIMVR Aula 3 – Materiais de Engenharia Classes e Sub-Classes Slide 7 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Rogério Itaborahy Tavares Metais Genéricos • Existem milhares de metais e ligas metálicas. Porém, a maioria evoluiu de alguns poucos metais “genéricos”, que geraram os demais por aperfeiçoamentos das formulações básicas. Logo, conhecendo os metais genéricos, fica fácil estender tais conhecimentos para os demais. • Considerando inicialmente um exemplo de projeto de um bem de consumo durável (automóvel), é possível verificar o amplo grupo de metais usados na sua construção, e como a seleção desses materiais é definida pelos requisitos do projeto (ou seja, da função). • A primeira classe analisada é a dos metais ferrosos. Diversas partes dos tapamentos (“closures”) da carroceria (painéis laterais, capô, teto) são feitas de aços de baixo Carbono, cujos limites de escoamento estão em torno de 220 MPa, suficientes para suportar os baixos esforços de projeto nessas peças. Além disso, as chapas de tais materiais são cortadas e conformadas facilmente, apresentando bom acabamento superficial para peças expostas, essencial para a posterior pintura superficial. Por fim, mas não menos importante, tem baixo custo. EEIMVR Aula 3 – Materiais de Engenharia Classes e Sub-Classes Slide 8 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Rogério Itaborahy Tavares Metais Genéricos • Algumas peças da estrutura da carroceria (“body in white”) utilizam aços de baixa liga, tais como os aços microligados e aços bifásicos (“dual phase steels”). • Aços de médio e alto carbono são usados em componentes do sistema motor- transmissão, que podem exigir tratamentos térmicos (têmpera e revenido) ou termo-químicos (carbonetação ou nitretação) para elevar sua dureza superficial e resistência ao desgaste, aumentando o limite de escoamento de 400 MPa para até 1000 MPa. • Aços de alta liga (por exemplo, açosinoxidáveis) costumam ser empregados em componentes expostos a condições severas de oxidação e corrosão, incluindo elevadas temperaturas (peças internas do motor, e sistema de exaustão dos gases após combustão). • Ferros Fundidos tem menores temperaturas de fusão do que os aços, facilitando a produção de peças por fundição, adequada para gerar componentes com formato complicado. Bloco de cilindros de motor à combustão (ao lado) é uma aplicação típica do ferro fundido. O alto teor de carbono propicia elevada resistência ao desgaste nas paredes dos cilindros, enquanto que as micropartículas de grafite na microestrutura atuam lubrificante. A relativa fragilidade do ferro fundido é compatível com os baixos esforços estáticos e dinâmicos desse componente. como EEIMVR Aula 3 – Materiais de Engenharia Classes e Sub-Classes Slide 9 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Rogério Itaborahy Tavares Metais Genéricos Metais Genéricos à base de Ferro Composição Típica (% em peso) Aplicações Típicas Aço de Baixo Carbono (aço doce) 0,04 a 0,3 %C Peças estampadas, coberturas e tapamentos, móveis, embalagens metálicas, utilidades domésticas, tubos de pequeno diâmetro Aço de Médio Carbono 0,3 a 0,7 %C Construção mecânica (parafusos, eixos, engrenagens, ferramentas) Aço de Alto Carbono 0,7 a 1,7 %C Molas, ferramentas de corte (facas, lâminas, tesouras de corte), trilhos, matrizes, moldes Aço de Baixa Liga (microligados e AHSS) 0,05 %C + Mn, Cr, Nb, Ti, V, Mo Estruturas metálicas, autopeças, rodas, tubos de grande diâmetro, indústria naval, plataformas offshore Aço de Alta Liga (inoxidável) 0,1 C 0,5 Mn 18 Cr 8 Ni Equipamentos de processamento de alimentos e produtos químicos, vasos de pressão, cutelaria, instrumentos cirúrgicos, sistemas de exaustão Ferro Fundido 1,8 a 4 C ( 0,8 Mn 2 Si) Bases e carcaças de máquinas, blocos de motores, equipamentos agrícolas e ferroviários, mineração, cilindros Metais Genéricos à base de Titânio Composição Típica (% em peso) Aplicações Típicas Liga de Titânio - Ti – 6 Al – 4 V Leve, resistência mecânica, à corrosão, à fluência, alto ponto de fusão. Pás de turboélices, fuselagens de aviões, implantes cirúrgicos, indústria química. EEIMVR Aula 3 – Materiais de Engenharia Classes e Sub-Classes Slide 10 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Rogério Itaborahy Tavares Metais Genéricos • As carrocerias de ônibus são exemplos de projeto multi-material, incluindo aços, alumínio, vidro e compósitos. • No revestimento externo, as partes frontal e traseira, o teto, o entre-janelas e os contornos dos vãos de roda são revestidas com painéis de GFRP (polímero reforçado com fibra de vidro). • As laterais são compostas por chapas finas de alumínio (coladas), assim como a estrutura e o revestimento das portas. • A estrutura da carroceria é conhecida por “casulo”, a qual é acoplada ao chassis (que contém a suspensão e as rodas). A principal função estrutural do casulo é dar rigidez e forma ao veículo. Estrutura da carroceria (casulo) • Os componentes do casulo são principalmente tubos e perfis estampados de aço galvanizado com seção retangular e quadrada, unidos por soldagem. Destaque para os aços ARBL, especialmente os aços microligados. EEIMVR Aula 3 – Materiais de Engenharia Classes e Sub-Classes Slide 11 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Rogério Itaborahy Tavares • A empresa chinesa Broad Group desenvolveu um sistema construtivo que permite a edificação de prédios em curto período de tempo. • O exemplo aqui mostrado é do Ark Hotel, que teve seus 15 andares construídos em 6 dias. • Os principais elementos do sistema construtivo são a estrutura metálica dos pavimentos e os componentes metálicos de união, ambos em aço. • Tais aços devem ser ARBL, que aliam alta resistência e tenacidade com boa soldabilidade. Metais Genéricos ../../Desenvolvimento de Produtos/Material para Trabalhos/Prédio de 15 andares é construído em seis dias na China. - YouTube.rv EEIMVR Aula 3 – Materiais de Engenharia Classes e Sub-Classes Slide 12 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Rogério Itaborahy Tavares Metais Genéricos Metais Genéricos à base de Níquel Composição Típica (% em peso) Aplicações Típicas Monéis Ni + 30 Cu 1 Fe 1 Mn Resistência mecânica e à corrosão: tubos de trocadores de calor Superligas Ni + 30 Cr 30 Fe 0,5 Ti 0,5 Al Resist. à fluência e à oxidação: peças de fornos Ni + 10 Co 10 W 9 Cr 5 Al 2 Ti Alta resist. à fluência: pás e discos de turbina Metais Genéricos à base de Cobre Composição Típica (% em peso) Aplicações Típicas Cobre 100 Cu Dúctil, resistente à corrosão, bom condutor de calor e eletricidade: tubulações de refrigeradores e trocadores de calor, fiação elétrica, enrolamentos de motores Latão Cu + 30 Zn Mais resistente que o Cobre, usinável, razoável resist. à corrosão: tubos, parafusos, componentes elétricos Bronze Cu + 10-30 Sn Boa resist. à corrosão: mancais, hélices de navio, sinos Cuproníquel Cu + 30 Ni Boa resist. à corrosão, cunhagem de moedas EEIMVR Aula 3 – Materiais de Engenharia Classes e Sub-Classes Slide 13 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Rogério Itaborahy Tavares Metais Genéricos • As ligas de Alumínio se caracterizam pela baixa densidade, ampla faixa de propriedades mecânicas, resistência à corrosão, aspecto superficial e custo relativamente baixo. A produção de latas para bebidas carbonatadas, como cerveja e refrigerantes, é uma aplicação típica para as ligas de Alumínio (série 3000). Tais latas são denominadas de latas de 2 peças (tampa e corpo), sendo o corpo formado por estampagem e estiramento (“drawing and ironing”), exigindo capacidade de sofrer severas deformações plásticas sem fraturar. Devem ainda ser leves, sem soldas, recicláveis, não-tóxicas e de baixo custo. Ao serem comparadas com as garrafas de vidro, são mais leves, mais resistentes ao impacto e resfriam mais rápido. • Merecem destaque, também, aplicações em peças estruturais de fuselagem de aeronaves e trens de alta velocidade, visando minimizar o consumo de energia. EEIMVR Aula 3 – Materiais de Engenharia Classes e Sub-Classes Slide 14 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Rogério Itaborahy Tavares Metais Genéricos Metais Genéricos à base de Alumínio Composição Típica (% em peso) Aplicações Típicas Série 1000 (Al comercialmente puro) > 99 Al Alta ductilidade, baixa resist. mecânica, condutividade elétrica alta: papel Al para culinária, linhas de transmissão de energia Série 2000 (ligas Al-Cu-Mg) Al + 4 Cu + Mg, Si, Mn Ligas endurecíveis por envelhecimento e precipitação: peças de aeronaves, mastros de embarcações, rodas esportivas, rebites Série 3000 (ligas Al-Mn) Al + 1 Mn Resistência moderada, dúctil, resist. à corrosão, telhas, panelas, latas para bebidas Série 5000 (ligas Al-Mg) Al + 3 Mg + 0,5 Mn Endurecível por trabalho a frio, soldável: vasos de pressão e superestruturas de navios Série 6000 (ligas Al-Mg-Si) Al + 0,5 Mg + 0,5 Si Resistência moderada, endurecível p/ envelhecimento: seções estrudadas anodizadas (esquadrias de janelas) Série 7000 (ligas Al-Zn-Mg) Al + 6 Zn + Mg, Cu, Mn Alta resistência, endurecível por envelhecimento: peças forjadas para aeronaves, mastros, vagões ferroviários Ligas p/ fundição (Al-Si) Al + 11 Si Fundidos em areia e em matriz Ligas de Alumínio-Lítio Al + 3 Li Baixa densidade e alta resistência: revestimento de aeronaves e mastros de embarcações EEIMVR Aula 3 – Materiais de Engenharia Classes e Sub-Classes Slide 15 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Rogério Itaborahy Tavares Metais Genéricos • O City Car desenvolvido pelo MIT, também conhecido como Hirico, será produzido por um consórciona Espanha a partir de 2013. • O projeto segue o conceito de mobilidade urbana, com a disponibilidade de várias unidades para aluguel em locais específicos, como já se faz hoje com bicicletas. • Cada empresa do grupo será responsável por um sub-sistema do produto: Maser Mic – Eletrônica Forging Products – Chassis e Estrutura TMA – Porta e Exoesqueleto. Guardian – Vidros Sapa Placencia – Sistema “drive by wire” Basque Robot Wheels – Sistemas de motores elétricos de acionamento das rodas. • Os componentes estruturais do City Car serão feitos em ligas de alumínio, incluindo o chassis e o exoesqueleto. Teto do BMW M3 ../../Desenvolvimento de Produtos/Material para Trabalhos/MIT Media lab shows off urban, electric vehicles - YouTube.mp4 ../../../Favorites/Videos/Downloads do RealPlayer/Hiriko folding electric car - full demo.mp4 EEIMVR Aula 3 – Materiais de Engenharia Classes e Sub-Classes Slide 16 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Rogério Itaborahy Tavares Cerâmicas e Vidros • A pedra é uma cerâmica natural, sendo o mais antigo e mais durável material de construção. A pirâmide de Gisé no Egito (cerca de 1.000.000 de toneladas) tem 5.000 anos de existência. As primeiras ferramentas de corte e armas foram feitas de sílex (um vidro), e louças e objetos de argila cozida sobrevivem por milhares de anos. As cerâmicas não são tenazes como os metais, mas quanto à resistência à corrosão, ao desgaste, à deterioração e desintegração, elas são insuperáveis. • O desenvolvimento científico e tecnológico dos últimos anos permitiu maior conhecimento da estrutura, das propriedades e processos de fabricação das cerâmicas, viabilizando cerâmicas de alto desempenho, explorando sua resistência ao desgaste e altas temperaturas de trabalho. • Em geral, as cerâmicas são compostos de oxigênio, carbono ou nitrogênio, com metais como alumínio ou silício; todos cinco estão entre os elementos mais abundantes na crosta terrestre. Os custos de processamento podem ser altos, mas as matérias-primas são abundantes/baratas. • A quantidade de diferentes cerâmicas é enorme, mas ao considerar o conceito das genéricas, suas características podem ajudar a entender as demais. Lembrando: são intrinsecamente frágeis, apresentam alta resistência ao desgaste e à corrosão, e alto ponto de fusão. EEIMVR Aula 3 – Materiais de Engenharia Classes e Sub-Classes Slide 17 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Rogério Itaborahy Tavares • As cinco principais classes de materiais cerâmicos, aqui abordadas, são as seguintes: Vidros, todos eles à base de sílica (SiO2), com adições de outros elementos para reduzir o ponto de fusão ou conferir propriedades especiais. Cerâmicas vítreas ou produtos de argila, usadas em pratos e xícaras, louças sanitárias, ladrilhos e telhas, tijolos, pisos e revestimentos. Cerâmicas de alto desempenho, com aplicações em ferramentas de corte, matrizes, peças para motores, peças resistentes ao desgaste e de elevada temperatura de trabalho. Cimento e concreto: cerâmica complexa com muitas fases e um dos três materiais essenciais usados a granel na engenharia civil. Rochas e minerais, incluindo gelo. Cerâmicas e Vidros Genéricos EEIMVR Aula 3 – Materiais de Engenharia Classes e Sub-Classes Slide 18 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Rogério Itaborahy Tavares Cerâmicas e Vidros Genéricos • Cerâmicas de engenharia de alto desempenho: diamante é o material cerâmico de maior dureza, sendo usado em ferramentas de corte, brocas perfuratrizes para rochas (figura ao lado), etc. A resistência de uma cerâmica depende da sua tenacidade Kc e da distribuição de tamanhos de microtrincas nela presentes. Atualmente existem cerâmicas de elevada tenacidade e baixa porosidade, com distribuição bem estreita de pequenas microtrincas, competitivas para matrizes, implantes, ferramentas e peças de motores. • Vidros são usados em enormes quantidades, quase igual ao Alumínio. Até 80% da superfície de um moderno edifício de escritórios pode ser de vidro. São muito usados também em janelas de automóveis, recipientes, divisórias, painéis, espelhos, etc. Todos os tipos de vidros importantes são à base de sílica (SiO2). Dois tipos são de primordial interesse: o vidro comum de janela e os vidros de borossilicato resistentes à temperatura. EEIMVR Aula 3 – Materiais de Engenharia Classes e Sub-Classes Slide 19 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Rogério Itaborahy Tavares Cerâmicas e Vidros Genéricos • O Gardens by the Bay é um jardim botânico de Cingapura, inaugurado em 2012. Lá existem 2 gigantescas estufas de vidro: a Flower Dome (12.800 m2) reproduz o clima frio e seco típico do Mediterrâneo; a Cloud Forest (7.300 m2) replica o clima frio e úmido típico de regiões altas (1.500 a 3.500 metros de altitude) da zona inter-tropical. • As coberturas de vidro e aço das duas fantásticas estufas refrigeradas usam vidro refletivo, com uma camada metalizada numa de suas faces. Essa camada reflete parte dos raios solares, permitindo uma boa transmissão de luz direta, reduzindo porém a transmissão de calor para o interior das estufas. ../Fotos/Gardens By The Bay.wmv EEIMVR Aula 3 – Materiais de Engenharia Classes e Sub-Classes Slide 20 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Rogério Itaborahy Tavares Cerâmicas e Vidros Genéricos • Verdadeiros marcos da arquitetura atual empregam estruturas com uso intensivo de aço e vidro. • O Burj Khalifa é o atual prédio mais alto do mundo (828 m e 160 andares), localizado em Dubai, com sua superfície externa composta de painéis de aço inox e vidro refletivo. • Merecem também destaque as grandes superfícies de vidro dos magníficos Hotéis Marina Bay Sands em Cingapura e Burj Al Arab em Dubai (50.000 m2 de vidro). Burj Khalifa Burj Al Arab Marina Bay Sands EEIMVR Aula 3 – Materiais de Engenharia Classes e Sub-Classes Slide 21 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Rogério Itaborahy Tavares Cerâmicas e Vidros Genéricos Vidros Genéricos Composição Típica (% em peso) Aplicações Típicas Vidro de cal de soda 70 SiO2, 10 CaO, 15 Na2O Janelas, garrafas, facilmente conformados/modelados Vidro de boro-silicato 80 SiO2, 15 B2O3, 5 Na2O Resistência a alta T, baixo coef. de expansão, resist. ao choque térmico: pirex, utensílios para culinária e química, lâmpadas Cerâmicas Vítreas Genéricas Composição Típica (% em peso) Aplicações Típicas Porcelana Argilas: aluminossilicato hidratado como Al2(Si2O5)(OH)4 misturadas com outros minerais inertes Isolantes elétricos Louça de porcelana Cerâmica artística e louça de mesa Louça e objetos de cerâmica Pisos, revestimentos, ladrilhos, louças sanitárias, telhas, objetos artísticos e de decoração Tijolos Construção civil, uso como refratário EEIMVR Aula 3 – Materiais de Engenharia Classes e Sub-Classes Slide 22 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Rogério Itaborahy Tavares Cerâmicas Genéricas Cimento Genérico Composição Típica (% em peso) Aplicações Típicas Cimento Portland CaO + SiO2 + Al2O3 Construção geral, componente de concreto, acabamento de paredes de alvenaria Cerâmicas Genéricas de alto desempenho Composição Típica (% em peso) Aplicações Típicas Alumina densa Al2O3 Ferramentas de corte, matrizes, superfícies resistentes ao desgaste, mancais, implantes cirúrgicos, peças de motores e turbinas, blindagens Carboneto e nitreto de Silício SiC, Si3N4 Sialons Si2AlON3 Zircônia cúbica ZrO2 + 5% em peso MgO EEIMVR Aula 3 – Materiais de Engenharia Classes e Sub-Classes Slide 23 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Rogério Itaborahy Tavares Cerâmicas e Compósitos Genéricos Cerâmicas Naturais Genéricas Composição Típica (% em peso) Aplicações Típicas Calcário(mármore) Grande parte CaCO3 Fundações de edifícios, pisos, revestimentos, bancadas, construção em geral Arenito Grande parte SiO2 Granito Aluminossilicatos Gelo H2O Engenharia ártica Compósitos Genéricos Composição Típica (% em peso) Aplicações Típicas GFRP Fibra de vidro + Polímero Estruturas de alto desempenho mecânico (elevada relação resistência/peso) CFRP Fibra de carbono + Polímero Cermet Carboneto de W + Cobalto Ferramentas de corte, matrizes Osso Hidroxiapatita + Colágeno Principal material estrutural de animais Novos compósitos Alumina + Carboneto de Si Aplicações em altas temperaturas EEIMVR Aula 3 – Materiais de Engenharia Classes e Sub-Classes Slide 24 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Rogério Itaborahy Tavares • Cimento e concreto são usados em construção em enorme escala, igualados apenas por aço estrutural, tijolo e madeira. • Cimento é uma mistura de uma combinação de cal (CaO), sílica (SiO2) e alumina (Al2O3), que endurece quando misturada com água. • Concreto é um agregado de areia e pedras unidas por cimento, que normalmente envolve uma estrutura metálica feita em aço (vergalhão) para conferir maior resistência à tração. • Abaixo, marcantes exemplos de construção em concreto: projetos de Oscar Niemeyer. Cerâmicas e Vidros Genéricos Catedral de Brasília Museu de Arte Contemporânea - Niterói ../Fotos/Catedral de Brasília 4.jpg EEIMVR Aula 3 – Materiais de Engenharia Classes e Sub-Classes Slide 25 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Rogério Itaborahy Tavares • Os polímeros são compostos de longas moléculas que possuem uma espinha dorsal de átomos de carbono ligados por ligações covalentes. Essas longas moléculas são ligadas umas às outras por fracas ligações de Van der Waals e pontes de hidrogênio (secundárias) ou por essas duas e mais ligações cruzadas covalentes. • O ponto de fusão das ligações fracas é baixo, próximo da T ambiente. Por isso, os polímeros geralmente apresentam Polímeros e Elastômeros características típicas de material próximo do seu ponto de fusão: sofrem fluência e a deformação elástica, resultante da atuação de esforços, aumenta ao longo do tempo. • Polímeros são menos rígidos, resistentes, e tenazes do que a maioria dos metais; porém, são mais leves, mais baratos, mais fáceis de conformar e menos dependentes de energia. • As principais classes de polímeros aqui consideradas são as seguintes: Termoplásticos como o polietileno, que amolece com aquecimento. Termofixos ou resinas como epóxi, que endurecem quando dois componentes (uma resina e um endurecedor) são misturados na temperatura ambiente ou aquecidos juntos. Elastômeros ou Borrachas. Polímeros naturais, como celulose, lignina e proteína, que proporcionam a base mecânica de grande parte da vida vegetal e animal. Polietileno EEIMVR Aula 3 – Materiais de Engenharia Classes e Sub-Classes Slide 26 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Rogério Itaborahy Tavares Termoplásticos Genéricos • Polietileno é o mais comum entre os termoplásticos, que são descritos como polímeros lineares, pois as cadeias em geral não tem ligações cruzadas. Por isso amolecem quando aquecidos, facilitando a conformação. • Os Termoplásticos são produzidos por polimerização (adição) de subunidades (monômeros) de modo a formar longas cadeias. • Principais Termoplásticos Genéricos: polietileno (PE), polipropileno (PP), politetrafluoretileno ou Teflon (PTFE), poliestireno (PS), cloreto de polivinila (PVC), Acrílico ou polimetilmetacrilato (PMMA), Náilon 66. • A figura superior mostra uma cobertura transparente feita com Acrílico (polimetilmetacrilato), também usado em janelas de aviões. • A figura inferior ilustra diversos artefatos produzidos com Teflon, que apresenta resistência em temperaturas altas, baixo atrito e característica anti-aderente. Usado ainda em revestimentos de panelas, mancais e vedações. EEIMVR Aula 3 – Materiais de Engenharia Classes e Sub-Classes Slide 27 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Rogério Itaborahy Tavares Polímeros especiais para coberturas • As tensoestruturas possibilitam a cobertura de grandes vãos livres, pois possuem pouco peso total a ser suportado. Também permitem variadas formas, cores e graus de translucidez, além de facilidade de fabricação e transporte, e montagem rápida . • Além da estrutura metálica, outro elemento fundamental em tais coberturas é a membrana: as mais empregadas atualmente são as de poliéster revestido de PVC ou PVDF, as de PTFE (politetrafluoretileno) combinado com fibra de vidro e os filmes de ETFE (etileno tetrafluoretileno). Ou seja, todas exploram as vantajosas características de durabilidade, segurança e estética de polímeros especiais. • No PTFE só existem dois tipos de ligações: "C-C" e "C-F". Elas são extremamente estáveis e é muito difícil rompê-las. Daí resulta a extraordinária resistência química do PTFE, sendo também totalmente incombustível. Polimerização Tetrafluoretileno PTFE Estádio Nacional de Varsóvia – Polônia Abertura da Euro Copa 2012 EEIMVR Aula 3 – Materiais de Engenharia Classes e Sub-Classes Slide 28 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Rogério Itaborahy Tavares • ETFE (Etileno-tetrafluoretileno) é um copolímero de etileno e tetrafluoretileno, cuja estrutura é a seguinte: Comparado com o vidro, o ETFE transmite mais luz, é melhor isolante térmico, é mais leve e tem instalação mais barata. Este polímero suporta cerca de 400 vezes o seu próprio peso, pode ser alongado até 3 vezes o seu comprimento sem perda da elasticidade e tem uma superfície antiaderente que resiste à sujeira. É facilmente reparável, reciclável e durável, não sofrendo danos quando exposto aos raios UV. A cobertura no zoológico de Arnheim (Holanda) já dura 30 anos, sem sinais de deterioração. É comum usá-lo com ar insuflado entre dois filmes do polímero formando uma bolha, com iluminação de LED entre as placas. O estádio de Manaus (figura ao lado) terá cobertura e fachada compostas por estrutura metálica revestida por membrana não tensionada (detalhes no próximo slide). As coberturas translúcidas iluminadas de ETFE têm sido usadas em marcos arquitetônicos modernos, como o Cubo d’ Água na China (figura ao lado). Polímeros especiais para coberturas EEIMVR Aula 3 – Materiais de Engenharia Classes e Sub-Classes Slide 29 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Rogério Itaborahy Tavares • Esta é a perspectiva da nova fachada da Arena Pernambuco. É a única entre as arenas para a Copa do Mundo do Brasil a utilizar um revestimento feito por filmes de ETFE (Etileno Tetrafluoretileno) combinados com iluminação por LED. O material, importado da Alemanha, é o mesmo utilizado na Allianz Arena (abertura da Copa do Mundo da Alemanha em 2006), e no complexo aquático das Olimpíadas de Pequim 2008 (Cubo D´Água). • O estádio de Manaus (figura ao lado) terá revestimento da cobertura parcialmente translúcido e parcialmente opaco. Na parte translúcida, a cobertura na forma de lentes ovais será feita de fibra de vidro com PTFE ou filme ETFE, que serão sustentados por uma estrutura de aço. As coberturas com membranas ganham espaço por permitirem variadas formas, cores e graus de translucidez. E, pelo baixo peso, são adequadas também para os tetos retráteis. Polímeros especiais para coberturas EEIMVR Aula 3 – Materiais de Engenharia Classes e Sub-Classes Slide 30 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Rogério Itaborahy Tavares Polímeros especiais para coberturas • O Khan Shatyr Entertainment Center foi inaugurado em 2010 na capital do Cazaquistão, Astana. Possui a maior cobertura transparente do mundo, com 150 m de altura e 140.000 m2 (10 campos de futebol). Inclui centro comercial, restaurantes, cinema, parque aquático,jardim botânico, rio para desportos aquáticos e resort com praia artificial. • Cobertura com tensoestrutura de membranas de ETFE: permite a iluminação natural e a climatização controlada do interior. Assim, os sistemas de ar condicionado mantêm a temperatura interna entre 15 e 30°C, enquanto a temperatura externa varia entre -35 e 35°C. ../../Desenvolvimento de Produtos/Material para Trabalhos/Khan Shatyr Shopping Entertainment Center - Kazakhstan - YouTube.mp4 EEIMVR Aula 3 – Materiais de Engenharia Classes e Sub-Classes Slide 31 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Rogério Itaborahy Tavares Termoplásticos Genéricos — C — F F n C — Cl H — C — H H n ( — C6H11NO — ) n — C — H H n Polietileno PE Politetrafluoretileno PTFE — C — CH3 H — C H H n H — C — C6H5 H — C H n Polipropileno PP Poliestireno PS Cloreto de Polivinila PVC H — C — H C — COOCH3 H n Polimetilmetacrilato (Acrílico) - PMMA Náilon 66 EEIMVR Aula 3 – Materiais de Engenharia Classes e Sub-Classes Slide 32 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Rogério Itaborahy Tavares Termoplásticos Genéricos • Em várias aplicações tradicionais da madeira, esta vem sendo substituída por polímeros e por compósitos destes com fibras vegetais, a madeira sintética ou madeira plástica. • Os principais polímeros usados são o PVC e o PEAD (polietileno de alta densidade), tanto virgens quanto reciclados. • Algumas das principais vantagens em relação à madeira: maior resistência à ação do sol, da chuva, do contato com o solo, imune à insetos, menor densidade, maior durabilidade (50 anos). EEIMVR Aula 3 – Materiais de Engenharia Classes e Sub-Classes Slide 33 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Rogério Itaborahy Tavares Termoplásticos Genéricos • Além do aspecto quase idêntico ao da madeira, sua limpeza e manutenção são mais simples, e ainda ajuda na reciclagem de plásticos e na preservação do meio ambiente: 700 kg de madeira sintética equivale a uma árvore de grande porte. • Merecem destaque sua aplicação em móveis e decks de piscinas, e dormentes nos leitos de ferrovias. Esses últimos têm a vantagem de não trincarem, de absorverem vibrações preservando o material e a geometria da via, sendo ainda mais leves e de maior durabilidade do que a madeira natural. EEIMVR Aula 3 – Materiais de Engenharia Classes e Sub-Classes Slide 34 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Rogério Itaborahy Tavares Termofixos e Elastômeros Genéricos • Os Termofixos ou Resinas, depois de endurecidos, apresentam um número muito grande de ligações cruzadas, sendo descritos como polímeros de rede. • As ligações cruzadas se formam durante a polimerização da resina líquida com o endurecedor, gerando estrutura amorfa. Se for reaquecido, as ligações secundárias se fundem, deteriorando suas propriedades, e inviabilizando o seu trabalho a quente. • Os termofixos genéricos são os epóxis e poliésteres, usados como matriz polimérica nos compósitos reforçados por fibras. • Elastômeros ou borrachas são polímeros quase lineares com ligações cruzadas ocasionais, que já se fundiram em temperatura ambiente. • A figura superior mostra um exemplo de aplicação de PVC (termoplástico) na fabricação de esquadrias de janelas, em substituição à madeira. • A figura inferior mostra um pneu de automóvel, produzido com borracha sintética, ou seja, um elastômero (polibutadieno). EEIMVR Aula 3 – Materiais de Engenharia Classes e Sub-Classes Slide 35 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Rogério Itaborahy Tavares Termofixos (Resinas) Genéricos n — C — C6H4 — O — CH2 — CH — CH2 — CH3 CH3 — O — C6H4 OH n — C — (CH2)m— C — O — C — O CH2OH O CH2OH n — C6H2 — CH2 — CH2 OH Epóxi Poliéster Fenolformaldeído EEIMVR Aula 3 – Materiais de Engenharia Classes e Sub-Classes Slide 36 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Rogério Itaborahy Tavares Elastômeros (Borrachas) Genéricos Policloropreno: Neoprene. É uma borracha resistente a óleo, usada para vedações. C — C — H — C — C H H n H H H C — C — Cl — C — C H H n H H H Polibutadieno: Borracha sintética, pneus para automóveis. C — C — CH3 — C — C H H n H H H Poliisopreno: Borracha natural. C — C — R — C — C H H n H H H Os Elastômeros comuns são todos baseados em uma única estrutura (figura ao lado), com a posição R ocupada por H, CH3 ou Cl. EEIMVR Aula 3 – Materiais de Engenharia Classes e Sub-Classes Slide 37 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Rogério Itaborahy Tavares Compósitos Genéricos • Os materiais compósitos são utilizados há muito tempo. Por exemplo, palha e crina de cavalo têm sido usadas para reforçar tijolos de barro (melhorando sua tenacidade à fratura) há pelo menos 5.000 anos! • O desenvolvimento e produção de compósitos modernos vem crescendo nos últimos 30 anos, principalmente os compósitos fibrosos: inicialmente os polímeros reforçados com fibras de vidro (GFRP) e mais recentemente os polímeros reforçados com fibra de carbono (CFRP). • Seu uso em barcos e a crescente substituição de metais por compósitos em aeronaves e sistemas de transporte terrestre pode ser considerado o início de uma revolução na seleção de materiais, e que ainda deve crescer muito mais. • A figura superior mostra o emprego de GFRP na produção de piscinas, muito difundido atualmente. • A figura inferior revela um dos mais sofisticados usos de CFRP: diversos componentes dos atuais carros de Fórmula 1 são feitos desse compósito. EEIMVR Aula 3 – Materiais de Engenharia Classes e Sub-Classes Slide 38 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Rogério Itaborahy Tavares Compósitos Genéricos • Além dos carros de Fórmula 1, as fibras de carbono nos CFRP já estão sendo usadas nas carrocerias de carros esportivos de elevado padrão, como o LaFerrari, o Lamborghini Aventador, o Bugatti Veyron, o McLaren MP4-12C, e o Aston Martin Vanquish. • Parcerias da Daimler (Mercedes) e GM com empresas japonesas produtoras de fibras de carbono (Toray e Teijin), assim como da Ford com a Dow Chemical, visam iniciar em poucos anos o uso extensivo de CFRP (fibras de carbono + resina polimérica) em carros com grande volume de vendas. Isso decorrerá da redução do tempo de cura das resinas, da automação e da redução de custo do processo. • A BMW pretende lançar em 2013 o primeiro modelo de produção em massa, o elétrico i3, com carroceria quase integralmente em fibra de carbono. Atualmente as mantas de fibra de carbono são cortadas a mão, embebidas em resinas e aquecidas em autoclaves por várias horas, até atingirem sua forma final. Na produção do i3 será empregado um processo automatizado . Lamborghini Aventador Bugatti Veyron BMW i3 ../../../Favorites/Videos/Downloads do RealPlayer/PC ou Mac/BMW i3 Concept. The Megacity Vehicle. - BMW i. Born Electric..rv ../Material para trabalhos/BMW i3 Concept. The Megacity Vehicle. - BMW i. Born Electric..mp4 EEIMVR Aula 3 – Materiais de Engenharia Classes e Sub-Classes Slide 39 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Rogério Itaborahy Tavares Compósitos Genéricos • Primeiros passos: formas simples, como o teto do esportivo M3 da BMW, já são hoje produzidas de forma semi-automática. O tempo no forno já foi reduzido substancialmente pelos engenheiros especialistas. • Em 1981, quando a McLaren construiu o primeiro monocoque (Fórmula 1) em compósito de fibra de carbono, eram consumidos 6 dias para fabricar uma carroceria. Atualmente, seu esportivo MP4-12C precisa de apenas 4 horas. Uma carroceria custavano inicio 35.000 Euros, e hoje está em torno de 5.000 Euros. • No Lamborghini Aventador, a estrutura central (monocoque) é toda em fibra de carbono. O objetivo é conseguir um chassi leve e resistente, pois isso é fundamental num carro esportivo. O conjunto da estrutura, incluindo as armações de alumínio dianteiro e traseiro (o body-in-white), apresenta uma combinação impressionante de extrema rigidez torcional de 35.000 Nm/grau. Assim, é obtido um nível extremamente elevado de segurança passiva para o motorista e seu passageiro, tendo peso de apenas 229,5 kg. Estrutura do Lamborghini Aventador McLaren MP4-12C Teto do BMW M3 EEIMVR Aula 3 – Materiais de Engenharia Classes e Sub-Classes Slide 40 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Rogério Itaborahy Tavares Compósitos Genéricos • O LaFerrari, lançado no Salão de Genebra 2013, explora o conceito multi-material no projeto da estrutura e tapamentos da carroceria, visando máxima rigidez e resistência com mínimo peso. • São empregados compósitos “prepreg” com vários tipos de fibras de carbono e aramida: T800 – usada no chassis em geral e no teto T1000 – ultra-alta resistência no estribo e portas M46J – alto módulo de rigidez p/ estruturas Kevlar – elevada resistência ao impacto • Barras de reforço no estribo garantem excelente resistência ao impacto lateral (rígidas normas Euro). • A parte inferior do assoalho tem revestimento de Kevlar, de modo a proteger a estrutura contra danos por impacto de pedras. • Também foi adotada a integração de peças diretamente no chassis, como é o caso da estrutura do assento, para a redução de peso. • A polimerização (cura) da resina dos compósitos é realizada em duas fases entre 130 e 150ºC em autoclave (pressão 6 bar), com a peça envelopada a vácuo para eliminar eventuais vazios nos laminados (entre as mantas). Teto do BMW M3 Estrutura do assento Estribo com barras de reforço Melhorias de desempenho estrutural em relação ao Ferrari Enzo: - 20% em peso + 27% rigidez em torção + 22% em flexão ../../../Favorites/Videos/Downloads do RealPlayer/LaFerrari - focus on the chassis - YouTube.mp4 EEIMVR Aula 3 – Materiais de Engenharia Classes e Sub-Classes Slide 41 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Rogério Itaborahy Tavares Compósitos e Metais Genéricos • A estrutura central de fibra de carbono (75 kg) é acoplada às estruturas frontal e traseira de alumínio, projetadas para deformar e absorver energia no caso de colisão, mantendo a célula central íntegra para proteger os passageiros. • O suporte do painel de instrumentos é feito em liga de magnésio, cuja densidade é de apenas 1,7 g/cm3 (2/3 da densidade do alumínio). • O conjunto leve e compacto do motor, caixa de marchas e transmissão permitiu uma posição mais baixa do centro de gravidade e contribuiu para o baixo peso total (1.338 kg). • Peças da suspensão e as rodas são feitas em ligas de alumínio de alta resistência forjadas. • O sistema de escapamento é feito em Aço Inox e Inconel (liga resistente ao calor). • O teto é de chapa de alumínio e vários painéis externos da carroceria são feitos com SMC (sheet molding compound), também conhecido por GFRP, ou seja, fibra de vidro em matriz de poliéster. Teto do BMW M3 McLaren MP4-12C ../Fotos/McLaren MP4_12C_Carbon MonoCell.jpg ../Fotos/McLaren MP4_12C_Carbon MonoCell.jpg ../Fotos/McLaren MP4_12C_Carbon MonoCell.jpg ../Fotos/McLaren MP4_12C_Carbon MonoCell.jpg ../Fotos/McLaren-MP4-12C-dash-support.jpg ../Fotos/McLaren-MP4-12C-dash-support.jpg ../Fotos/McLaren-MP4-12C-dash-support.jpg ../Fotos/McLaren-MP4-12C-dash-support.jpg ../Fotos/McLaren-MP4-12C-dash-support.jpg ../Fotos/McLaren-MP4-12C-dash-support.jpg ../Fotos/McLaren-MP4-12C-suspension.jpg ../Fotos/McLaren-MP4-12C-wheel.jpg ../Fotos/McLaren MP4_12C_Chassis 2.jpg ../Fotos/McLaren MP4_12C_Chassis 2.jpg ../Fotos/McLaren MP4_12C_Chassis 2.jpg ../Fotos/McLaren MP4_12C_Chassis 2.jpg ../Fotos/McLaren MP4_12C_Chassis 2.jpg ../Fotos/McLaren MP4_12C_Chassis 2.jpg ../Fotos/McLaren_MP4_12C_exploded_car.jpg EEIMVR Aula 3 – Materiais de Engenharia Classes e Sub-Classes Slide 42 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Rogério Itaborahy Tavares Compósitos e Metais Genéricos Teto do BMW M3 • O Aston Martin Vanquish foi considerado o mais belo super carro esportivo de 2012. • A parte externa da carroceria é feita com polímeros reforçados com fibra de carbono (CFRP), e a estrutura interna explora predominantemente as ligas de alumínio. EEIMVR Aula 3 – Materiais de Engenharia Classes e Sub-Classes Slide 43 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Rogério Itaborahy Tavares Compósitos Genéricos • Aqui são mostrados os dois mais promissores sistemas de transporte coletivo urbano, que estão para iniciar operação a partir de 2013 e 2014, ambos com tecnologia brasileira: o Aeromóvel e o Maglev Cobra. • O aeromóvel utiliza propulsão pneumática, e o Cobra explora a levitação magnética pela ação de supercondutores resfriados com nitrogênio líquido. • Os dois sistemas utilizam cabines/vagões de baixo peso, simplificando e barateando as estruturas, reduzindo o consumo de energia, a emissão de ruídos e eliminando a geração de poluentes. • Tais unidades devem ser fabricadas com compósitos de fibra de vidro (GFRP), ligas de alumínio de alta resistência e painéis de polímeros transparentes. Teto do BMW M3 Aeromóvel de Porto Alegre Aeromóvel de Nova Iguaçu Maglev COBRA – Rio de Janeiro ../../Desenvolvimento de Produtos/Material para Trabalhos/Maglev - Cobra - YouTube.mp4 ../../Desenvolvimento de Produtos/Material para Trabalhos/SIMULAÇÃO LINHA DO AEROMÓVEL - YouTube.mp4 EEIMVR Aula 3 – Materiais de Engenharia Classes e Sub-Classes Slide 44 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Rogério Itaborahy Tavares Compósitos Genéricos ligas de alumínio 70% aços 11% titânio 7% compósitos 11% outros 1% compósitos 50% outros 5% ligas de alumínio 20% aços 10% titânio 15% Exemplo da dramática e rápida substituição do Alumínio por Compósitos nos componentes estruturais do Boeing 777 para o Boeing 787: Uso de materiais estruturais no Boeing 777 (1996) Uso de materiais estruturais no Boeing 787 (2008) EEIMVR Aula 3 – Materiais de Engenharia Classes e Sub-Classes Slide 45 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Rogério Itaborahy Tavares Compósitos Genéricos • O Kevlar é um polímero sintético de baixa densidade (poliaramida). Principais características: resistência ao ataque químico, ao fogo (só queima acima de 1000 ºC e após 8 segundos), ao cisalhamento e a impactos (muito tenaz). Principais aplicações: coletes e capacetes à prova de balas, pneus especiais, roupas de pilotos de Fórmula 1, roupas contra incêndios, cintos de segurança, construções aeronáuticas, raquetes de tênis e peças de aviões. Algumas aplicações são compósitos de resinas poliméricas reforçadas com fibras de Kevlar (KFRP). • As fibras aramidas se baseiam em cadeias poliméricas aromáticas de poliamidas, semelhantes ao nylon, e são produzidas através de extrusão em uma solução de ácido sulfúrico. É uma estrutura que consiste em grupos de cadeias poliméricas alinhadas e cristalinas, separadas umas das outras e fracamente ligadas entre si. EEIMVR Aula 3 – Materiais de Engenharia Classes e Sub-Classes Slide 46 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Rogério Itaborahy Tavares Compósitos Avançados para o futuro • Em 2012 pesquisadores coreanos criaram as fibras mais fortes do mundo, combinando flocos de grafeno e nanotubos de carbono. Elas tem tenacidade específica de 970 J/g , enquanto o Kevlar tem 786 J/g. • A proporção em peso entre grafeno e nanotubos é de 1:1, reduzindo assim o custo do material. Enquanto os nanotubos de carbono de alta pureza custam entre US$25.000 eUS$90.000 o quilograma, o óxido de grafeno custa US$450 o quilograma. • O processo é considerado bastante simples e adequado para industrialização, permitindo vislumbrar interessantes futuras aplicações em novos materiais compósitos. Esquema da evolução do processo de formação da fibra, que mistura estruturas tubulares e planares, como a seda das aranhas. Nanotubos de carbono Grafeno FONTE: www.nature.com/ncomms/journal/v3/n1/full/ncomms1661.html ../Fibras mais fortes do mundo.pdf EEIMVR Aula 3 – Materiais de Engenharia Classes e Sub-Classes Slide 47 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Rogério Itaborahy Tavares Materiais Naturais • Além da estética, o couro proporciona diversos outros benefícios em relação a outros materiais: desde a conservação do interior do veículo e sua valorização, conforto, segurança (não propaga fogo), durabilidade, facilidade na limpeza e higienização, até a redução de ácaros e bactérias que causam mal cheiro e prejudicam a saúde dos ocupantes (pessoas alérgicas). • O uso de coberturas naturais rústicas para o telhado é uma forma de integrar a construção à natureza. Muito usadas para casas de praia ou de campo, além de hotéis e clubes, cobrindo ambientes de lazer, como varandas, quiosques, áreas de churrasqueiras, ou mesmo a casa inteira. O melhor resultado é obtido com o uso de fibras naturais tradicionais, como o sapé, a piaçava ou a palha santa fé. Tais coberturas protegem contra a ação da chuva, do vento e do sol, mas a maior vantagem é o conforto térmico e acústico, além do ambiente aconchegante. No caso da piaçava, o tempo de vida médio é de 12 a 15 anos. EEIMVR Aula 3 – Materiais de Engenharia Classes e Sub-Classes Slide 48 Seleção de Materiais Engenharia Metalúrgica Rogério Itaborahy Tavares • Projetos arquitetônicos, unindo estilo rústico ao contemporâneo, exploram as vantagens de diferentes materiais, inclusive os naturais, como pedra e madeira. Isso tudo sem deixar de pensar na estética, resultando em lindas construções, confortáveis e sofisticadas. A madeira proporciona rapidez na construção, facilidade e baixo custo de manutenção, conforto térmico, durabilidade, beleza e harmonia. • Laminado de madeira (Veneer) é um dos materiais usados em mobiliários de aeronaves executivas, sendo o que mais representa luxo e distinção. A aplicação desse material ao substrato (painel sanduíche) ocorre por colagem com adesivo (à base de policloroprene). Em seguida, o Veneer recebe aplicação de verniz (à base de PU - poliuretano e/ou poliéster), que confere proteção e beleza ao produto final, realçando as texturas e desenhos da superfície. Materiais Naturais
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