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SUMÁRIO 1 HISTÓRIA DA MEDICINA LEGAL .............................................. 3 Noções da medicina legal ........................................................ 10 2 ANATOMIA E FISIOLOGIA ..................................................... 14 Sistema Nervoso.................................................................... 17 Sistema Cardiovascular .......................................................... 18 Sistema respiratório ............................................................... 21 Sistema Digestório ................................................................. 23 Sistema Endócrino ................................................................. 26 Sistema Urinário .................................................................... 26 Sistema Musculoesquelético .................................................... 27 Sistema Reprodutor Feminino e Masculino ................................ 29 3 FISIOLOGIA DO CORPO HUMANO .......................................... 32 Sistema Nervoso.................................................................... 32 Sistema Cardiovascular .......................................................... 35 Sistema Respiratório .............................................................. 38 Sistema Digestório ................................................................. 40 Sistema Endócrino ................................................................. 43 Sistema Musculoesquelético .................................................... 56 Sistema Reprodutor Feminino e Masculino ................................ 61 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ................................................. 64 IMAGENS Figura 1 - Teoria hipocrática ........................................................ 4 Figura 2 - Teoria da multicausalidade ............................................ 5 Figura 3 - Posição anatômica ..................................................... 15 Figura 4 - Planos de secção........................................................ 16 Figura 5 - Sistemas do corpo humano ......................................... 17 Figura 6 - Sistema nervoso ........................................................ 18 Figura 7 - Coração .................................................................... 19 Figura 8 - Sistema respiratório ................................................... 21 Figura 9 - Sistema digestório ..................................................... 23 Figura 10 - Sistema endócrino .................................................... 26 Figura 11 - Sistema Urinário ...................................................... 27 Figura 12 - Sistema esquelético .................................................. 29 Figura 13 - Sistema reprodutor masculino ................................... 30 Figura 14 - Sistema reprodutor feminino ..................................... 31 Figura 15 - Neurônios ............................................................... 33 Figura 16 - Sistema nervoso ...................................................... 35 Figura 17 - Circulação sistêmica ................................................. 37 Figura 18 - Fisiologia da respiração ............................................. 40 Figura 19 - Fisiologia do sistema digestório .................................. 43 Figura 20 - Glândula hipófise ..................................................... 44 Figura 21 - Características pancreáticas ...................................... 49 Figura 22 - Gônadas masculina .................................................. 52 Figura 23 - Fisiologia renal ......................................................... 55 Figura 24 - Osso longo .............................................................. 57 Figura 25 - Tipos de ossos ......................................................... 58 3 1 HISTÓRIA DA MEDICINA LEGAL A medicina é considerada como uma ciência que representa a arte de curar, com isso ela foi desenvolvida por diversas pessoas que se disponibilizaram para desenvolver métodos que pudessem proporcionar a cura de diversas doenças que podem acometer a sociedade. Dentre os primeiros relatos sobre a história da medicina destacam-se as ações desenvolvidas pelo pajé, representante das tribos indígenas que buscava desenvolver receitas ou métodos de procedimentos físicos buscando assim a cura de sua tribo, quando estes indivíduos apresentavam (FERREIRA, 2016). Os primeiros procedimentos físicos desenvolvidos são relatados a mais de 10 mil anos atrás, e se constituíam apenas em trepanações. Estes procedimentos eram realizados com objetivo de proporcionar a cura através da retirada de espíritos e males que possivelmente habitavam o corpo dos componentes da tribo e eram associados como os causadores de suas doenças. É importante ressaltar que as doenças antigamente não possuíam causas especificas, com isso surgiram diversas teorias relacionadas ao desenvolvimento das doenças. Dentre estas teorias, surgiu a teoria mística, teoria hipocrática e teoria dos miasmas. Entretanto, conforme a medicina foi evoluindo os conhecimentos sobre o desenvolvimento das doenças também foram aprimorados e relacionados com a o agente causador, o ambiente e o hospedeiro. A teoria mística afirmou por muito tempo que as doenças eram desencadeadas por castigos dos deuses que desencadeava nos 4 humanos um desequilíbrio do espírito. Com isso, se justificava o fato de os humanos não prever quando as doenças iriam acontecer ou até mesmo a sua incapacidade de proporcionar a cura. Sendo assim, a cura era impossível de ser alcançada somente pelos humanos e se fazia necessário a intervenção de representantes religiosos (GUMÃO, 2004). Já na Grécia, Hipócrates relatou a mais de 2500 anos que as doenças estavam relacionadas com os quatro elementos da natureza, portanto, foi desenvolvida a teoria hipocrática ou dos humores. Que relacionava o desenvolvimento das doenças com os quatro elementos naturais, ar, água, fogo e terra. Figura 1 - Teoria hipocrática Nesta época o grupo de Galeno através da dissecção de alguns animais, desenvolveu peças anatômicas para serem utilizadas na comparação 5 do corpo humano, através dos estudos. Este ato iniciou na Roma. Posteriormente, o Egito se aperfeiçoou a medicina e desenvolveram diversas técnicas de tratamento. Que proporcionou também a preservação de corpos mumificados. A teoria dos miasmas afirmava que as doenças eram desencadeadas pelos ares e odores nocivos espalhados através da poluição. Nesta época surgiu a malária que traduzida para o italiano significa “mau ar”. Foi graças a essa teoria que diversas ações de saúde pública foram desenvolvidas como o enterro de mortos, dejetos e a coleta de lixo. Atualmente a teoria da saúde e doença está relacionada com o agente causador, o hospedeiro e o ambiente em que o hospedeiro está inserido. Onde diversos fatores podem ser considerados como desencadeadores de doenças e as mesmas são relacionadas com a teoria da multicausalidade, ou seja, as doenças podem ser desencadeadas por diversos fatores (BYNUM, 2011). Figura 2 - Teoria da multicausalidade Durante a Idade Média a medicina teve que enfrentar um grande desafio devido às religiões que passou a tratar o corpo humano como sagrado e portando não poderia ser tocado para estudos ou 6 dessecações. Com isso as primeiras dessecações foram autorizadas somente por volta de 1400, desde que fosse realizada com corpos de criminosos que naquela época eram condenados a morte. Entretanto, após esta autorização gerar grandes problemas ilegais que acabaram por tratar a medicina como uma área irregular. Isto ocorreu, pois, diversos médicos escondiam as mortes ou aguardavam as execuções para em seguida roubar o corpo docondenado. Além do roubo de corpos, foram relatados também o roubo de esqueletos enforcados (MINAYO-GOMEZ et al, 2009). Quando estas restrições foram derrubas a medicina ganhou força e passou a se desenvolver juntamente com outras ciências que eram descobertas. Dentre estas ciências destacam-se a biologia, física, química e outras ciências que contribuíam para o desenvolvimento da medicina e suas técnicas, que só foram possíveis através de experimentos. A medicina legal também conhecida como Medicina Forense ou Medicina Judiciária, é conceituada como um conjunto de conhecimentos médicos destinados para servir o Direito. A mesma coopera na elaboração, interpretação, colaboração e execução dos dispositivos legais assimilados ao campo de atuação da Medicina aplicada. A Medicina Legal surgiu para colaborar e solucionar as questões existentes na sociedade, que tornou a vida em grupo menos conturbada. Entretanto, antes mesmo a medicina já havia ligação com o Direito, pois as regras do bem viver sempre dependeram da influência entre a fisiologia e patologia, que só podiam ser analisadas 7 através da medicina para ser relacionados corretamente com o comportamento humano (MONKEN, 2008). O primeiro ato documentado da Medicina Legal ocorreu através da Tanatoscopia que foi realizada no Ditador romano Caio Júlio César que em março de 44 a. C. foi vítima de um ataque por Marcus Julius Brutus seu filho adotivo. O médico que realizou a Tanatoscopia foi Antístio que relatou no corpo do ditador 23 golpes de adaga, porém somente um deles foi mortal. A Medicina Legal teve uma evolução histórica dividida em cinco períodos sendo eles o período Antigo, Romano, Idade Média, Canônico e Moderno/Científico. No período da Antiguidade as necropsias e vivisseção eram proibidas, devido ao fato dos cadáveres serem sagrados. No Egito, os cadáveres eram embalsamados e quando ocorriam crimes sexuais, o suspeito passava por uma espécie de prova. Ele era amarrado em uma sala e obrigado a ver a dança de algumas virgens nuas, se apresentasse ereção era condenado. E essa era a única forma de ação da Medicina Legal naquela época (MAURO, 2004). No período romano houve diversos relatos, porém todos são considerados imprecisos na história da Medicina Legal. Entretanto, nesta época surgiu o Código de Hamurabi, onde os juízes não eram obrigados a ouvir os médicos para decretar a penalidade do condenado e o código de Manu que determinou o impedimento dos testemunhos de crianças, idosos e deficientes mentais. Foi neste período ainda que foi elaborado o Tratado Chinês, que declarou várias instruções sobre os exames post mortem, listando alguns antídotos para venenos. A partir deste tratado foi possível 8 identificar e aprimorar as técnicas para descoberta dos variáveis tipos de veneno que eram usados naquela época para causar crimes. Na Idade Média os médicos foram reconhecidos como testemunhas especiais perante o juiz, entretanto os juízes não eram obrigados a ouvir os depoimentos médicos. Porém, Carlos Magno defendia a ideia de que os julgamentos deveriam ser baseados em pautas médicas e os juízes deveriam ouvir seus depoimentos nos casos de lesão corporal, infanticídio, tortura, estupro, impotência e outros tipos de crimes. Já no período Canônico a perícia médica ganhou grande importância, onde passou a ser obrigatória para todos os feridos levados aos tribunais. Posteriormente, algumas cartas foram criadas por Felipe e tomadas como juramentos na nomeação de médicos, barbeiros e parteiras, para o seu licenciamento como peritos nos casos de lesões corporais e mortes violentas (GRAZIANO et al, 2012). Entretanto, após esta denominação as lesões corporais ainda continuavam sendo realizadas de forma clandestinas por anatomistas. Atém que em 1374 o Papa Gregório XI, concedeu às faculdades de medicina a autorização para a realização de estudos anatômicos e clínicos em cadáveres, quebrando assim a ideia de que o corpo deveria ser intocável ou tratado como templo após a morte. Em 1575 houve a primeira publicação do livro de Medicina Legal do Ocidente pelo médico Ambrisé Parré, que é aclamado principalmente pelos franceses como o pai da Medicina Legal. Antes disso em 1521 quando Papa Leão X veio a óbito o seu corpo foi necropsiado na França de forma legal para descobrir a causa de sua morte. 9 Em seu último período, o período moderno foi publicado na Itália o primeiro Tratado de Medicina Legal por volta de 1620. Sendo assim, a área da medicina voltada para o direito ganhou grande força, após a comprovação da importância desta disciplina. Foi assim que em 1650 surgiu a primeira Faculdade de Medicina Legal na Alemanha. É importante ressaltar que no Brasil a Medicina Legal passou somente por três fases, sendo estas a fase estrangeira, fase de transição e a fase de nacionalização. Na fase estrangeira em 1832 houve o estabelecimento de regras para exame de corpo de delito e ensino da medicina legal nas universidades da Bahia e Rio de Janeiro. Três anos após surgiu o primeiro relato de perícia Médico Legal no Brasil. Em 1854 foram uniformizados os primeiros exames médico legal e criado o primeiro necrotério do Rio de Janeiro (IWAMOTO et al, 2008). Na fase de transição em 1877 foi colocada em prática a Medicina Médico Legal que ganhou grande força no Brasil. Em 1895 houve a ampliação das áreas de estudo em medicina legal e em 1934 o surgimento do instituto médico legal RJ. No século XIX as Ciências Biológicas desencadearam uma grande evolução no descobrimento de doenças. A partir de então, algumas especialidades clínicas e cirúrgicas, se aliaram a Medicina Legal no Brasil, que passou a ser considerada como uma forma de medicina aplicada. Atualmente no Brasil a Medicina Legal é regida pelo Código de Processo Penal que foi criado em 1941 e está em vigor até os dias atuais. O mesmo determina que as pericias sejam realizadas somente por peritos oficiais em território nacional. Em 1967 foi criada a Associação 10 Brasileira de Medicina Legal, que reconheceu e regulamentou está área no País (COUTINHO et al, 2008). Noções da medicina legal Para adentrarmos em algumas noções relacionadas a medicina legal é importante ressaltar que a está área da medicina envolve não somente aspectos clínicos, mas também aspectos judiciais. Com isso, se faz necessário a conceituação de alguns termos relacionados com a medicina e também os aspectos jurídicos (RODRIGUES, 2009). Tabela 1 - Conceitos da Medicina Legal Ambroise Pare (Considerado o pai da medicina legal) É a arte de fazer relatórios em juízo. Adelon A medicina considerada em sua relação com a existência das leis e administração da justiça. Afrânio Peixoto Mistérios da justiça Lacassagne Arte de pôr os conceitos médicos a serviço da justiça. Le Grand du saule Resolução de todas as questões especiais Nerio rojas Problemas judiciais Bonnet Totalidade das ciências médicas. Fávero Ciências Médico biológicas Hélio Gomes Medico e paramédicas Hoffmann Administração de justiça civil e criminal 11 Tourdes A medicina legal atende os direitos do ser humano em sociedade Buchner Ciência do médico atendendo a ciência do direito Francisco Morais silva Investigação de fatos médicos e biológicos Tabela 2 - Ângulos da Medicina Legal Histórico Evolução da medicina legal: Pericial: a medicina a serviço da justiça. Legislativa: elaboração e revisão das leis ligadas às ciências biológicas. Doutrinária: Discussão de elementos jurídicos que dependem das ciências médicas. Filosófica: ética, moral e bioética médica. Profissional Busca entender como a medicina legal é realizada na prática. Subdivide-a em: Medicina legal pericial CriminalísticaIdentificação 12 Didático Como a medicina legal é estudada. Ramos de estudo da medicina legal. Medicina legal geral: Deontologia: Deveres e obrigações dos médicos. Diceologia: direitos Medicina legal especial: Ramos específicos. Doutrinário Define especificidades de cada ramo do direito. A Medicina Legal apresenta diversas áreas de atuação no âmbito jurídico, dentre estas atuações destacam-se o âmbito criminal que se refere aos operadores dos direitos como promotores, juízes, advogados e delegados de polícia. No âmbito civil, trabalhista e para os médicos e dentistas, em diversos processos legislativos relacionados com a profissão. É importante ressaltar que ao direito civil a medicina legal colabora em diversas questões investigando, por exemplo, paternidade, impedimentos matrimoniais, personalidade civil entre outros. Em relação ao direito penal a mesma aplica seus conhecimentos em atividades como lesões corporais, sexualidade criminosa, tipos de aborto, homicídio, embriaguez entre outros. Em relação direito constitucional a medicina legal colabora através da dissolubilidade de matrimonio, proteção à criança e maternidade. Ao Direito Processual Penal ela desenvolve ações de proteção a testemunha, confissão, acareação do acusado e da vítima. Já no direito 13 penitenciário atua com a psicossexualidade nas prisões e livramento condicional. No direito trabalhista atua investigando ações de insalubridade, higiene, doenças e prevenção de acidentes profissionais (JACÓ-VILELA et al, 2009.). Tabela 3 - Áreas de atuação da Medicina Legal Área de atuação Atividade desenvolvida Antropologia forense Identidade e identificação. Traumatologia forense Lesões corporais do ponto de vista jurídico e as energias causadoras dos danos Sexologia forense Trata dos delitos contra a dignidade e liberdade sexual. Tanatologia Investigação da morte e do morto. Toxicologia forense Estuda venenos e cáusticos. Asfixiologia forense Estuda os tipos de asfixia, mecanismos e sinais específicos. Psicologia e psiquiatria forense Responsabilidade penal e capacidade civil. Medicina legal desportiva Questões médicas voltadas ao esporte. Criminalística Indícios materiais de crime influencia no corpo de delito; dinâmica do crime. Criminologia Estuda questões sociais relacionadas à pratica do delito. Infortunística: Estuda as doenças ocupacionais. Genética médico-legal Vínculo entre familiares. 14 Vitimologia Estuda a vítima e sua participação ou comportamento no delito. Policiologia Científica Auxílio das investigações e elucidações de crimes. 2 ANATOMIA E FISIOLOGIA A divisão do corpo humano dá-se em quatro partes sendo elas, cabeça, pescoço, tronco e membros. A cabeça é a extremidade superior do corpo que através do pescoço é unida ao tronco. O tronco é a parte formada pelo tórax, abdômen e suas cavidades torácicas. Já os membros são divididos em superiores e inferiores. Os membros superiores são ligados ao tronco e os inferiores são ligados a pelve. Nos estudos anatômicos encontram-se termos para distinguir e conceituar normalidades e anormalidades, nesse caso, o que é normal na anatomia refere-se ao que é mais comum na análise das estruturas do corpo humano e por essas características, considerado “sadio”, ainda dentro do que se diz normal, são percebidas diferenças morfológicas que ainda que tragam certa diferença não interfere no funcionamento correto de tal organismo, denominam-se variações anatômicas externas e internas, é importante ressaltar que o corpo dissecado nem sempre terá as formas idênticas as figuras e peças estudadas e ainda assim será considerado e visto como normal. Ao que se diz respeito em conceituar o que não é normal na anatomia, é representado por anomalias e monstruosidades. Anomalia é quando ocorre certa variação morfológica com perturbação funcional, entretanto não prejudica a função, já a monstruosidade é quando 15 ocorre a variação morfológica sendo que esta pode comprometer a função, deformar o corpo e até mesmo se tornar incompatível com a vida. A descrição anatômica conta com uma posição padrão para que seja possível o uso da mesma linguagem nos estudos, pesquisas e tudo aquilo que envolva o corpo humano. Figura 3 - Posição anatômica 16 Figura 4 - Planos de secção A secção ou plano do corpo humano se divide em três principais tipos, a secção sagital separa apenas lado direito e esquerdo independente da proporção das partes, sempre paralela ao corte mediano que se refere ao corte centralizado em que se obtém duas partes idênticas, outro tipo de secção é a frontal, resulta na divisão das partes anterior e posterior, por último citaremos a secção transversal, que se trata da divisão que resulta em parte superior e inferior. Além disso, o corpo humano é formado por alguns sistemas que agem em conjunto para assegurar a vida e o bom funcionamento do corpo. Os sistemas encontrados no corpo humano são os sistemas cardiovascular, respiratório, digestório, nervoso, sensorial, endócrino, excretor, urinário, reprodutor, esquelético, muscular, imunológico e tegumentar (FORNAZIERO et al, 2009). 17 Figura 5 - Sistemas do corpo humano Os sistemas do corpo humano devem ser conhecidos desde, a sua forma até a sua funcionalidade pelo médico-legal, que deverá desvendar quais as causas da morte ou problema encontrado, pelas características diferentes encontradas durante os exames realizados no corpo. Portanto, é importante ressaltar que cada sistema possui órgãos específicos, entretanto que cada sistema e cada órgão se interligam uns nos outros (BRAZ, 2009). Sistema Nervoso O sistema nervoso é constituído pelo encéfalo e medula espinhal. Juntos, são responsáveis pelo controle e coordenação de todas as atividades do organismo, graças a comunicação de suas diversas estruturas por intermédio de impulsos elétricos, fazendo com que cada estímulo chegue ao seu destino (CRUZ, 2009). 18 Figura 6 - Sistema nervoso Sistema Cardiovascular O sistema cardiovascular consiste no sangue, no coração e nos vasos sanguíneos. Para que o sangue possa atingir as células corporais e trocar materiais com elas, ele deve ser, constantemente, propelido ao longo dos vasos sanguíneos. O coração é a bomba que promove a circulação de sangue por cerca de 100 mil quilômetros de vasos sanguíneos (BRITO, 2011). 19 Figura 7 - Coração O coração é um órgão muscular oco localizado no centro do tórax. Os lados direito e esquerdo do coração possuem uma câmara superior (átrio), que coleta o sangue, e uma câmara inferior (ventrículo), que o ejeta. Para assegurar que o sangue flua em uma só direção, os ventrículos possuem uma válvula de entrada e uma de saída. Além disso, o coração possui quatro camadas, sendo estas o pericárdio, epicárdico, miocárdio e endocárdio. Cada uma destas camadas apresenta uma colocação diferente no coração, sendo designadas da mais externa até a mais interna que é o endocárdio. O pericárdio é a membrana que reveste e protege o coração. Ele restringe o coração à sua posição no mediastino, embora permita suficiente liberdade de movimentação para contrações vigorosas e rápidas (BRUM, 2009). O miocárdio é a camada média e a mais espessa do coração. É composto de músculo estriado cardíaco. É esse tipo de músculo que permite que o coração se contraia e, portanto, impulsione sangue, ou o force para o interior dos vasos sanguíneos. E por fim o endocárdio é 20 a camada mais interna do coração. É uma fina camada de tecido composto por epitélio pavimentoso simples sobre uma camada de tecido conjuntivo. A superfície lisa e brilhante permite que o sangue corra facilmente sobreela. O endocárdio também reveste as valvas e é contínuo com o revestimento dos vasos sanguíneos que entram e saem do coração (BRITO, 2011). 21 Sistema respiratório O sistema respiratório humano é constituído por um par de pulmões e por vários órgãos que conduzem o ar para dentro e para fora das cavidades pulmonares. Esses órgãos são as fossas nasais, a boca, a faringe, a laringe, a traqueia, os brônquios, os bronquíolos e os alvéolos, os três últimos localizados nos pulmões. Figura 8 - Sistema respiratório Fossas nasais: São duas cavidades paralelas que começam nas narinas e terminam na faringe. Elas são separadas uma da outra por uma parede cartilaginosa denominada septo nasal. Em seu interior há dobras chamadas cornetos nasais, que forçam o ar a turbilhonar. Possuem um revestimento dotado de células produtoras de muco e 22 células ciliadas, também presentes nas porções inferiores das vias aéreas, como traqueia, brônquios e porção inicial dos bronquíolos. No teto das fossas nasais existem células sensoriais, responsáveis pelo sentido do olfato. Têm as funções de filtrar, umedecer e aquecer o ar. Faringe: É um canal comum aos sistemas digestório e respiratório e comunica-se com a boca e com as fossas nasais. O ar inspirado pelas narinas ou pela boca passa necessariamente pela faringe, antes de atingir a laringe. Laringe: É um tubo sustentado por peças de cartilagem articuladas, situado na parte superior do pescoço, em continuação à faringe. O pomo-de-adão, saliência que aparece no pescoço, faz parte de uma das peças cartilaginosas da laringe. A entrada da laringe chama-se glote. Acima dela existe uma espécie de “lingueta” de cartilagem denominada epiglote, que funciona como válvula. Quando nos alimentamos, a laringe sobe e sua entrada é fechada pela epiglote. Isso impede que o alimento ingerido penetre nas vias respiratórias. O epitélio que reveste a laringe apresenta pregas, as cordas vocais, capazes de produzir sons durante a passagem de ar. Traqueia: É um tubo de aproximadamente 1,5 cm de diâmetro por 10-12 centímetros de comprimento, cujas paredes são reforçadas por anéis cartilaginosos. Bifurca-se na sua região inferior, originando os brônquios, que penetram nos pulmões. Seu epitélio de revestimento muco-ciliar adere partículas de poeira e bactérias presentes em suspensão no ar inalado, que são posteriormente varridas para fora (graças ao movimento dos cílios) e engolidas ou expelidas. Pulmões: Os pulmões humanos são órgãos esponjosos, com aproximadamente 25 cm de comprimento, sendo envolvidos por uma 23 membrana serosa denominada pleura. Nos pulmões os brônquios ramificam-se profusamente, dando origem a tubos cada vez mais finos, os bronquíolos. O conjunto altamente ramificado de bronquíolos é a árvore brônquica ou árvore respiratória. Cada bronquíolo termina em pequenas bolsas formadas por células epiteliais achatadas (tecido epitelial pavimentoso) recobertas por capilares sanguíneos, denominadas alvéolos pulmonares. Diafragma: A base de cada pulmão apoia-se no diafragma, um fino músculo que separa o tórax do abdômen (presente apenas em mamíferos) promovendo, juntamente com os músculos intercostais, os movimentos respiratórios. Localizado logo acima do estômago, o nervo frênico controla os movimentos do diafragma (ARBEX et al, 2012). Sistema Digestório O sistema digestório é o sistema responsável por algumas funções como mastigação, deglutição, metabolização e absorção dos alimentos. Além disso, tudo aquilo que não é aproveitado pelo nosso corpo é excretado ainda pelo sistema digestório (CARITÁ et al, 2007). Figura 9 - Sistema digestório 24 A boca é formada pelas bochechas (formam as paredes laterais da face e são constituídas externamente por pele e internamente por mucosa), Palatos duro (parede superior), Palatos mole (parede posterior), Língua (importante para o transporte de alimentos, sentido do gosto e fala). É onde o alimento é ingerido e preparado para a digestão no estômago e intestino delgado. O alimento é mastigado pelos dentes, e a saliva, proveniente das glândulas salivares, facilita a formação de um bolo alimentar controlável. Os dentes são estruturas cônicas, duras, fixadas nos alvéolos da mandíbula e maxila que são usados na mastigação e na assistência à fala. Crianças têm 20 dentes decíduos (primários ou de leite). Adultos normalmente possuem 32 dentes secundários (TORTORA, 2016). A língua é o principal órgão do sentido do gosto e um importante órgão da fala, além de auxiliar na mastigação e deglutição dos alimentos. Localiza-se no soalho da boca, dentro da curva do corpo da mandíbula. A raiz é a parte posterior, por onde se liga ao osso hioide pelos músculos hioglosso e genioglosso e pela membrana glossioidea; à epiglote, por três pregas da mucosa; ao palato mole, pelos arcos palatoglossos, e a faringe, pelos músculos constritores superiores da faringe e pela mucosa. A faringe é um tubo funicular que se estende das coanas até o esôfago dividido em três partes: nasal (respiração), oral (respiração e alimentação) e laríngea (contrações musculares). Comunica-se com as vias nasal, respiratória e digestória. O ato da deglutição normalmente direciona o alimento da garganta para o esôfago, um longo tubo que se esvazia no estômago. Durante a deglutição, o alimento normalmente não pode entrar nas vias nasais e respiratórias em razão 25 do fechamento temporário das aberturas dessas vias (ALMEIDA, 2014). O esôfago é um tubo fibro-músculo-mucoso que se estende entre a faringe e o estômago. Localiza-se posteriormente à traqueia começando na altura da 7ª vértebra cervical. Perfura o diafragma pela abertura chamada hiato esofágico e termina na parte superior do estômago. A presença de alimento no interior do esôfago estimula a atividade peristáltica, e faz com que o alimento se mova para o estômago. As contrações são repetidas em ondas que empurram o alimento em direção ao estômago. A passagem do alimento sólido, ou semissólido, da boca para o estômago leva 4 – 8 segundos; alimentos muito moles e líquidos passam cerca de 1 segundo. O estomago está situado no abdome, logo abaixo do diafragma, anteriormente ao pâncreas, superiormente ao duodeno e a esquerda do fígado. É parcialmente coberto pelas costelas. O estômago está localizado no quadrante superior esquerdo do abdome entre o fígado e o baço. O estômago é divido em 4 áreas (regiões) principais: Cárdia, Fundo, Corpo e Piloro. Com a função de Digestão do alimento Secreção de suco gástrica; Secreção de hormônios gástricos; Absorção de pequenas quantidades de água e substancias dissolvida. O intestino delgado, que consiste em Duodeno, Jejuno e Íleo, estende- se do piloro até a junção ileocecal onde o íleo une-se ao ceco, a primeira parte do intestino grosso. Duodeno: parte proximal, Jejuno: média, Ìleo: distal. Função: absorção dos nutrientes. Intestino grosso O intestino grosso é dividido em 4 partes principais: Ceco (cecun), Colo (cólun) (Ascendente, Transverso, Descendente e Sigmoide), reto e Ânus (COSTA, 2008). 26 Sistema Endócrino Dá-se o nome de sistema endócrino ao conjunto de órgãos que apresentam como atividade característica a produção de secreções denominadas hormônios, que são lançados na corrente sanguínea e irão atuar em outra parte do organismo, controlando ou auxiliando o controle de sua função. Os órgãos que têm sua função controlada e/ou regulada pelos hormônios são denominados órgãos-alvo (SANTAMARTA, 2009). Figura 10 - Sistema endócrino Sistema Urinário O sistema renal é formado pelos rins, uretra, ureteres e bexiga onde cada um deles tem sua função específica na produção e eliminação de urina. Os rins são dois órgãos localizados atrás e fora da cavidade peritonealna parede posterior do abdômen. Estes se encontram bem protegidos externamente pelas costelas e os músculos abdominais e costais. Cada rim possui uma glândula suprarrenal que se localiza em seu ápice, estes são independentes, ou seja, cada uma tem sua função 27 em relação ao suprimento sanguíneo e inervação. Cada rim tem ainda um córtex que contém os nefrons. As funções dos rins consistem na formação de urina, excreção de resíduos, regulação de eletrólitos, regulação do equilíbrio ácido-básico, controle do balanço hídrico e pressão arterial entre outras. A uretra origina-se no final da bexiga e termina no pênis e na mulher ela termina na vagina. Os ureteres são canais tubulares compostos por fibras e músculos que ligam os rins na bexiga. A bexiga é um saco muscular que se localiza atrás do osso pubiano e tem capacidade de acondicionar cerca de 300-500 ml de urina (BONITO, 2013). Figura 11 - Sistema Urinário Sistema Musculoesquelético O sistema locomotor tem a função de movimento, locomoção e deslocamento dos seres vivos. Faz parte desse sistema um conjunto de ossos, músculos e articulações. O esqueleto sustenta a estrutura do corpo, protege os órgãos internos, armazena mineral e íons e produz células sanguíneas. Um corpo humano em completa formação tem em 28 geral 206 ossos ao todo, porém podem ser encontradas fontes em que essa quantidade esteja com alguma variação pois a formação e definição deles depende de alguns fatores como faixa etária, fatores individuais e critérios de contagem. O esqueleto humano é dividido em dois grupos topograficamente, ossos axiais e apendiculares. Os axiais são compostos por crânio, coluna vertebral e caixa torácica, já os apendiculares são compostos dos membros superiores e inferiores, os referidos grupos são unidos pela cintura pélvica e escapular. Os músculos são constituídos pelas fibras musculares, células alongadas ricas em miofibrilas de proteínas, responsáveis pela contração muscular. Ao se contrair, o músculo ocasiona o movimento do corpo e ou de órgãos internos. Os músculos apresentam-se em três tipos: estriado esquelético (ligado ao esqueleto e com contração voluntária), liso (encontrado na parede dos órgãos ocos, apresenta contração involuntária), estriado cardíaco (possui fibras de contração involuntária). Os músculos, tendões e ossos produzem diversos tipos de movimentos através do trabalho que realizam em conjunto nos pontos onde existem articulações (SOEIRO, 2011). 29 Figura 12 - Sistema esquelético Sistema Reprodutor Feminino e Masculino Cada testículo é composto por um emaranhado de tubos, os túbulos seminíferos, onde O sistema reprodutor masculino é o sistema responsável pela produção dos gametas masculinos, tal como a maturação e introdução destes no aparelho reprodutor feminino. Como processos fisiológicos relacionadas a essas funções, há a produção de hormônios e do sêmen. Sua forma e função estão intimamente relacionadas à evolução dos sistemas de acasalamento em primatas e ao conflito sexual entre macho e fêmea (AMÉRICO et al, 2012). Existem três formas de se dividirem os órgãos do sistema genital masculino: anatomicamente, funcionalmente ou embriologicamente. A divisão anatômica compreende uma parte externa e uma parte interna. Na parte externa, está o pênis e o escroto, tal como as camadas do testículo. A parte interna compreende as vias espermáticas, as glândulas acessórias e os testículos. É formado por diversos órgãos, os testículos, os epidêmios, os ductos deferentes, as glândulas seminais, a próstata, o ducto ejaculatório e o pênis (PINTO; PIERUCCI, 2013). 30 Figura 13 - Sistema reprodutor masculino O sistema reprodutor feminino apresenta características diferentes de acordo com cada fase em que a mulher se encontra, sendo assim na Infância a vulva apresenta-se sem pelos, os pequenos lábios e o clitóris, o meato urinário e o hímen não são visíveis facilmente. As mamas não estão desenvolvidas e abaixo do mamilo não há saliência glandular. Não existe função genital (os ovários não secretam hormônios e não há muco na vagina). Já na puberdade ocorre maturação dos órgãos e liberação de alguns hormônios. Ocorre em média entre 11e 12 anos. Antes dos 9 anos, considera-se puberdade precoce e, após os 15 anos, retardada. Começa a produção do muco cervical no colo uterino, inicia-se a menarca (sangramento devido à descamação do endométrio). A mucosa vaginal espessa-se e se descama, produzindo um muco espesso e branco. 31 Na idade adulta a repetição das ovulações, da puberdade até a menopausa, constitui-se a cada vez, tentativa de gravidez. A menstruação é prova evidente da não conclusão desse processo. Figura 14 - Sistema reprodutor feminino 32 3 FISIOLOGIA DO CORPO HUMANO Sistema Nervoso O encéfalo é responsável pela transmissão de impulsos elétricos em um sistema que permite que cada estímulo seja enviado corretamente ao seu destino. A medula espinhal é o importante centro de ação reflexão do corpo, onde as respostas mais complexas são controladas. É onde se originam os trinta e um pares de nervos espinhais que saem da medula inervando músculos, pele e órgãos. Neurônios: é a unidade básica do cérebro que é responsável por receber as mensagens eletroquímicas (sinapse) realizada nos dendritos e enviá-las para o corpo realizado no axônio e ainda tem as células da neuroglia que tem a responsabilidade de nutrir, sustentar e proteger os neurônios. Células especializadas, denominadas neurônios, são as principais responsáveis pelo recebimento e transporte de informações, por meio de alterações elétricas que ocorrem na região da membrana conhecida por impulsos elétricos. Esses ocorrem, geralmente, da extremidade de um neurônio para a de outro, sendo que o local de junção entre estes é chamado de sinapse nervosa. Na grande parte das sinapses, os citoplasmas apresentam mediadores químicos: os neurotransmissores. Esses permitem a ocorrência destes impulsos ao se ligarem a proteínas de membrana da célula seguinte (CRUZ, 2009). 33 Figura 15 - Neurônios Encéfalo é constituído de cérebro, cerebelo, e tronco encefálico, esse último é formado pelo mesencéfalo, ponte e bulbo raquidiano e diencéfalo. Cérebro é constituído pelos hemisférios cerebrais (telencéfalo) e diencéfalo. Estes primeiros são unidos pelo corpo caloso: uma estrutura constituída de fibras nervosas. Em cada uma dessas duas regiões existem divisões de determinadas áreas, delimitadas por sulcos mais profundos: os lobos frontais, parietais, temporais e occipitais. Estes se dão aos pares (um em cada hemisfério), e cada tipo coordena uma função específica - como a audição, ligada aos lobos temporais. A região mais externa do cérebro é denominada córtex cerebral, rico em corpos de neurônios e, em razão de sua tonalidade, era denominado “substância cinzenta”. O córtex possui áreas sensoriais, motoras e associativas (interpretação de sensações e elaboração de planos de ação). A região mais interna do cérebro, rica em dendritos e axônios, geralmente revestidos por mielina, é a substância branca, que leva informações ao córtex, e recebe dele instruções acerca do 34 funcionamento do corpo. Cerebelo coordena os movimentos e a postura corporal, mantendo nosso equilíbrio e permitindo com que façamos determinadas tarefas, como andar de bicicleta. Isso só é possível porque ele recebe diversas informações do encéfalo e medula espinal. Também possui substância cinzenta externa e substância branca, internamente (DE KERCKHOVE, 2015). Tronco encefálico: é formado apenas por substância branca. Mesencéfalo recebe e coordena informações relativas ao tônus muscular e postura corporal. É, também, responsável pelos reflexosvisuais e auditivos. Ponte também auxilia em relação ao tônus muscular, postura e equilíbrio. Além disso, controla a respiração e coordena a movimentação do corpo, inclusive dos olhos e pescoço. Bulbo raquidiano, também chamado de medula oblonga, participa de processos vitais, como respiração, batimentos cardíacos e vasoconstrição. Medula espinal se localiza em nossas vértebras, na região onde estas são perfuradas. Ao contrário do cérebro e cerebelo, a camada cinzenta da medula encontra-se mais interna que a camada branca. Ela é quem recebe primeiramente as informações transmitidas das mais diferentes regiões do corpo, para depois encaminhá-las para o encéfalo. Da mesma forma, as informações oriundas deste passam por ela, para depois serem conduzidas às regiões específicas. . Além disso, a medula é responsável por reflexos rápidos em resposta a emergências, como retirar imediatamente a mão da tomada ao receber choque. Tudo isso acontece nesta região graças aos trinta e um nervos espinhais que contém. É composto pelo sistema nervoso central: constituído de encéfalo e medula espinal, é responsável por processar informações. E sistema 35 nervoso periférico: com nervos, gânglios e terminações nervosas, se encarrega pela condução dessas informações pelo corpo (COSTA, 2008). Figura 16 - Sistema nervoso Sistema Cardiovascular O sangue que sai do ventrículo esquerdo, rico em oxigênio, é impulsionado para a artéria de maior calibre do corpo: a aorta. Seu objetivo é alimentar as células de todos os tecidos. Para tanto, possui muitas artérias menores que recebem o sangue da aorta, conduzindo- o para lugares diferentes. As artérias vão-se dividindo e ficando cada vez menores, até se tornarem arteríolas – os últimos e pequenos ramos do sistema arterial, que atuam como válvulas controladoras pelas quais o sangue é liberado para os capilares. Os capilares, por sua vez, possuem paredes extremamente permeáveis - o que permite a passagem de nutrientes, gases e substâncias para as trocas com o meio - e são capazes de 36 dilatar-se de acordo com a necessidade do tecido irrigado (BRITO, 2011). Após efetuar as trocas com o meio, o sangue, agora rico em detritos e gás carbônico, é recolhido pelas vênulas, que o conduzem e gradativamente confluem formando veias de calibre cada vez maior até chegar à veia cava, que o deposita no átrio direito. As finas paredes musculares dos átrios, no entanto, não possuem força para vencer a resistência muscular das artérias, porém uma vez repletos de sangue desencadeiam a abertura da válvula tricúspide - que se localiza entre o átrio direito e o ventrículo direito e, quando aberta, permite a passagem do sangue do átrio para o ventrículo; quando fechada, impede o retorno sanguíneo do ventrículo para o átrio. Como as paredes ventriculares são espessas e capazes de vencer a força vascular das artérias, o sangue é mais uma vez, empurrado para fora do coração (BRUM, 2009). Uma vez no ventrículo direito, o sangue é impulsionado para a artéria pulmonar, sendo posteriormente conduzido aos pulmões – onde efetuará importantes trocas, deixando gás carbônico e recolhendo oxigênio (Hematose). Entre o ventrículo direito e a artéria pulmonar localiza-se a valva do tronco pulmonar ou semilunar, que impede o refluxo de sangue para o ventrículo direito. Rico em oxigênio para as células, o sangue necessita percorrer o organismo. Para isso, é novamente conduzido ao coração pela veia pulmonar, que o libera no átrio esquerdo. Este, valendo-se de válvulas (mitral ou bicúspide) que o separam do ventrículo esquerdo e impedem o refluxo sanguíneo, repassa o sangue para essa câmara. De volta ao ventrículo esquerdo, este novamente vence a força da potente parede aórtica para reiniciar o processo. Entre o ventrículo 37 esquerdo e a artéria aorta encontra-se a válvula aórtica que, quando aberta, permite a saída de sangue para as artérias e, quando fechada, impede o seu refluxo. A distribuição de sangue pelo organismo recebe a denominação de circulação sistêmica ou grande circulação. A pressão com que o sangue é bombeado para as artérias precisa ser adequada às suas resistências e às necessidades dos tecidos. Assim, uma pressão abaixo do nível necessário resulta em lesões teciduais pela falta de oxigenação de suas células. E uma pressão contínua acima do nível suportável pelas paredes vasculares pode resultar no seu rompimento. A quantidade de sangue bombeada pelo coração a cada minuto é denominada débito cardíaco (SILVERTHORN, 2010). Figura 17 - Circulação sistêmica 38 Sistema Respiratório O oxigênio é suprido as células, enquanto o dióxido de carbono é removido dessas células através do sangue circulante. As células estão em íntimo contato com os capilares, cujas paredes finas possibilitam a passagem fácil ou a troca de oxigênio e de dióxido de carbono. O oxigênio difunde-se do capilar para o liquido intersticial através da parede capilar. Neste ponto difunde-se através da membrana das células teciduais onde é usado pelas mitocôndrias para a respiração celular. Após a ocorrência dessas trocas capilares teciduais, o sangue penetra nas veias sistêmicas (onde é denominado sangue venoso) e segue o seu trajeto até a circulação pulmonar. A concentração de oxigênio no sangue dos capilares dos pulmões é menor nos alvéolos. Em virtude desse gradiente de concentração, o oxigênio difunde-se dos alvéolos para o sangue. O dióxido de carbono, que apresenta uma maior concentração no sangue do que nos alvéolos, difunde-se do sangue para dentro dos alvéolos. O movimento de ar para dentro e para fora das vias respiratórias repõe o oxigênio e remove o dióxido de carbono continuamente das vias respiratórias e dos pulmões (CARPENITO; MOYET, 2009). Durante a inspiração, o ar flui do ambiente para dentro da traqueia, brônquios, bronquíolos e alvéolos. Durante a expiração o gás alveolar faz o mesmo trajeto em direção contraria. Os fatores físicos que determinam o fluxo de ar para dentro e para fora dos pulmões são coletivamente designados como mecânica da ventilação e incluem as variações da pressão de ar, a resistência ao fluxo de ar e a complacência pulmonar. 39 Variações da pressão do ar: o ar flui de uma região de pressão mais alta para outra de pressão mais baixa. Durante a inspiração, o movimento do diafragma e de outros músculos da respiração aumenta a cavidade torácica e, portanto, diminui a pressão no interior do tórax até um nível abaixo daquela da pressão atmosférica. Em consequência o ar é puxado pela traqueia e pelos brônquios para o interior dos alvéolos. Durante a expiração, o diafragma relaxa e os pulmões se retraem, resultando em diminuição do tamanho da cavidade torácica. A seguir a pressão alveolar excede a pressão atmosférica, e o ar flui dos pulmões para a atmosfera. Resistência das vias respiratórias: é determinada pelo raio ou tamanho da via respiratória através da qual o ar está fluindo. Com o aumento da resistência é necessário um esforço respiratório maior que o normal para alcançar níveis normais de ventilação. Complacência: refere-se a elasticidade e expansividade dos pulmões e das estruturas torácicas. Permite o aumento do volume pulmonar quando a diferença de pressão entre a atmosfera e a cavidade torácica, faz com que o ar flua para dentro (TORTORA, 2016). 40 Figura 18 - Fisiologia da respiração Sistema Digestório O processo da digestão começa com o ato da mastigação, quando então o alimento é fracionado em partículas pequenas que podem ser deglutidas e misturadas com enzimas digestivas. A deglutição começa com um ato voluntario que é regulado pelo centro da deglutição na medula oblonga do Sistema Nervoso Central (SNC). Quando o bolo de alimentoé deglutido, a epiglote move-se para cobrir a abertura traqueal e evitar a aspiração de alimento para dentro dos pulmões. A deglutição que impulsiona o bolo alimentar para dentro da parte superior do esôfago termina então como uma ação reflexa. O músculo liso na parede do esôfago contrai-se em uma sequência rítmica a partir da porção superior do esôfago, no sentido do estomago, para impulsionar o bolo alimentar ao longo do trato. 41 Durante esse processo de peristalse esofágica, o esfíncter esofágico inferior relaxa e permite que o bolo alimentar entre no estomago. Durante esse processo de peristalse esofágica, o esfíncter esofágico interior relaxa e permite que o bolo alimentar entre no estomago. Em seguida o esfíncter esofágico inferior se fecha firmemente para evitar o refluxo do conteúdo gástrico para dentro do esôfago. O estomago armazena e mistura o alimento com as secreções, secreta um líquido altamente ácido secretado por glândulas. A função dessa secreção é clivar o alimento em componentes mais absorvíeis e ajudar na destruição de bactérias ingeridas. A pepsina é uma enzima importante na digestão da proteína (ALMEIDA, 2014). As contrações peristálticas no estomago impulsionam o conteúdo gástrico na direção do piloro. Como as grandes partículas de alimento não podem atravessar o esfíncter elas são devolvidas para o corpo do estomago. Dessa maneira, o alimento no estomago é agitado mecanicamente e clivado em partículas menores. A peristalse no estomago e as contrações do esfíncter pilórico permitem que o alimento parcialmente digerido entre no intestino delgado em uma velocidade que possibilite a absorção de nutrientes. Esse alimento misturado com secreções gástricas é chamado de quimo. Os hormônios neurorreguladores encontrados nas secreções gástricas controlam a motilidade gástrica e as secreções gástricas. Com o quimo no intestino delgado, as secreções duodenais, ou seja, originadas nos órgãos acessórios – pâncreas, fígado e vesícula biliar e das glândulas na parede do próprio intestino são misturadas com o quimo. Essas secreções contêm enzimas digestivas secretadas pelo pâncreas: tripsina, ajuda na digestão da proteína; amilase, que ajuda 42 na digestão do amido; e a lipase, que ajuda na digestão dos lipídios. Secretadas pelo fígado e armazenado na vesícula biliar a bile, auxilia na emulsificação das gorduras ingeridas facilitando sua digestão e absorção. No intestino delgado ocorrem dois tipos de contrações: as de segmento, que produzem as ondas de mistura que movimentam o conteúdo intestinal para frente e para trás em um movimento de trituração. E a peristalse intestinal, que impulsiona o conteúdo do intestino delgado no sentido do cólon. Ambos os movimentos são estimulados pela presença do quimo. No intestino grosso as bactérias são um componente importante que ajudam a terminar a clivagem do material residual, principalmente das proteínas e sais minerais não digeridos. São liberados dois tipos de secreções: a solução eletrolítica, uma solução de bicabornato que age para neutralizar os produtos finais formados pela ação bacteriana. E o muco, que protege a mucosa contra o conteúdo Inter luminal e fornece adesão para a massa fecal. A atividade peristáltica lenta e fraca move o conteúdo ao longo da via e permite a reabsorção eficiente de água e eletrólitos. Com isso o material digerido chega ao reto para ser excretado em formato de fezes (CARVALHO, 2011). 43 Figura 19 - Fisiologia do sistema digestório Sistema Endócrino Hipófise: é responsável pela liberação de vários hormônios essenciais como o do crescimento e a prolactina que estimula a produção de leite pelas glândulas mamárias e o aumento das mesmas. 44 Figura 20 - Glândula hipófise Adenohipófise: A parte anterior da hipófise, a adenohipófise, é composta de tecido epitelial glandular e é altamente vascular e constituída de células epiteliais de tamanho e forma variados, dispostas em cordões ou folículos irregulares. Sintetiza e libera pelo menos oito hormônios importantes: Somatotropina (STH), envolvida no controle do crescimento do corpo; Mamotropina (LTH), que estimula o crescimento e a secreção da mama feminina; Adrenocorticotropina (ACTH), que controla a secreção de alguns hormônios corticais da glândula suprarrenal; Tirotrofina (TSH), que estimula a atividade da glândula tireoide; Hormônio estimulador do folículo (FSH), que estimula o crescimento e a secreção de estrógenos nos folículos ováricos e a espermatogênese nos testículos; Hormônio das células intersticiais (ICSH), que ativa a secreção de andrógenos através do testículo; Hormônio Luteinizante (LH), que induz a secreção de progesterona pelo corpo lúteo; Hormônio estimulador de melanócitos (MSH), que aumenta a pigmentação cutânea (SANTAMARTA, 2009). Neurohipófise: O lobo posterior da hipófise é uma evaginação descendente do assoalho do diencéfalo. A porção posterior da hipófise 45 é composta por tecido nervoso e, portanto, é chamada de neurohipófise. Sintetiza dois hormônios: Vasopressina (ADH), antidiurético, que controla a absorção de água através dos túbulos renais; Ocitocina, que promove a contração do músculo não estriado do útero e da mama. Os dois hormônios da neurohipófise são produzidos no hipotálamo e transportados no interior do infundíbulo (haste hipofisária) e armazenados na glândula até serem utilizados. Os impulsos nervosos para o hipotálamo estimulam a liberação dos hormônios da neurohipófise. Hipotálamo: regula determinados processos metabólicos, temperaturas corporais, fome, sede e sono. Importante na homeostase corporal e é o principal centro da expressão emocional como o humor e do comportamento sexual, influenciando em funções tão diversas como o metabolismo, a reprodução, as respostas aos estímulos agressivos e à produção de urina. O hipotálamo está intimamente relacionado com a hipófise no comando das atividades. Ele controla a secreção hipofisária, produz ocitocina e hormônio antidiurético, que são armazenados pela hipófise (BILA, 2007). a) Controle Vegetativo e Endócrino Regulação cardiovascular é alteração da pressão arterial e frequência cardíaca; Regulação da temperatura: a temperatura do sangue que passa pelo hipotálamo regula a atividade dos neurônios, aumentando assim a atividade e temperatura, regulando-a; 46 Regulação hídrica: controla a água corporal através da sensação de sede e perda de água pela urina. Contração uterina e ejeção de leite é o hipotálamo produz ocitocina, que controla essas duas atividades. Controle hipotalâmico: o hipotálamo estimula a hipófise secretar hormônios (RODRIGUES, 2009). b) Função Comportamental As áreas do hipotálamo como hipotálamo lateral, ventromedial e periventricular estão relacionados com a sensação de sede, fome, agressividade, tanto produção dessas sensações quanto sensação de saciedade. A área periventricular está relacionada com sensação de medo e punição. A atividade sexual é estimulada principalmente pelas regiões anteriores e posteriores. Tireoide: É uma estrutura de dois lobos localizada no pescoço (em frente à traqueia) e produz hormônios, principalmente tiroxina (ou Tetraiodotironina - T4) e triiodotironina (T3), que regulam a taxa do metabolismo e afetam o aumento e a taxa funcional de muitos outros sistemas do corpo, e é controlada principalmente pelo TSH (hormônio estimulante da tireoide) que é secretado pela hipófise anterior. O iodo é um componente essencial tanto do T3 quanto do T4. A tireoide também produz o hormônio calcitonina, que possui um papel muito importante na homeostase do cálcio, suprindo a reabsorção óssea. A glândula tireoide se desenvolve do endoderma associada à parte faríngea do tubo digestivo e sua principalfunção é a regulação do metabolismo corporal, ela ainda pode interferir no desenvolvimento e 47 crescimento normais. Quando existe alguma anormalidade no aumento de tamanho dessa glândula, surge o bócio. O TSH e os hormônios tireoidianos fetais são importantes para o desenvolvimento do sistema nervoso central e do esqueleto ainda no crescimento intrauterino (DELATTRE, 2009). Suprarrenais: são principalmente responsáveis pela liberação de hormônios em resposta ao stress através da síntese e liberação de hormônios corticosteroides, como o cortisol, e de catecolaminas, como a adrenalina. Estimulam a conversão de proteínas e gorduras em glicose, ao mesmo tempo em que diminuem a captação de glicose pelas células, aumentando, assim, a utilização de gorduras e afetam no funcionamento dos rins. Uma glândula suprarrenal seccionada revela um córtex externo, de cor amarela e formando a massa principal, e uma fina medula vermelho- escuro, formando cerca de 10% da glândula. A medula é completamente envolvida pelo córtex, exceto no seu hilo. O córtex suprarrenal é uma fina camada externa (periférica), mostra três zonas celulares: as zonas glomerulosa (mais externa), fasciculada (mais larga) e reticulada (mais interna). O córtex secreta os hormônios chamados esteroides. Zona Glomerulosa: Produzem aldosterona (mineralocorticoide), que tem função importante na regulação do volume e da pressão do sangue, e na concentração do equilíbrio eletrolítico do sangue. Em geral, a aldosterona retém o sódio e a água e elimina potássio (TODOROV, 2012). 48 Zona Fasciculada: Produzem hormônios que mantêm o equilíbrio dos carboidratos, proteínas e gorduras (glicocorticoides). O principal glicocorticoide é o cortisol. Zona Reticulada: Podem produzir hormônios sexuais (progesterona, estrógenos e andrógenos). O córtex é essencial para a vida; a remoção completa é letal sem terapia de substituição. Também exerce considerável controle sobre os linfócitos e tecido linfático. Medula Supra-renal: A medula da supra-renal secreta dois hormônios: 1. Epinefrina (Adrenalina), que possui efeito acentuado sobre o metabolismo de carboidratos; 2. Norepinefrina (Noradrenalina), que produz aceleração do coração vasoconstrição e pressão sanguínea elevada. Esses hormônios são classificados como aminas e por estarem no grupo químico chamado. catecol, são denominadas catecolaminas. Esses hormônios são produzidos em emergências e estresse, produzindo os seguintes efeitos (além dos descritos acima): Conversão de glicogênio em glicose no fígado; Elevação do padrão metabólico. Pâncreas: Produz muitos hormônios importantes, como a insulina que transporta a glicose para dentro da célula, o glucagon que aumenta a 49 glicemia (nível de glicose no sangue). As células que produzem esses hormônios são denominadas ilhotas pancreáticas (Langerhans). O pâncreas humano pode conter mais de um milhão de ilhas, geralmente mais numerosas na cauda. Essas ilhotas possuem dois tipos de células: os endocrinócitos alfa, que produzem glucagon e os endocrinócitos beta que produzem insulina. Ação da insulina: diminui os níveis de glicose através de dois mecanismos: 1) aumenta o transporte de glicose do sangue para o interior das células; 2) estimula as células a queimar glicose como combustível. A insulina é o único hormônio que diminui a glicose sanguínea. Ação do glucagon: esse hormônio aumenta a glicose sanguínea de duas maneiras: 1. Estimulando a conversão de glicogênio em glicose no fígado; 2. Estimulando a conversão de proteínas em glicose (DA ROSA, 2019). Figura 21 - Características pancreáticas 50 Gônadas: testosterona é a mais importante, ela é responsável pelo desenvolvimento das características sexuais secundárias masculinas e pela espermatogênese, produzida pelos testículos. Os ovários secretam dois tipos de hormônios: estrógeno e progesterona. O estrógeno promove desenvolvimento das características sexuais secundárias femininas, a fase proliferativa do ciclo menstrual, ovogênese e ovulação e muitas mudanças durante a gravidez. A progesterona promove a fase secrecional (lútea) do ciclo menstrual, preparação do útero para gravidez e preparação das mamas para lactação. Ovários: produzem dois hormônios sexuais femininos: o estrógeno e a progesterona. Esses hormônios participam do desenvolvimento e do funcionamento dos órgãos genitais femininos e da expressão das características sexuais femininas, sendo que tais características se desenvolvem principalmente em resposta ao estrógeno. Elas incluem: Desenvolvimento das mamas; • Distribuição da gordura nos quadris, coxas e mamas; • Distribuição de pelos em áreas específicas do corpo; • Maturação de órgãos genitais; • Fechamento das cartilagens epifisiais dos ossos longo/s. Tanto o estrógeno como a progesterona são controlados por hormônios de liberação no hipotálamo, e pelas gonadotropinas da adenohipófise. O principal hormônio secretado pelos testículos é a testosterona, que auxilia na maturação dos espermatozoides e é responsável pelas características sexuais masculinas, tais como: • Crescimento e desenvolvimento dos órgãos genitais masculinos; 51 • Crescimento musculoesquelético; • Crescimento e distribuição dos pelos; • Aumento da laringe, acompanhado por alterações da voz. A secreção da testosterona é controlada por hormônios de liberação produzidos no hipotálamo, e pelos hormônios luteinizantes da adenohipófise. O timo possui determinadas funções secretoras hormonais e linfáticas (produzindo linfócitos T). Ele varia de tamanho e atividade, dependendo da idade, doença e do estado fisiológico, mas permanece ativo mesmo na idade avançada. Ao nascimento pesa cerca de 10 a 15g, crescendo até a puberdade, quando ele pesa de 30 a 40gm, ou seja, apresenta- se muito maior na criança do que no adulto, sendo que após a puberdade, a glândula involui, ou se torna menor, sendo substituído por tecido conjuntivo a adiposo. No início da vida, ele é de cor cinza-róseo, mole e finamente lobulado, constituído em dois lobos piramidais iguais, unidos por tecido conectivo frouxo. Após a meia idade, o timo torna-se amarelado devido à sua gradual substituição por tecido adiposo (SANTAMARTA, 2009). 52 Figura 22 - Gônadas masculina O timo tem a função de produzir diversas substâncias (inclusive hormônios) que regulam a produção de linfócitos, a diferenciação e as atividades no timo. Essas substâncias incluem quatro polipeptídeos principais quimicamente bem distribuídos: timulina, timopoetina, timosina alfa I e timosina beta IV. A timulina é produzida dentro do timo e precisa da presença de zinco para a atividade funcional (reage exclusivamente com as células T). A timopoetina intensifica diversas funções da célula T. A timulina e a timopoetina agem sistematicamente para dar regulação imune perfeitamente ajustadas das células T, auxiliando a manutenção do equilíbrio entre as atividades de seus diferentes subconjuntos. As atividades da timosina alfa I e beta IV não são bem claras. Sabe-se que as timosinas promovem maturação dos linfócitos no interior do timo e estimulam o desenvolvimento e a atividade dos linfócitos no desempenho de suas funções linfáticas por todo corpo (BRANDI, 2010). 53 Frequentemente o sistema endócrino interage com o sistema nervoso, formando mecanismos reguladores bastante precisos. O sistema nervoso pode fornecer ao sistema endócrino informações sobre o meio externo, enquanto o sistema endócrino regula a resposta interna do organismo a esta informação. Dessa forma, o sistema endócrino em conjunto com o sistema nervoso atua na coordenação e regulação das funções corporais (DELATTRE, 2009). 3.6 Sistema UrinárioNa fisiologia do sistema urinário é importante compreendermos desde o seu princípio que se relaciona com a produção da urina. A urina é produzida nos rins em diversas fases que permite eliminar diversos resíduos do organismo. Entretanto, é importante ressaltar que os rins possuem outras funções relevantes como a regulações, nomeadamente iônicas acidobásicas. A primeira fase da formação urinaria é a filtragem sanguínea, onde o sangue passa pelos capilares porosos que se encontram nos tubos urinários. Com isso pequenas moléculas são capazes de atravessar as paredes dos capilares e são recolhidas pelo tubo urinário. A partir de então o conteúdo filtrado é chamado de urina primaria e possui características bem próximas do plasma sanguíneo. A partir da filtragem ocorre a reabsorção que se processa nos tubos contornados e fundamentalmente no tubo contornado proximal. Permite o refluxo na circulação sanguínea de moléculas e íons indispensáveis ao organismo. Estes transportes são frequentemente associados a uma reabsorção de água; alguns requerem a utilização de energia celular enquanto outros transportes decorrem de forma 54 passiva. Os principais íons reabsorvidos são os seguintes: cloreto, sódio e potássio (KAWAMOTO; CAMPOS, 2014). A bexiga é considerada como o órgão que guarda e armazena por tempo determinado, sendo assim uma hora ou outra a urina deverá ser eliminada. Entretanto é importante ressaltar que as características da bexiga alteram de acordo com o volume de urina que se encontra em seu interior. Quando vazia, a bexiga está localizada inferiormente ao peritônio e posteriormente à sínfise púbica, já quando cheia, ela se eleva para a cavidade abdominal. É um órgão muscular oco, elástico que, nos homens situa-se diretamente anterior ao reto e, nas mulheres está à frente da vagina e abaixo do útero. Quando a bexiga está cheia, sua superfície interna fica lisa. Na saída da bexiga urinária é encontrado o músculo chamado de esfíncter que é capaz de se contrair involuntariamente e prevenindo assim o esvaziamento da bexiga. Permitindo que o indivíduo possa controlar a liberação urinária. Entretanto, essa capacidade de conter a urina é limitada, onde a bexiga só é capaz de suportar no máximo 800ml de urina. Por fim a uretra é um tubo que conduz a urina da bexiga para o meio externo, sendo revestida por mucosa que contém grande quantidade de glândulas secretoras de muco. A mesma se abre através do óstio externo da uretra (BONITO, 2013). 55 Figura 23 - Fisiologia renal As células corporais necessitam de líquido extracelular para funcionar de forma adequada e sua concentração ocorre de acordo com a quantidade adequada de eletrólitos e outros solutos. É o rim que varia as proporções relativas entre o soluto e a água encontrada na urina. Sendo assim os rins liberam o excesso de água. É importante ressaltar que o hormônio antidiurético denominado de vasopressina representa a necessidade de eliminar a urina diluída. O rim forma urina concentrada através da excreção contínua de solutos, enquanto a reabsorção de água aumenta, com a consequente diminuição do volume de urina formada. Embora múltiplos mecanismos controlem a quantidade de sódio e água excretada pelos rins, os principais sistemas de controle são o sistema do ADH e o mecanismo da sede. Sistema musculoesquelético (ORSOLIN, 2009). 56 Os ossos são formados pelo tecido ósseo, este tem como principal célula os osteócitos e como substância intercelular a matriz óssea (formada por sais de cálcio, fósforo e pela proteína colágena). Associada ao tecido ósseo encontra-se o tecido cartilaginoso (revestindo as epífises ósseas) tecido conjuntivo formando o periósteo e tecido hematopoiético (representado pelas medulas vermelha e amarela) (BONITO, 2013). Sistema Musculoesquelético a) Classificação dos ossos Os ossos passam por algumas classificações afins de que sejam devidamente conhecidos e facilite a identificação dos mesmos. A primeira classificação será referente aos ossos longos, planos e curtos. Os Longos são aqueles em que o comprimento é notavelmente maior que a sua largura e espessura (alguns exemplos, fêmur, úmero, falanges), estes possuem duas extremidades (epífises) e um corpo (diáfise), o osso longo é considerado tubular por ter no interior de seu corpo uma cavidade (canal medular), responsável pelo armazenamento de medula óssea, outra característica se trata de que se ainda em desenvolvimento ou crescimento, é possível identificar cartilagem entre as extremidades e o corpo dos ossos. Os Planos são aqueles em que o comprimento e largura são similares e prevalecem a espessura (alguns exemplos são os ossos do crânio como o frontal e occipital e de outras partes como a escápula). Os Curtos são aqueles quem que o comprimento, a largura e a espessura são similares (alguns exemplos são os ossos do tarso e carpo). 57 Figura 24 - Osso longo Existem ainda ossos que não se enquadram nessa primeira classificação devido suas características diferentes, por esse motivo houve a necessidade de uma segunda classificação, esta será referente aos ossos irregulares, pneumáticos e sesamóides. Os irregulares são aqueles que possuem forma indefinida e morfologia incompreensível (alguns exemplos são as vértebras e osso temporal). Os pneumáticos são aqueles que possuem cavidade podendo ter mais de uma, essas são denominas seio, possuem mucosa e são condicionados para a passagem de ar (alguns exemplos são ossos do crânio como o frontal, este possui seios frontais). Os sesamóides são aqueles que se formam de maneira natural em tendões que são muito estimulados, causando certa tensão e estresse no local, desta forma o corpo entende que haja necessidade da calcificação de algum nódulo, podem ser encontrados nas palmas e plantas (o exemplo natural e presente na anatomia dos 58 seres humanos é a patela). Observe abaixo imagens que facilitarão a compreensão. Figura 25 - Tipos de ossos b) Articulações As articulações são os pontos de contato entre os ossos que formam o esqueleto. Na maioria das vezes permitem o deslizamento de uma superfície óssea sobre a outra possibilitando os movimentos corporais. Muitos delas possuem ainda ligamentos, cordões fibrosos que prendem um osso a outro. Estas se classificam em móveis que também podem ser chamadas diartroses. Permitem movimentos que podem ser bastante amplos (como a articulação do ombro com o braço) ou apenas para frente e para trás (como a articulação do joelho). São as articulações mais complexas do corpo, uma vez que possuem cartilagens revestindo os ossos para absorver impactos e diminuir os atritos; a própria articulação é revestida por uma cápsula fibrosa (membrana sinovial) repleta de um liquido gelatinoso chamado Sinóvia. A articulação móvel, 59 também chamada de ligação sinovial, pode ser reforçada por ligamentos. Já as semimóveis que também podem ser chamados de anfiartroses, promovem movimentos discretos ás vezes imperceptíveis. As articulações entre as vértebras da coluna são exemplos. Em contrapartida as articulações imóveis não proporcionam nenhum movimento. Não possuem cápsulas nos ligamentos articulares, as superfícies ósseas se tocam diretamente sendo por isso chamados de suturas. As linhas denteadas entre os ossos do crânio são exemplos. O sistema muscular é o conjunto de todos os músculos do organismo que nos permitem realizar ações voluntárias (correr, andar, pular), executar os movimentos respiratórios, os batimentos cardíacos, o peristaltismo, promover as expressões faciais, etc. Os músculos podem ser lisos (contração lenta e involuntária), estriado cardíaco (contração rítmica, rápida e involuntária) e estriados esqueléticos (contração rápida e voluntária)(MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009). c) Estrutura dos Músculos Esquelético Os músculos esqueléticos são formados pelo agrupamento de inúmeras fibras musculares. Estas são longas e finas, polinucleadas de contração rápida e voluntária. As fibras musculares se agrupam em feixes e o agrupamento destes formam o músculo. A unidade funcional do músculo esquelético é o sarcômero, formado pela organização das proteínas contrateis actina e miosina (miofibrilas). A contração dos sarcômeros promove a contração do músculo como um todo. É importante o estudo da função e localização de alguns músculos. Nos membros superiores temos: Bíceps braquial (localiza-se na parte 60 anterior do braço e promove a flexão do antebraço sobre o braço) e tríceps braquial (localiza-se na parte posterior do braço e promove a extensão do antebraço). No tronco temos: Músculos da face (promovem as expressões faciais e a mastigação); Trapézio (promove o levantamento dos ombros); Deltóide (promove a abdução do braço); peitoral maior (promove a flexão do braço). Nos membros inferiores temos: Quadríceps femoral (localiza-se na parte anterior da coxa e promove a extensão da perna); Sartório ou Costureiro (promove a flexão da coxa sobre o quadril); Gastrocnêmio (é a batata da perna e promove a flexão plantar). No Sistema Muscular observa-se que os músculos se distribuem aos pares, em outras palavras, se um músculo faz determinada ação (por exemplo, o Bíceps braquial que faz a extensão do antebraço) existe um outro que faz a ação contrária (por exemplo, o Tríceps braquial que faz a extensão do antebraço). Estes músculos são ditos agonista (que faz a ação) e antagonista (que faz a ação contrária). Para que um movimento ocorra é necessária a contração do agonista e o relaxamento do antagonista para o movimento de alavanca sobre a articulação. O músculo utiliza a respiração aeróbica (glicose + oxigênio) para gerar energia, porem quando o músculo é muito exigido ele passa a fazer também respiração anaeróbica (fermentação lática, que usa o lactato + H20 para gerar energia) para obter mais energia; nesse processo obtém-se também o ácido lático que causa a câimbra (TORTORA, 2016). 61 Sistema Reprodutor Feminino e Masculino Cada testículo é composto por um emaranhado de tubos, os túbulos seminíferos, onde ocorre a formação dos espermatozoides (espermatogênese). Em meio aos túbulos seminíferos, as células intersticiais ou de Leydig (nomenclatura antiga) produzem os hormônios sexuais masculinos, sobretudo a testosterona, responsáveis pelo desenvolvimento dos órgãos genitais masculinos e dos caracteres sexuais secundários. A produção de gametas e hormônios começa na puberdade (PINTO; PIERUCCI, 2013) Trata-se das bolsas que seguram o testículo em posição afastada do corpo. Sua funcionalidade, para além da sustentação dos testículos é essencial no processo reprodutivo. O escroto é o responsável pelo desenvolvimento de temperaturas adequadas para a formação de espermatozoides férteis. Um espermatozoide leva cerca de 70 dias para ser produzido. Eles não podem se desenvolver adequadamente na temperatura normal do corpo (36,5°C). Assim, os testículos se localizam na parte externa do corpo, dentro da bolsa escrotal, que tem a função de termorregulação (aproximam ou afastam os testículos do corpo), mantendo-os a uma temperatura geralmente em torno de 1 a 3 °C abaixo da corporal, garantindo assim a temperatura ideal para a formação dos espermatozoides como já foi referido (AMÉRICO et al, 2012). O pênis é um Órgão copulador que possui em seu interior três cilindros de tecido esponjosos (os corpos cavernosos), formado por veias e capilares sanguíneos modificados. Os corpos cavernosos ao se encher de sangue provocam a ereção do pênis. A região anterior do pênis forma a glande, onde a pele é fina e apresenta muitas terminações nervosas, o que determina grande sensibilidade à estimulação sexual. 62 A glande é recoberta por uma prega protetora de pele chamada prepúcio, às vezes removida cirurgicamente por meio da circuncisão. O epidídimo é uma estrutura em forma de C, constituída de cabeça, corpo e cauda, situada na margem posterior de cada testículo. Além de atuar como via condutora de gametas também armazena espermatozoides até o momento da ejaculação. É no epidídimo que os espermatozoides sofrem a maturação durante seu desenvolvimento, que ocorre aproximadamente em 2 meses, são dois tubos enovelados que partem dos testículos, onde os espermatozoides são armazenados. Lá eles terminam a sua maturação (adquirem o flagelo, ganhando mobilidade) e ficam lá até a hora da eliminação durante o ato sexual. O ducto ejaculatório é formado pela junção do ducto deferente com o ducto da vesícula seminal. O ducto ejaculatório também constitui via condutora de gametas, porém possui menor dimensão e calibre do que as demais vias condutoras de espermatozoides. Seu trajeto passa pelo interior da próstata. O ducto deferente é o prolongamento da cauda do epidídimo, sendo a estrutura responsável pela condução do espermatozoide até o ducto ejaculatório, dois tubos que partem dos epidídimos, circundam a bexiga urinária e unem-se ao ducto ejaculatório, onde desembocam as vesículas seminais. A fisiologia do sistema reprodutor feminino deve ser entendida a partir do ciclo menstrual, que é uma hemorragia uterina cíclica devido à espoliação do endométrio (camada interna do útero). Inicia-se no primeiro dia do ciclo e termina no primeiro dia da menstruação seguinte e tem variação de uma mulher para a outra (20 a 40 dias e em média 28 dias). 63 Ocorre devido às influências hormonais; dois hormônios são liberados pela hipófise (FSH, hormônio folículo estimulante, e LH, hormônio luteinizante) e dois hormônios liberados pelo ovário (estrogênio e progesterona). O ciclo menstrual ainda é dividido em algumas fases, sendo a primeira fase chamada de fase proliferativa que vai do primeiro dia da menstruação até o dia em que ocorre a ovulação. Nesta fase há o amadurecimento do óvulo que será expulso do Folículo de Graf, sendo que esse irá migrar para o ovário (ovulação). O endométrio atinge o máximo de espaçamento, fica bastante vascularizado. Os hormônios que atuam nesta fase são: FSH e estrogênio. A ovulação ocorre 14 dias antes do primeiro dia da menstruação vindoura. A segunda fase é chamada de secretora e vai do momento da ovulação até o 1° dia da menstruação e durará mais ou menos 14 dias. Devido à ação da progesterona, o endométrio permanece aderido ao útero. Já a terceira fase é chamada de menstrual ou espoliativa, onde caso não haja fecundação do óvulo, haverá descamação do endométrio e ocorrerá então o sangramento vaginal (menstruação); logo após o ciclo inicia-se novamente. Quando a mulher não menstrua mais entra na fase que chamamos de climatério ou menopausa, a mesma ocorre entre os 45 anos e os 50 anos, em média, há alterações hormonais e não ocorre mais ovulação. Pode ocorrer bruscamente ou por etapas, inicia-se com espaçamento das menstruações, seguindo-se períodos longos de amenorreia até a suspensão completa do ciclo. Podem ocorrer alterações de comportamento até mesmo manifestações físicas (PINTO; PIERUCCI, 2013). 64 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ALMEIDA, Rosiney Rocha et al. Avaliação de objetos de aprendizagem sobre o sistema digestório com base nos princípios da Teoria Cognitiva de Aprendizagem Multimídia. Ciência & Educação (Bauru), v. 20, n. 4, p. 1003-1017, 2014. Disponível: < https://www.redalyc.org/pdf/2510/251032706015.pdf>. Acesso 31 de Julho de 2019. AMÉRICO, Juliana Heloisa Piné et al. Desreguladores endócrinos no ambiente e seus efeitos na biota e saúde humana. Pesticidas: Revista de Ecotoxicologia e Meio Ambiente, v. 22, 2012.
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