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Disciplina Teletransmitida: Língua Portuguesa
Aula 12 – COESÃO E COERÊNCIA TEXTUAIS.
Apresentação 
Chegamos à última aula. Tivemos como objetivo, em nossa disciplina, revisar aspectos gramaticais importantes à construção de um texto elaborado em acordo com a prescrição da gramática. Primeiramente, abordamos termos fundamentais na nossa vida em sociedade: linguagem, língua, fala etc. Em seguida, revisamos conceitos gramaticais gerais e estudamos como a pontuação e o modo de organização dos elementos facilitam a produção de sentidos pelo leitor. 
Assim como a pontuação contribui para a “costura” do texto, há outros elementos que podem ser utilizados para articular elementos e indicar as relações existentes entre eles. Por essa razão, ao final de nossas aulas, abordaremos dois fenômenos fundamentais na constituição dos sentidos no texto: a coesão e a coerência textuais.
As noções de coesão e coerência sofreram modificações, ao longo dos anos, em virtude do próprio conceito de texto. A distinção entre os dois conceitos, que muitas vezes eram usados indiferentemente, foi ficando mais clara: a coesão ocorre NO texto e a coerência é construída A PARTIR do texto, em uma situação comunicativa específica, envolvendo um conjunto de conhecimentos.
Vamos entender como a coesão e a coerência, apesar de apresentarem conceitos distintos, são, de fato, fenômenos que se relacionam.
COESÃO E COERÊNCIA TEXTUAIS
Coesão e coerência constituem fenômenos distintos: enquanto a coesão opera no nível micrototextual, ou seja, atua na organização da sequência textual; a coerência opera no nível macrotextual, ou seja, ela é o resultado da organização dos componentes do texto somada a processos cognitivos que atuam entre o usuário e o produtor do texto. 
O processo de coesão envolve mecanismos de relação entre os elementos que constituem a superfície textual: a coesão revela-se através de marcas linguísticas, organizando a sequência do texto. Os mecanismos coesivos se baseiam numa relação entre os significados de elementos da superfície do texto. Já a coerência não se encontra no texto, uma vez que é construída pelo leitor com base em seus conhecimentos. Teremos um texto coerente quando for possível aos interlocutores construir um sentido para o texto.
Apesar da distinção apresentada anteriormente entre coesão e coerência, Koch e Elias (2007:187) destacam que “em um segundo momento, todavia, percebeu-se que a distinção entre coesão e coerência não podia ser estabelecida de maneira radical, considerando-se ambas fenômenos independentes.” Segundo as autoras, a coesão nem sempre “se estabelece de forma unívoca entre os elementos presentes na superfície textual, fato esse que exige do leitor, em muitos casos, o recurso ao contexto para a construção da coerência do texto”.
	Segundo Koch e Travaglia (2001:43), os conceitos de coesão e coerência estão relacionados: somente a coesão não é suficiente nem necessária para que haja um texto porque “(...) há muitas sequências linguísticas com pouco ou nenhum elemento coesivo, mas que constituem um texto porque são coerentes e por isso têm o que se chama de textualidade.” 
Um bom exemplo da possibilidade de haver texto, porque há coerência, sem elos coesivos explicitados linguisticamente, é o texto do escritor cearense Mino, citado pelos autores, em que só existem verbos. 
Circuito Fechado
(Ricardo Ramos)
1
Chinelos, vaso, descarga. Pia, sabonete. Água. Escova, creme dental, água, espuma, creme de barbear, pincel, espuma, gilete, água, cortina, sabonete, água fria, água quente, toalha. Creme para cabelo, pente. Cueca, camisa, abotoaduras, calça, meia, sapatos, gravata, paletó. Carteira, níqueis, documentos, caneta, chaves, lenço, relógio, maço de cigarros, caixa de fósforo. Jornal. Mesa, cadeiras, xícara e pires, prato, bule, talheres, guardanapo. Quadros. Pasta, carro. Cigarro, fósforo. Mesa e poltrona, cadeira, cinzeiro, papeia, telefone, agenda, copo com lápis, canetas, bloco de notas, espátula, pastas, caixa de entrada, de saída, vaso com plantas, quadros, papéis, cigarro, fósforo. Bandeja, xícara pequena. Cigarro e fósforo. Papéis, telefone, relatórios, cartas, notas, vales, cheques [...]
(In. Koch e Travaglia: 2001, 61)
Apesar da ausência de elementos coesivos, conseguimos estabelecer a coerência desse texto. Por outro lado, a presença de elementos coesivos não é suficiente para garantir a coerência de um texto porque há sequências linguísticas para as quais não é possível estabelecer um sentido global apesar de haver coesão entre as frases. É o caso do exemplo a seguir: 
Exemplo (1):
O livro que eu comprei foi traduzido do francês, no entanto, os empregados estão em férias. Ainda que tenhamos viajado em nosso carro novo, ele ainda não foi fabricado.
Apesar de o exemplo (1) possuir elementos coesivos, não é possível estabelecer a coerência entre seus períodos, o que atesta não ser a coesão suficiente para que enunciados se constituam em textos. Apesar disso, textos escritos necessitam de elementos coesivos que facilitem sua compreensão. 
A COESÃO TEXTUAL
Os mecanismos coesivos são os responsáveis pelo modo como as sequências textuais se integram. É uma relação semântica entre um elemento do texto e algum outro elemento fundamental para a sua interpretação. Podemos perceber alguns tipos de coesão:
1) Coesão lexical ou referencial. Esse tipo de coesão se relaciona ao uso de termos que retomam vocábulos ou expressões que já ocorreram, porque existem entre eles traços semânticos semelhantes, até mesmo opostos. Esse tipo de coesão pode ser obtida por substituição e por reiteração.
1a- Reiteração. A reiteração (do latim reiterare, repetir) é a repetição de expressões no texto (os elementos repetidos têm a mesma referência). Dá-se por:
a) Repetição do mesmo item lexical 
Exemplo (2):
O menino come, come, come. 
1b- Substituição. A substituição se dá quando um item é colocado em lugar de outro(s) elemento(s) do texto. Esse recurso evita a repetição do item.
a) Sinônimos. A questão da sinonímia é extremamente complexa. Não existe sinonímia verdadeira, já que todos os elementos léxicos são, de algum modo, diferenciados e a língua não é um espelhamento simétrico do mundo. Como diz Bernárdez (1982, p. 104): “não existe identidade semântica absoluta entre cachorro e cão, casa e mansão etc., pois variam tanto em suas conotações como em seu nível linguístico, registro etc.”. O importante é a identidade referencial, pois a sinonímia não é um problema puramente léxico, mas textual.
Exemplo (3):
Comprei um carro novo. Agora, com o meu possante, ninguém me segura!
b) Hiperônimos e hipônimos. Temos um hiperônimo, quando o primeiro elemento mantém com o segundo uma relação todo-parte, classe-elemento. É o caso de (7). O hipônimo ocorre quando o primeiro elemento mantém com o segundo uma relação parte-todo, elemento-classe, tem-se o hipônimo. (Relação do tipo está contido/contém). 
Exemplo (4):
Alguns felinos estão ameaçados. Esses animais precisam ser preservados.
c)	Expressões nominais definidas. Substituição de um nome próprio por um comum ou de um comum por um próprio. 
Exemplo (5):
Dilma Rousseff, ministra da Casa Civil, será candidata nas próximas eleições. A petista está confiante.
d)	Nomes genéricos. Nomes gerais como “gente”, “pessoa”, “coisa”, “negócio”, “lugar”, “ideia” funcionam como itens de referência anafórica.
Exemplo (6):
“Até que o mar, quebrando um mundo, anunciou de longe que trazia nas suas ondas coisa nova, desconhecida, forma disforme que flutuava, e todos vieram à praia, na espera... E ali ficaram até que o mar, sem se apressar, trouxe a coisa, e depositou na areia surpresa triste, um homem morto...” 
(In. Fávero: 1995, 25)
2) Coesão sequencial. Faz-se, da ordem dos vocábulos, dos conectores, dos pronomes pessoais de terceira pessoa (retos e oblíquos), pronomes possessivos, demonstrativos, indefinidos, interrogativos, relativos, diversos tipos de numerais, advérbios (aqui, ali, lá, aí), artigos definidos, de expressões de valor temporal.
a) por meiodas concordâncias nominais e verbais:
Exemplo (7):
Foi a rainha Dona Maria I, de Portugal, quem declarou que os advogados faziam jus ao título de doutor. Antes deles, apenas os médicos e os professores tinham direito a tal tratamento, numa época em que a palavra “doutor” estava mais de acordo com sua origem etimológica. 
Com efeito, procede do verbo latino docere, ensinar, de onde, aliás, o português tirou docente. Médicos e professores ensinavam sempre. 
(Extraído de Advogados, cicerones e brocardos. In. A língua nossa de cada dia. Osasco, SP; Novo Século Editora, 2007.)
	Observa-se, no parágrafo acima, a concordância entre ‘os advogados’ e ‘faziam’; ‘os médicos e os professores’ e ‘tinham’.
b) por meio da sequenciação temporal ou coesão temporal. Uma sequência só se apresenta coesa e coerente quando a ordem dos enunciados estiver de acordo com aquilo que sabemos ser possível de ocorrer no universo a que o texto se refere, ou no qual o texto se insere. Se essa ordenação temporal não satisfizer essas condições, o texto apresentará problemas no seu sentido. A coesão temporal é assegurada pelo emprego adequado dos tempos verbais, obedecendo a uma sequência plausível, ao uso de advérbios que ajudam a situar o leitor no tempo (são, de certa forma, os conectores temporais).
Vamos ler duas estrofes do poema de Manuel Bandeira, em que os advérbios de base pronominal contribuem para a estruturação do texto: 
Exemplo (8):
Vou-me embora pra Pasárgada 
(Manuel Bandeira)
Vou-me embora pra Pasárgada 
Lá sou amigo do rei 
Lá tenho a mulher que quero 
Na cama que escolherei 
Vou-me embora pra Pasárgada.
Vou-me embora pra Pasárgada 
Aqui eu não sou feliz 
Lá a existência é uma aventura 
De tal modo inconsequente 
Que Joana a Louca de Espanha 
Rainha e falsa demente 
Vem a ser contraparente 
Da nora que eu nunca tive.
Extraído de Bandeira a Vida Inteira, Editora Alumbramento – Rio de Janeiro, 1986, pág. 90
Neste texto, o poeta compara a imaginária Pasárgada, lá, onde tudo será muito melhor a aqui, o lugar onde está o poeta. A contraposição entre os espaços se apóia nos advérbios. Os advérbios lá e aqui situam o processo verbal no espaço, tendo como ponto de referência o emissor. O advérbio não, junto ao verbo ser (não sou feliz) expressa a negação do estado de felicidade, outra característica negativa do aqui. O advérbio nunca indica o tempo de realização do processo verbal expresso por ter (nunca terei). 
Vejamos alguns exemplos de como a coesão temporal pode ser estabelecida:
Ordenação linear dos elementos.
Exemplos:
(9) Levantou, tomou banho e saiu.
(10) Saiu, tomou banho e levantou.
Expressões que estabelecem a ordenação temporal.
Exemplos:
(11) Ele chegou primeiro e eu cheguei depois.
(12) Mal a novela começou, a televisão parou de funcionar.
(13) Depois que a Maria morreu, o João foi para o interior.
Partículas temporais.
Exemplo (14): Ele deve vir amanhã.
Correlação dos tempos verbais.
Exemplo (15): Pedi que deixassem tudo arrumado.
 
Para relembrar! OS ADVÉRBIOS
Muitos advérbios enquadram-se na origem dessa palavra, já que ela significa ‘proximidade ao verbo’. No entanto, o uso de muitos advérbios nos mostra sua aplicação, não somente ao verbo, mas a todo enunciado. Quando dizemos “Infelizmente, não viajaremos amanhã”, o advérbio infelizmente modifica toda oração e não somente o verbo ‘viajaremos’.
Advérbios são vocábulos que, basicamente, funcionam como modificadores de um processo verbal. No entanto, os advérbios chamados de advérbios de intensidade (ou intensificadores) modificam, além do verbo, adjetivos ou outros advérbios. São eles: muito, pouco, mais, menos, bastante, etc. Vejamos os exemplos:
1- Ele trabalhou MUITO. (modifica o verbo)
2- Ele está MUITO cansado. (modifica o adjetivo)
3- Ele mora MUITO longe. (modifica o advérbio)
Além disso, a característica morfológica dos advérbios é ser invariável. Assim, ‘menos’ por ser advérbio deve, portanto, ser sempre invariável. Deve-se dizer, por exemplo, ‘Estou com menos fome’, já que, como advérbio, ‘menos’ não vai concordar com o nome ao qual se refere.
Advérbios de base nominal. Há advérbios com estrutura nominal. Entre eles, os mais comuns são os terminados em –mente, que, além de modificar o núcleo verbal, funcionam como modificadores da sentença, expressando a maneira como o indivíduo se posiciona a respeito da informação contida na frase.
Exemplo: 
Infelizmente, nem todos os alunos foram aprovados no vestibular. 
Os advérbios nominais assinalam modos de ser do processo a que se ligam, exprimindo circunstâncias de modo, dúvida, afirmação. Realmente, geralmente e justamente indicam o modo de realização do processo a que se referem. 
Advérbios com estrutura pronominal. Os advérbios com estrutura pronominal situam o processo verbal no tempo ou no espaço, tomando como ponto de partida o falante, o emissor. 
Vejamos alguns exemplos de como o uso de advérbios e locuções adverbiais contribuem para a coesão do texto.
Exemplo (16):
Com as crianças
Parabéns pra você
Sábado agora, Selminha Sorriso, a melhor porta-bandeira do carnaval, comemora seu aniversário com 250 crianças na quadra da Beija-Flor, em Nilópolis. São suas alunas, nos diversos cursos que a escola mantém.
(O Globo, 29/05/2009. Disponível em http://oglobo.globo.com/)
	
	No enunciado acima, o item grifado, “Sábado agora”, sinaliza para o leitor uma indicação de tempo. Vale destacar a necessidade do leitor em recuperar a data em que a matéria foi publicada no jornal para que consiga estabelecer a referência temporal de modo preciso. 
Exemplo (17):
Futebol
Em casa, o Palmeiras só empatou.
(VEJA, 29/05/2009. Disponível em http://veja.abril.com.br/index.shtml
No exemplo acima, o advérbio ‘só’ agrega ao texto da manchete a ideia de que o Palmeiras, até a época da manchete, não conseguiu vencer ao jogar ‘em casa’; no máximo, conseguiu empatar. Fato que deve ter desagradado a torcida. A locução adverbial “em casa” faz com que o leitor recupere a informação de que se trata do “Palestra Itália”, local do jogo.
Observemos agora o exemplo (18):
“Turbulência são comuns em quase todos os voos e, normalmente, podem ser detectados com antecedência, mas acidente e imprudência sempre caminham juntas.”
Do leitor, sobre a turbulência que deixou 21 feridos.
(O Globo, 29/05/2009. Disponível em http://oglobo.globo.com/)
O advérbio “normalmente”, em (18), reforça a opinião de um leitor sobre a frequência com que determinados problemas ocorrem com transportes aéreos. Observemos que o uso desse advérbio não pode ser considerado um mecanismo de coesão, já que ele não atua na organização da sequência textual e sim reforça a ideia de um fato que acontece de forma rotineira.
c) Sequenciação por conexão. Em um texto, os enunciados estão interligados através da presença de operadores lógicos, argumentativos ou através de pausas.
Alguns exemplos de conectores: 
E, bem como, também, ainda, nem, não só... mas também, além de, além disso - liga termos que mostram uma soma de argumentos.
Ou, ou então, quer ... quer, seja ... seja, caso contrário – introduzem argumentos que levam a conclusões diferentes; apresenta alternativas.
Portanto, logo, por conseguinte, pois - introduzem uma conclusão.
Porque, já que, que, pois, como – introduzem uma explicação ou justificativa.
Mas, porém, contudo, todavia, no entanto, entretanto (conjunções adversativas) e embora, ainda que, mesmo que, apesar de que (conjunções concessivas) - introduzem argumentos orientados para conclusões contrárias.
Por exemplo, como - servem para especificar o que foi dito antes. 
Ou melhor, de fato, pelo contrário, ao contrário, isto é, quer dizer, ou seja, em outras palavras – servem para ajustar o sentido do que foi dito antes: introduzem uma correção, um esclarecimento, um desenvolvimento ou uma redefinição do conteúdo do primeiro enunciado.
Assim, desse modo, dessa maneira - introduzem uma explicitação, uma confirmação ou uma ilustração do que foi dito antes
Para, a fim de - indicam finalidade. 
Como, tão... que, tão... quanto, tanto...quanto, tão... quanto, mais... (do) que, menos... (do) que - indicam uma comparação. 
Depois, por último, quando, já, ao longo dos meses, depois de cinco anos, em seguida,, até que - servem para explicar a ordem dos fatos, para encadear os acontecimentos. 
Então - operador que serve para dar continuidade ao texto. 
Se, caso - indica uma forma de condicionar uma proposição a outra. Se também pode introduzir uma relação de implicação entre um antecedente e um consequente. Vejamos os exemplos:
Se chover, não irei à praia. (condição)
Se a política é a ciência dos fenômenos relacionados com o Estado, então quando um reporte escreve está fazendo jornalismo político.
Na verdade - expressa uma generalização, uma amplificação. 
Vejamos o parágrafo a seguir:
Exemplo (19):
O presidente Lula não domina a norma culta da língua portuguesa, mas fala bem. Fala bem por quê? Porque tem o que dizer e, por intuição, sabe como fazê-lo. [...] não vai ao teatro, não compra livros, não frequenta bibliotecas, não vai ao cinema. Não é que nunca vai. Nunca foi! Quando não podia, porque não podia. Quando pôde, não foi porque não quis. Agora pode e não vai porque não quer. Entre os que o cercam, há gente culta e bem pensante, mas há também um bando de ignorantes cuja rudeza e truculência são assustadoras.
(Adaptado de Silva, Deonísio da. Falar e conversar. In. A língua nossa de cada dia. Osasco, SP; Novo Século Editora, 2007.
		No parágrafo acima, podemos observar:
o uso do operador ‘mas’ em dois momentos em que o autor quis expor, em uma oração, ideias contrárias às da oração anterior;
O uso do operado ‘porque’, com valor explicativo, em três momentos diferentes;
Dois usos do operador ‘quando’, ambos com valor temporal. 
3) Coesão recorrencial ou referencial. Constitui um meio de articular a informação nova (aquela que o escritor/locutor acredita não ser conhecida) à velha (aquela que acredita conhecida ou porque está fisicamente no contexto ou porque já foi mencionada no discurso) (Brown e Yule, 1983, p. 154). Neste tipo de coesão, um componente da superfície textual faz referência a outro componente, que, é claro, já ocorreu antes. Não se deve confundir recorrência com reiteração. A recorrência tem por função assinalar que a informação progride; e a reiteração tem por função assinalar que a informação já é conhecida (dada) e mantida. Na recorrência, há também uma referência; porém se deve falar sempre em termos de dominância. 
Para a realização do mecanismo de coesão recorrencial são largamente empregados os pronomes pessoais de terceira pessoa (retos e oblíquos), pronomes possessivos, demonstrativos, indefinidos, interrogativos, relativos, diversos tipos de numerais, artigos. 
Exemplo (20): 
Falemos a verdade aos jovens, eles gostam da conversa clara e, em tempos de internetês, ainda antes do primeiro terço de suas vidas, estão no meio de uma selva escura, ainda mais sombria que a de Dante, que a encontrou já homem experimentado, na metade da vida.
(Deonísio da Silva, Jovens & internet:conversa clara, trato justo, Jornal do Brasil, 03/08/2009, p. A6)
	Analisando-se o exemplo (20), temos o pronome pessoal ‘eles’ e o pronome possessivo ‘suas’, ambos tendo como referente o substantivo ‘jovens’; o pronome oblíquo ‘a’ referindo-se ao sintagma nominal ‘selva escura’.
A COERÊNCIA TEXTUAL
Quando lemos um texto ou ouvimos alguém dizer “Isso não tem coerência”, do que estamos falando? Geralmente, algo nesse texto faz com que não o entendamos. O mecanismo de coerência é o responsável por sermos capazes de relacionar os elementos do texto construindo um significado para ele. É a coerência que faz com que percebamos uma sequência linguística como um texto. 
Quando afirmamos a incoerência de uma sequência podemos fazê-lo porque quem o produziu não se preocupou com a comunicabilidade, não obedeceu ao código linguístico, enfim, não levou em conta o fato de que a coerência está diretamente ligada à possibilidade de se estabelecer um sentido para o texto. 
O que chamamos comumente de ser coerente ao se produzir um texto, é apresentar um raciocínio lógico em manter em seu texto a unidade de sentido. Deve-se ter sempre em mente que ao escrevermos ou falarmos um texto, temos uma intenção comunicativa. O indivíduo que recebe nosso texto precisa ativar seu conhecimento de mundo e projetar esse conhecimento de modo a que o texto faça sentido para ele. 
A coerência depende de uma série de fatores, entre os quais vale ressaltar: 
conhecimento do mundo e o grau em que esse conhecimento deve ser ou é compartilhado pelos interlocutores; 
domínio das regras que norteiam a língua: isto vai possibilitar as várias combinações dos elementos linguísticos; 
os próprios interlocutores, considerando a situação em que se encontram, as suas intenções de comunicação, suas crenças, a função comunicativa do texto. 
Portanto, a coerência se estabelece numa situação comunicativa; ela é a responsável pelo sentido que um texto deve ter quando partilhado por esses usuários, entre os quais existe um acordo pré-estabelecido, que pressupõe limites partilhados por eles e um domínio comum da língua. A coerência se manifesta nas diversas camadas da organização do texto e tem:
uma dimensão semântica - caracteriza-se por uma interdependência semântica entre os elementos constituintes do texto. 
uma dimensão pragmática - é fundamental, no estabelecimento da coerência, o nosso conhecimento de mundo, e esse conhecimento é acumulado ao longo de nossa existência, de maneira ordenada. 
Ainda com respeito ao conhecimento partilhado de mundo, deve-se dizer que a ele se acrescentam as informações novas. Se estas forem muito numerosas, o texto pode se tornar incoerente devido à não-familiaridade do ouvinte/leitor com essa massa desconhecida de informações. É isto que acontece, por exemplo, quando alguém lê um texto muito técnico, de uma área na qual é leigo. Observem a tirinha abaixo:
Exemplo (21):
Fonte: Custódio www.ratodesebo.com
(Disponível em http://www.unama.br/concurso_publico/provas_gabaritos/provas_itaituba/professor_lingua_portuguesa.pdf)
No processo de calcular o sentido e estabelecer a coerência de um texto, os conhecimentos do interlocutor são muito importantes. A análise das respostas do rato e do burro, personagens da tirinha, nos leva a perceber que ambos apresentam conhecimentos diferenciados. Enquanto que o rato cita uma série de pensadores, o burro torna o texto coerente, tendo como base o seu conhecimento de mundo. 
A partir do exposto, percebemos que a coerência de um texto não se define apenas pelo modo como elementos linguísticos se combinam, mas também pelo conhecimento do mundo partilhado por emissor e receptor e pelo tipo de texto em questão. 
Observemos os grupos de frases a seguir:
O mecânico consertou o carro.
A leoa alimenta os filhotes.
Os alunos estudaram para a prova.
As flores não faltaram às aulas.
A parede está grávida. 
	As três primeiras não oferecem nenhum problema de compreensão. No entanto, nas duas últimas, temos restrições combinatórias. Em “Os gatos não faltaram às aulas.”, para que haja coerência, será preciso considerarmos um mundo de fantasia, em que as flores sejam animadas, ou seja, possuam características humanas e assim possam frequentar a escola. O mesmo acontece com o par ‘parede + grávida’, que também sofre uma restrição combinatória. Desse modo, para que as duas últimas frases se tornem coerentes, precisaremos criar mecanismos que aumentem o grau de aceitação. 
Tipos de Coerência
1. Coerência Semântica. Diz respeito à combinação dos significados da sequência linguística. Quando os sentidos não combinam a sequência torna-se contraditória. 
Exemplo (22):
Ele comprou um carro novo. Esse veículo de comunicação é muito veloz.
O sintagma ‘carro novo’ pode ser retomado pela palavra ‘veículo’, mas não pelo sintagma ‘veículo de comunicação’.
2. Coerência Sintática. Refere-se aos meios sintáticos usados para expressar a coerência semântica: conectivos, pronomes etc. 
Exemplo (23):
Ele comprou um carro novo,mas continua sem carro novo.
3. Coerência Estilística. Um texto deve manter um estilo uniforme, ou seja, deve-se evitar a mistura de registros. Ainda que ela não prejudique a interpretabilidade de um texto, ela deve ser evitada, a menos que seja usada propositalmente, como um recurso estilístico. Esse uso proposital ocorre, muitas vezes, quando dizemos “Não sou contra, nem a favor, muito pelo contrário”. 
4. Coerência Pragmática. Quando pertencemos a um determinado grupo social, somos capazes de perceber uma série de ‘deixas’ em termos de usos da língua. Imagine a seguinte situação. Estamos em uma sala com o ar condicionado ligado e dizemos a uma pessoa sentada próxima ao aparelho “Nossa, como a sala está gelada”. Ainda que não tenhamos feito um pedido de forma direta, provavelmente, esse indivíduo irá nos perguntar algo como “Quer que eu altere a temperatura?” 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao final da nossa aula, percebemos a importância da coesão e da coerência no processo de produção de sentido de um texto. Apesar de serem fenômenos relacionados, vimos que é possível que um texto ainda sem elos coesivos seja coerente, tendo em vista que o leitor/ouvinte faz uso de um conjunto de conhecimento de natureza diversa. 
Vale lembrar que o leitor, nesse processo de produção de sentido, precisar considerar diversos aspectos, a saber: o vocabulário e situação de uso, os recursos sintáticos, os blocos textuais e a associação a fatos variados, o gênero textual, a situação comunicativa etc.
O trabalho com os mecanismos de coerência e de coesão é necessário para a atividade de compreensão e produção de textos. Aqui, mostramos alguns aspectos formais ligados a esses fatores. No entanto, o mais importante é lidar com a coerência e a coesão no processo de produção de seus textos. É muito mais produtivo que, em lugar de decorar listas de conjunções, vocês entendam o sentido das conjunções, sua função argumentativa, as relações que estabelecem entre as ideias como uma forma de evitar os períodos incoerentes do ponto de vista sintático e semântico. 
Como vimos na aula passada, a pontuação pode ser um recurso de grande auxílio no trato com os mecanismos de coerência e coesão, uma vez que também contribui para o estabelecimento do sentido do texto. 
Por fim, destacamos que os mecanismos de coesão e coerência são variados e dependem do princípio de classificação utilizado pelo autor. Aqui, resumimos os mecanismos mais frequentes, imprescindíveis para o desenvolvimento da compreensão leitora e para uma boa escrita acadêmica.
Referências bibliográficas
FÁVERO, Leonor L. Coesão e coerência textuais. São Paulo, Ática, 1991. 
FIORIN, José L. e SAVIOLI, Francisco P. Lições de texto: leitura e redação. São Paulo, Ática, 1996. 
KOCH, Ingedore V. e TRAVAGLIA, Luiz C. Texto e coerência. 8ª ed. São Paulo, Cortez, 2002. 
_______. A coerência textual. 12ªed. São Paulo, Contexto, 2001. 
KOCH, Ingedore V. e ELIAS, Wanda Maria. Ler e compreender sentidos do texto. São Paulo, Contexto, 2007.
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