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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO Fundação CECIERJ/Consórcio CEDERJ Licenciatura em Química Química I Prática 4 – Soluções e suas Propriedades Professora: Jucimar Jorgeane de Souza Aluno: Roberto Ricardo Rangel Matrícula: 19214070100 Nova Iguaçu – RJ 2019.2 1 1 – INTRODUÇÃO 1.1 – Terminologia em Soluções Pode-se definir uma solução como sendo a mistura de duas ou mais substâncias que constituem uma única fase; onde comumente denominamos o componente em maior quantidade como solvente e o componente em menor quantidade de soluto [KOTZ & TREICHEL, 1998]. Os gases quando misturados formam soluções gasosas e se misturam uniformemente em qualquer proporção, assim como os sólidos também podem ser misturados em condições adequadas para formarem soluções sólidas. Entretanto, quando se fala em soluções, destacam-se aquelas nas quais um sólido ou um líquido encontra-se homogeneamente disperso em um líquido (Quadro 1), e são conhecidas como soluções líquidas [RIBAS et al, 2017]. Quadro 1 – Tipos de soluções Solução Soluto em solvente Exemplo Gasosa Gás em gás Ar: O2 (g) + gases nobres em N2 (g). Líquido em gás Nitrogênio úmido: H2O (l) em N2 (g) a 25°C e 1 atm. Sólido em gás Iodo em nitrogênio: I2 (s) em N2 (g) a 25°C e 1 atm. Líquida Gás em líquido Amoníaco: NH3 (g) em H2O (l) a 25°C e 1 atm. Líquido em líquido Ácido acético: CH3COOH (l) em H2O (l). Sólido em líquido Nitrato de potássio: KNO3 (s) em H2O (l). Sólida Gás em sólido Hidrogênio: H2 (g) em Pd (s) a 25°C e 1 atm. Líquido em sólido Mercúrio: Hg (l) em Cu (s). Sólido em sólido Ligas metálicas: Ag (g) em Au (s); C (s) em Fe (s); etc. Fonte: QUAGLIANO & VALLARINO, 1979 A solubilidade é uma quantidade que expressa a concentração máxima de algum do soluto que pode existir no solvente (líquido ou sólido) no equilíbrio termodinâmico na temperatura e pressão especificadas. Medidas comuns de solubilidade incluem a massa de soluto por unidade de massa de solução (fração de massa), fração molar de soluto, molalidade, molaridade, e entre outras [HANDBOOK, 2014]. O termo miscibilidade geralmente se refere a líquidos, mas também pode se aplicar às fases gasosa e sólida [MERCK, 2019]. Tem-se uma solução saturada quando já se dissolveu a quantidade máxima possível do soluto no solvente e o sistema atingiu o equilíbrio. Para quantidades de soluto abaixo deste máximo tem-se uma solução insaturada. E em alguns casos é possível ter, temporariamente, uma solução supersaturada, onde a solução contém mais soluto dissolvido que a quantidade da saturação [KOTZ & TREICHEL, 1998]. Ainda pode-se expressar as proporções relativas de soluto e 2 solvente, em uma solução, especificando a concentração do soluto na mistura. Por exemplo, em uma solução concentrada, existe uma quantidade relativamente grande de soluto presente no solvente; enquanto uma solução diluída possui apenas uma quantidade pequena de soluto [BRADY & HUMISTON, 1986]. A adição de um soluto a um líquido puro pode provocar alterações nas propriedades do líquido pela alteração de suas forças intermoleculares. Estas diferenças entre as propriedades do solvente puro e as da solução são as propriedades coligativas: variação da pressão de vapor, abaixamento do ponto de congelação, elevação do ponto de ebulição, etc [KOTZ & TREICHEL, 1998]. 1.2 – Calor de Dissolução O processo de dissolução quase sempre ocorre tanto com uma absorção como com uma liberação de energia. A quantidade de energia que é absorvida ou liberada quando uma substância entra em solução é chamada de calor de dissolução. A grandeza do calor de dissolução nos fornece informações sobre as forças relativas de atração entre as várias partículas que formam uma solução. Se a energia que envolve a remoção dos íons do sólido [energia da rede, ∆Hf (s)] é maior que a energia que coloca estes íons num ambiente onde estão cercados por moléculas de água [energia de hidratação, ∆Hf (aq)], há um fornecimento de energia quando a substância se dissolve; o processo é endotérmico (∆Hsol > 0). Inversamente, quando a energia de hidratação excede a energia da rede, é liberada mais energia quando os íons se tornam hidratados do que é necessária para desfazer a rede iônica, assim, quando o sólido se dissolve, observa-se um processo exotérmico (∆Hsol < 0) [BRADY & HUMISTON, 1986]. ∆H0sol = ∆H0f (aq) - ∆H0f (s) 1.3 – Solubilidade e Temperatura A uma dada temperatura, uma solução saturada representa um sistema num estado de equilíbrio dinâmico, isto é, o soluto dissolve-se à mesma velocidade em que se cristaliza; e uma elevação na temperatura favorece o deslocamento na posição de equilíbrio numa direção que absorverá calor. Portanto, se a dissolução de soluto adicional em um solução já saturada absorver energia, a solubilidade desta substância aumentará quando a temperatura for aumen- tada. Inversamente, se a colocação de soluto adicional na solução saturada é um processo exotérmico, o soluto tornar-se-á menos solúvel quando a temperatura for aumentada [BRADY & HUMISTON, 1986]. 3 2 – OBJETIVOS − Compreender o conceito de soluto, solvente e solução. − Caracterizar o comportamento de soluções, identificando a ação de diferentes solutos e solventes. − Identificar aspectos associados ao calor durante o processo de solubilização. − Verificar as consequências da imiscibilidade de líquidos. 3 – RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1. Solução Supersaturada a) Ao dissolver aproximadamente 1g de acetato de sódio anidro (CH3COONa) em cerca de 0,5 mL de água e posteriormente aquecer, obteve-se uma solução supersaturada depois de resfriada. Como este sistema é instável, a perturbação ocasionada pela adição um pequeno cristal de CH3COONa fez com que todo sal em excesso precipitasse. b) De forma análoga ao item anterior, o atrito do bastão de vidro nas paredes internas do tubo, causou uma perturbação suficiente para provocar a precipitação do CH3COONa. 3.2. Calor de Dissolução a) Ocorre um aquecimento da solução formada (processo exotérmico) pela adição de ácido sulfúrico concentrado (H2SO4) a cerca de 1 mL de água. b) Ocorre um resfriamento da solução formada (processo endotérmico) pela adição de alguns cristais de cloreto de amônio (NH4Cl) a cerca de 1mL de água. 3.3. Influência da Temperatura na Solubilidade a) Preparou-se uma solução de nitrato de sódio (NaNO3) dissolvendo-se 1,5 g do sal em cerca de 1 mL de água, por aquecimento e deixou-se a solução esfriar. Depois de fria, pode- se observar uma turvação no tubo de ensaio ocasionado pela precipitação do excesso do sal da solução supersaturada. Uma vez que esta condição é instável bastou a diminuição para a temperatura ambiente para que o sal excedente precipitasse. 4 b) Preparou-se uma solução saturada de acetato de cálcio, Ca(CH3COO)2, dissolvendo o excesso do sal em cerca de 1 mL de água por aquecimento. Ocorreu a precipitação do sal quando o tubo foi resfriado. 3.4. Líquidos Miscíveis e Imiscíveis a) Ao misturar cerca de 0,5 mL de água com 0,5 mL de etanol em um tubo de ensaio, obteve-se uma solução homogênea com pequena liberação de calor. O etanol e a água são completamente miscíveis em qualquer proporção devido as interações das ligações de hidrogênio entre as moléculas do solvente e do soluto. b) Depois de agitar cerca de 1 mL de água com 0,5 mL de éter de petróleo em um tubo de ensaio, obteve-se um sistema bifásico. Os dois líquidos são imiscíveis por conta da sua diferença de polaridade, sendo água polar e o éter de petróleo apolar. c) Depois de agitar cerca de 3 mL de solução aquosa de iodo (coloração castanha escura) com 1 mL de éter de petróleo (incolor) em um tubo de ensaio. Pode-se observar uma leve coloração violeta na camadaetérea devido à presença de parte do iodo (I2) que fora extraído da fase aquosa que teve sua intensidade de cor diminuída. Por ser uma molécula de momento de dipolo neutro, o iodo é pouco solúvel em água, mas dissolve-se melhor em solventes orgânicos (apolares). Figura 1 – Partição do I2 entres as camadas orgânica e aquosa Fonte: Autor fase aquosa fase orgânica 5 d) Adição de etanol puro à água (Demonstração a ser feita pelo tutor): Ao se adicionar cuidadosamente de etanol (ρ20 = 0,7893 g cm3; µ = 1,69 D) numa proveta de 50 mL, contendo 25 mL de água (ρ25 = 0,9970 g cm3; µ = 1,8546 D), até completar o volume (50mL); pode ser observado que os dois líquidos inicialmente não se misturam devido a suas diferenças de densidade e polaridade. Após serem misturados com o auxílio de um bastão de vidro, verificar-se que houve um ligeiro aquecimento e uma pequena redução do volume. Com adição de etanol à água, estabelecessem-se ligações de hidrogênio entre as moléculas de ambas as substâncias, sendo que essa forte interação faz com que a distância entre elas diminua. Isso quer dizer que as ligações de hidrogênio entre as moléculas de água foram rompidas para que fossem estabelecidas novas ligações com o etanol, sendo assim, os espaços vazios entre as moléculas de água foram ocupados pelo álcool, diminuindo então o volume total. e) Teste do teor de álcool em uma gasolina (Demonstração a ser feita pelo tutor): Em uma proveta de 150 mL adicionou-se 70 mL de gasolina C (contendo álcool), em seguida 30 mL de água e misturou-se com auxílio de um bastão de vidro. Após o repouso, o sistema apresentou uma fase aquosa com 40 mL e uma fase gasolina com 60 mL. O teor de álcool na gasolina corresponde a diferença entre o volume de gasolina antes e após a extração. ���� �� �� �� (%�/�) = ������� �� � ���� ������� − ������ �� � ���� ����������� �� � ���� ������� × 100% ���� �� �� �� (%�/�) = $70 − 6070 ' × 100% ≅ 14,3% A saber, a partir de 16/03/2015, percentual obrigatório de etanol anidro combustível na gasolina comum é de 27%, enquanto a gasolina premium deve-se adicionar 25% de etanol anidro combustível, sendo aceitável uma margem de erro de mais ou menos 1%, conforme disposto no Art. 1°, da Lei 10.203/2001 [PETROBRAS & ANP, 2019]. Usualmente para o teste da proveta utiliza-se uma solução de NaCl 10% p/p pois o aumento da polaridade facilita a extração do etanol (polar) da gasolina (apolar). O teor de etanol significante menor encontrado provavelmente foi devido à perda por evaporação pois amostra parecia bem degradada. 6 4 – ATIVIDADES 4.1 − Verifique, em um manual de laboratório, as propriedades físicas do acetato de sódio Tabela 1 – Propriedades físicas do acetato de sódio (NaC2H3O2) Peso molecular Forma física Ponto de fusão Ponto de ebulição Densidade (g mol-1) (°C) (°C) (g cm-3) 82,034 Cristais incolores 328,2 — 1,528 Solubilidade Temperatura (°C) 0 10 20 25 30 40 50 60 70 80 90 100 % m/m 26,5 28,8 31,8 33,5 35,5 39,9 45,1 58,3 59,3 60,5 61,7 62,9 g/100 H2O 36,1 40,4 46,6 50,4 55,0 66,4 82,1 139,8 145,7 153,2 161,1 169,5 mol L-1 4,4 4,9 5,7 6,1 6,7 8,1 10,0 17,0 17,8 18,7 19,6 20,7 Fonte: Handbook of Chemistry and Physics, 95th Edition, 2014. 4.2 − Verifique, em um manual de laboratório, as solubilidades do nitrato de potássio, acetato de cálcio, etc. Tabela 2 – Propriedades físico-químicas Substância Propriedades Nome Fórmula Número CAS MM (g mol-1) g/100g H2O ∆solH0 (kJ mol-1) Acetato de cálcio Ca(C2H3O2)2 62-54-4 158,167 35,5 25 — Acetato de sódio NaC2H3O2 127-09-3 82,034 50,4 25 -17,32 Acetato de sódio triidratado NaC2H3O2 · 3H2O 6131-90-4 136,079 50,4 25 19,66 Ácido sulfúrico H2SO4 7664-93-9 98,079 miscível — Cloreto de amônio NH4Cl 12125-02-9 53,492 39,5 25 14,78 Etanol C2H6O 64-17-5 46,068 miscível -50,6 Iodo I2 7553-56-2 253,809 0,03 20 — Nitrato de potássio KNO3 7757-79-1 101,103 38,3 25 34,89 Nitrato de sódio NaNO3 7631-99-4 74,995 91,2 25 20,50 Fonte: Handbook of Chemistry and Physics, 95th Edition, 2014. 7 5 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO, GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS (ANP). http://www.anp.gov.br/petroleo-derivados/155-combustiveis/1855-gasolina <Acessado em: 28/09/2019> BRADY, J. E. & HUMISTON, G. E. Química Geral – Volume 1, 2ª Edição. LTC – Livros Técnicos e Científicos Editora S.A. Rio de Janeiro – RJ, 1986. Handbook of Chemistry and Physics, 95th Edition. CRC Press by Taylor & Francis Group, LLC. Boca Raton – FL, 2014. KOTZ, J. C. & TREICHEL JR, P. Química e Reações Químicas – Volume 1, 3ª Edição. LTC – Livros Técnicos e Científicos Editora S.A. Rio de Janeiro – RJ, 1988. PETRÓLEO BRASILEIRO S.A. (PETROBRAS). http://www.petrobras.com.br/pt/produtos-e- servicos/composicao-de-precos-de-venda-ao-consumidor/gasolina <Acessado em: 28/09/2019> QUAGLIANO, J. V. & VALLARINO, L. M. Química, Terceira Edição. Editora Guanabara Koogan S.A. Rio de Janeiro – RJ, 1979.
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