Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Fármacos antivirais, antifúngicos e anti-helmínticos. Farmacologia – Profa. Dra. Taísa Morete Aula 3 – 20/08/2021 Fármacos antivirais Estrutura viral Enzimas virais específicas provaram ser alvos úteis para os antivirais. Inibidores nucleosídicos ou nucleotídicos da transcriptase reversa; Inibidores não nucleosídicos da transcriptase reversa; Inibidores da protease; Inibidores da DNA-polimerase viral; Inibidores da fusão e entrada do HIV nas células do hospedeiro; Inibidor da integrase do HIV; Inibidores da desmontagem da capa viral e inibidores da neuraminidase; Moduladores biológicos e imunomoduladores – biofármacos. Vírus de DNA: herpes e sua família; DNA polimerase: replicação; RNA polimerase: transcrição de DNA para RNA; Vírus de RNA: HIV, Hepatite B; Transcriptase reversa: transcrição reversa (RNA viral em DNA pró-viral); Protease: cliva as proteínas grandes em proteínas menores e funcionalmente ativas; Integrase: inserção do DNA viral no DNA do hospedeiro; RNA polimerase dependente de RNA: transcrição para RNAm. Inibidores nucleosídicos ou nucleotídicos da transcriptase reversa C Análogos de nucleosídeos ou de nucleotídeos que originam o derivado 5- trifosfato que compete com os substratos trifosfatados da célula do hospedeiro pela síntese do DNA pró-viral pela transcriptase reversa viral; C Principal indicação clínica: HIV (TARV) e Hepatite B; Zidovudina (AZT): via oral ou endovenosa; C AZT no tratamento do HIV reduz a demência associada no HIV e diminui a transmissão mãe-bebê; C Pode haver resistência à ação antiviral do AZT, pois ocorre mutações; C Uso em longo prazo e doença em estágio final estão associados à resistência ao AZT; C Fármacos: abacavir (mais efetivo), didanosina, zalcitabina, lamivudina (também usado na Hepatite B), estavudina, tenofovir, entecavir. Inibidores não nucleosídicos da transcriptase reversa C Se ligam à transcriptase reversa e a desnaturam; C Exemplo: nevirapina (evita transmissão mãe-bebê do vírus HIV) e efavirenz (tem efeito teratogênico e pode promover sintomas psicóticos). Inibidores da protease C Inibem a protease específica do vírus que converte as poliproteínas inertes em várias proteínas estruturais e funcionais pela clivagem nas posições apropriadas; C Exemplos: saquinavir, nelfinavir, indinavir, ritonavir e amprenavir; C Inibidores de protease podem levar à hiperglicemia. Inibidores da DNA-polimerase viral C Bloqueiam a síntese do DNA viral impedindo que sua cadeia sofra alongamento; C Usados no tratamento do vírus DNA; C Exemplos: aciclovir (HSV e varicela zoster), valaciclovir, fanciclovir, ganciclovir (principalmente no tratamento de citomegalovirose, pode levar à depressão de mielotoxicidade e carcinogenicidade) e foscarnet (fármaco de 2ª linha para infecção ocular pelo citomegalovírus em imunocomprometidos e pode gerar nefrotoxicidade grave). Inibidores da fusão e entrada do HIV nas células do hospedeiro C O HIV inicia seu ciclo de vida quando se liga ao receptor CD4 e a um co- receptor na superfície do Linfócito T CD4+. O vírus então se funde com a célula hospedeira. Após a fusão, o vírus libera seu material genético, RNA, no interior da célula hospedeira; C Enfurvirtida: via subcutânea, age bloqueando o GP41 (presente na estrutura do vírus), não deixando que o HIV se acople na parede do linfócito, inibindo a replicação. É indicado em casos de resistência ou intolerância a outros antirretrovirais. Não pode ser usado isoladamente; C Maraviroque: antagonista do receptor de quimiocina (receptores CCR5 e CXCR4), não deixando o HIV usar os receptores para se fundir e entrar na célula alvo. Não é uma medicação de primeira escolha, mas sim para casos refratários e intolerância a tratamento prévio. Não pode ser usado isoladamente. Inibidores da integrase do HIV C Ratelgravir: bloqueia a integrase, impedindo que o DNA pró-viral se acople com o material genômico da célula alvo. Indicado em casos de resistência a outros antirretrovirais e não pode ser usado isoladamente. Inibidores de neuraminidase e inibidores de desmontagem da capa viral C Impede a liberação das novas cepas/partículas virais; C Atuam inibindo a enzima neuraminidase viral (enzima que promove a ruptura das ligações entre a capa de partículas virais e a célula hospedeira); C Vírus que expressam neuraminidase viral: vírus do genoma Influenza; C Zanamivir e Oseltamivir: para Influenza A e B; C Amantadina e Rimantadina: inibidores da desmontagem da capa viral, pouco utilizados atualmente. Moduladores biológicos e imunomoduladores – biofármacos Não tem ação antiviral direta, agem modulando a resposta imunológica do hospedeiro às infecções virais. Estimulam o sistema imune do hospedeiro para combater a infecção viral. Imunoglobulina: anticorpos direcionados contra o envelope viral que podem neutralizar e evitar a infecção das células do hospedeiro. C Globulina hiperimune (concentrado de anticorpos): sendo do tipo Hepatite B, Varicela zoster e Raiva; C Usados em pós-exposição. Globulinas são medicamentos caros. Interferons C Via oral ou endovenosa; C Tipo alfa, beta ou gama; C São substâncias que se ligam em receptores específicos na célula do hospedeiro e estimulam as células a produzirem proteínas antivirais; C Age imunomodulando a célula do hospedeiro a produzir enzimas contra o vírus; C Amplo espectro de ação: usados principalmente na Hepatite B e Hepatite C; C Peguilados: peguilação coloca uma calda de polietileno; tem maior tempo de vida na circulação; C Efeito adverso: mal-estar crônico, por isso, atualmente, não se utiliza tanto o interferon. Palivizumabe C Anticorpo monoclonal direcionado contra uma glicoproteína na superfície do vírus respiratório sincicial. Via intramuscular. Inosina pranobex C Interferência na síntese de ácido nucleico viral. Estimula o sistema imune do paciente para tentar driblar uma infecção viral. Principalmente infecções herpéticas. Ribavirina C Nucleosídio sintético com estrutura semelhante à da guanosina; C Vírus que afetam VAIs – gripe e infecções pelo vírus respiratório sincicial (paramixovírus RNA). Fármacos anti-fúngicos Os fungos são estruturas eucariontes. 2 grupos: Antibióticos antifúngicos Ocorem naturalmente; Polienos; Equinocandinas. Fármacos sintéticos Azóis; Pirimidinas fluoradas. Infecções superficiais – preparações tópicas; Agentes bastante tóxicos – antifúngicos sistêmicos – supervisão médica restrita. Antibióticos antifúngicos Polienos Anfotericina: se liga ao ergosterol formando grandes poros na membrana celular fúngica, promovendo graves distúrbios iônicos na célula fúngica; C Primeira escolha para tratamento de infecções fúngicas disseminadas: Aspergillus, Candida e Cryptococcus; C Padrão-ouro em infecções fúngicas disseminadas; C VO – infecções do TGI superior; EV – infecções sistêmicas; C Efeitos adversos: reações infusionais (tremor, calafrio, febre), nefrotoxicidade (toxicidade renal), hipocalemia e hipomagnesemia; C Preparação lipossomal – melhora a farmacocinética (melhor absorção, metabolização) e reduz os efeitos adversos. Porém é mais cara. Nistatina C VO ou tópica; C Mesmo mecanismo de ação da anfotericina; C Indicação: Candida na pele, mucosas e TGI. Griseofulvina C Mecanismo de ação diferente: reduz a agregação dos microtúbulos durante a mitose; C Ação fungistática (não mata o vírus – fungicidas matam) pela interação com os microtúbulos fúngicos; C Indicação: infecções dermatofílicas da pele ou unhas. Equinocandinas C Inibem o 1,3-betaglucano relacionado à manutenção da parede fúngica, promovendo a lise celular fúngica (fungicidas); C Utilizadas em Candida (fungicidas) e Aspergillus (fungistática) refratários ao uso de anfotericina. Caspofungina C Via endovenosa;C Usado em candidíase e aspergilose invasiva refratárias à anfotericina. Anidulafungina (candidíase disseminada) Micafungina (candidíase disseminada) Antifúngicos sintéticos Azóis Agentes fungistáticos; Amplo espectro de atividade, podendo ser usado para vários tipos de fungos; Atuam inibindo a produção de ergosterol, inibe a enzima lanosina 14-a- desmetilase, inibição da conversão de lanosterol em ergosterol, alterando a fluidez da membrana e inibindo a replicação fúngica. Cetoconazol C Ampla eficácia; C Via oral: não atinge concentrações terapêuticas no SNC; C Recidiva comum após término do tratamento devido ser fungistático; C Efeitos adversos: hepatotoxicidade e inibição da esteroidogênese – ginecomastia - aumento da mama em homens (devido ao uso prolongado). Fluconazol: C Via oral ou endovenosa; C Atinge concentrações terapêuticas no SNC. Pode ser usado em meningite fúngica; C Efeitos adversos: hepatotoxicidade. Itraconazol (VO ou EV): em dermatófilos. Miconazol (tópico): infecções do TGI, pele e mucosas. Variconazol (EV): aspergilose. Pirimidinas fluoradas Flucitosina: atua através da inibição da timidilato sintetase (que promove a síntese de DNA); C Não faz administração isolada: resistência durante o tratamento; C VO ou EV em combinação com anfotericina: infecções sistêmicas graves (candidíase e meningite criptocócica). Terbinafina: inibe seletivamente a enzima esqualenoepoxidase (que faz o acumulo de esqualeno na célula fúngica): tóxico para a célula fúngica. C Fungicida queratinofílico; C VO ou tópica. Morfolina: inibe a transformação de lanosterol em ergosterol. Fármacos anti-helmínticos Platelmintos (tênia e fascíola) e nematelmintos (áscaris, strongyloides, filárias) Mecanismos de ação Age incapacitando o parasita por paralisia (expelido pelos movimentos peristálticos); Danificando o verme, com eliminação pelo sistema imunológico; Alterando processos metabólicos. Os helmintos tem bomba de efluxo de drogas ativas: resistentes aos fármacos. Benzimidazóis C Mebendazol, tiabendazol e albendazol; C Mebendazol e albendazol: ingerir após refeição. C Interferem nas funções dependentes dos microtúbulos (inibição da polimeração da betatubulina helmíntica) bloqueando a captação da glicose. C Usados em nematelmintos intestinais: Áscaris, Enterobius, Strngyloides, Necator e Ancylostoma. Praziquantel C Compromete a homeostase do cálcio – atua em canais de cálcio controlados por voltagem (faz com que haja um grande influxo de cálcio); C Compromete o tegumento do parasita – expondo antígenos a esse tegumento e deixando o parasita exposto à respostas imunológicas do hospedeiro; C Principalmente utilizado em cisticercose e esquistossomose. Piperazina C Inibe a transcrição neuromuscular – atua paralisando o helminto, atuando em canais de cloreto controlados pelo GABA - vermes paralisados são expelidos vivos pelos movimentos peristálticos intestinais; C Indicação: nematelmintos intestinais: Áscaris e Enterobius. Niclozamida: indicação para tratamento teníase. C Ela atua danificando o escolex – cabeça da taenia, separa o verme da parede intestinal e o verme é expelido. Dietilcarbamazina C Altera o tegumento do parasita e torna suscetível às respostas imunológicas; C Filárias: Wucheria Bancroft (elefantíase) e Loa loa. Levamisol C Também atua paralisando parasita; C Tem ação nicotina-símile, bloqueia as junções neuromusculares e os vermes paralisados são expelidos; C Principal indicação: Áscaris lumbricoides. Ivermectina Acarreta abertura dos canais de cloreto, aumento da condutância do cloreto, aumentando a transmissão de acetilcolina, ligando aos receptores GABA; Todos esses mecanismos promovem paralisia motora; Primeira escolha para tratamento de infestação pelas filárias, muito efetiva na oncocercose (cegueira do rio); Nematelmintos – com exceção do Ancylostoma Braziliense.
Compartilhar