Buscar

Direito Constitucional - 04

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 167 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 167 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 167 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Aula 04
PC-PB (Delegado) Direito Constitucional
- 2021 (Pós-Edital)
Autor:
Nelma Fontana, Equipe Materiais
Carreiras Jurídicas
Aula 04
08 de Outubro de 2021
.
 
 
 
 
SUMÁRIO 
Sumário .......................................................................................................................... 1 
Direitos Sociais ...................................................................................................... 2 
1.1. Teoria dos Direitos Sociais .............................................................................. 2 
1.2. Direitos Sociais enumerados na Constituição Federal .................... 5 
1.3. Direitos dos Trabalhadores .............................................................................. 11 
1.4. Direito à sindicalização ................................................................................... 22 
1.5. Direito de greve ...................................................................................................... 24 
1.6. Outros Direitos Coletivos trabalhistas ................................................. 30 
Direitos de Nacionalidade ................................................................................ 30 
2.1. Introdução ..................................................................................................................... 32 
2.2. Nacionalidade primária (brasileiros natos) ........................................ 33 
2.3. Nacionalidade secundária (brasileiro naturalizado) .................................................................. 37 
2.4. Distinção de tratamento entre brasileiros ................................................................................. 41 
2.5. Perda da nacionalidade ............................................................................................................ 46 
2.6. Símbolos Nacionais ................................................................................................................... 51 
Resumo .......................................................................................................................... 53 
Destaques da Legislação .................................................................................... 55 
Destaques da Jurisprudência ........................................................................... 58 
Questões Comentadas ............................................................................................. 59 
Lista de Questões ................................................................................................ 126 
GABARITO ....................................................................................................................... 162 
Considerações Finais ......................................................................................... 163 
 
 
 
 
 
Nelma Fontana, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 04
PC-PB (Delegado) Direito Constitucional - 2021 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
 .
 
 
 
 
 
 
 
 2 
165 
DIREITOS SOCIAIS E DIREITOS DE 
NACIONALIDADE 
 
 DIREITOS SOCIAIS 
No século XX, na Constituição do México (1917) e na Constituição da Alemanha (1919), as primeiras 
declarações de direitos sociais foram encontradas. No Brasil, a primeira Constituição a dispor sobre 
direitos sociais foi a de 1934. 
Com inspiração no Estado Social, com vistas a implementar a igualdade material e a amparar os indivíduos 
menos favorecidos economicamente, os direitos sociais, no Brasil, foram elevados à categoria de direitos 
fundamentais ainda no governo de Getúlio Vargas. A Constituição Federal de 1988, por outro lado, 
ampliou o rol desses direitos e reservou o capítulo II, do Título II, para tratar da temática. 
Os direitos sociais criam para o Estado a obrigação de fazer, o dever de desenvolver políticas públicas que 
sejam capazes de reduzir as desigualdades socioeconômicas. Nessa toada, os direitos sociais são direitos 
prestacionais, têm status positivo e são classificados na segunda geração de direitos fundamentais. 
Os direitos sociais, como espécies de direitos fundamentais, criam direitos subjetivos adjudicáveis, 
embora alguns deles, como é típico de sociedades democráticas, tenham conteúdo principiológico, a fim 
de possibilitar diferentes níveis de implementação, já que demandam vultoso volume orçamentário. 
Com efeito, o entendimento mais recente do Supremo tribunal Federal é o de que os direitos sociais não 
têm conteúdo meramente programático, de forma que o jurisdicionado, conforme a situação, poderá 
exigir judicialmente que o Estado cumpra o seu dever, respeitados evidentemente alguns limites, 
mormente a separação de Poderes e a reserva do possível (RE 393.175). 
Os destinatários desses direitos são os brasileiros e os estrangeiros, independentemente de serem ou 
não contribuintes formais da seguridade social, de exercerem direitos políticos ou de residirem em 
determinada localidade. É dever da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios buscar a 
plena efetivação dos direitos sociais. 
 
1.1. TEORIA DOS DIREITOS SOCIAIS 
 
Resulta da força normativa da Constituição a dimensão subjetiva dos direitos fundamentais, que assegura 
ao indivíduo o direito de exigir que o Estado implemente, por meio de políticas públicas, os direitos sociais 
enumerados na Constituição. Em caso de omissão injustificável por parte do poder Público, cabe ao 
Judiciário, mediante provocação, assegurar o direito que foi constitucionalmente consagrado. 
Lado outro, o excesso de ativismo judicial é vedado, vez contrariar o interesse público a decisão que obriga 
a materialização do direito social sem considerar a realidade socioeconômica do ente federativo, o que 
afronta o orçamento da pessoa política, causando ou contribuindo para causar o caos econômico. 
Nelma Fontana, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 04
PC-PB (Delegado) Direito Constitucional - 2021 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
 .
 
 
 
 
 
 
 
 3 
165 
Com o propósito de assegurar os direitos sociais a todos os que deles necessitam e não somente àqueles 
que levam o caso ao Judiciário, doutrina e jurisprudência têm caminhado no sentido de formularem alguns 
parâmetros, manifestos em alguns princípios. Vejamos: 
 
Princípio da Reserva do Possível 
 
O Princípio da Reserva do Possível é argumento utilizado pelo Estado, quando demandado em juízo, 
para demonstrar que ainda não é possível materializar, tal como previsto na Constituição, um direito 
social. 
Os direitos fundamentais de cunho prestacional, por vezes, para serem implantados, sofrem alguma 
limitação fática, em decorrência do pequeno orçamento do Estado, da falta de recursos para cumprir com 
todas as suas obrigações. Por força do princípio da legalidade da despesa, o Estado, às vezes, sofre 
também limitação de ordem jurídica, dada a inexistência de autorização orçamentária para cobrir 
despesas exigidas judicialmente. 
Com efeito, decorre da reserva do possível a equalização da efetivação dos direitos sociais com a realidade 
socioeconômica do Ente Público, de forma que a avaliação acerca de quais interesses da coletividade 
deverão ser prioritariamente atendidos deve ser feita a partir da análise de dois aspectos: a razoabilidade 
da pretensão deduzida em face do Poder Público e a existência de disponibilidade financeira. 
Cabe ao Estado, quando demandado, provar que não possui recursos suficientes para efetivamente 
assegurar a todos, por meio de política pública, o gozo de algum direito social. Não basta alegar a escassez 
de recursos, é preciso comprovar. 
 
Princípio do Mínimo Existencial 
 
O Princípio do Mínimo Existencial limita a utilização da cláusula de reserva do possível, porque não pode o 
Estado alegar escassez de recursos para deixar de assegurar o mínimo necessário para resguardar a 
própria condição de ser humano. 
A reserva do possível não poderá ser invocada para eximir o Poder Público de desenvolver obrase 
programas de ação capazes de comprometer o núcleo básico que qualifica o mínimo existencial. 
 
Princípio da Vedação de Retrocesso Social (Efeito cliquet) 
 
O Princípio da Vedação de Retrocesso Social tem a finalidade de impedir a extinção ou redução 
injustificada de políticas públicas ou mesmo de medidas legislativas destinadas à viabilização de 
direitos sociais já consolidados na consciência social, ao longo do tempo. 
A supressão ou redução do grau de concretização de um direito fundamental não pode ser injustificada, 
sem que esteja sedimentada em outros princípios constitucionais ou sem que haja a concretização por 
outra medida concretizadora. 
 
Nelma Fontana, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 04
PC-PB (Delegado) Direito Constitucional - 2021 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
 .
 
 
 
 
 
 
 
 4 
165 
 
 
 (2017/FMP Concursos/MPE-RO/Promotor de Justiça Substituto) No que tange ao tema dos direitos 
sociais, é CORRETO afirmar: 
A) A Constituição estabeleceu a primazia dos direitos, liberdades e garantias em relação aos direitos 
sociais, conferindo a estes o caráter de normas programáticas. 
B) O controle jurisdicional das políticas públicas de direitos sociais encontra, dentre outros, os seguintes 
parâmetros de sindicabilidade: reserva do possível, mínimo existencial, proibição do retrocesso social e 
proibição da proteção insuficiente dos direitos fundamentais. 
C) Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, não é cabível a concessão de medicamentos 
novos e experimentais. 
D) Em tempos de crise, os direitos sociais reivindicam obrigações de respeito do Estado, não incidindo, 
pois, as obrigações de proteção e de promoção. 
E) O ativismo judicial é um princípio que decorre da máxima efetividade dos direitos sociais. 
 
Gabarito: B 
A) Errada. Não há primazia de direitos de liberdade em relação aos direitos sociais. Os direitos sociais 
não têm caráter de normas programáticas, embora alguns deles dependam de regulamentação ou da 
existência de política pública que lhes desenvolva a aplicabilidade. Os direitos sociais criam direitos 
subjetivos e não podem ser considerados meramente programáticos. 
B) Certa. Os direitos sociais criam direitos subjetivos e podem ser exigidos judicialmente. Porém, o 
Judiciário, quando da análise do caso concreto, deverá balizar a necessidade, a razoabilidade e a 
existência de recursos orçamentários para a sua implementação. Daí falar-se reserva do possível. Não 
poderá o Estado, todavia, alegar falta de recurso, para deixar de assegurar o mínimo existencial e 
nem para trazer nova interpretação que subverta o campo de proteção do direito (vedação ao 
retrocesso). 
C) Errada. Embora seja papel Poder Público primar pela oferta de meio de tratamento eficaz, 
devidamente testado, para não expor o indivíduo ao agravamento de sua doença, em casos 
excepcionais admitidos por lei, será admitida a utilização de medicamento ou de tratamento ainda 
não testado pela Anvisa, quando houver recomendação médica para tal (Ver Recomendação 31 do 
CNJ). 
D) Errada. Os direitos sociais são prestações positivas e exigem um fazer por parte do Estado. 
E) Errada. Ativismo judicial não é princípio e resulta da necessidade de implementação de direitos 
fundamentais negligenciados pelo Executivo ou pelo Legislativo. 
 
 
 
Nelma Fontana, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 04
PC-PB (Delegado) Direito Constitucional - 2021 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
 .
 
 
 
 
 
 
 
 5 
165 
1.2. DIREITOS SOCIAIS ENUMERADOS NA CONSTITUIÇÃO 
FEDERAL 
 
O artigo 6º da Constituição Federal enumerou expressamente onze direitos sociais, a saber: a 
educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a 
previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma 
desta Constituição. 
 
Moradia (EC 26/2000), alimentação (EC 64/2010) e transporte (EC 90/2015) não são normas originárias da 
Constituição, foram acrescentadas por emendas constitucionais. Outros direitos sociais poderão também 
ser incluídos no rol do artigo 6º da CRFB/88. 
A enumeração desses onze direitos sociais não é exaustiva, mas tão somente exemplificativa. Há outros 
direitos sociais espalhados na Constituição Federal, como direito ao meio ambiente (artigo 225 da 
CRFB/88), o direito dos idosos (artigo 203 da CRFB/88), a cultura (artigo 215 da CRFB/88), o desporto 
(artigo 217 da CRFB/88), dentre outros, embora constem do título “Da Ordem social”. 
José Afonso da Silva (2007) ensina que não obstante o fato de a Constituição Federal ter separado a 
Ordem Social da Ordem Econômica, não utilizou a melhor metodologia ao dispor sobre um capítulo 
próprio para Direitos Sociais (Título II do Capítulo II) e um título próprio, bem distanciado, para Ordem 
Social (Título VIII), porque não há entre eles uma separação radical, já que os direitos sociais estão 
gravados na ordem social. 
Com efeito, no capítulo dos direitos sociais foram enumerados onze, mas tão somente a ideia de um deles 
foi desenvolvida, somente há detalhamento a respeito do direito ao trabalho. Nada foi dito acerca dos 
outros dez direitos, que só têm os seus mecanismos e aspectos organizacionais delineados no título “Da 
Ordem social”, a partir do artigo 194 da Constituição Federal. 
Nesta aula, teceremos alguns comentários sobre os direitos sociais, mas sem a pretensão de exaurir o 
assunto, vez que o tema será mais bem desenvolvido na aula sobre Ordem social. 
 
Da educação 
 
O direito social à educação é fruto da dignidade da pessoa humana e da cidadania, vez que exerce dupla 
função: de um lado, qualifica a comunidade como um todo, tornando-a esclarecida, politizada, 
desenvolvida (cidadania); de outro, dignifica o indivíduo, verdadeiro titular desse direito subjetivo 
fundamental (dignidade da pessoa humana). 
A Constituição Federal dispõe no artigo 205 que a educação é direito de todos (brasileiros e 
estrangeiros) e dever do Estado e da família. Há, no ponto, a consagração do dever de solidariedade entre 
a família e o Estado, com a finalidade de defesa integral dos direitos das crianças e dos adolescentes. 
O dever da família é o de garantir a presença do educando na escola, impedindo a evasão escolar e 
garantindo o aproveitamento do ensino, com vistas a promover o desenvolvimento pleno do indivíduo, 
quer seja para o exercício da cidadania, quer seja para compor o mercado de trabalho. 
Nelma Fontana, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 04
PC-PB (Delegado) Direito Constitucional - 2021 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
 .
 
 
 
 
 
 
 
 6 
165 
O dever do Estado com a educação consiste em garantir a educação básica obrigatória e gratuita dos 
quatro aos dezessete anos de idade, inclusive para aqueles que já estão fora da idade própria. Essa 
garantia inclui a alimentação, o transporte, o material didático e a assistência à saúde. Constitui direito 
público subjetivo. 
Interessante apontar a decisão do Supremo Tribunal Federal no RE 888.815. O Tribunal, ao interpretar a 
Lei Maior, entendeu que não há vedação absoluta ao ensino domiciliar, embora este não constitua 
direito subjetivo. A educação domiciliar poderá ser instituída por meio de “lei federal, editada pelo 
Congresso Nacional, na modalidade ‘utilitarista’ ou ‘por conveniência circunstancial’, desde que se 
cumpra a obrigatoriedade, de 4 a 17 anos, e se respeite o dever solidário Família/Estado, o núcleo 
básico de matérias acadêmicas, a supervisão, avaliação e fiscalização pelo Poder Público.” 
 A educação básica compreende a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio. O ensino 
fundamental será atendido com prioridade. 
O ensino médio gratuito será universalizado progressivamente. A educação infantil em creche e pré-
escola será ofertada até os cinco anos de idade. O ensino fundamental é obrigatório e tem duração de 
nove anos (inicia aos seis anos). Osdeficientes têm direito a atendimento especializado. 
A jurisprudência do STF firmou-se no sentido da existência de direito subjetivo público de crianças até 
cinco anos de idade ao atendimento em creches e pré-escolas. O desrespeito de tal regramento por parte 
do Poder Público poderá ensejar, mediante provocação, a intervenção do Poder Judiciário. (RE 554.075) 
 Os sistemas de ensino serão organizados pela União, pelos estados, Distrito Federal e municípios, em 
regime de colaboração, de maneira a universalizar o ensino obrigatório. Os Municípios atuarão 
prioritariamente no ensino fundamental e na educação infantil. Os Estados e o Distrito Federal atuarão 
prioritariamente no ensino fundamental e médio. A União organizará o sistema federal de ensino e o dos 
Territórios. 
 
1. A cobrança de taxa de matrícula nas universidades públicas viola o disposto no art. 206, IV, da CF. 
(Súmula Vinculante 12). 
2. Repercussão geral reconhecida com mérito julgado: “A garantia constitucional da gratuidade de 
ensino não obsta a cobrança, por universidades públicas, de mensalidade em curso de especialização.” (RE 
597.854). 
3. Para o Plenário do STF, “a quota mensal escolar nos colégios militares não representa ofensa à regra 
constitucional de gratuidade do ensino público, uma vez que não há violação concreta ou potencial ao 
núcleo de intangibilidade do direito fundamental à educação.” “A contribuição dos alunos para o custeio 
das atividades do Sistema Colégio Militar do Brasil não possui natureza tributária, considerada a 
facultatividade do ingresso ao Sistema de Ensino do Exército, segundo critérios meritocráticos, assim 
como a natureza contratual do vínculo jurídico formado.” (ADI 5.082). 
 
Da saúde 
 
Nelma Fontana, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 04
PC-PB (Delegado) Direito Constitucional - 2021 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
 .
 
 
 
 
 
 
 
 7 
165 
O artigo 196 da Constituição Federal assegura que saúde é direito de todos e dever do Estado. Cabe ao 
poder Público desenvolver políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de 
outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e 
recuperação. 
O sistema único de saúde é financiado, nos termos do art. 195 da CRFB/88, com recursos do orçamento da 
seguridade social, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de outras fontes. 
A execução das ações e serviços de saúde deve ser feita primordialmente pelo Poder Público diretamente, 
mas pode ser feita também por meio de terceiros (pessoa física ou jurídica), obedecidos os princípios do 
atendimento integral, da participação da comunidade e da descentralização. 
O Supremo Tribunal Federal, na ADI 1.931, dispôs que a nenhuma pessoa será negado tratamento em 
hospital público, considerada a universalidade do sistema. Porém, se o Poder Público atender a 
particular, em virtude de situação incluída na cobertura contratual de plano de saúde privado, deve o 
SUS ser ressarcido, tal como faria o plano de saúde em se tratando de hospital privado. Para o 
Tribunal, embora o SUS atue gratuitamente em relação aos cidadãos, não o faz no tocante às entidades 
cuja atividade-fim é justamente assegurar a cobertura de lesões e doenças, cabendo, nessa senda, 
distinguir os vínculos jurídicos em jogo: constitucional, entre Estado e cidadão; obrigacional, entre pessoa 
e plano de saúde; e legal, entre Estado e plano de saúde. 
É vedada a participação direta ou indireta de empresas ou capitais estrangeiros na assistência à saúde no 
Brasil. 
 
1. Repercussão geral reconhecida com mérito julgado: “É constitucional a regra que veda, no âmbito do 
SUS, a internação em acomodações superiores, bem como o atendimento diferenciado por médico do 
próprio SUS, ou por médico conveniado, mediante o pagamento da diferença dos valores 
correspondentes.” (RE 581.488). 
2. Repercussão geral reconhecida. “O tratamento médico adequado aos necessitados se insere no rol dos 
deveres do Estado, porquanto responsabilidade solidária dos entes federados. O polo passivo pode ser 
composto por qualquer um deles, isoladamente, ou conjuntamente.” (RE 855.178) 
 
Alimentação 
 
O direito humano à alimentação adequada, tanto do ponto de vista de quantidade como de qualidade, 
contempla a Segurança Alimentar e Nutricional e o direito à vida. Está previsto no artigo 25 da 
Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 e no Pacto de Direitos Econômicos, Sociais e 
Culturais e o Comentário Geral nº 12 da ONU. No Brasil, foi incluído no rol de direitos sociais expressos na 
Constituição Federal, em 2010, pela Emenda Constitucional nº 64. 
 
 Trabalho 
 
Nelma Fontana, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 04
PC-PB (Delegado) Direito Constitucional - 2021 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
 .
 
 
 
 
 
 
 
 8 
165 
O direito ao trabalho objetiva assegurar meios dignos de sobrevivência e o exercício da cidadania e da 
dignidade da pessoa humana. Compreende não apenas a atividade remunerada decorrente do exercício 
de liberdade de profissão, mas também a ocupação do tempo, por meio da prestação de um serviço ou da 
criação de um determinado produto, objeto ou arte, ainda que sem fim lucrativo. 
É dever do Estado proporcionar o pleno emprego (artigo 170, VIII, da CRFB/88), com vistas a impulsionar 
o desenvolvimento econômico. Cabe à União o dever de inspecionar o trabalho, a fim de que a legislação 
de amparo ao trabalhador seja respeitada e o trabalho escravo seja extirpado. 
Alguns direitos trabalhistas foram constitucionalizados, como se verá no item 1.3 a seguir. 
 
 
Moradia 
 
O direito à moradia transcende o direito de ter casa própria, pois não se confunde com o direito à 
propriedade. Moradia requer ocupar uma habitação com dimensões adequadas, em condições de 
higiene e conforto capaz de preservar a intimidade e a vida privada. Pressupõe respeito à dignidade da 
pessoa humana, de modo que no local da habitação é preciso haver saneamento básico, transporte, áreas 
de lazer, água potável e energia. 
 
Transporte 
 
Transporte passou a ser direito social após a promulgação da Emenda constitucional 90, de 15 de 
setembro de 2015. O principal objetivo de sua positivação foi o de garantir a mobilidade urbana, com 
vistas a atender e suprir as necessidades que o indivíduo tem de deslocamento para a realização de 
atividades cotidianas (trabalho, educação, saúde, lazer, dentre outros). 
O direito ao transporte contempla o emprego de esforço direto (deslocamento a pé), de meios de 
transporte (viário, aquático, aéreo) não motorizados (bicicletas, carroças, cavalos) ou motorizados 
(coletivos e individuais). 
Alguns autores classificam transporte como direito meio e não como direito fim, vez que transporte está 
relacionado à mobilidade para o exercício de outras atividades do dia-a-dia, tais como trabalho e lazer. 
É dever do Estado oferecer transporte coletivo público e construir ciclovias e rodovias que permitam o 
desenvolvimento de empenho próprio que assegure a locomoção dentro do território nacional. 
 
Lazer 
 
O direito ao lazer está associado à qualidade de vida, a um ambiente sadio e equilibrado que permita 
tanto a ociosidade, quanto a recreação. O lazer é destinado à reposição das forças após o exercício de 
atividade laboral. Requer lugar apropriado, razão por que é dever do Estado impulsionar meios e espaços 
próprios de divertimento e de repouso (parques, quadras de esporte, bosques, etc.). 
Nelma Fontana, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 04
PC-PB (Delegado) Direito Constitucional - 2021 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
 .
 
 
 
 
 
 
 
 9 
165 
 
Segurança 
 
A segurança é classificada como direito social e como direito individual. No último caso, como já estudado 
na lição sobre o artigo 5º da Constituição Federal, segurança é um dos direitos fundamentais básicos e 
está associado à ideia desegurança jurídica. No artigo 6º, segurança, na qualidade de direito social, está 
relacionada à segurança pública, dever do Estado de preservar a integridade física e moral; a vida; a 
dignidade da pessoa humana; o patrimônio das pessoas; o patrimônio público; e o patrimônio histórico e 
cultural da humanidade. 
A ordem pública e a incolumidade das pessoas e do patrimônio é dever de todos os entes federativos, 
nos termos do artigo 144 da Constituição Federal, que elenca os órgãos de segurança pública da 
responsabilidade de cada pessoa política. 
 
Da Previdência Social 
 
O artigo 201 da Constituição Federal assegura que a previdência social será organizada sob a forma de 
regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória e deverá contemplar cinco diferentes 
grupos de benefícios: a) cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada; b) proteção 
à maternidade, especialmente à gestante; c) proteção ao trabalhador em situação de desemprego 
involuntário; d) salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda; e) 
pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes. 
Todos os beneficiários da previdência se submetem aos mesmos requisitos e critérios para obtenção da 
aposentadoria, sendo vedada a diferenciação, exceto os casos de atividades exercidas sob condições 
especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física e quando se tratar de segurados portadores de 
deficiência, nos termos definidos em lei complementar. 
Os benefícios pagos ao segurado deverão ter valor mensal pelo menos igual ao valor do salário mínimo e 
devem ser periodicamente reajustados, na forma da lei, a fim de que preservem o valor real. 
 
1. Fixada a seguinte tese de repercussão geral no RE 661.256/SC: “No âmbito do Regime Geral de 
Previdência Social (RGPS), somente lei pode criar benefícios e vantagens previdenciárias, não havendo, 
por ora, previsão legal do direito à “desaposentação”, sendo constitucional a regra do art. 18, § 2º, da Lei 
8.213/1991.”(RE 661.256) 
2. “É legítima a incidência da contribuição previdenciária sobre o 13º salário.” (STF. Súmula 688) 
 
Proteção à maternidade e à infância 
 
Nelma Fontana, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 04
PC-PB (Delegado) Direito Constitucional - 2021 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
 .
 
 
 
 
 
 
 
 10 
165 
Com vistas a amparar a maternidade e a infância, a Constituição Federal, a legislação infraconstitucional e 
a jurisprudência do Supremo Tribunal instituíram uma série de determinações, dentre as quais se 
destacam as seguintes: 
1. CRFB/88, artigo 7º, inciso XVIII: “licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a 
duração de cento e vinte dias.” 
2. CRFB/88, ADCT, artigo 10, parágrafo 1º: licença paternidade de 5 dias, até que lei discipline o assunto. 
3. Lei 11.770/2008: possibilidade de licença à gestante de 180 dias, mediante acordo entre patrões e 
empregadas, nas sociedades empresárias tributadas com base no lucro real. 
4. Lei 13.257/2016: a licença paternidade de cinco dias poderá ser ampliada por mais 15 dias, de modo a 
totalizar 20 dias, mediante adesão da pessoa jurídica ao programa e de requerimento do interessado. 
5. CRFB/88, artigo201, inciso II: benefício previdenciário. 
6. CRFB/88, artigo203, inciso I: benefício assistencial. 
7. O Supremo Tribunal Federal julgou procedente a ADI 5938, para declarar inconstitucionais trechos 
de dispositivos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) inseridos pela Reforma Trabalhista (Lei 
13.467/2017) que admitiam a possibilidade de trabalhadoras grávidas e lactantes desempenharem 
atividades insalubres em algumas hipóteses. 
8. O Plenário do Supremo Tribunal Federal reconheceu o direito de candidatas gestantes à 
remarcação de testes de aptidão física em concursos públicos, independentemente de haver previsão 
no edital. (RE 1058333). 
9. O Supremo Tribunal Federal decidiu que a legislação não pode prever prazos diferenciados para 
concessão de licença-maternidade para servidoras públicas gestantes e adotantes. (RE 778889). 
 
Da Assistência aos desamparados (Assistência Social) 
 
A assistência social tem por objetivos, nos termos do artigo 203 da Constituição Federal, os seguintes: 1) 
proteger a família, a maternidade, a infância, a adolescência e a velhice, especialmente o amparar as 
crianças e os adolescentes carentes; 2) promover a integração ao mercado de trabalho; 3) habilitar e 
reabilitar os deficientes, de modo a promover a sua integração à vida comunitária; e 4) garantir um salário 
mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir 
meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei. 
A assistência social deve ser prestada a quem dela necessitar, independentemente se brasileiro ou se 
estrangeiro, de ter ou não contribuído diretamente para a manutenção da seguridade social. 
As ações governamentais na área da assistência social serão realizadas descentralizadamente, cabendo a 
coordenação e as normas gerais à União e a coordenação e a execução dos respectivos programas aos 
estados, Distrito Federal e municípios. 
 
 
Nelma Fontana, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 04
PC-PB (Delegado) Direito Constitucional - 2021 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
 .
 
 
 
 
 
 
 
 11 
165 
 
(2017/FCC/TST/Juiz do Trabalho Substituto) Os direitos sociais estabelecidos no art. 6° da Constituição 
Federal consistem em prestações positivas do Estado interligadas à concretização da igualdade. À luz do 
citado artigo, considere: 
I. O direito à moradia não é necessariamente direito à casa própria, na medida em que não se confunde 
com o direito de propriedade. 
II. O direito ao trabalho é um direito subjetivo a um trabalho remunerado na iniciativa privada ou 
disponibilizado pelo Poder Público. 
III. O direito ao lazer relaciona-se com a qualidade de vida, meio ambiente sadio e equilibrado, descanso e 
ociosidade repousante. 
IV. O direito à segurança é prerrogativa constitucional indisponível, garantido mediante a implementação 
de políticas públicas, impondo ao Estado a obrigação de criar condições objetivas que possibilitem o 
efetivo acesso a tal serviço. 
Está correto o que se afirma APENAS em 
A) I, III e IV. 
B) I e II. 
C) II, III e IV. 
D) II e IV. 
E) I e III. 
 
Gabarito: A 
I. Certo. O direito à moradia pressupõe uma habitação digna, que respeite a condição humana do 
indivíduo, podendo ser casa própria ou alugada. 
II. Errado. Embora seja dever do Estado instituir o pleno emprego, não há direito subjetivo de ter um 
emprego na iniciativa pública ou privada. Ademais, trabalho também compreende a atividade não 
remunerada, como por exemplo, o trabalho voluntário. 
III. Certo. O direito ao lazer assegura o repouso e a recreação. 
IV. Certo. O direito à segurança requer, por parte do Estado, o desenvolvimento de políticas públicas 
de proteção da vida e da integridade física dos indivíduos, bem como de seu patrimônio. 
 
 
 
1.3. DIREITOS DOS TRABALHADORES 
 
Nelma Fontana, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 04
PC-PB (Delegado) Direito Constitucional - 2021 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
 .
 
 
 
 
 
 
 
 12 
165 
O Direito do Trabalho está alicerçado no princípio da proteção ao trabalhador, vez que este é a parte 
mais frágil na relação contratual. Para assegurar a dignidade ao obreiro, cabe ao Estado intervir na relação 
privada e limitar a autonomia de vontade, porque a liberdade de contrato entre pessoas com poder e 
capacidade econômica desiguais conduz a uma realidade fática desigual e prejudicial ao trabalhador. 
A constitucionalização do Direito do Trabalho tem o condão de assegurar o princípio da proteção do 
trabalhador e, consequentemente, amparar a parte mais frágil na relação de trabalho. 
Trabalho, visto como direito social,promove a incidência dos direitos fundamentais às relações jurídicas 
estabelecidas entre trabalhadores e empregadores (eficácia horizontal dos direitos fundamentais), 
tendo em vista que os direitos fundamentais podem ser concebidos como atributos naturais do homem, 
ligados essencialmente aos valores da dignidade, decorrentes da sua própria existência. 
A Constituição não é um sistema de garantias, mas um sistema de valores fundamentais, que orientam 
não apenas a relação do Estado com o indivíduo, mas também as relações privadas. Nessa toada, as 
relações de trabalho são firmadas nos valores de liberdade e de igualdade material e são direcionadas à 
proteção da integridade física, psíquica e moral do trabalhador. 
A Constituição Federal de 1988 classificou os direitos trabalhistas em duas distintas categorias: 1) direitos 
individuais (artigo 7º); 2) direitos coletivos (do artigo 8º ao artigo 11). Os direitos dos trabalhadores em 
suas relações individuais de trabalho estão enumerados no artigo 7º da Constituição Federal em rol 
exemplificativo, pois a lei infraconstitucional pode amplamente dispor sobre o assunto, desde que 
objetive a melhoria da condição social do obreiro, bem como emenda à constituição poderá promover a 
sua ampliação. 
A dignidade da pessoa humana (artigo 1º, III), os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa (artigo 1º, 
IV), a valorização do trabalho e da justiça social (artigo 170), a busca do pleno emprego (artigo 170, VIII) e o 
primado do trabalho como base da ordem social (artigo 193) são princípios utilizados na interpretação e na 
aplicação dos direitos fundamentais trabalhistas. 
 
 
 
(2017/MPT/MPT/Procurador do Trabalho) Assinale a alternativa INCORRETA: 
A) A Constituição de 1988 é estruturada mediante princípios e regras jurídicas, ambos com natureza 
normativa. Há, em seu interior, princípios constitucionais amplos, mas que ostentam também importante 
repercussão no campo das relações trabalhistas. A seu lado, existem princípios jurídicos eminentemente 
trabalhistas, e que foram incorporados pela Constituição. 
B) Os princípios constitucionais do trabalho são aqueles que, oriundos do Direito do Trabalho, foram 
incorporados pela Constituição da República. Os princípios constitucionais que colocam a pessoa humana 
no vértice e no centro da ordem jurídica não podem, tecnicamente, ser englobados no rol dos princípios 
constitucionais do trabalho, pois não há essa referência explícita, nem lógica ou teleológica, na 
Constituição Federal. 
C) A ideia de igualdade comparece em diversos tópicos do conteúdo constitucional de 1988, estruturando-
se como um princípio jurídico de, pelo menos, dupla dimensão: a igualdade em sentido formal, oriunda do 
Nelma Fontana, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 04
PC-PB (Delegado) Direito Constitucional - 2021 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
 .
 
 
 
 
 
 
 
 13 
165 
antigo constitucionalismo; e a igualdade em sentido material, de impacto profundo e abrangente na 
Constituição da República. 
D) Os direitos trabalhistas apresentam natureza de direitos individuais e sociais daqueles que vivem de seu 
trabalho empregatício e de outras relações sociojurídicas equiparadas, como o trabalho avulso. Nessa 
medida, ostentam também o caráter de direitos fundamentais da pessoa humana. 
E) Não respondida. 
 
Gabarito: B 
A) Certa. Os direitos fundamentais têm natureza de princípios e não apenas de regras jurídicas. Daí a 
sua maior efetividade, inclusive no campo do Direito do Trabalho, mormente após a 
constitucionalização de direitos trabalhistas. O princípio da proteção ao trabalhador é 
eminentemente trabalhista e foi incorporado pela Constituição. 
B) Errada. Os princípios constitucionais do trabalho são aqueles que, oriundos do Direito do Trabalho, 
foram incorporados pela Constituição da República. Os princípios constitucionais que colocam a 
pessoa humana no vértice e no centro da ordem jurídica não podem, tecnicamente, ser englobados 
no rol dos princípios constitucionais do trabalho, pois não há essa referência explícita, nem lógica ou 
teleológica, na Constituição Federal. Os princípios constitucionais do trabalho são consequência 
natural da condição humana, são decorrentes da própria existência humana. 
C) Certa. A ideia de igualdade comparece em diversos tópicos do conteúdo constitucional de 1988, a 
começar do caput do artigo 5º. A igualdade constitucionalmente estabelecida contempla a igualdade 
na lei e perante a lei. Dito de outra forma, a igualdade que vincula o legislador ao criar direitos e 
obrigações e a igualdade que vincula o aplicador da lei. 
D) Certa. Os direitos trabalhistas são espécies de direitos fundamentais, classificados como direitos 
sociais. Apresentam natureza de direitos individuais (artigo 7º da CF) e sociais (sindicalização, greve, 
representação). 
 
O artigo 7º da Constituição Federal, ao enumerar direitos trabalhistas, primou pela igualdade entre 
trabalhadores, de forma a estabelecer os mesmos direitos aos trabalhadores urbanos e aos rurais (caput) 
e ao igualar em direitos o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso 
(XXXIV). 
Houve preocupação com a isonomia ainda no inciso XXXII, que proibiu a distinção entre trabalho manual, 
técnico e intelectual (ou entre os profissionais respectivos), bem como no inciso XXXI, que veda a 
discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência. 
Por outro lado, nem todos os direitos sociais trabalhistas foram destinados ao trabalhador doméstico, 
mesmo após o advento da Emenda Constitucional 72/2013, apelidada “a emenda das domésticas”, que 
ampliou significativamente os direitos dessa categoria profissional. Assim, para fins de prova, é preciso ter 
muito cuidado, pois nos termos do parágrafo único do artigo 7º da CRFB/88, dos 34 direitos trabalhistas 
elencados no artigo, NOVE NÃO FORAM DESTINADOS AO DOMÉSTICO. São eles: 
 
1. piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho (artigo 7º, inciso V); 
Nelma Fontana, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 04
PC-PB (Delegado) Direito Constitucional - 2021 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
 .
 
 
 
 
 
 
 
 14 
165 
2. participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, 
excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei (artigo 
7º, inciso XI); 
3. jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, 
salvo negociação coletiva (artigo 7º, inciso XIV); 
4. proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos 
termos da lei (artigo 7º, inciso XX); 
5. adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma 
da lei(artigo 7º, inciso XXIII); 
6. proteção em face da automação, na forma da lei (artigo 7º, inciso XXVII); 
7. ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional 
de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a 
extinção do contrato de trabalho (artigo 7º, inciso XXIX); 
8. proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os 
profissionais respectivos (artigo 7º, inciso XXXII); 
9. igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o 
trabalhador avulso (artigo 7º, inciso XXXIV). 
 
 
(2017/FCC/TST/Juiz do Trabalho Substituto) Na redação vigente do parágrafo único do art. 7° da 
Constituição Federal, tal como conferida pela Emenda Constitucional n° 72 de 2013, são assegurados aos 
trabalhadores domésticos os direitos a 
A) licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias; e 
proteção em face da automação, na forma da lei. 
B) piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho; e irredutibilidade do salário, salvo o 
disposto em convenção ou acordo coletivo. 
C) reconhecimento dasconvenções e acordos coletivos de trabalho; e proibição de qualquer discriminação 
no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência. 
D) proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa; e participação nos lucros, 
ou resultados, desvinculada da remuneração. 
E) duração do trabalho normal não superior a dez horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a 
compensação de horários; e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho. 
 
Gabarito: C 
A) licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias; e 
proteção em face da automação, na forma da lei. 
Nelma Fontana, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 04
PC-PB (Delegado) Direito Constitucional - 2021 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
 .
 
 
 
 
 
 
 
 15 
165 
B) piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho; e irredutibilidade do salário, salvo o 
disposto em convenção ou acordo coletivo. 
C) reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho (inciso XXVI do artigo 7º); e proibição 
de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de 
deficiência (inciso XXXI do artigo 7º). 
D) proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa; e participação nos lucros, 
ou resultados, desvinculada da remuneração. 
E) duração do trabalho normal não superior a dez horas diárias (oito horas) e quarenta e quatro semanais, 
facultada a compensação de horários; e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de 
trabalho. 
 
 
Agora, vamos aproveitar o momento para elencarmos também quais direitos dos trabalhadores 
foram destinados aos servidores públicos: 
 
Nos termos do parágrafo terceiro do artigo 39 da constituição Federal, aplicam-se aos servidores 
ocupantes de cargo público, os seguintes direitos: 
1. salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais 
básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, 
transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo 
vedada sua vinculação para qualquer fim (artigo 7º, inciso IV) ; 
2. garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável (artigo 7º, 
inciso VII); 
3. décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria (artigo 7º, 
inciso VIII); 
4. remuneração do trabalho noturno superior à do diurno (artigo 7º, inciso IX); 
5. salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei (artigo 7º, 
inciso XII); 
6. duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a 
compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho 
(artigo 7º, inciso XIII); 
7. repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos (artigo 7º, inciso XV); 
8. remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do normal 
(artigo 7º, inciso XVI); 
9. gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal (artigo 7º, 
inciso XVII); 
Nelma Fontana, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 04
PC-PB (Delegado) Direito Constitucional - 2021 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
 .
 
 
 
 
 
 
 
 16 
165 
10. licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias (artigo 
7º, inciso XVIII); 
11. licença-paternidade, nos termos fixados em lei (artigo 7º, inciso XIX); 
12. proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei (artigo 
7º, inciso XX); 
13. redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança (artigo 7º, 
inciso XXII); 
14. proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de 
sexo, idade, cor ou estado civil (artigo 7º, inciso XXX). 
 
 
Para o estudo sistematizado dos direitos constitucionais trabalhistas elencados no artigo 7º, adotaremos a 
classificação de José Afonso da Silva (2007): 1) direito ao trabalho à garantia de emprego; 2) direitos sobre 
condições de trabalho; 3) direitos relativos ao salário; 4) direitos relativos ao repouso e à inatividade; 5) 
direitos de proteção dos trabalhadores; 6) direitos relativos aos dependentes do trabalhador e 7) direitos 
de participação. Não esgotaremos o assunto, para não adentrarmos na seara do Direito do Trabalho. 
 
Direito ao trabalho e à garantia de emprego 
 
Os trabalhadores não têm direito de estabilidade no emprego, como têm os servidores públicos. Porém, a 
Constituição Federal criou a garantia de emprego e a proteção ao trabalho ao proteger a relação de 
emprego contra a despedida arbitrária ou sem justa causa, mediante pagamento de indenização 
compensatória. 
Até que seja criada uma lei complementar para regulamentar esse assunto, o trabalhador em situação de 
desemprego involuntário fará jus a uma indenização de 40% sobre o depósito do Fundo de Garantia por 
Tempo de Serviço (FGTS), conforme disposto nos artigos 7º, I, da CF, c/c 10, I, do ADCT). 
A dispensa arbitrária ou sem justa causa ainda assegura o recebimento de seguro desemprego e do FGTS 
(incisos II e III do artigo 7º da CF). 
O trabalhador terá direito ou terá que cumprir, conforme a situação do desemprego (vontade do 
trabalhador ou dispensa do empregador), o aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no 
mínimo de trinta dias, nos termos da lei (inciso XXI do artigo 7º). 
 
Direitos sobre condições de trabalho 
 
A respeito dos direitos relacionados à condição de trabalho, a Constituição tanto limitou a duração da 
jornada de trabalho quanto assegurou a redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas 
de saúde, higiene e segurança (CF, 7º, XXII). 
Nelma Fontana, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 04
PC-PB (Delegado) Direito Constitucional - 2021 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
 .
 
 
 
 
 
 
 
 17 
165 
A jornada máxima diária de trabalho é de oito horas; a semanal, de quarenta e quatro horas. Nos dois 
casos, é facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção 
coletiva de trabalho (CF, 7º, XIII). 
Segundo o Supremo Tribunal Federal, a jornada de 12 horas de trabalho por 36 horas de descanso não 
afronta o art. 7º, XIII, da Constituição da República, pois se encontra respaldada na faculdade, conferida 
pela norma constitucional, de compensação de horários (ADI 4.842). 
No caso de jornada de trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, a Constituição 
determina que sua duração não exceda seis horas, salvo negociação coletiva (CF, 7º, XIV). “Os intervalos 
fixados para descanso e alimentação durante a jornada de seis horas não descaracterizam o sistema de 
turnos ininterruptos de revezamento para o efeito do art. 7º, XIV, da Constituição” (STF. Súmula 675). 
 
Direitos relativos ao salário 
 
É direito do trabalhador o recebimento de salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz 
de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, 
saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe 
preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim (CF, 7º, IV). 
 
1. “Os arts. 7º, IV, e 39, § 3º (redação da EC 19/1998), da Constituição referem-se ao total da remuneração 
percebida pelo servidor público.” (Súmula Vinculante 16). 
2. “O cálculo de gratificações e outras vantagens do servidor público não incide sobre o abono utilizado 
para se atingir o salário mínimo.” (Súmula Vinculante 15). 
 
A exigência constitucional de lei formal para fixação do valordo salário mínimo pode ser flexibilizada, de 
acordo com o STF. Desde que a lei defina o valor do salário mínimo e sua política de afirmação de novos 
valores nominais para o período nela indicado, poderá o Presidente da República, por decreto, anunciar o 
valor nominal do salário mínimo, nos índices definidos legalmente (ADI 4.568). 
O salário mínimo não é mais regional, como disposto na Constituição anterior. A lei definirá um valor de 
salário mínimo a ser aplicado em todo o território nacional, não cabendo aos estados membros legislar 
sobre o assunto, vez que a competência é privativa da União (CF, 22, I). 
O salário mínimo não pode ser utilizado como base de cálculo ou como índice de indexação de contratos. 
Tem-se aqui proteção ao trabalhador, que não poderá ver sua dívida aumentar sempre que tiver aumento 
salarial. Assim, contratos de prestação de serviço, aluguéis e outros, que têm por base o salário mínimo, 
são inconstitucionais. Essa é a regra. Porém, como os direitos fundamentais não são absolutos, tal 
vedação já foi flexibilizada pelo Supremo Tribunal Federal no caso do cálculo do valor da pensão 
alimentícia, tendo em vista que a prestação tem por objetivo a preservação da subsistência humana e 
garantia do padrão de vida daquele que a recebe (ARE 842.157). 
Nelma Fontana, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 04
PC-PB (Delegado) Direito Constitucional - 2021 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
 .
 
 
 
 
 
 
 
 18 
165 
Nem mesmo o piso salarial poderá ser fixado com base no salário mínimo, não obstante o fato de 
pretensamente trazer ao trabalhador melhores condições econômicas. Foi o que entendeu o STF, na 
ADPF 151, ao declarar a inconstitucionalidade da indexação de piso salarial ao valor do salário mínimo. 
A respeito do tema, foi publicada a Súmula Vinculante 4. Observe e tome nota: 
 
 
“Salvo nos casos previstos na Constituição, o 
salário mínimo não pode ser usado como 
indexador de base de cálculo de vantagem de 
servidor público ou de empregado, nem ser 
substituído por decisão judicial.” 
 
Para os que recebem remuneração variável, a Constituição assegura que seu valor nunca seja inferior ao 
do salário mínimo (CF, 7º, VII). 
De acordo com a Corte Constitucional, entretanto, a Constituição não estendeu aos militares a garantia de 
remuneração não inferior ao salário mínimo, como o fez para outras categorias de trabalhadores, vez que 
aqueles que prestam serviço militar obrigatório exercem um múnus público relacionado com a defesa da 
soberania da pátria. A obrigação do Estado quanto aos conscritos limita-se a fornecer-lhes as condições 
materiais para a adequada prestação do serviço militar obrigatório nas Forças Armadas. Nesse sentido, foi 
criada a Súmula Vinculante 6: 
 
 
“Não viola a Constituição o estabelecimento de 
remuneração inferior ao salário mínimo para as 
praças prestadoras de serviço militar inicial.” 
 
 
Ainda a respeito do salário, a Constituição proíbe que seja feita diferença de valores por motivo de sexo, 
idade, cor ou estado civil. Os mesmos critérios não podem ser utilizados para se fazer diferenciação de 
função ou de requisitos de admissão (CF, 7º, XXX). 
A diferenciação por idade só será admitida se a natureza do cargo assim o exigir. Nesse sentido, tem-se a 
Súmula 683 do STF: “O limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima em face do art. 
7º, XXX, da Constituição, quando possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser 
preenchido.” 
O salário do trabalhador é irredutível, salvo o disposto em acordo coletivo ou convenção (CF, 7º, VI). A lei 
deve proteger o salário do trabalhador e sua retenção dolosa é crime (CF, 7º, X). 
Nelma Fontana, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 04
PC-PB (Delegado) Direito Constitucional - 2021 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
 .
 
 
 
 
 
 
 
 19 
165 
A União, para reduzir as desigualdades sociais e assegurar melhores condições salariais aos trabalhadores, 
por meio da LC 103/2000, delegou aos estados a competência para fixar o piso salarial. Note: o salário 
mínimo é nacional, mas o piso salarial, regional. 
O piso salarial deve ser proporcional à extensão e à complexidade do trabalho (CF, 7º, V). A fim de 
manter-se o incentivo à negociação coletiva, os pisos salariais regionais somente podem ser estabelecidos 
por lei naqueles casos em que não haja convenção ou acordo coletivo de trabalho. 
O trabalhador faz jus ao décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da 
aposentadoria (CF, 7º, VIII). Conforme Súmula 207 do STF, a natureza da gratificação natalina é 
remuneratória e integra, para todos os efeitos, a remuneração do empregado. 
A remuneração do trabalho noturno deve ser superior à remuneração do trabalho diurno (CF, 7º, IX), bem 
como a remuneração do serviço extraordinário deve ser superior, no mínimo, em cinquenta por cento à 
remuneração do serviço normal (CF, 7º, XVI). É ainda assegurado o pagamento de adicional quando o 
trabalhador exerce atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei (CF, 7º, XXIII). 
Por fim, o trabalhador que desejar ingressar com ação judicial para cobrar créditos resultantes das 
relações de trabalho deve ter duas atenções: 1) limite de dois anos, após a extinção do contrato de 
trabalho, para ingressar com a ação; 2) o prazo prescricional de cinco anos, inclusive para cobrança de 
valores referentes ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (Cuidado! A prescrição não é mais 
trintenal! ARE 709.212). Essa é a interpretação do inciso XXIX do artigo 7º da Constituição. 
 
(2019/UPENET/IAUPE/UPE/Advogado) São direitos sociais dos trabalhadores urbanos e rurais, EXCETO 
A) salário mínimo regionalizado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família, 
como moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, 
com reajustes periódicos que lhes preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para 
qualquer fim. 
B) piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho. 
C) irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo. 
D) garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável. 
E) remuneração do trabalho noturno superior à do diurno. 
 
Gabarito: A 
O salário mínimo é nacionalmente unificado, conforme inciso IV do artigo 7º da CRFB/88. 
 
(2018/VUNESP/TJ-SP/Juiz Substituto) O artigo 7°, IV, da Constituição Federal assegura ao trabalhador a 
percepção de salário-mínimo e proíbe sua vinculação “para qualquer fim”. Diante de tal vedação e de 
outros preceitos da Carta, como o artigo 39, § 3° , a Súmula Vinculante n° 4 estabeleceu, em relação a 
vantagem percebida por servidor público, que 
Nelma Fontana, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 04
PC-PB (Delegado) Direito Constitucional - 2021 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
 .
1
 
 
 
 
 
 
 
 20 
165 
A) a hipótese é excepcional, dada a garantia de irredutibilidade de vencimentos, e a ela não se aplica a 
vedação de utilização do salário-mínimo como indexador ou base de cálculo, até que seja substituído por 
ato do Executivo. 
B) a hipótese é excepcional, dada a garantia de irredutibilidade dos vencimentos, e a ela não se aplica a 
vedação de utilização do salário-mínimo como indexador ou base de cálculo. 
C) também nessa hipótese é vedada a utilização do salário-mínimo como indexador ou base de cálculo, 
proibida, ademais, sua substituição por decisão judicial. 
D) também nessa hipótese é vedada a utilização do salário-mínimo como indexador ou base de cálculo, 
permitida sua substituição por decisão judicial. 
 
Gabarito: C 
“Salvo nos casos previstos na Constituição, o salário mínimo não pode ser usado como indexador de 
base de cálculo de vantagem de servidor público ou de empregado, nem ser substituído por decisão 
judicial.” 
 
 
Direitos relativos ao repousoe à inatividade 
 
O trabalhador, em razão da dignidade da pessoa humana, tem o direito constitucionalizado ao ócio, para 
que possa recuperar as suas energias e preservar a sua saúde física e psíquica. Nesses termos, o artigo 7º, 
inciso XV, da CRFB/88, assegura ao obreiro um repouso semanal remunerado, preferencialmente aos 
domingos. Na mesma linha, o inciso XVII garante gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, 
um terço a mais do que o salário normal. 
O direito individual às férias é adquirido após o período de doze meses trabalhados, sendo devido o 
pagamento do terço constitucional independente do exercício desse direito. Dessa sorte, mesmo que não 
haja previsão legal, os servidores exonerados de cargos comissionados que não usufruíram férias, mas que 
contam com doze meses trabalhados (ou o proporcional), têm o direito ao terço (RE 570.908). 
Não incide contribuição social sobre o adicional de um terço. Esse entendimento já está consolidado na 
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (RE 587.941). 
Nos incisos XVIII e XIX do artigo 7º da Constituição Federal são asseguradas a licença à gestante, sem 
prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias e a licença-paternidade, nos 
termos fixados em lei. A licença-paternidade enquanto não regulamentada por lei, terá duração de cinco 
dias (ADCT, artigo 10, parágrafo 1º). 
O Supremo Tribunal Federal, ao julgar o RE 778.889, em tese de repercussão geral, entendeu que a 
licença-maternidade abrange tanto a licença-gestante quanto a licença-adotante, ambas asseguradas 
pelo prazo mínimo de 120 dias. Veja a tese de repercussão geral: 
 
Nelma Fontana, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 04
PC-PB (Delegado) Direito Constitucional - 2021 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
 .
9
 
 
 
 
 
 
 
 21 
165 
"Os prazos da licença-adotante não podem ser inferiores aos prazos da licença-gestante, o 
mesmo valendo para as respectivas prorrogações. Em relação à licença-adotante, não é 
possível fixar prazos diversos em função da idade da criança adotada". 
 
Vale ainda dizer que o STF fixou entendimento no sentido de que as servidoras públicas e empregadas 
grávidas, mesmo as contratadas a título precário, independentemente do regime jurídico de trabalho, têm 
direito à licença-maternidade de 120 dias e à estabilidade provisória desde a confirmação da gravidez até 5 
meses após o parto, nos termos do art. 7º, XVIII, da Constituição do Brasil e do art. 10, II, b, do ADCT.(RE 
600.057 AgR). 
Ainda sobre direitos relativos ao repouso é à inatividade, a Constituição assegura ao trabalhador seguro 
contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, além da indenização a que este está obrigado, 
quando incorrer em dolo ou culpa (CF, 7º, XXVIII) e o direito à aposentadoria, para aqueles que 
cumprirem os requisitos estabelecidos pela própria Constituição e regulamentados por lei (CF, 7º, XXIV). 
 
Direitos de proteção dos trabalhadores 
 
A Constituição Federal, no artigo 7º, trouxe uma atenção especial aos direitos da mulher e do adolescente, 
ao prescrever no inciso XX a “proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos 
específicos, nos termos da lei” e no inciso XXXIII a “proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a 
menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, 
a partir de quatorze anos.” 
O texto constitucional define ainda dispositivo de eficácia limitada, não regulamentado, de proteção em 
face da automação, na forma da lei (CF, 7º, XXVII) e o reconhecimento das convenções e acordos 
coletivos de trabalho (CF, 7º, XXVI). 
 
Direitos relativos aos dependentes do trabalhador 
 
O trabalhador de baixa renda, nos termos da lei, tem o direito de receber o salário-família (CF, 7º, XII). 
Os filhos e dependentes dos trabalhadores fazem jus à assistência gratuita desde o nascimento até os 
cinco anos de idade em creches e pré-escolas (CF, 7º, XXV). 
 
Direitos de participação 
 
O inciso XI do artigo 7º da Constituição Federal assegura a gestão democrática como instrumento de 
participação do cidadão/empregado nos espaços públicos de que faz parte, por meio da participação na 
gestão da empresa, conforme definido em lei. O mesmo dispositivo prevê ainda a participação nos 
lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração. 
 
Nelma Fontana, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 04
PC-PB (Delegado) Direito Constitucional - 2021 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
 .
2
 
 
 
 
 
 
 
 22 
165 
1.4. DIREITO À SINDICALIZAÇÃO 
 
O direito à sindicalização é um dos direitos sociais coletivos dos trabalhadores urbanos, rurais e de 
colônia de pescadores. O aposentado também é titular do direito de sindicalização, podendo, inclusive, 
aquele que for filiado, votar e ser votado nas organizações sindicais. 
O artigo 8º da Constituição Federal assegura a liberdade de associação profissional ou sindical. Essa 
liberdade desvincula a criação de associação profissional ou de sindicato de qualquer espécie de 
autorização do Estado. Cabe à categoria profissional, observada a exigência constitucional, decidir pela 
criação do sindicato, bem como pela definição de sua base territorial, sendo a menor base a área de um 
município. 
É preciso ter cuidado: a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, mas 
poderá exigir o registro no órgão competente (atualmente é o Ministério do Trabalho). Tal registro 
objetiva apenas a garantia da unicidade, isto é, que só tenha um sindicato, por categoria profissional ou 
econômica, por base territorial. 
Com efeito, o registro da entidade sindical no Registro Civil das Pessoas Jurídicas é necessário para efeito 
de aquisição da personalidade civil. O registro no Ministério do Trabalho, para obtenção da 
personalidade sindical. 
Dito de outra forma, a liberdade de sindicalização permite a criação de sindicato, por decisão dos 
trabalhadores ou dos empregadores interessados, não havendo que falar em prévia autorização do Poder 
Público. Todavia, só será permita uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de categoria 
profissional ou econômica, na mesma base territorial, não podendo ser inferior à área de um Município. 
Cabe ao sindicato demonstrar que possui personalidade sindical antes de representar qualquer filiado. 
A liberdade sindical proíbe o Poder Público de interferir na organização sindical. De igual maneira, a 
liberdade assegura que ninguém poderá ser compelido a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato. 
Outro aspecto merecedor de destaque, que objetiva assegurar a liberdade sindical, é a estabilidade 
provisória no emprego dada ao empregado sindicalizado, que não poderá ser dispensado, salvo se 
cometer falta grave, nos termos da lei, a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou 
representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato 
Ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em 
questões judiciais ou administrativas. É obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações 
coletivas de trabalho. 
Para que o sindicato atue em defesa da categoria (interesse individual ou coletivo; em âmbito judicial ou 
extrajudicial), não é necessária prévia autorização da pessoa filiada, porque o sindicato atua sempre em 
substituição processual. 
Por fim, a Constituição Federal, no inciso IV do artigo 8º, autoriza a criação de duas distintas 
contribuições sindicais, uma criada pela assembleia geral, para custeio do sistema confederativo, e outra 
instituída por lei. 
A contribuição destinada a custear o sistema confederativo será descontada em folha e só poderá ser 
exigida de quem for sindicalizado. Nesse sentido, tem-se a Súmula Vinculante 40: 
Nelma Fontana, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 04
PC-PB (Delegado) Direito Constitucional - 2021 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br.
8
 
 
 
 
 
 
 
 23 
165 
 
“A contribuição confederativa de que trata o art. 8º, IV, da CF só é exigível dos filiados ao 
sindicato respectivo.” 
 
Por outro lado, a contribuição fixada em lei poderá ter natureza de tributo e ser exigida de filiados e de não 
filiados. Todavia, a Lei 13.467/2017 (Reforma Trabalhista) extinguiu a obrigatoriedade da contribuição 
sindical e condicionou o seu pagamento à prévia e expressa autorização dos filiados. O STF julgou a ADI 
5.794 procedente e declarou a constitucionalidade da citada lei. 
 
(2018/CESPE/PGM - João Pessoa – PB/Procurador do Município) A reforma trabalhista aprovada em 2017 
extinguiu a obrigatoriedade de contribuição sindical e condicionou seu pagamento à prévia e expressa 
autorização dos filiados ao sindicato. De acordo com o entendimento do STF, a referida reforma é 
A) incompatível com a CF, uma vez que fere a autonomia sindical. 
B) incompatível com a CF, uma vez que é necessária lei específica para a concessão de benefício fiscal. 
C) incompatível com a CF, pois, por tratar de normas gerais de direito tributário, o assunto deveria ser 
regulamentado por lei complementar. 
D) compatível com a CF, porque assegura a livre associação profissional ou sindical. 
E) compatível com a CF, porquanto o poder público é livre para interferir no sistema de organização 
sindical. 
 
Gabarito: D 
A Lei 13.467/2017 extinguiu a obrigatoriedade de contribuição sindical e condicionou seu pagamento 
à prévia e expressa autorização dos filiados ao sindicato. O STF, ao julgar a ADI 5.794, declarou a 
constitucionalidade da lei. 
 
(2017/IBFC/EBSERH/Advogado) Considere as normas da Constituição Federal sobre a liberdade de 
associação profissional ou sindical e assinale a alternativa correta. 
A) A lei poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, bem como o registro no órgão 
competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical 
B) É vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de categoria 
profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou 
empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um Município. 
C) Ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive 
apenas em questões judiciais. 
Nelma Fontana, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 04
PC-PB (Delegado) Direito Constitucional - 2021 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
 .
d
 
 
 
 
 
 
 
 24 
165 
D) A assembleia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será descontada 
em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva, limitada até o 
máximo independentemente da contribuição prevista em lei. 
E) É facultativa a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho 
 
Gabarito: B 
A) Errado. A lei não pode não pode exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato (artigo 
8º, I, da CRFB/88). 
B) Certo. A alternativa atende ao disposto no artigo 8º, inciso II, da Constituição, que dispõe sobre a 
unicidade. 
C) Errado. O sindicato representa a categoria em juízo ou fora dele. 
D) Errado. Não há previsão de limite no texto constitucional. 
E) Errado. É obrigatória a participação do sindicato em todas as negociações coletivas de trabalho. 
 
Direito de associação (art. 5º, XVII e outros) Direito de sindicalização (artigo 8º) 
Direito individual de expressão coletiva Direito social coletivo 
Direito de 1ª geração Direito de 2ª geração 
Não há restrição numérica na mesma base 
territorial 
Um sindicato, por categoria, por base territorial, sendo 
a menor base a área de um município. 
Depende de autorização do associado para fazer 
a representação. Quando atua em substituição 
processual, não depende de autorização do 
associado. 
Nunca depende da autorização dos associados, pois 
sempre atua em substituição processual. 
 
 
1.5. DIREITO DE GREVE 
 
A greve é direito de autodefesa do trabalhador em face de uma atuação repressiva e desproporcional do 
empregador, por meio da paralisação coletiva e organizada das atividades laborais. Daí ser classificada a 
greve como direito fundamental, tendo em vista que o trabalhador tem a segurança de imunidade acerca 
das consequências normais de não trabalhar. 
Nelma Fontana, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 04
PC-PB (Delegado) Direito Constitucional - 2021 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
 .
a
 
 
 
 
 
 
 
 25 
165 
A greve já foi considerada crime no Brasil, conforme disposto nos artigos de 204 a 206 do Código Penal de 
1890. As Constituições de 1824, 1891 e 1934 foram silentes a respeito do tema. A Constituição de 1937 
declarou a greve como nociva, antissocial e incompatível com os interesses superiores da produção 
nacional. 
A primeira Constituição a prescrever a greve dos trabalhadores como direito foi a de 1946. Tal ideia foi 
repetida na Constituição de 1967 e na Constituição de 1988. Ressalte-se, porém, que pela primeira vez o 
direito de greve foi estendido aos servidores públicos em 1988. 
O artigo 9º da Lei Maior assegura ao trabalhador o direito de greve, competindo-lhe decidir sobre a 
oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender. O direito de greve do 
servidor público está prescrito no artigo 37, VII, da CRFB/88, que condiciona o exercício do direito de greve 
a regulamentação estabelecida por lei infraconstitucional, como se verá. 
É preciso observar que é dado o direito de greve ao trabalhador. Empregador não tem direito greve. A 
paralisação das atividades por iniciativa do empregador, com vistas a impedir que os empregados 
adentrem nos recintos do estabelecimento empresarial para laborar é chamada lockout, prática vedada no 
Brasil, nos termos do artigo 722 da CLT e do artigo 17 da Lei de Greve (Lei 7.783/1989). 
O direito de greve do trabalhador esta previsto em norma constitucional de aplicabilidade imediata e 
direta, de alcance restringível por lei. Assim, é classificada a norma constitucional, segundo clássica 
definição de José Afonso da Silva, como de eficácia contida. 
Cabe aos trabalhadores a decisão de quando e por qual motivo paralisar as atividades (direito de 
liberdade, de aplicação imediata), não constituindo, segundo a Súmula 316 do STF, falta grave a simples 
adesão à greve. 
O § 1º do artigo 9º da CRFB/88 restringiu a liberdade de greve ao estabelecer que a “lei definirá os serviços 
ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.” 
A Lei 7.783/1989, com redação dada pela Lei 13.846/2019, regulamentou em seu artigo 10 quais 
serviços e atividades são considerados essenciais e não poderão ser interrompidos em sua totalidade. 
São eles: 
 
“Art. 10 São considerados serviços ou atividades essenciais: 
I - tratamento e abastecimento de água; produção e distribuição de energia elétrica, gás 
e combustíveis; 
II - assistência médica e hospitalar; 
III - distribuição e comercialização de medicamentos e alimentos; 
IV - funerários; 
V - transporte coletivo; 
VI - captação e tratamento de esgoto e lixo; 
VII - telecomunicações; 
Nelma Fontana, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 04
PC-PB (Delegado) Direito Constitucional - 2021 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
 .
 
 
 
 
 
 
 
 26 
165 
VIII - guarda, uso e controle de substâncias radioativas, equipamentos e materiais 
nucleares; 
IX - processamento de dados ligados a serviços essenciais; 
X - controle de tráfego aéreo; 
XI compensação bancária. 
XII - atividades médico-periciais relacionadas com o regime geral de previdência social e 
a assistência social; 
XIII - atividades médico-periciais relacionadas com a caracterização do impedimento 
físico, mental, intelectual ou sensorial da pessoa com deficiência, por meio da integração 
deequipes multiprofissionais e interdisciplinares, para fins de reconhecimento de 
direitos previstos em lei, em especial na Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015 (Estatuto da 
Pessoa com Deficiência); e 
XIV - outras prestações médico-periciais da carreira de Perito Médico Federal 
indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.” 
 
É de se notar que embora seja garantido o direito de greve, assim como os demais direitos fundamentais, 
seu exercício não é absoluto, de maneira que é preciso respeitar o bem comum, as necessidades 
inadiáveis da comunidade, razão por que caso a atividade laboral seja relacionada à sobrevivência, à saúde 
ou à segurança da população, não poderá ser interrompida por completo. Ademais, antes ser deflagrada a 
greve, nessas hipóteses de serviços ou atividades essenciais, cabe aos sindicatos ou aos trabalhadores 
fazer a comunicação à população com antecedência mínima de 72 horas da paralisação (artigo 13 da Lei 
7.783/1989). 
A limitação ao direito de greve também é encontrada no parágrafo 2º do artigo 9º da CRFB/88, segundo o 
qual os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei. A inobservância das normas 
contidas na Lei de Greve, sobretudo quanto aos serviços essenciais e ao respeito aos direitos 
fundamentais, bem como a manutenção da paralisação após a celebração de acordo, convenção ou 
decisão da Justiça do Trabalho constituem abuso do direito de greve e provocam a aplicação de 
penalidades. 
Compete à justiça do Trabalho julgar as ações que envolvam o exercício do direito de greve, nos 
termos do artigo 114, II, da Constituição Federal. Na mesma linha, foi editada a Súmula Vinculante 23: “A 
Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar ação possessória ajuizada em decorrência do 
exercício do direito de greve pelos trabalhadores da iniciativa privada.” 
 
 
 
(2018/INAZ do Pará/CREFITO-16ª Região (MA)/Advogado) De acordo com a Constituição Federal, no art. 
9º, o direito de greve é constitucionalmente garantido, contudo: 
Nelma Fontana, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 04
PC-PB (Delegado) Direito Constitucional - 2021 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
 .
 
 
 
 
 
 
 
 27 
165 
A) A Lei definirá quais os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades 
inadiáveis da comunidade. 
B) Pode ser exercido pelos trabalhadores, com anuência por parte do empregador. 
C) Compete aos trabalhadores a decisão de exercer tal direito, mediante assembleia instalada e votação 
realizada em dois turnos. 
D) Não há previsão de responsabilização por abusos. 
E) Somente poderá ser exercido com aquiescência da Justiça Trabalhista, mediante autorização prévia. 
 
Gabarito: A 
A) Certo. O § 1º do artigo 9º da CRFB/88 assim estabelece: “lei definirá os serviços ou atividades 
essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.” 
B) Errado. O exercício do direito de greve não está condicionado à anuência do empregador. 
C) Errado. A Constituição não traz nenhuma exigência de assembleia ou turnos de votação. 
D) Errado. A previsão de responsabilização em decorrência de abusos está expressa no parágrafo 2º 
do artigo 9º da CRFB/88. 
E) Errado. A norma que autoriza o exercício do direito de greve tem aplicabilidade imediata e não está 
condicionada à autorização da Justiça do Trabalho. 
 
Servidores Públicos 
 
O servidor público também tem direito de greve assegurado na Constituição Federal no artigo 37, inciso 
VII, como se vê: “O direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica.” 
Diferente do que foi dito em relação à greve do trabalhador, a norma constitucional que concede o direito 
de greve ao servidor público é de aplicabilidade mediata e depende de regulamentação de lei 
infraconstitucional para ser aplicada. Trata-se de norma constitucional de eficácia limitada, conforme 
decidido pelo Supremo tribunal Federal no MI 708. 
Por força de decisão judicial, a Lei 7.783/89, embora destinada a trabalhadores da iniciativa privada, está 
sendo aplicada aos servidores públicos, para que o exercício do direito de greve se concretize, até que lei 
específica regulamente o assunto. A citada lei é aplicável, inclusive, quanto ao desconto da remuneração 
dos dias de paralisação. 
O Supremo Tribunal Federal, em tese de repercussão geral, no RE 693.456, assim entendeu: 
 
“A administração pública deve proceder ao desconto dos dias de paralisação decorrentes do 
exercício do direito de greve pelos servidores públicos, em virtude da suspensão do vínculo 
funcional que dela decorre. É permitida a compensação em caso de acordo. O desconto será, 
contudo, incabível se ficar demonstrado que a greve foi provocada por conduta ilícita do Poder 
Público.” 
Nelma Fontana, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 04
PC-PB (Delegado) Direito Constitucional - 2021 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
 .
 
 
 
 
 
 
 
 28 
165 
 
Compete à Justiça Comum o julgamento das ações pertinentes ao exercício do direito de greve dos 
servidores públicos, ainda que celetistas. Sobre o assunto, o Supremo Tribunal Federal, no RE 846.854, 
firmou tese de repercussão geral: 
 
“A justiça comum, federal ou estadual, é competente para julgar a abusividade de greve de 
servidores públicos celetistas da Administração pública direta, autarquias e fundações 
públicas.” 
 
É preciso ter cuidado! Servidores públicos podem ser estatutários ou celetistas. De 1998, data de 
promulgação da Emenda Constitucional 19, até 2007, o artigo 39 da Constituição deixou de exigir que a 
Administração Pública adotasse regime jurídico único para os servidores públicos, razão pela qual foi 
permitido ter na Administração servidor público celetista. Ressalte-se que em 2007, foi deferida medida 
cautela na ADI 2.135, para suspender a eficácia do dispositivo. Em 2018, o mérito da ação foi julgado 
procedente, com efeito ex nunc, e o regime jurídico voltou a ser único. 
Com efeito, se a controvérsia a respeito do exercício do direito de greve envolver trabalhadores, a 
competência para julgar a causa será da Justiça do Trabalho, mas se envolver servidores públicos, 
ainda que celetistas, será da Justiça Comum, estadual ou federal, conforme envolva servidores 
municipais e estaduais ou federais, respectivamente. 
Por outro lado, se a greve envolver empregados públicos de empresa pública ou sociedade de 
economia mista, a competência será da Justiça do Trabalho. 
Resumindo: a quem compete julgar as ações que envolvam o direito de greve? Se a greve for feita por 
servidores públicos (estatutários ou celetistas), a competência será da Justiça Comum. Se envolver 
trabalhadores e empregados públicos, a competência será da Justiça do Trabalho. 
 
 
 
 
(2019/CESPE/PGE-PE) Considerando a jurisprudência dos tribunais superiores e a legislação de regência, 
julgue o item seguinte, referente ao Conselho de República, ao princípio da separação dos poderes e ao 
Poder Judiciário. A justiça comum estadual é competente para julgar abusividade de greve de servidores 
públicos celetistas da Procuradoria-Geral do Estado de Pernambuco. 
 
Gabarito: Certo. 
Nelma Fontana, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 04
PC-PB (Delegado) Direito Constitucional - 2021 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
 .
 
 
 
 
 
 
 
 29 
165 
Compete ao Poder Judiciário de Pernambuco o julgamento da ação de abusividade de greve de 
servidores públicos celetistas da PGE-PE. 
 
 
Militares e Segurança Pública 
 
O artigo 142, parágrafo terceiro, inciso IV, da Constituição Federal, proíbe a sindicalização e a greve ao 
militar, por se tratar de carreira do Estado imprescindível a manutenção da normalidade democrática, que 
não pode ser complementada ou substituída pela atividade privada. Os militares (estaduais ou da União) 
são o braço armado do Estado, ao qual se atribui a responsabilidade pela garantia da segurança

Continue navegando