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Marketing no Transporte de Passageiros SEST – Serviço Social do Transporte SENAT – Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte ead.sestsenat.org.br CDU 656.025.2:658.8 Curso on-line – Marketing no Transporte de Passageiros – Brasília: SEST/SENAT, 2016. 46 p. :il. – (EaD) 1. Transporte de passageiros - administração. 2. Marketing - administração. I. Serviço Social do Transporte. II. Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte. III. Título. 3 Sumário Apresentação 4 Unidade 1 | Transporte Público de Passageiros 5 1 O Que É Sistema de Transporte Público de Passageiros 7 2 Evolução do Modo Rodoviário e a Relação com o Transporte Público de Passageiros 8 3 Evolução do Modo Ferroviário e a sua Relação com o Transporte de Passageiros 10 Atividades 14 Referências 15 Unidade 2 | O Que é Marketing 16 1 Marketing: Conceito, Finalidade e Categorias 18 2 Acompanhamento dos Esforços de Marketing e os Princípios que Devem Ser Observados nos Sistemas de Transporte Público de Passageiros 20 Atividades 23 Referências 24 Unidade 3 | Marketing e o Transporte Público de Passageiros 25 1 Limitações do Transporte Público de Passageiros 27 2 Como Formular Estratégias de Marketing 29 Atividades 33 Referências 34 Unidade 4 | Programas de Marketing Aplicados ao Transporte Público de Passageiros 35 1 Programas de Marketing de Transporte de Passageiros 37 1.1 O Programa Passageiro-Cidadão 37 1.2 O Cartão Bom 38 1.3 Programa Diálogo Jovem 40 Atividades 43 Referências 44 Gabarito 45 4 Apresentação Prezado(a) aluno(a), Seja bem-vindo(a) ao curso Marketing no Transporte de Passageiros! Neste curso, você encontrará conceitos, situações extraídas do cotidiano e, ao final de cada unidade, atividades para a fixação do conteúdo. No decorrer dos seus estudos, você verá ícones que tem a finalidade de orientar seus estudos, estruturar o texto e ajudar na compreensão do conteúdo. O curso possui carga horária total de 30 horas e foi organizado em 4 unidades, conforme a tabela a seguir. Fique atento! Para concluir o curso, você precisa: a) navegar por todos os conteúdos e realizar todas as atividades previstas nas “Aulas Interativas”; b) responder à “Avaliação final” e obter nota mínima igual ou superior a 60; c) responder à “Avaliação de Reação”; e d) acessar o “Ambiente do Aluno” e emitir o seu certificado. Este curso é autoinstrucional, ou seja, sem acompanhamento de tutor. Em caso de dúvidas, entre em contato por e-mail no endereço eletrônico suporteead@sestsenat. org.br. Bons estudos! Unidades Carga Horária Unidade 1 | Transporte Público de Passageiros 8 h Unidade 2 | O Que É Marketing 7 h Unidade 3 | Marketing e o Transporte Público de Passageiros 8 h Unidade 4 | Programas de Marketing Aplicados ao Transporte Público de Passageiros 7 h 5 UNIDADE 1 | TRANSPORTE PÚBLICO DE PASSAGEIROS 6 Unidade 1 | Transporte Público de Passageiros d Você sabe quais foram os fatores históricos que viabilizaram os atuais sistemas de transporte público de passageiros? Conhece os meios de transporte alternativos aos ônibus? Nesta unidade serão abordados aspectos introdutórios acerca de sistemas de transporte público de passageiros. O aluno vai conhecer a evolução histórica dos sistemas de transporte que serviram de base para a implantação dos atuais sistemas de transporte público de passageiros. 7 1 O Que É Sistema de Transporte Público de Passageiros O serviço de transporte público de passageiros, atualmente, é oferecido por meio da circulação de ônibus pelas vias da cidade. O Transporte Rápido por Ônibus – BRT é um sistema de transporte que se desenvolve em faixas rodoviárias exclusivas para a circulação de ônibus e táxis. Há também o Veículo Leve sobre Trilhos – VLT, que é um trem urbano voltado para o transporte de passageiros e o Trem Ferroviário, usado para transporte de passageiros. O Transporte Rápido por ônibus – BRT, os ônibus e os carros de passeio circulam por meio da infraestrutura de transporte rodoviário. Quanto ao Veículo Leve sobre Trilhos e o Trem Ferroviário, são meios de transporte que se utilizam de trilhos. São essas as principais alternativas de transporte de passageiros para longas distâncias. O transporte público de passageiros tem papel social e econômico de grande importância e constitui um dos serviços essenciais à manutenção das cidades. Influencia a qualidade de vida da população e o crescimento econômico das cidades por meio da prevenção de acidentes, minimização da necessidade do uso indiscriminado do automóvel particular e do uso mais racional do solo urbano (FERRAZ; TORRES, 2004). Um bom sistema de transporte público pode proporcionar muitos ganhos econômicos para os usuários em termos de: • economia financeira em decorrência dos preços das passagens serem menores do que o custo para se adquirir e manter um carro próprio; • economia de tempo de deslocamento; • acesso a um número maior de localidades com potencial de empregabilidade. Ademais, os sistemas de transporte público viabilizam a chegada de funcionários aos seus locais de trabalho. A pontualidade dos funcionários gera ganhos indiretos para as empresas contratantes. Quando não há um bom sistema público para o transporte de funcionários, as empresas têm necessidade de oferecer este serviço. Com isso, os custos das empresas podem aumentar. 8 Os operadores de transporte público podem ser empresas públicas ou privadas habilitadas para tanto, e devem necessariamente apresentar os requisitos mínimos de infraestrutura para iniciar as operações. Os sistemas de transporte público são planejados antes de as empresas entrarem em operação. Estudos são realizados para identificar a demanda pelo serviço, considerando-se principalmente a origem e o destino dos usuários do serviço. Dessa forma, são estabelecidas as linhas de transporte ou rotas que os ônibus percorrerão no seu dia a dia. Registre-se que os estudos que avaliam a origem e o destino dos usuários do transporte público também dão suporte para a delimitação das melhores localizações dos pontos de parada dos ônibus. Levando em conta a demanda pelo transporte público, é estabelecida a quantidade mínima de ônibus em circulação para cada linha de transporte. Quanto maior for a demanda de uma determinada linha, maior deverá ser a quantidade de assentos disponíveis para o transporte de passageiros. Um bom sistema de transporte costuma ter como requisitos principais: a) quantidade de assentos ofertados que atendam à quantidade de passageiros; b) conforto dos veículos em circulação; c) idade da frota de veículos de acordo com as especificações dos órgãos de governo; d) valor módico da tarifa de transporte. 2 Evolução do Modo Rodoviário e a Relação com o Transporte Público de Passageiros O Brasil tem uma malha de transporte terrestre prioritariamente rodoviária. Isso se deu em decorrência da facilidade da execução das obras em pistas e pelo custo de sua implantação, expressivamente menor do que o de implantação de um sistema ferroviário (CONFEA, 2009). 9 O fato de o Brasil ter feito a opção de investir mais na infraestrutura rodoviária reflete- se na quantidade de veículos em circulação, seja para o transporte de passageiros, seja para o de cargas. Houve a decisão de realizar expressivos investimentos em construção de rodovias durante o século XX. A grande expansão ocorreu durante o governo de Getúlio Vargas. Em 1932, o então presidente da república colocou em execução algumas medidas voltadas para o cumprimento das metas de crescimento que ele estabeleceu para o país. Como o lema da sua campanha foi “Crescer 50 anosem cinco”, o presidente Getúlio Vargas determinou que o país fosse “rasgado” por rodovias de norte a sul (FGV, 2016). Os investimentos em expansão da infraestrutura rodoviária em princípio foram pensados com o intuito de viabilizar o desenvolvimento econômico do país, tanto para promover o recebimento de produtos importados quanto para melhorar as condições das vias para o escoamento da produção. Mesmo sendo algo focado no transporte de cargas, houve uma relevante melhoria das condições para o transporte de passageiros. A política de Getúlio Vargas foi acertada para o período, afirma Villela (2013). O tempo menor necessário para executar as obras, quando comparado aos tempos para construir ferrovias, foi um fator propulsor da industrialização no país. A política de Vargas se configurou como um dos casos de recuperação econômica precoce dos efeitos da Grande Depressão de 1929 (VILLELA, 2013). Os momentos históricos que merecem destaque são a década de 70, caracterizada pelas boas condições econômicas no Brasil – período denominado “Milagre Econômico”, e a década de 80, que ficou marcada pela grave recessão econômica – esse decênio ficou conhecido como “Década Perdida” (VELOSO; VILLELA; GIAMBIAGI, 2008). Esses movimentos econômicos impactaram diretamente nos investimentos em ampliação e manutenção das rodovias brasileiras. Enquanto na década do “Milagre Econômico” houve um grande implemento nas obras que vinham sendo executadas, a recessão ocorrida no período da “Década Perdida” levou à inexecução das ampliações previstas na malha rodoviária, havendo ainda uma falta de recursos para realizar as obras de manutenção. 10 Mais recentemente, houve a retomada dos investimentos para a ampliação da malha rodoviária, assim como investimentos em outras infraestruturas de transporte. Idealizado pelo presidente Luís Inácio da Silva, o Governo Federal lançou um pacote de investimentos em infraestrutura incluindo o modo rodoviário. Houve uma relevante ampliação da capacidade viária (MPOG, 2015). Posteriormente foram lançados o Programa de Investimento em Logística – PIL, o Programa em Investimento em Logística PIL 2 e o Programa de Aceleração do Crescimento – PAC 2. Tanto o PAC 2 quanto o PIL 2 vêm sendo desenvolvidos no âmbito do governo federal. Um dos fatores que impulsionam esses investimentos é a saturação da capacidade das vias rodoviárias. Como as diversas rodovias suportam usuários de transporte público de passageiros, passageiros circulando com veículo próprio e transportadores de cargas, inclusive em trechos que adentram o perímetro urbano, tornaram-se rotineiras as ocorrências de congestionamento. O transporte rodoviário de passageiros é conhecido pela sua má qualidade – esse fator vem elevando a demanda pela aquisição de veículos particulares, aumentando ainda mais os congestionamentos nas rodovias (FREITAS; REIS; RODRIGUES, 2011). Os grandes desafios do transporte rodoviário de passageiros, além da infraestrutura rodoviária, estão relacionados aos atributos de qualidade, como: tempo de viagem, segurança, conforto dos assentos e preço. 3 Evolução do Modo Ferroviário e a sua Relação com o Transporte de Passageiros Segundo o BNDES (1998), no Brasil, o transporte ferroviário de passageiros teve o seu primeiro operador durante os anos 1854. A operação era realizada somente nos trilhos da Estrada de Ferro Mauá. De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (2010), o advento da proclamação da república gerou um impulso para a construção de linhas férreas, principalmente durante a primeira metade do século 20. Na década de 50, a implantação de ferrovias sofreu uma inflexão devido à priorização dos investimentos no modo 11 rodoviário e baixo investimento estatal nas ferrovias. A partir da década de 70 o quadro passou a se agravar por sucessivos períodos e, em decorrência disso, o governo buscou solucionar o problema por meio do Programa Nacional de Desestatização (PND). Este entrou em vigor no ano de 1992 e consistiu na realização de leilões de ativos de empresas ferroviárias sob domínio estatal. Como a maior parte do investimento voltado para a ampliação da malha de transporte terrestre foi aplicada nas rodovias, o país se ressente de uma malha ferroviária ampla e abrangente. Existem apenas cinco empresas de transporte ferroviário de passageiros operando regularmente no Brasil. São elas: ESFECO Administração Limitada, América Latina Logística do Brasil S.A., Serra Verde Express Limitada, Estrada de Ferro Carajás e a Estrada de Ferro Vitória a Minas (ANTT, 2016). Uma solução alternativa criada para viabilizar a circulação de pessoas em grandes cidades é dada pelo denominado Veículo Leve sobre Trilhos – VLT, popularmente conhecido pelo nome “metrô”. Em face da baixa oferta de transporte ferroviário de passageiros e das necessidades atuais de mobilidade que as cidades apresentam, o Veículo Leve sobre Trilhos surgiu como importante meio alternativo a substituir o transporte rodoviário de passageiros. O VLT é uma versão reduzida do trem e apresenta algumas características específicas que o distinguem, conforme Tabela a seguir. 12 Tabela 1: Diferenças entre VLT (leve) e metrô (pesado) Fonte: Metrô-DF (2010) e sites oficiais das empresas metropolitanas /europeias apud Santos et al. (2011) O primeiro Veículo Leve sobre Trilhos brasileiro operou entre os anos 1990 e1995 na cidade de Campinas, em São Paulo. Atualmente há sete Veículos Leves sobre Trilhos em operação no Brasil: VLT do Cariri em Juazeiro do Norte, VLT de Cuiabá, VLT de Brasília, VLT do estado de São Paulo, VLT do estado do Ceará, VLT do Rio de Janeiro e VLT de Maceió. g Entenda mais sobre mobilidade urbana e transporte público, assista ao vídeo disponível no link a seguir. https://www.youtube.com/watch?v=pFaFFTxzsEw Itens VLT (metrô leve) Metrô (metrô pesado) Construção da via Ao mesmo nível da via de pedestre Altura diferenciada e necessita de plataforma Condições da via Piso com estrutura reforçada de concreto - Via não segregada Piso com estrutura reforçada de concreto e dormente Via segregada Desnível da via Cabines em harmonia com solo e outros modos de trasnporte Subterrâneo e via exclusiva Acesso a Carroceria e cabine do veículo Harmonia com solo (15cm) Distante do solo (90cm) Custo do veículo 2,5 milhões de dólares 25 milhôes de dólares Velocidade da via 50km/h 80km/h Condições de controle do Condutor Manual/ semiautomatizada Automatizada/ semiautomatizada 13 Resumindo Historicamente, o Brasil optou por investir na expansão da malha rodoviária como sendo a prioritária. Até hoje as rodovias são bastante importantes para o desenvolvimento econômico do país. O transporte público de passageiros pelo modo rodoviário se desenvolveu em parte devido à expansão da malha rodoviária no país. O transporte ferroviário de passageiros entrou em declínio e hoje, a maior parte das linhas ferroviárias são voltadas para o transporte de cargas. Com isso, surgiu o Veículo Leve sobre Trilhos – VLT que realiza o transporte de passageiros em meio urbano, sendo uma importante alternativa ao uso do ônibus. 14 a 1) O serviço de transporte público de passageiros atualmente é oferecido por meio da circulação de ônibus pelas vias da cidade, Transporte Rápido por Ônibus (BRT), um sistema de transporte via ônibus em faixas rodoviárias exclusivas para a circulação de ônibus e táxis. Além disso, há o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), um trem urbano voltado para o transporte de passageiros, e o Trem Ferroviário usado para transporte de passageiros. () Certo ( ) Errado 2) O trem pesado passou a substituir o Veículo Leve sobre Trilhos ao longo dos anos. ( ) Certo ( ) Errado 3) O transporte rodoviário de passageiros é atualmente conhecido pela sua má qualidade, fator que vem elevando a demanda pela aquisição de veículos particulares, aumentando ainda mais os congestionamentos nas rodovias. ( ) Certo ( ) Errado 4) O transporte ferroviário entre cidades do interior detinha 7 bilhões de passageiros em 1954 e passou a ter 1,5 bilhões no início do ano de 1992. ( ) Certo ( ) Errado 5) O Brasil optou por investir majoritariamente na expansão da malha do transporte ferroviário. ( ) Certo ( ) Errado Atividades 15 Referências BLOG LUZ. O que são os 4 Ps, Marketing Mix ou Composto de Marketing. Portal da internet, 2016. Disponível em: <http://blog.luz.vc/o-que-e/4-ps-marketing-mix-ou- composto-de-marketing/>. Acesso em: 18 abr. 2016. BRASIL. Emenda Constitucional nº 90, de 15 de setembro de 2015. Brasília, 2015. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Emendas/Emc/ emc90.htm>. Acesso em: 15 abr. 2016. 16 UNIDADE 2 | O QUE É MARKETING 17 Unidade 2 | O Que é Marketing d Você sabe o que é marketing? Sabe quais são os principais objetivos do marketing? Sabe quais são os princípios que o marketing no transporte público de passageiros deve observar? Nesta unidade serão abordados os principais conceitos de marketing, seus objetivos e finalidades, de modo que o leitor apreenda de maneira correta o seu significado. Sendo um serviço, o transporte público de passageiros é um excelente tema a ser trabalhado pelo marketing e vem reunindo esforços de vários profissionais, na missão de promover um serviço que corresponda de modo mais adequado às necessidades dos usuários. 18 1 Marketing: Conceito, Finalidade e Categorias Segundo Chantered Institute of Marketing (CIM, 2000), do Reino Unido, “Marketing é o processo de gestão que identifica, antecipa e atende às necessidades dos clientes eficiente e lucrativamente”. A atividade do marketing é fazer com que os produtos e serviços cheguem ao consumidor final de maneira a satisfazê-los, tendo a intenção de manter o vínculo com a empresa e fornecendo um retorno financeiro para as companhias. Kotler (2001) apresenta as três principais finalidades do marketing: 1. O marketing procura o equilíbrio entre a oferta e a demanda. 2. O marketing não é a arte de descobrir maneiras inteligentes de descartar-se do que foi produzido. Marketing é a arte de criar valor genuíno para os clientes. É a arte de ajudar os clientes a tornarem-se ainda melhores. 3. Marketing é a função empresarial que identifica necessidades e desejos insatisfeitos, define e mede sua magnitude e seu potencial de rentabilidade, especifica que mercados-alvo serão mais bem atendidos pela empresa, decide sobre produtos, serviços e programas adequados para servir a esses mercados selecionados e convoca todos da organização para pensar no cliente e atender ao cliente. e Os principais conceitos que são relacionados ao marketing são: as necessidades, os desejos, as demandas, os produtos, as trocas, as transações e os mercados. O conceito mais básico entre eles é o das “necessidades”. Os estudos de Abraham Maslow apresentam um arcabouço teórico para hierarquizar as principais necessidades dos indivíduos – a “Pirâmide das necessidades”, conforme figura a seguir. 19 Como a função do marketing é identificar e satisfazer os desejos dos consumidores, ele vem evoluindo e atualmente se distinguem três categorias com objetivos específicos: 1. Marketing de resposta: o objetivo desta categoria é identificar a demanda dos clientes para que a empresa possa se organizar de modo a ofertar o produto com as características que satisfaçam as necessidades percebidas. 2. Marketing de previsão: esta categoria se dedica a avaliar as potencialidades dos mercados por meio da criação de cenários prospectivos visando antecipar futuras demandas. 3. Marketing de criação de necessidades: é a categoria que busca oferecer produtos ainda não demandados. Seu sucesso advém de muitos esforços de publicidade e propaganda. Pode-se dizer que é uma categoria que tem como objetivo essencial a consolidação de um produto inovador no mercado. 20 2 Acompanhamento dos Esforços de Marketing e os Princípios que Devem Ser Observados nos Sistemas de Transporte Público de Passageiros Os esforços de marketing devem sempre ser acompanhados para verificar a sua real efetividade quanto aos resultados obtidos. A melhor forma de fazer este acompanhamento é consultar os indicadores operacionais da empresa antes e depois da aplicação de medidas de marketing. Entre eles, destacam-se: • A demanda: deve-se avaliar os gostos dos consumidores para adequar os produtos às necessidades do mercado. • Parcela de mercado: o estudo de marketing deve avaliar o mercado por meio da identificação dos percentuais de mercado que as principais empresas detêm – este é um indicador tradicional que serve de termômetro para posicionar a competitividade da empresa em relação aos seus concorrentes. • As vendas: devem ser avaliadas de maneira estratificada, ou seja, separando-se os diferentes públicos, para identificar quais são os principais demandantes dos produtos. • Imagem: a imagem da empresa é um fator que deve ser devidamente gerenciado. A percepção dos consumidores em relação à empresa pode ser decisiva na procura pelos produtos. O marketing é essencial para qualquer organização, seja pública ou privada. Desse modo, o marketing é uma poderosa ferramenta de atração de demandantes, que também é utilizado no transporte público de passageiros. Segundo a Emenda Constitucional nº 90, de 15 de setembro de 2015, em seu Art. 6º, o transporte passa a ser um direito social juntamente com a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados na forma desta Constituição. Os objetivos do marketing no transporte público são atrair mais público, reter os atuais demandantes do serviço e dar maior proteção aos usuários. 21 Recentemente houve uma queda na demanda por transportes públicos, especialmente nos ônibus. Isso decorreu da opção por deslocamentos a pé ou por bicicletas, adotada por partes dos segmentos mais pobres da população. Já na classe média, houve uma migração do transporte público para deslocamentos por meio de motos e automóveis, cuja expansão se explica pelos estímulos econômicos dados à indústria automobilística e à falta de qualidade do transporte público. Para Travassos (2005), a bibliografia sobre o marketing de serviços apresenta quatro princípios que se aplicam às peculiaridades do transporte público por ônibus: • Intangibilidade: o serviço de transporte público não pode ser previamente avaliado pelos usuários. Os clientes podem até buscar evidências que possam dar uma ideia sobre a qualidade do serviço, porém, somente podem fazer uma avaliação após o seu consumo, ou seja, após ter realizado pelo menos uma viagem. • Inseparabilidade: a produção e o consumo ocorrem ao mesmo tempo. Como se trata de um serviço, há uma interação do prestador de serviço (motorista e cobrador) executando a sua atividade e os demandantes (passageiros). • Variabilidade: a atividade é de difícil padronização, uma vez que ocorrem diversas condições que não são facilmente gerenciáveis, tais como: tráfego, tempo de embarque, variação na quantidade de passageiros, tempo de desembarque,entre outros fatores. • Perecibilidade: Os serviços não podem ser estocados, isto é, uma vez oferecidos e não consumidos, perdem-se. Desse modo, a demanda é um fator extremamente sensível. Assim, é preciso considerar que o marketing no transporte público de passageiros é extremamente complexo, exigindo esforços no trabalho com dois tipos de demanda, dos usuários típicos do transporte público e dos que não o utilizam em seu cotidiano. g Assista a um interessante vídeo sobre marketing, acesse o link a seguir e confira! https://www.youtube.com/watch?v=PL8QnM269Ck 22 Então, como podemos constatar nessa unidade, o marketing trabalha para adequar os produtos às necessidades dos consumidores. O transporte público apresenta peculiaridades que podem ser exploradas por esforços de marketing. Resumindo O principal objetivo do marketing é fazer com que os produtos e serviços cheguem ao consumidor final de maneira a satisfazê-lo, levando-o a manter o vínculo com a empresa e assegurar um retorno financeiro para as companhias. Os consumidores apresentam níveis diferentes de necessidades, devidamente identificados por Maslow e dando origem à “Pirâmide de necessidades”. Os esforços de marketing aplicados ao transporte público de passageiros devem observar 5 especificidades: intangibilidade, inseparabilidade, variabilidade e perecibilidade. 23 a 1) O marketing não é a arte de descobrir maneiras inteligentes de descartar o que foi produzido. Marketing é a arte de criar valor genuíno para os clientes. É a arte de ajudar os seus clientes a tornarem-se ainda melhores. ( ) Certo ( ) Errado 2) Intangibilidade, inseparabilidade, variabilidade e perecibilidade são princípios que embasam a “Pirâmide das necessidades”. ( ) Certo ( ) Errado 3) É um princípio relacionado ao marketing de serviços que se aplica às peculiaridades do transporte público por ônibus. Marque a correta: a.( ) Razoabilidade b. ( ) Eficiência c. ( ) Inseparabilidade d. ( ) Transparência e. ( ) Todas as alternativas anteriores. 4) Os principais conceitos que são relacionados ao marketing são: as necessidades, os desejos, as demandas, os produtos, as trocas, as transações e os mercados. ( ) Certo ( ) Errado 5) Os objetivos do marketing no transporte público são de atrair mais público, reter os atuais demandantes do serviço e dar maior proteção. ( ) Certo ( ) Errado Atividades 24 Referências FACCHINI, E.; BERARDI, F. N. As instituições e a obrigação no MKT como ferramenta de apoio do setor de transportes. In: ANTP. Comunicação e marketing. São Paulo: ANTP (Série Cadernos Técnicos, vol. 11), 2013. KOTLER, P. Marketing para o século XXI. 6ª ed. São Paulo: Futura, 2000. ________. Administração de marketing: análise, planejamento, implementação e controle. São Paulo: Atlas, 1991. 25 UNIDADE 3 | MARKETING E O TRANSPORTE PÚBLICO DE PASSAGEIROS 26 Unidade 3 | Marketing e o Transporte Público de Passageiros d Você sabe quais são os principais problemas do transporte público de passageiros? Sabe identificar os pontos de melhoria no transporte público de passageiros? Conhece os princípios que orientam as atividades de marketing? Como vimos na unidade anterior, o marketing trabalha com tudo que diz respeito à necessidade do consumidor, de modo a satisfazer a sua vontade. Nesta unidade iremos abordar os principais pontos que são objetos de trabalho do marketing no transporte público de passageiros. 27 1 Limitações do Transporte Público de Passageiros Há muitos pontos que pesam negativamente no transporte público de passageiros. No entanto, cabe aos profissionais de marketing transformar essas limitações em oportunidades de melhoria para que o transporte público tenha cada vez mais demanda. As mudanças de meio de transporte ocorridas nos últimos anos por parte dos usuários são fortemente impulsionadas pelas limitações existentes no transporte público. Segundo Travassos (2011), o transporte público apresenta particularidades, que são pontos de ajuste, com potencial para serem explorados pelo marketing. • Consumo intensivo: o transporte público é um serviço que é consumido diariamente por seus usuários, caracterizando a “compra repetida”, grande oportunidade para realizar trabalhos de marketing, uma vez que o serviço acaba sendo testado no dia a dia. Qualquer falha no serviço pode ser vista como algo rotineiro, e causar uma má percepção por parte do usuário. • Consumo coletivo: o serviço de transporte público é massificado, desse modo, é recorrente a formação de grupos bastante heterogêneos, com expectativas diferenciadas quanto à qualidade do serviço. Essa falta de personalização do serviço muitas vezes acaba sendo um fator determinante para a escolha do meio de transporte. Os passageiros mais exigentes tendem a buscar formas mais confortáveis de deslocamento. • Baixa qualidade dos serviços: os principais problemas recorrentes no transporte público estão relacionados às próprias especificidades dos sistemas, tais como: lotação, intervalos de passagem entre cada ônibus, problemas mecânicos nos veículos, formas de conduzir eventualmente desconfortável para os passageiros, entre outros. Esses fatores levam o transporte público a perder pontos em conforto, conveniência, segurança e, até mesmo, em modicidade tarifária nas cidades onde não há integração. 28 • Pagamento antecipado: o pagamento antecipado por parte do usuário é uma característica do transporte público. Isso implica no pagamento de um serviço antes da sua prestação, sem que haja parâmetros quanto à qualidade do serviço a ser prestado naquele momento. Podem acontecer situações em que algum problema mecânico vá obrigar os usuários a trocarem de veículo – do ponto de vista do marketing, esta situação caracteriza certa precariedade na prestação do serviço. • Uso intensivo dos recursos humanos: o transporte público faz uso intensivo de seus recursos humanos, pois tanto o cobrador quanto o motorista encaram extensas jornadas de trabalho em meio ao trânsito das grandes cidades. Este é um fator que influencia negativamente na qualidade do serviço prestado – o estresse causado pelas condições de trabalho costuma levar os trabalhadores do transporte público a dedicar um tratamento ruim aos usuários. • Elevada exposição ao cliente: uma das maiores peculiaridades do transporte público é a atuação direta dos funcionários de menor qualificação junto aos consumidores, enquanto os funcionários de melhor qualificação sequer interagem com os usuários. • Padronização do serviço: há uma forma espacialmente dispersa da operação, dificultando a supervisão dos serviços e o controle do pessoal envolvido diretamente na operação. Cada linha atua como se fosse uma unidade independente de negócio – um ônibus se torna o microambiente onde os motoristas e cobradores interagem com os clientes, com grande liberdade. Nessas condições, há muita dificuldade para padronizar o serviço prestado. • Características do público-cliente: a maior parte dos usuários de transporte público são de segmentos da população de menor renda, que sofrem com a oferta de vários outros serviços prestados se forma insatisfatória. É comum alguns usuários projetarem toda a sua insatisfação nos operadores do transporte público – desse modo, há a possibilidade de tensões no relacionamento entre os funcionários e os usuários. Há também uma parcela da classe média que utiliza o transporte público apenas até que consiga adquirir um veículo próprio. • Baixo nível gerencial: a preocupação coma imagem da empresa e com o atendimento ao cliente ainda é um fator incipiente, mas, já vem sendo trabalhada por algumas empresas de transporte público. 29 2 Como Formular Estratégias de Marketing Uma vez feita a pesquisa de mercado, são identificadas as fraquezas do transporte público, por exemplo. É preciso montar uma estratégia de marketing para transformar as fraquezas em oportunidades de melhoria. Uma das maneiras mais tradicionais de elaborar uma estratégia de marketing é por meio dos 4 P: produto ou serviço; preço ou tarifa; ponto ou praça e promoção, conforme segue. g O produto ou serviço é o principal fator de competição entre as organizações. Os diferenciais de um produto e/ou serviço são capazes de aumentar a demanda de uma organização em detrimento da diminuição de outra e vice-versa. Em relação ao transporte público, podem-se relacionar: a escolha da tecnologia empregada; a forma e os horários de atendimento aos usuários; a programação das paradas; as conexões existentes; a integração das viagens; a definição das rotas. 30 O preço ou tarifa é um fator relevante uma vez que o transporte público é um serviço que detém uma demanda contínua. O valor da tarifa é uma das principais preocupações das agências reguladoras que buscam equacionar a cobertura dos custos de operação das empresas de ônibus e o estabelecimento de valores módicos para a tarifa de transporte público. Para Facchini e Berardi (2011), embora as tarifas de serviço público sejam manipuladas via de regra pelo governo, é fundamental que elas tenham uma adequada correlação preço-qualidade do serviço. Ponto ou praça é o ponto de escolhido para a distribuição de modo a proporcionar maior acessibilidade aos produtos ou serviços. Em se tratando de transporte público de passageiros, as praças são as linhas às quais são ofertados os serviços de transporte aos usuários. Cabe ressaltar que os itinerários das linhas são determinados pelas agências reguladoras. A promoção é um mecanismo válido no transporte de passageiros, e eventualmente ocorre no Transporte Interestadual de Passageiros com o aval da Resolução ANTT n.º 1.928, de 28 de março de 2007 (BRASIL, 2007). Um fator importante para a efetividade das promoções é a realização de ampla divulgação, por meio de mapas, catálogos, panfletos e páginas na internet, sobre as informações. Segundo Silva (2011), além das questões de mercado, melhorar a qualidade e a eficiência do transporte público é importante no sentido de alterar os hábitos dos viajantes. O primeiro passo, maior utilização do transporte público, pode ser a captação de pessoas que já têm predisposição para utilizá-lo, mas que não o fazem por deficiência específica (falta de qualidade/confiabilidade). O entendimento das relações entre consumidores e ofertantes de produtos ou serviços e a importância dos mecanismos de marketing são reforçados por Kotler (2000). Segundo o autor, o produto ou oferta alcançará êxito se proporcionar valor e satisfação ao comprador-alvo. Valor aqui não é necessariamente o monetário, e sim a razão entre o que o cliente recebe e o que ele dá em troca. Na comunicação dos serviços públicos há ainda a necessidade de explicar por que se está entregando determinado valor já que, muitas vezes, a relação entre expectativa e produto/serviço entregue não está equalizada. 31 Algumas vezes se percebe a expectativa por ônibus confortáveis, limpos, vazios, no horário desejado, e o mais próximo possível da porta de sua casa. Na prática, sabemos que a tudo isso não é possível atender. Se a comunicação social não equalizar essa relação entre serviço oferecido e expectativa, teremos um perverso ciclo de insatisfação, seguido de má avaliação e, em último caso, de evasão. Ainda segundo Kotler (2000), o valor de um produto ou serviço pode ser entendido por meio das demandas latentes dos seus usuários. Os sistemas de transporte devem apresentar não só qualidade em nível de serviço, mas também gerar empregos, renda, e reduzir a emissão de poluentes do ar em relação aos antigos sistemas de transportes e mobilidade urbana. O marketing evoluiu de acordo com as demandas dos consumidores. Tabela 2: Comparação entre marketing 1.0, 2.0 e 3.0 Fonte: Portal do Marketing, 2016. Marketing 1.0 Centrado no produto Marketing 2.0 Orientado no consumidor Marketing 3.0 Guiado por valores Objetivos Vender produtos Satisfazer e reter clientes Fazer um mundo melhor Forças Revolução industrial Tecnologia da informação Tecnologia de uma nova era Mercado Compradores em massa Necessidades físicas Consumidor com coração e mente Consumidor com coração, mente e espírito Conceito Chave Desenvolvimento de produto Diferenciação Valores Função da área de Marketing Especificação do produto Posicionamento do produto e empresa Missão, visão e valores Proposição de valor Funcional Funcional e emocional Funcional, emocional e espiritual interação com consumidores Transações um-para- muitos Relacionamentos um- para-um Colaboração muito- para-muitos 32 Atualmente, o Marketing 3.0 está em vigor uma vez que apresenta objetivos mais amplos do que somente atender às necessidades particulares de consumo dos consumidores. g Conheça mais sobre os 4 P do marketing, acessando o link a seguir, e assista a um interessante vídeo. https://www.youtube.com/watch?v=We9yvIj2fcA Resumindo O transporte público apresenta diversos pontos falhos que podem ser transformados em oportunidades de melhoria do serviço, a serem explorados pelo marketing. Os 4 P do marketing significam: produto, preço, promoção e praça. Estas são a base para montar a estratégia de melhoria no atendimento das necessidades dos consumidores. Como o marketing visa atender às necessidades dos consumidores, houve uma evolução nos objetivos do marketing devido às novas demandas. Considerando essa evolução, pode-se classificar o marketing em 1.0, 2.0 e 3.0. 33 a 1) O transporte público é um serviço que é consumido diariamente por seus usuários, fato este que caracteriza a “compra repetida”. ( ) Certo ( ) Errado 2) O que significa os 4 P do marketing? Marque a alternativa correta. a. ( ) Promoção, Preço, Posto e Paridade. b. ( ) Produto, Preço, Promoção e Praça. c. ( ) Praça, Paridade, Promoção e Produto. d. ( ) Prioridade, Preço, Promoção e Praça. 3) Não há pagamento antecipado por parte do usuário no transporte público. ( ) Certo ( ) Errado 4) Além das questões de mercado, melhorar a qualidade e a eficiência do transporte público é importante no sentido de alterar os hábitos dos viajantes. ( ) Certo ( ) Errado 5) No transporte público de passageiros, os profissionais que tratam diretamente com os consumidores detêm elevado nível de escolaridade. ( ) Certo ( ) Errado Atividades 34 Referências BRASIL. Revisão da Resolução ANTT nº 1.928 de 28 de março de 2007. Brasília, 2007. Disponível em: <http://appweb2.antt.gov.br/resolucoes/03000/resolucao1928_2007. htm>. Acesso em: 16 abr. 2016. CIM – CHANTERED INSTITUTE OF MARKETING. Marketing in the world. Portal da internet, 2016. Disponível em: <http://www.cim.co.uk/cim/index.cfm>. Acesso em: 5 abr. 2016. SILVA, A. N. R. Explorando Técnicas para a localização e identificação de potenciais usuários de transporte público urbano. Universidade de São Paulo. São Carlos, 2011. PORTAL DO MARKETING. Sobre o Marketing. Portal da internet, 2016. Disponível em: <www.portaldomarketing.com.br>. Acesso em: 14 abr. 2016. 35 UNIDADE 4 | PROGRAMAS DE MARKETING APLICADOSAO TRANSPORTE PÚBLICO DE PASSAGEIROS 36 Unidade 4 | Programas de Marketing Aplicados ao Transporte Público de Passageiros d Você já ouviu falar que há programas de marketing aplicados aos sistemas de transporte público de passageiros? Conhece algum deles? Esta unidade irá apresentar alguns programas de marketing aplicados aos sistemas de transporte público de passageiros. O aluno terá acesso a casos reais de implantação de sistemas, à forma como foram constituídos e a suas implicações práticas. 37 1 Programas de Marketing de Transporte de Passageiros Atualmente há diversos programas de marketing voltados para a promoção do transporte público de passageiros. Como o objetivo do marketing do transporte público de passageiros é reter a demanda existente e captar novos usuários, os programas atualmente vigentes objetivam deixar o transporte público mais atraente aos usuários. No Brasil, entre os programas de marketing voltados para o transporte público de passageiros existentes hoje, podemos destacar: O Passageiro-Cidadão, o Cartão Bom e o Diálogo Jovem. 1.1 O Programa Passageiro-Cidadão Esse programa vem sendo desenvolvido no município de Angra dos Reis desde o ano de 2011. O objetivo deste programa é realizar a prestação de um serviço de transporte público de qualidade cobrando o valor tarifário de R$ 1,00. Para ter acesso ao benefício do programa, o usuário do transporte público deve realizar um cadastro para solicitar um cartão magnético que serve para validar os dados do usuário e o seu respectivo saldo disponível. O simples fato de o programa ter entrado em vigor gerou um aumento na demanda em cerca de 30%. De acordo com informações fornecidas pela Prefeitura de Angra dos Reis (2014), a quantidade total de usuários registrou 100 mil usuários no mesmo ano. Nota-se que a redução da tarifa gerou uma mudança no comportamento dos passageiros, que passaram a dar preferência ao sistema de transporte público. Isso apenas pôde ter viabilidade com o paralelo ajuste da qualidade e do aumento da capacidade de transporte do sistema, como um todo. Os resultados dessas ações foram os ganhos que a cidade obteve com: a diminuição da emissão de gases poluentes, a diminuição dos congestionamentos e o aumento da economia dos usuários do transporte. A diminuição do preço das passagens impactou 38 diretamente o poder de compra dos usuários – a economia gerada vem sendo um importante fator de formação de poupança e de consumo de bens e serviços no município. 1.2 O Cartão Bom O Cartão Bom é uma iniciativa do governo do estado de São Paulo no sentido de implantar um sistema de bilhetagem magnética. O sistema funciona nas linhas que integram 39 municípios da região metropolitana do estado. O Cartão Bom é composto por 8 tipos de serviço diferentes, cada um voltado para o atendimento das necessidades do perfil do usuário em questão. Desse modo, existem cartões personalizados, sendo eles: a) o Bom Vale-Transporte, que é voltado para a concessão de créditos para o transporte por parte dos contratantes aos seus funcionários; b) o Bom Empresarial, que proporciona a inclusão de créditos, podendo ser utilizado por profissionais não necessariamente funcionários da empresa, entre eles consultores e mão de obra temporária; c) o Bom Comum, que é voltado para os cidadãos comuns; d) o Bom Escolar, que é voltado para a inclusão de créditos de transporte para alunos e professores com o benefício do desconto de 50% sobre as tarifas de transporte; e) o Bom Sênior, que é voltado para a concessão de gratuidade às pessoas com idade superior a 60 anos; f) o Bom Especial, que é o cartão que concede gratuidade aos menores de 16 anos de idade e às pessoas portadoras de necessidades especiais; g) o Bom Municipal, que é o cartão voltado para os municípios que aderiram ao sistema, com diferentes regras de utilização em relação ao padrão normal; 39 h) o Bom+, que é um cartão que tem as funcionalidades do cartão para o transporte e que ainda tem o serviço de débito – desse modo, o cartão serve tanto para uso nos meios de transporte quanto para realizar pagamentos em geral. Segundo Sganzerla (2013), atualmente o sistema conta com 4 milhões de cartões em circulação. A implantação do sistema Bom foi realizada em 7 etapas, cada uma delas devidamente planejada conforme o objetivo almejado. • Na etapa 1, o departamento de marketing responsável pelo projeto buscou uma estratégia de divulgação do novo sistema por meio das mídias sociais (Facebook, YouTube e outros meios virtuais de comunicação), e também por meio das mídias convencionais, como rádio e TV. • Na segunda etapa, a equipe de marketing do Cartão Bom precisou contratar uma empresa de consultoria especializada para realizar as atividades essenciais a uma boa publicidade, tais como: selecionar as mídias mais adequadas para atingir o público-alvo, fazer a correta definição do conteúdo a ser divulgado, e dar as orientações gerais relativas às linhas editoriais, com a linguagem adaptada para as mídias sociais. • Na terceira etapa, a empresa de consultoria, juntamente com a equipe de marketing do Cartão Bom, montou uma plataforma virtual que criou uma interface que dava acesso gratuito a diversos eventos culturais e locais de lazer no estado de São Paulo – foi denominada “Construção do mundo Bom”, já introduzindo o nome do cartão que se pretendia desenvolver. • Na quarta etapa, decidiu-se que a publicidade virtual seria feita em apenas 9 sites – os escolhidos foram: o Facebook, o Orkut, o Twitter, o YouTube, o Google+, o Instagram, o Flickr e o WordPress. • Na quinta etapa, foi necessário contratar um profissional de marketing digital para montar e ajudar na consolidação das equipes que ficassem responsáveis pelo atendimento às eventuais perguntas que chegassem por meio magnético. • Na etapa 6, foram realizadas palestras motivacionais e de boas práticas em mídias sociais para a equipe interna, de modo a dar um melhor esclarecimento e motivação para a equipe de trabalho. 40 • Ne etapa 7, foi realizada a campanha de lançamento oficial do Cartão Bom, que contou com a divulgação já existente nas mídias sociais, mas sobretudo em locais físicos como panfletos, outdoors, vidros traseiros de ônibus, entre outros. Nota-se que o todo o processo demandou a atuação de diversos profissionais para adequar os meios de comunicação, sobretudo, a própria imagem do produto em questão. A ampla divulgação, o nível de personalização do cartão para adaptá- lo a diversos perfis de usuários, e o lançamento de um conceito de bem-estar aliado ao cartão foram fatores essenciais para a aceitação do Cartão Bom nas operações cotidianas, por parte dos usuários. 1.3 Programa Diálogo Jovem Idealizado e lançado pela FETRANPOR, o Programa Diálogo Jovem objetiva promover a comunicação entre os usuários do transporte público de passageiros e os principais agentes atuantes no controle do sistema operacional, de modo que se possam conhecer de forma precisa os pontos críticos. Este programa surgiu em 2012 com a missão de inserir os jovens nesse contexto, para incentivar a formação de jovens com papel de liderança e com capacidade para intermediar o diálogo entre os usuários e as entidades de controle. Segundo Vaz e Genari (2013), o diálogo entre a juventude e as entidades do transporte se tornou algo bastante positivo. As entidades passaram a incorporar em seu planejamento estratégico as opiniões públicas captadas nos diálogos realizados com os usuários. Houve benefícios diretos e indiretos. Os benefícios diretos que foram gerados estão relacionados à governança e à comunicação institucional.Já os benefícios indiretos estão relacionados às melhorias na gestão de pessoas, nos aspectos relacionados aos negócios e qualidade da prestação do serviço, conforme a Figura a seguir. 41 Tabela 3: Os impactos gerados pela participação das opiniões dos usuários de transporte público Fonte: Vaz e Genari, 2013. IMPACTOS INDIRETOS IMPACTOS INDIRETOS Governança Gestão de Pessoas Negócios Dinamizou a gestão Reduziu a rotatividade do setor Fidelizou os clientes atuais Promoveu a cultura da inovação Capacitou, fortalceu e valorizou colaboradores Conquistou futuros clientes Compartilhou conhecimentos Tornou o setor de transporte mais atrativo para atuais e novos talentos Ofereceu outros produtos e serviços Integrou os agentes interessados ao planejamento estratégico do Sistema Adotou tecnologias sustentáveis Incorporou as contribuições de cada agentes interessado ao sistema Otimizou recursos Promoveu um ambiente de trabalho transparente Integrou o ônibus aos demais modos de transporte Melhorou a gestão socioambiental Promoveu o conhecimento sobre mobilidade Comunicação Institucional Qualidade Melhorou a imagem do Sistema Melhorou a qualidade do atendimento Aprimorou a comunicação interna e externa Reduziu o índice de acidentes 42 Este programa partiu de uma ideia simples e se mostrou bastante efetivo. O setor de marketing e planejamento estratégico das instituições passaram a se orientar com base nos relatos dos jovens que participavam. Essa é uma excelente forma para saber quais são as reais limitações, mas é importante ressaltar que a organização das instituições foi o fator-chave. O devido cuidado com as informações levantadas e a inclusão no planejamento requerem critérios robustos. O interesse da FETRANSPOR em promover o diálogo entre os usuários é o fator-chave. No fim, os ganhos são compartilhados entre os agentes públicos e os usuários do serviço de transporte. Os agentes públicos ganham um excelente subsídio para realizar o planejamento e os usuários se favorecem pela certeza de que serão ouvidos e de que suas ideias serão incorporadas para fins de realização de melhorias no transporte público de passageiros. g Entenda mais sobre a importância da qualidade do transporte público. Assista ao interessante vídeo disponível no link a seguir. Confira! https://www.youtube.com/watch?v=oXoQCot1FEw Resumindo O principal objetivo desta unidade foi apresentar os programas de marketing no sistema de transporte público. Considerando os exemplos de programas implantados, fica claro que uma maneira de atrair mais usuários é melhorar a qualidade do sistema e diminuir o preço das tarifas de transporte. Um dos esforços mais relevantes apresentados é a comunicação entre os usuários e os agentes públicos. Dessa forma, possibilidades de melhoria podem ser mais facilmente identificadas e implantadas. 43 a 1) O Passageiro-Cidadão é um programa de marketing aplicado ao transporte público. ( ) Certo ( ) Errado 2) O programa Passageiro-Cidadão não gerou mudanças significativas na demanda após a sua implantação. ( ) Certo ( ) Errado 3) O Cartão Bom é uma iniciativa do governo do estado de São Paulo no sentido de implantar um sistema de bilhetagem magnética. ( ) Certo ( ) Errado 4) Na quinta etapa, a equipe de marketing do Cartão Bom precisou contratar uma empresa de consultoria especializada para realizar atividades essenciais para realizar uma boa publicidade. ( ) Certo ( ) Errado 5) O Programa Diálogo Jovem objetivou promover o diálogo entre os usuários do transporte público de passageiros e os principais agentes atuantes no controle do sistema operacional, de modo que se possam conhecer com maior precisão os pontos críticos. ( ) Certo ( ) Errado Atividades 44 Referências SGANZERLA, R. A implantação do Cartão Bom nas redes sociais. Marketing e Comunicação — Série Cadernos Técnicos Volume 11, 2013. TRAVASSOS, G. Marketing e Comunicação: introduzindo o marketing no transporte público e trânsito. Série Cadernos Técnicos, vol. 11. 2011. ________. Peculiaridades que condicionam ações de marketing nos transportes públicos por ônibus. Revista dos Transportes Públicos, 2005. VAZ, M.; GENARI, L. Programa Diálogo Jovem – FETRANSPOR. Marketing e Comunicação — Série Cadernos Técnicos, Volume 11, 2013. 45 Gabarito Questão 1 Questão 2 Questão 3 Questão 4 Questão 5 Unidade 1 C E C C E Unidade 2 C E C C C Unidade 3 C B E C E Unidade 4 C E C E C Apresentação Unidade 1 | Transporte Público de Passageiros 1 O Que É Sistema de Transporte Público de Passageiros 2 Evolução do Modo Rodoviário e a Relação com o Transporte Público de Passageiros 3 Evolução do Modo Ferroviário e a sua Relação com o Transporte de Passageiros Atividades Referências Unidade 2 | O Que é Marketing 1 Marketing: Conceito, Finalidade e Categorias 2 Acompanhamento dos Esforços de Marketing e os Princípios que Devem Ser Observados nos Sistemas de Transporte Público de Passageiros Atividades Referências Unidade 3 | Marketing e o Transporte Público de Passageiros 1 Limitações do Transporte Público de Passageiros 2 Como Formular Estratégias de Marketing Atividades Referências Unidade 4 | Programas de Marketing Aplicados ao Transporte Público de Passageiros 1 Programas de Marketing de Transporte de Passageiros 1.1 O Programa Passageiro-Cidadão 1.2 O Cartão Bom 1.3 Programa Diálogo Jovem Atividades Referências Gabarito
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