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a afirmação historica dos direitos fundamentais

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® BuscaLegis.ccj.ufsc.Br 
 
 
 
 
A afirmação histórica dos direitos fundamentais. 
A questão das dimensões ou gerações de direitos 
 
 
Ney Stany Morais Maranhão* 
 
 
1. Intróito 
Ao longo da história, a positivação dos direitos fundamentais se deu em ondas [01]. 
De fato, muito embora detentor de direitos que são imanentes à condição humana, o 
reconhecimento constitucional desses valores a favor do homem se deu apenas lentamente, 
a reboque de pesados confrontamentos no campo da faticidade histórica e de tormentosos 
debates na seara das idéias, querelas essas regra geral suscitadas no fito de conter algum 
poder arbitrário e/ou opressivo que exasperadamente se impunha. 
Nesse sentido, há consenso que essa afirmação dogmática se deu em momentos 
diferenciados, à vista da inegável mutação histórica dos direitos fundamentais, sendo que, 
de início, foram formalmente consolidados os direitos de liberdade, passando em seguida 
aos direitos de igualdade, e, logo após, os direitos ligados à noção de solidariedade, 
seqüência essa que reflete a verve profética incrustada no lema dos idealistas franceses que 
viveram no século XVIII: liberdade, igualdade e fraternidade! [02] 
Sendo assim – e convictos dessa dimensão essencialmente histórica dos direitos 
fundamentais –, importa traçar algumas breves linhas acerca de sua positivação jurídico-
constitucional, dentro daquilo que se convencionou chamar, na doutrina, de "gerações" ou 
"dimensões" dos direitos fundamentais. 
 
2. Uma Sutil Questão Terminológica: Gerações? Dimensões? Categorias? 
Espécies? Naipes? Ondas?... 
Há choque de idéias com relação à nomenclatura escorreita a ser utilizada para 
melhor expressar esse processo de afirmação histórica dos direitos fundamentais. 
À margem de qualquer embaraço intelectual, BONAVIDES, dentre outros, vale-se 
do termo "gerações" para se referir à gradativa inserção constitucional das diversas nuanças 
de direitos fundamentais exsurgidas ao longo da história, no que é seguido por grande parte 
dos autores. Com efeito, diz o mestre cearense que "os direitos fundamentais passaram na 
ordem institucional a manifestar-se em três gerações sucessivas, que traduzem sem dúvida 
um processo cumulativo e quantitativo..." [03] 
Todavia, a locução "gerações" tem sofrido ataques porque atrai a falsa compreensão 
de que a revelação de determinado grupo de direitos fundamentais viria inexoravelmente 
para substituir o anterior, dado por ultrapassado [04]. A se seguir essa linha, o surgimento 
dos direitos sociais, por exemplo, sepultariam os direitos anteriormente reconhecidos 
(direitos de liberdade), o que, fácil perceber, não é verdade, haja vista que os diferentes 
catálogos de direitos fundamentais travam entre si uma relação de concomitância e 
simultaneidade, ao invés de uma relação de exclusividade e fatal sucessão de um pelo outro 
[05]. Justamente por tencionarem afastar esse enganoso entendimento de que uma geração 
sucederia a anterior, alguns autores têm optado pelo termo "dimensões" de direitos 
fundamentais. É o caso de GUERRA FILHO [06] e SARLET [07]. 
Mas também tal nomenclatura – "dimensões" – se cuida de receber críticas, 
basicamente ao argumento de que tal expressão, em si, serve para indicar dois ou mais 
componentes do mesmo fenômeno, sendo que, no caso em foco, ao revés, há grupos de 
direitos fundamentais cujas conformações se revelam mesmo extremamente discrepantes. 
Tal crítica é formulada, dentre outros, por DIMOULIS e MARTINS, que sugerem, em 
substituição às já citadas, o uso das expressões "categorias" ou "espécies" de direitos 
fundamentais [08]. Mas a polêmica não pára por aí, pois ROMITA, a seu turno, prefere o uso 
das expressões "famílias" ou "naipes"... [09] 
Ora, diante de tão acirrada polêmica, todos esses termos serão aqui manuseados na 
qualidade de sinônimos – muito embora também reconheçamos a atual impropriedade 
científica do termo "gerações", quando confrontado com a moderna dogmática dos direitos 
humanos e fundamentais – [10]. 
 
3. Os Direitos Fundamentais de Primeira Geração ou Dimensão 
Em determinado momento da história, o poder, outrora diluído, concentrou-se nas 
mãos da monarquia, chegando ao ponto de sufocar sobremaneira a emergente classe social 
burguesa, já que privada das benesses e dos privilégios concedidos à nobreza. Descontente, 
a burguesia inflamou o ambiente de então com a tocha dos ideais iluministas, mormente 
com relação à necessidade de se conceder ampla liberdade às pessoas (rectius: aos 
proprietários), contingenciando-se, desta forma, a intervenção estatal na vida privada, 
intervenção essa que certamente embaraçava seus anseios econômicos e frustrava suas 
metas políticas [11]. O grande intento da burguesia, portanto, com tal fomento à ampla 
liberdade, não era outro senão exorcizar o nefasto fantasma do poder absoluto, lavrando 
com sagacidade o terreno ideológico que propiciaria a sua ascensão sócio-política e 
impulsionaria o seu desenvolvimento econômico. 
Conquistou-se, nesse quadro, direitos individuais de liberdade civis e políticos, 
ganhando especial relevo, nessa época, os direitos à vida, à liberdade, à propriedade e à 
igualdade perante a lei, acrescidos de uma série de liberdades de expressão coletiva (tais 
como liberdade de imprensa, manifestação, reunião etc.) e de participação política (tais 
como direito de voto e capacidade eleitoral passiva) [12], correspondentes à fase inicial do 
constitucionalismo do Ocidente e fazendo ressaltar a patente separação entre o Estado e a 
Sociedade [13]. 
São conquistas que pulularam em meio às revoluções burguesas dos séculos XVII e 
XVIII, notadamente as Revoluções Americana (1776) e Francesa (1789), onde se 
objetivava apresentar uma resposta contundente aos graves excessos praticados pela 
monarquia absoluta. Sua fonte de nutrição foram os ventos do liberalismo político e do 
individualismo jurídico, enquanto reações ideológicas à ação absolutista dos soberanos, 
tendo como centro de sua atenção o indivíduo, enquanto ser abstrato dotado de direitos [14]. 
Trata-se do preparo de um ambiente de mínima intervenção estatal, consentâneo com o 
paradigma de Estado Liberal de Direito então reluzente. PIOVENSAN, de sua parte, afirma 
que os direitos civis e políticos são uma herança liberal patrocinada pelos EUA [15]. 
Nessa época, desponta o valor liberdade, em conotação exclusivamente individual. 
Segundo CANOTILHO, uma liberdade pura, isto é, liberdade em si e não liberdade para 
qualquer fim [16]. Exsurgem, pois, como direitos que obstam a ação discricionária e 
arbitrária do governo em face das pessoas [17], verdadeiros direitos públicos subjetivos 
oponíveis apenas em face do Estado, inibindo o arbítrio do poder político, de quem se 
passou a exigir uma postura basicamente absenteísta, ou seja, impunha-se ao poder estatal 
o dever de interferir minimamente na realidade privada, em uma típica obrigação de não 
fazer, o que demonstra seu caráter negativo. Afirmam-se, dessa forma, como direitos de 
liberdade ou direitos de defesa [18]. Esse catálogo já está universalmente sedimentado, pelo 
menos no que tange à sua projeção formal, a ponto de inexistir, hodiernamente, como diz 
BONAVIDES, qualquer Constituição digna desse nome que os não reconheça em toda a 
extensão [19]. 
 
4. Os Direitos Fundamentais de Segunda Geração ou Dimensão 
Proclamações pomposas não fazem milagres. A liberdade formal, solenemente 
trombeteada no Estado Liberal, cometeu o grave pecado de desprezar a realidade, tratando 
igualmente seres desiguais [20], e gerando, em pouco tempo, naturalmente, uma gama de 
sérias conseqüências que conduziram a uma nova tensão social, desta feita não mais entre 
burguesia e nobreza, mas entre burguesia e proletariado, entre os que possuíam os meios de 
produção e os que ofertavam a força de trabalho [21]. O capitalismo começou a mostrar seus 
excessos e falhas. Sem embargo dos reconhecidos avanços, a Revolução Industrial, 
praticada no campo da liberdade irrestrita,fez-nos desembocar em um cenário horrendo: a 
exploração desumana da classe trabalhadora, que, em um contexto assaz insalubre e 
penoso, laborava por longos períodos diários em troca de salários miseráveis [22]. Uma 
verdade primária mostrava sua cara: as pessoas, para serem verdadeiramente livres, 
precisam de um mínimo de condições materiais. Afinal, "Oú est la liberté du non 
proprietaire? (Onde está a liberdade do não proprietário?)" [23]. 
Diante da pressão exercida pelo marxismo, pelo socialismo utópico e pela doutrina 
social da Igreja, aliado ao gradativo aumento da representatividade dos trabalhadores – 
forjada em um momento histórico de extensão do direito de sufrágio, o que fez cair a 
hegemonia burguesa no Parlamento –, bem assim à vista da eclosão da Revolução Russa 
(1917), ficou cada vez mais evidente a necessidade de profundas reformulações no 
constitucionalismo liberal [24]. A missão: dissipar a "perigosa" nuvem revolucionária que o 
circundava. Além desse relevante fator social, também havia um especialíssimo fator 
econômico que afiançava a tese de urgentes mudanças estruturais no perfil do Estado: a 
ampla liberdade do mercado havia produzido imbatíveis monopólios e fortes oligopólios, 
ambos extremamente nocivos à livre concorrência – o coração do capitalismo – [25]. Sob 
essa lente, a intervenção estatal, quanto aos que detinham o poder (e o dinheiro!), era muito 
mais que uma opção estratégica; era uma questão de vida ou morte... 
As Constituições do México (1917) e de Weimar (1919) trazem em seu bojo novos 
direitos que demandam uma contundente ação estatal para sua implementação concreta, a 
rigor destinados a trazer consideráveis melhorias nas condições materiais de vida da 
população em geral, notadamente da classe trabalhadora. Fala-se em direito à saúde, à 
moradia, à alimentação, à educação, à previdência etc. Surge um novíssimo ramo do 
Direito, voltado a compensar, no plano jurídico, o natural desequilíbrio travado, no plano 
fático, entre o capital e o trabalho. O Direito do Trabalho, assim, emerge como um valioso 
instrumental vocacionado a agregar valores éticos ao capitalismo, humanizando, dessa 
forma, as até então tormentosas relações juslaborais. No cenário jurídico em geral, granjeia 
destaque a gestação de normas de ordem pública destinadas a limitar a autonomia de 
vontade das partes em prol dos interesses da coletividade [26]. 
A positivação constitucional dos direitos sociais, culturais e econômicos, no início 
do século XX, inaugura uma nova fase política: a fase do Estado do Bem-Estar Social [27]. 
Nesse momento, sobre os ombros do Estado recaiu a obrigação de realizar políticas 
públicas interventivas tendentes à melhoria das condições de vida da sociedade. Desponta o 
valor igualdade. Exigiu-se, pois, do governo, o cumprimento de prestações positivas, 
inibindo, agora, o arbítrio do poder privado (notadamente, o econômico e o social) [28]. 
Passou-se a exigir do governo uma postura ativista, ou seja, impunha-se ao poder estatal o 
dever de interferir ao máximo na realidade privada, em uma típica obrigação de fazer, o 
que demonstra seu caráter positivo [29]. Se no Estado Liberal de Direito o Estado figurava 
como um perigoso inimigo, agora, no Estado Social de Direito, passa a figurar como um 
providencial aliado. Nesse particular, afirma PIOVENSAN que os direitos econômicos, 
sociais e culturais são uma herança social patrocinada pela então URSS [30]. 
Inobstante inspiradas na justiça distributiva e propensas à realização da Justiça 
Social, durante muito tempo as previsões constitucionais que densificavam tais direitos de 
segunda família acabaram sendo alvo de uma postura hermenêutica tímida e tacanha, o que 
praticamente esvaziou sua potencialidade jurídica, em razão do caráter meramente 
programático que lhes fora conferido, sob a criticável pecha de inexequíveis, por força da 
carência/limitação de recursos estatais. Ou seja, infelizmente, debaixo da conveniência de 
uma suspicaz alegação de parcos recursos financeiros, alguns entes governamentais, 
acintosa e irresponsavelmente, continuam postergando ad eternum a concreção desses tão 
relevantes direitos [31]. De todo modo, independentemente da adesão aos postulados 
marxistas, fato é que essa sensível percepção da necessidade de ofertar ao homem, no plano 
econômico, social e cultural, um mínimo que lhe garanta uma vida materialmente digna, é 
constructo hoje integrante do próprio patrimônio da humanidade [32]. Urge, agora, tão-
somente efetivá-la [33]. 
 
5. Os Direitos Fundamentais de Terceira Geração ou Dimensão 
Ainda em compasso com a famosa tríade que dá corpo ao lema da Revolução 
Francesa – liberdade, igualdade e fraternidade –, a terceira fase de afirmação dos direitos 
fundamentais é marcada pela ênfase no valor fraternidade. Abrangem os direitos relativos à 
paz, desenvolvimento, comunicação, solidariedade e segurança mundiais, proteção ao meio 
ambiente e conservação do patrimônio comum da Humanidade, constituindo-se, portanto, 
na qualidade de direitos de titularidade difusa ou coletiva, no mais das vezes indefinida e 
indeterminável [34]. Enfoca-se o ser humano relacional, em conjunto com o próximo, sem 
fronteiras físicas ou econômicas [35]. A idéia veio à baila, dentre outros motivos, em razão 
da abissal distância que se verifica entre países desenvolvidos e países subdesenvolvidos 
[36]. A problemática, portanto, toma proporções globais, afetando mesmo toda a 
humanidade, somando-se a isso, à evidência, o forte estímulo hodierno à proteção 
internacional dos direitos humanos e fundamentais [37]. 
Coube ao internacionalista Etiene-R. Mbaya, quando da aula inaugural ministrada 
no Instituto Internacional dos Direitos do Homem de Estrasburgo, em 1972, a implantação 
da tese de que o direito ao desenvolvimento constitui um direito do homem, visão essa que, 
posteriormente, foi mencionada na Resolução n. 4, de 21 de fevereiro de 1977, pela qual a 
ONU orientou a UNESCO a elaborar estudos específicos a respeito do tema. A partir dessa 
noção de direito ao desenvolvimento como direito humano, foi que Karel Vasak, em aula 
proferida no mesmo Instituto, no ano de 1979, construiu a teoria dos direitos humanos de 
terceira geração [38], que, inclusive, da parte de alguns, tem recebido, segundo 
CANOTILHO, o epíteto de direitos dos povos [39]. Finalmente, em 1986, a ONU adotou a 
Declaração sobre o Direito ao Desenvolvimento, abonada por 146 Estados, com um voto 
contrário (EUA) e 8 abstenções, medida que serviu para registrar, pelo menos na esfera 
formal, o desiderato universal de ver um processo globalizatório ético e solidário [40]. 
BONAVIDES, com toda a sua autoridade acadêmica, explica: 
"Com efeito, um novo pólo jurídico de alforria do homem se acrescenta 
historicamente aos da liberdade e da igualdade. Dotados de altíssimo teor de humanismo e 
universalidade, os direitos da terceira geração tendem a cristalizar-se no fim do século XX 
enquanto direitos que não se destinam especificamente à proteção dos interesses de um 
indivíduo, de um grupo ou de um determinado Estado. Têm primeiro por destinatário o 
gênero humano mesmo, num momento expressivo de sua afirmação como valor supremo 
em termos de existencialidade concreta" [41]. 
O Estado, agora, não apenas deve garantir a felicidade social, mas, acima de tudo, 
deve concitar seus cidadãos à solidariedade social e à consciência ecológica, em especial 
no que refere às próximas gerações, sempre alicerçado em programas construtivistas do 
interesse geral [42]. Trata-se de um novo paradigma: o Estado Democrático de Direito [43], 
que, ultrapassando aquelas concepções estatais anteriores – Estado Liberal de Direito e 
Estado Social de Direito -, impõe à ordem jurídica e à atividade estatal, em todos os seus 
níveis, um conteúdo utópico de transformação da realidade, compromissado com a própria 
solução do problema das condições materiais de existência, não se restringindo, portanto, 
como o Estado Social doDireito, a uma adaptação melhorada dessas tais condições [44]. 
De mais a mais, aqui, no Estado Democrático de Direito, além da contenção frente 
ao arbítrio político (típico do Estado Liberal de Direito) e ao arbítrio sócio-econômico 
(típico do Estado Social de Direito), sustenta-se ainda a contenção frente ao arbítrio bélico-
tecnológico, por vezes de apocalípticas proporções. Demais disso, os direitos que lhe são 
afetos detêm traço coletivo e difuso, porquanto jungidos a nobres interesses de grandes 
grupos ou mesmo interesses de toda a humanidade. 
 
6. Os Direitos Fundamentais de Quarta Geração ou Dimensão 
A própria existência de direitos fundamentais de quarta geração é ainda contestada 
[45]. Todavia, BONAVIDES tem defendido sua virtualidade, enquanto espaço em 
construção. Diz o reconhecido constitucionalista: 
"A globalização política neoliberal caminha silenciosa, sem nenhuma referência de 
valores. (...) Há, contudo, outra globalização política, que ora se desenvolve, sobre a qual 
não tem jurisdição a ideologia neoliberal. Radica-se na teoria dos direitos fundamentais. A 
única verdadeiramente que interessa aos povos da periferia. Globalizar direitos 
fundamentais equivale a universalizá-los no campo institucional. (...) A globalização 
política na esfera da normatividade jurídica introduz os direitos de quarta geração, que, 
aliás, correspondem à derradeira fase de institucionalização do Estado social. São direitos 
de quarta geração o direito à democracia, o direito à informação e o direito ao pluralismo. 
Deles depende a concretização da sociedade aberta do futuro, em sua dimensão de máxima 
universalidade, para a qual parece o mundo inclinar-se no plano de todas as relações de 
convivência. (...) ... os direitos da primeira geração, direitos individuais, os da segunda, 
direitos sociais, e os da terceira, direitos ao desenvolvimento, ao meio ambiente, à paz e à 
fraternidade, permanecem eficazes, são infra-estruturais, formam a pirâmide cujo ápice é o 
direito à democracia" [46]. 
BOBBIO também vislumbra uma quarta geração, porém de conteúdo diverso que o 
traçado por BONAVIDES. Para o mestre italiano, este novíssimo catálogo surge de novas 
exigências "referentes aos efeitos cada vez mais traumáticos da pesquisa biológica, que 
permitirá manipulações do patrimônio genético de cada indivíduo" [47]. A rigor, porém, 
analisando bem detidamente essa proposição do professor europeu, percebe-se não se tratar 
de uma nova geração, senão que, em verdade, cuida-se mesmo de um simples 
desdobramento de direitos individuais – de primeira geração, pois –, mais precisamente o 
de liberdade [48]. Logo, à luz de uma reflexão mais acurada, sobressai, no cotejar dessas 
construções teóricas, a tenacidade intelectual do eminente jurista brasileiro, que, de fato, 
parece ter apontado, verdadeiramente, para o descortinar de um novo horizonte 
paradigmático de direitos fundamentais [49] – muito embora, por óbvio, assente-se uma vez 
mais, essa concepção ainda esteja sujeita a contundentes oposições [50]. 
Apesar de toda essa discussão e das críticas já lançadas, parece que, de fato, há uma 
certa tendência – in latere com a originalidade da posição esposada pelo Professor 
BONAVIDES – em se ligar os direitos fundamentais de quarta dimensão aos 
desdobramentos técnicos e éticos decorrentes dos profundos avanços da ciência 
contemporânea (biológica, tecnológica etc) [51]. 
 
7. Os Direitos Fundamentais de Quinta Geração ou Dimensão 
Registre-se, ainda, que, em recentes debates científicos (IX Congresso Íbero-
Americano e VII Simpósio Nacional de Direito Constitucional, realizados em Curitiba/PR, 
em novembro de 2006, bem como II Congresso Latino-Americano de Estudos 
Constitucionais, realizado em Fortaleza/CE, em abril de 2008), BONAVIDES fez expressa 
menção à possibilidade concreta de se falar, atualmente, em uma quinta geração de direitos 
fundamentais, onde, em face dos últimos acontecimentos (como, por exemplo, o atentado 
terrorista de "11 de Setembro", em solo norte-americano), exsurgiria legítimo falar de um 
direito à paz. Embora em sua doutrina esse direito tenha sido alojado na esfera dos direitos 
de terceira dimensão, o ilustre jurista, frente ao insistente rumor de guerra que assola a 
humanidade, decidiu dar lugar de destaque à paz no âmbito da proteção dos direitos 
fundamentais [52]. 
HONESKO acentua que o reconhecido professor lançou artigo sobre o tema, 
publicado no Caderno Opinião, do jornal "Folha de São Paulo" do dia 03 de dezembro de 
2006, onde, sistematizando suas idéias, afirma que o anseio por paz, hoje tão propalado, é 
relacionado "em seu sentido mais profundo, perpassado de seus valores domiciliados na 
alma da humanidade" [53]. 
Em arremate, vale consignar que outros doutrinadores também já estão 
desenvolvendo teses a respeito dessa possível quinta geração de direitos fundamentais, ora 
com referência a direitos emanados da realidade virtual [54], ora apontando para o "cuidado, 
compaixão e amor por todas as formas de vida" [55]. Essa vasta produção intelectual está 
posta ao crivo dos estudiosos... 
 
Notas 
1. LEMBO, Cláudio. A Pessoa: Seus Direitos. Barueri, SP : Manole, 2007, p. 
269. 
2. Nesse sentido, dentre muitos, Ingo Wolfgang Sarlet, que, de sua parte, lança 
uma pitada de crítica no assunto: "Os direitos da primeira, da segunda e da terceira 
dimensões (assim como os da quarta, se optarmos pelo seu reconhecimento), consoante 
lição já habitual na doutrina, gravitam em torno dos três postulados básicos da Revolução 
Francesa, quais sejam, a liberdade, a igualdade e a fraternidade, que, considerados 
individualmente, correspondem às diferentes dimensões. Todavia, tenho para mim que esta 
tríade queda incompleta em não se fazendo a devida referência ao mais fundamental dos 
direitos, isto é, à vida e ao princípio fundamental da dignidade da pessoa humana" 
(SARLET, Ingo Wolfgang. A Eficácia dos Direitos Fundamentais. 8ª Edição, Porto 
Alegre : Livraria do Advogado Ed., 2007, p. 66). 
3. BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 19ª Edição, São 
Paulo : Editora Malheiros, 2006, p. 563. Vale lembrar que a expressão "gerações de direitos 
fundamentais" foi primeiramente utilizada por Karel Vasak, na aula inaugural de 1979 dos 
Cursos do Instituto Internacional dos Direitos do Homem, em Estrasburgo (Fonte: 
BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 19ª Edição, São Paulo : Editora 
Malheiros, 2006, p. 563). Entretanto, afirma-se que, mais à frente, o próprio Vasak teria 
confessado a imprecisão da terminologia escolhida. Sobre tal questão, Raquel Honesko 
transcreve trecho de palestra ministrada por Cançado Trindade na V Conferência Nacional 
de Direitos Humanos, em maio de 2000, in verbis: "Essa teoria é fragmentadora, atomista e 
toma os direitos de maneira absolutamente dividida, o que não corresponde à realidade. Eu 
conversei com Karel Vasak e perguntei: ‘Por que você formulou essa tese em 1979’. Ele 
respondeu: ‘Ah, eu não tinha tempo de preparar uma exposição, então me ocorreu fazer 
alguma reflexão, e eu me lembrei da bandeira francesa’ – ele nasceu na velha 
Tchecoslováquia. Ele mesmo não levou essa tese muito a sério, mas, como tudo que é 
palavra ‘chavão’, pegou" (HONESKO, Raquel Schlommer. Discussão Histórico-Jurídica 
sobre as Gerações de Direitos Fundamentais: a Paz como Direito Fundamental de 
Quinta Geração. In Direitos Fundamentais e Cidadania. FACHIN, Zulmar (coordenador). 
São Paulo : Método, 2008, p. 189). 
4. DIMOULIS, Dimitri; MARTINS, Leonardo. Teoria Geral dos Direitos 
Fundamentais. São Paulo : Editora Revista dos Tribunais, 2007, p. 34-35. Aliás, o próprio 
Bonavides, no desenrolar de seu texto, acaba reconhecendo a proeminência científica do 
termo "dimensões" em face do termo "gerações", "caso este último venha a induzir apenas 
sucessão cronológica e, portanto, suposta caducidade dos direitos das gerações 
antecedentes, o que não é verdade" (BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito 
Constitucional.19ª Edição, São Paulo : Editora Malheiros, 2006, p. 571-572). 
5. A respeito: CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional e 
Teoria da Constituição. 7ª Edição. Coimbra : Edições Almedina, 2003, p. 386-387; 
ROMITA, Arion Sayão. Direitos Fundamentais nas Relações de Trabalho. São Paulo : 
LTr, 2005, p. 90. Sobre o tema, preceitua Carlos Weis: "A concepção contemporânea dos 
direitos humanos conjuga a liberdade e a igualdade, do que decorre que esses direitos 
passam a ser concebidos como uma unidade interdependente e indivisível. Em decorrência, 
não há como entender que uma geração sucede a outra, pois há verdadeira interação e 
mesmo fusão dos direitos humanos já consagrados com os trazidos mais recentemente" 
(WEIS, Carlos. Direitos Humanos Contemporâneos. 1ª Edição, 2ª Tiragem. São Paulo : 
Malheiros Editores, 2006, p. 43). 
6. GUERRA FILHO, Willis Santiago. Processo Constitucional e Direitos 
Fundamentais. 4ª Edição, São Paulo : RCS Editora, 2005, p. 46. 
7. Ingo Wolfgang Sarlet, em clássica obra, explica o porquê de sua opção, 
verbis: "Em que pese o dissídio na esfera terminológica, verifica-se crescente convergência 
de opiniões no que concerne à idéia que norteia a concepção das três (ou quatro, se assim 
preferirmos) dimensões dos direitos fundamentais, no sentido de que estes, tendo tido sua 
trajetória existencial inaugurada com o reconhecimento formal nas primeiras Constituições 
escritas dos clássicos direitos de matriz liberal-burguesa, se encontram em constante 
processo de transformação, culminando com a recepção, nos catálogos constitucionais e na 
seara do Direito Internacional, de múltiplas e diferenciadas posições jurídicas, cujo 
conteúdo é tão variável quanto as transformações ocorridas na realidade social, política, 
cultural e econômica ao longo dos tempos. Assim sendo, a teoria dimensional dos direitos 
fundamentais não aponta, tão-somente, para o caráter cumulativo do processo evolutivo e 
para a natureza complementar de todos os direitos fundamentais, mas afirma, para além 
disso, sua unidade e indivisibilidade no contexto do direito constitucional interno e, de 
modo especial, na esfera do moderno ‘Direito Internacional dos Direitos Humanos’" 
(SARLET, Ingo Wolfgang. A Eficácia dos Direitos Fundamentais. 8ª Edição, Porto 
Alegre : Livraria do Advogado Ed., 2007, p. 55). 
8. Segundo esses ilustres autores, as nomenclaturas "categorias" ou "espécies" 
seriam utilizadas "da mesma forma como se classifica leis e atos jurídicos em espécies de 
leis ou categorias de atos jurídicos e não em dimensões do ato jurídico ou da lei. Reservar-
se-á o termo "dimensão" para indicar dois aspectos ou funções dos mesmos direitos 
fundamentais, isto é, o objetivo e o subjetivo" (DIMOULIS, Dimitri; MARTINS, 
Leonardo. Teoria Geral dos Direitos Fundamentais. São Paulo : Editora Revista dos 
Tribunais, 2007, p. 36). 
9. ROMITA, Arion Sayão. Direitos Fundamentais nas Relações de Trabalho. 
São Paulo : LTr, 2005, p. 89-117. 
10. Registre-se, porém, que o termo "dimensões’ terá total pertinência se retratar 
o significado que lhe é atribuído por Willis Santiago Guerra Filho, para quem "...os direitos 
gestados em uma geração, quando aparecem em uma ordem jurídica que já traz direitos da 
geração sucessiva, assumem outra dimensão, pois os direitos de geração mais recente 
tornam-se um pressuposto para entendê-los de forma mais adequada – e, 
conseqüentemente, também para melhor realizá-los" (GUERRA FILHO, Willis Santiago. 
Dimensões dos Direitos Fundamentais e Teoria Processual da Constituição. In Estudos 
de Direito Constitucional – Homenagem a Paulo Bonavides. SOARES, José Ronald 
Cavalcante (coordenador). São Paulo : LTr, 2001, p. 404). 
11. "Interessante notar que a consagração da igualdade formal, a garantia da 
liberdade individual e do direito de propriedade, ao lado da contenção do poder estatal, 
eram medidas vitais para coroar a ascensão da burguesia ao Olimpo social, em substituição 
à nobreza. Estas medidas criavam o arcabouço institucional indispensável para o 
florescimento do regime capitalista, pois asseguravam a segurança e a previsibilidade tão 
indispensáveis para as relações econômicas" (SARMENTO, Daniel. Direitos 
Fundamentais e Relações Privadas. 2ª Edição, Rio de Janeiro : Editora Lumen Juris, 2006, 
p. 11). 
12. SARLET, Ingo Wolfgang. A Eficácia dos Direitos Fundamentais. 8ª 
Edição, Porto Alegre : Livraria do Advogado Ed., 2007, p. 56. 
13. BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 19ª Edição, São 
Paulo : Editora Malheiros, 2006, p. 563-564. Daniel Sarmento, nesse particular, assere: 
"Dentro deste paradigma, os direitos fundamentais acabaram concebidos como limites para 
a atuação dos governantes, em prol da liberdade dos governados. Eles demarcavam um 
campo no qual era vedada a interferência estatal, estabelecendo, dessa forma, uma rígida 
fronteira entre o espaço da sociedade civil e do Estado, entre a esfera privada e a pública, 
entre o ‘jardim e a praça’. Nesta dicotomia público/privado, a supremacia recaía sobre o 
segundo elemento do par, o que decorria da afirmação da superioridade do indivíduo sobre 
o grupo e sobre o Estado. Conforme afirmou Canotilho, no liberalismo clássico, o ‘homem 
civil’ precederia o ‘homem político’ e o ‘burguês’ estaria antes do ‘cidadão’. (...) No 
âmbito do Direito Público, vigoravam os direitos fundamentais, erigindo rígidos limites à 
atuação estatal, com o fito de proteção do indivíduo, enquanto no plano do Direito Privado, 
que disciplinava relações entre sujeitos formalmente iguais, o princípio fundamental era o 
da autonomia da vontade’" (SARMENTO, Daniel. Direitos Fundamentais e Relações 
Privadas. 2ª Edição, Rio de Janeiro : Editora Lumen Juris, 2006, p. 12-13). 
14. "Esta compreensão fundava-se sobre premissa antropológica clara: o 
indivíduo era compreendido como um átomo social, uma "mônada ensimesmada", como 
ironizou Karl Marx, e a sociedade como o locus da livre concorrência entre estes 
indivíduos, que mantinham entre si relações do tipo contratual ou quase contratual. (...) O 
Homem, ao qual se referiam as constituições e os códigos, era quase uma abstração 
metafísica, um ser desenraizado, e não a pessoa concreta, historicamente situada, portadora 
de anseios e necessidades reais" (SARMENTO, Daniel. Direitos Fundamentais e Relações 
Privadas. 2ª Edição, Rio de Janeiro : Editora Lumen Juris, 2006, p. 13). 
15. PIOVESAN, Flávia. Desenvolvimento Histórico dos Direitos Humanos e a 
Constituição Brasileira de 1988. In Retrospectiva dos 20 Anos da Constituição Federal. 
AGRA, Walber de Moura (coordenador). São Paulo : Saraiva, 2009, p. 26. 
16. CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional e Teoria da 
Constituição. 7ª Edição. Coimbra : Edições Almedina, 2003, p. 1.396. 
17. LEMBO, Cláudio. A Pessoa: Seus Direitos. Barueri, SP : Manole, 2007, p. 
15. 
18. Importante lembrar que tais direitos fundamentais de primeira geração não 
alcançaram todas as camadas da sociedade. Rememore-se, por exemplo, que, naquela 
ocasião, apesar da afirmação retórica de que os homens nascem "livres e iguais", constante 
do artigo 1º da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789), a prática 
escravagista ainda corria solta no solo americano. Nesse aspecto, Fábio Konder Comparato 
é mais que claro ao dizer, sem rodeios, que "... a democracia moderna, reinventada quase 
ao mesmo tempo na América do Norte e na França, foi a fórmula política encontrada pela 
burguesia para extinguir antigos privilégios dos dois principais estamentos do ancien 
régime – o clero e a nobreza – e tornar o governo responsável perante a classe burguesa. O 
espírito original da democracia moderna não foi, portanto, a defesa do povo pobre contra a 
minoria rica, mas sim a defesa dos proprietários ricos contra um regime de privilégios 
estamentais e de governo irresponsável" (COMPARATO, Fábio Konder. A Afirmação 
Histórica dos Direitos Humanos. 4ª Edição, São Paulo : Saraiva, 2005, p. 50). 
19. BONAVIDES,Paulo. Curso de Direito Constitucional. 19ª Edição, São 
Paulo : Editora Malheiros, 2006, p. 563. 
20. Exemplo paradigmático de igualdade meramente formal é ofertada na 
seguinte frase de um juiz inglês: "A lei, como o Hotel Ritz, está franqueada aos ricos e 
pobres, indistintamente". Fonte: LLOYD, Dennis. A Idéia de Lei. 2ª Edição. São Paulo : 
Martins Fontes, 1998, p. 143. 
21. PORTO, Pedro Rui da Fontoura. Direitos Fundamentais Sociais: 
Considerações Acerca da Legitimidade Política e Processual do Ministério Público e do 
Sistema de Justiça para Sua Tutela. Porto Alegre : Livraria do Advogado Ed., 2006, p. 56. 
22. A respeito, Fábio Konder Comparato ensina que "... em contrapartida a essa 
ascensão do indivíduo na História, a perda da proteção familiar, estamental ou religiosa 
tornou-o muito mais vulnerável às vicissitudes da vida. A sociedade liberal ofereceu-lhe, 
em troca, a segurança da legalidade, com a garantia da igualdade de todos perante a lei. 
Mas essa isonomia cedo revelou-se uma pomposa inutilidade para a legião crescente de 
trabalhadores, compelidos a se empregarem nas empresas capitalistas" (COMPARATO, 
Fábio Konder. A Afirmação Histórica dos Direitos Humanos. 4ª Edição, São Paulo : 
Saraiva, 2005, p. 52). 
23. SALDANHA, Nelson. O que é o Liberalismo?. In Estado de Direito, 
Liberdades e Garantias (Estudos de Direitos Público e Teoria Política). São Paulo : 
Sugestão Literária, 1980, p. 89. 
24. Para um panorama geral da teoria socialista dos direitos fundamentais, 
enquanto proposta teórica de ruptura em face da teoria liberal, sem olvidar as principais 
críticas que lhe são opostas, confira-se: CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito 
Constitucional e Teoria da Constituição. 7ª Edição. Coimbra : Edições Almedina, 2003, p. 
1.401-1.402. 
25. SARMENTO, Daniel. Direitos Fundamentais e Relações Privadas. 2ª 
Edição, Rio de Janeiro : Editora Lumen Juris, 2006, p. 18. 
26. SARMENTO, Daniel. Direitos Fundamentais e Relações Privadas. 2ª 
Edição, Rio de Janeiro : Editora Lumen Juris, 2006, p. 19. 
27. Nessa temática, vale conferir: BONAVIDES, Paulo. Do Estado Liberal ao 
Estado Social. 7ª Edição, São Paulo : Editora Malheiros, 2004. 
28. "Se a opressão e a injustiça não provêm apenas dos poderes públicos, 
surgindo também nas relações privadas travadas no mercado, nas relações laborais, na 
sociedade civil, na família, e em tantos outros espaços, nada mais lógico do que estender a 
estes domínios o raio de incidência dos direitos fundamentais, sob pena de frustração dos 
ideais morais e humanitários em que eles se lastreiam" (SARMENTO, Daniel. Direitos 
Fundamentais e Relações Privadas. 2ª Edição, Rio de Janeiro : Editora Lumen Juris, 2006, 
p. 25). 
29. Ingo Wolfgang Sarlet acrescenta: "não se cuida mais, portanto, de liberdade 
do e perante o Estado, e sim de liberdade por intermédio do Estado. (...) Ainda na esfera 
dos direitos da segunda dimensão, há que atentar para a circunstância de que estes não 
englobam apenas direitos de cunho positivo, mas também as assim denominadas 
‘liberdades sociais’, do que dão conta os exemplos da liberdade de sindicalização, do 
direito de greve, bem como do reconhecimento de direitos fundamentais aos 
trabalhadores..." (SARLET, Ingo Wolfgang. A Eficácia dos Direitos Fundamentais. 8ª 
Edição, Porto Alegre : Livraria do Advogado Ed., 2007, p. 57). 
30. PIOVESAN, Flávia. Desenvolvimento Histórico dos Direitos Humanos e a 
Constituição Brasileira de 1988. In Retrospectiva dos 20 Anos da Constituição Federal. 
AGRA, Walber de Moura (coordenador). São Paulo : Saraiva, 2009, p. 26. 
31. BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 19ª Edição, São 
Paulo : Editora Malheiros, 2006, p. 564. A alegação de que os direitos de primeira espécie 
(civis e políticos) devam receber maior valorização institucional apenas porque impõem 
menores custos públicos para a sua efetivação, em contraponto aos chamados direitos de 
segunda espécie (sociais, culturais e econômicos), hoje é assertiva encarada com reservas. 
Como leciona Oscar Vilhena Vieira, "talvez não haja direito tão caro para ser assegurado 
como o direito à propriedade, que pressupõe a existência de polícia, justiça, além de 
mecanismos para sua preservação em caso de acidentes, como um corpo de bombeiros. Ou 
a própria democracia, quanto custa? Assim, é equivocado falar que apenas os direitos 
sociais têm custo, e os direitos civis e políticos não" (VIEIRA, Oscar Vilhena. Direitos 
Fundamentais – Uma Leitura da Jurisprudência do STF. São Paulo : Malheiros Editores, 
2006, p. 40). Em verdade, reflexões desse jaez, que serviram para amadurecer e aprofundar 
ainda mais o tema, vieram à arena científica através da interessante obra: HOLMES, 
Stephen; SUNSTEIN, Cass. The Cost of Rights. Nova York : Norton, 1999. 
32. CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional e Teoria da 
Constituição. 7ª Edição. Coimbra : Edições Almedina, 2003, p. 385. 
33. De importância ímpar, nessa questão, é o polêmico debate acerca do alcance 
semântico da locução jurídica "direitos e garantias individuais", vazada no artigo 60, § 4º, 
IV, da Constituição Federal de 1988, expressão essa situada em um contexto geral onde são 
traçados relevantes limites formais, materiais e circunstanciais ao poder constituinte 
derivado. Discute-se, dessa forma, em acirrada peleja intelectual, se nesse citado texto 
normativo, malgrado a sua franqueza – ou fraqueza – gramatical, podem ser 
compreendidos também como revestidos de blindagem constitucional os chamados direitos 
fundamentais de segunda geração, de cunho eminentemente social. Nesse particular, 
solvendo a discussão à luz de um prisma que prestigia a dignidade da pessoa humana, 
confira-se, dentre muitos: BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 19ª 
Edição, São Paulo : Editora Malheiros, 2006, p. 636-647. 
34. NUNES, Anelise Coelho. A Titularidade dos Direitos Fundamentais na 
Constituição Federal de 1988. Porto Alegre : Livraria do Advogado Ed., 2007, p. 33. 
35. ARAUJO, Luiz Roberto David; NUNES JÚNIOR, Vidal Serrano. Curso de 
Direito Constitucional. 8ª Edição, São Paulo : Saraiva, 2004, p. 100. 
36. "Cuida-se, na verdade, do resultado de novas reivindicações fundamentais 
do ser humano, geradas, dentre outros fatores, pelo impacto tecnológico, pelo estado 
crônico de beligerância, bem como pelo processo de descolonização do segundo pós-guerra 
e suas contundentes conseqüências, acarretando profundos reflexos na esfera dos direitos 
fundamentais" (SARLET, Ingo Wolfgang. A Eficácia dos Direitos Fundamentais. 8ª 
Edição, Porto Alegre : Livraria do Advogado Ed., 2007, p. 58). 
37. A respeito, confira-se: TAVARES, André Ramos. Curso de Direito 
Constitucional. 6ª Edição, São Paulo : Saraiva, 2008, p. 496-525. 
38. Fontes: BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 19ª Edição, 
São Paulo : Editora Malheiros, 2006, p. 570; ROMITA, Arion Sayão. Direitos 
Fundamentais nas Relações de Trabalho. São Paulo : LTr, 2005, p. 101. 
39. CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional e Teoria da 
Constituição. 7ª Edição. Coimbra : Edições Almedina, 2003, p. 386. 
40. PIOVESAN, Flávia. Desenvolvimento Histórico dos Direitos Humanos e a 
Constituição Brasileira de 1988. In Retrospectiva dos 20 Anos da Constituição Federal. 
AGRA, Walber de Moura (coordenador). São Paulo : Saraiva, 2009, p. 26. 
41. BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 19ª Edição, São 
Paulo : Editora Malheiros, 2006, p. 569. 
42. Segundo José Adércio Leite Sampaio, os direitos fundamentais de terceira 
geração inspiram "a idéia de que somos todos habitantes de um mesmo e frágil mundo a 
exigir um concerto universal com vistas a manter as condições da habitabilidade para as 
presentes e futuras gerações" (SAMPAIO, José Adércio Leite. Direitos Fundamentais: 
Retórica e Historicidade. Belo Horizonte : Del Rey, 2004, p. 293-294). 
43. PORTO, Pedro Rui da Fontoura. Direitos Fundamentais Sociais: 
Considerações Acerca da LegitimidadePolítica e Processual do Ministério Público e do 
Sistema de Justiça para Sua Tutela. Porto Alegre : Livraria do Advogado Ed., 2006, p. 
58-59. 
44. MORAIS, José Luis Bolzan de. Do Direito Social aos Interesses 
Transindividuais. Porto Alegre : Livraria do Advogado Ed., 1996, p. 74. 
45. Contrário à tese da quarta dimensão de direitos fundamentais, por exemplo: 
GUERRA FILHO, Willis Santiago. Dimensões dos Direitos Fundamentais e Teoria 
Processual da Constituição. In Estudos de Direito Constitucional – Homenagem a Paulo 
Bonavides. SOARES, José Ronald Cavalcante (coordenador). São Paulo : LTr, 2001, p. 
404. 
46. BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 19ª Edição, São 
Paulo : Editora Malheiros, 2006, p. 571-572. Georgenor de Sousa Franco Filho, tangente a 
essa quarta dimensão de direitos fundamentais, também agrega ao rol citado pelo Professor 
Paulo Bonavides os direitos ligados à engenharia genética, conforme: FRANCO FILHO, 
Georgenor de Sousa. Identificação dos Direitos Humanos. In Estudos de Direito 
Constitucional – Homenagem a Paulo Bonavides. SOARES, José Ronald Cavalcante 
(coordenador). São Paulo : LTr, 2001, p. 122-123. Já Arion Sayão Romita e Emmanuel 
Teófilo Furtado, de sua parte, enquadram os direitos à democracia, à informação e ao 
pluralismo em uma "sexta" categoria de direitos fundamentais, consoante: ROMITA, Arion 
Sayão. Direitos Fundamentais nas Relações de Trabalho. São Paulo : LTr, 2005, p. 110-
116; FURTADO, Emmanuel Teófilo. Os Direitos Humanos de 5ª Geração enquanto 
Direitos à Paz e seus Reflexos no Mundo do Trabalho – Inércias, Avanços e Retrocessos 
na Constituição Federal e na Legislação. In Direitos Sociais na Constituição de 1988: 
Uma Análise Crítica Vinte Anos Depois. MONTESSO, Cláudio José; FREITAS, Marco 
Antonio de; STERN, Maria de Fátima Coelho Borges (coordenadores). São Paulo : LTr, 
2008. 
47. BOBBIO, Norberto. A Era dos Direitos. Tradução de Carlos Nelson 
Coutinho. Apresentação de Celso Lafer – Nova Edição, Rio de Janeiro : Elsevier, 2004, p. 
6. No mesmo sentido: MORAIS, José Luis Bolzan de. Do Direito Social aos Interesses 
Transindividuais. Porto Alegre : Livraria do Advogado Ed., 1996, p. 162. 
48. HONESKO, Raquel Schlommer. Discussão Histórico-Jurídica sobre as 
Gerações de Direitos Fundamentais: a Paz como Direito Fundamental de Quinta 
Geração. In Direitos Fundamentais e Cidadania. FACHIN, Zulmar (coordenador). São 
Paulo : Método, 2008, p. 194. 
49. SARLET, Ingo Wolfgang. A Eficácia dos Direitos Fundamentais. 8ª 
Edição, Porto Alegre : Livraria do Advogado Ed., 2007, p. 61. 
50. Como exemplo de postura crítica em relação à descrição de Bonavides, no 
que tange ao que entende esse renomado autor como direitos fundamentais de uma possível 
quarta dimensão, seguem palavras diz Wilson Steinmetz, verbis: "Essa descrição é 
discutível. A rigor, esses direitos são direitos de primeira geração, porque reconduzíveis 
aos direitos políticos" (STEINMETZ, Wilson. A Vinculação dos Particulares a Direitos 
Fundamentais. São Paulo : Malheiros Editores, 2004, p. 94). 
51. STEINMETZ, Wilson. A Vinculação dos Particulares a Direitos 
Fundamentais. São Paulo : Malheiros Editores, 2004, p. 94. 
52. A respeito, confira-se: HONESKO, Raquel Schlommer. Discussão 
Histórico-Jurídica sobre as Gerações de Direitos Fundamentais: a Paz como Direito 
Fundamental de Quinta Geração. In Direitos Fundamentais e Cidadania. FACHIN, 
Zulmar (coordenador). São Paulo : Método, 2008, p. 195-197. 
53. Palavras de Paulo Bonavides, reproduzidas em: HONESKO, Raquel 
Schlommer. Discussão Histórico-Jurídica sobre as Gerações de Direitos Fundamentais: 
a Paz como Direito Fundamental de Quinta Geração. In Direitos Fundamentais e 
Cidadania. FACHIN, Zulmar (coordenador). São Paulo : Método, 2008, p. 196. Naquele 
evento mais recente, organizado na belíssima capital cearense, afirmou Bonavides: "No 
mundo globalizado da unipolaridade, das economias desnacionalizadas e das soberanias 
relativizadas e dos poderes constitucionais desrespeitados, ou ficamos com a força do 
direito ou com o direito da força. Não há mais alternativa. A primeira nos liberta, a segunda 
nos escraviza. Uma é a liberdade, a outra, o cárcere; aquela é Rui Barbosa em Haia, esta é 
Bush em Washington e Guantánamo; ali se advogam a Constituição e a soberania, aqui se 
canonizam a força e o arbítrio, a maldade e a capitulação" (Apud FURTADO, Emmanuel 
Teófilo. Os Direitos Humanos de 5ª Geração enquanto Direitos à Paz e seus Reflexos no 
Mundo do Trabalho – Inércias, Avanços e Retrocessos na Constituição Federal e na 
Legislação. In Direitos Sociais na Constituição de 1988: Uma Análise Crítica Vinte Anos 
Depois. MONTESSO, Cláudio José; FREITAS, Marco Antonio de; STERN, Maria de 
Fátima Coelho Borges (coordenadores). São Paulo : LTr, 2008, p. 85). 
54. OLIVEIRA JUNIOR, José Alcebíades. Teoria Jurídica e Novos Direitos. 
Rio de Janeiro : Lumen Juris, 2000. 
55. SAMPAIO, José Adércio Leite. Direitos Fundamentais: Retórica e 
Historicidade. Belo Horizonte : Del Rey, 2004. 
 
* Mestrando em Direito pela Universidade Federal do Pará – UFPA. Professor do 
Curso de Direito da Faculdade do Pará – FAP. Membro do Conselho Consultivo da Escola 
da Magistratura Trabalhista da Oitava Região – EMATRA VIII (2007-2009). Secretário 
Geral da Associação dos Magistrados Trabalhistas da 8ª Região – AMATRA 8. Juiz 
Federal do Trabalho Substituto do TRT da 8ª Região (PA/AP) 
 
Disponível em: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=13261 
Acesso em: 11/08/2009

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