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FÍSICA APLICADA Bruno Henrique Oliveira Mulina E-book 4 Neste E-Book: INTRODUÇÃO ����������������������������������������������������������� 3 CONCEITO DE ENERGIA E SISTEMA ����������������� 5 ENERGIA CINÉTICA ������������������������������������������������� 6 ENERGIA POTENCIAL GRAVITACIONAL E ELÁSTICA ����������������������������������������������������������������� 14 FORÇAS CONSERVATIVAS E NÃO CONSERVATIVAS ����������������������������������������������������19 LEI DA CONSERVAÇÃO DA ENERGIA �������������24 CONCEITO DE TRABALHO E POTÊNCIA ��������29 MOMENTO LINEAR E IMPULSO DE UMA FORÇA ���������������������������������������������������������������������� 40 COLISÕES ELÁSTICAS E INELÁSTICAS �����������46 Colisões inelásticas ����������������������������������������������������������������49 Colisões elásticas �������������������������������������������������������������������53 CENTRO DE MASSA ����������������������������������������������57 CONSIDERAÇÕES FINAIS �����������������������������������60 SÍNTESE ��������������������������������������������������������������������62 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS & CONSULTADAS �������������������������������������������������������63 2 INTRODUÇÃO Neste módulo aprenderemos os conceitos básicos com relação aos estudos das entidades relacionadas à Física Mecânica voltadas ao movimento dos cor- pos, especialmente aquelas relacionadas à energia do movimento� O conceito de energia é muito importante na física, aparecendo em todas as suas áreas, da mecânica ao eletromagnetismo, da física quântica à termodinâmi- ca� Nosso primeiro encontro com esse conceito geral- mente se dá através da mecânica, onde aprendemos o conceito de energia cinética e energia potencial� Mas, antes de entrarmos propriamente na abordagem desses conceitos, devemos falar que tão importante quanto os conceitos de energia é o entendimento sobre as leis de conservação� Provavelmente, você já se deparou com a frase “Na natureza nada se cria, nada se destrói, tudo se transforma”, devida a um importante químico francês do século 17, Antoine Lavoisier� Essa frase será a base para o estudo das relações de energia entre os corpos� Em particular, a lei de conservação da energia me- cânica envolve os conceitos de energia cinética e potencial, além do conceito de trabalho� Neste módulo aprenderemos as diferentes formas com as quais a energia do movimento se apresenta, além dos conceitos relacionados à transferência des- sa energia durante o movimento� Veremos também 3 como dois corpos se relacionam quando se colidem, possibilitando calcular a energia e a velocidade de cada um dos corpos� 4 CONCEITO DE ENERGIA E SISTEMA Quando estudamos o conceito de energia, notamos que existem diversos tipos, como a energia tér- mica, nuclear, mecânica e luminosa, entre outras� Destacando-se a energia mecânica, foco de nosso estudo neste módulo, podemos descrevê-la, resumi- damente, como a capacidade de um corpo produzir trabalho, ou como a entidade física transferida a um corpo por meio da aplicação de uma força� Ao estudarmos as relações de energia, devemos deixar claro o conceito de sistema� Um sistema é uma região delimitada no espaço, onde é possível destacar-se os eventos de interesse no estudo� Nesse caso, as entidades dentro do sistema se relacionam diretamente, enquanto os corpos internos podem se relacionar com o mundo externo apenas por meio de uma fronteira� Essa fronteira distingue os eventos de interesse (dentro da fronteira) daqueles que não são de interesse (fora da fronteira)� Então, ao definirmos o sistema, deixaremos claro que se a energia se mantém dentro do sistema, conforme as entidades analisadas dentro do sistema, o evento estudado é conservativo� É o caso das transformações ocorridas entre energia cinética e potencial, por exem- plo� Agora, se a energia é convertida em calor, como ocorre nos eventos relacionados à força atrito, o siste- ma é não conservativo, já que a energia foi convertida em um tipo de energia que não está sendo estudado� 5 ENERGIA CINÉTICA Ao estudarmos a dinâmica, observamos que os corpos podem mudar suas coordenadas espaciais conforme ocorre a variação do tempo� Isso ocorre porque esse corpo apresenta entidades relacionadas ao movimento: a velocidade e a aceleração� Quando observamos um corpo em movimento, é natural ima- ginar que algo promoveu esse movimento, ou, sob o ponto de vista físico, uma “força” foi aplicada para que esse objeto saísse do estado de repouso e ini- ciasse o movimento� Porém, é possível que um corpo esteja em movi- mento retilíneo com velocidade constante sem a aplicação de nenhuma força� Então, de certo modo, algo deve estar “impulsionando” o movimento des- se corpo� Esse comportamento pode ser entendido como a presença de uma energia de movimento no corpo� A essa energia relacionada ao movimento dos corpos daremos o nome de energia cinética� A partir dessa simples definição, já é possível rela- cionarmos a velocidade que um corpo possui à sua quantidade de energia cinética� Então, se um corpo tem velocidade diferente de zero, o corpo então pos- sui energia cinética, caso o corpo esteja em repouso, ou seja, quando tem velocidade nula, tem energia cinética nula também� Mas a energia cinética não é o mesmo que a velo- cidade. Se assim fosse, não faria sentido defini-la. 6 Continuando o nosso estudo empírico, sabemos que quanto mais pesado um corpo, mais força é neces- sária para que o coloque em movimento� Isso quer dizer que, de modo simples, foi necessário consumir uma quantidade de energia equivalente à massa do corpo� F a V=0 V=v m m Figura 1: A aplicação de uma força F promove uma acelera- ção a em um corpo de massa m� Fonte: Elaboração própria� Diante desta análise empírica, podemos compreender de forma clara o que é a energia cinética� Sob o pon- to de vista físico, vamos calcular a energia cinética de um corpo� Considerando-se a movimentação de um bloco sobre uma superfície perfeitamente lisa (sem atrito), é necessário aplicar uma força a fim de promover o movimento, definida por: F = m ∙ a Onde F é a força, m é a massa do corpo e a é a ace- leração imposta ao corpo como consequência da 7 força aplicada� Considerando-se que a aceleração seja constante, é possível calcular a velocidade por meio da expressão de Torricelli: Reescrevendo a expressão da força com o uso da expressão de Torricelli: Consideramos que o corpo estava parado (v0 = 0) em sua posição inicial, e passando o termo ∆s para o outro lado da igualdade temos que a equação básica para o estudo das relações de energia é: Observe que, com essa expressão, o cálculo da ener- gia pode ser realizado por meio de duas abordagens� No lado esquerdo da igualdade, o termo F ∙ ∆s per- mite calcular a energia gasta para se deslocar um corpo através de uma distância ∆s, quando aplicada uma força F� Essa expressão será muito utilizada no estudo das energias potenciais� Para o estudo da 8 energia cinética, usaremos o lado direito da expres- são, que contém o termo referente à velocidade v� Vamos antecipar um pouco o conceito de trabalho� O trabalho aplicado em um corpo é definido pela va- riação de sua energia� Então, a Imagem 2 representa como é o estudo da energia, e consequentemente do trabalho, para cada lado da expressão� F S1 S2 m m S E=F. S S1 S2 m m E= m.v 2 2 Figura 2: Abordagens F ∙ ∆s e (m ∙ v2)/2 para o cálculo da energia� Fonte: Elaboração própria� A energia cinética, representada pelos símbolos K ou Ec é dada por: ou Perceba que, de certa forma, a expressão obtida condiz com as premissas empíricas levantadas an- teriormente com relação à energia em função da ve- 9 locidade e da massa do corpo� A unidade da energia, no sistema internacional, é Joule (J), expressa como: REFLITA Qual a energia cinética de um corpo com veloci- dade de 3km/h e massa de 200g? O mesmo cor- po acelerou, e agora possui uma velocidadede 5km/h� Qual a sua energia nessa condição? RESOLUÇÃO Aplicando a expressão: Para a primeira condição, temos: Ao acelerar, o corpo possui uma nova velocidade e, consequentemente, uma nova energia: 10 Lembrando que se deve sempre converter os da- dos para o Sistema Internacional� Por isso: Perceba que, ao mudarmos a velocidade, a energia do corpo varia� Isso pode ser de certa forma enten- dido porque, para mudar a velocidade, uma força foi aplicada a fim de promover uma aceleração. Veremos em breve que o conceito com relação à variação da energia relaciona-se à aplicação de uma força, porém de forma mais ampla� Um detalhe importante: a energia é uma variável escalar� Então, não existe energia em cada eixo� A energia cinética é obtida por meio da velocidade li- near do corpo� No caso de expressões paramétricas, deve-se obter a velocidade resultante, ou calcular cada “componente” da energia sobre cada eixo, e depois calcular sua resultante� REFLITA Qual a energia cinética de um corpo com veloci- dade de e massa de 5Kg? 11 RESOLUÇÃO Primeiro deve-se obter a velocidade linear: Aplicando a expressão: Temos: É importante deixar claro um detalhe: a energia ob- tida considera que o corpo possua energia cinética nula quando a velocidade for nula (Ec = 0)� Por isso, pode ser considerada como um valor absoluto, não uma variação de valores� Esse detalhe será impor- tante quando formos apresentados ao conceito de trabalho de uma força� Quando um corpo está em movimento circular, deve- mos ter em mente que a velocidade que ele percorre é a velocidade tangencial� Então, sua energia cinética é proporcional à sua velocidade linear, já que não existe movimento na direção do orientado pelo raio� Quando o movimento não é feito sobre uma superfí- cie perfeitamente lisa, será comprometido pela força 12 atrito� Nesse caso, a energia de movimento é dissi- pada e convertida em outras formas de energia� Para mais detalhes atente-se ao podcast a seguir� Podcast 1 13 https://famonline.instructure.com/files/1064029/download?download_frd=1 ENERGIA POTENCIAL GRAVITACIONAL E ELÁSTICA Considere um caso em que um corpo não está em movimento mas possui a tendência de iniciá-lo� Por exemplo, quando um corpo está suspenso por meio de uma corda, ou no caso de uma mola pressionada� De modo empírico, sabemos que em ambos os casos existe a tendência do movimento, mesmo que ele não exista� Pode-se dizer assim que eles possuem o potencial ao movimento� Ou melhor, eles possuem uma energia armazenada, que poderá ser recuperada para promover o movimento� Nesses casos, dizemos que o corpo possui energia potencial� Para os dois exemplos dados, as energias são ar- mazenadas de formas diferentes� Primeiro, vamos estudar o caso do corpo suspenso e posteriormente o caso da mola� Quando um corpo está a uma certa altura, ele possui o potencial de retornar ao solo (altura nula) devido à força peso aplicada nele� Esse potencial denomina- -se energia potencial gravitacional� De modo empírico, sabemos que quanto mais “pe- sado” é o corpo (mais massa) mais força deve ser realizada para se elevar esse corpo� Além disso, quanto mais alto se eleva, mais energia será gas- ta nesse processo� Então, é possível dizer-se que a energia potencial gravitacional é função desses dois parâmetros� Sob o ponto de vista físico, todo 14 corpo sofre uma força com o intuito de trazê-lo para o solo, devido à gravidade� Sabendo-se que durante o processo de queda do objeto ele adquire velocida- de, isso significa que o corpo continha uma energia capaz de ser convertida em energia cinética� Ambos os pontos de vista estão corretos e serão de grande valia nos estudos futuros� Observe a Imagem 3� Considere que, na posição inicial “1”, o corpo está parado (velocidade nula)� Consequentemente, ele não possui energia cinética� Quando ele começa a cair, ele se move na direção vertical, sob influência da força peso. Como a força está na mesma direção do movimento, ela realiza trabalho no corpo� V1 = 0 P=mg m V2 = vm h1 h2 Figura 3: Comportamento de um corpo sob influência da força peso� Fonte: Elaboração Própria� 15 Aplicando-se a expressão que relaciona energia com o deslocamento, a energia potencial pode ser calcu- lada como: E = F ∙ ∆s → E = P ∙ (h2 - h1) → E = m ∙ g (h2 - h1) Se considerarmos que o corpo inicia na posição y1 = 0 (referencial do movimento), a energia potencial gravitacional é dada por: Epg = m ∙ g ∙ h Ao analisarmos o comportamento da energia poten- cial gravitacional, notamos que quando um corpo diminui sua altura com relação ao solo, sua energia potencial também diminui� REFLITA Qual a energia potencial gravitacional de um corpo de massa de 3Kg que se localiza a 2m do chão (adote g = 9,8m/s2)? RESOLUÇÃO Aplicando diretamente a expressão da energia potencial gravitacional, temos: Epg = m ∙ g ∙ h = 3 ∙ 9,8 ∙ 2 = 58,8J 16 Outra forma de energia potencial apresentada é a energia armazenada por sistemas elásticos, como molas e borrachas� Nesses exemplos, um corpo sofre deformação sob efeito de uma força e essa deforma- ção armazena uma quantidade de energia� Quando esse corpo retorna à sua condição original, ele libera essa energia, chamada de energia potencial elástica� Para estudar a energia potencial elástica, vamos considerar um problema com molas, como mostra a Imagem 4� m F S1=0 S2=X x Figura 4: Corpo sendo movido do ponto s1 para s2 devido à força aplicada por uma mola� Fonte: Elaboração Própria� Assim como desenvolvemos para a energia potencial gravitacional, vamos desenvolver a expressão da energia potencial elástica com base na expressão força-deslocamento� Como a força da mola não é constante (é função de sua deformação), a expressão pode ser obtida por meio da integral da força pelo deslocamento� Sendo K a constante da mola e x o deslocamento, a expressão obtida para a energia potencial elástica é: 17 REFLITA Qual a energia armazenada por uma mola com constante elástica K = 200N/m, que sofreu uma compressão de x = 5cm? RESOLUÇÃO Aplicando-se diretamente a expressão da energia potencial elástica, temos: 18 FORÇAS CONSERVATIVAS E NÃO CONSERVATIVAS Quando estudamos as relações entre as energias e suas transformações, existem casos onde essa transformação pode ser realizada de forma inversa, enquanto em outros casos pode ocorrer uma única vez. Essas duas situações definem os processos que envolvem forças conservativas e não conservativas� Pense na situação a seguir: um corpo se choca com uma mola com uma certa velocidade, causa uma deformação proporcional à velocidade e à massa do corpo� Nesse caso, a energia cinética foi convertida em energia potencial elástica� Essa mesma energia, quando devolvida ao corpo, promove um movimento semelhante ao inicial. Isso nos leva à definição de forças conservativas, que são de grande importância na física� Uma força é dita conservativa quando é reversível e seu cálculo depende apenas dos valores iniciais e finais do experimento, não importando os eventos intermediários� Isso, inclusive, gera uma consequên- cia interessante: se o ponto de início do evento for igual ao final, o trabalho realizado pela força é nulo, já que em um momento ela realiza trabalho sobre o corpo e no segundo momento o corpo que “realiza” o trabalho sobre a força� 19 Uma força não conservativa difere da conservativa principalmente por possuir forças dissipativas� Um exemplo desse tipo de força é o atrito� A força atrito converte a energia do movimento em calor, que se dissipa� Com isso, não é possível recuperá-la (não adianta mover o bloco no sentido contrário para retomar seu estado de energia inicial)� Assim, se o processo for um ciclo (as ações realizadas retornam à posição inicial), as energias inicial e final não serão as mesmas� REFLITA Um corpo de massa m = 20kg e velocidade v = 3m/s se choca com uma mola com constante K = 5000N/m� Calcule a deformaçãomáxima da mola� Após atingida a deformação máxima, a mola em- purra o corpo no sentido contrário� Mostre que a energia do corpo ao colidir com a mola é a mesma do que quando ele a abandona� RESOLUÇÃO Calculando a primeira condição (o corpo atinge a mola), a máxima deformação ocorre quando toda a energia cinética do corpo foi transferida para a mola� Então, igualando as duas expressões: 20 O processo será conservativo se a velocidade do corpo ao ser lançado pela mola for igual àquela que atingiu a mola (energias cinéticas iguais)� V=0 V x=0 x V=0 V x=0x Ec Epe m m Figura 5: Momento em que o corpo colide com a mola, e o momento onde a mola empurra o corpo� Fonte: Elaboração Própria� 21 REFLITA Nesse caso, os valores iniciais e finais coincidem, então o processo é conservativo� Calcule o trabalho realizado pela força atrito (co- eficiente de atrito cinético c) ao mover um objeto com massa m de um lado a outro de um cômodo, percorrendo a distância de s� Mostre que, mesmo retornando o objeto à posição original, a energia consumida para arrastar o corpo não é restaurada� RESOLUÇÃO Observando a Imagem 6, vemos que a força de atrito sempre está oposta ao movimento� m m direção do movimento Fat m m direção do movimento Fat Figura 6: Direção da força atrito em função da direção do movimento� Fonte: Elaboração Própria� 22 REFLITA Então, considerando-se que o corpo possui uma quantidade de energia ao iniciar o movimento, a cada trecho percorrido, a força atrito sempre dis- sipará energia (quando se arrasta um móvel pela casa, não basta colocar ele no lugar original que você recupera as energias gastas para arrastar ele)� Mais detalhes com relação às trocas de energia serão vistos na lei de conservação de energia e no conceito de trabalho de uma força, à frente� 23 LEI DA CONSERVAÇÃO DA ENERGIA Chamamos de energia total de um sistema a soma da energia cinética com a energia potencial (podendo ser gravitacional ou elástica)� Logo temos: Et = Ec + Ep Com esses conceitos bem estabelecidos, agora po- demos passar à lei de conservação de energia� Nesse momento já temos uma certa noção do significado dessa lei� Ela diz que a energia total de um sistema é constante, ou seja, existe conservação da ener- gia total do sistema, sendo então uma constante de movimento. Isso significa dizer que ela é a mesma numa situação inicial e numa situação final, após uma interação� Lembre-se de que um sistema é uma região de estudo delimitada, onde não existem influ- ências externas� Como a energia de um sistema se conserva, se em dado instante um corpo tem uma certa energia cinéti- ca e após a passagem de algum momento ele já não tem a mesma energia cinética, sabemos que essa energia se transformou em algum tipo de energia potencial� O inverso também vale� A produção de energia elétrica é um exemplo do nosso dia a dia da transformação de energia� No processo, energia potencial gravitacional é conver- 24 tida em energia cinética� Além disso, há também a conversão de energia cinética em energia elétrica, mas essa transformação necessita de conceitos de eletromagnetismo e não será tratada aqui� Figura 7: Usina hidrelétrica� Fonte: www.hidroenergia.com.br� REFLITA Ao lançarmos uma bola de futebol de massa m = 100g para o alto (assuma que o lançamento é vertical, ou seja, no eixo), imediatamente após ela perder contato com nossas mãos a bola tem uma certa velocidade � Qual a altura que a bola atinge, considerando g = 9,8m/s2? RESOLUÇÃO Se pensarmos na energia total da bola no momen- to em que deixa nossa mão teremos: 25 https://www.hidroenergia.com.br/o-que-e-uma-uhe-usina-hidreletrica/ Nesse momento a atração gravitacional começa a agir sobre a bola, portanto ela começa a per- der velocidade, e a energia cinética começa a se converter em energia potencial gravitacional� No instante em que a bola atinge sua altura máxima, sua velocidade é zero, pois ela vai inverter seu mo- vimento e começar a cair� Sua energia total então é: E2 = Ec + Ep → E2 = 0 + m ∙ g ∙ h = 0,1 ∙ 9,8 ∙ h = 0,98h Pela conservação da energia sabemos que a bola deve ter a mesma energia no instante em que saiu de nossas mãos e no instante em que inverte seu movimento, logo: E1 = E2 1,25 = 0,98h → h = 1,27m Um corpo de massa m = 200g é solto no topo de um plano inclinado de altura h = 1m� Sabendo que o angulo de inclinação deste plano é de 20º, calcule a velocidade do bloco ao atingir a parte de baixo deste plano� Considere g = 9,8m/s2� 26 RESOLUÇÃO A figura mostra o esboço do problema e o diagra- ma de forças aplicado ao corpo: P.sen( ) Ph v Figura 8: Esquema referente ao exemplo� Fonte: Elaboração Própria� REFLITA Esse tipo de problema pode ser resolvido de dife- rentes modos� O mais simples será calcular a ener- gia potencial no ponto mais alto do plano e consi- derar que essa energia foi totalmente convertida em energia cinética ao final da rampa. Sabendo que no ponto mais alto a energia potencial vale: E1 = Ec + Ep → E1 = 0 + m ∙ g ∙ h = 0,2 ∙ 9,8 ∙ 1 = 1,96J 27 No ponto mais baixo, toda essa energia deverá ser convertida em cinética, então: Igualando as energias, já que não estão envolvidas forças dissipativas: E1 + E2 → 1,96 = 0,1 ∙ v2 → v = 4,427m/s Um corpo, além das energias mecânicas (cinética, potencial gravitacional, potencial elástica e atrito), possui energias que não estão relacionadas ao mo- vimento� Essas são as energias internas� Para enten- der sobre elas, responda ao seguinte problema: por exemplo, se esfregarmos uma mão contra a outra, por que há um aumento da temperatura? Porque parte da energia do movimento foi convertida e dis- sipada por meio de calor� 28 CONCEITO DE TRABALHO E POTÊNCIA Anteriormente, definimos os conceitos de energia. Além disso, analisamos que essa variação da ener- gia mecânica está relacionada à aplicação de uma força� Também soubemos que essa variação de energia, seja cinética ou potencial, está relacionada à mudança da posição do corpo no espaço� Com isso, poderemos omitir, pelo menos no momento, que qualquer mudança ocorrida no corpo que não afete sua posição não gera mudança em seu nível de energia� Considere um corpo em movimento retilíneo sobre uma superfície, como mostra a Imagem 9� Uma força F aplicada ao corpo faz com que ele se mova na direção da força aplicada� F x Figura 9: Deslocamento de um corpo por consequência da aplicação de uma força� Fonte: Elaboração Própria� 29 Lembre-se sempre de avaliar a força resultante� Este detalhe é importante para que não fique dúvidas em problemas em que, por exemplo, é aplicada a força em uma direção, porém o objeto segue para outra direção� Definiremos o trabalho W realizado por uma força como o produto escalar entre o vetor força e o vetor deslocamento ocorrido� Calculando-se o trabalho apenas com base no mó- dulo dos vetores, temos: W = |F|∙|∆r|∙cos(θ) Onde θ é o menor ângulo formado pelos vetores e � Assim como a energia, o trabalho é uma unidade escalar� A unidade do trabalho W, no sistema inter- nacional, é Joule (J) (a mesma unidade da energia)� Por meio da equação do trabalho, vemos que a uni- dade Joule também pode ser reescrita como N�m (newton-metro)� REFLITA Para o exemplo da Imagem 10, qual o trabalho da força F, sabendo que seu módulo é 20N, a massa 30 do corpo é de 5Kg, e o deslocamento ∆r = 3m? E se a força for aplicada com um angulo θ de 30º com relação à direção do movimento, qual o novo trabalho? F r r F Figura 10: Esquema referente aos dois momentos do exem- plo� Fonte: Elaboração Própria� REFLITA RESOLUÇÃO Com base nos dados, o trabalho da força é dado por: 31 Quando a força não possui mesma direção, temos: Um importante resultado com relação ao ângulo en- tre força e deslocamento é que forças perpendicula- res (angulo de 90º) ao deslocamento não realizam trabalho, pois � Ou seja, se movermos um objeto de forma que ele se mantenhaparalelo ao chão, a for- ça gravitacional não exerce nenhum trabalho sobre esse deslocamento, pois é perpendicular a ele� Isso, porém, não significa dizer que não existam forças aplicadas nessa direção� O estudo dos trabalhos aplicados à um corpo pode ser realizado por meio da somatória das forças na direção do movimento (ou de suas componentes) ou pela somatória dos trabalhos individuais de cada força� Isso é chamado de trabalho total sobre um corpo� Por exemplo, analisando-se o problema refe- rente à Imagem 11, o cálculo do trabalho poderia ser realizado por meio das componentes: r F Fx Fy Figura 11: Decomposição do vetor força 𝐹𝐹 � Fonte: Elaboração Própria� 32 Para calcularmos o trabalho total sobre um corpo, cada uma das forças será decomposta em duas com- ponentes: uma paralela ao movimento (que realiza trabalho) e outra perpendicular (trabalho nulo)� No caso da Imagem 11, a componente é a única que realiza trabalho, já que a componente está per- pendicular à direção do movimento, e por isso não realiza trabalho� Ao estudarmos a unidade do trabalho, percebemos que é a mesma unidade aplicada para a energia� Isso tem um motivo: o trabalho realizado por uma força promove a variação da energia cinética de um corpo, ou seja: (trabalho da energia cinética) Esta expressão é conhecida como o teorema do trabalho-energia� Aqui será importante relembrarmos um detalhe� Ao descrevermos que a expressão do trabalho se dá em função da energia cinética, não estamos excluindo a análise usando a energia potencial� Lembramos que a energia potencial é uma “possibilidade” de movimento� Caso essa energia seja convertida em movimento (mudança de posição do corpo), signi- fica que a energia potencial realizou trabalho sobre o corpo, ou seja: 33 (trabalho da energia potencial gravitacional) (trabalho da energia potencial elástica) Mais uma vez, utilizaremos nossos conhecimentos empíricos para compreender como o teorema do trabalho-energia se comporta� Estudamos que, para mover um corpo, deve-se aplicar uma força sobre ele� Essa força promove a variação da velocidade (no caso da energia cinética), da altura (potencial gravitacional) ou da deformação (potencial elástica)� Isso significa que foi realizado trabalho no corpo. Desse modo, a aplicação de um trabalho altera a energia do corpo� É interessante, a partir do conceito de trabalho, com- preendermos o conceito de conservação de energia� Durante a transformação de uma energia em outra, na verdade temos que a forma de energia inicial apli- ca um trabalho na segunda forma de energia� Isso é fácil de compreender quando consideramos que uma mola é usada para impulsionar um corpo sobre uma superfície: a mola realiza trabalho sobre o cor- po, perdendo assim energia potencial Ep� e o corpo então sobre o trabalho exercido pela mola, que acaba resultando na variação da energia cinética Ec� 34 Ep1 = 0 v1 = 0 Ec1 = 0 v2 = 0 Ec2 = Ep1 x m Sentido domovimento Ep2=0 Figura 12: Processo de transferência de energia entre um corpo e uma mola� Fonte: Elaboração Própria� É bom ressaltar-se a conservação de energia em sistemas conservativos� Quando uma força realiza trabalho, ela varia a energia de um corpo, seja ela po- tencial ou cinética (analise mentalmente o problema com as molas – a aplicação de uma força resulta na sua deformação, que consequentemente promove a variação de energia)� 35 REFLITA Um corpo de massa 1Kg está pendurado por uma mola de constante K = 1000N/m� Considerando g = 9,8m/s2, calcule a deformação aplicada à mola no ponto de equilíbrio do sistema� RESOLUÇÃO A Imagem 13 exemplifica o problema: Epe Epg h1 h2 m m Figura 13: Esquema referente ao exemplo� Fonte: Elaboração Própria� 36 REFLITA Perceba que não existe um ponto onde alguma energia será nula ou totalmente conhecida� Por isso usaremos o princípio dos referenciais iner- ciais� Vamos considerar que na posição h1 a mola possua uma energia potencial elástica Epe1 e o cor- po possua uma energia potencial gravitacional Epg1� No ponto h2, a mola possua agora Epe2 e o corpo Epg2� Como, por conta do princípio da conserva- ção de energia e do teorema trabalho-energia, a variação de um tipo de energia é justificada pelo aumento de outra por conta da “troca” entre elas, então, considerando a variação das energias na mola e no corpo, podemos calcular o ponto de equilíbrio do problema: Isso quer dizer que a mola distendeu 0,0196m quando adicionado o corpo� O conceito de potência está relacionado diretamente à taxa de trabalho realizado em função do tempo� Por exemplo, pense em um chuveiro esquentando a água 37 no banho� Quanto mais potente, mais rápido aquece a água, e consequentemente pode-se ligar mais o chuveiro� O mesmo pode ser visto em carros� Um carro com motor mais potente acelera mais rápido, pois fornece mais energia em um espaço menor de tempo� A definição de potência permite adicionar o conceito de tempo ao estudo do trabalho� Ela é importante para compreender como o intervalo envolvido na rea- lização de um trabalho afeta o resultado� Dois carros podem consumir o mesmo volume de combustível, sendo que o mais potente consumirá mais rápido� A potência média Pm pode ser obtida pela expressão: A potência instantânea Pi pode ser obtida calculando- -se o trabalho realizado quando o intervalo tende à zero, sendo então calculada por meio da função limite: A unidade de potência no sistema internacional é Watts (W), sendo definido como 1J/s� Uma unidade comum de potência é o hp (horse-power, em inglês, potência de cavalo) que é igual à 746W� 38 FIQUE ATENTO As unidades de potência cavalo-vapor (cv) e horse- -power (hp) são diferentes! 1cv equivale a 735,5 W, enquanto 1hp = 745,7 W� Ou seja: 1cv = 0,9863hp e 1hp = 1,0139hp� A escolha das unidades está mais relacionada à área de aplicação (mesmo que pelo SI a unidade seja o padrão), não existindo uma norma para de- finir qual é melhor empregada. Em muitos casos, é comum usar a unidade de tempo diferente de segundos� Ao observar a conta de luz, percebe-se que o valor consumido de energia elétrica é dado em KWh� Esse valor é a energia consumida pela sua casa dentro daquele mês� Para converter esse valor em Joules, basta multiplicar por 3600 (1h vale 3600s)� [kW ∙ h] = 1000[ J/s] ∙ 3600[s] = 3600000[ J] = 3,6[MJ] 39 MOMENTO LINEAR E IMPULSO DE UMA FORÇA Notamos que o estudo de um sistema envolve co- nhecermos a energia dele e como ela se relaciona, além do modo com que ela é transferida, aplicando o conceito de trabalho e força� Além desses concei- tos, outras duas grandezas, relacionadas a uma lei de conservação, são de grande importância na físi- ca: o momento e o impulso� Esses conceitos estão diretamente relacionados à segunda lei de Newton (força é igual à massa vezes a aceleração, ou F = m ∙ a), porém são mais indicados em casos onde é ne- cessário relacionar a influência das forças aplicadas, sem a necessidade de conhecê-las, como no estudo das colisões entre os corpos� Por exemplo, como explicar o motivo pelo qual deve- -se atravessar devagar uma superfície frágil, como é comum em filmes de ação, e não sair correndo, sabendo que a massa da pessoa não muda? Quem responde à essa pergunta é o estudo do momento linear� A definição de momento linear, ou quantidade de movimento linear p é obtida por meio da expressão: 40 Por meio da análise dimensional, a unidade, no sis- tema internacional, para a quantidade de movimento é o kg ∙ m/s� Importante ressaltar-se que o momento é uma gran- deza vetorial� Por esse motivo, o vetor momento pode ser decomposto a fim de facilitar os cálculos. O conceito de momento linear torna o estudo das leis de Newton mais abrangentes� Por exemplo, a somatória das forças pode ser obtida por meio da derivada do momento em função do tempo: Sabe como se chama a variação de alguma coisa em função do tempo? Se chama taxa� Lembre-se desse detalhe, poisnos ajudará a compreender muitos fe- nômenos físicos� O estudo dessa relação ajuda a compreender cer- tos fenômenos� Por exemplo, ao frear um carro, de- pendendo da velocidade, ele pode ou não derrapar� Sabemos que o que distingue as duas situações, mantidas as condições de atrito com a pista, é a desaceleração sofrida pelo carro� Sob o ponto de vista do momento, as duas situações se diferem com relação ao momento aplicado aos freios� Respondendo ao questionamento anterior, sobre a superfície frágil, agora sabemos que se deve pisar devagar nessas superfícies pois estamos aplicando 41 uma força a uma taxa menor que se corrermos sobre ela� Com isso, é possível, de acordo com a situação, que a superfície se comporte melhor e não quebre (atravessar andando é mais seguro do que pulando)� Outro exemplo da importância do estudo do momen- to é a embalagem de produtos sensíveis, como vi- dros� Quando caem no chão, ocorre uma variação da energia cinética de forma instantânea, o que reflete na aplicação de uma elevada força no objeto� Quando envolvidos com um material macio, o objeto é sub- metido à mesma variação da energia cinética, mas esta é transferida de forma mais lenta, resultando na aplicação de uma força menor� REFLITA Calcule o momento linear de um corpo de massa m = 500g, movendo-se à velocidade de v = 2cm/s� RESOLUÇÃO Convertendo as unidades para o SI, e aplicando a expressão de momento linear, temos: Podemos relacionar o momento linear com a energia cinética� Mesmo ambas as unidades sendo depen- dentes da massa e da velocidade de um corpo, elas possuem comportamentos diferentes� Essa diferença é explicada por meio do conceito de impulso� 42 O impulso é uma grandeza vetorial definida como o produto da força pelo tempo de aplicação da mesma: No sistema internacional, o impulso tem como unida- de N ∙ s (Newton segundo)� O impulso pode também ser definido pela variação do momento linear, por meio do teorema impulso-momento linear, descrito como: Aplicando-se o conceito de impulso, é possível des- crever a força aplicada em um corpo como a razão entre a variação do momento linear em função do tempo, ou seja: Aqui novamente é possível compreendermos o mo- tivo por que andar sobre superfícies é mais seguro que correr� Como o tempo em que os pés estão em contato com a superfície enquanto andamos é maior, menor é a força aplicada pelos pés, quando compa- rado à uma corrida� Definindo, de modo geral, a variação do momento linear durante um intervalo é igual ao impulso da 43 força resultante que atua sobre a partícula durante esse intervalo� Uma vez compreendido o momento linear, podemos destacar que, do mesmo modo que ocorre com a energia em um sistema fechado, o momento linear se mantém constante durante os estudos� Então, o estudo do movimento dos corpos pode ser explicado agora usando os conceitos de energia, momento e forças envolvidas� REFLITA Calcule o impulso e a força aplicados a um carro de massa m = 1000Kg, a uma velocidade de v = 60Km/h para que o mesmo freie em t = 4s� RESOLUÇÃO Calculando o momento linear do veículo antes de iniciar a frenagem, e após a frenagem: Aplicando a expressão do impulso, temos: 44 A força pode ser obtida como: Para o exemplo anterior, vale lembrar que pode ser resolvido usando a lei de Newton como um método alternativo para o cálculo da força, já que ela ainda é válida� Calculando a aceleração com base nos dados fornecidos, temos: e F = m ∙ a → F = 1000 ∙ 4,16675 = 4166,75N 45 COLISÕES ELÁSTICAS E INELÁSTICAS Ao estudarmos o conceito de colisão, é fácil relacio- nar seu significado aos eventos cotidianos, como a colisão entre carros, ou em um jogo de bilhar� Porém, o que acontece fisicamente numa dessas colisões? A resposta para essa pergunta nos leva à definição física de colisão, onde colisão é o processo entre duas partículas, lançadas uma contra a outra, em que pode haver troca de energia e momento devido à interação entre elas� No estudo das colisões, devemos distinguir as eta- pas do processo, estudando seu comportamento em cada uma delas� Basicamente, devemos obser- var o evento da colisão antes, durante e depois da interação entre os corpos� Para estudarmos essas etapas, devemos calcular a quantidade de movimento envolvida de forma individual, sob o ponto de vista dos corpos envolvidos, e de forma global� Lembrando que, em um sistema conservativo, o momento linear total, assim como a energia cinética total, devem se manter constantes� A fase anterior à colisão é caracterizada pelas gran- dezas físicas (os momentos lineares) das partículas de forma separada, sem nenhuma interação entre elas� Temos então a fase em que de fato ocorre a interação, com a troca de energia entre os corpos� Os cálculos envolvidos nessa fase serão omitidos, 46 uma vez que dependem das características dos cor- pos� Posteriormente à interação, os momentos são compartilhados� A Imagem 14 destaca as fases da colisão entre dois corpos� m1 m2 v1 v2 Após a colisão Durante a colisão Antes da colisão m1 m2 F1 F2 m1 m2 v1 v2 Figura 14: Fases de uma colisão� Fonte: Elaboração Própria� De forma simples, conhecemos os valores anteriores à colisão, e devemos calcular os valores , posteriores à interação entre os corpos� 47 Como estudamos anteriormente, existem processos onde a força é conservativa (reversível) ou não conser- vativa (dissipativa)� Estendendo os conceitos aos mo- mentos lineares, e às colisões entre partículas, temos os eventos cujo momento linear se mantém e outros casos em que ele se dissipa por diferentes meios� As colisões em que o momento linear total, e conse- quentemente energia cinética total, conserva-se são chamadas de colisões elásticas� Os casos em que a energia cinética não se mantém são chamados de colisões inelásticas� Deve-se ter em mente que a distinção entre colisão elástica e inelástica está relacionada com o modo com o qual ocorre o afasta- mento dos corpos após a colisão, e não unicamente à quantidade de momento linear� Para isso, é medida a velocidade relativa entre os corpos, obtida como: Lembre-se de que a velocidade é uma unidade veto- rial, então se deve levar em consideração a direção e sentido da mesma nos cálculos� Nos casos onde ela acontece, a dissipação de ener- gia pode ocorrer de diversas formas: deformação do corpo, som ou calor� Na vida real, nenhuma colisão é perfeitamente elástica, sempre há alguma trans- formação e dissipação de energia� No entanto, nos processos em que essa perda de energia é muito pequena, podemos aproximar nosso processo a um processo elástico� 48 Por exemplo, a colisão de bolas de bilhar num jogo de sinuca pode ser bem aproximada de uma colisão elástica, porém o som que percebemos no instante do choque significa que parte da energia cinética foi transformada em vibrações no ar, gerando o som� Como essa dissipação é de cerca de 3%, podemos desprezá-la sem afetar drasticamente os resultados� Já no exemplo da colisão de dois veículos, grande parte da energia cinética, ou do momento linear, é convertida em deformação do veículo� Por esse mo- tivo, mesmo que após a colisão os dois carros se afastem, eles se afastaram com energia cinética total menor que a inicial, caracterizando uma colisão inelástica� Colisões inelásticas Uma colisão inelástica é aquela na qual, quando se chocam, os corpos não se afastam com a mesma velocidade relativa em que se aproximaram� Se d = v2 - v1 (antes da colisão) e d' = v2' - v1' (depois da colisão), temos na colisão inelástica que d ≠ d'� Isso ocorre porque grande parte da energia se dis- sipa, sendo então a energia após a colisão menor que aquela existente antes da colisão� A Imagem 15 destaca o comportamento dos corpos em uma colisão inelástica� 49 m1 m2 v1 v2 Após a colisão Antes da colisão m1 m2 v1 v2 (V2-V1)>(V2-V1) Figura 15: Colisão inelástica� Fonte: Elaboração Própria� Em certos casos, os corpos nãose afastam após a colisão (d'= 0), por isso, sob o ponto de vista físico, podem ser observados como um único corpo� Essa situação é chamada de colisão totalmente inelásti- ca� A Imagem 16 mostra o comportamento de dois blocos quando submetidos à colisão totalmente inelástica� 50 m1 m2 v1 v2 Antes da colisão Após a colisão m1 m2 V Figura 16: Colisão totalmente inelástica� Fonte: Elaboração Própria� Para calcularmos o comportamento das colisões inelásticas, devemos conhecer quanto de energia foi perdida durante a colisão, já que está relacionada a diferentes características físicas e estruturais dos corpos� Como esse cálculo é de difícil realização, omitiremos o estudo numérico deste tipo de colisão� Já as colisões totalmente inelásticas possuem dife- rentes aplicações, como a estimativa da velocidade de projéteis� Para isso, é realizado um disparo contra um bloco de material que promova a colisão total- mente inelástica� Assim, na etapa anterior à colisão, o projétil tem um momento linear p1 = m1 ∙ v1 e o bloco, caso esteja parado, possui momento linear nulo (p2 51 = m2 ∙ v2 = 0)� Após a colisão, é considerado que o projétil e o bloco são um único corpo com massa m = m1 ∙ m2 e velocidade � REFLITA Imagine dois blocos, como mostrado na Imagem 15, que sofrem uma colisão totalmente inelástica, cujas velocidades iniciais e massas valem v1 = 5m/s e v2 = 1m/s, m1 = 8kg e m2 = 10kg� Calcule a velocidade dos blocos após a colisão� RESOLUÇÃO Para que não fiquemos presos a decorar fórmu- las, vamos desenvolver o exercício aplicando os teoremas de momento total� Antes da colisão, o momento linear total vale: Após a colisão: Como o sistema é conservativo: 52 Um detalhe: lembre-se de que a velocidade e o mo- mento são unidades vetoriais! Então, nos cálculos é importante levar em consideração a direção e o sentido dessas entidades! Colisões elásticas As colisões elásticas são aquelas, como já comenta- do anteriormente, mantém o momento linear após a colisão� Isso quer dizer que as forças envolvidas na colisão são conservativas� Por esse motivo, a velocida- de relativa entre os blocos se mantém após a colisão� m1 m2 v1 v2 Após a colisão Antes da colisão m1 m2 v1 v2 (V2-V1)>(V2-V1) Figura 17: Colisão elástica� Fonte: Elaboração própria� 53 De modo geral, podemos calcular o comportamento dos corpos após uma colisão elástica por meio da manutenção do momento linear total� Considerando os momentos anteriores à colisão e os posteriores à interação entre os cor- pos, podemos definir a expressão: REFLITA Um bloco com velocidade v = 3m/s e massa m = 2kg colide com outro bloco de massa m = 5kg que estava parado� Sabendo que a colisão foi elásti- ca, calcule as velocidades de cada bloco após a colisão� RESOLUÇÃO A Imagem 18 ajuda no desenvolvimento do exemplo: 54 m1 m2 v1 v2=0 Após a colisão Antes da colisão m1 m2 v1 v2 Figura 18: Colisão elástica referente ao exemplo� Fonte: Elaboração própria� REFLITA Analisando-se as condições iniciais do problema, temos: p = m1 ∙ v1 + m2 ∙ v2 = 2 ∙ 3 + 0 = 6kg ∙ m/s d = v2 - v1 = 0 - 3 = - 3m/s Agora, analisando-se a condição após a colisão: p' = m1 ∙ v1'+ m2 ∙ v2'= 2 ∙ (–v1') + 5 ∙ v2' d'= v2 - v1 = -v2' - (v1') = - (v2' + v1') 55 Como d = d'→ –3 = – (v2' + v1) → v2' + v1' = 3 Substituindo uma das velocidades na expressão do momento linear, temos: e Caso a colisão ocorra em mais de uma direção, deve- mos lembrar que os momentos e velocidades são ve- tores� Então, basta analisarmos cada componente em separado e depois obter a resultante das velocidades� 56 CENTRO DE MASSA O conceito de momento linear também pode ser usa- do para permitir que se encontre um ponto hipotético em um corpo onde seja possível considerar que toda a massa de um sistema físico esteja concentrada� Com isso, é possível estudar o movimento deste sis- tema como se todas as forças externas estivessem sendo aplicadas nesse ponto� O uso do centro de massa é uma abordagem muito usada em diversos ramos da física, pois facilita a compreensão e o es- tudo das consequências da aplicação de uma força em um sistema de geometria complexa� No podcast a seguir apresentamos motivos pelos quais a compreensão do centro de massa é tão im- portante no estudo dos fenômenos do movimento� Podcast 2 Para calcularmos o centro de massa, devemos con- siderar que exista um ponto onde o momento linear é igual ao valor médio de todos os momentos lineares dos elementos que compõem tal geometria� Para calcular as coordenadas desse ponto, aplicamos a expressão: Onde é o vetor posição do centro de massa� 57 https://famonline.instructure.com/files/1064030/download?download_frd=1 REFLITA Para o sistema de partículas mostrado abaixo, encontre seu centro de massa, onde: m1 = 1kg m2 = 3kg m3 = 10kg 1 1 3 6 2 5 y(cm) x(cm) Figura 19: Configuração das partículas do exemplo. Fonte: Elaboração Própria� 58 REFLITA RESOLUÇÃO Decompondo o vetor posição em suas compo- nentes x e y, podemos encontrar o centro de massa como: Então as coordenadas do centro de massa são r = (2, 21; 1, 5)cm� 59 CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao longo deste módulo nos dedicamos a compreen- der os fenômenos físicos relacionados ao movimento sob um ponto de vista diferente daquele apresentado pela segunda lei de Newton� Para isso, estudamos os conceitos de energia cinética, quando o corpo está em movimento, e de energia potencial, quando o corpo não está em movimento, mas possui a ten- dência de se mover� Essa energia pode estar relacio- nada à altura do corpo, sendo chamada de potencial gravitacional, ou por condições de deformações em materiais elásticos (ou molas), sendo então chamada de energia potencial elástica� Compreendida a definição sobre as energias envol- vidas no movimento, notamos que elas podem se manter constantes no sistema de interesse, ou se dissipam por conta de interações não reversíveis, como o atrito� No caso da energia se manter constan- te, ela pode ser transformada de um tipo para outro de energia� Por esse motivo, ao soltarmos um corpo, ele adquire uma velocidade (conversão de energia potencial em cinética)� As relações de transformação de energia nos levaram ao estudo do trabalho reali- zado por uma força, sendo o trabalho justamente a variação de energia em um sistema� Em problemas envolvendo o movimento de corpos em que as relações de força não são explícitas, é possível usar os conceitos de momento linear e im- pulso� O momento linear está relacionado à massa e 60 à velocidade do corpo, podendo ser entendido como uma quantidade de movimento que o corpo tem� O impulso define exatamente a que taxa a força é aplicada em um corpo� Concluindo os estudos, notamos como os corpos se relacionam quando colidem uns com os outros, relacionando a quantidade de momento ao compor- tamento dos corpos após a interação� Essa interação pode ser elástica, quando os corpos mantêm a veloci- dade relativa entre si, ou inelástica, onde os corpos se movem de forma diferente após a colisão, chegando mesmo a se manter unidos após o choque� Inclusive o conceito de manutenção do movimento foi usa- do para calcularmos um ponto chamado centro de massa, onde é possível estudar o comportamento de um corpo sem se preocupar com sua geometria� 61 SÍNTESE Colisão elástica. Colisão totalmente inelástica. Colisão inelástica. Análise da energia e velocidade relativa. Estudo de como os corpos se relacionam quando interagem. Colisões Obtidas por meio do momento linear. Ponto hipotético onde os efeitos das forças sobre o corpo podem ser concentradas. Centro de Massa Impulso. Momento linear. Momento linear e impulso Potência. Conversão entre tipos de energia. Trabalho. Lei da conservação de energia A aplicação de uma força altera a velocidade e a energia do corpo. Sistemas. Energia mecânica. Energias dissipativas. Conceito de energia e sistemas Unidade: Joule. Energiapotencial elástica. Estudo da energia relacionada à velocidade Impulsiona o movimento mesmo sem a presença de uma força Energia cinética Energia potencial gravitacional. Energia potencial Forças conservativas e não conservativas Trabalho e potência FÍSICA APLICADA Referências Bibliográficas & Consultadas CHAVES, A� Física básica: mecânica� Rio de Janeiro: LTC, 2017� [Minha Biblioteca]� HALLIDAY, D�; RESNICK, R�; WALKER, J� Fundamentos de Física: Mecânica� v� 1� 10� ed� [Minha Biblioteca]� HIBBELER, R� C� Estática: mecânica para engenha- ria: 14� ed� São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2017� [Biblioteca Virtual]� MARQUES, F� C� Física mecânica� Barueri (SP): Manole, 2016� [Minha Biblioteca]� NUSSENZVEIG, M� H� Curso de Física Básica� 5� ed� São Paulo: Blucher, 2013� [Minha Biblioteca]� SERWAY, R� A�; JEWETT JR, J� W� Física para Cientistas e Engenheiros: Mecânica� v� 1� São Paulo: Cengage Learning, 2014� [Minha Biblioteca]� SERWAY, R� A� Princípios de Física: mecânica clássica e relatividade� v� 1� São Paulo: Cengage Learning, 2014� [Minha Biblioteca]� YOUNG, H� D�; FREEDMAN, R� A� Física I: mecâ- nica� 12� ed� São Paulo: Addison/Wesley, 2008� [Biblioteca Virtual]� Introdução Conceito de Energia e Sistema Energia cinética Energia potencial gravitacional e elástica Forças conservativas e não conservativas Lei da conservação da energia Conceito de trabalho e potência Momento linear e impulso de uma força Colisões elásticas e inelásticas Colisões inelásticas Colisões elásticas Centro de massa Considerações finais Síntese Referências Bibliográficas & Consultadas
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