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CONTABILIDADE SOCIETÁRIA INVESTIMENTOS: A Lei n° 6.404/76, alterada pelas Leis n° 11.638/07 e n° 11.941/09, introduziu critérios contábeis de avaliação ao de investimentos mais adequados que os até então praticados (art. 183, I, III e VI e § 1°, art. 243, §§ 1°, 2°, 3° e 4°). São esses critérios de relativa complexidade na aplicação prática. Para fins contábeis passaram a existir três métodos de avaliação de investimentos: Método de Custo, Método de Valor Justo e Método da Equivalência Patrimonial. O método de equivalência patrimonial será utilizado para os investimentos permanentes em coligadas e controladas (inclusive controladas em conjunto), sendo os demais métodos utilizados nos demais tipos de investimentos. Em circunstâncias específicas, os modelos de valor justo ou de custo podem ser usados para avaliar investimentos permanentes em outras sociedades. Investimentos de caráter permanente, ou seja, destinados a produzir benefícios pela sua permanência na empresa, são classificados à parte no balanço patrimonial como INVESTIMENTOS. Esse subgrupo de Investimentos faz parte do Grupo ATIVO NÃO CIRCULANTE, que inclui também o Realizável a Longo Prazo, o Ativo Imobilizado e o Ativo Intangível, como mostrado a seguir. Deve-se destacar que o subgrupo denominado Ativo Diferido foi eliminado, mas ainda poderá ser encontrado nos balanços por saldos formados até o exercício de 2008 e ainda não totalmente amortizados. BALANÇO PATRIMONIAL ATIVO PASSIVO CIRCULANTE NÃO CIRCULANTE REALIZÁVEL A LONGO PRAZO INVESTIMENTOS IMOBILIZADO INTANGÍVEL CIRCULANTE NÃO CIRCULANTE EXIGÍVEL A LONGO PRAZO PATRIMÔNIO LÍQUIDO: CAPITAL RESERVAS LUCROS RETIDOS (PREJUÍZOS CUMULADOS)¹ ¹ As sociedades anônimas não podem apresentar Lucros Acumulados em seus balanços, obrigando-se a destinação completa de seus resultados positivos. O art. 179 da Lei n° 6.404/76, em seu item III, estabelece que se classificam "Em Investimentos: as participações permanentes em outras sociedades e os direitos de qualquer natureza, não classificáveis no ativo circulante, e que não se destinem à manutenção da atividade da companhia ou da empresa". Em relação aos "direitos de qualquer natureza, não classificáveis no ativo circulante, e que não se destinem a manutenção da atividade da companhia ou da empresa", houve aqui um pequeno lapso da lei, que deveria ter adicionado "e não classificáveis também no Realizável a Longo Prazo". Devemos, por isso interpretar o texto legal com a inclusão dessa expressão adicional. Cabe entender que os demais investimentos também devem ter a característica de permanente, isto é, não se destinam à venda ou não fazem parte de operações descontinuadas. Adicionalmente, podem ser constituídos por ativos que não têm ainda uma efetiva utilização na manutenção da atividade da empresa, mas que são mantidos para vir a tê-Ia no futuro. Verifica-se por esse texto legal que, no subgrupo Investimentos, deverão estar classificados dois tipos de ativos: as participações permanentes em outras sociedades e outros investimentos permanentes. Neste último subgrupo deverão estar classificadas as propriedades para investimento, quando existirem, mas separadamente das participações permanentes em outras sociedades e de outros investimentos permanentes. PARTICIPAÇÕES PERMANENTES EM OUTRAS SOCIEDADES Essas participações são os tradicionais investimentos em outras sociedades, normalmente na forma de participações no seu capital social por meio de ações ou de quotas. Cumpre lembrar que as ações e quotas de capital de uma sociedade (que se constituam em títulos patrimoniais) mantidas por uma empresa, por sua natureza, constituem-se em ativo financeiro (item 2 (d) do Pronunciamento Técnico CPC 38 – Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensuração). Para serem classificados no subgrupo investimento, devem ter a característica de permanente, ou seja, incluem-se aqui somente os investimentos em outras sociedades que tenham a característica de aplicação de capital, não de forma temporária ou especulativa. O normal é que as aplicações de capital em outras sociedades sejam de natureza voluntária, representando uma espécie de extensão da atividade econômica da empresa pela participação em uma coligada ou controlada que, por exemplo, tenha por atividade a produção de matérias-primas, que são fornecidas à investidora, ou vice-versa. Outros exemplos envolvem participações em coligadas ou controladas (inclusive controladas em conjunto) atuantes em outras atividades econômicas, visando à diversificação das atividades do grupo. De qualquer forma, tais investimentos representam uma ampliação voluntária da atividade econômica, que é realizada por meio da constituição ou aquisição de outra empresa, em vez de se efetuar a ampliação na própria investidora. Por esses aspectos é que os investimentos voluntários têm, muitas vezes, valores muito significativos, pois deles se espera uma rentabilidade futura e outros benefícios operacionais. Nessas situações, os investimentos voluntários têm normalmente a característica de permanentes e, portanto devem ser classificados no subgrupo Investimentos. Muitas vezes a participação em outra sociedade tem a característica de ser feita para produzir benefícios indiretos, como quando uma indústria participa num banco com o objetivo de auferir melhores condições de relacionamento com essa instituição, ou de seu fornecedor com esse mesmo objetivo etc. Nesse caso, trata-se de investimentos que podem, por deliberação da entidade, deixar de ter a característica de permanência e passarem a serem instrumentos financeiros a serem negociados no mercado. Mas, enquanto mantidos com essa característica de produção de benefícios indiretos, permanecem no subgrupo de Investimentos. Outro caso de investimento voluntário e a aquisição de ações ou quotas de uma empresa com a intenção de permanecer com as mesmas para auferir outros tipos de benefícios econômicos, tais como dividendos e valorização da ação no mercado de capitais. Logicamente, não significa que serão mantidos eternamente, pois para a investidora realizar os ganhos por valorização, por exemplo, ela terá de vende-Ios. Nesse caso, constituem, em essência, um ativo financeiro e não devem ser classificados como participações permanentes em outras sociedades no subgrupo Investimento. Isso porque o art. 183 da Lei n° 6.404/76, em seu item I, estabelece que as aplicações em instrumentos financeiros sejam classificadas no ativo circulante ou no realizável a longo prazo. PROPRIEDADES PARA INVESTIMENTO A companhia pode ter terrenos ou outros imóveis que sejam mantidos com o fim de produção de aluguel ou arrendamento operacional, ou mesmo como especulação tendo em vista uma futura venda a terceiros, ou ambos os objetivos. De acordo com a CPC 28 – Propriedade para Investimento, uma "propriedade para investimento é a propriedade (terreno ou edifício - ou parte de um edifício - ou ambos) mantida (pelo dono ou pelo arrendatário em um arrendamento financeiro) para obter rendas ou para valorização do capital ou para ambas, e não para: (a) usa na produção ou fornecimento de bens ou serviços ou para finalidades administrativas; ou (b) venda no curso ordinário do negocio". Nesse caso, tais ativos devem ser classificados no subgrupo Investimentos, na rubrica de Propriedades para Investimento, já que estão com a empresa para o fim de produção de benefícios futuros pela sua manutenção, mesmo que por um determinado período, e têm a característica obrigatória de se tratarem de imóveis (não colocados ainda à venda). As propriedades para investimento devem, preferencialmente, ser avaliadas ao valor justo, mas podem também ser avaliadas ao custo. OUTROS INVESTIMENTOS PERMANENTES Fazem parte dos Investimentos os imóveis mantidos sem produção de renda e destinados a uso futuro, como no caso de terrenos adquiridos para futuras instalações,quer na forma de expansão das atividades atuais, quer na de transferência de localização da fábrica, dos escritórios etc. Existem outros investimentos permanentes, tais como: obras de arte, os quais a empresa pretende manter indefinidamente e que não são utilizados nas atividades da empresa. As obras de arte, por exemplo, normalmente não se desvalorizam, podendo inclusive se valorizar. No caso de os valores desses subgrupos serem relevantes, devem ser evidenciados separadamente (os destinados à futura utilização e os demais) no próprio balanço ou, o que talvez seja melhor em muitas circunstâncias, nas notas explicativas. AVALIAÇÃO DE PARTICIPAÇÃO PERMANENTES EM OUTRAS SOCIEDADES O art. 183 da Lei n° 6.404/76 trata da avaliação dos ativos das empresas, reproduzido a seguir: ''Art. 183. No balanço, os elementos do ativo serão avaliados segundo os seguintes critérios: I - ........................................................................................................................... II - .......................................................................................................................... III - Os investimentos em participação no capital social de outras sociedades, ressalvado o disposto nos arts. 248 a 250, pelo custo de aquisição, deduzido de provisão para perdas prováveis na realização do seu valor, quando esta perda estiver comprovada como permanente, e que não será modificado em razão do recebimento, sem custo para a companhia, de ações ou quotas bonificadas”. O art. 248 da Lei n° 6.404/76 dispõe que no "balanço patrimonial da companhia, os investimentos em coligadas ou em controladas e em outras sociedades que façam parte de um mesmo grupo ou estejam sob controle comum serão avaliados pelo método da equivalência patrimonial". A expressão "controlada" abrange o controle integral e o controle compartilhado. Portanto, de acordo com o dispositivo legal, os investimentos em participação no capital de outras sociedades têm dois critérios de avaliação, dependendo da existência de influência significativa ou de controle (integral, compartilhado ou comum), como segue: 1. pela equivalência de participação no valor de patrimônio líquido da coligada ou controlada, doravante denominada, para uniformidade de terminologia, de Método da Equivalência Patrimonial, o qual é a base de avaliação dos investimentos indicados pelo referido art. 248; 2. pelo custo menos provisão para perdas, doravante denominado de Método do Custo, que é a base de avaliação das demais participações como indicado no art. 183. Essa segregação é válida não só para as Sociedades por Ações, como também para as Sociedades Limitadas e outras. A legislação fiscal estendeu também as Limitadas a aplicação do método da equivalência patrimonial. O método da equivalência patrimonial, conforme disposto no art. 248, é usado para os investimentos em coligadas e controladas, incluindo os investimentos em outras sociedades que façam parte de um mesmo grupo ou que estejam sob controle comum. O método de custo é usado para os investimentos em outras sociedades, ou seja, os investimentos em empresas que não sejam coligadas e controladas ou que não façam parte de um mesmo grupo ou não estejam sob controle comum. Mesmo que o dispositivo legal preveja que possam existir investimentos provenientes de participações no capital social de outras sociedades sendo avaliados pelo método do custo, o mesmo precisa ser interpretado à luz do processo de convergência com as normas internacionais, consubstanciado pelos pronunciamentos do CPC. Para isso, destacam-se abaixo os fundamentos para uma adequada interpretação: 1. As ações ou quotas de capital de uma sociedade, enquanto títulos patrimoniais, em poder de outra empresa, por sua natureza, constituem-se em ativos financeiros (item 11 do Pronunciamento Técnico CPC 39 - Instrumentos Financeiros: Apresentação); 2. Os instrumentos financeiros emitidos por outras empresas que satisfaçam a definição de título patrimonial (inclusive opções e warrants), quando mantidos por outra entidade, estão dentro do escopo do Pronunciamento Técnico CPC 38 - Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensuração (item 2(d)), desde que não atendam a classificação como investimentos em coligadas e controladas (incluindo as controladas em conjunto); 3. De acordo com o item 9 do Pronunciamento Técnico CPC 38, classificam-se como disponível para venda os ativos financeiros não derivativos que forem designados como tal ou aqueles que não se classifiquem nas demais categorias ("empréstimos e recebíveis", "mantidos até o vencimento" ou "ativos financeiros designados ao valor justo com efeito no resultado"); adicionalmente esse item dispõe que os investimentos em títulos patrimoniais que não tiverem preço de mercado cotado em um mercado ativo ou cujo valor justo não possa ser mensurado com confiabilidade não podem ser classificados como "designados ao valor justo com efeito no resultado"; 4. O art. 183 da Lei n° 6.404/76, em seu item I, estabelece que as aplicações em instrumentos financeiros sejam classificadas no ativo circulante ou no realizável a longo prazo e que sejam avaliados pelo seu valor justo, quando se tratar de aplicações destinadas a negociação ou disponíveis para venda ou pelo valor de custo de aquisição ou valor de emissão (ajustado ao valor provável de realização, quando este for inferior), no caso das demais aplicações; 5. De acordo com o item 46c do Pronunciamento Técnico CPC 38, os investimentos em títulos patrimoniais que não tiverem preço de mercado cotado em um mercado ativo ou cujo valor justo não possa ser mensurado com confiabilidade, devem ser mensurados ao custo. Com base nos fundamentos acima, pode-se afirmar que as participações de capital em outras sociedades, em essência, constituem ativos financeiros, mas sempre que tais títulos patrimoniais, em conjunto com outras evidências, conferir a seu detentor o controle (incluindo controle compartilhado) ou a influência significativa sobre a sociedade emissora dos títulos, eles se constituem em investimentos permanentes em sociedades controladas, controladas em conjunto ou coligadas, classificáveis no subgrupo Investimentos e avaliados por equivalência patrimonial. Todavia, quando uma empresa possuir títulos patrimoniais de outras sociedades, sem que exista controle (incluindo o controle compartilhado) ou influência significativa, de acordo com a Lei n° 6.404/76, sua classificação poderá ser feita tanto como investimento temporário, no subgrupo do Realizável a Longo Prazo, quanto como investimento permanente no subgrupo de Investimentos (podendo também ficar no Ativo Circulante, tudo dependendo do objetivo com que foram adquiridos e da sua função no patrimônio da entidade): 1. A classificação como investimento temporário, implica considerar as aplicações em instrumentos patrimoniais de outras sociedades como ativo financeiro que será realizado no curto ou longo prazo, aplicando-se as disposições do item I do art. 183 da Lei n° 6.404/76, o qual deverá ser mantido no Ativo Circulante ou no Realizável a Longo Prazo, dependendo do prazo esperado de realização. Nesse caso, dependendo da classificação dada ao ativo financeiro, sua avaliação será feita pelo Método do Valor Justo; 2. A classificação como investimento permanente, implica considerar as aplicações em instrumentos patrimoniais de outras sociedades como ativo financeiro não adquirido para ser realizável por negociação, aplicando-se as disposições do item III do art. 183 da Lei n° 6.404/76, o qual deverá ser mantido no subgrupo Investimentos em conta de participação no capital social de outras sociedades. Nesse caso, em se tratando de investimentos em coligadas, controladas, controladas em conjunto ou sociedades do mesmo grupo ou sob controle comum, sua avaliação será feita pelo Método da EquivalênciaPatrimonial. Nos demais casos, de acordo com o dispositivo legal, sua avaliação será feita pelo Método do Custo. A primeira opção implica que tanto a classificação quanto os critérios de avaliação desses ativos financeiros estarão de acordo com a Lei n° 6.404/76 e com os pronunciamentos do CPC (principalmente o Pronunciamento Técnico CPC 38 - Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensuração). E, nesse caso, o método do custo será utilizado somente quando, para os títulos patrimoniais de outra sociedade, não existir preço de mercado cotado em um mercado ativo ou cujo valor justo não possa ser mensurado com confiabilidade. Contudo, a segunda opção implica que, para atender aos requisitos da Lei n° 6.404/76 (inciso III do art. 183), tais ativos financeiros devem ser avaliados obrigatoriamente pelo método do custo, quando não se constituírem em participações em coligadas ou controladas, independentemente de ser possível ou não mensurá-Ios pelo seu valor justo. Portanto, a forma de avaliação desse ativo estaria em desacordo com os pronunciamentos do CPC, uma vez que o método do custo deveria ser utilizado somente quando não existir preço de mercado cotado em um mercado ativo ou cujo valor justo não possa ser mensurado com confiabilidade, conforme já mencionado. Para a solução desse problema é necessário lembrar que a própria Lei das Sociedades por Ações, no seu art. 177, tem um novo parágrafo que determina: "§ 5° As normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários a que se refere o § 3° deste artigo deverão ser elaboradas em consonância com os padrões internacionais de contabilidade adotados nos principais mercados de valores mobiliários". (Incluído pela Lei n°11.638, de 2007). Ou seja, as companhias abertas ficam obrigadas a acompanhar as determinações da CVM, e como esta aprovou o Pronunciamento Técnico CPC 38, e este está totalmente de acordo com as normas internacionais de contabilidade, tais companhias abertas só poderão registrar seus investimentos permanentes em entidades não coligadas e não controladas pelo valor justo, a não ser quando seja impossível ou de baixa confiabilidade esse valor. Quanto às demais sociedades, o CFC – Conselho Federal de Contabilidade, ao também aprovar o mesmo Pronunciamento Técnico CPC 38, com a mesma redação, está também levando-as aos mesmos procedimentos, ou seja, avaliação pelo valor justo como regra. INVESTIMENTOS EM COLIGADAS E CONTROLADAS De forma geral, de acordo com os Pronunciamentos Técnicos do CPC, as aplicações em participações no capital de outras sociedades, como demonstrado na figura abaixo, devem ser contabilizadas de acordo com a essência do relacionamento entre investidor e investida: • Pouca ou nenhuma influência sobre a investida: Nesse caso, não existe relação específica entre as empresas ou o principal benefício que se espera do ativo e sua valorização, tratando-se de um ativo financeiro e, como tal, deve ser reconhecido e mensurado de acordo com o CPC 38 - Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensuração, cuja avaliação será pelo seu valor justo (ou ao custo quando da impossibilidade de uma mensuração confiável a valor justo). • Influência significativa sabre a investida: Trata-se de uma coligada do investidor e essa participação deve ser reconhecida e mensurada de acordo com o CPC 18 – Investimentos em Coligadas, cuja avaliação será pela aplicação do método de equivalência patrimonial. Logo, coligada é a situação de uma investida em que se detém influência significativa, mas sem que se chegue a ter controle. • Controle conjunto sobre a investida: Trata-se de um empreendimento conjunto (joint venture) do investidor e essa participação deve ser reconhecida e mensurada de acordo com o CPC 19 - Participações em Empreendimentos Conjuntos, cuja avaliação será pela consolidação proporcional. Nos balanços individuais a avaliação é pela equivalência patrimonial. Os investimentos em controladas em conjunto (joint ventures) são também tratados no Capítulo 39 – Consolidação das Demonstrações Contábeis e Demonstrações Separadas. Controlada em conjunto (joint venture) é quando duas ou mais investidoras detêm, em conjunto, o controle dessa entidade, sem que nenhum dos investidores consiga esse controIe individualmente. • Controle sobre a investida: Trata-se de uma controlada do investidor e essa participação, quando da obtenção do controle, deve ser reconhecida e mensurada de acordo com o CPC 15 - Combinações de Negócios e, subsequentemente, de acordo com o CPC 36 – Demonstrações Contábeis Consolidadas, cuja avaliação será pela consolidação. Nos balanços individuais a avaliação é pelo método da equivalência patrimonial. O tratamento contábil dos investimentos em controladas está também no Capítulo 24 - Combinação de Negócios, Fusão, Incorporação e Cisão - no Capítulo 39 - Consolidação das Demonstrações Contábeis e Demonstrações Separadas (consolidação integral ou proporcional). Controlada é quando uma controladora possui a condição de "mandar" na outra empresa. Pelo disposto na Lei n° 6.404/76, nas demonstrações contábeis individuais do controlador, os investimentos em coligadas, em controladas e em controladas em conjunto devem ser avaliados pelo método da equivalência patrimonial. O método da equivalência patrimonial concentra grandes complexidades e dificuldades de aplicação prática. Todavia, apresenta resultados significativamente mais adequados. Esse critério traz reflexos relevantes nas demonstrações contábeis das empresas com participação Cenários Controle Controle Conjunto Pouca/Nenhuma Influência Influência Significativa Consolidação Integral Consolidação Proporcional Equivalência Patrimonial Valor Justo (Ou Custo) em coligadas, em controladas e em controladas em conjunto, com repercussões positivas particularmente nos mercados de capitais e de crédito. Por esse critério, as empresas reconhecem os resultados de seus investimentos nessas entidades no momento em que tais resultados são gerados naquelas empresas, e não somente no momento em que são distribuídos na forma de dividendos, como ocorre no método de custo. Dessa forma, o método da equivalência patrimonial acompanha o fato econômico, que é a geração dos resultados e não a formalidade da distribuição de tal resultado. MÉTODO DE CUSTO Os investimentos são avaliados pelo custo e deduzidos das perdas estimadas, quando necessário. Em resumo, esse método baseia-se no fato de que a investidora registra somente as operações ou transações baseadas em atos formais, pois, de fato, os dividendos são registrados como receita no momento em que são declarados e distribuídos, ou reconhecidos pela empresa investida. Dessa forma, no método de custo não importa quando ou quanto foi gerado de lucro ou reserva, mas sim as datas e atos formais de sua distribuição. Com isso, deixa-se de reconhecer, na empresa investidora, os lucros e reservas gerados e não distribuídos pela coligada. Art. 416. Os lucros ou os dividendos recebidos pela pessoa jurídica, em decorrência de participação societária avaliada pelo custo de aquisição, adquirida até seis meses antes da data da sua percepção, serão registrados pelo contribuinte como diminuição do valor do custo e não influenciarão as contas de resultado ( Decreto-Lei nº 2.072, de 20 de dezembro de 1983, art. 2º ). MÉTODO DA EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL O conceito básico do método da equivalência patrimonial é fundamentado no fato de que os resultados e quaisquer outras variações patrimoniais da investida sejam reconhecidos (contabilizados) na investidora no momento de sua geração na investida, independentemente de serem ou não distribuídos por esta. Imagine-se uma investida que tenha lucros não distribuídos que faça com que seu patrimônio líquido dobre em 5 anos. Se avaliado pelo custo, metade do seu patrimônio líquido nãoestará sendo reconhecido pela investidora. Só reconhecerá essa parte relativa aos lucros não distribuídos se eles forem distribuídos um dia, ou então quando vender esse investimento. Como verificamos, as diferenças podem ser substanciais, afetando relevantemente os lucros e o patrimônio da Empresa e, consequentemente, o valor patrimonial de suas ações e os lucros e reservas disponíveis para distribuição. Falou-se, logo atrás, de uma investida produzindo lucro. Todavia, poderia também ocorrer uma situação inversa, qual seja, a de a investida estar registrando elevados prejuízos, que não estariam sendo reconhecidos pelo método de custo, a não ser que se reconhecesse a perda por impairment, ou seja, por incapacidade de recuperação do valor investido. Pelo método de equivalência patrimonial, todas essas distorções são eliminadas. Os lucros ou prejuízos são reconhecidos na investidora, na parte que Ihe cabe, conforme vão sendo gerados na investida. Por outro lado, só faz sentido reconhecer principalmente lucros em investida se a investidora tiver controle ou pelo menos significativa influência sobre a investida, não só para poder obter as demonstrações contábeis dela, mas também para poder, por mérito, reconhecer a parte que Ihe cabe pela geração desse resultado. APLICAÇÃO DO MÉTODO DE EQUIVALÊNCIA O art. 248 da Lei n° 6.404/76 estabelece para as Sociedades por Ações a obrigatoriedade da adoção do método da equivalência patrimonial na avaliação de investimentos em coligadas, controladas e em outras sociedades que façam parte de um mesmo grupo ou estejam sob controle comum. Portanto, quando um grupo empresarial composto por diversas controladas que detenham participações pequenas (menores de 10% do capital votante, por exemplo), independentemente de essas participações conferirem aos seus detentores influência significativa ou não, pelo texto legal, como são controladas da controladora comum, o método de equivalência patrimonial deve ser aplicado, como ilustra a figura a seguir: 100% 80% 70% 5% 8% 12% 60% Pode parecer que, o Pronunciamento Técnico CPC 18 - Investimento em Coligada não exija o registro individual das participações das Empresas B, C e D na Empresa E pela equivalência patrimonial, pois a Empresa E, apesar de controlada da Empresa A, não é coligada das Empresas B, C e D. Nessa situação, todavia, por serem todas do mesmo grupo e sob controle acionário comum, inclusive por força do dispositivo legal (art. 248 da Lei n° 6.404/76), as empresas B, C e D devem avaliar seus investimentos na Empresa E pela equivalência patrimonial. Esse procedimento deverá ser seguido, mesmo que haja uma coligada no meio, entre a investidora maior e a investida última. Por exemplo, B poderia ser coligada de A, com está tendo participação de apenas 40% sobre aquela; mesmo assim, B deveria adotar a equivalência sobre E, que, de qualquer forma, continua sendo controlada de A. A legislação fiscal (art. 384 do RIR/99) determina que serão avaliados pelo valor do patrimônio líquido das investidas, os investimentos relevantes em: (i) sociedades controladas; e (ii) sociedades coligadas sobre cuja administração o investidor tenha influência ou de que participe com vinte por cento ou mais do capital social. Como se vê, os conceitos não são exatamente os mesmos. Isso porque se poderá ter um investimento avaliado por equivalência, para efeitos societários, por estar sob um controle comum, mas não se enquadrar como coligada ou controlada, para efeitos fiscais. Mas é importante lembrar, por outro lado, que o Decreto-Iei n° 1.598/77 exige, das empresas tributadas pelo lucro real, a total obediência à Lei das S.A. Em relação à influência significativa e as condições sob as quais se exige a aplicação do método de equivalência patrimonial, devem ser observados os Pronunciamentos Técnicos do CPC. O Pronunciamento Técnico CPC 18 – Investimentos em Coligadas define influência significativa como "o poder de participar nas decisões financeiras e operacionais de uma entidade, sem controlar de forma individual ou conjunta essas políticas". A B C D E Diferentemente do dispositivo legal, o CPC 18 explicita que a participação mantida pelo investidor pode ser de forma direta ou indireta (por meio de suas controladas) e ainda que, se o investidor detém direta ou indiretamente menos de vinte por cento do poder de voto da investida, presume-se que ele não tenha influência significativa, a menos que essa influência possa ser claramente comprovada. O CPC 18 (item 7) indica de forma não exaustiva as seguintes evidências de influência significativa: a) participação nos processos de elaboração de políticas, inclusive em decisões representação no conselho de administração ou na diretoria da investida; b) sobre dividendos e outras distribuições; c) operações materiais entre o investidor e a investida; d) intercâmbio de diretores ou gerentes; ou e) provimento de informação técnica essencial. Ainda para fins de se caracterizar a influência significativa, o CPC 18 exige que se considere o direito de voto potencial. Conforme dispõe o referido pronunciamento, uma entidade pode possuir valores mobiliários prontamente conversíveis em ações com direito a voto, tais como bônus de subscrição, opções de compra de ações, debêntures e outros instrumentos (de capital ou de dívida) conversíveis em ações com poder de voto, os quais, se exercidos ou convertidos, conferem a entidade um poder de voto adicional ou reduzem o poder de voto de outras partes sobre as políticas financeiras e operacionais de outra entidade (ou seja, constituem-se em direitos de voto potenciais). Assim, a existência e o efeito dos direitos de voto potenciais, desde que prontamente exercíveis ou conversíveis, inclusive os direitos de voto potenciais mantidos por outras entidades, devem ser considerados quando da avaliação da influência significativa de uma entidade sobre outra. Isso implica dizer que o percentual de participação a ser considerado quando da análise da influência significativa deve ser recalculado assumindo-se que as partes convertam ou exerçam seus direitos potenciais de voto (somente aqueles prontamente exercíveis ou conversíveis), independentemente da intenção ou da capacidade financeira das partes para exercê-Ios ou convertê-Ios (CPC 18, item 9). ESSÊNCIA DO MÉTODO DE EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL "Equivalência Patrimonial" se origina de algo como "que equivale a parte do patrimônio líquido da investida". De acordo com o CPC 18, o método de equivalência patrimonial é definido como segue: "é o método de contabilização por meio do qual o investimento é inicialmente reconhecido pelo custo e posteriormente ajustado pelo reconhecimento da parte do investidor nas alterações dos ativos líquidos da investida". O referido pronunciamento ainda especifica que o resultado do período do investidor deve incluir a parte que Ihe cabe nos resultados gerados pela investida. Portanto, o valor do investimento é determinado mediante a aplicação, sobre o valor de cada mutação do Patrimônio Líquido da investida, da percentagem de participação em seu capital. A contabilização de cada variação dependerá da natureza dessa mutação. DEPRECIAÇÃO Com exceção de terrenos e de alguns outros itens, os elementos que integram o Ativo Imobilizado têm um período limitado de vida útil econômica. Dessa forma, o custo de tais ativos deve ser alocado de maneira sistemática aos exercícios beneficiados por seu uso no decorrer de sua vida útil econômica. A esse respeito, o art. 183, § 2º, da Lei n' 6.404/76, alcançando também o intangível, estabelece: A diminuição do valor dos elementos dos ativos imobilizado e intangível será registrada periodicamente nas contas de: a) depreciação, quando corresponderà perda do valor dos direitos que tem por objeto bens físicos sujeitos a desgastes ou perda de utilidade por uso, ação da natureza ou obsolescência; b) amortização, quando corresponder à perda do valor do capital aplicado na aquisição de direitos da propriedade industrial ou comercial e quaisquer outros com existência ou exercício de duração limitada, ou cujo objeto sejam bens de utilização por prazo legal ou contratualmente limitado; c) exaustão, quando corresponder à perda do valor, decorrente de sua exploração, de direitos cujo objeto sejam recursos minerais ou florestais, ou bens aplicados nessa exploração. Como se verifica, a depreciação a ser contabilizada deve ser, conforme a Lei das Sociedades por Ações, a que corresponder ao desgaste efetivo pelo uso ou perda de sua utilidade, mesmo por ação da natureza ou obsolescência. E isso fica ainda mais evidente no item II do § 3º, introduzido por meio da Lei nº 11.941/09, que, em conjunto, estabelecem o seguinte: § 3º A Companhia deverá efetuar, periodicamente, analise sobre a recuperação dos valores registrados no imobilizado e no intangível, a fim de que sejam: II - revisados e ajustados os critérios utilizados para determinação da vida útil econômica estimada e para cálculo da depreciação, exaustão e amortização." No caso de existir um ativo incorpóreo reconhecido como parte do valor contábil de um item do imobilizado por estar estreitamente vinculado a este, deve ser amortizado em função do prazo de utilização contratualmente definido ou de sua vida econômica, das duas a menor. LEGISLAÇÃO FISCAL A tendência de um número significativo de empresas foi, sempre, simplesmente adotar as taxas admitidas pela legislação fiscal. Essa pratica não poderá ser mais adotada. Essas taxas deverão ser utilizadas apenas para fins de apuarão de impostos, sendo os valores da depreciação controlados em registros auxiliares. Os critérios básicos de depreciação, de acordo com a legislação fiscal, estão consolidados no Regulamento do Imposto de Renda por meio de seus arts. 305 a 323. As taxas anuais de depreciação normalmente admitidas pelo Fisco para uso normal dos bens em um turno de oito horas diárias constam, todavia, de publicações a parte, da Secretaria da Receita Federal, e são, sumariamente, como segue: Taxa Anual Anos de Vida Útil Edifícios 4% 25 Máquinas e Equipamentos 10% 10 Instalações 10% 10 Móveis e Utensílios 10% 10 Veículos 20% 5 Sistema de proc. dados 20% 5 A Instrução Normativa SRF nº 162, de 31-12-98, aprovou uma extensa relação de bens, com os respectivos prazos normais de vida útil e taxas anuais de depreciação admitidos, que foi ampliada pela Instrução Normativa SRF nº 130, de 10-11-99. O Fisco admite ainda que a empresa adote taxas diferentes de depreciação, quando suportadas por laudo pericial do Instituto Nacional de Tecnologia, ou de outra entidade oficial de pesquisa cientifica ou tecnológica (art. 310, § 2º, do RIR/99). Logicamente, para o Fisco não haverá problemas se a empresa adotar taxas menores de depreciação que as admitidas. A mesma legislação (art. 312) aceita, ainda, à opção da empresa, uma aceleração na depreciação dos bens moveis, em função do número de horas diárias de operação, como segue: Coeficiente Um turno de 8 horas 1,0 Dois turnos de 8 horas 1,5 Três turnos de 8 horas 2,0 Assim, se a empresa trabalha normalmente 8 horas diárias, a taxa admitida de depreciação das maquinas e de 10% ao ano. Se trabalha em dois turnos (16 horas), pode usar a taxa de 15% a.a. e se trabalha em três turnos (24 horas), a taxa admitida e de 20% a.a. CRITÉRIO CONTÁBIL A ADOTAR Vimos anteriormente os critérios básicos da Lei das Sociedades por Ações e os da legislação fiscal. Para fins contábeis, porém, não se deve simplesmente aceitar e adotar as taxas de depreciação fixadas como máximas pela legislação fiscal, ou seja, deve-se fazer uma análise criteriosa dos bens da empresa que formam seu Imobilizado e estimar sua vida útil econômica e seu valor residual, considerando suas características técnicas, condições gerais de uso e outros fatores que podem influenciar em sua vida útil. Como consequência, quando determinado bem ou classe de bens tiver vida útil provável diferente da permitida fiscalmente, devesse adotar a vida útil estimada como base para registro da depreciação na contabilidade, e a diferença entre tal depreciação e a aceita fiscalmente deve ser lançada como ajuste no Livro de Apuração do Lucro Real. O ajuste alcança tanto a hipótese da depreciação registrada na contabilidade ser maior que a admitida pelo Fisco (que implicara em uma adição à base tributável referente à parcela considerada não dedutível) quanto a da depreciação registrada na contabilidade ser menor que a admitida para fins de Apuração de imposto. Nessa última possibilidade, a entidade poderá excluir da base tributável a parcela considerada dedutível que supera a depreciação reconhecida pela contabilidade, sendo esse controle feito em livros auxiliares. Pode acontecer, tendo como base essa última situação, de um ativo imobilizado estar completamente depreciado para fins fiscais e ainda estar sendo depreciado na contabilidade societária. No caso de exploração de minas e jazidas, deve-se entender que os "bens aplicados nessa exploração" são os utilizados de tal forma que não terão normalmente utilidade fora desse empreendimento. E o caso de esteiras ou outros sistemas de transporte de minério, de determinados equipamentos de extração etc., que só tem valor à medida que a jazida é explorada. Se forem bens cuja vida útil é inferior ao tempo previsto de exploração, deverão ser transformados em despesa de depreciação nesse prazo menor. E se tiverem vida útil superior, podendo ser utilizados em outros lugares após o termino da exploração da atividade onde se encontram, só deverão ser baixados pela diferença entre o valor de custo e o valor residual previsto para o fim dessa primeira atividade, de forma que uma parte do valor de aquisição seja contabilizada naquela outra utilidade posterior. No caso de benfeitorias em propriedade de terceiros, a amortização deve ter por base a vida útil estimada, que pode coincidir com o prazo contratual de utilização da propriedade, a não ser que a benfeitoria tenha vida útil menor que tal prazo. VALOR DEPRECIÁVEL O valor depreciável (amortizável ou exaurível) de um ativo imobilizado e determinado pela diferença entre o custo pelo qual está reconhecido deduzido do valor residual. Esse valor depreciável deve ser apropriado ao resultado do período ou ao valor contábil de outro ativo de forma sistemática ao longo da vida útil estimada para o ativo. Repare-se que o conceito e simples em termos contábeis: a depreciação total e a parte do caixa investido na aquisição ou construção do ativo que não será recuperado pelo caixa produzido pela sua eventual venda ao final de seu uso. Logo, a depreciação e o pedaço do caixa investido que precisa ser recuperado pelo caixa a ser produzido pelas receitas outras da empresa de venda de produtos, serviços, receitas financeiras, de alugueis etc. Veja-se como é enganosa a ideia de que depreciação não tem nada a ver com caixa. Tem, obrigatoriamente (a não ser no caso de depreciação de valor reavaliado - uma das razões pelas quais reavaliação não é admitida em muitos países, como no caso dos norte-americanos) que ver com o caixa sim. Só que não necessariamente com o caixa de cada período em que se apropria uma parte da depreciação total. O valor residual e a vida útil de um ativo imobilizado devem ser revisados no mínimo uma vez por ano. Essa revisão deve ter uma periodicidade regular. A técnica contábil estipula que o valor residual do bem deve ser computado como dedução de seu valor total para determinar o valor-base de cálculo da depreciação, conforme destacado. Todavia, na pratica, esse procedimento não tem sidomuito adotado, pois é bastante difícil estimar o valor residual, o que obrigatoriamente muda a partir de 2010. Independentemente da dificuldade, a entidade deve estimar esse valor tendo por base toda informação disponível no momento da estimação. Se posteriormente houver alterações nas premissas que fundamentaram a estimativa, a mudança deve ser considerada como mudança de estimativa contábil e seus efeitos serão reconhecidos de forma prospectiva, conforme Pronunciamento Técnico CPC 23 - Políticas contábeis, Mudança de Estimativa e Retificação de Erro. ESTIMATIVA DA VIDA ÚTIL E TAXA DE DEPRECIAÇÃO O § 3º do art. 183 da Lei nº 6.404176 determina em um de seus itens que a companhia deverá efetuar, periodicamente, analise sobre a recuperação dos valores registrados no imobilizado e no intangível, a fim de que sejam revisados e ajustados os critérios utilizados para determinação da vida útil econômica estimada e para cálculo da depreciação, exaustão e amortização. Uma dificuldade associada ao cálculo da depreciação é a determinação do período de vida útil Econômica do Ativo Imobilizado. A vida útil de um item do imobilizado é definida em termos da utilidade esperada do ativo para a entidade, que pode ser traduzida no: (i) período de tempo durante o qual a entidade espera utilizar o ativo; ou no (ii) número de unidades de produção ou de unidades semelhantes que a entidade espera obter pela utilização do ativo. Além das causas físicas decorrentes do desgaste natural pelo usa e pela ação de elementos da natureza, a vida útil é afetada por fatores funcionais, tais como a inadequação e o obsoletismo, resultantes do surgimento de substitutos mais aperfeiçoados. O Pronunciamento Técnico CPC 27 - Ativo Imobilizado lista os seguintes fatores como elementos que devem ser considerados na determinação da vida útil de um ativo: i. Uso esperado do ativo que é avaliado com base na capacidade ou produção física esperadas do ativo; ii. Desgaste físico normal esperado, que depende de fatores operacionais tais como o número de turnos durante os quais o ativo será usado, o programa de reparos e manutenção e o cuidado e a manutenção do ativo enquanto estiver ocioso; iii. Obsolescência técnica ou comercial proveniente de mudanças ou melhorias na produção, ou de mudança na demanda do mercado para o produto ou serviço derivado do ativo; iv. Limites legais ou semelhantes no uso do ativo, tais como as datas de término dos contratos de arrendamento mercantil relativos ao ativo. MÉTODOS DE DEPRECIAÇÃO Existem vários métodos para calcular a depreciação. O método empregado deve refletir o padrão de consumo pela entidade dos benefícios econômicos futuros proporcionados pelo ativo imobilizado. Da mesma forma que o valor residual e a vida útil do ativo, o método de depreciação também deve ser revisado no mínimo uma vez por ano. No caso de haver mudança considerável nos padrões de uso do imobilizado, o método deve ser alterado para refletir essa mudança nos padrões de uso. Os métodos mais tradicionalmente utilizados são: a) MÉTODO DAS QUOTAS CONSTANTES A depreciação por esse método é calculada dividindo-se o valor depreciável pelo tempo de vida útil do bem, e é representada pela seguinte formula: Depreciação = (Valor de custo menos valor residual) ÷ vida útil. Esse método, devido a sua simplicidade, é o utilizado pela grande maioria das empresas. Para ilustrar, vamos tomar o seguinte exemplo hipotético: Custo do bem: $ 6.000,00 Vida útil estimada: 5 anos (60 meses) Não há valor residual estimado Depreciação: = 100/mês b) MÉTODO DA SOMA DOS DIGITOS DOS ANOS Esse método (que também é linear) e calculado como segue: a) Somam-se os algarismos que compõem o número de anos de vida útil do bem. No exemplo anterior, teríamos: 1 + 2 + 3 + 4 + 5 = 15 b) A depreciação de cada ano é uma fração em que o denominador e a soma dos algarismos, conforme obtido em (a), e o numerador é, para o primeiro ano (n), para o segundo (n-1), para o terceiro (n - 2), e assim por diante, em que n = número de anos de vida útil. Ano Fração Depreciação Anual 1 $5.000,00 = 1.666,67 2 $5.000,00 = 1.333,33 3 $5.000,00 = 1.000,00 4 $5.000,00 = 666,67 5 $5.000,00 = 333,33 $5.000,00 Esse método proporciona quotas de depreciação maiores no início e menores no fim da vida útil. Permite maior uniformidade nos custos, já que os bens, quando novos, necessitam de pouca manutenção e reparos. Com o passar do tempo, os referidos encargos tendem a aumentar. Esse crescimento das despesas de manutenção e reparos seria compensado pelas quotas decrescentes de depreciação, resultando em custos globais mais uniformes. c) MÉTODO DE UNIDADES PRODUZIDAS Esse método é baseado numa estimativa do número total de unidades que devem ser produzidas pelo bem a ser depreciado, e a quota anual de depreciação é expressa pela seguinte formula: Quota de = ........nº de unidades produzidas no ano X........ depreciação anual nº de unidades estimadas a serem produzidas durante a vida útil do bem O resultado da fração apresentada representará o percentual de depreciação a ser aplicada no ano X. d) MÉTODO DE HORAS DE TRABALHO Baseia-se na estimativa de vida útil do bem, representada em horas de trabalho, e é expresso pela seguinte formula: Quota de depreciação = nº de horas de trabalho período X nº de horas de trabalho estimadas durante a vida útil do bem O presente texto foi extraído do livro Manual de Contabilidade Societária. REFERÊNCIA Iudícibus, Sérgio de. et al. Manual de Contabilidade Societária. São Paulo: Atlas, 2018;
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