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FERTILIZAÇÃO · A fertilização ocorre na região mais distal da tuba, denominada ampola da tuba uterina. Então o ovócito é capturado pelas fimbrias e pelo infundíbulo, adentra a tuba, na ampola pode ou não ser fertilizado. Se fertilizado, por meio de movimentos contráteis da tuba e dos cílios o embrião é direcionado ao útero, para iniciar o processo de nidação (implantação). · Para chegar na tuba, o espermatozoide tem que passar pela vagina, pelo colo uterino, útero e escolher a tuba que recebeu o ovócito naquele ciclo, para isso existem sinais que são emitidos e que são capturados pelos receptores dos espermatozoides (quimiotaxia e termotaxia). · Assim que o espermatozoide é ejaculado, ele está morfologicamente pronto, mas não é capaz de nadar nem de reconhecer sinais antes do contato com o aparelho reprodutor feminino (capacitação). O que acontece no organismo masculino? · Ocorre a migração dos espermatozoides dos túbulos seminíferos para o epidídimo; · Retenção de água (mediado por esteroides androgênicos); · Concentração de espermatozoides (maior número no ejaculado); · Modificação do metabolismo (pouca reserva de ATP). · Emissão: contrações musculares (peristalse) dos ductos deferentes garantem transporte rápido dos espermatozoides maduros, mistura com secreções das glândulas acessórias (glândulas seminais – frutose, bulbouretrais e próstata - prostaglandinas, etc.) -líquido seminal. Processo de emissão do espermatozoide do epidídimo em direção a uretra peniana. · Ejaculação: fechamento do esfíncter vesical e contração dos músculos uretral e bulboesponjosos causa a expulsão do sêmen (conjunto da secreção das três glândulas com o espermatozoide). · Ao chegar na vagina, o espermatozoide passa pelo processo de capacitação, que é de extrema importância para a fertilização. No ejaculado de 2-4 ml, contem 100-400 milhões de espermatozoides (média 300 milhões). Dos cerca de 300 milhões de espermatozoides ejaculados, apenas 200 chegam na ampola do ovíduto. No organismo feminino, o espermatozoide é viável até no máximo 48 horas. · A maioria dos espermatozoides morrem por ficarem parados. CAPACITAÇÃO DO ESPERMATOZOIDE: Ocorre no trato feminino, por fatores secretados. · Processo químico que acontece no contato do espermatozoide com as secreções de vagina, útero e tubas, e que modificam metabolicamente o espermatozoide para que ele tenha batimento flagelar, reconhecer sinais para se direcionar para o local adequado, passar por todas as barreiras e ser capaz de reconhecer o ovócito e fertilizar. · OBS.: Ao mesmo tempo que todas as mucosas do aparelho feminino são barreiras naturais, físicas e bioquímicas (vagina, útero e tuba), nas secreções dessas barreiras existem os fatores de capacitação. Os espermatozoides melhores capacitados ultrapassarão essas barreiras e chegarão no ovócito. Do ponto de vista bioquímico da capacitação: · Os espermatozoides saem do sêmen com uma camada de açúcar em sua cabeça, e durante a capacitação ele perde essa camada de glicoproteínas para que ele possa reconhecer os sinais químicos, térmicos, as proteínas da corona radiata e todas as outras que eles tenham que interagir. Então essa perda de carboidratos específicos da superfície desbloqueia sítios de interação com sinais e ligação com o ovócito. · Á medida que o espermatozoide tem contato com as secreções da vagina, vai sendo retirado da membrana plasmática dele um fosfolipídio específico que é o colesterol, que faz uma cascata de ativação do metabolismo desse espermatozoide fazendo ele bater o flagelo mais rápido. · Esse processo é tão fundamental, que as clínicas de reprodução assistida têm que fazer uma capacitação artificial com o espermatozoide do doador, pois se você pegar o sêmen e colocar um tubo de ensaio junto com o ovócito não acontecerá nada. É necessário fazer uma capacitação química artificial para que ocorra a formação do espermatozoide. BARREIRAS · PRIMEIRA BARREIRA: A vagina é um ambiente ácido, e é esse ph ácido que é a primeira barreira do espermatozoide. · O espermatozoide recém ejaculado tem baixíssima motilidade. A maioria dos milhões de espermatozoides vão ficar parados e morrer na vagina por causa do ambiente ácido e de sua baixa motilidade. · A fertilização acontece a partir de um processo denominado capacitação assim que entra em contato com as secreções do trato genital feminino. · O sêmen tem substâncias capazes de neutralizar localmente o ph ácido da vagina e juntamente com os outros componentes secretados pela mulher no muco vaginal começam a estimular esse espermatozoide, cujo sêmen está neutralizando o ph, a bater o flagelo. · A vagina é uma mucosa, um epitélio estratificado, que possui irregularidades. · Se não houver neutralização correta do ambiente pelo sêmen, se não houver os fatores capacitadores da mucosa, o espermatozoide ficaria preso ou por não bater o flagelo direito ou por conta do ph da mucosa, ou por não conseguir ultrapassar as barreiras físicas da mucosa. · SEGUNDA BARREIRA: Após conseguir bater o flagelo, o espermatozoide chega no colo do útero, adentra a região do útero que é revestida pelo endométrio, lá encontra um muco viscoso com ph alcalino, metabolicamente é muito bom para o espermatozoide, pois auxilia em sua motilidade. Porém, ele encontra outra grande barreira que é a viscosidade do muco, exceto na ovulação, quando o muco se torna menos viscoso para ajudar na movimentação dos espermatozoides nos períodos férteis. · A parede do útero é cheia de irregularidades, possui elevações e depressões, o que acaba retendo os espermatozoides nas pregas e no epitélio ciliado. · A retenção no muco uterino é pouco menor na vagina, e irão passar aqueles que receberam mais fatores desse muco uterino, que também secreta fatores capacitadores, vão se modificando progressivamente, e os melhores capacitados continuarão nadando. NAS TUBAS: · Os ovários alternam a ovocitação a cada ciclo. · Os espermatozoides mais capacitados (pelo muco da vagina e do útero) adquirem capacidade de reconhecer sinais atrativos para o local de fertilização correto. Existem duas naturezas de sinais: um sinal químico e um sinal térmico, para os quais o espermatozoide deve ter receptores disponíveis. · Sinais químicos, chama-se quimiotaxia do espermatozoide. Encontram-se no fluído folicular do folículo rompido. · Sinais térmicos, chama-se termotaxia. Encontram-se na tuba que tiver recebido o ovócito, pois sua temperatura aumenta um pouco. · Durante a ovocitação, com o rompimento do folículo são liberados o ovócito e um líquido, ambos são capturados pela tuba. É nesse fluido folicular que estão os sinais químicos. · Então, se os receptores dos espermatozoides estiverem livres, esses sinais químicos irão se difundir pela tuba uterina e ele vai reconhecer à medida que ele adentra a tuba. · Outro sinal que atrai é a termotaxia. A tuba que recebeu o ovócito é um pouquinho mais quente que a temperatura do útero e da outra tuba, então se o espermatozoide tiver receptores de temperatura, irá reconhecer o sinal certo e adentrará a tuba. · Na tuba, também existem pregas que retém espermatozoides, em alguns locais menos e em outros mais. O local mais pregueado é perto da ampola, além de que também há muco na tuba uterina. Dessa forma, enfrenta as pregas e muco da tuba. PROCESSO DE FECUNDAÇÃO: · Os espermatozoides irão interagir com as células por meio de contatos com as membranas da corona radiata. · Os espermatozoides precisam vencer as barreiras da corona radiada e da cona pelúcida antes que possam fertilizar o ovócito secundário. · O espermatozoide que não reconhece as células da corona radiata ele fica dando voltas na ampola, até a hora que irá morrer. Na corona radiata: · Os espermatozoides capacitados reconhecem a zona radiata e interagem com ela. O espermatozoide abre poros no capuz acrossômico e libera um tipo de enzima especifica denominada hialuronidase, que degrada o ácido hialurônico que está presente nas células da corona radiata, sendo um dos principais componentes da matriz extracelulare que ajuda na adesão entre uma célula e outra. · Após feito isso, ele vai entrando pelo meio das células da corona radiata e chega na zona pelúcida. · RESUMINDO: O espermatozoide reconhece a corona radiata, libera hialuronidase, e passa por entre as células degradando a matriz extracelular, até chegar na zona pelúcida onde ele bate na malha de proteínas. Zona pelúcida: · Surge durante a formação folicular, e é uma rede de proteínas. Ela é formada por 3 proteínas, ZP1, ZP2 e ZP3 (É a mais importante). Então o espermatozoide passa a corona radiata e bate nessa malha de proteínas. · Na zona pelúcida, ele reconhece e interage com a ZP3 e inicia uma reação denominada reação acrossômica, que é baseada no rompimento do capuz acrossômico, soltando todas as enzimas que existem naquele capuz e abre um buraco na zona pelúcida. · Reação acrossômica: · Antes de encostar na ZP3, o capuz permanece íntegro. · Ao encostar nela, o capuz acrossômico começa a se desfazer. · Libera as enzimas que começam a dissolver a zona pelúcida, abre um buraco na rede adentrando a zona. · Então ela é importante tanto para passar a zona pelúcida quanto para criar esse dedo de fertilização que é quem vai ancorar esse espermatozoide no ovócito. Membrana: · Há uma estrutura situada em baixo das enzimas do capuz acrossomico, é uma estrutura feita de actina globular que se organiza em um filamento que se projeta após o rompimento e a liberação das enzimas, formando um pistão que pressiona a membrana plasmática do ovócito, formando uma estrutura denominada “dedinho de fertilização”, que possui proteínas fertilinas em sua superfície. Essas proteínas servem para encostar e ancorar esse dedo de fertilização na membrana do ovócito. · Essas fertilinas puxam o núcleo do espermatozoide, fazendo o núcleo deitar sobre a membrana do ovócito, e logo as duas membranas biológicas se fusionam, e o núcleo do espermatozoide e o centrossoma paterno adentra o ovócito. A fertilina é a responsável pela fusão das membranas. Grânulos corticais: · Estão embaixo da membrana plasmática do ovócito. · São produzidos durante a maturação do ovócito dentro do folículo. · Quando ocorre a fusão das membranas, os granulos corticais se ligam a membrana e liberam o seu conteúdo (exocitose) para fora, um conteúdo formado por enzimas que alteram a ZP3 da zona pelúcida, para impedir a entrada ou fertilização por outro espermatozoide no ovócito (bloqueio da polispermia). Sempre ocorre o bloqueio rápido e depois o lento. · Contato do primeiro espermatozoide com a memebrana do ovócito causa influxo de cálcio e despolimerização da membrana do ovócito (bloqueio rápido). · A onda de cálcio induz exocitose (liberação do conteúdo) dos grânulos corticais. · Liberação de N-acetil glicosaminidase causa clivagem de ZP3, e mudanças que impedem a ligação de outros espermatozoides. · A função desses grânulos corticais é limitar, impedir, bloquear a entrada de outro espermatozoide (BLOQUEIO DA POLISPERMIA). · POLISPERMIA: · Entrada ou fertilização de um mesmo ovócito por diversos espermatozoides. Cada espermatozoide a mais que entrar, adiciona-se um n. · Se dois fertilizarem ele é 3n, se três fertilizarem ele é 4n, e assim por diante, dará origem a um embrião poliploide que geralmente é abortado. · BLOQUEIO DA POLISPERMIA: · Rápido: Assim que o espermatozoide se liga, há uma despolarização da membrana. · Lento: atuação dos grânulos corticais. Termino da meiose: · Assim que o pró núcleo masculino e o centrossoma paterno entram, corre a ativação do ovócito para terminar a meiose, ou seja, o ovócito paralisado na metáfase II precisa completar sua divisão, formar o ovulo com seu pro núcleo feminino, formar o segundo corpúsculo polar, e lá dentro já tem o pró núcleo masculino. Essa célula já se chama óvulo ou estágio pró nuclear. · Ambos os pró núcleos precisam descompactar seu DNA, principalmente o espermatozoide. No citoplasma do óvulo, o pró núcleo masculino se descondensa e eles são empurrados um ao outro com auxílio de microfilamentos. · Quando os dois pró núcleos se encontram, eles se unem reconstituindo um núcleo diploide, e formam o zigoto. Imediatamente esse zigoto sofre a primeira divisão de clivagem, e entra-se na primeira semana de desenvolvimento. RESUMINDO O PROCESSO DE FERTILIZAÇÃO::::: · Ao reconhecer as células da corona radiata abrem-se poros no capuz acrossômico e saem enzimas denominadas hialuronidase que degrada o material entre as células, a matriz extracelular, e permite que o espermatozoide atinja a zona pelúcida. · Ele reconhece a proteína ZP3, e inicia reação acrossômica que irá romper o capuz acrossômico liberando enzimas perfurando a zona pelúcida, induzindo a formação do dedo de fertilização, e depois ocorre a fusão das membranas. · Após a fusão, ocorre o bloqueio da polispermia, o bloqueio rápido e o lento ou reação cortical, e nenhum outro espermatozoide consegue fertilizar o ovócito. · Depois que entra o pro núcleo masculino e o centrossomo, ocorre a ativação do ovócito para ele finalizar a meiose, formando o óvulo e o segundo corpúsculo polar que é expulso durante o processo de divisão, e após a fusão dos pró núcleos forma-se o zigoto, e logo depois se iniciará a primeira divisão mitótica do embrião. CONSIDERAÇÕES CLÍNICAS:::: INFERTILIDADE: · Gravidez ectópica tubária; · Ocorrem fora do útero; · Irregularidades da mucosa da tuba, muco, batimento ciliar, qualquer anomalia com esses processos de transporte do embrião pela tuba podem causar a retenção dele, fazendo com que ele se implante em um local que não seja o útero. · Teratocarcinoma; · Tumor de origem embrionária. · Problemas na determinação primária e secundária do sexo; · Incompatibilidade entre sexo genético e sexo fenotípico; · Hermafroditismo, pseudo-hermafroditismo; · Pode causar diversas complicações em várias dimensões da saúde no indivíduo. · Anormalidades cromossômicas devido a falhas na meiose; · Causarão sérios problemas que podem inviabilizar o desenvolvimento ou vida pós natal; · Pode implicar em más formações anatômicas e funcionais. · Falhas no bloqueio da polispermia; · Entrada e fertilização por mais de um espermatozoide em um ovócito (poliploidia), pode causar o abortamento do embrião ou a formação de tumores de origem embrionária. · Viscosidade elevada de muco cervical; · Não existe a diminuição da viscosidade próximo da ovocitação. · Obstrução das tubas uterinas; · Excesso de pregas nas tubas uterinas, que impossibilitam a movimentação do espermatozoide. · Centrossoma parteno incapaz de ativar o centrossoma materno; · Fertiliza certinho, há bloqueios de polispermia, no entanto, o centrossoma não ativa a meiose do ovócito. · Infecções bacterianas do trato urogenital; · Pode interferir no processo de capacitação. · Causa alterações nas secreções de vagina. · Métodos contraceptivos (de barreira e hormonais); · Reprodução assistida. · Fertilização in vitro: · A mulher recebe uma super dosagem de FSH, para que ela mature inúmeros folículos dominantes naquele ciclo; · Aspira-se os folículos e incubam eles com os espermatozoides do pai capacitados artificialmente; · Espera a formação de embriões e a cada tentativa transfere-se de 2 a 4 embriões para o útero; · A taxa de sucesso é inferior a 10%; · Maior probabilidade de surgirem gêmeos.
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