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PERÍCIA CONTÁBIL Programa de Pós-Graduação EAD UNIASSELVI-PÓS Autoria: Jorge da Silva Krening CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Reitor: Prof. Hermínio Kloch Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof.ª Cláudia Regina Pinto Michelli Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Prof.ª Bárbara Pricila Franz Prof.ª Cláudia Regina Pinto Michelli Prof. Ivan Tesck Revisão de Conteúdo: Fábio Darci Kowalski Revisão Gramatical: Iara de Oliveira Revisão Pedagógica: Bárbara Pricila Franz Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Copyright © UNIASSELVI 2017 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. 657.450 J92p Krening, Jorge da Silva Perícia contábil / Jorge da Silva Krening. Indaial : UNIASSELVI, 2017. 143 p. : il. ISBN 978-85-69910-36-7 1. Perícia Contábil. I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. Me. Jorge da Silva Krening Possui Mestrado em Controladoria pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Especialista em Auditoria e Perícia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e Graduação em Ciências Contábeis pela Universidade Federal de Santa Maria. Profissional especializado em auditoria e controladoria, com atuação destacada na avaliação de riscos e controles internos. Possuí comprovada experiência em auxiliar e subsidiar os Risk Owners (donos do risco) nos processos de gestão de riscos, monitorando os resultados, consolidando práticas, metodologias e planos de ação por meio de reportes, além de elaborar e disseminar políticas e normas internas em seus diversos níveis. Tem vivência na elaboração e aplicação de matrizes de riscos, conforme estrutura conceitual COSO (Committee of Sponsoring Organizations). Além da vivência em auditoria, tem experiência no planejamento, organização e supervisão das atividades de contabilidade, coordenação e implantação de diretrizes, metodologias e politicas corporativas. Também atua como professor de Auditoria e Contabilidade Avançada nos cursos de pós-graduação do grupo UNIASSELVI. Possuí experiência em diversos segmentos (comércio, indústria, prestação de serviço e instituições financeiras). Artigos completos publicados em periódicos: IMONIANA, J.O.; KRENING, J. Adesão das Cooperativas de Crédito à Framework de Controles Internos. Revista Organizações em Contexto (Online)., v. 11, p. 571 - 601, 2015. Capítulos de livros publicados: KRENING, J. Identificação e avaliação dos riscos de distorção relevante por meio de entendimento da entidade e seu ambiente. In: PROCONTAB Contabilidade. Auditoria independente. Porto Alegre: Artmed Panamericana, 2016, v.3, p. 9-25. Sumário APRESENTAÇÃO ..................................................................... 7 CAPÍTULO 1 Fundamentos da Perícia Contábil ....................................... 9 CAPÍTULO 2 Plano de Trabalho em Perícia Contábil ........................... 23 CAPÍTULO 3 Parecer e Laudos Periciais ................................................. 33 CAPÍTULO 4 Perícia Judicial ...................................................................... 53 CAPÍTULO 5 Técnicas de Execução da Perícia ....................................... 61 CAPÍTULO 6 Aplicação da Perícia Contábil............................................. 71 CAPÍTULO 7 Arbitragem .............................................................................79 CAPÍTULO 8 Normas Brasileiras Sobre a Perícia .................................. 91 CAPÍTULO 9 Fraudes em Contabilidade ..................................................101 CAPÍTULO 10 Instituto da Prova Pericial ............................................... 117 CAPÍTULO 11 Perícia no Código Civil Brasileiro ................................... 127 CAPÍTULO 12 Casos Práticos de Perícia Contábil .................................135 APRESENTAÇÃO Prezado(a) acadêmico(a), a partir deste momento você terá a oportunidade de conhecer o que é perícia contábil. Trata-se de um tema de grande importância na sua formação profissional, pois lhe dará a base necessária para que possa encontrar excelentes oportunidades no mercado de trabalho. Isso depende apenas do seu comprometimento com o estudo. Serão abordados os aspectos introdutórios, nos quais buscaremos registrar as regras da perícia atribuídas ao contador, a origem da perícia de âmbito geral e o surgimento da perícia contábil no Brasil. Dando prosseguimento, buscaremos identificar os objetivos, conceituar o sentido e, também, os elementos da perícia. Trataremos, do mesmo modo, do perfil do profissional habilitado para o exercício da perícia. Esforçamo-nos para conceituar e esclarecer que a tomada de decisão cabe aos Juízes Estaduais e Federais, os quais conduzem os processos de acordo com o Código de Processo Civil. Também procuramos esclarecer questões sobre o início e as características da matéria pericial, fundamentos doutrinários, a ética profissional, bases contextuais, exercício profissional, a função contábil e o perito. Teremos por assunto uma abordagem histórica e as características que levaram à realização da perícia, como classificação, requerimento e trabalhos técnicos da contabilidade. Para nos tornarmos afins de nossas atribuições, tornaremos evidente o exercício profissional e ressaltaremos que, ao realizar uma perícia, podem ocorrer irregularidades administrativas e irregularidades contábeis. No que diz respeito a essas irregularidades, o assunto abordado deve ser demonstrado em um laudo elaborado pelo profissional da área denominado de perito. Por fim, versaremos sobre as fraudes em contabilidade e, também, sobre o instituto da prova pericial. Daremos ênfase para a Lei n. 13.105/2015, responsável por trazer novidades e mudanças significativas no que diz respeito à perícia, em especial à perícia contábil. Para melhor entendimento do tema, apresentaremos algumas situações para ilustrar como se dá a aplicação da perícia, portanto, abordaremos, de forma breve e sucinta, a perícia nas áreas trabalhista e bancária. Com esta exposição, é possível percebermos a relevância desta matéria. Desejo a você uma boa leitura e que este caderno lhe forneça subsídios para sua aprendizagem. Bons estudos! O autor. CAPÍTULO 1 Fundamentos da Perícia Contábil A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: Compreender os fundamentos e conceitos da Perícia Contábil de acordo com a legislação vigente. Desenvolver os conhecimentos conceituais para utilização no campo da Perí- cia Contábil. 10 Perícia Contábil 11 Fundamentos da Perícia Contábil Capítulo 1 Contextualização Para entendermos como se dá a aplicação prática da perícia contábil, primeiramente devemos abordar os aspectos introdutórios, nos quais é importante estudar as regras atribuídas ao perito-contador por meio das leis que regulamentam a atividade, sua origem e principais objetivos e finalidades. Este capítulo apresenta conteúdo atualizado e focado para os principais fundamentos inerentes a este ramo do conhecimento, abordando, de forma breve, aspectos históricos da perícia. Procuramos trazer informações relevantes acerca da perícia judicial, extrajudicial e arbitral e, sobre assuntos que ajudarão você, pós-graduando(a), a ter maiores esclarecimentos sobre o tema, incluindo questões sobre o exercício profissional, a função contábil e o perito. Com esta exposição é possível percebermos a relevância desta matéria. Desejo a você um bom estudo e que este capítulo lhe forneça subsídios para sua aprendizagem. Conceitos e Finalidades Antes de falarmos em perícia contábil,primeiramente, faz-se necessário entender e compreender o conceito mais generalista de perícia. Para levantamento da prova pericial, objetivo principal da perícia, são necessários habilidades e conhecimentos que recaem em áreas específicas (administração, engenharia, medicina, contabilidade, etc.). Portanto, podemos fundamentar a perícia contábil como um apanhado de procedimentos técnico-científicos que objetivam dar suporte à uma instância decisória, elementos de prova que servirão como subsídio para uma justa solução do litígio ou constatação de fato. Isso se dará por meio de laudo pericial contábil ou parecer técnico-contábil, que deverá estar em conformidade com as normas jurídicas e profissionais e com a legislação específica no que for pertinente. De maneira geral, perícia é o testemunho técnico, visando conhecer um fato cuja existência não pode ser acertada ou juridicamente apresentada, se não suportada em conhecimentos técnicos e científicos. 12 Perícia Contábil perícia é o testemunho técnico, visando conhecer um fato cuja existência não pode ser acertada ou juridicamente apresentada, se não suportada em conhecimentos técnicos e científicos. A necessidade de se fazer uma perícia ocorre sempre que se apresentam as seguintes características: • Surge de um conflito latente e manifesto que se quer esclarecer. • Constata prova ou demonstra veracidade de alguma situação, coisa ou fato. • A perícia se fundamenta em requisitos técnicos, científicos, legais e profissionais. • Sua materialização deve ocorrer segundo forma especial, à instância decisória, a transmissão da opinião técnica ou científica sobre a verdade dos fatos, de modo que a verdade jurídica corresponda àquela (BARBOZA, 2010). Nas palavras de Sá (2005), a perícia contábil é a verificação de fatos ligados ao patrimônio individualizado, visando oferecer opinião, mediante questão proposta. Para tal opinião, realizam-se exames, vistorias, indagações, investigações, avaliações, arbitramentos, em suma, todo e qualquer procedimento necessário à opinião. Breve Histórico Historicamente, a perícia está intrinsicamente ligada à cultura dos povos antigos, que foram responsáveis pela sua introdução. Vestígios de perícia são encontrados, registrados, e documentados na civilização antiga do Egito, e, também, na Grécia, um dos berços da sistematização dos conhecimentos jurídicos. Naquela época, surgiu a figura dos especialistas em determinados campos do conhecimento, visando realizar verificação e exames de determinadas situações. Considerando o aspecto de tempo e espaço, entendemos ser importante analisar o Quadro 1, que sintetiza, de forma objetiva, a cronologia histórica da evolução da perícia contábil: 13 Fundamentos da Perícia Contábil Capítulo 1 Quadro 1 – Cronologia histórica da perícia Período Principais Acontecimentos Ano 4000 a.C Primeiros sinais do uso da contabilidade e primeiros vestígios de perícias para agrimensura. Ano 1248 a.C. Claras referências da realização de perícias de levantamento de locais de morte violenta na obra Si Yuan Lu, do Juiz Song Ts’Eu na China. Ano 130 d.C Vestígios de escritas de perícia no papiro Abbot, ao tempo do Imperador Adriano Trajano Augusto. Corresponde a um autêntico laudo do médico Caio Minucio Valeria- no, do burgo de Caranis, a propósito de ferimentos na cabeça recebidos por um indivíduo chamado Mysthorion. Século VIII O Imperador Carlos Magno, nas Leis Capitulares, Sálicas e Germânicas, exigia a interferência de médicos para analisar ocorrências de mortes violentas. A partir do Século XIII Grande desenvolvimento da perícia como instrumento de prova na Grécia, França, Inglaterra e Itália. Século XIV O Papa Gregório XI, nas Leis Decretais, determinava a realização de perícias médi-cas para a comprovação de casos de impotência, aborto e lesões corporais. No ano de 1850 A perícia surge regulamentada no Brasil pela Lei n. 556 de 25 de junho de 1850 – Código Comercial – que estabeleceu o Juízo Arbitral obrigatório nos casos de abalroação de navios. Regulamento n. 737, de 25 de dezembro de 1850, sobre o funcionamento do perito. Em matéria contábil, é escolhido o profissional formado em aula de Comércio com posse da Carta de Habilitação. No ano de 1863 Pela primeira vez, é utilizada a arbitragem na chamada ‘Questão Christie’, caso que envolvia a detenção de oficiais da marinha britânica por autoridades policiais brasi- leiras. A arbitragem, cujo laudo foi favorável ao Brasil, foi feita pelo Rei Leopoldo, da Bélgica. No ano de 1866 Revogado o Juízo Arbitral obrigatório pela Lei n. 1.350 (o juízo arbitral voluntário permaneceu). No ano de 1911 O governo brasileiro decreta lei sobre peritos contabilistas, estabelecendo suas atribuições. No ano de 1916 É aprovado o regulamento pronunciando-se sobre a perícia contábil. No ano de 1917 Entra em vigor a Lei n. 3.071, de 1º de janeiro de 1916 – Código Civil, que tem trata sobre a profissão do contador e, consequentemente, a perícia contábil. No ano de 1939 Entra em vigor o Decreto Lei n. 1.608, de 18 de setembro de 1939. Definia a partici- pação do perito nas ações judiciais, mais precisamente, no campo do direito civil e comercial. No ano de 1946 Entra em vigor o Decreto Lei n. 9.295 de 27 de maio de 1946, que define as atribui-ções do Contador e do Guarda-livros, a legalização da perícia contábil. No ano de 1973 Entra em vigor o Novo Código de Processo Civil, Lei n. 7.270, de 10 de dezembro de 1984. Estabeleceu-se que o perito necessitava de formação universitária. No final do ano de 2009 O Conselho Federal de Contabilidade aprova as Resoluções CFC n. 1.243/09, que aprova a NBC TP 01- Perícia Contábil e a Resolução CFC n. 1.244/09, que aprova a NBC PP 01 – Perito Contábil. Fonte: Manual de Procedimentos Periciais (2010). 14 Perícia Contábil Em relação ao Brasil, Sá (2009) comenta que, embora as informações ocorressem de forma precária, o que se sabe é que a perícia surgiu em um evento da classe contábil em 1924, quando aconteceu o primeiro Congresso Brasileiro de Contabilidade. Magalhães et al. (2008) corroboram com Sá (2009) e citam que foi com o advento do “segundo” Código de Processo Civil, criado pela Lei n. 5.869/73, por meio das Leis Complementares atribuídas ao Código de Processo Civil, que as perícias judiciais tiveram ampliada a sua legislação, ficando de forma clara e aplicável. Neste contexto, foi inclusa a Legislação Trabalhista e o Direito Comercial, que adotam a mesma metodologia que as jurisprudências de natureza processual civil, ampliando a área atingida pela perícia. Perito-Contador A perícia contábil é de competência exclusiva do contador em situação regular perante o Conselho Regional de Contabilidade de sua jurisdição. O Decreto-Lei n. 9.295/46, que regulamenta a profissão de Contador, especificamente no seu artigo 25, alínea “c”, deixa claras as prerrogativas e atribuições dos profissionais da contabilidade em relação à perícia. [...] as perícias contábeis ou extrajudiciais, revisão de balanços e de haveres, revisão permanente ou periódica de escritas, regulações judiciais ou extrajudiciais de avarias, grossos ou comuns, assistência aos conselhos Fiscais das Sociedades Anônimas e quaisquer outras atribuições de natureza técnica conferidas por lei aos profissionais de contabilidade. (BRASIL, 1946). Portanto, aquele que executa a perícia é chamado de perito. Este profissional deverá possuir conhecimento e experiência específicos na questão determinada, pois deverá emitir sua opinião técnica sobre a matéria examinada. É por meio dos exames que o perito trará clareza suficiente, trazendo à tona a verdade de fatos complexos sobre determinado assunto. Barboza (2010) conceitua o profissional perito como um agente ativo da perícia, uma pessoa entendida sobre determinado assunto, expert, que tem como objetivo esclarecer os aspectos técnicos dos fatos, medianteelaboração de exame, ou de vistoria, indagação, investigação, arbitramento, avaliação ou até certificação. Vários autores conceituam e vinculam o perito como profissional da contabilidade, tendo a grande maioria entendimento semelhante ao exposto 15 Fundamentos da Perícia Contábil Capítulo 1 pelo CFC (Conselho Federal de Contabilidade), por meio da NBC PP 01 – Perito Contábil: “Perito é o contador, regularmente registrado em Conselho Regional de Contabilidade, que exerce a atividade pericial de forma pessoal, devendo ser profundo conhecedor, por suas qualidades e experiências, da matéria periciada” (CFC, 2012, p. 24). Portanto, perito não é profissão, mas sim o exercício de uma função dentro de seus conhecimentos para acurar determinado fato no âmbito de domínio. Para isso, a qualificação é fator indispensável. Habilitação Profissional De acordo com o item 7 da NBC TP 01, o perito deve comprovar sua habilitação: [...] como perito em contabilidade por intermédio de Certidão de Regularidade Profissional emitida pelos Conselhos Regionais de Contabilidade. O perito deve anexá-la no primeiro ato de sua manifestação e na apresentação do laudo ou parecer para atender ao disposto no Código de Processo Civil. É permitida a utilização da certificação digital, em consonância com a legislação vigente e as normas estabelecidas pela Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileiras – ICP-Brasil. (NBC, 2015). No âmbito geral, a habilitação profissional significa o conhecimento de determinado assunto, que permite apresentar os fatos comprovadores da realização de atos ilícitos, e permita às autoridades dirimir dúvidas pertinentes. Para isso, é necessário comprovar sua habilitação, que segundo Sá (2009, p. 277), “devem o perito-contador e o perito-contador assistente, fazê-lo mediante apresentação de certidão específica, cujo documento é emitido pelo Conselho Regional de Contabilidade, de acordo com a forma a ser regulamentada pelo Conselho Federal de Contabilidade”. A referida certidão deverá ser juntada ao processo no primeiro momento que o perito-contador, ou o perito-contador assistente se manifestarem nos autos, ficando habilitados para o exercício da função pericial contábil. O CRC de cada estado é o órgão que emite a DHP, a qual é fornecida ao profissional da contabilidade que está em dia com suas obrigações profissionais, através do acesso à internet, na página do CRC, de acordo com seu estado de origem. Os conselhos regionais seguem padrões de acesso e consultas. 16 Perícia Contábil Neste curso que você está iniciando, a UNIASSELVI disponibiliza, na sua plataforma virtual de aprendizagem, um conjunto de materiais que auxiliarão nos seus estudos. Acesse com seu login e senha no site da instituição: <www.uniasselvipos.com.br>. Figura 1 – Exemplo acesso site do CRC SC Fonte: CRCSC. Acesso em: 31 maio 2016. A declaração fornecida está demonstrada a seguir: Figura 2 – Exemplo de declaração de regularidade profissional Fonte: CRCSC. Acesso em: 01 jun. 2016. 17 Fundamentos da Perícia Contábil Capítulo 1 Você sabia que: A expressão perícia é derivada do latim peritia, que significa conhecimento. Portanto, quando falamos em perícia não podemos nos limitar a uma determinada área do conhecimento. Como exemplo, podemos citar: peritos-engenheiros, peritos-médicos, peritos-psicólogos, peritos-criminais, etc. O chamado perito-contador é o profissional habilitado para lidar com questões e fatos ligados à Ciência Contábil. Tipos de Perícia De acordo com a área de atuação à qual ela é demandada, a perícia pode ser classificada em quatro tipos. A forma de execução se dará em função do tipo, que também implicará o produto final a ser apresentado (laudo ou parecer). Alberto (2009) classifica essas modalidades de perícia como: (a) perícia judicial; (b) perícia semijudicial; (c) perícia extrajudicial; (d) perícia arbitral. Segue um pequeno resumo para que você possa entender o conceito e finalidade de cada uma delas: a) Perícia Judicial Quando os usuários principais forem os agentes do Poder Judiciário. Estes realizarão o requerimento, considerando as regras legais estabelecidas. A perícia judicial se divide em: finalidade apontada pelo processo e prova ou arbitramento. Portanto, a perícia judicial será prova quando, no processo de conhecimento ou de liquidação por artigos, tiver o propósito de trazer a verdade real, demonstrável científica ou tecnicamente, para subsidiar a decisão do julgador; e será arbitramento quando determinada no processo de liquidação de sentença, tiver por objeto quantificar a obrigação mediante critério técnico em que ela se constituir. 18 Perícia Contábil b) Perícia Semijudicial Realizada dentro da grandiosidade institucional do Estado, não afetando o Poder Judiciário, e com finalidade principal de ser meio de prova nos ordenamentos institucionais usuários. A perícia semijudicial subdivide-se em: (I) policial (nos inquéritos); (II) parlamentar (nas comissões parlamentares especiais); e (III) administrativo- tributária (nos conselhos de contribuintes). Alberto (2009) ressalta que são classificadas em semijudiciais porque as autoridades policiais, parlamentares ou administrativas têm algum poder jurisdicional, e por estarem sujeitas às regras legais e regimentais semelhantes às judiciais. c) Perícia Extrajudicial É aquela realizada fora do Estado e da esfera judicial, não submetível a uma outra pessoa encarregada de arbitrar a matéria conflituosa, inclusive fora do juízo arbitral. São subdivididas em: • Demonstrativas: mostrar a veracidade ou não do fato; • Discriminativas: levantar os termos justos do fato em que há dúvida do quantum; • Comprovativas: comprovar fraudes, desvios, simulações, etc. Quantum é uma palavra empregada para designar uma quantidade ou uma quantia indeterminada. Portanto, quantia em pecúnia, pedido em condenação. QUANTUM DEBEATUR: O quanto se deve. QUANTUM SATIS: O quanto suficiente. SI ET IN QUANTUM: Agora e enquanto perdurar a mesma situação. Exemplo: Se o quantum da pensão alimentícia for fixado judicialmente, qual o prazo de prescrição? d) Perícia Arbitral É aquela que não se enquadra em nenhum dos conceitos acima. É realizada no âmbito da instância decisória criada pelas partes envolvidas. Subdivide-se em probante e decisória, de acordo com a destinação de funcionamento. 19 Fundamentos da Perícia Contábil Capítulo 1 Nos capítulos 4 e 7, você encontra um maior detalhamento sobre perícia judicial e arbitragem. NOMENCLATURA DE DISPOSITIVOS REGULADORES a) Princípios: fundamentos da ação da ciência sobre seu objeto e seu objetivo. Dos princípios decorrem as normas e os padrões. Caracterizam-se pela universalidade e generalidade. Os princípios funcionam como parte estrutural na atividade pericial, para a aplicação de regras para a condução da perícia. b) Normas: são os indicativos comportamentais, envolvendo as técnicas e a ética, obrigatórios na execução da ciência. Caracterizam- se pela generalidade e especificidade e são obedientes aos princípios. São mutáveis e adaptáveis à realidade do ambiente. c) Padrões: também são comportamentos técnicos e éticos, mas oriundos do resultado das ações dos profissionais daquela ciência. Representam a práxis adotada, habitualmente ou comumente. Fonte: Conselho Federal de Contabilidade (2009). Nomenclatura (Dispositivos Reguladores) É importante salientar a necessidade da observação por parte dos peritos, dos princípios, normas e padrões. Estes se designam para fornecer aos peritos um referente profissional, buscando a uniformidade, segurança jurídica e a previsibilidade em relação aos seus atos. 20 Perícia Contábil Devemos lembrar sempre que toda atividade profissional, dentre outras a da perícia contábil, está sujeita às normas legais e aos procedimentos específicos.Leis que Regulamentam a Prática da Perícia Os primórdios do Código de Processo Civil (CPC) em 1939, já trazia regras relacionadas à perícia, mas foi com o surgimento do Conselho Federal de Contabilidade, por meio do Decreto-Lei n. 9.295/46, que foi institucionalizada a perícia contábil de fato. Ou seja, as atribuições legais estavam a cargo exclusivo dos contadores diplomados. Considerando que a perícia contábil está em crescente evolução, foi, no entanto, com uma nova edição do Código de Processos Civil (CPC), por meio da Lei n. 5.869/73, que “as perícias judiciárias foram agasalhadas com tratamento mais cristalino” (HOOG, 2005). Temos, também, a legislação trabalhista e o Direito Comercial (CC/2002), incluídos no contexto da atividade pericial, da mesma forma que a jurisprudência de natureza processual civil. Em função do crescimento da importância da Perícia Contábil no Brasil, o órgão máximo de fiscalização do exercício profissional do Contador, o CFC (Conselho Federal de Contabilidade), tomou para si a responsabilidade de editar as normas que regulamentam o tema. No exercício de suas atribuições legais, o CFC aprovou as seguintes normas: • NBC PP 01 – Perito Contábil (última atualização em 27 de fevereiro de 2015): norma que estabelece procedimentos inerentes à atuação do contador na condição de perito. • NBC TP 01 – Perícia Contábil (última atualização em 27 de fevereiro de 2015): norma que estabelece regras e procedimento técnico-científicos a serem observados pelo perito, quando da elaboração da perícia contábil, no âmbito judicial, extrajudicial, mediante o esclarecimento dos aspectos e dos fatos do litígio por meio de exame, indagação, investigação, arbitramento, avaliação e certificação. Devemos lembrar sempre que toda atividade profissional, dentre outras a da perícia contábil, está sujeita às normas legais e aos procedimentos específicos. 21 Fundamentos da Perícia Contábil Capítulo 1 Atividades de Estudos: 1) Cite as características que justificam a necessidade de se fazer uma perícia. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 2) De acordo com a área de atuação a perícia pode ser classificada em quatro tipos. Conceitue cada uma delas. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ Algumas Considerações Neste capítulo, procuramos apresentar o conceito de perícia contábil de acordo com a legislação em vigência. Além disso, entendemos que a perícia não está limitada somente a uma área do conhecimento. Abordamos os tipos de perícias e as nomenclaturas dos seus dispositivos regulares, verificando que a perícia judicial ocorre quando realizada por requerimento ou necessidade dos agentes do Poder Judiciário, devendo obedecer às regras. É importante lembrar sempre que somente o profissional de contabilidade (contador) pode atuar como perito, em função do seu domínio técnico em áreas como direito tributário, bancário, comercial, financeiro, penal, administrativo, constitucional, previdenciário, ambiental, trabalhista e processual. 22 Perícia Contábil No próximo capítulo, abordaremos a metodologia e procedimentos empregados pelo perito-contador para criação de um plano de trabalho de perícia contábil. Referências ALBERTO, Valder Luiz Palombo. Perícia contábil. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2009. BRASIL. Decreto-Lei n. 9.295, de 27 de maio de 1946. Cria o Conselho Federal de Contabilidade, define as atribuições do Contador e do Guarda-livros, e dá outras providências. Diário Oficial da União. Rio de Janeiro: 1946. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del9295.htm>. Acesso em: 20 jun. 2016. BARBOZA, Jovi. Perícia contábil e arbitragem. Maringá: Editora Projus, 2010. CFC - Conselho Federal de Contabilidade. Normas brasileiras de contabilidade: perícia contábil: NBC TP 01 e NBC PP 01. Brasília: Conselho Federal de Contabilidade, 2012. Disponível em: <http://goo.gl/5Zcb3n>. Acesso em: 20 jun. 2016. HOOG, Willian Alberto Zappa. Prova Pericial contábil: aspectos práticos & fundamentais. 4. ed. Curitiba: Juruá, 2005. MAGALHÃES, A. de Deus et al. Perícia Contábil: Uma Abordagem Teórica, Ética, Legal, Processual e Operacional. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008. NBC. Normas Brasileiras de Contabilidade. NBC TP 01, de 27 de fevereiro de 2015. Dá nova redação à NBC PP 01 – Perito Contábil. Disponível em: <http:// www.normaslegais.com.br/legislacao/nbc-pp-01-2015.htm>. Acesso em: 02 jun. 2016. SÁ, Antônio Lopes de. Perícia Contábil. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2009. CAPÍTULO 2 Plano de Trabalho em Perícia Contábil A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: � Compreender a metodologia e os procedimentos empregados para criação de um plano de trabalho em Perícia Contábil. � Aplicar a metodologia para desenvolvimento do plano de trabalho. 24 Perícia Contábil 25 Plano de Trabalho em Perícia Contábil Capítulo 2 Contextualização Para melhor atingir seus objetivos, o perito-contador deve, primeiramente, preocupar-se e destinar tempo para a estratégia do seu trabalho. Para isso, faz-se necessário um plano de trabalho ou um planejamento. O objetivo principal é identificar o objeto da perícia e definir o escopo e procedimentos do trabalho a ser executado na busca da prova pericial, que servirá como alicerce para fundamentar a proposta de honorários, visando justificar, com máxima clareza e transparência possível ao Juiz, o tempo necessário de acordo com a complexidade, diligências e equipe técnica, demais custos, etc. Portanto, é necessário justificar o porquê dos custos em toda fase da perícia, ou seja, desde a leitura dos autos, coleta de informações até a emissão do produto final, o laudo pericial. Um plano de trabalho bem elaborado consiste em evitar que o Juiz, por exemplo, por ausência de legitimidade, acabe arbitrando um valor que não seja suficiente para cobrir os custos diretos e indiretos da perícia. Com esta exposição, é possível percebermos a relevância deste capítulo. Desejo a você bom estudo e que este material lhe forneça subsídios para sua aprendizagem. Conceito de Plano de Trabalho (Planejamento) O planejamento da perícia ou plano de trabalho é a fase da perícia antes das pesquisas, cálculos e respostas aos quesitos. É nesta etapa que o perito do juízo estabelece a metodologia dos procedimentos periciais a serem aplicados, elaborando-a a partir do conhecimento do objeto da perícia. De maneira geral, o planejamento ou plano de trabalho é uma espécie de guia norteador que consiste na quantificação do tempo necessário à realização de cada etapa da perícia, na estimativa do valor dos honorários, de uma forma organizada, com as reflexões necessárias e as medidas que devem ser tomadas em cada quesito. Os itens de 42 a 45 da NBC TP 01 tratam sobre o cronograma do planejamento dos trabalhos periciais. O item 42 dispõe: O planejamento ou plano de trabalho é uma espécie de guia norteador que consiste na quantificação do tempo necessário à realização de cada etapa da perícia, na estimativa do valor dos honorários, de uma forma organizada, com as reflexões necessárias e as medidas que devem ser tomadas em cada quesito. 26 Perícia Contábil O perito-contador deve levar em consideração que o planejamento da perícia, quando for o caso, inicia-se antesda elaboração da proposta de honorários, considerando-se que, para apresentá-la ao juízo, árbitro ou às partes no caso de perícia extrajudicial, há necessidade de se especificar as etapas do trabalho a serem realizadas. Isto implica que o perito-contador deve ter conhecimento prévio de todas as etapas, salvo aquelas que somente serão identificadas quando da execução da perícia [...] (CFC, 2012, p. 9). Já o item 44 dispõe sobre as evidências que o cronograma de trabalho deve prever. No cronograma de trabalho, devem ficar evidenciados, quando aplicáveis, todos os itens necessários à execução da perícia, tais como: diligências a serem realizadas, deslocamentos, necessidade de trabalho de terceiros, pesquisas que serão feitas, elaboração de cálculos e planilhas, respostas aos quesitos, prazo para entrega do laudo e outros, de forma a assegurar que todas as etapas necessárias à realização da perícia sejam cumpridas (CFC, 2012, p. 10). É na fase de planejamento que o perito deve atentar para dois aspectos fundamentais do processo: o que está sendo demandado e a época do acontecimento dos fatos. Portanto, é fundamental a leitura da inicial, da contestação ou da impugnação, dos documentos juntados pelas partes e dos quesitos elaborados pelo juízo e pelas partes. É na fase de planejamento que o perito deve atentar para dois aspectos fundamentais do processo: o que está sendo demandado e a época do acontecimento dos fatos. Portanto, é fundamental a leitura da inicial, da contestação ou da impugnação, dos documentos juntados pelas partes e dos quesitos elaborados pelo juízo e pelas partes. Requisitos para Criação de um Plano de Trabalho (Planejamento) Para se montar um plano de trabalho eficaz, é necessário estabelecer requisitos, de acordo com o tipo de perícia. São eles: • Pleno conhecimento do processo, se for judicial, e o direcionamento dos objetivos; • Conhecimento de todos os fatos que motivam a perícia, inclusive, a identificação do local de realização da perícia; • Levantamento prévio dos recursos disponíveis para o exame; 27 Plano de Trabalho em Perícia Contábil Capítulo 2 • Do prazo de execução das atividades em entregar o laudo ou parecer; • Acessibilidade aos dados, através de diligências; • Conhecer os peritos assistentes; • Verificar a relevância e o valor da causa; • Verificar o planejamento das horas despendidas para a execução do trabalho pericial. Em relação ao cumprimento do prazo determinado ou contratado para realização dos trabalhos de perícia, o perito deve considerar em seus planejamentos: • Conteúdo da proposta de honorários apresentada pelo perito- contador e aceita pelo juízo, pelo árbitro ou pelas partes, no caso de perícia extrajudicial, ou pelo perito-contador assistente; • Prazo suficiente para solicitar e receber os documentos, bem como para a execução e a entrega do trabalho; • Programação de viagens, quando necessárias. Sempre devemos lembrar que o pleno conhecimento das razões pelas quais a perícia se realiza deve determinar a filosofia e a política do plano de trabalho a ser elaborado como guia. Sempre devemos lembrar que o pleno conhecimento das razões pelas quais a perícia se realiza deve determinar a filosofia e a política do plano de trabalho a ser elaborado como guia. Você deve saber que: Sempre que novos fatores exigirem ou recomendarem, deve acontecer a revisão e a atualização dos planos de trabalho. Finalizando o Plano de Trabalho A finalização do plano de trabalho da perícia se dá quando o perito-contador terminar as análises preliminares. Do momento da origem, quando for o caso, à proposta de honorários (nos casos em que o juízo ou o árbitro não tenha fixado, previamente, honorários definitivos), aos termos de diligências e aos programas de trabalho. 28 Perícia Contábil Quadro 2 – Modelo planejamento para perícia judicial Fase Pré-Operacional ITEM ATIVIDADE AÇÕES TEMPO PRAZO ESTIMADO REAL ESTIMADO REAL 1 Carga ou recebimento do processo Após receber a intimação do juiz, quando for o caso, reti- rar o processo da Secretaria. h h XX/XX/XX XX/XX/XX 2 Leitura do processo Conhecer os detalhes acerca do objeto da perícia, reali- zando a leitura e o estudo dos autos. h h XX/XX/XX XX/XX/XX 3 Aceitação, ou não, da perícia Após estudo e análise dos autos, constatando-se que há impedimento ou suspeição, não havendo interesse do perito ou não estando habilitado para fazer a perícia, devolver o proces- so justificando o motivo da escusa. h h XX/XX/XX XX/XX/XX Aceitando o encargo da perícia, proceder ao plane- jamento. h h XX/XX/XX XX/XX/XX 4 Proposta de honorários Com base na relevância, no vulto, no risco e na complexidade dos serviços, entre outros, estimar as horas para cada fase do trabalho, considerando ainda a qualificação do pessoal que participará dos serviços, o prazo para a entrega dos trabalhos e a confecção de laudos interdisciplinares. h h XX/XX/XX XX/XX/XX Execução da perícia 5 Sumário Com base na documentação existente nos autos, elaborar o sumário dos autos, indican- do o tipo do documento e a folha dos autos onde pode ser encontrado. h h XX/XX/XX XX/XX/XX 29 Plano de Trabalho em Perícia Contábil Capítulo 2 6 Assistentes técnicos Uma vez aceita a partici- pação do perito-assistente, ajustar a forma de acesso dele aos trabalhos. 7 Diligências Com fundamento no conteúdo do processo e nos quesitos, preparar o(s) termo(s) de diligência(s) necessário(s), no (s) qual (is) será relacionada a documen- tação ausente nos autos. h h XX/XX/XX XX/XX/XX 8 Viagens Programar as viagens quan- do necessárias. h h XX/XX/XX XX/XX/XX 9 Pesquisa documental Com fundamento no con- teúdo do processo, definir as pesquisas, os estudos e o catálogo da legislação pertinente. h h XX/XX/XX XX/XX/XX 10 Programa de trabalho Exame de documentos pertinentes à perícia. h h XX/XX/XX XX/XX/XX Exame de livros contábeis, fiscais, societários e outros. h h XX/XX/XX XX/XX/XX Análises contábeis a serem realizadas. h h XX/XX/XX XX/XX/XX Entrevistas, vistorias, indagações, investigações, informações necessárias. h h XX/XX/XX XX/XX/XX Laudos interdisciplinares e pareceres técnicos. h h XX/XX/XX XX/XX/XX Cálculos, arbitramentos, mensurações e avaliações a serem elaborados. h h XX/XX/XX XX/XX/XX Preparação e redação do laudo pericial. h h XX/XX/XX XX/XX/XX 30 Perícia Contábil 11 Revisões técnicas Proceder a revisão final do laudo para verificar eventuais correções, bem como veri- ficar se todos os apêndices e anexos citados no laudo estão na ordem lógica e corretamente enumerados. h h XX/XX/XX XX/XX/XX 12 Prazo su- plementar Diante da expectativa de não concluir o laudo no prazo determinado pelo juiz, requerer, antes do vencimen- to do prazo determinado, por petição, prazo suplementar, reprogramando o planeja- mento. h h XX/XX/XX XX/XX/XX 13 Entrega do laudo pericial contábil. Devolver os autos do proces- so e peticionar, requerendo a juntada do laudo e levan- tamento ou arbitramento dos honorários. h h XX/XX/XX XX/XX/XX Fonte: Disponível em: <http://goo.gl/5Zcb3n>. Acesso em: 02 jun. 2016. Atividades de Estudos: 1) O que é plano de trabalho de perícia? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 2) Cite os requisitos para criação de um plano de trabalho de perícia? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 31 Plano de Trabalho em Perícia Contábil Capítulo 2 ________________________________________________________________________________________________________ ____________________________________________________ Algumas Considerações Neste capítulo, entendemos que o plano de trabalho da perícia é o ponto de partida para o desenvolvimento do trabalho a ser executado. Baseia-se diretamente na matéria pleiteada, constituindo-se em elemento base para a remuneração, ou seja, os cálculos dos honorários, salvo quando estes forem arbitrados pelo juiz. É nesta fase que o perito deve atentar para dois aspectos fundamentais do processo: o que está sendo demandado e a época do acontecimento dos fatos. Portanto, é fundamental a leitura da inicial, da contestação ou da impugnação, dos documentos juntados pelas partes e dos quesitos elaborados pelo juízo e pelas partes. Referências CFC - Conselho Federal de Contabilidade. Normas brasileiras de contabilidade: perícia contábil: NBC TP 01 e NBC PP 01. Brasília: Conselho Federal de Contabilidade, 2012. Disponível em: <http://goo.gl/5Zcb3n>. Acesso em: 20 jun. 2016. NBC - Normas Brasileiras de Contabilidade. NBC TP 01 – Perícia Contábil. Disponível em: <http:// http://portalcfc.org.br/wordpress/wp-Content/ uploads/2012/12/NBC_TP_01.pdf >. Acesso em: 02 jun. 2016. 32 Perícia Contábil CAPÍTULO 3 Parecer e Laudos Periciais A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: � Compreender os conceitos e a apresentação do parecer e dos laudos periciais. � Desenvolver os conhecimentos básicos necessários para que o parecer e os laudos periciais sejam apresentados de forma adequada. 34 Perícia Contábil 35 Parecer e Laudos Periciais Capítulo 3 Contextualização Como já vimos nos capítulos iniciais, um dos principais objetivos da perícia é o esclarecimento de determinados fatos ou circunstâncias (judicial ou extrajudicial). Essa comprovação se dá por meio dos chamados laudos ou pareceres. Dessa forma, o laudo pericial contábil e o parecer pericial contábil têm por limite os próprios objetivos da perícia deferida ou contratada. Portanto, é de suma importância entender e compreender os conceitos de laudo pericial contábil e o parecer pericial contábil. Esses são como documentos escritos, nos quais os peritos devem registrar, de forma abrangente, o conteúdo da perícia e particularizar os aspectos e as minudências que envolvam o seu objeto e as buscas de elementos de prova necessários para a conclusão do seu trabalho. Conceito de Laudo Sá (2009) explica que o laudo é a informação que o perito produz sobre determinado trabalho que realizou. Em outras palavras, o laudo é a opinião do perito em que relata seu ponto de vista e emite justificativa, oferecendo as bases ou os elementos de que fez uso. A manifestação exata do perito sobre os fatos, de forma minuciosa, gera a peça tecnológica denominada Laudo Pericial Contábil. Conceitua Sá (2009, p. 42): “Laudo é uma palavra que provém da expressão verbal latina substantivada laudare (laudo, laudare), no sentido de ‘pronunciar’, tal como a empregou Marco Túlio Cícero em Pro Murema (75)”. Em outras palavras, explica o autor, laudo é um pronunciamento ou manifestação de um especialista sobre uma ou várias questões, que se submetem a sua apreciação. Laudo foi conceituado por Alberto (2009, p. 108) como “[...] peça escrita, na qual os peritos contábeis expõem, de forma circunstanciada, as observações e estudos que fizeram e registram as conclusões fundamentadas da perícia”. Conforme Sá (2009, p. 11): [...] os laudos podem ser: (I) isolados; ou, (II) de uma Junta ou Colegiado de Peritos. (I) Isolados: de um só perito. (II) Junta ou Colegiado de Peritos: na perícia judicial são três “[...] peça escrita, na qual os peritos contábeis expõem, de forma circunstanciada, as observações e estudos que fizeram e registram as conclusões fundamentadas da perícia”. 36 Perícia Contábil ou mais peritos. O laudo pode obedecer a critérios diferentes, depende de cada caso. Você sabia que: Dependendo do caso, os laudos são acompanhados de anexos que demonstram ou provam as conclusões. Ainda podem conter plantas, desenhos, fotografias, balancetes, balanços, cópias do livro diário, relatórios gerenciais, etc. Dependendo do caso, os laudos são acompanhados de anexos que demonstram ou provam as conclusões. Assim, destaca-se a análise da síntese feita em cada quesito. Exemplo: Quesito nº ... – A empresa ... no período de ... a ... utilizou-se de suas reservas para aumentos de capital? Resposta ao Quesito nº ... – No período referido, a empresa destinou suas reservas para finalidades distintas, sendo, para fins de aumento de capital, utilizados valores que montam ..., de acordo com o demonstrado no anexo a esta perícia de nº ... onde se espelham as datas, os valores, o registro das alterações contratuais na Junta Comercial Fonte: Sá (2009, p. 11). Considerando que os anexos podem (às vezes) formar a parte mais volumosa do trabalho, sobretudo nas perícias judiciais, é tolerável que o perito, ao verificar a veracidade do anexo, apenas mencione: “como consta das folhas ... dos autos”. Nas perícias administrativas, nas quais, muitas vezes, o que se busca investigar é a fraude, os laudos passam a ter diferentes conotações, haja vista que o importante não são os quesitos, mas sim as apurações de fatos. Nesse caso, o perito passa a expor seu plano de trabalho, a matéria verificada, as irregularidades detectadas, em quem recaiu a responsabilidade. 37 Parecer e Laudos Periciais Capítulo 3 Independentemente do tipo de perícia, o laudo traz a opinião e é preciso que tenha requisitos de qualidade. São requisitos de qualidade, segundo Sá (2009, p. 12): 1. identificação completa do caso (Processo nº , lugar, data, partes envolvidas, etc.); 2. identificação do perito; 3. identificação da autoridade a que se destina; 4. se for o caso, qual a metodologia adotada; 5. identificação de quesito por quesito ou do caso sobre o qual se opina; 6. resposta a cada um dos quesitos; 7. conclusões precisas sobre os quesitos; 8. anexos que comprovem os casos que merecem análises; 9. data e assinatura do perito. Se, ao final, não for possível a conclusão, o perito dará sua negativa. Isto pode acontecer nos casos de a matéria estar fora do alcance contábil, ou na falta de convicção. Se a conclusão só puder ser dada com ressalvas, estas deverão ser expressas e bem identificadas. No caso de a conclusão ser negativa, o perito deve sempre detalhar. Por exemplo: Exemplo: Não pode este perito afirmar que o limite de depreciações utilizado foi o adequado porque a empresa desde ... não possuía seus registros de bens do imobilizado, nem os controlava de modo a permitir a plena identificação, nem nos apresentou qualquer laudo técnico que comprovasse a vida útil dos bens, apesar de solicitados, conforme carta à diretoria de produção, de tal data, com a prova de recebimento assinada pelo diretor ... em ... . Fonte: Sá (2009, p. 12). 38 Perícia Contábil Você sabia que: Uma resposta com apenas um NÃO não qualificaria o laudo, gerando margens para dúvidas. Sá (2009) destaca que, nos casos de avaliação, o perito precisa valer- se de muitos elementos, como: fotografias, publicações, informes e até laudos emitidos por outros especialistas. Nesse caso, o perito precisa explicar toda sua metodologia e descrever a qualidade das fontes consultadas. O perito não deve poupar explicações que justifiquem seu trabalho e que ofereçam confiança aos que dele se vão utilizar. Sá (2009) menciona que o laudo pericial é uma peça de alta responsabilidade, assim entendida, uma prova que requer qualidade, devendo atender a requisitos especiais que lhe são pertinentes, não podendo conter defeitos. Para o seu melhor entendimento, apresentamos um modelo de laudo elaborado por Sá (2009): MODELO DE LAUDO Em um processo judicial, um advogadoprecisa argumentar sobre o valor de quotas da sociedade da qual seu cliente saiu; o sócio egresso entende que foi prejudicado, e, inconformado, entrou na justiça para discutir. O advogado sabe que pela lei o sócio tem direito a receber o valor de suas quotas na forma que o contrato estabelecia, mas não há conhecimentos contábeis suficientes para atestar isto; o Juiz, por sua vez, sendo também advogado, não dispõe de conhecimento especializado para julgar. Requer-se, então, a um perito-contador sua opinião. No processo, como é usual, formulam-se os quesitos ou perguntas (tanto o “autor” como o “réu” podem formular, através de seus advogados, tais quesitos). O perito do juiz examina a questão e dá sua opinião através de seu laudo. Exemplo de laudo: 39 Parecer e Laudos Periciais Capítulo 3 Exmo. Sr. Doutor Juiz de Direito da ________Vara ________ da Comarca de ________ Antônio Lopes de Sá, perito nomeado e compromissado nos autos do Processo de nº ________ em que são partes, como autores, ________ e como réus ________, requer a juntada de seu laudo pericial contábil, concluído tempestivamente, cujo teor é o seguinte: QUESITOS DOS AUTORES 1º O valor atribuído ao Patrimônio Líquido para efeito de determinar o valor da sociedade ________ está correto? Resposta do Perito: Conforme demonstramos no Anexo 01, que fica fazendo parte integrante deste laudo, o valor atribuído de R$ ________ pelos réus não está correto. Militam contra a correção os itens 1 a 3 do Anexo 01, supra- aludido, ou seja, não foram corretas as reavaliações dos bens do Ativo Permanente, nem, como se demonstra nos itens 4 a 6, do anexo 01 já referido, os valores imateriais de “fundo de comércio” ou aviamento, como o previsto na cláusula ________ do contrato social registrado sob nº ________ na Junta ________. 2º No entender do perito, qual o valor a ser atribuído às quotas dos autores ________ pelas quotas que possuíam na sociedade ________? Resposta do Perito: No entender deste perito e como se acha demonstrado no Anexo nº 02, que fica fazendo parte integrante deste laudo, o valor de Patrimônio Líquido Reavaliado, ao qual se agrega o valor do aviamento, produz um total de R$________; calculando- se o percentual de participação dos autores e que era de ______%, o valor de suas quotas é de R$ ________ (itens 9 e 10 do Anexo nº 02). QUESITOS DOS RÉUS 1º O valor de R$ ________ de Patrimônio Líquido do balanço encerrado em ________ foi reavaliado para servir de base de cálculo de quotas dos sócios ________ egressos? 40 Perícia Contábil Resposta do Perito: Sim. Houve reavaliação, porém a mesma deixou de incluir elementos, e outros os fez com insuficiência, conforme está demonstrado no Anexo nº 01, apenso. 2º O Patrimônio Líquido Reavaliado foi, percentualmente, atribuído como valor de resgate das quotas dos sócios egressos? Resposta do Perito: Sim. Tal valor, todavia, como já foi esclarecido, não é. Este perito o considera correto. Valor correto seria, como respondeu este perito no presente laudo, R$ ________ . 3º Entende o senhor perito que, diante da situação de juízo verificada nos exercícios de ______ e ______, seria o caso de calcular-se o valor de aviamento, conforme determina a cláusula ______ do contrato social? Resposta do Perito: Entende este perito, conforme a melhor doutrina contábil e de acordo com normas consagradas, que o valor de aviamento se calcula sobre as “perspectivas de lucros” e não sobre os resultados passados. Em razão disto, como demonstra no Anexo nº 02, o aviamento deve ser calculado e agregado ao valor de patrimônio líquido para que se tenha o valor de cálculo a que se refere a cláusula ______ do Contrato Social. Para reforço da opinião deste perito, em anexo de nº 03, relaciona as opiniões dos maiores mestres da atualidade sobre o assunto. Belo Horizonte, ________. Antônio Lopes de Sá – Contador CRC 1086 MG Fonte: Sá (2009, p. 42-43). “Não existe um padrão de laudo, o que existem são formalidades que compõem a estrutura dos mesmos”, explica Sá (2009, p. 44). Geralmente, a estrutura deles deve ser composta dos seguintes elementos. I. Prólogo do encaminhamento – assim entendida a identificação e o pedido de anexação aos autos, conforme foi visto no exemplo anterior. Por este motivo o laudo é dirigido ao 41 Parecer e Laudos Periciais Capítulo 3 Juiz, identificada a Vara, a Comarca, o número do processo, os autores e os réus, a natureza da ação, bem como o perito, nas perícias judiciais. Nas perícias administrativas ou de outro gênero, o laudo será encaminhado a quem o requereu e identificada a razão. II. Quesitos – nas perícias judiciais os quesitos são divididos em: quesitos dos autores; e, quesitos dos réus. Nas perícias administrativas os quesitos são identificados pelas áreas de interesse que foram objeto de indagação (que podem ser setores da empresa, grupo de pessoas, filiais, agente etc.). III. Respostas – as respostas devem seguir-se aos quesitos, conforme pode ser observado no exemplo apresentado acima. IV. Assinatura do Perito. V. Anexos – os anexos ilustram as respostas, para evitar que se tornem longas demais, ou, então reforçam a opinião. VI. Pareceres (se houver) – de outros especialistas ou de notáveis profissionais podem ser requeridos para efeito de reforço da opinião do perito ou até para suplementá-la e, nesse caso, ficam apensos ao laudo (SÁ, 2009 p. 45). Sempre devemos lembrar que o laudo pericial por si só não é garantia de que a perícia atingiu o objetivo para o qual foi deferida. Para que o laudo pericial possa satisfazer às necessidades da prova pericial, deve estar apoiado na pesquisa e na investigação dos fatos, atributos fundamentais de sustentação da perícia. Sem elas, o perito não conseguirá defender seu laudo e nem oferecer a prova esperada para auxiliar a sentença do Juiz. Você sabia que: De acordo com cada caso, a estrutura pode ser ampliada, porém, o mínimo que deve conter é o que foi exposto. Requisitos do Laudo Para que um laudo possa classificar-se como de boa qualidade, Sá (2009) explica que ele precisa atender, no mínimo, aos seguintes requisitos: (1) objetividade; (2) rigor tecnológico; (3) concisão; (4) argumentação; (5) exatidão; (6) clareza. 1. Objetividade: é um princípio que se estriba no preceito acolhido pelas ciências, ou seja, a exclusão do julgamento em bases pessoais ou subjetivas. Os princípios, as leis e as normas da contabilidade existem há milênios. A caracterização como ciência se dá pelo fato da generalidade da aplicação 42 Perícia Contábil Exemplo de resposta objetiva: “As depreciações calculadas no exercício de ....... na base percentual aplicada sobre o saldo das contas ....... não espelham a realidade. Os valores deveriam ser R$.... R$.... R$.... Considerando- se a vida útil dos bens relacionados no anexo nº.... e os laudos do Instituto Tecnológico de ....... que a fixou. Não ocorrendo fatores, outros como os de obsolescência, sinistros etc. que possam vir a interromper a vida útil, a depreciação deve limitar-se a uma razão que considere a vida útil e o valor para se encontrarem as quotas de depreciação pertinentes. Exemplo de resposta não objetiva: “As depreciações parecem-se aceitáveis porque a empresa naturalmente as calculou dentro de suas conveniências”. Fonte: Sá (2009, p. 15). Nesse caso, o perito precisa ater a questão à realidade e estar de acordo com os parâmetros da contabilidade. Não deve utilizar-se de expressões do tipo “parece-me”; o perito não deve emitir opiniões vagas e imprecisas em matéria definida no conhecimento contábil, menciona SÁ (2009). 2. Rigor tecnológico: o laudo deve limitar-se ao que é reconhecido com da especialidade. O rigor tecnológico expulso por si é subjetivo. 3. Concisão: exige que as respostas evitem o difuso. Um laudo deve evitar palavras e argumentos inúteis ao caso, deve ser bem redigido, e precisaater-se ao assunto, e responder satisfatoriamente. A concisão não deve excluir os argumentos. do conhecimento. O que é objetivo é racional, explica SÁ (2009), e, no campo tecnológico da perícia, deve inspirar-se na ciência contábil. O perito não deve divagar, mas, de forma concreta, o laudo deve estar focado na matéria, respeitando sua disciplina de conhecimentos. 43 Parecer e Laudos Periciais Capítulo 3 Exemplo de resposta concisa inadequada. Quesito: o valor dos estoques foi determinado corretamente no exercício de ......? Resposta: Não. Exemplo de resposta concisa adequada. Não. O valor dos materiais foi tomado apenas pelo preço da fatura, sem considerar os demais custos de compra que devem aumentar o custo dos materiais. “O anexo nº.... demonstra a irregularidade. Além deste procedimento, Ferir o que dispõe a lei ......, fere a Norma de Avaliação Contábil do CFC nº .... e altera o resultado da empresa para menor” Fonte: Sá (2009, p. 17). Você sabia que: A parte colocada “entre aspas” representa um acréscimo que não pode ser tomado como concisão, mas completa objetivamente a orientação que o perito deve dar sobre as consequências do fato. 4. Argumentação: deve o perito alegar porque concluiu ou em que se baseou para apresentar a sua opinião. Quando as argumentações forem longas, demandando a evocação de muitos argumentos, o perito pode utilizar-se de anexo para discorrer sobre suas razões, tornando, dessa forma, mais concisa a resposta. Exemplificando o caso de anexo de argumentação, apresenta-se o modelo a seguir: 44 Perícia Contábil Resposta ao quesito nº 01 – o valor de aviamento não foi considerado no cálculo de valor das quotas, mas faz parte do valor de cessão de quotas e ações. Sobre a questão o anexo nº 01, que fica fazendo parte deste laudo, apresenta as argumentações sobre o assunto e faz citações às principais obras sobre a questão, com opinião de valiosos luminares da contabilidade, e às normas editadas a esse respeito. Tal procedimento visa tornar mais prática a leitura e utilização do laudo. A leitura do Anexo pode complementar razões, se for do interesse dos advogados Fonte: Adaptado de Sá (2009). 5. Exatidão: é condição essencial de um laudo, explica Sá (2009). O perito não deve “supor”, mas só afirmar quando tem absoluta segurança sobre sua opinião. Um laudo é uma opinião baseada em realidades inequívocas; se houver insegurança para opinar, o perito deve abdicar, declarando impossibilidade para responder. Você sabia que: se o laudo se basear só em “depoimentos de testemunhas” não é um laudo pericial contábil, porque falta materialidade para concluir. A exatidão de um laudo só acontece se as provas que conduzem à opinião forem consistentes e obtidas por critérios eminentemente contábeis. 6. Clareza: a clareza é um requisito importantíssimo, uma vez que o laudo é feito para terceiros, os quais não necessariamente são especialistas no assunto e que também não possuem obrigação de entender a terminologia tecnológica e científica da contabilidade. Ressalta Sá (2009, p. 47-48) que: [....] a clareza envolve frases inequívocas quanto a seu entendimento; deve o perito evitar interpretações do que afirma; deve afirmar claramente. Frases 45 Parecer e Laudos Periciais Capítulo 3 vagas, de dupla interpretação, com abuso de terminologia contábil específica, rebuscada demasiadamente em seu vernáculo, impedem a clareza. Dessa forma, é possível inferir que quando nos referimos à clareza, a resposta a um quesito não deve gerar nova pergunta. A clareza considera que uma resposta deve ser abrangente e completa dentro do que se pergunta. Dentro do exposto, perguntamos: quando alguma pergunta estiver incompleta, como deve agir o perito? A esta pergunta, Sá (2009, p. 48) responde: “[...] algumas vezes, as perguntas ao perito são incompletas, por desconhecimento contábil de quem as faz (por isso é que o perito precisa conhecer as ‘razões’ dela”. Nesse caso, o perito pode “complementar” sua resposta, dentro do tema. Exemplo: Quesito nº ... – O valor dos estoques foi determinado corretamente no exercício de ...? A resposta poderia ser apenas NÃO. Isto seria responder sem perguntar. Além de argumentar, pode o perito complementar: Resposta: ... Além de tal procedimento ferir a lei ... art. ... § ... fere a Norma de Contabilidade nº ... do ..... e provocou a redução do lucro apurado no mesmo exercício. Fonte: Sá (2009, p. 48). Sá (2009) explica que a parte grifada em itálico (provocou) é a complementação que ajuda o propósito da pergunta, embora não esteja contido nela. O simples NÃO na resposta ao quesito denota má qualidade do laudo. O objetivo do laudo é esclarecer e não apenas cumprir uma obrigação de resposta da qual o profissional se desincumbe com um simples NÃO. 46 Perícia Contábil A apresentação de uma resposta apenas negativa, conforme se exemplificou anteriormente, responde, mas não esclarece o motivo. É parte integrante do dever do profissional, como comportamento ético, exibir as razões de sua conclusão. Conceito de Parecer Com o advento da Lei n. 8.455/92, surgiu um novo tipo de laudo de responsabilidade do assistente técnico, comenta Ornelas (2003). Anteriormente, os assistentes técnicos costumavam oferecer seus trabalhos técnicos denominando-os, nos casos de divergência, de Laudo Pericial Contábil. Era considerado divergente ou parcialmente divergente, segundo o nível de discordâncias técnicas observadas, em conformidade com o art. 431, do CPC 14, que explica: “se houver divergência entre o perito e os assistentes técnicos, cada qual escreverá o laudo em separado, dando as razões em que se fundar”, menciona Ornelas (2003, p. 104). Este dispositivo foi revogado a partir da citada lei. Naquela época, este laudo era denominado também de Laudo Crítico. Segundo a Lei n. 8.455/92, art. 433, o perito apresentará o laudo em cartório, no prazo fixado pelo juiz, pelo menos vinte dias antes da audiência de instrução e julgamento. Já o parágrafo único, que trata dos assistentes técnicos, prevê que estes oferecerão seus pareceres no prazo comum de dez dias após a apresentação do laudo, independentemente de intimação. Atualmente, a legislação prevê que o perito, na função de assistente técnico, é responsável pela oferta de parecer pericial contábil, isto é, por meio de trabalho próprio, emite sua opinião técnica a respeito do laudo pericial contábil elaborado pelo perito judicial, que pode ser crítica ou concordante. Para Alberto (2009), parecer pericial contábil é uma espécie de laudo, no qual o profissional discorre sobre determinada matéria, fazendo-o segundo as técnicas e as abrangências periciais geradas por quem deles tenha de fazer uso para a defesa de interesses próprios, ou para elucidar algum assunto, e o classifica em: extrajudicial, judicial, e própria opinião. Para o seu maior entendimento, utilizamos a abordagem de Alberto (2009), que explica o significado de cada um dos itens: • Extrajudicial: quando a parte necessita de opinião fundamentada de um técnico sobre determinado assunto contábil, ou caso necessite dele para a realização de um negócio. 47 Parecer e Laudos Periciais Capítulo 3 • Judicial: pode ser gerado pela parte para instruir a inicial da ação a ser proposta ou para servir de razões a contestar em ações que esteja sofrendo, segundo admite o CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis. • Própria Opinião: é o parecer técnico do assistente indicado pela parte para uma perícia judicialmente determinada. Segundo Ornelas (2003), o fato do assistente técnico gerar trabalho técnico denominado de parecer pericial contábil, não o desobriga de tomar os mesmos cuidados técnicos adotados pelo perito judicial, isto é, acompanhar as pesquisas realizadas, desenvolver levantamentos específicos de seu interesse que suportem o trabalho que oferece. “O trabalhodo assistente técnico não perde as características de laudo, à medida que emite juízo técnico ou defende tese ou critério técnico divergente do laudo pericial contábil oficial” (ORNELAS, 2003 p. 104). Por este motivo, deve obedecer a algumas regras básicas assim denominadas: (a) resumo do laudo oficial; (b) comentários técnicos ao laudo pericial contábil; (c) parecer pericial contábil; (d) encerramento. a) Resumo do laudo oficial – sintetiza toda a matéria técnica tal qual consta do laudo pericial contábil gerado pelo perito judicial. b) Comentários técnicos ao laudo pericial contábil – nesta regra, o assistente técnico desenvolve toda a sua criatividade técnica, no sentido de realçar os aspectos do laudo oficial, favoráveis às razões técnicas de quem o indicou para a função. Destacará eventuais interpretações não adequadas geradas pelo perito contábil. O assistente técnico deve ter cuidado especial no uso da linguagem, não gerando elogios ou críticas de cunho pessoal. Em outras palavras, deve manter-se neutro. O uso de linguagem agressiva e ataques gratuitos, além de ferirem as normas de civilidade, geralmente denunciam a ausência de bons e consistentes argumentos técnicos e teóricos. Essa é a parte que considera todas as razões técnicas necessárias para fundamentar sua opinião técnica, seu parecer técnico. c) Parecer pericial contábil – nesta regra, o assistente técnico oferece sua opinião técnica favorável, desfavorável, ou, parcialmente favorável, a respeito do laudo pericial contábil que foi submetido a sua apreciação técnica. d) Encerramento – o encerramento do parecer é realizado nos mesmos moldes do laudo pericial contábil, comentado no tópico anterior. Poderá 48 Perícia Contábil ser feita a juntada de anexos que tenha elaborado e documentos que tenha colhido. Uma vez encerrados os trabalhos periciais, o parecer é encaminhado ao juiz responsável pelo processo objeto da perícia contábil realizada, explica Ornelas (2003). O parecer pericial contábil contém uma página de apresentação em que é identificado, a qual juiz deve ser dirigido o processo, sendo especificado o processo e as respectivas partes, e, também, que se trata de parecer pericial contábil. Sugere Ornelas (2003) que o parecer não seja entregue no dia em que é terminado. Após o término, é importante deixá-lo em repouso por uns dois dias. Depois, é recomendado fazer uma nova leitura do conteúdo do trabalho técnico, para saber se mantém sua opinião. Essa leitura é uma oportunidade de verificar eventuais erros ou equívocos, este é o momento em que o perito avalia se sua peça contábil está clara aos leitores ou usuários. Se o perito estiver seguro de tudo o que escreveu, e é aquilo mesmo que irá apresentar, então, estará apto a sustentar seu trabalho técnico em qualquer circunstância, e poderá entregá-lo. O encaminhamento do parecer pericial contábil é feito mediante a entrega da via original no protocolo central de cada ramo do Poder Judiciário, acompanhado de uma segunda via, que será protocolada e ficará em seu poder como prova do trabalho finalizado e entregue. Sugere Ornelas (2003), que esta via seja guardada juntamente com os demais documentos e provas utilizadas na execução do trabalho, para servir de guia a eventual resposta às impugnações ou pedidos de esclarecimentos feitos pelo juiz ou pelas partes. O assistente técnico tem prazo de dez dias após a entrega do laudo pericial, segundo a Lei n. 10.358/2001, para oferecer seu parecer pericial contábil sobre a peça técnica oferecida pelo judicial, conforme dispõe o parágrafo único do art. 433. Ressalta Ornelas (2003), que, segundo a Lei n. 5.584/70, parágrafo único do art. 3º, o prazo do assistente técnico é o mesmo do perito, sob pena de seu trabalho ser tirado dos autos. Na justiça do trabalho, esta prática é conjunta e 49 Parecer e Laudos Periciais Capítulo 3 harmoniosa entre perito e assistente técnico. O perito não pode entregar o laudo sem antes o assistente técnico ter preparado seu parecer pericial contábil. As reações das partes face ao conteúdo do parecer pericial contábil do assistente técnico poderão ser de concordância absoluta ou parcial, ou de discordância absoluta ou parcial. Estas reações poderão vir acompanhadas de pedido de esclarecimentos, que pode, ou não, ser aceito pelo juiz. Você sabia que: nem sempre os comentários oferecidos referem- se ao conteúdo. Muitas vezes, o objetivo do comentário é atingir a pessoa do perito, a fim de sensibilizar o Juiz para a realização de nova prova técnica, por outro profissional, geralmente quando o resultado técnico é desfavorável à parte que critica. Quando ocorre este tipo de situação, a primeira reação do perito será, na petição de esclarecimentos, requerer ao juiz que mande riscar todas as palavras ofensivas e injuriosas à honra e à dignidade do perito, nos termos do art. 15, CPC. O art. 15 dispõe que “[...] é defeso às partes e seus advogados empregar expressões injuriosas nos escritos apresentados no processo, cabendo ao juiz, de ofício ou a requerimento do ofendido, mandar riscá-las”. Feito isso, passa, então, a esclarecer os quesitos requeridos e deferidos. É importante ressaltar que, nesse caso, antes de responder aos quesitos de esclarecimentos, é necessário informar o juiz quanto à matéria nova e requerer orientação do procedimento a ser adotado. Neste curso, a UNIASSELVI disponibiliza na sua plataforma virtual de aprendizagem um conjunto de materiais que irão auxiliar nos seus estudos. Acesse com seu login e senha no site da instituição: <www.uniasselvipos.com.br>. 50 Perícia Contábil Atividades de Estudos: 1) O que é laudo pericial? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 2) Cite os requisitos mínimos de um laudo? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 3) O que é um parecer pericial contábil? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 4) Explique como se dá o encaminhamento do parecer pericial contábil. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 51 Parecer e Laudos Periciais Capítulo 3 Algumas Considerações Neste capítulo, entendemos conceitos de laudo na visão de diferentes autores. E, ainda, que não existe um modelo padrão de laudo, mas o que existe são formalidades que compõem sua estrutura. Vimos que para que o laudo seja classificado de boa qualidade, deve contemplar seis itens, assim denominados: objetividade; rigor tecnológico; concisão; argumentação; exatidão e clareza. Importante sempre atentar que o perito não deve divagar, utilizando-se de expressões do tipo “parece-me”, mas deve posicionar-se de forma concreta, pois o laudo deve estar focado na matéria, respeitando sua disciplina de conhecimentos. Para enfatizar a conceituação do parecer pericial contábil, utilizamos as ideias de Alberto (2009),o qual menciona que o parecer pericial contábil é uma espécie de laudo, classificado em: extrajudicial, judicial e própria opinião. Importante sempre lembrar que o encaminhamento do parecer pericial contábil é considerada a etapa final da perícia. Isso acontece após o encerramento dos trabalhos, quando, então, é entregue uma via original no protocolo central de cada vara do Poder Judiciário, acompanhado de uma segunda via, que será protocolada e ficará em poder do perito-assistente técnico, como prova da realização e entrega. Referências ALBERTO, Valder Luiz Palombo. Perícia contábil. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2009. NBC - Normas Brasileiras de Contabilidade. NBC TP 01 – Perícia Contábil. Disponível em: <http:// http://portalcfc.org.br/wordpress/wp-Content/ uploads/2012/12/NBC_TP_01.pdf >. Acesso em: 02 jun. 2016. ORNELAS, Martinho Maurício Gomes de. Perícia contábil. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2003. SÁ, Antonio Lopes de. Perícia contábil. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2009. 52 Perícia Contábil CAPÍTULO 4 Perícia Judicial A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: � Compreender o conceito de perícia e perito judicial. � Desenvolver os conhecimentos conceituais para utilização no campo da Perícia Judicial e saber como se tornar um perito. 54 Perícia Contábil 55 Perícia Judicial Capítulo 4 Contextualização Conhecer quando ocorreu o surgimento da perícia no Brasil é de suma importância. De acordo com Sá (2009), a perícia surgiu em um evento da classe contábil, em 1924, em decorrência do primeiro Congresso Brasileiro de Contabilidade. Na mesma ocasião, os profissionais tornaram oficial a necessidade da chamada perícia judicial, cujos trabalhos seriam atribuídos privativamente aos membros das Câmaras periciais, e que seriam fiscalizados pelos Conselhos de Contabilidade no momento de sua criação. Outro item importante, decidido no mesmo evento, foi a remuneração do trabalho do perito. Também é necessário destacar a nomeação de perito judicial por parte do juízo, que ocorre diante da necessidade do juiz de esclarecer dúvidas existentes no processo judicial. O profissional nomeado deve ter domínio da matéria a ser elucidada e ser de confiança do juiz. Conceito de Perícia Judicial A definição ou conceito de perícia ainda não está contemplada no Código de Processo Civil, apesar de estabelecer normas e procedimentos processuais, bem como as condições legais quanto à habilitação do profissional para o exercício da Perícia Judicial. Representa a perícia realizada dentro dos procedimentos processuais do poder judiciário, por determinação, requerimento ou necessidade de seus agentes ativos e se desenvolve ou se processa segundo regras legais específicas. A perícia judicial é especifica e define-se pelo texto da lei, estabelecido pelo artigo 420 do Código de Processo Civil, na parte relativa ao processo de conhecimento: “a prova pericial consiste em exame, vistoria e avaliação” (BRASIL, 1973). Ela se motiva pelo fato de o juiz depender do conhecimento técnico ou especializado de um profissional para poder decidir. Essas perícias podem ser: • Oficiais: determinadas pelo juiz, sem requerimento das partes; • Requeridas: determinadas pelo juiz, com requerimento das partes; • Necessárias: quando a lei ou a natureza do fato impõe sua realização; • Facultativas: o juiz determina se houver conveniência; • Perícias de presente: realizadas no curso do processo; 56 Perícia Contábil • Perícias do futuro: são as cautelares preparatórias da ação principal. Visam perpetuar fatos que podem desaparecer com o tempo. As perícias judiciais têm origem numa ação judicial que tramita em juízo. A perícia judicial, como o próprio nome está dizendo, tem fundamento numa ação postulada em juízo, podendo ser determinada diretamente pelo juiz dirigente do processo ou a ele requerida pelas partes em litígio. Nos processos judiciais civis, além da rotina técnica de procedimentos, existe um cerimonial inerente ao desenvolvimento regular do processo, sendo ele: indicação do perito judicial pelo juiz, indicação de assistentes técnicos pelas partes, formulação de quesitos, por meio dos quais as partes e o próprio juiz manifestam as dúvidas que desejam ver esclarecidas pela perícia, o compromisso dos peritos e os prazos. Podem ser requeridas pelas partes ou determinadas pelo próprio juiz. Na perícia judicial, os exames são, na maioria das vezes, específicos e recaem sobre fatos que já se encontram em discussão no âmbito do processo. Em qualquer dos casos, o juiz, ao determinar a perícia, nomeia o perito do juízo e as partes indicam seus assistentes técnicos (opcionalmente). Às vezes, uma das partes, ou ambas, deixa de indicar assistentes, declarando que se “louva” no perito do juízo. Ao ser nomeado, o perito deve comparecer ao cartório e consultar os autos do processo para avaliar seus honorários, o que deverá ser feito levando em consideração alguns detalhes, tais como: vulto do trabalho a ser feito, grau de dificuldade, local da diligência e despesas previstas. Calculado o total, deverá se dirigir ao juiz, por meio de petição na qual exporá, com detalhes, os honorários pretendidos, requerendo, também, o seu depósito para iniciar os trabalhos. O perito deverá acompanhar o andamento do processo e, tão logo tenha seus honorários depositados, retirará os autos do cartório por meio de carga, no livro apropriado, em poder de funcionário indicado para isso. De posse dos autos, o perito deverá imediatamente fazer um levantamento de tudo que vai necessitar para seu trabalho (livros, documentos, etc.) e dirigir- se à sede da empresa ou ao local da perícia, onde entrará em contato com o interessado e com ele deixará por escrito a relação do que deseja, marcando dia e hora de retorno. A relação por escrito deverá ser feita em duas vias. O perito trará uma delas, devidamente assinada por quem a recebeu. No dia e hora marcada, retornará para fazer a perícia. Na perícia judicial, os exames são, na maioria das vezes, específicos e recaem sobre fatos que já se encontram em discussão no âmbito do processo. 57 Perícia Judicial Capítulo 4 Há perícias de diversas modalidades, de acordo com as necessidades processuais. As principais, no entanto, são: • Nas varas cíveis: prestação de contas, avaliações patrimoniais, litígios entre sócios, indenizações, avaliações de fundos de comércio, renovatórios de locações e outras; • Nas varas criminais: fraudes e vícios contábeis, adulterações de lançamentos e registros, desfalques e alcances, apropriações indébitas e outras; • Nas varas de família: avaliação de pensões alimentícias, avaliações patrimoniais e outras; • Nas varas de órfãos e sucessões: apuração de haveres, prestação de contas de inventariantes e outras; • Na justiça do trabalho: indenizações de diversas modalidades, litígios entre empregadores e empregados de diversas espécies; • No tribunal marítimo: avarias simples e grossas, sinistros em geral; • Nas varas de falências e concordatas: perícias falimentares em geral. Você sabia que: As perícias judiciais ocorrem no âmbito da justiça e todas as tramitações são fixadas no Código de Processo Civil, constando todo o procedimento, de acordo com as normas legais. Cada espécie de processo envolvendo as partes é enquadrada em um dos vários ramos do direito, trabalho, família, falências, civis e outros. Em todos os processos pode haver a necessidade de perito-contador. Exigências para se Tornar um Perito Judicial Podemos conceituar perito judicial como o profissional habilitado e nomeado pelo juiz para emitir sua opinião sobre questões técnicas de sua especialidade. 58 Perícia Contábil Ressaltam Magalhães et al. (2008) que o profissional, para poder atuar como perito, necessita ter nível universitário, ser inscrito
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