Buscar

Revista Haze Brasil 3

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 44 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 44 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 44 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Nas vésperas da copa do mundo o Brasil está de parabéns. É, de parabéns mesmo. Em plena crise social o país já tem motivos para comemorar que nada tem a ver com o futebol: a Co-missão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) do senado federal realizou a primeira audiência pública e interativa para debater a sugestão de lei 8/2014 apresentada 
por André Kiepper sobre os diferentes usos da maconha. Se bem houve mais opiniões opostas à legali-
zação esta foi uma só das seis audiências que vão ocorrer e o relator da Comissão, o senador Cristovam 
Buarque (PDT-DF) já foi claro: ¨Não estamos debatendo se vamos a regulamentar a maconha, estamos 
debatendo como vamos fazer isso. 
 As mortes de Vitor Hugo Arcanjo e agora de Gustavo Guedes, crianças com epilepsia refratária, mostram 
como a burocracia da ANVISA dá mais valor às posturas conservadoras de certos setores da sociedade 
que à vida desses meninos. Parece que estão tentando apagar com gasolina um fogo que não vai parar 
de crescer até que a canábis seja legalizada. Por enquanto o Silvio Santos faz piadas sobre viagens ao 
Paraguai e a Pituconha ganha novo visual e é vendida na boa em Recife e Pernambuco á fora...
Enquanto não legaliza pelo menos Normaliza... 
Já no final desta edição o país foi invadido por Marchas da Maconha em várias cidades incluindo quase 
todas as capitais e foi com esse impulso que mostramos novos cultivadores Brasileiros que bem poderiam 
ser você. É com essa mesma vontade de crescer que damos nossa opinião sobre a velha rivalidade entre 
plantas sativas e plantas índicas e explicamos um pouco como é que as variedades originais do Brasil 
estão se extinguindo, além de trazer muita mais informação e conteúdo para acompanhar você em sua 
viajem.
 Vamos lá Brasil. Vamos Legalizar. Vamos Plantar!
2
EDITORIAL
https://www.paradise-seeds.com/
Diretor executivo:
Alberto Huergo
Coordenação geral Brasil:
Francisco Ribeiro
Pablo Serpa
Editor fotográfico:
Guillermo Andrés Romero
Diretor de arte: 
Maxi Muñoz
WebMaster: 
Andres Martinez
Designers:
Ezequiel Digrillo 
Akasha Haze
Manuela Franganillo
Editor:
Eduardo Obeid
Produção geral:
Adela Kein
Sol Mato
Colunistas: Fabio Cerra, Mandacaru, Alberto 
Huergo, Camarón, Francesco Ribeiro, 
Albertinho, João Saveirinho, Kaneh Bosem, 
Demeter.
Colaboração: Estefani Medeiros, Marcos 
Verdim e Cannabis Café Brasil - Boaconha 
Brasil - Jimmy, Tommy e Fórum Tricomaria 
- Smoke Buddies - Professor Fabio Geraldo 
Veloso e Comissão de Políticas sobre Drogas 
OAB Niterói - Programa Fume e Role - Daniel 
Vela - Allan e Jô (Curitiba) - Kiutiano e 
família - Luan, Alexandre e Ultra420 - Antonio 
Henrique Campello - André Barros - Kleber 
Franco - Rudi Moreno e Horta Urbana – 
Dubatak.
 
Revisores: Frederico de Miranda e Maria dos 
Solos.
Fotógrafos: Pablo Serpa, Kaneh Bosem, Eloisa 
Yanquelevich, Sol Mato, Maxdrumm, El Bosco.
 
Tradução: Antonela Tropea, Alexis Haze.
Agradecimentos:
Haze agradece a todos os novos leitores por 
estar conosco e nos encorajar neste caminho 
que começa. Também somos eternamente 
gratos aos primeiros em trazer a semente de 
canábis ao Brasil. 
HB agradece o apoio e consideração de: 
Smoke Buddies - Mary Juana Blog - Hempadão 
- Verdim e CannabisCaféBrasil - Antonio 
Henrique Campello e MLM – Cristiano Vader 
- Ganja Filmes - GanjahTeamRevolucionário 
Team - Cultura Verde Niterói - Dr. João 
Menezes - Sérgio Vidal - Dr. André Barros - Dr. 
Adriano Andrade e ACP (Advogados Contra 
o Proibicionismo) - LEAP Brasil - Marcha 
da Maconha - Adriano e Planta na Mente - 
Pinheiro Junior e todos as pessoas e coletivos 
que compartilharam carinhosamente nossa 
edição de estreia fazendo da publicação um 
sucesso. Um abraço positivo e até a próxima! 
 APRESENTA
02/ Editorial Por Camarón 
07/ Fotos dos leitores
 CULTiVA
09/ Por dentro do Indoor!
Por Fabio Cerra
13/ Eddy Grower Por Fabio Cerra
 
 FiCHA
25/ Atomical Haze
Por Kaneh Bosem 
 
 iNFORMA
33/indicas versus Sativas
Por Demeter
47/A liga da fumaça
Por Camarón
 COMiC
53/ Hero Seeds The comic serie
Episódio 1: Alien Jack Motta ¨Kaya¨
Por Diego Motta
 
 SARA 
57/ Psicomedicina
Por João Saveirinho
 ViAJA
64/ Mamanha na aleconha
Por Estefani Medeiros
 iNVESTiGA 
73/ S.O.S. Landraces Brasileiras
Por Camarón
 ATiVA 
79/ Marcha da Maconha São Paulo 
2014 Por Fabio Cerra
Revista Haze Brasil é publicada cada 45 
dias e é propriedade da Big Plant S.A. e 
seu objetivo é oferecer ao público adulto 
informação verdadeira e imparcial sobre 
a planta da espécie cannabis sativa, ou 
canábis e outras plantas medicinais. 
Os direitos ao acesso e à divulgação de 
informação são garantias fundamentais 
incluídas no artigo 5 da Constituição 
Federal, no artigo nr° 19 da Declaração 
Universal dos Direitos Humanos e nos 
artigos nr° 13.1 e 13.2 da Convenção 
Interamericana de Direitos Humanos. A 
publicação desta revista e seu conteúdo 
não representa violação de nenhuma 
lei da República Federativa do Brasil e 
está amparada pelas ADI 4274 e ADPF 
187 do STF. Haze Brasil não é responsável 
pelo conteúdo dos websites citados 
nas matérias, artigos ou publicidades 
mesmo se tratando de páginas de acesso 
livre. O conteúdo das publicidades é 
responsabilidade dos anunciantes. A 
reprodução das matérias e dos artigos não 
será permitida sem autorização escrita 
da Haze Brasil. As matérias publicadas 
não refletem necessariamente a opinião 
desta revista e sim a de seus autores. Se 
escolher consumir é sua obrigação sempre 
se informar antes pois o consumo de 
qualquer substancia pode ser perigoso. 4
4
StAFF
índICE
ANO 1 
JUNHO 2014
NúMERO3
http://www.heroseeds.com/
PrESEntA
5
http://www.dutch-passion.nl/en/
MANDE SUAS FOTOS PARA HA
zEBRASiL@REViSTAHAzE.COM
O PEqUENO JARDiM DE ANDR
é
OSCAR DO SUL
http://popipe.com.br/
Programas de Youtube em formatos para TV, eventos por todo o país, cada vez mais músicas e livros além de uma infinidade de investidas 
comerciais ou semicomerciais em torno da cultura da 
maconha indicam, quase como um termômetro, que o 
Brasil foi seriamente contagiado pelo vírus da “febre ca-
nábica”. Um efeito colateral deste fenômeno mundial é 
uma conscientização aguda dos entusiastas da erva que 
iniciam seu próprio cultivo como estratégia para fugir 
do tráfico. Este sintoma tem origem na disseminação 
do que poderíamos classificar como nossos “princípios 
cidadãos” que causam um impacto real direto no nú-
mero de indivíduos que mesmo se sabendo sujeitos à 
criminalização por plantar sua própria erva assumem 
bravamente o risco de serem ‘tipificados’ como bandi-
dos em alguma delegacia, colocando assim seu dever cí-
vico em primeiro lugar: PLANTAR O QUE CONSOMEM! Os 
sintomas são claros e o diagnóstico é simples: estamos 
vivendo um growboom! 
Cada um dentro de suas aptidões naturais busca as al-
ternativas mais adequadas ao seu próprio perfil pra se 
inserir nesta nova esfera comercial que se estabelece 
com as novas políticas de drogas que avançam pelo nos-
so continente. Nas artes, através da música, quadrinhos 
ou estampas de camisas por exemplo ou no outro extre-
mo, o mundo empresarial das lojas de equipamentos e 
fertilizantes dentro do mercado na legalidade, seja com 
um perfil mais ativista ou puramente mercantil, todos 
acabam colaborando para mais abertura no processo 
de esclarecimento fundamental para qualquer 
avanço social-econômico. 
Não sei se é uma regra totalmente váli-
da, mas para algo terminar bem parece razoável “co-
meçar bem”, na essência isso deve envolver um bom 
“projeto”. Pode ser extremamente desastroso e perigo-
so cultivar erva na modalidade Indoor * para quem não 
tem aptidões desenvolvidas em áreas como instalações 
elétricas (disjuntores, transformadores, reatores etc), 
aquisição dos materiais mais adequados e de especi-
ficação recomendada, além saber dar uma atenção es-
pecial no posicionamento e acabamento visual da sua 
“estufa de cultivo”. Negligenciar estes aspectos pode 
transformarseu sonho de uma noite de verão em um 
pesadelo na forma de “disco voador” que não decola! 
Sempre que ocorre uma carência em algum mercado, 
automaticamente surgem profissionais oferecendo ser-
viços que supram essa demanda e F. talvez seja o pri-
meiro profissional a vislumbrar nesse ramo uma boa 
aplicação de suas aptidões naturais. F. literalmente dá 
uma luz pra quem quer plantar em casa “não só maco-
nha” como ele é recorrente em afirmar: “O cultivo ca-
seiro Indoor de hortaliças e diversos alimentos tem sido 
uma ótima alternativa pra quem não tem espaço com 
sol disponível e está sujeito aos altos preços impostos 
pelo mercado dos orgânicos por exemplo e as baixas 
estações quando alguns alimentos somem das prate-
leiras. Com uma estufa simples é possível colher seus 
vegetais preferidos o ano todo. Seja por uma qualidade 
“SiStema de cultivo que Simula artificialmente atravéS de lâmpadaS ide-
aiS, timerS aSSociadoS a elaS, ao SiStema de irrigação e de diSSipação do 
calor, aS condiçõeS ideaiS encontradaS no ambiente natural externo, 
principalmente de temperatura e humidade para deSenvolvimento daS 
plantaS deSde a Semente até o ponto de corte.”
cultiva
109
de vida melhor ou também por uma questão de preço 
cultivar em casa é uma realidade iminente”. Garante.
 
NãO VAMOS TAPAR A LâMPAdA COM A PE-
NEIRA! 
Grande parte das pessoas que procuram os serviços 
de assessoria de F. está interessada mesmo é na cria-
ção de camarões da Jamaica, e ele sabe! ”Muitas vezes 
eu tenho sim ciência de que o cara está interessado em 
plantar sua erva, mas meu trabalho se encerra defi-
nitivamente com a entrega do projeto funcionando e 
quando dou algumas dicas de funcionamento. Não in-
dico nem forneço contatos para aquisição de sementes 
e explico todos os riscos que ele assume ao praticar o 
cultivo doméstico de maconha. A partir daí é com ele 
já que eu não posso fiscalizar o fim que ele vai dar para 
a estufa após instalação. Eu vejo a questão dentro da 
esfera da redução de danos uma vez que ele vai ob-
ter uma erva muito mais saudável que a oferecida pelo 
mercado negro e sem fortalecer instituições criminosas 
que não merecem investimentos. Além disso, uma boa 
instalação elétrica é fundamental pra reduzir também 
os riscos de torrar a estufa com a casa junto! Eletricida-
de e desleixo não combinam!” incendeia o “personal 
grower” que ficou famoso após expor no Pot in Rio 1 
em 2012 onde ele lançou ao mundo sua proposta pro-
fissional de criação de projetos personalizados para o 
cultivo indoor que até então tinha apenas como hobby 
e terminou como o xodó daquela edição do evento: 
um aplicativo para smartfone que dá acesso remoto 
ao ambiente possibilitando controlar toda a estufa e 
manter assim rega, temperatura e iluminação ao seu 
alcance mesmo a distância! E você pode “viajar”: a 
parada tem câmera que permite ser alertado pelo sen-
sor de movimento no caso de alguém importunar suas 
meninas! Meses depois uma edição da Hightimes apre-
sentava “com exclusividade” o mesmo dispositivo. “Na 
realidade eu já comecei nessa atividade bem antes do 
PotinRio, ali foi mais uma consequência dos tempos 
que passei ajudando a galera nos fóruns de cultivo 
como o Cannabis Café dando dicas e fazendo projetos 
pra eles, mas sempre na camaradagem. Minha expe-
riência mercantil começou mesmo foi lá!” ...a nave 
decolou bonito!
UM “BARATO” QUE SAI CARO!
Pode sair muito mais caro (geralmente sai) impulsiva-
mente comprar produtos e equipamentos sem conhe-
cer boas fontes no mercado e saber exatamente como 
cada um deve funcionar de modo independente bem 
como em situações mais extremas como por exemplo 
quando acionados em conjunto. deve-se pensar numa 
estufa de cultivo como algo onde existir uma sinergia. 
“Conheço pessoas que compram materiais para mon-
tar quatro estufas quando ao final das contas só uma 
vai funcionar, o resto todo geralmente vira entulho” 
condena F. 
OTIMIzAçãO dE ESPAçOS E CAMUFLAGEM ESTILI-
zAdA! 
 “Transformar algo fixo que sempre serviu para abrigar 
roupas e não plantas sem fazer grandes modificações 
demanda inspiração” afirma F. que sob o lema de que 
“não há espaço que não possa ser aproveitado” tem 
sempre o capricho no acabamento uma identidade 
e o requinte nos detalhes enchem os olhos de quem 
vê...”sem ver”. 
OLHO BEM ABERTO NA REdUçãO dE dANOS!
Passar bronzeador para olhar as a plantas pode pare-
cer exagero mas manter um pequeno sol cheio de raios 
nocivos aos humanos no seu armário pode acarretar 
problemas de saúde caso não sejam respeitados de-
terminados aspectos do funcionamento das lâmpadas. 
Entre as inúmeras funções da resina rica em THC se-
cretada pelas plantas fêmeas estão algumas que são 
lógicas como captar o pólen das plantas machos para 
produzir sementes ou mesmo desencorajar animais de 
grande porte, através de seu sabor amargo, a se ali-
mentar delas. Uma outra função da resina é trabalhar 
como protetor de raios UV uma vez que a maconha tem 
sua origem nas altas montanhas do Afeganistão, onde 
os níveis de radiação pelo ar rarefeito são muito altos 
logo, quanto mais radiação, mais resina! As lâmpadas 
de vapor de sódio, as famosas HPS para floração emi-
tem inúmeras radiações no campo do visível, mas tam-
bém no do invisível Algumas delas são as radiações 
chamadas” ionizantes” que energizam nossas células 
podendo causar em seu dNA mutações perigosas como 
câncer de pele. Além disso, “com o tempo, a exposição 
constante a níveis elevados de radiação ultravioleta e 
do infravermelho leva a danos irreparáveis nos olhos. 
A perda de percepção das cores, catarata, e a destrui-
ção da visão noturna são algumas das consequências 
possíveis. Nosso globo ocular capta todos os compri-
mentos de onda invisíveis nocivos (UVA, UVB, UVC e 
infravermelho) e suas plantas requerem estes compri-
mentos de onda para florescer, seus olhos certamente 
não” esclarece F. que indica uma linha de óculos pró-
prios pra quem trabalha com cultivo Indoor. 
“Algo que me incomoda no trabalho dentro de um am-
biente de cultivo é a distorção de cores, isso dificulta 
a leitura dos medidores e na identificação de defici-
ências, os óculos escuros comuns acabam acentuando 
isso ainda mais. Segundo o fabricante destes óculos 
específicos para cultivo, suas lentes filtram os princi-
pais comprimentos de ondas nocivos à nossa visão e 
ainda compensam as distorções de cores. Recomendo 
para meus clientes o que encontro de melhor pra dar 
qualidade de vida. Estar atento às informações ao nos-
so redor é sempre importante, todos nós somos alunos 
e professores de nós mesmos.” diagnostica.
Legal F. Obrigado pelo papo e pela entrevista! Agora 
maconheiro só toma choque mesmo na marcha da ma-
conha! A Haze Brasil entende que plantar sua própria 
erva consiste em uma atividade completamente bené-
fica para o seu consumidor e para a sociedade em que 
ele está inserido. Na medida em que o uso individual 
da maconha não é mais considerado crime, cultivar sua 
erva não deveria nunca, em uma sociedade esclareci-
da e justa, levar alguém para a cadeia. Nos resta crer 
e lutar firmemente em tempos melhores para todos e 
que nenhum plantador de maconha seja capturado por 
produzir seu próprio medicamento no Brasil. 
cultiva
1211
13
 
Eddy
Grower
A fruta nunc
a cai 
longe do pé!
Aquele dia começou bem cedo pra mim, afinal eu tinha uma boa distância para percorrer, até en-
contrar meu anfitrião da vez: Eddy, que reside em 
uma cidade do interior do Rio, cerca de 150 quilôme-
tros de distância de minha morada! Aquele que seria 
nosso entrevistado foi mais uma feliz indicação de um 
amigo cultivador em comum, que o recomendava tan-
to pela sua positividade e energia vital contagiante, 
quanto pela qualidade superior de suas flores — São 
doces como mel! — insistia em afirmar esse o “olheiro” 
da Haze Brasil. E ele, mais umavez, não estava nem de 
longe enganado. 
Durante uma tarde tranquila e agradável pude ava-
liar algumas das genéticas deliciosas cultivadas pelo 
Eddy, conhecer um pouco de sua história, o processo 
de construção do cultivador dessa espécie de “so-
mellier” da maconha. Atrás de um ótimo papo sobre 
suas técnicas, polícia, livros e muito mais, lá fomos 
nós. 
Os elementos contidos nesta entrevista não só reforça-
ram todos os meus conceitos sobre a falência da guer-
ra as drogas e suas políticas de repressão bélica, mas 
também me ofereceram uma excelente oportunidade 
de edificação pessoal, pela paz interior que Eddy irra-
dia para a gente. Espero que reverbere um pouco para 
cada um de vocês.
14
cultiva
Por Fabio Cerra
15
 “Prefiro o método mais simples de germinação. 
Furar um pequeno copo plástico no fundo e co-
locar até a metade um pouco de terra ‘cansada’ 
dos últimos cultivos foi o que deu melhores resul-
tados pra mim. Essa terra, obtida de vasos onde 
colhi a última safra, e por isso mesmo está com 
suas taxas de nutrientes esgotada, é ideal para 
semeadura, pois a plântula necessitará somente 
de água nas primeiras semanas de vida. Só ini-
ciarei a fertilização após este período, quando já 
será a hora de fazer o primeiro transplante pois 
as raízes já ocuparam todo o volume disponível 
no pequeno copo.”
“Embora as pessoas tenham bons resultados ger-
minando no papel toalha, a radícula assim que 
eclode libera ‘micro pelos’ que aderem na superfí-
cie irregular do papel. Assim, ao retirar a semente 
germinada do papel, você pode, dependendo do 
momento em que isso for feito, causar danos ir-
reversíveis a estrutura. O que levará a um de-
senvolvimento fraco ou mesmo a uma posterior 
“morte súbita”. Isso consta no livro do Soma, que 
foi um dos primeiros que tive oportunidade de ler 
e até hoje é um dos meus preferidos.” Afirma. 
“Sempre gostei muito de maconha” afirma Eddy, 
que completa: “A minha realidade é essa. Se eu 
faço uso medicinal ou não, não posso nem afir-
mar com certeza. Pois hoje já se fala muito do uso 
recreativo ser uma espécie de caso particular de 
uso medicinal. Que a erva me faz bem, realmente 
faz. Se não fosse assim, dificilmente eu continu-
aria fazendo uso por tanto tempo. Acho que nin-
guém recorre a uma substância com efeitos psi-
coativos se dela não obtiver benefícios, às vezes 
inconscientes. Acredito que devo boa parte da mi-
nha reconhecida paciência e tranquilidade a essa 
medicação milenar poderosa” autodiagnostica.
Sempre foi algo que me incomodava muito, ser obriga-
do pelo estado a uma ou duas vezes por mês, me arris-
car a mergulhar no mercado negro da erva. Pra dimi-
nuir essa frequência, eu costumava ir cada vez menos 
vezes e trazer uma quantidade maior, o que de certa 
maneira aumentava o meu risco de forma diretamente 
proporcional. Isso era antes de 2006 quando, a lei do 
usuário, a 11343, foi promulgada.
“Apesar de não ter nenhuma anotação policial, foram 
muitas as vezes em que ‘rodei’ nessa atividade, po-
rém sempre fiz meu ”dever de casa” e nunca deixava 
de levar um bom dinheiro a mais, do que necessário 
para comprar a maconha, para o caso de qualquer 
“acerto” com os homens da lei. Sempre foi o do trafi-
cante em um bolso e o da polícia no outro.” Condena.
Eddy se diz maconheiro desde criancinha, “porque 
sempre gostei muito de maconha acho que já disse 
isso(risos)” brinca. “Desde quando peguei minhas pri-
meiras paranguinhas, eu já catava as sementinhas 
para tentar plantar, porém nunca obtive muito êxito 
em produzir algo fumável. Somente quando lá pelos 
anos de 2000 me vi diante do computador que pes-
quisei, aliás como bom maconheiro, minha primeira 
pesquisa no google foi “como plantar maconha” e daí a 
coisa começou a andar.”
“Logo a seguir tomei meu primeiro susto. Como sempre 
plantei na modalidade outdoor, uma vez recebemos 
em nossa residência a indesejável visita da polícia, por 
conta de uma suposta denúncia. Graças a muita saga-
cidade e agilidade minha, nada foi encontrado*. Depois 
disso fiquei uns bons anos sem plantar, até morar em 
um local mais propício para o cultivo doméstico.”
*É importante lembrar que a maioria dos cultiva-
dores presos com a “mão na horta” é composta por 
“outsiders”. Dificultar ao máximo a visibilidade e o 
Plantando com Eddy!
Começando pela raiz…
Capítulo 1: Não seja preso!
cultiva
16
Os ditados populares constituem muitas vezes 
fontes confiáveis de sabedoria. Armazenada 
através dos tempos, através do empirismo, pa-
rece existir em todos os segmentos profissionais 
e das vidas das pessoas em geral. No universo 
grower não é diferente! “O segredo é o segredo” 
(máxima de um autor desconhecido) certamente 
já salvou muita gente da derrota para a polícia e 
o “menos é mais” também protege as plantinhas 
das mãos de cultivadores mais ansiosos. ”Na re-
alidade são poucos os ciclos em que necessito de 
fertilizantes químicos. Depois de anos testando 
várias formas de fertilização, orgânica, química 
ou “pegada”(combinada), eu tenho convicção de 
que se o solo for bem preparado e estabilizado, 
e você der boas borrifadas e algumas regas de 
chás orgânicos, os resultados são bem próximos 
aos resultados com químicos em relação ao 
rendimento (com alguma perda para o cultivo 
natural), mas muito mais compensador do ponto 
de vista do sabor. Dez dias antes da colheita, eu 
adiciono, por algumas vezes, um pouco de me-
laço de cana dissolvido em água para “ativar” 
mais os organismos vivos presentes no solo, para 
que possam liberar mais alimento para as raízes 
absorverem. Acredito que deixar os nutrientes 
no solo disponíveis durante todo o ciclo é menos 
trabalhoso e permite um livre desenvolvimento 
da planta, mas o ideal é que todos possam com-
parar os métodos de nutrição e praticar aquele 
que mais atende seu gosto, e seu bolso.” 
Regra #2 – Menos é mais!
A gente joga muita coisa boa fora. Na cozinha 
por exemplo, as cascas de frutas carregam con-
sigo uma infinidade de nutrientes que as plantas 
adoram. A receita do chá orgânico é muito co-
nhecida já, então vou dar outra dica: a água de 
arroz. Ao lavar o arroz, aquela primeira água de 
cor branca que sai, carrega amido e outras vita-
minas. Recolher essa água e diluir na proporção 
de 1:10 forma uma solução nutritiva bastante 
interessante e barata. Uso junto com Calcário Do-
lomítico para buscar atingir uma absorção mais 
completa de nutrientes, uma vez que cada um é 
absorvido em uma certa faixa ideal de pH.
Na cozinha com Eddy
Maconha é como manga, banana ou abacaxi! 
Tem variedades com características diferentes, de 
acordo com seu estado de maturação e conserva-
ção por exemplo. Essas características chamadas 
de características organolépticas (sabor, cheiro, 
aparência, tônus), podem nos servir para optar 
uma fruta mais verde a uma outra, semelhan-
te, só que mais madura. Tem ainda aqueles 
que prefiram as frutas “de vez”. No mundo das 
frutas, elas invariavelmente convertem seus ami-
noácidos em açúcar quando estão na fase mais 
madura do seu desenvolvimento. Assim, alguns 
preferem laranja de sabor doce mais pronun-
ciado e outro com um mais ácido. Inclusive são 
os mesmos compostos presentes nas frutas que 
conferem às variedades de maconha as deno-
minações “lemon” ,” grape” etc. Os “terpenos” 
são hidrocarbonetos, por isso combustíveis, que 
também desempenham inúmeras atividades 
fisiológicas no corpo humano, exercendo inclu-
sive um efeito sinérgico bastante estudado pelos 
cientistas atuais. 
Maconha é como fruta!acesso de pessoas, e manter as plantas em vasos que 
possibilitem qualquer movimentação de emergência 
são algumas dicas vitais. Escolher variedades de flo-
ra curta também podem diminuir os riscos de perdas 
por fatores climáticos ou denúncias! 
cultiva
1817
cultiva
2019
Na maconha, existem observações visuais que 
permitem uma ideia aproximada, de quão pró-
ximo se apresenta o momento de corte. Porém 
existe um consenso entre os plantadores, de que o 
monitoramentodos tricomas, através de micros-
cópio com 100X de capacidade de aumento, é o 
método mais eficiente para determinar o momen-
to certo de serrar a pequena árvore. 
“Os tricomas são as projeções da camada mais externa 
da planta, onde está presente a mistura de aproxima-
damente 66 canabinóides responsáveis pelos efeitos psi-
coativos da maconha. Fico de olho nos tricomas que se 
apresentam inicialmente de aparência leitosa, para logo 
após tornarem-se cristalinos. Mas eles possuem concen-
tração máxima dos efeitos que me interessam, ao torna-
rem-se dourados ou âmbar . O meu ponto ideal de corte é 
quando a “cabeça” desse tricoma dourado cai.” professa 
Eddy, que completa: “Também existem outras formas de 
determinar o ponto de corte da maconha: Os camarões 
são inflorescências, ou seja, um aglomerado de cálix, cada 
cálix é um ovário com dois pistilos, quando esses pisti-
los escurecem significa que aquela flor está madura. 
Existe um linha que preconiza o ponto de corte ideal 
como aquele em que o bud se encontra com cerca de 
50% dos pistilos escuros e 50% claros. Em compara-
ção as frutas, colher com 100% dos pistilos escurecidos 
seria como colher a fruta quando ela cai do pé. Cada 
fruta colhida em diferentes pontos de maturação tem 
um gosto mais peculiar, um aspecto especial e uma 
diferente potência. Esta observação macroscópica dos 
pistilos é muito usada pra determinar o ponto correto 
da colheita, porém existem discrepâncias nos dois re-
sultados. O importante é cada um saber como prefere 
colher baseado em seu gosto particular.”
 “Prefiro a maconha, assim como as frutas, bem madu-
ras. Normalmente, ainda deixo passar alguns dias, do 
que alguns considerariam ideal para eles. Só não faço 
isso quando os fatores climáticos colocam a saúde da 
planta em risco, pois nesta fase final, com alta umi-
dade por exemplo, o risco de mofo nos buds mais den-
sos aumenta muito. Vida de cultivador é assim: cheia 
de riscos!” alerta Eddy. 
 Eddy e seus tricomas!
cultiva
21
são só sorrisos, declara o estimulado 
Eddy.
Minhas queridinhas do pomar atual-
mente são as Bublegum e Lemom haze, 
porém tenho um feno de uma mazar, 
que é absurdamente frutado, fresco e 
doce, que impressiona a todos no pri-
meiro toque. Esse é sempre um dos clo-
nes mais requisitados pela galera nos 
nossos encontros.
O aroma das meninas pela manhã é 
muito intenso e é quando costumo co-
lher minhas plantas: junto aos primei-
ros raios de sol! É justamente quando 
as concentrações da medicina atingem 
o seu ápice. 
A fase da colheita da erva pode não se 
iniciar exatamente no afiar das facas. 
Eddy dá exemplo disso. Ele interrom-
pe o fornecimento de água para as 
plantas, dias antes do ponto ideal: 
“Essa ‘secura’ é importante, senão, 
ela ‘cristaliza’ menos”, sentencia a 
cerca de uma possível maior formação 
de tricomas por toda a planta. Neste 
momento uma pré manicure permite a 
entrada de luz nas partes mais íntimas 
da planta, além de garantir uma boa 
economia no trabalho pós-colheita. 
“Antes de colher, sempre dou 24h de 
fase escura ininterrupta nas meninas. 
A resina é fabricada na ausência de 
luz. Esta prática vem sendo utilizada 
com sucesso por vários cultivadores 
amigos meus.“
Recomendo também, que não se colo-
que a erva nos potes antes de ouvir a 
“clicada” do galho central de dentro 
dos buds. Se você se orientar somen-
te pelos galhos externos, que estão à 
mostra, como indicador de secagem, 
pode vir a iniciar o processo de cura 
ainda com muita água, mais água até 
do que perderá nos dias seguintes, 
abrindo os potes regularmente. Às ve-
zes o galho da planta está seco, porém 
DENTRO DO BUD ainda tem muita umi-
dade, assim o resultado não fica 100%. 
Garante Eddy. 
Olhando bem dentro do 
bud! 
Já tive muitas plantas boas nesses 10 anos de cultivo, 
em que meu primeiro pack de sementes gringas foi de 
skunk #1 Dutch Passion . Acho mais apropriado o cul-
tivador começar por essas variedades mais ‘clássicas’, 
antes de se aventurar em multi híbridas mais comple-
xas. Além de lhe dar uma boa bagagem através da ex-
perimentação, acumulando uma experiência de forma 
progressiva, são plantas bem resistentes aos erros que 
podem rolar em todo início de carreira, e além disso 
uma” skunk” ou “afegã” bem cultivada, nunca deixa 
ninguém na mão.
De três em três meses tenho um grupo de amigos, que 
se reúnem e trocam seus ‘cortes’ preferidos, é a “guer-
ra dos clones”. Onde as pequenas plantas prontas 
para vegetar são dispostas em uma mesa e cada um 
leva o que mais lhe agradar, no final da sessão todos 
A guerra dos clones!
22
cultiva
2423
SENSi SEEDS
FICHA
25
VARIEDADE: Atomical HAZE
GENÉTICA: HAZE x afegã
CRIADOR: PARADISE SEEDS
CULTIVADOR: KANEH BOSEM
IMPRESSÃO VISUAL 10
Quando uma planta tem um crescimento 
vigoroso com grande estrutura de ramifi-
cações em vegetativo, o tempo de flora é 
esperado com muitas expectativas. Ato-
mical Haze parece ao tempo de ser cortada 
uma deusa alaranjada. Estrutura de árvore 
de Natal, com enormes belotas nevadas. Os 
cachos de flores mudan de cores branco e 
creme para cores laranja e cenoura. O re-
sultado é enormes laranjas embebidas em 
açúcar. Meu sentimento de cultivador ao 
ter cultivado três exemplares de semente 
é que aquela afegã doce mencionada no 
cruzamento podería ser uma Sensi Star. 
Nenhum dos fenos obtidos tem tanta in-
fluência sativa como para dizer que é prin-
cipalmente uma planta sativa, em geral 
encontro um equilíbrio bastante uniforme 
entre seus parentais sativa e índica.
TRICOMAS VISÍVEIS: 9
A partir da terceira semana de flora. A 
planta começa a desenvolver suas flores e 
a resina aparece gradualmente, as folhas 
mais ligadas às flores são cobertas por um 
tapete branco, no final do seu ciclo de flo-
ração aproximado a nove semanas, pode 
ser vista em toda a sua dimensão açucara-
da. As três plantas resinaram fortemente, 
muito similares entre elas, sua curta flora 
que não excede os 63 dias, fala sobre a pa-
ridade de dominância deste belo híbrido 
de Paradise.
2625
FICHA
2727
AROMAS: 9
Desde pequenos os caules destas plantas fediam 
a terpenos bem doces. Definitivamente floral e 
doce, enquanto esta viva. Lembra o aroma floral 
da nébula, só que muito mais doce. Realmente 
não percebi em nenhum dos três indivíduos a 
dominância Haze daquela lendária sativa, como 
também não o leve cheiro ácido de afegã. A com-
binação entretanto criou esta variedade perfu-
mada que produz nas narinas uma sensação de 
cheirar (quando está bem curada para fumar) 
um doce tipo bala ou tipo chiclete, típico cheiro 
de tutti frutti.
Tutti fruti 70%
Rosas doces 25%
Peppermint 5% 
SABORES: 9, 5
O sabor desta doçura é incrível. Tem mais refi-
namentos ao fuma-la dos esperados que quan-
do é cheirada viva. O gosto a chiclete tutti frutti 
também continua a dominar no sabor, mas a este 
se adiciona o pinheiro, a menta, semelhante ao 
líquido para corrigir os dentes que os dentistas 
aplicam, e um retrogosto a thinner frutal, diria a 
morangos com creme chantilly com muita açucar. 
Não fumar durante todo o dia, porque que é um 
pouco enjoativa.
Tutti fruti 50%
Pinheiro mentolado 20%
Pasta de dentista 15%
Morangos doces com thinner 15%
28
FICHA
29 3029
POTÊNCIA: 9
A resina que se deixa ver em toda a investidura desta 
planta se torna um turbilhão de energia Atomical. 
Começa com um bom brilho no cérebro que faz ele-
var, rir e querer amar, e em isso pode se explicar que 
se chama Haze.
EFEITTO: 9.5
Para começar o dia fumando este chiclete deve-se ter 
coragem. Já que é muito forte sua elevação, e se você 
fuma todo um baseado inteiro, fica girando como 
as agulhas de um relógio quebrado. Muito boa para 
inspirar a escrita e atividades esportivas, ter sexo, ir 
trabalhar com energia. Talvez depois de todo o gene 
original Haze sim esteja presente, porque esta erva 
jamais puxa você para baixo.
 
presentA
31
EXAME FÍSICO
SUPRESSOR DE ANSIEDADE:8
SUPRESSORDA DOR: 8
PERCEPÇÃO AUDITIVA: 9
CONTROLE MOTRIZ: 7
CONTROLE VISUAL 8
AUMENTO DO BOM HUMOR: 10
AUMENTO DO APETITE: 9
AUMENTO DA LÍBIDO: 9
IMAGINAÇÃO / CRIATIVIDADE: 9
RELAX FÍSICO: 7
32
Por Demeter
34
INFORMA
33
Quando foi a última vez que você teve uma ideia interessante fumando uma índica?Exporemos aqui um olhar visionário, con-
tra a moda de plantar índicas que se instaurou 
nos anos 80 e como esta tendência tem deixado 
às sativas puras bastante fora da cena do cultivo 
e criação.
Hoje, 30 anos depois, a situação piorou: são con-
tados com os dedos de uma mão os bancos de 
sementes que vendem variedades 100% sativas. 
Mesmo que nos façam acreditar que vendem gené-
ticas “sativas”, na prática todos tem um toque de 
índica em seus genes, basicamente para fazê-las 
cultiváveis em indoors (diminuir tempos de flora, 
aumentar produção e tolerância à luz artificial). 
Frente a esta situação tentarei transmitir certas 
questões ao respeito de índicas e sativas, que com 
sorte ajudarão a reverter, embora seja um pouco, 
o panorama atual e futuro do que plantamos os 
atuais cultivadores. Para que exista originalidade 
na hora de degustar nas copas e não tanto mix da 
mesma coisa com outros nomes.
A primeira classificação taxonómica moderna do 
género Cannabis foi realizada por Carolous Lin-
naeus a meados do século XVIII, quem o consi-
derou monotípico, contendo somente a espécie 
que ele denominou Cannabis Sativa L. (L. por Lin-
naeus). Este se baseou para sua classificação no 
cânhamo cultivado na Europa para obter fibras. No 
ano 1785, outro famoso taxónomo, Jean-Baptiste 
de Lamarck, publica a descrição de uma segunda 
espécie de Cannabis a qual denominou Cannabis 
Indica Lam., baseando sua análise em espécimes 
obtidos na Índia.
Segundo Lamarck a Cannabis índica possuía me-
nos utilidade como fontes de fibras, contudo 
maiores qualidades embriagantes. Na década de 
20, botânicos russos propõem uma terceira espé-
cie, ou uma subespécie de sativa que denominam 
Ruderalis. Plantas auto-florescentes que crescem 
silvestres em grande parte da Ex União Soviética, 
de psicoatividade baixa ou nula.
Esta denominação de três espécies dentro do gé-
nero Cannabis, é a mais aceitada na atualidade 
pelos cultivadores, e foi confirmada logo depois 
pela equipe de Richard Evans Schultes na década 
de 70, quando esta classificação foi tema de deba-
te nas cortes norte-americanas já que a lei proibia 
expressamente a Cannabis Sativa e alguns pensa-
ram que plantar Cannabis Indica poderia ser legal, 
o que em parte ajudou à expansão desta espécie 
dentro dos jardins de muitos cultivadores quando 
ainda se sabia pouco sobre cultivar cannabis em 
casa.
Como começou tudo
A era moderna de auto-cultivo de cannabis tem 
a sua origem nos anos 60, com os (denominados 
pela mídia) “hippies” quem começaram plantan-
do sementes das ervas comerciais importadas de 
México (Michoacana, Oaxaqueña, Acapulco Gold), 
Colombia (Santa Marta Gold, Punto Rojo ou Pun-
ta Roja, Panamá Red), e da Tailândia, que con-
seguiam por esses dias. Dessas sementes se obti-
nham plantas sativas de longas florações e com 
efeitos claramente psicodélicos: era uma experi-
ência iluminadora, excitante, sociável e muito di-
vertida. Foram as sativas puras, as flowers que lhe 
deram o power a toda uma geração para se ati-
var, entrar em conexão com a natureza e se opor 
a um sistema falso e bélico. O cultivo caseiro de 
Cannabis foi-se expandindo ao longo das déca-
das seguintes, como também cresceu a repressão 
por parte do estado e a consequente paranoia dos 
cultivadores, que da mão da tecnologia foram 
aprendendo a cultivar escondidos, sem precisar 
do sol, nem da terra. Parece ficção científica. Caso 
Foram as sativas puras, as flowers que 
lhe deram o power a toda uma geração 
nos anos 60.
INFORMA
3635
Genótipo Indica de grande 
produção e efeitos medicinais.
contassem para um fazendeiro de princípios do 
século passado, ele dificilmente acreditaria.
Porém, cultivar indoors traz certas limitações. As 
sativas selvagens não se adaptavam facilmen-
te à luz artificial e ao espaço limitado. Esticam-
-se demais, não respondem às mudanças de foto 
período e não produzem bem. Neste momento 
é quando se introduzem variedades índicas que 
os mesmos “hippies” tinham trazido de volta de 
suas viagens pelo mundo, maiormente de luga-
res como Afganistão, Pakistão, ou Líbano, famo-
sos por suas milenárias tradições de produção de 
hashish.
Segundo o especialista Robert Connel Clarke, au-
tor de Marijuana Botany: “Ainda que as varie-
dades índicas parecessem bem adaptadas para 
o cultivo em ocidente, são nativas de uma área 
muito limitada do Oriente Médio, e consequente-
mente contém só uma pequena percentagem de 
características possivelmente favoráveis encon-
tradas no cannabis ao redor do mundo”. Com res-
peito à produção/qualidade nos diz: “uma índica 
pura costuma ter uma produção decepcionante. 
A diferença das sativas, as índicas tem menos cá-
lices nas inflorescências e folhas mais pequenas e 
largas. As folhas pesam mais do que os cálices 
e como resultado geralmente as plantas índicas 
produzem menos cálices sem semente. As índicas 
também produzem mais resina nas folhas interio-
res que as sativas, porém as sativas tem uma con-
A Ketama é uma indica pura 
que é cultivada no Marrocos.
INFORMA
3837
centração de resina em seus mais numerosos cáli-
ces. A maior robustez das índicas, junto com seu 
distinguido sabor, pequena estatura e maduração 
precoce, tem ajudado a aumentar a popularidade 
das índicas em ocidente”.
A índica não se fuma
Afirmar que a índica não se fuma, hoje em dia 
parece errado, porém foi um fato até antes dos 
anos 70, pois estas variedades de Cannabis foram 
cultivadas e selecionadas exclusivamente para a 
produção de Hashish ao longo de sua milenária 
história. Os paises originários destas raças têm cli-
mas muito secos, onde as plantas produzem muita 
resina, mas logo que colhidas as flores não podem 
ser conservadas para ser utilizadas como maco-
nha graças às condições climáticas que o tornam 
impossível. A transformação das colheitas em 
hash permitiu aos cultivadores poder armazena-
-las por grandes períodos de tempo, não só sem 
perder a qualidade, mas aumentando-a com o 
passo do tempo.
Não é até a década de 80 com o estabelecimento 
dos primeiros bancos de sementes, que a “ loucu-
ra índica” aparece em ocidente para nunca voltar 
atrás.
Inicialmente, as índicas causaram sensação entre 
os cultivadores e maconheiros. Não só eram flores 
sorprendentemente fortes e embrutecedoras, mas 
também muito sensuais e belas. Logo depois de 
alguns anos, as pessoas se esqueceram das sutis 
satisfações das antigas sativas. Esqueceram da 
sensualidade cerebral, da viagem, as atrações 
provocativas do efeito das sativas. Tudo o que se 
ouvia (e se ouve) entre os fumadores e cultivado-
res era “ Essa Afgana chapa demais, te paralisa!”, 
“ Esse Skunk te mata!”, ou “A Moby te leva ao no-
caute!”. E em um sentido é verdade, estão sendo 
paralisados, nocautedos, seus cérebros apagados 
pelas índicas. Neste sentido, o Cannabis pasou de 
algo que aclara a mente e o espírito, a algo que o 
escurece. A tendência então foi tratar de unir o 
melhor dos dois mundos em um híbrido índica/
sativa, e foi nisso que os seedbanks capricharam.
Sativas mágicas como Acapulco e Colombian Gold 
foram cruzadas com índicas Afganas para resu-
mir as melhores qualidades dos dois mundos no 
Skunk: efeito cerebral psicodélico e estrutura das 
sativas, com o cheiro impactante, belotas com-
pactas e rápida maduraçao das índicas, o que o 
converteu em um híbrido muito completo, sendo 
o modelo que definiria o Cannabis moderno e no 
que está baseada grande parte da identidade ge-
nética cannábica que se oferece comercialmente 
há décadas atrás.
Mas citando novamente o experto Clarke que nosdiz: “ No entanto, o delicado aroma e efeito ce-
rebral das sativas é continuamente coberto pelo 
aroma de gambá e o efeito físico da índica. Como 
resultado desta hibridização, muitas das melhores 
sativas se perderam para sempre em uma só tem-
porada, quando talvez hajam levado anos para 
se desenvolver”. Parece haver uma relação entre 
os tempos de floração e o perfil químico de uma 
variedade estável ou chemovar. As sativas equa-
toriais que praticamente carecem de CBD levam 
períodos que vão de um mínimo de três até seis 
meses de floração, enquanto que as índicas mais 
rápidas podem estar prontas incluso antes dos 45 
dias. Mesmo que se tenha conseguido híbridos 
notáveis como Cinderella99 que expressam qui-
miotipos sativa em períodos breves de floração, 
esta versão “fast-food” de sativa nunca alcançará 
igualar a vibração ancestral de uma landrace sel-
vagem como por exemplo as mesmas Mexicanas 
que a C99 leva oculta no fundo do seu código ge-
nético.
THC vs. CBD
A índica simplesmente não é maconha. É uma raça C99 quimiotipo sativa de 
floracão rápida. 
INFORMA
4039
diferente de Canábis, com efeitos diferentes gra-
ças a seu perfil de cannabinoides, gerealmente 
ricos em cannabidiol(CBD), com diferença das sa-
tivas em que algumas variedades puras chegam a 
níveis virtualmente nulos desta substância.
Dos 60 compostos cannabinoides que produz a 
planta, somente três têm ação sobre o sistema 
nervoso central: o tetrahidrocannabinol (THC), o 
tetrahidrocannabivarin (THCV) y el cannabidiol 
(CBD).
Da relação entre os níveis destas substâncias vai 
depender principalmente o efeito que tenha cada 
planta, além da influência de outros compostos 
como certos terpenos, responsáveis dos cheiros 
presentes na resina, que tem demonstrado ser 
psicoativos e modificam o efeito global de cada 
planta para determinar seu caráter único como 
indivíduo.
THC e CBD tem efeitos em muitos sentidos opostos.
O CBD é um ansiolítico natural, com propriedades 
antipsicóticas, enquanto que o THC (ao igual que 
o THCV), pelo contrário pode ser classificado como 
“psicomimetico”, isto é que seus efeitos podem 
imitar ou induzir temporariamente uma psicose 
além de causar ansiedade.
Em um interessante estudo, comprovou-se que 
administrando CBD anteriormente a uma injeção 
de THC, prevêem-se os possíveis efeitos psicóticos 
provocados por este último. Esta simples conclu-
são científica serve para explicar porque algumas 
sativas puras têm efeito “sem limite”, que per-
mite continuar fumando e aumentando a viagem 
tornando-se cada vez mais psicodélica, enquan-
to que as índicas chegam facilmente a um ponto 
O CBD presente em 
variedades Indicas modula 
os efeitos do THC.
INFORMA
41
https://www.facebook.com/1422GrowShop
www.jardimhidroponico.com.br
www.greenpower.net.br
www.potinrio.com
de saturação onde o único resultado 
possível é adormecer. Poderia dizer-
-se que quanto maior o nível de CBD, 
menor é o “limite” para o efeito da va-
riedade, e mais físico o efeito, o que 
faz às variedades índicas ideais para o 
uso medicinal onde se destacam com 
muitíssimo potencial no alívio da dor, 
entre outras variadas aplicações.
O CBD presente em variedades índicas 
puras ou híbridos índica-sativa, ocu-
pa (embora com menos afinidade) os 
mesmos receptores CB1 e CB2 no cére-
bro que o THC, desta maneira modula 
e em certa medida bloqueia seus efei-
tos.
Embora esta ação agobiante pode 
ser beneficiável para seus usuários 
medicinais que necessitam da ação 
terapêutica do Cannabis sem sofrer 
seus efeitos psíquicos, na prática do 
uso recreativo, ritual ou espiritual da 
planta, pode nos impedir de acessar 
esse privilégio que é a “loucura divi-
na” proporcionada por algumas sa-
tivas mágicas. É por isto que certas 
chemovars sativas cuja mística com-
binação alquímica pode levar-nos às 
portas do céu, são guardadas ciosa-
mente como tesouros tanto por autén-
ticos rastafaris africanos como por al-
guns criadores antigos que têm vivido 
a época dourada das sativas puras e 
têm reproduzido e conservado esas 
jóias para o deleite de quem se atreva 
a cultivar a mística em seus espíritos.
Tomara que na próxima primavera, 
nós os leitores da Haze, continuemos 
com esta tradição às vezes oculta e 
em processo de extinção, de cultivar, 
conservar e disfrutar das sativas. 
Sativa "Punto Rojo" de longa 
floracão e efeitos psicodélicos.
INFORMA
4443
4645
O que veio primeiro? Os quadrinhos ou o banco?
- Foram duas coisas que cresceram ao mesmo tempo, mas o que 
veio primeiro foram os quadrinhos. Tinha na minha cabeça há 
muito tempo a ideia de contar uma história onde os super-he-
róis eram verdadeiros defensores do povo e os seus interesses, 
não os guardiões do status quo que geralmente são. Um día 
perguntei a mim mesmo, o que aconteceria se os protagonis-
tas fumassem erva e não fossem tão conservadores. E aí foi que 
comecei a trabalhar.
E o seedbank?
- O banco é o resultado de ter trabalhado testando e desen-
volvolvendo plantas para outras empresas e para nós mesmos 
desde o ano 2000. Enquanto surgiam os primeiros personagens 
da história percebemos que já tínhamos uma coleção de va-
riedades próprias e já eramos capazes de vender as sementes. 
Então não houve mais tempo de trabalhar para os outros.
E como surgiu a ideia de combinar os dois conceitos?
- Foi uma coisa natural, eu cultivo plantas e conto histórias. 
O cannabis está muito presente em todos os aspectos dos quadri-
nhos. No começo havia apenas três ou quatro personagens, mas 
quiz ter tantos quanto variadedes havia no nosso catá-
logo, por isso decidi por meio da sátira e/ou crítica 
reversionar super-heróis conhecidos, dando-lhes 
uma nova missão e personalidade. 
Por Camarón
Se acham que o beque salvou vocês de muitos perigos e ameaças, espe-rem para conhecer o Diego Motta, 
responsável por HeroSeeds, quadrinhos 
cannábicos e banco de sementes que vai 
mudar a sua maneira de ver os super-
-heróis.
Imaginem fusionar em um só ser, um 
super-herói e uma variedade de canna-
bis. Imaginem que cada genética de um 
catálogo corresponde com um persona-
gem de uma aventura, onde lutar pela 
legalização e os direitos dos cultivadores 
e usuários parece ser a grande meta.
 Pronto, agora não imaginen mais por-
que Diego Motta já fez isso e imaginou 
muito além.
 Sentado à frente da tela do meu com-
putador, vejo através do Skype um jovem 
espanhol, de olhar calmo e atitude muito 
gentil, ele sabe que tenho muitas per-
guntas anotadas, mas meu entrevistado 
dá sinais imediatos de que tem muita 
paciência e de que está a fim de un bom 
papo.
A LigA dA 
FumAçA
48
INFORMA
Com tom ideológico irrepreensível Diego tenta ao longo de vários capítulos, 
nos seduzir com as aventuras de seus personagens que só por ter superpo-
deres não deixam de sofrer as mesmas dificuldades que afligem aos espa-
nhóis e cidadãos de todo o mundo a cada dia. Assim, podemos ver esses 
campeões do cultivo e da legalização defender ¨desahuciados¨ (despeja-
dos), combater skinheads e todos os tipos de criminosos e, especialmente, 
dinamitar as bases da ameaça reptiliana, a verdadeira razão da maldade 
do homem. Atravessando constantemente o fantástico mundo dos quadri-
nhos com fatos da realidade cotidiana, o autor consegue fazer o leitor se 
identificar com o que acontece lá e sonhar com um mundo melhor, onde a 
maconha é legal e não há nem nações ou religiões ou corporações ou qual-
quer coisa que divida as pessoas. Cada edição da Hero Seeds é ilustrada 
por vários artistas que se alternam o que lhe confere um apelo especial e ar 
de comic de culto aos dois capítu-
los que inclui cada revista. Artistas 
como Jordi Pérez, Rafa Sandoval ou 
Alfonso Azpiri, entre muitos outros, 
se esforçam para dar forma às cria-
turas loucas emergentes da mente 
do Sr. Motta, juntandose a experi-
ência dos mais aclamados com os 
ares da nova geração dos cuadri-
nhos ibéricos. 
 Fica agora para cadaleitor a diver-
tida tarefa de procurar no perfil de 
cada personagem, características 
da planta que lhe dá seu nome.
FalanDO DE PlantaS
Pequena, mas sedutora é a lista 
de plantas que compõem o catá-
logo do HersoSeeds. Resultado de 
12 anos de trabalho, polyhibridos 
que reversionam alguns dos clássi-
cos da canabicultura compoem um 
desfile de combinações genéticas 
que convidam ao teste.
Como está formada a coleção?
- Basicamente o que fizemos foi es-
colher as nossas plantas favoritas e 
melhorá-las. As fomos selecionando 
e cruzando por muitos anos e o que 
fizemos, foi aumentar a produção e 
a resistência aos fungos quase sem 
modificar os sabores e outras qualidades das plantas 
que deram origem às cruzas.
E como fizeram isso?
- Bom, começamos com alguns clássicos que caíram em 
nossas mãos e os cruzamos com uma planta especial 
(cruza de Northern Lights + Ortega + Afganhi S.A.+ Hash 
Plant), que tem a distinção de ter genes tipo dominante 
que transmitem estes caracteres desejados dos que já 
falamos, fazendo que todas as nossas plantas tenham 
buds grandes e saborosos, e que não tenham proble-
mas com a umidade na fase final da floração.
Pretendem acrescentar variedades autoflorescentes 
à sua coleção?
- Em princípio não. Já temos trabalhado e desenvolvido 
variedades que não nos deixaram satisfeitos e no en-
tanto, outros bancos decidiram comercializá-las. Nós 
não gostamos de trabalhar em algo que não podemos 
estabilizar em um 100%, isso é o que acontece com to-
das as chamadas automáticas. Não existindo mães é 
impossível fazer um trabalho onde se consiga prever 
os resultados com sucesso e, assim, dar segurança aos 
INFORMA
50
cultivadores. Definitivamente não gostamos e achamos 
que de alguma forma contribui para a perda de gené-
ticas mais interessantes, que perdem espaço para este 
novo tipo de plantas.
¿Que dicas você daría aos cultivadores brasileiros?
- Principalmente para quem cultiva em exterior uma 
boa é começar a planta com iluminação artificial (há 
varias opções) completando as horas de luz que a 
planta precisa para continuar no crecimento vegeta-
tivo e nao entrar em flora. Fazer isto por um ou dois 
meses fará que a planta cresça mais do que se fosse 
criada ao sol desde o começo. Para estes cultivadores 
recomendo plantas mais do tipo sativa como a Blue 
Monster Holk, que é uma planta que produz muito e 
tem níveis muito altos de THC ou a Alien Jack Motta 
que é planta de efeito mais cerebral do nosso catálo-
go, além de ser uma boa amiga do outdoor também.
¿Outras variedades de exterior para nos recomen-
dar?
- A Amazing Spider Skunk é, sem dúvida, a planta 
mais resistente que temos desenvolvido até agora, 
muito recomendada para cultivo outdoor. Outra po-
deria ser a Iron Flow porque é uma planta fácil de cul-
tivar, que não tem muitas exigências e também resiste 
muito na intempérie. É uma planta que recomenda-
mos para iniciantes.
¿algo que queiram dizer aos leitores de Haze?
- Espero que vocês gostem de nosso comic e reco-
mendo experimentar nossas variedades que com 
certeza vão ser do agrado de vocês.
Goste ou não dos quadrinhos sem dúvida os perso-
nagens de Motta, farão você se sentir identificado 
pelo menos por seu amor pela maconha e vão fa-
zer você acreditar que um mundo melhor é possível 
(nem que seja num gibi). 
Mais uma vez temos a oportunidade de conhecer um 
breeder (profissão com a que sonham muitos leitores 
da Haze), mas desta vez, também conseguimos co-
nhecer um sonhador que com suas histórias vem para 
contar como a maconha pode nos ajudar e muito. 
Esperamos que vocês gostem da primeira parte do 
episódio 1 da Hero Seeds The Comic Series: Alien Jack 
Motta ¨KAYA” e que nao duvidem em testar estas 
variedades com as quais com certeza ficarão supe-
ramigos...
INFORMA
http://www.heroseeds.com/
54
56
apelando a valores que nada têm a ver com um re-
fresco, instalando-se em algum lugar de nosso pen-
samento e criando uma necessidade; os laboratórios 
dissimulam os psicofármacos como uma solução má-
gica e inócua. As estratégias de marketing utilizam o 
mesmo lineamento. O que não fica claro é por e para 
quê. São produtos de venda sob prescrição médica. 
Um profissional da saúde deve considerar que essa 
ferramenta é útil para tratar seu paciente, indicá-la 
e dessa maneira se vende o produto. Sob nenhum 
ponto de vista um medicamento deveria contar com 
campanhas publicitárias dirigidas à população. 
 Outra perspectiva põe o foco na ideia de “medica-
mentos para o estilo de vida” (lifestyle medicines) 
fazendo referência ao processo apresentado com res-
peito a considerar os psicotrópicos como substâncias 
reguladoras do estilo de vida em vez de medicamen-
tos para curar sujeitos doentes.
Esse enfoque é fundamental para a compreensão do 
processo. A relação que se estabelece entre o con-
sumo de psicotrópicos e a qualidade de vida supõe 
o traslado da ideia de enfermidade à ideia de mal-
-estar, incomodidade, moléstia, insuficiência. Este 
traslado da enfermidade ao mal-estar leva a uma al-
teração, uma mudança de perspectiva ao substituir a 
ideia de cura pela ideia de qualidade de vida. A ideia 
de moléstia e de mal-estar se impõe no campo da 
medicina. Isso, por um lado, gera efeitos positivos ao 
promover o surgimento de novas correntes centradas 
no atendimento primário, mas, por outro lado, corre-
-se o risco de medicalizar qualquer transtorno vital 
que produza incomodidade, redefinindo-o como 
enfermidade, paradoxalmente ao mesmo tempo em 
que a patologia entra em crise frente ao avanço da 
ideia de mal-estar e qualidade de vida.
PÍLULAS PARA O ESTILO DE VIDA
Quando a natureza humana e suas necessidades fi-
cam adiadas pelas exigências de moda, a vida se tor-
na incômoda.
Não fomos criados para trabalhar 9 horas por dia. Em 
muitos casos confinados no mesmo habitat a jorna-
da inteira, com a possibilidade de sair para fumar 
um cigarro para melhorar nossa permanência no lu-
gar. Cinco dias trabalhando, dois de descanso. 350 
dias de trabalho, 14 de férias. A cultura desmedida 
de consumo e a voracidade do sistema econômico 
fizeram com que a sociedade adotasse esse tipo de 
INVE
NÇÃO
 DE D
OENÇ
AS
Por João Sav
eirinho
Estamos frente a um processo de redefinição da saúde humana que vem sendo levado a dian-te a partir dos interesses criados pela indústria 
farmacêutica. O que se encontra na origem dessa 
proposta é a construção social da normalidade; em 
outras palavras, o que é “o normal” e o que é “o pa-
tológico”. Como construção histórica, as ideias de 
normalidade, doença e não doença foram variando. 
Quem são os que se constituem como atores desse 
processo? Para nos aproximarmos de uma resposta, 
devemos analisar o papel desenvolvido pelos labora-
tórios, pela indústria farmacêutica e pelos profissio-
nais da medicina. Observar como as falsas necessida-
des são criadas, como o marketing exerce sua ação, 
como os conceitos de normalidade e de anormalida-
de vão mudando e como a saúde humana constante-
mente é redefinida ao “mudar” ininterrompidamente 
os parâmetros de diagnóstico (um exemplo disso são 
os flutuantes índices do normal e do patológico no 
colesterol e na hipertensão).
Os psicofármacos são consumidos por sujeitos não 
doentes, porém, desconfortáveis, insuficientes. Ao 
não existir doença e sim mal-estar, o que se busca 
não é a cura, senão o bem-estar. Partindo desse en-
foque, tudo aquilo que produz incomodidade e nos 
distancia do bem-estar é redefinido como anormal 
ou patológico, mesmo que essa incomodidade seja 
uma resposta tradicionalmente entendida como 
“normal” frente a um processo ou estímulo. Nesse 
contexto, a pílula responde a um “círculo perfeito” 
entre um sujeito impaciente com seu mal-estar e um 
sistema sanitário que não tem tempo para oferecer.
A mídia permite o autodiagnóstico por intermédio da 
publicidade, da TV e da internet. O resultado desses 
relatos é o surgimento de um “paciente autodidata” 
que – através de uma rede de informação informal 
construídaa partir de diversas fontes (jornais, re-
vistas, televisão, Internet, conhecidos) – elabora seu 
autodiagnóstico e seu tratamento. A visita ao médico 
então se produz em um âmbito de “luta de saberes” 
no qual o paciente espera do médico uma legitima-
ção de seu autodiagnóstico e da pílula que busca. A 
banalização da medicação se completa com um ma-
rketing dos laboratórios que, em muitos casos, cum-
pre com os mesmos parâmetros de sedução ao cliente 
que o de qualquer produto de consumo massivo, sem 
levar em consideração a especificidade de um pro-
duto médico. Do mesmo modo como a ¨Coca-louca¨ 
nos vende sua bebida de cor escura e sabor incerto 
mediante campanhas que enganam o inconsciente, 
SARA
5857
condutas como normais. O estilo de vida atual não 
atende questões fundamentais inerentes à natureza 
humana: respeitar as horas de descanso, alimentar-
-se de maneira consciente, fazer exercícios físicos, 
explorar a sexualidade. Referimo-nos a necessidades 
básicas, próprias do corpo físico. Elas são tão ele-
mentares que é incompreensível o distanciamento da 
raça humana de sua fonte.
Talvez se o ser humano viesse com uma etiqueta – 
como uma camiseta de algodão – com instruções 
precisas para seu cuidado, cuidar-nos seria mais 
simples.
Se consideramos essa forma de nos comportar dia 
a dia como natural, qualquer alarme que o corpo 
ou a mente dispare é interpretado como uma falha, 
um defeito. Aprendemos muito bem a silenciar es-
ses alarmes indo a um centro de saúde em busca de 
ajuda.
Hipotecamos a natureza humana para afiliar-nos a 
um sistema voraz. Um sistema de exigências crescen-
tes e desproporcionadas. A chegada da era do “su-
jeito proativo” requer explicitamente características 
individuais irreais. A época da cooperação é uma foto 
em branco e preto. As exigências sociais de perfor-
mance e de crescimento pessoal desgastam as bases 
da personalidade. Não existe distinção entre mães 
de primeira viagem, estudantes, profissionais ou de-
sempregados. Todos devem cumprir com determina-
dos requisitos básicos para serem valiosos. As carac-
terísticas requeridas deixam completamente de lado 
as necessidades de nosso veículo. Falamos do corpo 
físico. Nossa mente, com sua moeda desvalorizada, 
paga um preço muito alto para manter esse sistema 
em funcionamento: pressão, medo, incerteza, “não 
estar à altura”, permanente sensação de insuficiên-
cia, tristeza, solidão. A lista é interminável.
ção tem um plano para nós que é garantir a sobrevi-
vência. Frente a ameaças modernas que pouco põem 
em risco nossa estada na terra, o corpo dispara uma 
série de respostas hormonais que confundem o cére-
bro primitivo. Ele interpreta que a sobrevivência está 
em xeque e ativa um conjunto de ações que tentarão 
afastar o indivíduo dessa situação potencialmente 
lesiva.
Se colocarmos a mão muito perto do fogo, a retira-
remos rapidamente de maneira involuntária. Isso é 
conhecido como um reflexo medular. Nesse tipo de 
reflexos a consciência não participa, quer dizer, exis-
te um circuito automático que ativa uma resposta 
efetiva contra a ameaça antes que possamos pen-
sar se estamos por queimar um braço ou se estamos 
brincando de passá-lo pertinho de um queimador de 
fogão.
A resposta hormonal é a mesma, tanto se somos per-
seguidos por um leão na selva como se passamos por 
uma situação de grande tensão. Pode ser uma dis-
cussão no trabalho, um engarrafamento ou um exa-
me. Diante dessas circunstâncias, nosso corpo come-
çará a falar, tentando nos proteger. 
Então, um belo dia, a natureza envia um sinal: co-
meçamos a ter dificuldade para dormir ou sentimos 
medo em diferentes momentos, e como não percebe-
mos o que está acontecendo pois é mais importante 
seguir andando rápido, de repente acabamos caindo 
no choro, um choro tão forte que faz com que experi-
mentemos um momento muito escuro, de morte. 
Ao sentir o dano, o corpo utiliza sintomas e sinais 
para que nós modifiquemos nosso comportamento. 
Se continuarmos fazendo as mesmas coisas enquan-
to distraímos a mente com psicofármacos, o corpo 
inevitavelmente ficará doente e teremos aliviado so-
mente o que entendemos como sintomas, aqueles si-
nais de nosso corpo físico que conta com a sabedoria 
ancestral da evolução. Há mais de 8000 anos que a 
raça humana vem fazendo réplicas exatas e perfeitas 
de si mesma.
FARMACOLOGICAMENTE CORRETOS
DE QUE ESTAMOS FALANDO QUANDO 
NOS REFERIMOS A PSICOFÁRMACOS?
O SILÊNCIO PSÍQUICO
Frente ao avanço da ideia de qualidade de vida e 
bem-estar, a patologia perde terreno no campo da 
medicina. Ao mesmo tempo, começam a ser “me-
dicalizáveis” uma série de mal-estares que afligem 
o sujeito em sua vida cotidiana. Sentir-se nervoso 
perante uma entrevista de trabalho, ter decaimento 
ante uma perda afetiva ou sentir cansaço depois de 
longas jornadas de trabalho são situações que mere-
cem ser medicadas?
As crescentes pressões no âmbito do trabalho apre-
sentaram um desafio à medicina. Como na Segunda 
Guerra Mundial, a Alemanha disponibiliza a seus sol-
dados uma novidade; uma pílula que aliviava uma 
quantidade variada de afecções, a “psicomedicina” 
provê uma nova “aspirina” à população capaz de 
aliviar a incomodidade gerada pelo estilo de vida 
que desejam sustentar. 
Novas entidades clínicas substituem as velhas do-
enças. Surgem conglomerados de sinais e sintomas 
próprios de uma forma de vida antinatural que são 
agrupados e tratados por profissionais do ramo ou 
por alguma tia cheia de pílulas que frente à insônia 
de um próximo não vacila em recomendar uma me-
tade de uma das redondinhas para dormir melhor.
Estamos silenciando psiquicamente o ser humano. 
Imaginemos com um animal. Pode ser qualquer um. 
Várias circunstâncias inerentes a sua forma de vida o 
incomodam bastante. Ao longo do tempo, esse ani-
mal tem duas possibilidades: continuar nesse quadro 
de mal-estar, deprimir-se e morrer ou modificar sua 
situação e seguir adiante. A evolução nos ensina que 
a natureza escolhe o segundo caminho. Agora, ima-
ginemos como outro animal, desta vez: um humano. 
A mesma situação, incomodidade e desprazer em sua 
vida, prolongados no tempo. O humano moderno 
conta com uma terceira opção: pode silenciar psi-
quicamente sua incomodidade e não modificar esses 
hábitos que lhe produzem dano. 
Quando um bebê nasce, ele conta com uma série de 
reflexos que garantem sua sobrevivência. Um deles 
é o reflexo de sucção. Um recém-nascido não sabe 
que tem duas mãos, mas sabe alimentar-se. A evolu-
TRATA-SE DE FÁRMACOS QUE ATUAM FUNDAMENTAL-
MENTE SObRE AS FUNçõES NERVOSAS DO CéREbRO, 
MODIFICANDO DE MANEIRA MAIS OU MENOS TRANSI-
TóRIA O ESTADO PSÍQUICO E O COMPORTAMENTO DO 
SUjEITO. OS EFEITOS TERAPÊUTICOS SãO UTILIzADOS 
PARA TRATAR AFECçõES TAIS COMO A ANSIEDADE, 
INSôNIA OU DEPRESSãO.
OS bENzODIAzEPÍNICOS SãO UM GRUPO DE PSICO-
FÁRMACOS CUjO MECANISMO DE AçãO é MEDIADO 
PELO AUMENTO NA FREQUÊNCIA DE AbERTURA DE 
CANAIS DE CLORO NOS NEURôNIOS. DESSA FORMA, 
OCORRE UMA hIPERPOLARIzAçãO DAS CéLULAS CE-
REbRAIS QUE ACAbAM TORNANDO MAIS LENTA A 
CONDUTÂNCIA NERVOSA. 
Esses fármacos têm nome e sobrenome: Alprazolam 
(nome comercial: Apraz, Frontal, Tranquinal), Clo-
nazepam (Rivotril), Diazepam (Valium), Lorazepam 
(Lorax, Lorium, Mesmerin), Flunitrazepam (Rohyp-
nol), Bromazepam (Lexotam, Brozepax, Deptran, 
Nervium, Novazepam, Somalium, Sulpam).
Os BZD são muito úteis para o tratamento agudo, de 
2 a 4 semanas de duração, de certas afecções psíqui-
cas. Apesar de não estarem indicados para períodos 
superiores a 6 meses, os BZD são consumidos em 
terapias indefinidas durante períodos amplamente 
maiores. Com essa frequência de uso, a lista de efei-
tos adversos é realmente preocupante.
O uso prolongado acomete significativamente a me-
mória e a aquisição de novos conhecimentos, provo-
cando alterações cognitivas. Os BZD geram tolerân-
cia, provocando o aumento gradativo da dose para 
obter o mesmo efeito. Ao tentar descontinuar seu 
uso, os usuários habituais podem sofrer a síndrome 
de abstinência,visto que esses fármacos desenvol-
vem dependência física.
São fármacos cujo metabolismo hepático acontece 
em um, dois e três passos. Isso significa que o cor-
po tem muito trabalho para eliminá-los. Além disso, 
eles circulam de forma ativa no sangue por mais de 
24 horas. É por esse motivo que a descrição feita na 
SARA
6059
fragmentação do indivíduo. Especialistas e su-
perespecialistas trabalhando sobre um órgão ou 
sistema isolado.
é FUNDAMENTAL MUDAR O MODO DE PENSAR, 
VIVER E SENTIR PARA ENTãO MUDAR O ESTILO 
DE VIDA. ENQUANTO ISSO NãO FOR POSSÍVEL, 
é DE VITAL IMPORTÂNCIA ENCONTRAR UMA FER-
RAMENTA MENOS POTENTE PARA SUbSTITUIR O 
ALÍVIO QUE OS PSICOFÁRMACOS PRODUzEM.
FARMACOLOGICAMENTE
INCORRETOS
A medicina ocidental é articulada pelos cor-
deis da indústria farmacêutica. Curiosamente, 
fármacos potentes de relativa eficácia e com 
muitos efeitos adversos são prescritos de olhos 
fechados. Outros, enquanto suas formulações 
sintéticas são autorizadas, seu extrato natural 
é proibido. Esse é o chamativo caso de Sativex, 
fármaco elaborado a base de TCH e CBD (prin-
cípios ativos da cannabis) e comercializado le-
galmente em forma de spray. Não obstante isso, 
a planta - cuja cultura e colheita poderiam ser 
feitas de maneira natural - é proibida.
A sugestão de substituir um psicotrópico natu-
ral por um equivalente químico é uma falta de 
respeito. A falsa ideia de que os produtos sinté-
ticos supõem uma melhoria no cuidado da saúde 
e o inconsciente coletivo repleto de argumentos 
arquitetados levam a pensar que prescrever 
cannabis seja considerado um insulto.
CANNAbIS:
Indicada para o alívio da insônia
Os cannabinoides são obtidos da re-
sina encontrada nas folhas e flores 
da planta. Eles surgem como uma 
ferramenta natural com escassos efei-
tos adversos. O CBD (canabidiol) é um 
cannabinoide com propriedades sedati-
vas e analgésicas. As variedades INDICAS de 
maconha possuem uma porcentagem maior de 
CBD comparadas com as Sativas.
Não só estamos falando de um fármaco de ori-
gem vegetal, mas também de um que não possui 
os efeitos tóxicos mencionados para os benzo-
diazepínicos.
A concentração estável e prolongada que a in-
gesta de maconha oferece é útil para a insônia de 
manutenção, pois permite diminuir o número de 
despertares noturnos. Por sua vez, a via inala-
tória alcança um pico plasmático elevado (altas 
concentrações sanguíneas) e produz uma suave 
porém repentina sedação, sendo útil para favo-
recer a conciliação sono.
A administração em forma de óleo (extrato com 
alta concentração do princípio ativo) 3 a 4 horas 
antes da hora de dormir, combinada com medi-
das gerais para favorecer a conciliação do sono 
(medidas higiênico-dietéticas), é uma alternati-
va natural para aliviar a insônia. O efeito da can-
nabis poderia ser potencializada administrando 
uma dose de carga via inalatória 45 minutos an-
tes de se deitar para dormir.
CONCLUSãO
É claro que nenhuma ferramenta farmacológica 
poderá remediar o dano que uma forma de vida 
inconsciente e dissociada causa ao organismo. 
Também é verdade que mudar o paradigma no 
qual uma sociedade se estabelece leva tempo, 
além de um esforço conjunto. Até então, a ta-
refa dos médicos é prescrever fármacos de baixa 
toxicidade que favoreçam a mudança de com-
portamentos não saudáveis. A cannabis pode 
ser utilizada como uma ferramenta de primeira 
escolha para a insônia de conciliação e de ma-
nutenção.
Deixar de comprar verdades absolutas estabe-
lecidas por interesses que não têm nada a ver 
conosco é elementar. Escutar o corpo em que 
moramos abrirá as portas para uma nova era.
manhã posterior ao consumo é a do efeito ressaca 
(hangover), semelhante ao efeito de uma grande 
bebedeira.
APESAR DE SEREM FÁRMACOS COM ELEVADA MAR-
GEM TERAPÊUTICA, COMbINADOS COM OUTROS 
DEPRESSORES DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL 
COMO O ÁLCOOL, O RISCO DE PARADA CARDIOR-
RESPIRATóRIA é MUITO ELEVADO.
ALTERAçãO DO SONO:
Os benzodiazepínicos prolongam as fases I e II do 
sono NÃO REM (NREM) e diminuem a duração das 
fases III e IV, BLOQUEANDO O SONO PROFUNDO. A 
fase IV do sono de ondas lentas é importantíssima 
devido ao fato que é nesta fase do sono que se li-
bera o hormônio do crescimento, o qual garante 
a imunidade celular e a reparação dos tecidos. É 
também nesta fase quando os núcleos da vigília 
descansam. Eles têm uma função importante na 
área cognitiva (reflexão, concentração, memória, 
atenção e intelecto). 
NAS FASES DE SONO PROFUNDO é ONDE O DESCAN-
SO REALMENTE ACONTECE. ESTE TIPO DE FÁRMACO 
é INDICADO PARA ALIVIAR A INSôNIA, PORéM, ELE 
REALMENTE DETERIORA DE MANEIRA SIGNIFICATI-
VA A QUALIDADE DO SONO E SUAS FUNçõES SObRE 
O ORGANISMO.
PRObLEMA MAIS GRAVE
Ao fazer referência ao consumo de psicofármacos, 
um reconhecido médico especialista em toxicolo-
gia exemplificava a questão contando o caso da 
sua própria mãe, usuária vitalícia de clonazepam, 
quem enfrentava o mesmo problema todas as noi-
tes: ela não lembrava se tinha tomado a pílula para 
dormir. 
Sua mãe morava sozinha, não tinha ninguém em 
casa que pudesse alertá-la sobre o fato de ter to-
mado ou não a pílula. Nesse contexto, a dúvida fa-
zia com que ela fosse buscar uma pílula ‒ ou talvez 
outra pílula ‒ para dormir na caixa de primeiros 
socorros.
O problema não colocava sua vida imediatamente 
em risco; no entanto, prolongava e intensificava 
desnecessariamente os efeitos da droga. A mulher 
pagava juros muito altos por causa do perigoso 
esquecimento. Aumentava o risco de quedas e 
acidentes domésticos. Seu corpo devia metabo-
lizar quantidades desnecessárias de um fármaco 
muito potente, e isso sim implicava um perigo 
para seu organismo no médio prazo.
A sorte dela é ter filho o filho que tem. Ao ver a 
saia justa pela qual a mãe estava passando, aquele 
doutor pensou numa estratégia e lhe disse: “as-
sim que tomar a pílula, a senhora vai colocar esta 
pulseira no pulso. Cada vez que tiver dúvida, é só 
olhar para seu pulso e decidir com sabedoria. Pode 
olhar todas as vezes que quiser. Ao acordar, a se-
nhora tira a pulseira.” Fim da questão.
Além de compartilhar uma ideia muito boa para 
regular a dosagem de fármacos em caso de pesso-
as com problemas de memória, este simpático re-
lato tenta colocar em evidência uma situação não 
menor em sua gravidade.
É necessário estabelecer um controle estrito, regu-
lado e rigoroso sobre o consumo de psicofárma-
cos por parte de idosos. A eficácia de seu corpo 
para metabolizar e eliminar as drogas é menor. Por 
outro lado, o efeito das drogas em pessoas idosas 
se potencializa ainda mais, além de ser mais 
prolongado, do que em indivíduos mais jo-
vens. O aumento desnecessário da dose é 
um problema realmente grave.
‒ Vó, como é que a senhora tem 6 cai-
xas de “sonolex” no banheiro?
‒ É que andei fazendo uns exames 
médicos. Vi o cardiologista, o an-
giologista, o gastrenterologista, o 
neurologista, minha ginecologista e 
um traumatologista. E comentei a to-
dos eles que estava com um pouco de 
dificuldade para dormir. 
A medicina ocidental é embasada na 
SARA
6261
VIAJA
63
 
Mão pro alto! 
Os dezesseis estados da Alemanha têm regras bem diferen-
tes para apreensão. Se você estiver passeando pelo Portão 
de Brandenburgo, em Berlim, com mais de nove gramas, 
vai tomar um bom sermão do policial, perder o bagulho e 
receber uma carta malcriada do governo. Se você é pego 
pela segunda vez, paga uma taxa fiança entre 200 e 600 
euros. Para você ser preso por um ano, precisa estar com 
mais de 75 gramas de haxixe ou 78 de maconha. 
Por Estefani Medeiros
PErEgrino do ativisMo canábico, stEffEn gEyEr trabalha há quatorzE dos 
sEus 34 anos a favor da Educação E da lEgalização da Maconha na alEMa-
nha. rEsPonsávEl Por organizar a hanf ParadE, a Marcha dE bErliM, é o rE-
PrEsEntantE do hanf MusEuM, a sEdE do MoviMEnto dE lEgalização alEMão, E 
ainda usa sua forMação EM dirEito Para aconsElhar usuários coM ProblE-
Mas na Polícia. dividido EntrE a Paixão PEla naturEza E uM MalabarisMo daburocracia criada coM lEis E PoliticagEns, gEyEr é uMa Porta-voz intEirado 
sobrE tudo o quE tEM rolado coM a Erva na EuroPa. do Pé ao PriMEiro PEga.
com seus marcantes dreads vermelhos e vestido de cânhamo da cabeça aos pés --ele diz não comprar mais roupas de cotton (algodão) --, o ativista recebeu a haze em seu qg em berlim para um papo sobre 
cultivo que passou por uma comparação com a situação na américa latina e uma reflexão sobre o formato 
de venda adotado em amsterdã. 
geyer conta que o número de alemães plantando em seus jardins e apartamentos começou a aumentar nos 
últimos quinze anos, mas um evento que todos nós conhecemos criou um boom de cultivadores há pouco 
tempo: a copa do Mundo de 2006. “os traficantes descobriram que precisariam produzir em larga escala 
para ganhar dinheiro dos fãs de futebol. antes disso, a maconha era limpa e verde, com algumas misturas, 
mas verde. desde 2006, muitos venenos e substâncias são colocados para aumentar o lucro. com isso, 
cresceu o número de cultivadores que buscam qualidade e querem continuar saudáveis. naquela época, a 
maconha consumida na alemanha vinha principalmente da holanda. Mas agora 75% da maconha fumada 
em berlim é criada em berlim. é mais barato ter equipamentos e acessórios para plantar.” 
64
VIAJA
6665
assim como as punições para usuários, as penas 
para quem cultiva na alemanha variam de estado 
para estado. “não tem como plantar regularmen-
te na alemanha. Mas em berlim é mais razoável, se 
você tiver menos de dois metros quadrados, ou 15 
plantas, eles consideram que isso é uso pessoal. Mas 
na baviera (estado no sul da alemanha), seu mate-
rial será apreendido se tiver qualquer equipamento 
considerado profissional, porque (para eles) você 
vai vender. se você usar uma luz artificial você já 
é considerado um profissional (risos). Mas em ber-
lim eles são mais realistas, eles têm muito trabalho 
e não podem ficar atrás de cada pequeno cultiva-
dor. E não existe paciente com permissão de cultivo, 
três pacientes atualmente estão na justiça contra o 
escritório que cuida de permissões medicinais, mas 
eles precisam de pelo menos três anos só para co-
meçar o processo e tentar uma conversa. Eles são 
presos como qualquer um.”
Entre as ervas mais plantadas pelos alemães, não 
existem variedades ou cruzamentos específicos. “há 
três anos existem alguns bons bancos de sementes 
espanhóis que trouxeram variedade, mas na práti-
ca as favoritas aqui são da dinafem, dutch Passion 
ou Paradise seeds, que são as clássicas, da holan-
da. conhecemos esses caras há 20, 40 anos, eles são 
praticamente parte da alemanha.” 
apesar de estar inteirado no assunto, geyer prefe-
re ficar fora do cultivo. “se a polícia vem na minha 
casa e acha algo, seria um grande assunto para a 
mídia dizendo que eu só quero meu próprio benefí-
cio. Eu não preciso ser uma árvore para salvar uma 
floresta, então porque eu preciso plantar para re-
presentar quem planta? Eu fumo, eu gosto da plan-
ta, eu sei muito sobre a planta. E tudo o que eu sei 
sobre ela me deixa mais fascinado com a canábis, a 
maconha e suas possibilidades. ninguém nunca me 
julgou menos ativista por não plantar.”
 
Görlitzer Park e o projeto do pri-
meiro coffeeshop de Berlim
se você está em berlim e quer fumar um baseado, a 
primeira opção é o görlitzer Park, que fica na região 
do Kreuzberg, antigo lado oriental da cidade. ali, 
você é abordado por todos os tipos de traficantes 
enquanto desce as escadas do metrô, oferecendo 
pacotinhos de cinco gramas por 50 euros. a partir 
das 14h, os vendedores chegam no local e dividem 
tranquilamente o espaço com crianças e famílias de 
bicicleta, passeios de idosos e jovens aproveitando 
o fim de tarde. Em 2013, surgiu a especulação de que 
nasceria ali o primeiro coffeeshop de berlim, projeto 
da subprefeita Monika herrmann. acompanhando 
os projetos dos partidos de perto, steffen diz que 
esse tipo de manipulação midiática acontece com 
frequência, mas não traz resultado. 
“Na América do Sul, são muitas corrupções menores 
e 
na Alemanha são poucas corrupções em larga escala
”
VIAJA
VIAJA
6867
“foi um truque para conseguir mais votos. Eles cria-
ram esse projeto de lei para atrair atenção e depois 
não tiveram como se livrar disso. nós temos um 
governo que nem fala sobre o assunto. Então não 
teremos coffeshops no Kreuzberg enquanto o go-
verno não conseguir conversar. você pode imaginar 
que eles abririam dois ou três coffeshops no parque, 
mas existem pelo menos três milhões de usuários 
em berlim. se eles tentassem ir pelo menos uma ou 
duas vezes para ver se o preço vale o produto, não 
iria funcionar”, comenta geyer. 
“Em 98, teve um grande movimento de legalização 
durante a eleição, pensamos: ‘os sociais democra-
tas e os liberais querem, dessa vez vai rolar’. Eles 
fizeram pôsteres pró-legalização e depois de usar os 
votos da eleição, eles nem tocam no tema. as pesso-
as tentam fazer política uma vez em quarenta anos, 
mas uma vez eleitos, não ligam. Eles não querem 
que essa situação mude porque é fácil manipular 
ovelhas. Existe só uma diferença entre a corrupção 
da américa latina e da Europa, aqui é mais caro. na 
américa do sul, são muitas corrupções menores e na 
alemanha são poucas corrupções em larga escala”, 
opina. “Mas tá tudo bem, porque eles são velhos 
e eles vão morrer e vai surgir uma nova geração, 
mais liberal. a pressão está acontecendo de todos 
os lados, e isso deve resolver o problema em cinco 
ou sete anos”, complementa entre risos. 
“Queremos trazer a erva de volta ao mundo 
que ela já estava a centenas de anos atrás”
VIAJA
69 70
“Se você consegue fazer crescer 
sua planta, faça algo pela 
legalização”
o ativista acredita que a solução está na educação e 
politização dos usuários. “nosso trabalho é educar as 
pessoas sobre o que é maconha. se você perguntar 
aos alemães o que é canábis, eles responderão: dro-
ga. Então focamos nas propriedades naturais e me-
dicinais da canábis para mostrar para as pessoas, es-
pecialmente aos mais jovens, o poder da planta. não 
queremos só a legalização de produtos da canábis, 
mas da maconha como um todo, queremos trazê-la 
de volta ao mundo que ela já estava a centenas de 
anos atrás”. 
com um time que realiza pesquisas diárias e acom-
panha estudos científicos sobre a planta, steffen diz 
que o principal desafio é fazer as pessoas que conso-
mem entenderem o que está acontecendo antes de 
ter um problema em escala pessoal. “geralmente se 
a polícia te causou algum problema, agora você co-
meça a ser um ‘legalizer’. Mas isso é errado, quando 
a polícia te pega você tem outros problemas além da 
legalização. Eu gostaria que as pessoas entendessem 
que você precisa se engajar no movimento mesmo 
se você ainda não teve um problema. se você tem 
um traficante ou se você consegue fazer crescer sua 
planta, faça algo.” 
Barcelona é a nova Amsterdã 
quando se pensa em amsterdã, o que vem à cabeça 
são as imagens dos saborosos coffeeshops e as infi-
nitas possibilidades das empresas de sementes. Mas 
ultimamente as coisas não andam tão otimistas. ste-
ffen conta que “as coisas não estão sendo resolvidas 
em amsterdã. Está muito pior do que nos últimos 10 
ou 20 anos, com muitas pressões de países próximos, 
como a própria alemanha, que pediu para o governo 
evitar a venda para turistas. os políticos estão ten-
tando fechar os coffeeshops que já estão abertos”.
Para ele, a solução está no sul do velho continente, 
no tempo agradável dos espanhóis. “agora pare-
ce que a Espanha é a nova amsterdã. Eles têm esse 
formato de canábis social clubes em barcelona, sob 
responsabilidade dos donos de clubes, por exemplo. 
Mais e mais alemães desgostam do formato holan-
dês de resolver e procuram possibilidades. Existe 
uma comunidade amigável na república tcheca e 
na áustria. os holandeses têm que lutar e eles es-
tão lutando. Existe esse grande movimento do 4e20 
smoke out, é uma demonstração, você tem pessoas 
políticas e de festa juntas. não é legalizado

Continue navegando