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apostila 1 estado e politica social

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Prévia do material em texto

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
1 
 
 
 
 
Serviço Social 
Estado e Política Social 
 
 
 
 
 
Aula 1 
 
 
Profa. Neiva Silvana Hack 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
2 
Conversa Inicial 
Caro aluno, seja bem-vindo! Vamos iniciar nossos estudos procurando 
conceituar o Estado – o que é?; seu histórico; limites etc. Buscaremos 
compreender as características importantes desse conceito, principalmente no 
que fundamenta sua relação com as políticas sociais. 
Nossos objetivos nesta aula são: compreender o significado teórico e 
político do conceito Estado; ampliar o conhecimento das diferentes teorias 
explicativas do Estado; reconhecer e refletir sobre o papel do Estado na 
sociedade; avaliar as distinções dos modelos de Estado na história e na 
contemporaneidade; evidenciar os desafios do Estado frente a um contexto de 
globalização. 
Para isso, seguiremos uma rota de aprendizagem que contará com 
explicações, vídeos, indicações de leitura e atividades de fixação. Tudo isso para 
construirmos junto um conhecimento que é fundamental para a formação 
profissional na área do Serviço Social. 
Para a videoaula do Conversa Inicial, ver o material on-line. 
Contextualizando 
Para iniciarmos esta aula, lançamos a seguinte pergunta: o que é o 
Estado? 
Essa pergunta pode se desdobrar em várias outras, como: quando iniciou 
o Estado? Estado é sinônimo de governo? Estado é a mesma coisa que poder 
público? Qual o poder e os limites do Estado? 
No Brasil, precisamos distinguir o Estado com letra maiúscula, dos 
estados, com letra minúscula, que representam as unidades federativas, tais 
como Acre, Goiás, Bahia, Rio de Janeiro e Paraná. 
A ação profissional do Assistente Social está diretamente ligada às 
relações da sociedade, da população e mesmo de seu campo de trabalho com 
o Estado. Portanto, cabe ao Assistente Social saber responder às questões 
elencadas anteriormente. 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
3 
Você já sabe algumas dessas respostas? 
Não se preocupe em responder tudo ou ter certezas neste momento. A 
aula de hoje nos conduzirá a construir e aprofundar nosso conhecimento e 
permitirá a elaboração destas e de muitas outras respostas. 
Para a videoaula do Contextualizando, ver o material on-line. 
Pesquise 
O que é Estado? 
Já ouvimos muito falar no Estado em diferentes contextos, não é mesmo? 
Cabe-nos agora questionar: afinal, o que é o Estado? 
A pergunta é simples. Porém a resposta nem tanto! 
O conceito de Estado é bastante complexo e já foi estudado e 
desenvolvido por diferentes autores. Antes de adotarmos um conceito que 
responda a essa questão, vale a pena compreender diferentes aspectos 
constitutivos do Estado. 
O Estado possui característica de organização da sociedade. Pode-se 
dizer que a existência do Estado é uma resposta à necessidade da própria 
sociedade. Adota-se aqui a compreensão de que os homens são seres sociais, 
portanto, precisam viver em sociedade e aspiram ao bem comum. Logo 
demandam uma estrutura que promova a vivência em sociedade de forma 
organizada, para que se estabeleça o bem de todos. Contudo, a demanda por 
tal estrutura não está somente ligada a uma característica altruísta e comunitária, 
mas envolve também a proteção ao indivíduo e mesmo às suas propriedades. 
Podemos criar um exemplo para ajudar na compreensão: 
 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
4 
Em um condomínio residencial, cada pessoa é responsável por sua casa 
e tem liberdade diante de sua propriedade particular. Contudo, esta residência 
está situada dentro do mesmo espaço com várias outras. E alguns ambientes 
são comuns: a portaria, os corredores, as áreas de lazer. Surgem situações que 
precisam ser resolvidas e acordadas entre todos: horários e locais em que se 
deve respeitar o silêncio, a possibilidade ou não de se ter animais de estimação, 
a manutenção e a higiene dos ambientes comuns. Observamos, neste exemplo, 
que para se desfrutar com conforto e segurança da casa, que é de interesse e 
propriedade individual, é indispensável a relação com o coletivo e acordos em 
vistas do bem comum. Assim, são estabelecidas estruturas como eleição de um 
síndico, realização periódica de reuniões, regimento interno, dentre outras. Da 
mesma forma acontece na sociedade. O bem-estar de cada um está ligado às 
mais diferentes relações no espaço coletivo e à necessidade de promoção do 
bem-estar de todos. 
Assim podemos dizer que: 
“O Estado é uma sociedade, pois se constitui 
essencialmente de um grupo de indivíduos unidos e 
organizados permanentemente para realizar um objetivo 
comum” (AZAMBUJA, 1984, p.2). 
De forma semelhante, Queiroz (2013) aponta que a organização do 
Estado é uma opção humana diante de duas alternativas de relações sociais: a 
competição e a cooperação. E, assim, se escolhe a cooperação como via que 
permite maiores benefícios para o conjunto dos envolvidos. Sendo assim: 
“É possível que o Estado, que entendemos como o conjunto de 
instituições que controlam e administram uma nação, tenha surgido 
como o instrumento por meio do qual os homens exercitariam a força 
da cooperação entre eles e, assim, conseguiriam enfrentar com 
melhores resultados as adversidades do meio ambiente” (QUEIROZ, 
2013, p.27). 
 
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5 
A história da humanidade vai apresentando as diferentes formas pelas 
quais o homem percebeu a necessidade de organizar-se, tendo em vista o bem 
coletivo, o bem comum ou, como também é chamado, o bem público. Trata-se 
de uma intenção e necessidade natural, que se consolida pela vontade e atitude 
humana. Essa atitude é diferente em cada grupo de pessoas e ao longo da 
história, resultando em distintos modelos de Estado. Contudo, embora existam 
distinções, há também similaridades que permitiram a realização de análises e 
estudos sobre o Estado, ao longo do tempo. 
Ao se analisar os diferentes tipos de Estado, é possível identificar 
características semelhantes a todos. Vamos tratar daquelas que mais se 
destacam: 
 Território: todo Estado se estabelece dentro de um limite territorial 
definido. Esse território estará demarcado por fronteiras com outros 
Estados. 
 População: é o conjunto de pessoas que compõe um Estado e está sob 
seus limites de atuação. 
Governo e Governados 
A organização do Estado compreende a existência de lideranças que 
assumem a responsabilidade pela promoção do bem comum e tem seu poder 
legitimado para isso: os governantes. Aos demais, cabe a participação enquanto 
governados. As formas de exercício de poder pelos governantes e de 
participação dos governados são distintas de acordo com os diferentes modelos 
de Estado. Por exemplo: nos Estados autoritários, o poder é centralizado; nos 
Estados democráticos, o poder é compartilhado. 
Demo – cracia: do grego “demos” = povo e “kratos” = poder 
Logo: democracia = poder do povo. 
 
 
 
 
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6 
Normas/ Legislação 
O exercício do poder dos governantes e todas as ações do Estado são 
mediadas pela legislação que o regula. Nos Estados modernos, é comum a 
organização a partir das Constituições, que são a Lei máxima vigente no território 
e para a população de um Estado. 
Você conhece a Constituição Federal brasileira? 
Acesse o link a seguir e conheça a Carta Magna da República Federativa do 
Brasil, aprovada em 1988: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm 
(ver o material on-line) 
Diante dos elementosaté aqui estudados, é possível consolidar um 
conceito de Estado. Adotamos a definição de Darcy Azambuja (1984, p.06): 
“Estado é a organização político-jurídica de uma sociedade para realizar o bem 
público, com governo próprio e território determinado”. 
Curiosidades: 
Como se escreve? Estado ou estado? Acesse o link a seguir. 
http://brasilescola.uol.com.br/gramatica/estado-ou-estadotracos-que-os-
demarcam.htm 
(ver o material on-line) 
 
Para a videoaula deste tema, ver o material on-line. 
 
 
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7 
Teorias sobre o Estado 
O estudo sobre o Estado é desenvolvido sob diferentes perspectivas. 
Vamos conhecer os aspectos principais das contribuições científicas e filosóficas 
no estudo do Estado ao longo da história. 
Segundo Bobbio (1987), as duas principais fontes para o estudo do 
Estado são a história das instituições políticas e a história das doutrinas políticas. 
Ao analisar a história das instituições, passa-se pela interpretação do Estado e 
do Governo segundo importantes pensadores clássicos, tais como Aristóteles, 
Políbio, Hobbes e Rousseau. 
A história das instituições desenvolveu-se em conjunto com a história das 
legislações (doutrinas). As leis regulam ao longo da história, a relação entre 
governos e governados. 
Atualmente, o Estado é estudado não somente em sua história ou 
doutrinas, mas em suas estruturas, funções, elementos constitutivos, 
mecanismos, órgãos e outros (BOBBIO, 1987). Nessa compreensão, tem-se o 
Estado como um sistema complexo, composto por diferentes fatores e atores. A 
principal disciplina, nesse contexto, é conhecida como Teoria Geral do Estado, 
que compreende tanto análises históricas quanto dos aspectos legais 
constitutivos do Estado (MALUF, 2003). 
A Teoria Geral do Estado possui forte componente de análise política do 
Estado e pode ser caracterizada em triplo aspecto, como vemos no quadro a 
seguir, formulado a partir da conceituação de Sahid Maluf (2003, p.12): 
Teoria social do Estado: quando analisa a gênese e o desenvolvimento do 
fenômeno estatal, em função dos fatores históricos, sociais e econômicos. 
Teoria política do Estado: quando justifica as finalidades do governo em razão 
dos diversos sistemas de cultura. 
Teoria jurídica do Estado: quando estuda a estrutura, a personificação e o 
ordenamento legal do estado. 
MALUF (2003). Adaptado. 
 
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8 
Outra forma de classificação dos estudos sobre o Estado está nas 
abordagens distintas e complementares entre “filosofia política” e “ciência 
política”. Essas disciplinas possuem como foco de estudo os aspectos elencados 
no quadro a seguir (BOBBIO, 1987): 
Filosofia Política Ciência Política 
 estudo da melhor forma de 
governo ou da ótima república; 
 aplicação do princípio da 
verificação ou de falsificação 
como critério da aceitabilidade 
dos seus resultados; 
 estudo do fundamento do 
Estado, ou do poder público, 
com a consequente justificação 
da obrigação política; 
 uso de técnicas da razão que 
permitam dar uma explicação 
causal em sentido forte ou 
mesmo em sentido fraco do 
fenômeno investigado; 
 estudo da essência da 
categoria do político ou da 
politicidade. 
 estudo a partir da abstenção ou 
abstinência de juízo de valor 
(avaloratividade). 
BOBBIO, 1987. Adaptado. 
Partindo de um olhar histórico, pode-se definir que tanto a filosofia como 
a ciência são complementares no estudo da política e do Estado. 
No pensamento moderno sobre o Estado, ainda se destacam dois pontos 
de vista, o jurídico e o sociológico. Segundo Bobbio (1987), essa distinção foi 
proposta por Georg Jellinek e adotada também por Max Webber – um dos 
precursores da área da sociologia. Sob essa óptica, distinguem-se os estudos 
voltados aos marcos regulatórios do Estado, daqueles que visam compreender 
suas relações e seu papel enquanto instituição social. 
No campo da sociologia, as duas teorias que se destacam no estudo do 
Estado são o funcionalismo e o marxismo. Saiba mais sobre o assunto e 
acesse o link a seguir. 
 
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9 
http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAdJsAF/estado-poder-politica-segundo-
os-pensamentos-hobbes-locke-rousseau-norberto-bobbio 
(ver no material on-line) 
Vimos, até aqui, importantes teorias de estudo do Estado, ao longo da 
história e no pensamento moderno. Considerando essas bases teóricas, 
seguiremos construindo o nosso estudo sobre esse importante conceito! 
Sugestão de leitura: 
Dois clássicos da literatura, no campo da política, são indicados para 
aprofundar esse conteúdo: 
 “O Príncipe”, de Nicolau Maquiavel. 
 “Leviatã”, de Thomas Hobbes. 
Para a videoaula deste tema, ver o material on-line. 
Papéis do Estado 
Para aprofundar o conhecimento sobre o Estado, é importante 
compreender os principais aspectos que delimitam suas funções. 
Como ponto de partida para essa discussão, indicamos a leitura do artigo: 
“Política pública e a norma política”, de Cristiane Derani, disponível no link a 
seguir: 
https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=2&ved=0ahUKEwjRqP
eXsZjMAhWEUJAKHZG8D3gQFggkMAE&url=http%3A%2F%2Fojs.c3sl.ufpr.br%2Fojs%2Finde
x.php%2Fdireito%2Farticle%2Fdownload%2F38314%2F23372&usg=AFQjCNGycjCW45ny629
OgI2wdLyc-H_dSQ&sig2=7o_jUUFgUu1Qcdaibviunw&bvm=bv.119745492,d.Y2I 
(ver material on-line) 
Em primeiro lugar, devemos destacar que o Estado é constituído e tem 
como principal função promover e zelar pelo bem comum. 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
10 
Conforme observado no artigo, ao longo da trajetória histórica de 
consolidação do Estado moderno, observa-se o conflito entre a proteção da 
liberdade e individualidade e a proteção ao bem-estar coletivo. 
Diferentes expressões de modelos e organização do Estado, têm-se 
destacado cronologicamente: os antigos Estados orientais; o Estado helênico; o 
Estado romano; o Estado da Idade Média; o Estado moderno e o Estado 
contemporâneo (OLIVEIRA, 2006). 
O período de consolidação do Estado moderno está marcado entre os 
séculos XV e XVIII, reconhecidos como Idade Moderna. E o Estado 
contemporâneo estabelece-se a partir do século XIX. Esses dois períodos 
apontam características fundamentais para a compreensão das relações de 
Estado atualmente observadas e vivenciadas. 
No início do Estado moderno, num período de queda do feudalismo e 
ascensão da burguesia, o papel do Estado estava mais voltado à proteção da 
liberdade individual, o que desdobrava em proteção das relações de mercado da 
classe burguesa. Inicialmente, esse papel era cumprido por Estados 
absolutistas, sob o modelo de monarquias. Posteriormente, tais modelos são 
substituídos pelos Estados liberais, fortalecendo ainda mais as proteções aos 
interesses da burguesia. 
Contudo, as liberdades almejadas e defendidas pela burguesia, ainda que 
protegidas pelo Estado, não foram capazes de promover o bem comum. Diante 
disso, novas exigências são impostas ao Estado, de forma que proteja não 
apenas o indivíduo, mas a sociedade como um todo. O Estado é solicitado a agir 
na proteção de sua população até mesmo frente às desigualdades resultantes 
do uso da liberdade burguesa. Trata-se de um papel de proteção social. 
A partir desse momento, iniciam características do que se chama de 
Estado Social, numa resposta do Estado às demandas de uma nova sociedade 
que se estabelecia à medida que evoluía o capitalismo. Logo, novos conflitos de 
forças vão se estabelecendo, de modo a exigir que as legislaçõesque regulam 
o Estado ultrapassem os interesses de pequenos grupos. 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
11 
Ponto importante aqui é reconhecer que o modo capitalista de produção 
implica em relações e condições de sobrevivência desiguais entre os donos dos 
meios de produção e aqueles que têm sua força de trabalho explorada. Tal 
panorama repercute em novas necessidades da população de um Estado, e 
novas exigências para a promoção do bem público. 
As mudanças na sociedade impactam sobre os papéis do Estado para 
cada momento histórico. 
No período pós-segunda guerra mundial, os Estados europeus 
acumularam ainda a necessidade de proteger e promover sua população na 
intenção de reconstruir suas nações. Destaca-se, nesse período, o chamado 
Welfare State ou Estado de Bem-Estar Social. 
A partir da segunda metade do século XX, tem-se discutido a crise do 
Estado, ao se perceber sua ineficiência em cumprir com suas responsabilidades 
e mesmo em atender continuamente as demandas que foram incorporadas no 
modelo do Estado de Bem-Estar Social (QUEIROZ, 2013). Essa crise é discutida 
nos âmbitos políticos e científicos e interpretada sob diferentes ópticas. Surgem 
propostas de redução do papel do Estado, retomando ao perfil do período liberal, 
bem como persiste a defesa de um Estado responsável e que intervém nas 
relações econômicas e sociais, para assegurar proteção a todos. 
O exercício de seu papel, exige que o Estado disponha de poder e 
autoridade. Contudo, estes são conceitos distintos: “Autoridade é o direito de 
mandar e dirigir, de ser ouvido e obedecido. O poder é a força por meio da qual 
se obriga alguém a obedecer” (AZAMBUJA, 1984, p.05). 
O exercício da autoridade pelo Estado pode ser centralizado – como 
ocorreu no período monárquico – ou descentralizado – como ocorrem nas 
democracias. Com a evolução das democracias, é cada vez mais presente a 
participação da sociedade civil na formulação de políticas públicas que visam o 
bem comum, assim como no controle de sua implementação e funcionamento. 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
12 
No modelo democrático, fica marcada a responsabilidade da população 
com a participação política, frente ao cumprimento ou não do papel do Estado 
mediado pelos seus governantes. 
Para a videoaula deste tema, ver o material on-line. 
Estado de Bem-Estar Social X Estado Mínimo 
Ao longo da história, o Estado teve variações dentre suas competências 
e o papel assumido diante da sociedade. No Estado moderno, destacaram-se os 
modelos: absolutista, liberal, de bem-estar social e, mais recentemente, o estado 
neoliberal. 
Destacaremos, neste momento, dois modelos distintos: o “Estado de 
Bem-Estar Social” e o “Estado Mínimo”, propostos na lógica do neoliberalismo. 
Pode-se dizer que a organização das políticas públicas da atualidade conta com 
interferências significativas dessas duas formas de concepção sobre a 
intervenção estatal. 
O Estado de Bem-Estar Social, originalmente conhecido como Welfare 
State, teve sua origem no período pós-segunda guerra mundial. Trata-se de um 
modelo de proteção do Estado para o seu povo. 
A definição de welfare state pode ser compreendida como um conjunto 
de serviços e benefícios sociais de alcance universal promovidos pelo 
Estado com a finalidade de garantir uma certa “harmonia” entre o 
avanço das forças de mercado e uma relativa estabilidade social, 
suprindo a sociedade de benefícios sociais que significam segurança 
aos indivíduos para manterem um mínimo de base material e níveis de 
padrão de vida, que possam enfrentar os efeitos deletérios de uma 
estrutura de produção capitalista desenvolvida e excludente. (GOMES, 
2006) 
A organização do Estado no modelo Welfare State contou com grande 
influência das propostas de John Maynard Keynes. A teoria keynesiana foi 
desenvolvida na década de 1930, período de grande crise do capitalismo. 
Keynes questionava a proposta liberal de não intervenção estatal na economia 
e defendia a ideia de que o Estado deveria investir em setores estratégicos da 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
13 
economia de forma a aquecer mercados e promover a geração de empregos e, 
em caráter ideal, o pleno emprego. 
O Estado Mínimo é uma proposta de caráter neoliberal. O neoliberalismo 
busca resgatar e atualizar a concepção do Estado Liberal, em que é reduzida a 
intervenção estatal sobre a economia, assegurando o livre comércio e a 
produção de bens e serviços pela iniciativa privada. 
Uma das principais características do Estado Mínimo é reduzir a estrutura 
e as competências do Estado aos itens entendidos como estritamente 
necessários, tais como a manutenção da paz, a segurança pública e as relações 
internacionais. No mais, se propõe a adoção de medidas de transferência de 
responsabilidades para o âmbito privado, que ocorre com a privatização e 
indústrias estatais e mesmo com a transferência dos serviços públicos, como 
educação e saúde, para a iniciativa privada. Nesse sentido, são reforçados 
setores privados da economia para a oferta de serviços básicos e estimuladas 
iniciativas voluntárias da sociedade civil para agir frente a demandas de caráter 
social. 
Para conhecer mais sobre o keynesianismo e o neoliberalismo, sugerimos 
a leitura do artigo: “Para além do neoliberalismo: a saga do capitalismo 
contemporâneo”, de Paul Singer, disponível no link a seguir. 
http://docplayer.com.br/11926584-Para-alem-do-neoliberalismo-a-saga-
do-capitalismo-contemporaneo.html 
(ver no material on-line) 
A lógica do Bem-Estar Social, fundamentada inicialmente na política do 
pleno emprego, na Europa, influencia a consolidação de diversos direitos sociais 
nas sociedades contemporâneas, bem como a estruturação das políticas 
públicas de caráter social. A inviabilidade do pleno emprego que se apresentou 
para os países em desenvolvimento e mesmo para os países europeus, nas 
últimas décadas, incide na necessidade de reorganizar as estruturas públicas, 
principalmente aquelas relacionadas com a proteção ao trabalhador. 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
14 
Atualmente, encontra-se uma dicotomia entre a luta e conquista da 
expansão de direitos sociais e a necessidade de reformas na estrutura estatal. 
Estabelece-se, assim, um conflito em que se tencionam forças que pretendem a 
manutenção (ou mesmo conquista) do Estado de Bem-Estar Social e as que 
defendem o Estado Mínimo como caminho possível para uma economia 
saudável e decorrente garantia do bem público. 
Esse conflito evidenciou-se no Brasil ao fim da década de 1980 e na 
década de 1990. Nesse período, ao mesmo tempo em que é aprovada a 
Constituição Federal de 1988, conhecida como Constituição Cidadã, por 
assegurar distinta proteção social aos cidadãos pelo Estado, inicia-se um 
governo de lógica neoliberal, com a eleição de Fernando Collor de Mello, em 
1989. Este foi o momento de maior dicotomia entre tendências de modelo de 
Estado e de Governo, cujas dualidades são presentes até o momento 
sociopolítico atual. 
Leitura complementar: 
O debate sobre o Estado mínimo implica também em conhecer o papel da 
sociedade civil dentro desse modelo, bem como dentro de um modelo 
democrático e participativo. Essa questão é discutida no texto: “Sociedade civil, 
participação e cidadania: de que estamos falando?”, de Evelina Dagnino, 
disponível no link a seguir: 
http://biblioteca.clacso.edu.ar/Venezuela/faces-ucv/20120723055520/Dagnino.pdf 
(ver o material on-line) 
Para a videoaula deste tema, ver o material on-line. 
 
 
 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico15 
Estado de Bem-Estar Social X Globalização 
O Estado de Bem-Estar Social prevê a proteção da população com um 
conjunto de serviços e políticas sociais. Nesse modelo, o Estado assume a 
responsabilidade primeira por promover a qualidade de vida de seu povo. Para 
isso são consolidadas estruturas burocráticas e de serviços, que permitam 
assegurar à população: saúde, educação, proteção no trabalho, previdência 
social aos aposentados ou incapacitados para o trabalho, proteção à 
maternidade e à infância, dentre outros. 
Contudo, assegurar tais proteções exige do Estado condições 
econômicas, financeiras e de gestão, que nem sempre se encontram as mais 
favoráveis. A economia interna de um país repercute na sua capacidade de 
proteção social. Porém, esse quadro é agravado à medida que as economias 
nacionais se encontram dependentes de relações internacionais. Esse 
fenômeno é acentuado no contexto da globalização. 
A globalização representa “o fenômeno da disseminação de processos 
globais que extrapolam os limites das fronteiras nacionais e influenciam as 
culturas, as economias, as liberdades e até as organizações políticas dos países, 
em escala mundial” (MALUF, 2003, p.39). 
Na medida em que as relações internacionais são acirradas, há uma 
perda de soberania pelos Estados e governos, impactando na sua capacidade 
de sustentar benefícios sociais à sua população. 
Para melhor proveito do conteúdo, leia ao texto “O Futuro do Welfare State 
na Nova Ordem Mundial”, de Gosta Esping-Andersen”, disponível no link a 
seguir: 
http://www.scielo.br/pdf/ln/n35/a04n35.pdf 
(ver no material on-line) 
Como vimos no texto, a manutenção de políticas sociais de proteção, no 
modelo do Estado de Bem-Estar social, encontra-se diante de importantes 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
16 
desafios, próprios desta época da história e do contexto de forte integração 
internacional. 
Dentre os elementos que desafiam as novas estruturas políticas sociais, 
temos os seguintes: 
 mudanças na estrutura familiar; 
 mudanças na estrutura ocupacional; 
 mudança no ciclo de vida; 
 novas condições econômicas: crescimento lento e desindustrialização; 
 tendências demográficas: especialmente envelhecimento populacional. 
(ESPING-ANDERSEN, 1995) 
Assim, percebe-se que na contemporaneidade não existem respostas 
objetivas aos desafios que se impõe de implementação ou manutenção de 
estruturas de proteção social no modelo Welfare State, diante de um conjunto de 
fatores econômicos e políticos adversos. Novas formas de organização 
internacional exigem novas estruturas nacionais e impactam nos governos e sua 
forma de atuação na sociedade. 
Para a videoaula deste tema, ver o material on-line. 
 
Trocando ideias 
Vimos, ao longo da aula, que diferentes modelos de governo são 
propostos para que o Estado cumpra com seu papel de promover o bem comum. 
Alguns modelos defendem um Estado mais intervencionista, como ocorre no 
caso do Estado de Bem-Estar Social. Outros já propõem a redução da 
intervenção do Estado na economia e principalmente a redução de sua 
participação na produção de bens e serviços. 
Considerando a atual conjuntura nacional e mundial, qual a sua opinião 
sobre o papel do Estado frente à sociedade, à economia e à produção de bens 
e serviços? 
 Aponte e justifique sua opinião. Participe no Fórum! 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
17 
 
Na Prática 
Agora que conhecemos mais sobre os conceitos e modelos de Estado e 
governo, vamos fazer uma apreciação sobre as características do Estado 
brasileiro. Para isso, siga as instruções e realize seu exercício: 
01. Retome o conteúdo como um todo. Mas principalmente o tema 04 desta 
aula. 
02. Analisando o perfil do Estado brasileiro – em sua história e na atualidade –, 
identifique as características mais relacionadas com o Estado de Bem-Estar 
Social e outras mais relacionadas com o Estado Mínimo. 
03. Destaque pelo menos duas de cada uma dessas características para cada 
modelo, preenchendo o quadro a seguir: 
 
 Característica 01 Característica 02 Característica 03 
Características 
que se 
assemelham com 
o Estado de 
Bem-Estar Social 
Ex.: Direito 
universal à 
saúde. 
 
Características 
que se 
assemelham com 
o Estado Mínimo 
Ex.: Privatização 
de empresas 
estatais como a 
Vale do Rio 
Doce. 
 
 
 
 
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04. Considerações sobre os resultados: estarão adequados todos os resultados 
sobre o modelo de Estado brasileiro quando apontarem características de 
dever do Estado em proteger seu povo e assegurar direitos sociais 
relacionadas ao Estado de Bem-Estar Social, bem como quando apontarem 
estratégias de redução da participação do Estado na economia, na produção 
de bens e na oferta de serviços públicos relacionadas ao Estado Mínimo. 
Síntese 
Estamos finalizando esta aula, hoje estudamos a temática do Estado. Nos 
aproximamos da discussão conceitual sobre este tema e descobrimos tratar-se 
de um conceito complexo e que vem sendo estudado por diferentes disciplinas 
e com diferentes abordagens teóricas ao longo da história. Também percebemos 
que, embora o Estado tenha sempre o mesmo objetivo de promoção do bem 
público, são diferentes as estratégias de sua organização e os modelos de 
governo para atingir este fim. Ainda conhecemos os modelos do Estado de Bem-
Estar Social e Estado Mínimo, que possuem forte influência na organização 
política atual e global. 
A nossa problematização inicial envolveu as diversas perguntas que nos 
foram colocadas quando começamos uma discussão sobre o Estado. 
Certamente, finalizamos esta aula com maior segurança para responder a tais 
questões. 
Concluímos esta aula com conhecimentos que embasarão nossa 
discussão sobre as relações do Estado e da Política Social, que são a temática 
fundamental desta disciplina. 
Para as considerações finais da professora Neiva, assista ao vídeo que 
está disponível no material on-line. 
 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
19 
Referências 
AZAMBUJA, Darcy. Teoria Geral do Estado. Porto Alegre: Globo, 1984. 
BOBBIO, Norberto. Estado, Governo e Sociedade: por uma teoria geral e 
política. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. 
GOMES, F. G. Conflito Social e Welfare State: Estado e desenvolvimento social 
no Brasil. Revista de Administração Pública. Rio de Janeiro, mar./ abr. 2006. 
v. 40, n.2, p.201-234. 
MALUF, Sahid. Teoria Geral do Estado. São Paulo: Saraiva, 2003 
QUEIROZ, Roosevelt Brasil. Formação e Gestão de Políticas Públicas. 
Curitiba: Intersaberes, 2013. 
ESPING-ANDERSEN, Gosta. O Futuro do Welfare State na Nova Ordem 
Mundial. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ln/n35/a04n35.pdf>. Acesso 
em: 18 abr. 2016.

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