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HISTÓRICO DO USO DAS PLANTAS Profa Odara Boscolo Depto. de Botânica PLANTAS MEDICINAIS Uso de espécies vegetais para tratamento e cura de doenças e sintomas remonta o início da civilização e chegou até os dias atuais sendo amplamente utilizada com recurso terapêutico eficaz As plantas → fonte inesgotável de substâncias potencialmente ativas como medicamentos Informações sobre o uso das plantas medicinais e suas virtudes terapêuticas → acumuladas durante séculos e se encontra disponível atualmente Durante muito anos a pesquisa com plantas medicinais foi subestimada no meio científico!!!!!!!! 80% da população mundial faz o uso de algum tipo de vegetal (OMS) → 30% por indicação médica As plantas medicinais ainda representa o único recurso terapêutico de muitas comunidades e grupos étnicos Resultados promissores dependem → maior inter-relação entre os diversos profissionais e disciplinas, a continuidade de estudos de forma isolada perpetuará a falta de resultados, impedindo conseqüentemente o desenvolvimento de novos medicamentos INTERDISCIPLINARIDADE COMO O HOMEM COMEÇOU A PERCEBER QUE DETERMINADAS ESPÉCIES SERIAM ÚTEIS COM MEDICAMENTO? Observação constante e sistemática dos fenômenos e características da natureza e conseqüente experimentações empíricas Tentativa e erro, ainda muito comum e útil em pesquisas de diversas áreas do conhecimento científico → forte ligação entre o conhecimento popular e o cientifico - Fábula de Mullah - Tiarubina A, antibiótico dos chipanzés - Os alquimistas buscavam, preservando o caráter mágico, mítico e ritualístico, a cura de doenças do corpo, buscando os produtos de origem natural; - Magia, feitiçaria e alquimia → importância como gênese da ciência moderna e enorme contribuição, pois seus procedimentos de estudo e observação da natureza trouxeram para muitas áreas de conhecimento científico; - A arte dos benzedores, curandeiros e xamãs, herdada dos magos e feiticeiras de outrora, pode ser vista hoje,em teste, nos laboratórios científicos; Duas teorias tentam explicar a origem dessas descobertas: SIGNATURA RERUM (teoria das assinaturas)→ Paracelso “ tudo que a natureza cria, recebe a imagem da virtude que ela pretende esconder ali. Uma leitura mais atenta dos sinais das plantas através de sua morfologia externa ou de suas partes – cheiro cor, disposição dos órgãos e tecidos, habitat e outros – revelaria a atividade terapêutica que ela possui.” Feijão para problemas renais, nozes para problemas do sistema nervoso central, pimenta para queimaduras, plantas com látex para amamentação,... Salgueiro – Salix alba Cresce à beira da água Indicações: resfriados, gripes, febres, dores e reumatismo Princípio ativo – casca (salicina) Spiraea ulmaria (Filipendula ulmaria) Planta de pântano Ácido salicílico Propriedades: antiinflamatória, analgésica e antipirética TEORIA DOS OPOSTOS→ Hipócrates e Galeno “ Contraria contrariis curantur” Preconiza a cura pelos opostos. Origem do procedimento básico da medicina alopática, em oposição a cura pelos semelhantes, proposta pela homeopatia PLANTAS MEDICINAIS → objeto de estudo da FARMACOGNOSIA (Seydler, 1815) Ramo da farmacologia, examina e caracteriza as drogas ou bases medicamentosas de origem natural utilizadas como matéria prima para a preparação de medicamentos Termos comuns na pesquisa de plantas medicinais devem ter seus conceitos estabelecidos em uma linguagem universal Droga→ qualquer substância quimicamente definida, seja de origem natural, animal ou mineral, coletado ou separado da natureza, e que possua ação sobre os sistemas orgânicos Medicamento ou fármaco →atividade é benéfica ao organismo, independentemente de sua origem, composição, forma e apresentação, útil em determinado tratamento e/ou cura de uma doença ou de diversos sintomas, restabelecendo o equilíbrio das funções vitais de um organismo. Tóxicos → se os efeitos são prejudiciais ao organismo Remédio→amplo, qualquer processo ou meio usado com a finalidade de cura ou prevenção de doenças, incluindo tanto o medicamento, ou uma espécie vegetal com efeito medicinal, como agentes físicos ou psíquicos utilizados em um procedimento terapêutico. Benzimento, oração, helioterapia, climaterapia, radioterapia Principio ativo →substância química obtida de produtos de origem natural e que possuem um ou mais atividades biológicas em determinado organismo vivo Produtos naturais→qualquer substância ou produto de origem natural, seja útil como medicamento ou não, produtos derivados do petróleo, substâncias de origem animal, microorganismos, etc Homeopatia→ cura pelos semelhantes, similia similibus curentur, teoria das assinaturas de Paracelso ”todo medicamento ativo provoca no organismo humano uma espécie de doença, tanto mais peculiar mais característica e mais intensa, quanto mais ativo é o medicamento” Alopatia→ Hipócrates, Contraria contrariis curantur, sistema terapêutico pela cura pelos contrários, antiinflamatórios, antiasmáticos, anti-neoplásico, etc Fitoterapia→baseado no alopatia, preparados tradicionais padronizados, eficazes com inocuidade e qualidade controladas, elaboradas de plantas medicinais. O estudo de plantas medicinais a partir de sociedades autóctones, de tradição oral pode dar muitas informações úteis para elaboração de estudos farmacológicos, fitoquímicos e agronômicos, com grande economia de tempo e dinheiro. Planejamento da pesquisa a partir de um conhecimento empírico já existente, e muitas vezes consagrado pelo uso contínuo, que deverá então ser testado em bases científicas. O conjunto das simbologias está presente em todas as etapas da vida de uma comunidade, mas é particularmente forte na determinação de interpretações de eventos ligados às doenças O uso das plantas para fins terapêuticos está inserido em um contexto social e ecológico que será moldado pelos fatores culturais envolvidos, além do ambiente físico em que ele ocorre. A eficácia terapêutica de qualquer tratamento pode ser resultante de um efeito farmacológico sobre a fisiologia do individuo ou pode ser simbólica, agindo também sobre o indivíduo. amuletos, orações, benzimentos... O tratamento vai ser feito de acordo com o nível em que a doença se encaixa – caso do banho de rio. As doenças podem ser vista como estados que podem ser curados por médicos ou outros especialistas, não excluindo um tratamento sincrético que ocorre inúmeras vezes – caso da criança com “quebranto” A observação sobre as doenças nas comunidades tradicionais podem nos dar valiosos conhecimentos dos processos de diagnose, tratamento e cura, mostrando a maneira pela qual uma cultura assimila elementos estranhos e os adapta à sua própria maneira de ser – caso dos caboclos amazônicos CUIDADOS NA COLETA E USO DAS PLANTAS Não se devem colher plantas próximo as estradas, contaminação pelos gases dos escapamentos dos veículos Evitar a colheita próximo a lavouras onde se utilizam agrotóxicos Plantas frescas com mau aspectos não devem ser utilizadas e quando secas não devem apresentar sinais de deterioração Cuidado com a dosagem e sua forma de uso As intoxicações ocorrem quase sempre por uso de quantidades excessivas, do preparo e do uso inadequado. Alguns casos se empregam somente uma parte da planta com fim medicinal, sendo outras parte considerada tóxica – Lantana camara Para cada tipo de material vegetal há uma forma de preparo mais adequada e eficaz Algumas flores não se deve utilizar decocção e sim infusão para que não se percam os princípios ativos Chás nunca devem ser guardados de um dia para o outro A mistura de plantas num chá deve ser reduzido e com indicações e usos semelhantes, e podem trazer efeitos diferentes do esperado em virtude das interações entre os constituintes químicos O usoscontinuo de uma mesma planta deve ser evitado recomendado o uso de máximo de 21 a 30 dias FORMAS DE PREPARAÇÃO DAS PLANTAS DECOCÇÃO • Ervas não aromáticas (princípios ativos estáveis ao calor) • Partes resistentes ao calor (sementes, raízes, cascas) • Coloca-se a parte utilizada na quantidade prescrita na água fria, cobre-se e deixa-se ferver por 10 a 20 minutos. Deixar repousar por 10 minutos em recipiente tapado, coando em seguida. • Utilizado no mesmo dia de preparo INFUSÃO • Partes ricas em substâncias voláteis, aromas delicados e princípios ativos que se degradam na combinação de água e calor. • Flores, botões e folhas. • Ferve-se a água e a derrama em cima da planta, deixando em um recipiente fechado por 5 minutos. • Coar o infuso, logo após o término do repouso. • Deve ser ingerido no mesmo dia da preparação. • Coar o infuso, logo após o término do repouso. • Deve ser ingerido no mesmo dia da preparação. TISANA • Colocar a planta em água fervente por 5 minutos, tirar do fogo e deixar descansar por 10 minutos com o recipiente tampado. • Coe e use em seguida MACERAÇÃO • Realizada a frio, coloca-se a parte utilizada em recipiente contendo álcool, óleo, água ou outro líquido. Entre 18 e 24 horas • Filtra-se e coloca-se água se quiser uma maior diluição • Em plantas com a possibilidade de fermentação não devem ser preparadas desta forma. • O recipiente permanece em lugar fresco, protegido da luz solar direta, podendo ser agitado periodicamente. SUCO OU SUMO • Suco: obtido espremendo uma fruta • Sumo: obtido através da trituração de uma planta fresca em um pilão • Se a planta possuir pouca quantidade de líquido, acrescentar um pouco de água e deixar descansar um pouco • Deve ser feita no momento do uso. TINTURA • Obtida pela maceração hidro-alcólica de 10 a 15 dias protegida da luz • É coada e usada na forma de gotas dissolvidas em uso interno ou unguentos e pomadas em uso externo. • A variação alcólica dependerá da parte da planta utilizada. • Conserva-se por longo período os princípios ativos de muitas plantas. • Os princípios ativos presentes nas tinturas alcançam rapidamente a circulação sanguínea. As variações que poderão ocorrer serão as seguintes: 1.Plantas frescas - álcool 50o GL + 30% erva; 2.Plantas secas - álcool 50o GL + 15% erva; 3.Plantas resinosas (duras) - álcool 70oGL ( 7 partes de álcool + 3 de água); 4.Plantas delicadas (flores ) - álcool 40o GL(4 partes de álcool + 6 de água). PÓS • Obtido através da trituração de plantas secas • Uso interno: misturado aos alimentos, espalhado diretamente sobre o local ferido, misturado em óleo, vaselina ou água antes de aplicar. • Uso externo: pomadas • Guardar em vidros fechados em locais frescos e abrigados da luz. ÓLEOS • Usados na impossibilidade de fazer pomadas ou compressas • Ervas secas ou frescas, colocadas em um frasco transparente com óleo depois manter o frasco fechado diretamente sob o sol por 2 a 3 semanas. • Filtrar ao final e conservar em vidros que o protejam da luz. FORMAS DE USO CATAPLASMA Obtidas por diversas formas: a) amassar as ervas frescas, aplicar diretamente sobre a parte afetada ou envolvidas em um pano fino ou gaze; b) as ervas secas podem ser reduzidas a pó, misturadas em água, chás ou outras preparações e aplicadas envoltas em pano fino sobre as partes afetadas; c) c) pode-se utilizar farinha de mandioca ou fubá de milho e água, geralmente quente, com a planta fresca ou seca triturada. BANHOS • Infusão ou decocção em concentrações elevadas, coadas e misturadas à água do banho • Podem ser parciais ou de corpo inteiro, sendo feitos uma vez ao dia por, no máximo, 20 minutos • Pode-se colocar as ervas em um saco de pano firme e deixar boiando na água do banho. COMPRESSA • Uso local, que vai agir pela penetração dos princípios ativos através da pele • Com o auxílio de panos ou gazes, embebidos em um infuso concentrado, decocto, sumo ou tintura da planta dissolvida em água • Pode ser quente ou fria GARGAREJO • Afecções da garganta, amigdalite e mau-hálito, podendo ser usado várias vezes ao dia • Neste caso é utilizado uma infusão concentrada • Afecções da garganta, amigdalite e mau-hálito, podendo ser usado várias vezes ao dia • Neste caso é utilizado uma infusão concentrada • Pomadas: álcool, vaselina e o pó da planta, usadas a frio e renovadas 2 a 3 vezes ao dia. . Ungüentos: ervas trituradas em algum tipo de gordura vegetal (côco, amendoim, azeite) • Colocar o pó da planta seca, em recipiente de vidro umedecendo-o levemente com álcool puro. Misturar uma parte do pó e 9 partes de vaselina. Levar ao fogo, em banho - maria, até o ponto de fusão da vaselina, mantendo nessa temperatura por 30 minutos. • Filtrar a mistura em pano fino, deixar esfriar e colocar no pote. • . A partir de tintura, deve-se usar outra base que não seja a vaselina, pois esta não absorve líquidos. XAROPES • Base: açúcar ou rapadura na proporção de uma parte e meia a duas para cada parte de água, adiciona-se a erva indicada • Se for adicionado mel em vez do açúcar, não se deve aquecer, e sim adicionar o suco, infusão ou decocção da planta, frios • Pode ser também preparados com tinturas, adicionando 1 parte de tintura para cada três partes da mesma calda. • Pode ser guardado por 15 dias na geladeira, sem for observado sinais de fermentação, deve ser descartado. Não devem ser usados por diabéticos INALAÇÃO • Problemas no aparelho respiratório, união de vapor de água e substâncias voláteis de plantas aromáticas • Colocar a erva a ser usada numa vasilha com água fervente, uma colher de sopa da erva fresca ou seca em 1/2 litro d'água, aspirar lentamente. • O recipiente pode ser mantido no fogo para haver contínua produção de vapor. • Usa-se um funil de cartolina (ou outro papel duro); uma toalha sobre os ombros, a cabeça e a vasilha, para facilitar a inalação do vapor.
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