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Análise de Custo Iraneide Azevedo Variações na prática Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Identificar as variáveis que compõem o cálculo das variações entre orçado e realizado. � Explicar a fórmula para a obtenção do cálculo das variações entre orçado e realizado. � Aplicar o cálculo das variações entre orçado e realizado em um exem- plo prático. Introdução Os custos orçados têm por base antecipar os gastos que deverão ocorrer e que afetarão o custeamento dos produtos. A diferença entre custos orçados ou estimados e custo-padrão está no fato de os custos orçados procurarem identificar os custos que deverão ocorrer no futuro, en- quanto o custo-padrão pode incorporar metas de realização de custos. Em outras palavras, os custos orçados ou estimados têm como foco os custos que devem acontecer, enquanto o custo-padrão tem como foco os custos que deveriam acontecer. Tipos de variações de custos Custo-padrão O conceito de custo-padrão representa um grande avanço para a contabilidade de custos, pois permite trabalhar a gestão de custos de produtos e serviços de forma antecipada, ao mesmo tempo em que dá a possibilidade de aplicação como parâmetro para a avaliação de desempenho das tarefas e das pessoas responsáveis por operações e aquisições de recursos. Finalidades do uso do custo-padrão O custo-padrão é uma das técnicas para avaliar e substituir a utilização do custo real. Independentemente de a empresa utilizar o método de custeio direto ou de custeio por absorção, ela pode utilizar o conceito de custo-padrão. O custo- -padrão se diferencia do custo real no sentido de que é um custo normativo, um custo objetivo, um custo proposto ou um custo que se deseja alcançar. Por isso, na elaboração do padrão, a empresa pode incorporar metas a serem atingidas pelos diversos setores fabris e operacionais, no sentido de que tais avaliações de custos sejam alcançadas. Nesse sentido, o custo-padrão é uma ferramenta indispensável para o controle dos custos, das operações e das atividades. Custo real ou realizado O custo real representa o custo acontecido. Como instrumento de planejamento estratégico ou operacional, o custo real não tem nenhum significado. O custo real para avaliação de inventário serve apenas para atender às necessidades legais e fiscais da contabilidade empresarial. O custo real tem validade apenas no sentido em que, após a análise de suas variações, em cima de um custo-padrão, identificam-se as causas sobre o porquê das variações e, por meio destas, seja possível corrigir os rumos atuais. Para o dia a dia, o custo-padrão representa muito mais utilidade que o custo real. Além disso, o custo real apresenta muita variabilidade unitária, uma vez que depende do volume de atividade, produção ou venda. Adicionalmente, sabe-se que um sistema de apuração do custo real para todas as atividades e todos os processos, produtos e serviços tende a ser lento e caro. Outra vantagem na substituição do custo real está no fato de o custo-padrão não precisar ser calculado mensalmente. O seu cálculo pode ser feito em períodos de tempos maiores, como seis meses ou um ano. A sua atualização pode ser feita pelos critérios de inflação interna da empresa. Custos orçados ou estimados Os custos orçados têm por base antecipar os gastos que deverão ocorrer e que afetarão o custeamento dos produtos. A diferença entre custos orçados ou es- timados e custo-padrão é que os custos orçados procuram identificar os custos Variações na prática2 que deverão ocorrer no futuro, enquanto o custo-padrão pode incorporar metas de realização de custos. Em outras palavras, os custos orçados ou estimados têm como foco os custos que devem acontecer, enquanto o custo-padrão tem como foco os custos que deveriam acontecer. Custos orçados versus custos realizados O custo orçado é originário da composição de itens que, ao serem estima- dos, darão o valor do preço dos serviços. Na prestação de serviços de forma continuada, ao apresentar a proposta de preço, esta deve se basear em fatos futuros. Não existe, no instante da formulação dos preços, o perfil exato do principal elemento na composição dos custos. O custo realizado é o resultado real de todo o valor desembolsado. Reco- menda-se, então, as análises comparativas: de um lado, o custo orçado, do outro, o realizado, existindo diferenças que sempre serão sobras do custo orçado. Análise das variações A análise das razões das diferenças entre os custos real e padrão é a parte mais importante do uso do custeio padrão para fins de controle. O objetivo principal do sistema de custo-padrão é o controle. Para um controle efetivo dos custos, é necessário conhecer as variações, identificar suas origens e tomar as providências para eliminar os possíveis desvios. Variação (ou desvio) significa a diferença entre o custo real e o custo-padrão. Denominamos, apenas por convenção, como variação favorável aquela que ocorre quando o custo real é inferior ao custo-padrão e desfavorável quando ocorre o inverso. Tendo como base as informações levantadas pelos relatórios de controle orçamentário, faz-se a análise das variações, a qual busca identificar, mais detalhadamente, os principais motivos que causaram a variação em valor de cada item orçado, fundamentando sua justificativa, pelos gestores responsáveis, de acordo com os orçamentos e as operações. A diferença de valor entre os dados reais e orçados basicamente decorre de dois elementos: a) Quantidade real diferente da quantidade orçada; b) Preço real diferente do preço orçado. 3Variações na prática Principais motivos das variações entre orçado e realizado As possíveis causas de variação de custos orçados e realizados são: a) Erro de orçamento: considera-se como erro de orçamento os itens identificados em projetos disponíveis no momento do orçamento e que não foram considerados no custo. Além disso, quantificações equivo- cadas e problemas em composições que não previam todos os recursos necessários para a execução dos serviços. b) Mudança de projetos: modificações nos projetos após a entrega do orçamento, ou seja, mudança de normas que resultam da alteração de materiais ou técnicas construtivas. c) Atraso de obras: atrasos na entrega dos empreendimentos devido a qualquer motivo, seja por embargos de obras ou por cronogramas apertados. d) Perdas ou desperdícios: quando não houver mudança de projeto nem erro de orçamento ou atraso em obra que impacte na atividade anali- sada, a variação de custo será considerada como perda ou desperdício. e) Variação de preço: será considerada como possível causa de variação de custo se o preço unitário contratado no momento da execução da obra for diferente do preço orçado reajustado. Cálculo das variações de custos O cálculo das variações de custos visa a demonstrar todas as variações de insumos de bens e serviços ocorridos na produção. Elas são, genericamente, obtidas da seguinte forma: Variações totais = custos reais – custo-padrão Um resultado positivo das variações totais indica custos excessivos, o que é desfavorável. Um resultado negativo indica custos inferiores ao padrão, o que é favorável. Constata-se, então, que a grandeza padrão é a unidade de medida à que são comparados os custos reais. Observa-se, dessa forma, que Variações na prática4 (+) não significa algo favorável e que (–) não significa algo desfavorável. O conhecimento das variações de custos em uma empresa condiciona, automa- ticamente, uma utilização mais econômica dos fatores de produção. Variação de quantidade e preço Uma vez que o custo orçado do material é constituído de duas partes — quan- tidade e preço —, assim, também serão duas as variáveis entre o custo real do material e seu custo-padrão — a variação de quantidade (ou de eficiência) e a variação de preço. Variação de quantidade A variação que ocorre devido à quantidade é igual ao produto da diferençaentre a quantidade real e a padrão pelo preço padrão. Dito de outra forma, é a variação que existiria caso o preço padrão fosse igual ao real e apenas a quantidade de horas por unidade de produto variasse. A fórmula para sua apuração é a seguinte: VQ = (quantidade real – quantidade padrão) × preço padrão Variação de preço A variação de preço é resultante apenas do aumento do preço da hora da mão de obra, isto é, aquela que teria ocorrido caso a quantidade real fosse igual à padrão, havendo apenas variações no custo da mão de obra. A fórmula para sua apuração é: VP = (preço real – preço padrão) × quantidade padrão 5Variações na prática Suponhamos que, para um determinado produto, os seguintes custos-padrão por unidade tenham sido estabelecidos: Matéria-prima 10 kg a R$ 30,00 R$ 300,00 Mão de obra direta 20 h a R$ 50,00 R$ 1.000,00 Custos indiretos de fabricação R$ 200,00 Custo-padrão total R$ 1.500,00 Ao final do período de análise, os custos reais apurados foram: Matéria-prima 10 kg a R$ 30,00 R$ 300,00 Mão de obra direta 25 h a R$ 60,00 R$ 1.500,00 Custos indiretos de fabricação R$ 250,00 Custo-padrão total R$ 2.050,00 O cálculo da variação de quantidade e preço será: Variação de quantidade = (quantidade real – quantidade padrão) × preço padrão VQ = (25 – 20) × R$ 50 VQ = 5 × 50 VQ = R$ 250,00 Variação de preço = (preço real – preço padrão) × quantidade padrão VP = (R$ 60 – R$ 50) × 20 VP = 10 × 20 VP = R$ 200,00 Por último, a variação mista também será calculada. Essa variação é pouco usada, porém, ela é decorrente da variação de preço e de quantidade. A fórmula para a sua apuração é a seguinte: Variação mista = (quantidade real – quantidade padrão) × (preço real – preço padrão) VM = (25 – 20) × (R$ 60 – R$ 50) VM = 5 × 10 VM = R$ 50,00 Variações na prática6 Sobre a variação mista, Padoveze (2010, p. 417) destaca o seguinte: Convém ressaltar, contudo, que, na realidade, a variação mista não existe, uma vez que as variações de preço e quantidade só são obtidas em mo- mentos diferentes. Quando a mercadoria entra na empresa, obtém-se a variação de preço. A variação de quantidade só se dará no momento do consumo dos materiais. Portanto, só tem sentido o cálculo da variação mista quando o consumo para produção e a compra ocorrem ao mesmo tempo, o que é improvável. Suponhamos que uma empresa tenha fixado o seguinte custo-padrão para a matéria- -prima utilizada na fabricação de seu produto: � Preço previsto por unidade: R$ 100,00. � Quantidade de matéria-prima a ser utilizada para o nível de produção previsto: 1.000 unidades. � Custo-padrão da matéria-prima = R$ 100,00 × 1.000 unidades = R$ 100.000,00. � Encerrado o período de produção, a empresa apurou um custo real equivalente a R$ 115.500,00, cuja decomposição mostrou que o preço efetivo pago por unidade é R$ 105,00. Assim, as variações foram: Variação de preço = R$ 5,00 × 1.100 = R$5.500 Variação de quantidade: 100 × R$ 100,00 = R$ 10.000,00 Variação total = R$ 15.500,00 Pode-se calcular a variação total da seguinte forma: Variação total do custo real em relação ao padrão: R$ 115.500,00 – R$ 100.000,00 = R$ 15.500,00 (desfavorável) O resultado da variação total se mostrou desfavorável. A verdadeira utilidade do custo-padrão vai se revelar no momento em que se começa a analisar as causas, tanto da variação do preço quanto da variação da quantidade. O departamento de compras terá que explicar por que cobrou 7Variações na prática R$ 5,00 mais caro do que o preço padrão dos materiais e o departamento de produção por que foram utilizadas 100 unidades a mais na matéria-prima para fabricar a produção prevista. Este é o processo de controle: fixar uma meta, verificar se ela foi atingida e, caso não tenha sido, que razões justificam isto. No caso da mão de obra direta, a análise das variações é similar à dos materiais diretos, com a única diferença de que a variação de quantidade das horas trabalhadas previstas é chamada de variação de eficiência e a variação de preço do custo da mão de obra direta por hora é denominada variação de taxa. Os valores serão apurados da seguinte maneira: � Variação de eficiência (tempo): VE (tempo) = (HR – HP) × TP � Variação de taxa (salário): VT (salário) = (TR – TP) × HP Sendo que: HR = horas padrão HR = horas reais TR = taxa salarial real TP = taxa salarial padrão Em relação aos custos indiretos de fabricação (CIF), a análise das variações tem mais um complicador. Os CIFs fixos por unidade precisam ser projetados, dividindo os valores previstos dos CIFs por um volume de produção esperado. Se a produção real for diferente da que serviu de base para calcular os CIF fixos por unidade, há outra causa de divergência entre o custo real e o padrão, a qual é denominada variação de volume. Outras variações envolvendo custos Uma análise mais completa identifica as causas das variações e a unidade organizacional responsável, enquanto sistemas eficazes identificam variações nos mais baixos níveis gerenciais. As variações são hierárquicas, conforme mostra a Figura 1, começando pelo desempenho da unidade total de negócio, que é dividido em variações de receita e despesa. Variações na prática8 Figura 1. Composição da análise de variações. Fonte: Anthony e Govindarajan (2008, p. 426). Variação total Custos não relacionados à manufatura Custos de manufatura Vendas Administração Marketing P&D Mão-de-obra direta Material Despesas variáveis Fatia de mercado Volume de mercado Custos variáveis Custos �xos Volume Preço de venda Observando a Figura 1, as variações de receita (vendas), por sua vez, dividem-se em variações de volume e de preço, tanto para a unidade total de negócio, quanto para cada centro de responsabilidade de marketing de cada unidade, podendo também ser divididas por área e distrito de vendas. As variações de despesa (custos) se dividem em despesas de manufatura e outras despesas. As despesas de manufatura podem ser subdivididas por fábricas e depar- tamentos que as constituem internamente. Assim, é possível identificar cada variação com o gerente individual responsável por ela. Esse tipo de análise é uma ferramenta poderosa, sem a qual a eficácia dos orçamentos de lucro seria limitada. O orçamento de lucro carrega em si certas expectativas a respeito do estado da indústria total e da fatia de mercado da empresa, dos seus preços de venda e da estrutura de custo. A estrutura analítica que utilizamos para guiar a análise de variação in- corpora as seguintes ideias: � identificar fatores-chave causais que afetam os lucros; � decompor as variações gerais de lucro em vista desses fatores-chave causais; � focar no impacto dos lucros da variação em cada fator causal; � tentar calcular o impacto específico, isto é, separado de cada fator causal, variando apenas aquele fator e mantendo todos os outros constantes (girando apenas um botão por vez); 9Variações na prática � agregar complexidade de maneira sequencial, partindo de um nível básico ou do senso comum (descascar a cebola); � interromper o processo quando, em um nível recém-criado, a comple- xidade agregada não se justificar pelos conhecimentos adicionados quanto aos fatores causais subjacentes à variação total de lucros. Variações de receita Trata-se do cálculo das variações do preço de venda, volume e composição do sortimento de vendas. O cálculo é feito para cada linha de produto e os resultados destas linhas são somados para calcular a variação total. Uma variação positiva é uma variação favorável, pois indica que o lucro real excedeu o orçado; uma variação negativa, por outro lado, é uma variação desfavorável. Variação do preço de venda Calcula-se a variação do preço de venda multiplicando a diferença entre o preço real e o preço padrão pelo volume real. Por exemplo, suponha que tenha sido feito um orçamento para a empresa Da Villa em janeiro. O cálculo das variações é mostrado na Tabela 1. Fonte: Anthony e Govindarajan(2008, p. 428). Produto A B C Total Volume real (em unidades) 100 mil 200 mil 150 mil Preço real por unidade R$ 900,00 R$ 2.050,00 R$ 2.500,00 Preço orçado por unidade 1.000 2 mil 3 mil Real superior/(inferior ao orçamento por unidade) (100) 50 (500) Variação de preço favorável/(desfavorável) (10 milhões) 10 milhões (75 milhões) (75 milhões) Tabela 1. Cálculo de variações. Variações na prática10 Verifica-se que a variação de preço, conforme o cálculo apresentado na Tabela 1, é desfavorável em R$ 75 milhões. Variação de composição do sortimento de vendas (mix) e de volume O mix é a variação na receita devido à mudança da proporção entre produtos de preços diferentes no período atual em relação a um período anterior. Geralmente, as variações de mix e volume não são separadas. A equação para a variação combinada de mix e volume é: Variação de mix e volume = (volume real – volume orçado) × contribuição unitária orçada O cálculo da variação de mix e volume é mostrado na Tabela 2. Fonte: Anthony e Govindarajan (2008, p. 428). (1) (2) (3) (4) (5) (6) Produto Volume real Volume orçado Diferença (2) – (3) Contribuição unitária Variação (4) x (5) A 100 100 --- --- B 200 100 100 R$ 0,90 R$ 90,00 C 150 100 50 R$ 1,20 R$ 60,00 Total 450 300 R$ 150,00 Tabela 2. Cálculo da variação de mix e volume. Nesse caso, a variação de mix e de volume é favorável em R$ 150 mil. A variação de volume resulta da venda de um número superior de unidades em relação ao previsto em orçamento. Em virtude dos produtos terem diferentes contribuições por unidade, a venda de diferentes proporções de produtos orça- dos resultará na variação. Se a unidade de negócio realizar um mix mais rico 11Variações na prática (isto é, uma proporção maior de produtos com alta margem de contribuição), o lucro real será maior que o orçado, no entanto, se realizar um mix mais modesto, o lucro será menor. Como o volume e as variações de mix se articu- lam, as técnicas empregadas para separá-los são, de certa forma, arbitrárias. Variação da composição do sortimento das vendas (mix) A variação de mix para cada produto é encontrada por meio da seguinte equação: Variação de mix = [(volume real de vendas) – (volume real total de vendas × proporção orçada) × contribuição unitária orçada] O cálculo da variação de mix é mostrado na Tabela 3. Aponta-se, nesse quadro, que foi vendida uma proporção maior do produto B e outra menor do produto A. Como o produto B tem contribuição unitária maior que a do produto A, a variação de mix é favorável, nesse caso, em R$ 35 mil. Variação de volume A variação de volume pode ser calculada subtraindo a variação do combinado de mix e volume. Seriam R$ 150 mil menos R$ 35 mil, ou R$ 115 mil, o que também é calculável por produto, dessa maneira: Variação de volume = [(volume real total de vendas) × (porcentagem orçada) – (vendas orçadas)] × (contribuição unitária orçada) O cálculo da variação de volume é mostrado na Tabela 4. Variações na prática12 Fo nt e: A nt ho ny e G ov in da ra ja n (2 00 8, p . 4 29 ). (1 ) (2 ) (3 ) (4 ) (5 ) (6 ) (7 ) Pr od ut o Pr op or çã o or ça da M ix o rç ad o ao v ol um e re al Ve nd as re ai s D if er en ça (4 ) – (3 ) Co nt ri bu iç ão u ni tá ri a Va ri aç ão (5 ) x (6 ) A 1/ 3 1 50 * 10 0 (5 0) R$ 0 ,2 0 R $ (1 0, 00 ) B 1/ 3 15 0 20 0 50 R$ 0 ,9 0 R$ 4 5, 00 C 1/ 3 15 0 15 0 -- -- -- -- To ta l 45 0 45 0 R$ 3 5, 00 * 15 0 re su lto u de 1 /3 x 4 50 (t ot al ) Ta be la 3 . C ál cu lo d e va ria çã o de m ix . 13Variações na prática Fonte: Anthony e Govindarajan (2008, p. 429). (1) (2) (3) (4) (5) (6) Produto Mix orçado ao volume real Volume orçado Diferença (2) – (3) Contribuição unitária Variação de volume A 150 100 50 R$ 0,20 R$ 10,00 B 150 100 50 R$ 0,90 R$ 45,00 C 150 100 50 R$ 1,20 R$ 60,00 Total 450 300 150 R$ 115,00 Tabela 4. Variação de volume de vendas no mês de janeiro (em milhares de reais). Verifica-se, nessa tabela, que a maior variação de volume ocorreu no produto C, no qual houve a maior contribuição unitária. A variação total foi favorável em R$ 115 mil. Outras análises de receita As variações de receita podem ser ainda mais subdivididas. Em nosso exemplo, as Tabelas 1, 2, 3 e 4 fornecem as informações necessárias para ser classificadas por produto. Tal classificação pode ser vista na Tabela 5. Fonte: Anthony e Govindarajan (2008, p. 430). Produto A B C Total Variação de preço R$ (10,00) R$ 10,00 R$ (75,00) R$ (75,00) Variação de mix R$ (10,00) R$ 45,00 ---- R$ 35,00 Variação de volume R$ 10,00 R$ 45,00 R$ 60,00 R$ 115,00 Total R$ (10,00) R$100,00 R$ (15,00) R$ 75,00 Tabela 5. Variações de receita por produto no mês de janeiro (em milhares de reais). Variações na prática14 Dessa forma, foi na variação de volume que ocorreu maior variação. Observou-se, então, que houve receita negativa na variação de preço. Variações de despesa Custos fixos As variações entre os custos fixos reais e orçados são simplesmente obtidas pela subtração, uma vez que esses custos não são afetados nem pelo volume de vendas nem pelo de produção (Tabela 6). Fonte: Anthony e Govindarajan (2008, p. 431). Real Orçado Variações favoráveis ou desfavoráveis Despesas fixas R$ 75,00 R$ 75,00 R$ ---- Despesa de venda R$ 55,00 R$ 50,00 R$ (5,00) Despesas administrativas R$ 30,00 R$ 25,00 R$ (5,00) Total R$160,00 R$150,00 R$ (10,00) Tabela 6. Variações de custos fixos do mês de janeiro (em milhares de reais). É importante notar que a variação de custos fixos foi desfavorável em R$ 10 mil, pois a variação total resultou em um resultado negativo. Custos variáveis Custos variáveis são aqueles que variam diretamente e proporcionalmente de acordo com o volume. Os custos orçados variáveis de manufatura precisam ser ajustados ao volume real de produção. Cálculo da variação dos custos variáveis: Variação de custos variáveis = custo total – custo real 15Variações na prática Se esse resultado for positivo, dizemos que houve uma variação favorável, se o resultado for negativo, então será desfavorável. Para um melhor entendimento sobre a variação de custos variáveis, suponha que a produção de janeiro tenha sido a seguinte: produto A, 150 mil unidades; produto B, 120 mil unidades; produto C, 200 mil unidades. Suponha também que os custos variáveis de manufatura incorridos em janeiro foram: material R$ 470 mil; trabalho R$ 65 mil; despesas variáveis de manufatura R$ 90 mil. A despesa de manufatura orçada é ajustada à quantia que deveria ter sido gasta com relação ao patamar atual de produção, multiplicando-se cada ele- mento de custo-padrão de cada produto pelo volume de produção para esse produto (Tabela 7). Fonte: Anthony e Govindarajan (2008, p. 432). Produto A B C Total Real Variações favoráveis/ (desfavoráveis) Material R$ 75,00 R$ 84,00 R$ 300,00 R$ 459,00 R$ 470,00 R$ (11,00) Mão de obra R$ 15,00 R$ 18,00 R$ 20,00 R$ 53,00 R$ 65,00 R$ (12,00) Despesas (variáveis) R$ 30,00 R$ 30,00 R$ 40,00 R$ 100,00 R$ 90,00 R$ 10,00 Total R$ 120,00 R$ 132,00 R$ 360,00 R$ 612,00 R$ 625,00 R$ (13,00) Tabela 7. Variações das despesas variáveis de manufatura do mês de janeiro (em milhares de reais). Por exemplo: Variação do custo variável do material = custo total – custo real Variações na prática16 Variação do custo variável do material = 459 – 470 = -11, e assim foi feito para os custos de mão de obra e despesas variáveis. Após esses cálculos, observa-se que houve variação desfavorável de R$ 13 mil em janeiro. Essa variação é chamada variação de gastos, pois resulta dos gastos de R$ 13 mil a mais que o orçamento ajustado e é composta por material e variações de mão de obra desfavoráveis de R$ 11 mil e R$ 12 mil, respectivamente. Essas variações são parcialmente equilibradaspor uma variação favorável de despesas gerais de R$ 10 mil. O volume utilizado para ajustar as despesas orçadas variáveis de manufatura é o volume de manufatura, não o volume de vendas, que era utilizado para descobrir as variações de receita. No exemplo apresentado aqui, supomos que os dois volumes eram os mesmos, ou seja, que a quantidade de cada produto manufaturado em janeiro foi igual à quantidade vendida no mesmo mês. Se o volume da produção fosse diferente do volume de vendas, a diferença de custo iria repercutir em mudanças no estoque. 1. A Cia. Paraná fabrica grampeadores e, para o ano de 20XA, os seguintes padrões, por unidade, foram produzidos: Dados X Matéria-prima: 10 kg a R$ 20/kg R$ 200,00 Mão de obra direta: 10 h x R$ 12/h R$ 120,00 Custos indiretos R$ 90,00 Custo unitário total R$ 410,00 Durante o ano de 20XA, foram produzidos 800 grampeadores com os valores dos custos reais unitários: Dados Y Matéria-prima: 11,25 kg x R$22/kg R$ 247,50 Mão de obra direta: 9,50 h x R$ 15/h R$ 142,50 Custos Indiretos R$ 100,00 Custo real unitário R$ 490,00 * Volume padrão de produção Com base nessas informações dos dados de X e Y, assinale a alternativa que contenha a variação de quantidade e de preço da matéria-prima, respectivamente. a) R$ 23,00 e R$ 18,00. b) R$ 26,00 e R$ 22,00. c) R$ 25,00 e R$ 20,00. d) R$ 23,00 e R$ 30,00. e) R$ 25,00 e R$ 18,00. 17Variações na prática 2. Os dados de uma empresa de construção civil foram apurados conforme abaixo. Custo-padrão da mão de obra direta R$ 100/h Tempo padrão = 6h Custo real ocorrido R$ 150/h Tempo real = 8h Com base nessas informações, assinale a alternativa que tenha o cálculo correto da variação de taxa e da variação de eficiência da mão de obra, respectivamente. a) R$ 400,00 e R$ 200,00. b) R$ 300,00 e R$ 350,00. c) R$ 200,00 e R$ 350,00. d) R$ 250,00 e R$ 400,00. e) R$ 400,00 e R$ 250,00. 3. Variação (ou desvio) significa a diferença entre o custo real e o custo-padrão. A variação de preço em um sistema de custo-padrão é obtida pela multiplicação de quantidade padrão pela diferença entre: a) Preço padrão e preço orçado. b) Quantidade real e preço padrão. c) Preço real e quantidade padrão. d) Preço real e preço padrão. e) Quantidade padrão e quantidade real 4. Uma empresa do interior de São Paulo apresenta, para o cálculo de custos, os seguintes valores: Produto Volume real Volume orçado Contribuição unitária A 120 100 R$ 0,30 B 250 100 R$ 0,80 C 180 100 R$ 1,30 De acordo com essas informações, assinale a alternativa que apresenta o cálculo da variação total de mix e volume. a) R$ 170 mil. b) R$ 156 mil. c) R$ 160 mil. d) R$ 175 mil. e) R$ 230 mil. Variações na prática18 5. A empresa Ferraço S.A. fabrica canivetes e registra, na contabilidade, os custos fixos, conforme os dados abaixo. Real Orçado Despesas fixas R$ 15,00 R$ 15,00 Despesas de venda R$ 35,00 R$ 25,00 Despesas administrativas R$ 42,00 R$ 38,00 Com base nesses dados, assinale a alternativa que representa o resultado final da variação dos custos fixos entre o real e orçado. a) A variação é favorável em R$ 10 mil. b) A variação é desfavorável em R$ 12 mil. c) A variação é favorável em R$ 18 mil. d) A variação é desfavorável em R$ 14 mil. e) A variação é favorável em R$ 16 mil. ANTHONY, R. N.; GOVINDARAJAN, V. Sistemas de controle gerencial. 12. ed. Porto Alegre: AMGH, 2008. PADOVEZE, C. L. Contabilidade gerencial: um enfoque em sistema de informação contábil. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010. Leituras recomendadas CREPALDI, S. A. Curso básico de Contabilidade de custos. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2002. FRÍES, L. N. Curso de contabilidade imobiliária: aspectos fiscais e contábeis. Taquara: FACCAT, 2009. GARRISON, R. H.; NOREEN, E. W.; BREWER, P. C. Contabilidade gerencial. 14. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013. HORNGREN, C. T.; FOSTER, G.; DATAR, S. M. Contabilidade de custos. 9. ed. Rio de Ja- neiro: LTC, 1999. TREVISAN, V. Custo orçado e realizado. SEBRAE, 18 mar. 2009. Disponível em: <https:// sebrae.ms/empreendedorismo/custo-orcado-e-realizado/>. Acesso em: 23 maio 2018. WARREN, C. S.; REEVE, J. M.; FESS, P. E. Contabilidade gerencial. 2. ed. São Paulo: Thom- son Learning, 2008. 19Variações na prática http://sebrae.ms/empreendedorismo/custo-orcado-e-realizado/ Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Conteúdo:
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