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Priscila Carvalho Holanda
compostagem e 
minhocultura
 Holanda, Priscila Carvalho
H722c Compostagem e minhocultura. /Priscila Carvalho Holanda. 
- Fortaleza: Fundação Demócrito Rocha; Instituto Centro de 
Ensino Tecnológico - CENTEC, 2013.
 56 p.: il. color. - (Coleção Formação para o trabalho)
 ISBN 978-85-7529-593-9
 1.Compostagem 2. Criação - Minhoca. I. Título.
CDU 628.473.3+ 636.99
Fundação Demócrito Rocha
Presidente 
Luciana Dummar
Coordenação Técnica 
Francisco Fábio Castelo Branco
Edições Demócrito Rocha
Editora 
Regina Ribeiro
Editor Adjunto 
Raymundo Netto
Coordenação de Produção Editorial 
Sérgio Falcão
Editor de Design 
Amaurício Cortez
Projeto Gráfico 
Arlene Holanda e Welton Travassos
Capas 
Deglaucy Jorge Teixeira e Welton Travassos
Ilustrações 
Elinaudo Barbosa e Leonardo Filho
Editoração eletrônica 
Cristiane Frota
Revisão 
Wilson P. Silva
Fotos 
Banco de Dados O POVO e Fábio Castelo
Catalogação na fonte 
Ana Kelly Pereira
©2013 by Fundação Demócrito Rocha
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Diretoria de Extensão Tecnológica e Inovação 
Antônio Elder Sampaio Nunes
Diretoria de Ensino, Pesquisa e Pós-Graduação
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Todos os direitos desta edição reservados a:
Fundação Demócrito Rocha
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Tel.: (85) 3255.6270 - 3255.6148
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fundacao@fdr.com.br
Sumário
Apresentação ........................................04
Lição 1
Fertilidade do solo ............................... 05
Lição 2
O Composto orgânico .......................... 10
Lição 3
Fatores que influenciam 
na compostagem ................................. 13
Lição 4
Preparo do composto .......................... 23
Lição 5
Principais problemas da compostagem 
causas e soluções ............................... 27
Lição 6
Introdução à minhocultura ....................30
Lição 7
Características das minhocas ............. 36
Lição 8
Instalação do minhocário ..................... 41
Lição 9
Manejo do minhocário ......................... 45
Lição 10
Comercialização dos produtos ............ 51
Referências .......................................... 56
4 Formação para o trabalho compostagem e minhocultura
N
estes tempos de instabilidades 
econômica, climática, social e 
política, cuidar de um pedaço 
de terra representa um abrigo 
na tempestade, pois nele pode-se 
plantar o alimento, ter água limpa e 
respirar ar puro. 
Em poucos metros quadrados, 
começando com um pedacinho de 
terra qualquer no quintal, num terre-
no vizinho, num sítio ou uma fazen-
da, pode-se produzir alimento. Mas, 
para que a natureza ajude, é preci-
so compreendê-la, respeitando os 
seus ciclos vitais e preservando os 
recursos naturais. 
Nas últimas décadas, desco-
briu-se que o uso constante e con-
tinuado de adubos químicos está 
danificando o solo, deixando-o pra-
ticamente “morto”, por falta de ati-
vidade biológica adequada. Estas 
práticas estão produzindo culturas 
cada vez mais sensíveis a doenças 
e pragas, levando ao uso crescen-
te de pesticidas, ao ponto de por 
em risco a saúde das pessoas e do 
meio ambiente. 
Para combater esta situação, 
ressurge a agricultura orgânica, 
produzindo alimentos sem a utiliza-
ção de agrotóxicos ou adubos quí-
micos e apoiados em práticas con-
servacionistas. Os produtos orgâni-
cos apresentam melhor sabor, apa-
rência, qualidade e durabilidade, 
sem quaisquer riscos para a saúde 
ou para o meio ambiente. 
Dentre as práticas conservacio-
nistas destacam-se: a composta-
gem, a minhocultura, a adubação 
verde, o uso de cobertura morta e 
de quebra-ventos, o plantio em 
curva de nível, o plantio diversifica-
do e a utilização de defensivos 
naturais. Essas técnicas favorecem 
a recuperação de solos pobres, 
degradados e cansados e comba-
tem a erosão. 
O presente manual mostra como 
a criação de minhocas, com os 
seus produtos diretos, tais como, 
húmus, matrizes e ração, vem se 
firmando como meio seguro de se 
conservar a natureza e o processo 
de compostagem também repre-
senta um avanço ecológico na agri-
cultura sadia e com condições de 
produzir bem, a baixo custo e por 
muito tempo. 
Apresentação
Fundação Demócrito Rocha 5
Fertilidade do solo
Lição 1
A 
fertilidade do solo está direta-
mente relacionada com a quan-
tidade de matéria orgânica, que 
é composta por restos de plan-
tas e de animais em estado de 
decomposição. 
O solo pode ser considerado um 
organismo vivo, composto de mine-
rais, água, ar, matéria orgânica e 
milhões de seres minúsculos, tais 
como bactérias, fungos formigas, 
besouros, minhocas, cupins, etc. 
O cientista japonês Iwao 
Watanabe, pesquisando um metro 
quadrado de solo virgem, encontrou 
360 espécies com mais de dois 
centímetros, como minhocas e cen-
topeias; dois milhões de organis-
mos de tamanho médio, como para-
sitas e insetos; e um bilhão de 
micro-organismos, como fungos e 
bactérias, além da vegetação. 
Tais seres são capazes de reali-
zar químicas admiráveis, desde a 
captação e a troca de nitrogênio do 
ar até a mobilização do fósforo e a 
transformação de moléculas com-
plexas em substâncias mais sim-
ples que são liberadas no ambiente, 
podendo serem reutilizadas por 
outros seres vivos. 
A matéria orgânica, decomposta 
pelos micro-organismos, forma uma 
espécie de cola que liga as partícu-
las do solo, deixando-o bem estru-
turado e resistente à erosão. Ao 
mesmo tempo, forma pequenos 
canais, os poros, por onde circulam 
água e ar. A terra com bom teor de 
matéria orgânica fica como uma 
esponja, retendo muito mais água e 
nutrientes e facilitando a absorção 
dos mesmos pelas raízes. 
A degradação do solo, entretan-
to, está acontecendo de forma ace-
lerada, pela intervenção do homem. 
Práticas agrícolas insustentáveis, 
como a monocultura, as queima-
das, o excesso de produtos quími-
cos, plantações em encostas, des-
matamentos indiscriminados etc., 
estão aumentando os processos de 
desertificação em todo o mundo. No 
Brasil, são perdidos cerca de 600 
milhões de toneladas de solos agrí-
colas todo ano. 
Não se pode continuar a explorar 
os recursos naturais de forma tão 
predatória; é preciso devolver à natu-
reza parte da riqueza que ela ofere-
ce, praticando o desenvolvimento de 
modo a permitir a sustentação da 
população atual e da futura. 
Agricultura Mundial
A agricultura mundial devastou os 
campos e as florestas à procura de 
solo rico, deixando desertos no seu 
rastro. Faltou compreender as 
estratégias que a natureza usa para 
criar os solos, processo que na rea-
lidade, não existe qualquer mistério. 
O adubo perfeito para o solo está 
à disposição nas fezes dos animais, 
nas folhas das árvores, na grama 
cortada, no capim, nos galhos e 
troncos, nas cinzas, nas conchas e 
ossos, nas cascas de verduras e 
frutos etc... Todo este material cons-
titui a matéria orgânica que serve de 
alimento para os micro-organismos 
decompositores que vivificam o solo. 
Corte de árvore
O que provoca 
a desertificação 
do solo?
De que consiste 
a matéria orgânica 
do solo?
Atualmente, para cada kg de 
grão produzido no mundo, 
são perdidos, aproximadamente, 
dois kg de solo; no Nordeste 
brasileiro, este valor aumenta 
para 14 kg.
Vivificam: que fecundam ou 
fertilizam o solo.
6 Formação para o trabalho compostagem e minhocultura
Solo e Clima
Alguns solos contêm pouca matéria 
orgânica. No Nordeste brasileiro, a 
maioria dos solos tem baixos teores 
de matéria orgânica, porque as 
temperaturasmais elevadas acele-
ram a sua decomposição. 
Em áreas mais frias, onde a 
decomposição ocorre mais lenta-
mente, os níveis naturais de maté-
ria orgânica podem ser mais altos, 
como é o caso das serras e maci-
ços do Nordeste. 
Solo com pouca matéria orgânica
Fixação do Nitrogênio
Apesar da constituição do ar que se 
respira possuir cerca de 70% de 
Nitrogênio, os seres vivos não con-
seguem absorvê-lo nessa forma. A 
maior parte dos átomos de nitrogê-
nio, componentes fundamentais 
para a fabricação das proteínas que 
são importantíssimas na constitui-
ção das plantas e dos animais, é 
introduzida no mundo vivo por meio 
das bactérias. 
As bactérias fixadoras de nitro-
gênio incorporam o nitrogênio mole-
cular (N2), liberando-o, após a sua 
morte, sob a forma de amônia (NH3), 
que pode ser utilizada por algumas 
plantas e, principalmente, pelas 
leguminosas. 
As bactérias nitrificantes transfor-
mam a amônia em nitratos, que são 
facilmente assimilados pelas plantas 
e podem ser transferidos para os 
animais, através da cadeia alimen-
tar. Entretanto, altas concentrações 
de nitrato são prejudiciais às plantas. 
As bactéria do gênero Rhizobium, 
em estreita associação com plantas 
leguminosas (soja, feijão, leucena 
etc.), fabricam compostos nitroge-
nados nos nódulos localizados em 
suas raízes. Estes compostos 
podem ser utilizados, diretamente, 
por estas plantas ou podem ficar 
disponíveis no solo, após a decom-
posição das raízes, sendo reutiliza-
dos por outras plantas. 
Outros elementos essenciais 
para as plantas também estão con-
tidos na matéria orgânica do solo, 
pois os resíduos de plantas e de 
animais contêm quantidades variá-
veis de elementos minerais, como o 
fósforo, o magnésio, o cálcio, o 
enxofre, etc. 
Na medida em que a matéria 
orgânica vai-se decompondo, os 
elementos tornam-se disponíveis 
para as plantas em crescimento. 
Decompositores
Graças à ação dos decompositores 
(bactérias e fungos), cadáveres, 
fezes, urina, etc, desaparecem rapi-
damente do ambiente. À medida 
que se processa a decomposição, 
diminui a proporção Carbono/
Nitrogênio, uma vez que o carbono 
está sendo consumido e o nitrogê-
nio sendo conservado. 
Esta situação persiste até a 
transformação da matéria orgâni-
ca em húmus se aproximar do seu 
término, ocasião em que as ativi-
dades da microflora cessam, gra-
dualmente, devido à falta de car-
“Na natureza nada se perde, 
nada se cria, tudo se 
transforma” (Lavoisier)
Húmus ou humo é a matéria 
orgânica depositada no solo, 
resultante da decomposição de 
animais e plantas mortas, ou de 
seus subprodutos.
Explique a 
fixação do 
Nitrogênio.
Fundação Demócrito Rocha 7
bono; a quantidade de micro-orga-
nismos decresce, diminui a forma-
ção de CO2, o nitrogênio deixa de 
ser escasso e há prosseguimento 
da nitrificação. 
O processo de formação do húmus 
é chamado humificação e pode ser 
natural, quando produzido espontâ-
neamente por bactérias e fungos do 
solo (os organismos decomposito-
res), ou artificial quando o homem 
induz a produção de húmus, adicio-
nando produtos químicos e água a 
um solo pouco produtivo.
Vários agentes externos como a 
umidade e a temperatura contri-
buem para a humificação.
A compostagem é uma forma de 
“fabricar” húmus para utilizar como 
composto, ou seja, fertilizante orgâ-
nico na agricultura. Na formação do 
húmus há liberação de diversos 
nutrientes, mas é de especial consi-
deração a liberação de nitrogênio. 
Importância da 
matéria orgânica
As figuras mostram que a presença 
de minhocas tem grande importân-
cia para o processamento da maté-
ria orgânica do solo.
Solubiliza nutrientes nos solos minerais Libera, lentamente, fósforo, nitrogênio, 
enxofre e água.
Apresenta alta capacidade 
de troca de cátions (CTC) 
Reduz a toxidez de pesticidas e de 
outras substâncias.
Melhora a nutrição das plantas 
em micronutrientes, pela formação 
de quelatos.
Melhora a estrutura do solo.
8 Formação para o trabalho compostagem e minhocultura
Favorece o controle biológico pela ati-
vidade microbiana.
Melhora a capacidade tampão do solo.
Hormônios fitorreguladores exercem 
efeitos promotores de crescimento.
Aumenta a capacidade 
de retenção de água
(Fonte: MARTINOVSKY, 1996)
Manutenção da matéria 
orgânica do solo 
A preservação, ou mesmo o 
aumento, do teor de matéria orgâ-
nica no solo é essencial para a 
manutenção do processo produtivo 
da agricultura. É comum, quando 
as áreas de florestas ou de cerra-
dos são postas sob cultivo inade-
quado, observar-se, com o passar 
dos anos, a redução acentuada do 
teor de matéria orgânica. 
Com o manejo adequado do solo 
é possível, não apenas reduzir-se a 
intensidade desse processo, mas 
revertê-lo, levando, em alguns anos 
de cultivo, a um aumento no teor de 
matéria orgânica. 
A grande diferença entre o adubo 
químico e o adubo orgânico é que 
este último contém micro-organismos 
que estão, constantemente, transfor-
mando as condições do solo, favore-
cendo o desenvolvimento da vida. 
A preservação da matéria orgâ-
nica se faz através da combina-
ção de várias técnicas de manejo, 
tais como: 
 ■ Adubação orgânica. 
 ■ Conservação do solo e da água. 
 ■ Adubação verde. 
 ■ Rotação e consorciação 
de culturas.
 ■ Manejo adequado dos restos 
culturais. 
 ■ Cultivo mínimo e/ou plantio direto. 
Fundação Demócrito Rocha 9
Práticas de 
conservação do solo 
É de importância fundamental para 
a conservação do solo, o uso de 
uma boa prática cultural. A inclina-
ção do terreno é que vai indicar 
necessidade da realização de cur-
vas de níveis, patamares ou terra-
ços, que irão segurar as águas das 
chuvas, de irrigação, manter as 
sementes, os corretivos, a matéria 
orgânica, adubos minerais no solo, 
evitando desde modo a erosão.
A figura a seguir apresenta 
algumas práticas conservacionis-
tas utilizadas.
Práticas de Conservação do Solo
Declividade Práticas Conservacionistas Sugeridas
0 a 3%
Aração-gradagem 
sulcamento e plantio, 
em curvas de nível.
Em terrenos inclinados, a aração é feita em curvas de nível. A terra sempre é 
virada da parte mais alta para a mais baixa.
3 a 6%
Aração-gradagem 
sulcamento e plan-
tio, em faixas de 
retenção conforme 
o tipo de solo.
6 a 12%
Terraços em nível 
ou gradiente, 
conforme 
tipo do solo.
12 a 18%
Terraços em nível 
ou gradiente, faixas 
de retenção para 
maior proteção 
ao solo.
acima de 18%
Aconselha-se 
destinar a área 
para fins de 
pastagem, refúgio 
da fauna e 
reflorestamento.
Resumo 
da lição
•	O	solo	é	um	ser	vivo	que	é	fer-
tilizado	pela	constante	renova-
ção	da	matéria	orgânica.
•	A	importância	dos	micro-
organismos	na	ação	de	
decompor	a	matéria		
orgânica	no	solo.
•	A	degradação	do	solo	provo-
cada	pela	ação	do	homem.
•	A	influência	do	clima	no	teor	
da	matéria	orgânica	deposi-
tada	no	solo.
•	As	bactérias	fixadoras	incor-
poram	o	nitrogênio	nos	ciclos	
biológicos	através	das	plan-
tas	leguminosas.
•	Ação	dos	decompositores	na	
transformação	da	matéria	
orgânica	em	húmus.
•	Técnicas	usadas	na	conser-
vação	do	solo.
10 Formação para o trabalho compostagem e minhocultura
O Composto 
orgânico
Lição 2
O 
termo matéria orgânica refere-
se ao composto de carbono 
(plantas e animais) suscetível à 
degradação. Na biodegrada-
ção este processo é realizado com 
a ajuda de micro-organismos. 
Quando a degradação acontece 
na presença do ar é chamada de 
aeróbica e quando o processo se 
realiza na ausência do ar, a degra-
dação é denominada anaeróbica. 
No caso da compostagem, utili-
za-se o processo aeróbico por ser 
bem mais eficiente, além de causar 
menos impactos e inconvenientes 
do que o processoanaeróbico. 
A decomposição da matéria 
orgânica é mais ou menos rápida, 
em função das características dos 
resíduos orgânicos. Assim, os 
materiais como serragem e palhas 
secas apresentam maior resistên-
cia à degradação do que, por exem-
plo, os legumes. 
Os micro-organismos decompo-
sitores responsáveis pela compos-
tagem são provenientes do esterco 
animal, sendo constituídos, princi-
palmente, de minúsculos fungos e 
bactérias. Quando em condições 
ótimas de umidade, oxigenação, 
nutrientes e temperatura multipli-
cam-se com espantosa velocidade. 
Os micro-organismos são seres 
unicelulares, sendo uma forma de 
vida que não pode ser visualizada 
sem auxílio de um microscópio. 
Estes seres diminutos podem ser 
encontrados no ar, no solo, e, inclu-
sive, no homem. 
Os micro-organismos são funda-
mentais para a existência da vida 
tanto a nível orgânico, no interior 
dos organismos, como a nível eco-
lógico, agindo intensamente no 
meio ambiente. 
Por exemplo, as bactérias lacto-
bacilos que produzem a enzima beta 
galactosidade que facilita a digestão 
da lactose aumentando a digestibili-
dade da lactose do leite que ingeri-
mos atuam no interior do organismo. 
As bactérias do gênero 
Rhizobium que são fixadoras de 
nitrogênio quando associadas às 
plantas da família das leguminosas, 
como o feijão e a soja, atuam no 
ambiente. Estas bactérias vivem 
em simbiose com as leguminosas, 
formam nódulos nas suas raízes, 
onde absorvem o nitrogênio do ar e 
com este sintetizam substâncias 
nitrogenadas que são utilizadas 
pela planta hospedeira. Esta tam-
bém colabora com as bactérias for-
necendo açúcares e outros com-
postos orgânicos a essas bactérias 
em seus nódulos.
Os micro-organismos decompo-
sitores da matéria orgânica morta 
têm fundamental importância na 
decomposição dos restos orgânicos 
que sobraram de seres que morre-
ram. Eles fazem também a decom-
posição das fezes dos animais, 
enfim, são de suma importância 
para a produção do húmus que fer-
tiliza o solo.
Porque devemos 
usar o processo 
aeróbico na 
compostagem?
A compostagem é um processo 
de biodegração, aeróbico e 
controlado, para a produção de 
húmus a partir de resíduos 
orgânicos.
Fundação Demócrito Rocha 11
A massa de micro-organismos 
vivos e mortos, presente em um 
composto, pode atingir 25% do seu 
peso total (Almeida, 1999). 
O composto orgânico é uma mis-
tura humificada, formada por cama-
das alternadas de material orgânico 
de diversas espécies, como folhas, 
mato capinado, bagaço de cana, 
palhas de milho, pó de café, casca 
de banana, frutas, verduras etc e 
por camadas de esterco fresco, cur-
tido ou líquido de qualquer animal. 
Chama-se composto porque é 
formado por uma mistura de mate-
riais que, quanto mais variados 
melhor é a qualidade do composto. 
A utilização do 
composto orgânico 
O composto orgânico vem sendo 
utilizado há milênios por agriculto-
res de todo o mundo, tendo valor 
reconhecido na melhoria da produti-
vidade dos solos e no aumento da 
disponibilidade de nutrientes para 
as plantas.
Quando incorporado ao solo, o 
composto atua nas suas proprieda-
des químicas, físicas e biológicas, 
trazendo inúmeros benefícios que 
resultam no aumento da produtivi-
dade vegetal. 
Dentre as principais vantagens 
no uso do composto orgânico 
podem-se citar:
 ■ Atua como fonte de macronu-
trientes (nitrogênio, fósforo, 
potássio, cálcio, magnésio e 
enxofre) e micronutrientes (man-
ganês, ferro, cloro, cobre, zinco, 
cobalto, boro e molibdênio). 
 ■ Corrige o pH, exercendo efeito 
tampão nos solos ácidos, pois 
aumenta de 10 até 15 vezes a 
capacidade de troca catiônica, 
pela sua elevada área de super-
fície de contato. 
 ■ Exerce importante função na sinte-
tização dos nutrientes para formas 
mais assimiláveis pelas plantas.
 ■ Exerce efeito controlador sobre 
muitas pragas de plantas. 
 ■ Favorece as condições físicas 
dos solos, como a aglutinação e 
a estabilidade dos agregados. 
 ■ Exerce função protetora e atua 
como fonte de nutrientes para os 
micro-organismos do solo. 
 ■ Aumenta a capacidade de reten-
ção de água e a permeabilidade 
do solo.
 ■ Reduz os efeitos da erosão e 
das suas consequências. 
Aumenta a trabalhabilidade do 
solo, através da descompactação 
do mesmo. 
O composto orgânico mineraliza-
se lentamente, liberando, gradativa-
pH: é uma escala de medida 
que varias de 0,01 a 14 e serve 
para determinar se uma 
substância é ácida, básica ou 
neutra. pH de 0,01 a 6,99 é 
ácido; 7,00 é neutro; de 7,01 a 
14,00 é básico.
Troca catiônica: é o fenômeno 
de troca de íons no solo em que 
os cátions retidos no solo 
podem ser substituídos por 
outros cátions vitais para o 
desenvolvimento dos seres 
vivos. Os principais cátions 
envolvidos nesta troca são 
sódio, cálcio e magnésio.
A duração dos efeitos benéficos 
do composto depende, 
principalmente, do clima da 
região. Quanto mais quente for 
a temperatura, mais rápidas 
serão a mineralização do 
composto e a necessidade de 
reaplicação do mesmo.
Explique 
o que é pH?
12 Formação para o trabalho compostagem e minhocultura
mente, os nutrientes para as plan-
tas. Recomenda-se aplicar o com-
posto recém-preparado antes do 
preparo do solo para o plantio, 
incorporando-o até a uma camada 
de 15 cm de profundidade, onde o 
crescimento radicular é mais inten-
so. Desta forma, evita-se a perda 
de nutrientes por erosão e por vola-
tilização aproveitando-se, ao máxi-
mo, os benéficos do composto. 
Outra forma de aplicação do com-
posto, principalmente em pequenas 
quantidades, é a sua aplicação dire-
ta nas covas das culturas perenes 
ou nos sulcos de plantio. 
Deve-se adequar a quantidade 
de composto à área a ser corrigida. 
Se o agricultor possui baixo poten-
cial de produção e a área a ser 
corrigida é grande, ele deve corrigir 
a área aos poucos, pois a aplicação 
de pequenas quantidades em gran-
des áreas dilui o efeito do compos-
to, tornando-o ineficiente. 
De modo geral, quanto mais 
pobre for o solo, maior deverá ser a 
dose aplicada de composto. Assim, 
recomendam-se: 
 ■ Cerca de 10 t/ha para solos “fér-
teis” ou seja, 1 kg/m². 
 ■ No mínimo 30 t/ha para solos 
pobres e degradados, corres-
pondendo a 3 kg ou mais por 
metro quadrado.
Lixo Domiciliar
Cerca de 65% do lixo domiciliar no 
Brasil é constituído de matéria orgâ-
nica. A compostagem desse mate-
rial, além de eliminar vários proble-
mas sanitários e ambientais relacio-
nados ao lixo, resulta na produção 
de grandes quantidades de húmus.
Atualmente, várias usinas de com-
postagem estão sendo criadas para o 
tratamento do lixo urbano, sendo o 
húmus produzido aplicado em diver-
sas atividades, tais como: Horticultura; 
Fruticultura; Produção de grãos; 
Parques e jardins; Reflorestamento; 
Projetos paisagísticos; Horto e produ-
ção de mudas; Recuperação de 
solos degradados; Controle de ero-
são; Proteção de encostas e talu-
des; Cobertura de aterros; Campos 
de futebol etc. 
Infelizmente, os compostos resul-
tantes das usinas de compostagem 
de lixo podem estar contaminados 
por produtos químicos. Apesar das 
elevadas temperaturas decorrentes 
do processo matarem todos os 
micro-organismos patogênicos e a 
peneiração do composto retirar o 
que resta de partículas sólidas, tais 
como vidros e metais, alguns poluen-
tes químicos podem permanecer no 
húmus produzido.
Considerando-se que, hoje, cada 
pessoa produz 1 kg de lixo por dia e 
que mais da metade deste lixo é 
orgânico, as usinas de reciclagem e 
compostagem de lixo contribuiriam, 
sobremaneira, para a melhoria da 
qualidade de vida da população e 
para a conservação do meio 
ambiente se fosse incentivada a 
coletas seletiva de lixo.
Manejo orgânico 
e efeitos cumulativosO agricultor, quando decide fazer 
manejo orgânico do solo, no qual a 
compostagem ocupa papel essen-
cial, deve estar consciente de que 
os seus efeitos benéficos sobre as 
propriedades do solo são cumulati-
vos e não imediatos. 
Deve, pois, esperar respostas 
crescentes, ao longo do tempo, em 
função dos cuidados e das atenções 
dispensadas para o aumento do 
potencial de produção do solo, levan-
do em consideração os recursos 
naturais existentes na propriedade. 
Quase toda a matéria orgânica 
pode ser decomposta, servindo de 
adubo orgânico para as plantas ou 
como alimento para as minhocas, 
que a transformarão em húmus.
Resumo 
da lição
•	Na	compostagem	a	biodegradação	é	
realizada	de	forma	aeróbica	pelos	
micro-organismos.
•	Na	compostagem	os	compostos	orgâni-
cos	fornecem	os	macronutrientes	e	
micronutrientes.
•	A	importância	das	usinas	de	composta-
gem	no	processamento	do	lixo	domiciliar.
•	O	manejo	orgânico	do	solo	e	seus	efeitos	
cumulativos.
Qual a função das 
minhocas na 
formação do húmus?
Fonte: Mudanças Climáticas e Desenvolvimento 
Sustentável, p.261
Aterro Sanitário
Fundação Demócrito Rocha 13
Fatores que influenciam 
na compostagem
Lição 3
P
ode-se definir a compostagem 
como a bioestabilização aeróbi-
ca de matéria orgânica de ori-
gens vegetal e animal, dirigida 
e controlada, até atingir um índice 
de pH entre 6,8 e 8,0 e um coefi-
ciente de C/N (carbono/nitrogênio) 
de 8/1 a 12/1. 
Para a utilização correta da 
matéria-prima a ser compostada é 
importante ter informações a res-
peito do seu coeficiente de C/N. O 
coeficiente ideal para uma decom-
posição rápida e eficiente fica 
entre 60/1 a 80/1, como média dos 
componentes a serem estabiliza-
dos na compostagem. 
Alguns materiais, como a casca 
de arroz, a serragem de madeira ou 
a folha da carnaúba, são mais resis-
tentes à compostagem devido ao 
elevado coeficiente de C/N. 
O conhecimento da relação car-
bono/nitrogênio dos materiais a 
serem utilizados auxilia muito no 
sucesso da compostagem. De 
modo geral, os materiais secos, 
duros e fibrosos levam muito mais 
tempo para se decomporem do 
que os materiais verdes e suculen-
tos, como o mato verde, a rama de 
feijão, os restos de frutas e verdu-
ras, etc. 
Portanto, o segredo da boa 
compostagem é saber misturar 
materiais secos com materiais ver-
des e suculentos. 
Monte de compostagem
Por tratar-se de um processo 
biológico, a compostagem é 
influenciada por todos os fatores 
que afetam os micro-organismos 
destacando-se: umidade, 
oxigenação, temperatura, 
concentração de nutrientes, 
tamanho das partículas e pH.
De que depende 
o suceso da 
compostagem?
14 Formação para o trabalho compostagem e minhocultura
Relação Carbono/Nitrogênio de alguns 
materiais utilizados na compostagem 
Material
Relação/
Carbono/
Nitrogênio
Esterco de galinha 10 : 1 
Torta de mamona 10 : 1 
Folhas de mandioca 12 : 1 
Esterco de carneiro 15 : 1 
Esterco de gado 18 : 1 
Esterco de porco 18 : 1 
Folhas da bananeira 19 : 1 
Feijão de porco 19 : 1 
Feijão guandu 19 : 1 
Borra de café 25 : 1 
Crotalária juncea 26 : 1 
Polpa de sisal 27 : 1 
Palhada do feijoeiro 32 : 1 
Ramas da mandioca 40 : 1 
Bagaço da cana 44 : 1 
Cascas do café 53 : 1 
Capim santo 62 : 1 
Cascas do arroz 63 : 1 
Cascas da castanha de caju 74 : 1 
Capim mimoso 79 : 1 
Palhas de milho 112 : 1 
Serragem de madeira 865 : 1 
Dependendo do tipo de material 
utilizado e do tratamento dado ao 
composto, o material a ser compos-
tado pode estar nas seguintes fases: 
Composto imaturo: prejudicial 
às plantas. 
Composto semicurado: não causa 
danos às plantas, porém, não apre-
senta as propriedades ideais de 
um fertilizante orgânico. 
Composto curado humificado: 
apresenta propriedades físicas, 
químicas, bioquímicas e biológicas 
ideais de um fertilizante orgânico. 
Fundação Demócrito Rocha 15
Relação C/N nas diferentes fases da decomposição
Formato do composto 
A compostagem é feita, geralmente, 
distribuindo-se o material a ser com-
postado em montes de forma cônica, 
denominados “pilhas” ou em montes 
de forma prismática, denominados 
“leiras”. Como os processos físicos, 
químicos e biológicos são semelhan-
tes, tanto para a pilha quanto para a 
leira, utilizar-se-á neste manual, ape-
nas, o termo leira. 
Quando se faz o processo de 
compostagem corretamente temos 
que misturar a matéria orgânica com 
um aditivo que acelere o processo 
de decomposição. Esse aditivo pode 
ser palha de arroz, de trigo, mistura-
do também com terra entre outros. 
A partir daí são montadas pilhas 
com esse material com uma determi-
nada altura, largura e comprimento. 
Deve ser coberto para que atinja a 
temperatura ideal, e o pH preciso 
para que ocorra uma fermentação. 
Durante esse processo em horas 
determinadas e sincronizadas 
essas pilhas, que são chamadas de 
leiras, devem ser reviradas para 
que o processo atinja todo o mate-
rial sempre com a mesma tempera-
tura, com o mesmo pH; tudo isso 
para ter uma matéria final com qua-
lidade. Após o processo temos um 
material composto popularmente 
chamado de adubo.
Compostagem Orgânico Sólido
Fatores que influenciam 
na compostagem 
Umidade 
Os micro-organismos, como qual-
quer ser vivo, necessitam de água 
para viver, sendo o teor de umida-
de entre 40 e 60% apropriado na 
compostagem. 
Leira é quando se faz um monte 
onde se mistura esterco com 
palha de arroz, grama, capim 
cortado, folhas e restos 
de alimentos. Leiras são 
esses empilhamentos 
necessários utilizados no 
processo de compostagem.
Qual a umidade 
ideal para 
decomposição 
aeróbica?
16 Formação para o trabalho compostagem e minhocultura
Quando a umidade está abaixo de 
40%, a atividade microbiana se reduz 
até à estagnação do processo de 
decomposição. Por outro lado, umi-
dades acima de 60% fazem com que 
o excesso de água ocupe os espaços 
vazios (porosidade) do material, pro-
vocando situações de anaerobiose, 
onde a decomposição, além de ser 
mais lenta, exala odores desagradá-
veis, podendo atrair moscas. 
A umidade ideal para a decom-
posição aeróbica é de 55%, valor 
no qual o consumo de oxigênio atin-
ge os 100%. Em termos práticos, é 
quando, ao pegar o material do 
composto, sente-se que o mesmo 
está úmido, sem escorrer água 
quando comprimido. 
Consumo de oxigênio 
Quando a umidade atinge 65-70%, 
o consumo de oxigênio cai para 
25-30% podendo causar anaerobio-
se ou apodrecimento. Portanto, é 
melhor manter a umidade menor, 
porque se a umidade for inferior a 
55%, apesar da diminuição do con-
sumo de oxigênio com redução na 
velocidade de decomposição, não 
haverá o perigo do apodrecimento; 
apenas, gastará alguns dias a mais 
para a maturação. 
Percentual do consumo de oxigênio versus percentual de umidade
Se, após alguns dias da forma-
ção do composto, for constatada a 
presença de bolor branco, significa 
que a umidade está insuficiente, 
sendo necessário molhar a leira. 
Contudo, se aparecerem moscas e 
mau cheiro, significam que o com-
posto está muito molhado, faltando 
ar na leira, sendo preciso revirá-la.
Portanto, é importante molhar a 
leira, tanto na montagem quanto 
durante os reviramentos. Se o tempo 
estiver muito seco, deve-se molhar a 
leira, também entre os reviramentos, 
para manter a umidade. 
Reposição da umidade 
No caso da ocorrência de chuvas e 
ventos fortes, as leiras podem ser 
protegidas com folhas de bananeira, 
de coqueiro ou de carnaúba e se o 
terreno for inclinado, a leira deve ser 
montada no sentido da inclinação, 
para evitar represamento de água. 
Quando a compostagem encon-
tra-se nos estágios finais de decom-
posição dos resíduos, a sua capaci-
dade de retenção de águaé maior, 
necessitando de mais cuidados pois, 
nesta fase, é desejável que o com-
posto tenha o mais baixo teor de 
umidade possível (Peixoto, 1988). 
Os métodos mais comuns de 
extrair o excesso de umidade são: 
efetuar reviramentos intensivos 
ou, em dias quentes e ensolara-
dos, espalhar o material em terre-
no sombreado.
Leira protegida por uma árvore
Anaerobiose é quando o 
processo de decomposição da 
matéria orgânica ocorre na 
ausência de oxigênio.
É importante fazer as leiras 
embaixo de árvores que 
promovem sombreamento e 
protegem o composto do 
excesso de vento e sol.
Fundação Demócrito Rocha 17
Aeração 
O suprimento adequado de ar em 
todas as partes da leira é essencial 
para o fornecimento de oxigênio 
aos organismos e a retirada do gás 
carbônico produzido. 
A ausência de ar proporciona o 
desenvolvimento de micro-organis-
mos anaeróbios que realizam a 
decomposição bem mais lenta. 
Portanto, deve-se ter cuidado para 
não encharcar a leira, impedindo a 
passagem do ar. 
O tamanho da leira, a natureza 
do material, o tamanho das partícu-
las, o teor de umidade e o número 
de reviramentos influenciam, direta-
mente, na aeração do composto. 
A leira não deve ser nem peque-
na nem grande demais, pois, no pri-
meiro caso, há grande perda de 
umidade e calor e, no segundo, cor-
re-se o risco da compactação. A leira 
deve ter cerca de 1,50 m de altura x 
2,00 m de largura e comprimento 
variável, conforme a quantidade de 
material disponível. 
O tamanho das partículas do mate-
rial que irá formar a leira deve variar 
de 1 a 5 cm. Partículas menores pre-
judicam a aeração, enquanto que os 
tamanhos maiores diminuem a área 
de contato dos micro-organismos, pre-
judicando a retenção de calor e tor-
nando mais lenta a decomposição. 
A porosidade de aeração ideal 
fica entre 40 e 60%, sendo a ótima 
igual a 50%. Para se obter a porosi-
dade ideal, misturam-se materiais 
com volumes diferentes. Por exem-
plo: pedaços maiores de resíduos 
vegetais de baixo coeficiente C/N 
(pedaços de caule de bananeira, 
laranjas etc.) com palhas soltas, não 
compactadas. 
Manejo do composto 
Quando o composto vai ser utiliza-
do diretamente como adubo, empre-
gam-se materiais grosseiros; peda-
ços grandes de matéria orgânica, 
inclusive talos grossos de capins; 
Leira sem passagem de ar
pedaços grandes de cana etc., 
visando assegurar a porosidade de 
aeração por volta da ideal (50%). 
Quando o composto destina-se 
ao alimento de minhocas, convém 
sacrificar um pouco a porosidade 
de aeração inicial, não usando 
pedaços grandes, especialmente 
os de C/N elevado (talos de capim, 
cana etc.), os quais deverão ser tri-
turados antecipadamente. Caso isto 
não seja possível, deve-se procurar 
homogeneizar bem o composto, uti-
lizando a enxada para diminuir o 
tamanho das partículas, durante o 
reviramento da leira. 
Para favorecer a aeração nas 
leiras de compostos, pode-se adotar 
as seguintes medidas: 
 ■ Montar as leiras sobre pedaços 
de madeiras (troncos, galhos, 
estrados, bambus etc.). 
 ■ Usar tubos respiratórios, inseridos 
nas leiras ou canais feitos com 
bambus que, após serem retira-
dos, deixam orifícios em vários 
locais da leira.
 ■ Fazer aeração forçada no interior 
da leira, utilizando sistemas mais 
simples de ventilação ou equipa-
mentos especiais, em usinas de 
compostagem de grande porte. 
 ■ Fazer reviramentos periódicos, 
pois o reviramento, além de 
proporcionar arejamento efi-
ciente, homogeneíza o material, 
permitindo melhor ação dos 
micro-organismos.
Formas de reviramento da massa de compostagem 
Qual a importância 
da aeração?
Que medidas 
favorecem a 
aeração nas leiras?
18 Formação para o trabalho compostagem e minhocultura
Temperatura 
A temperatura constitui-se em um 
dos fatores mais indicativos da efici-
ência do processo de composta-
gem, sendo especialmente impor-
tante monitorar esse fator durante a 
fase inicial da compostagem. 
Desde que o ambiente “ecológi-
co” da leira apresente condições 
satisfatórias de umidade, aeração e 
nutrientes, a elevação da temperatu-
ra pode ser percebida em um perío-
do de 12 a 24 horas após a monta-
gem da leira. Isto acontece devido à 
decomposição da matéria orgânica 
pelas bactérias aeróbicas, gerado-
ras de calor, que causam o “esquen-
tamento” do composto. 
O processo de compostagem 
envolve, necessariamente: 
 ■ A primeira fase, termofílica, carac-
teriza-se pela elevação da tempe-
ratura e o desprendimento de 
gases, devendo-se, nesta fase, 
exercer o controle da temperatu-
ra, para valores na faixa de 45 a 
65 ºC. Neste processo são destru-
ídos, pelo calor, todos os organis-
mos patogênicos e as sementes 
presentes no composto. 
 ■ A segunda fase, mesofílica, que 
perdura por 30 a 60 dias, carac-
teriza-se pela redução da tempe-
ratura para valores inferiores a 
45 ºC, acontecendo a maturação 
e a cura do composto. 
O processo de compostagem 
envolve necessariamente duas fases 
distintas, sendo a primeira de degra-
dação ativa e a segunda de matura-
ção ou cura onde ocorre a humifica-
ção da matéria orgânica previamente 
estabilizada na primeira fase. A tem-
peratura do processo deve permane-
cer menor que 45 ºC. O composto 
orgânico curado apresenta cheiro de 
terra e cor marrom.
(Fonte: Pereira Neto, 1996) 
A manutenção de temperaturas 
termofílicas (45-65 ºC) controladas, 
na fase de degradação ativa, é um 
dos requisitos básico da composta-
gem. Somente por meio deste con-
trole, pode-se conseguir o aumento 
da eficiência do processo, ou seja, 
o aumento da velocidade de degra-
dação e a eliminação dos micro-
organismos patogênicos. 
Entretanto, as temperaturas 
acima de 65 ºC devem ser evitadas 
por causarem a eliminação dos 
micro-organismos mineralizadores, 
Termofílica: refere-se a 
organismos como bactérias que 
precisam de uma temperatura 
acima de 45 ºC que é maior 
que a temperatura ambiente 
para crescer e viver.
ºC: é o simbolo 
de grau Celsius.
Mesofílica: é quando as 
bactérias crescem melhor em 
temperaturas moderada ou seja 
entre 25 a 45 ºC.
Cura: que foi exposto ao ar 
seco ou foi seco ao sol 
ou pelo calor.
Para controlar a temperatura da 
compostagem deve-se revirar a 
leira e regá-la, porém, sem 
encharcar o material.
Porque devemos 
evitar temperaturas 
acima de 65 ºC 
no proceso de 
compostagem?
Fundação Demócrito Rocha 19
responsáveis pela degradação dos 
resíduos orgânicos. O valor médio 
ideal da temperatura nos processos 
de compostagem é de 55 ºC. 
Para o controle da temperatura, 
usa-se um termômetro ou, caso não 
seja possível, coloca-se uma vara 
de metal (pedaço de vergalhão ou 
outro) na pilha, deixando-a, pelo 
menos, 12 horas. Após este perío-
do, retira-se a vara e coloca-se a 
mão na parte que estava enterrada 
na pilha; se não aguentar segurar 
por muito tempo, a temperatura 
está acima da ideal. 
Influência da temperatura na compostagem
Controle da temperatura
Uma pilha com cerca de 1,50 a 
1,80 m de altura, 2,00 a 3,00 m de 
largura e comprimento variável, pro-
porciona condições ideais para o 
aumento do calor. Leiras muito 
pequenas não esquentam, porque 
não conseguem guardar calor e o 
aquecimento é uma das fases mais 
importantes da compostagem. 
A temperatura atingida pela fer-
mentação sofre influência direta 
do tamanho das partículas, do 
teor de umidade, da aeração, do 
tipo e quantidade de resíduos pre-
Que fatores 
influênciam a 
temperatura atingida 
pela fermentação?
20 Formação para o trabalho compostagem e minhocultura
sentes, da relação C/N, da pre-
sença de micro-organismos e da 
temperatura ambiente.
Concentração de nutrientes 
A intensidade da atividade microbio-
lógica dosmicro-organismos decom-
positores nos processos de compos-
tagem está estritamente relacionada 
à diversificação e concentração dos 
nutrientes. Quanto mais diversifica-
dos forem os resíduos orgânicos 
que compõem a massa da compos-
tagem, mais diversificados serão os 
nutrientes e, consequentemente, a 
população microbiológica. Esses 
fatores, portanto, resultarão em 
maior eficiência do processo. 
Dentre os nutrientes usados pelos 
micro-organismos, dois são de extre-
ma importância: o carbono e o nitro-
gênio, cujas concentrações afetam o 
desenvolvimento do processo. Por 
isso, estes dois elementos são con-
siderados fatores limitantes no pro-
cesso de compostagem. 
Tamanho das partículas 
O tamanho médio das partículas de 
matéria orgânica que compõem a 
massa de compostagem também 
exerce grande influência no tempo 
de compostagem. Antes da monta-
gem da leira, os resíduos devem ser 
submetidos à uma correção do 
tamanho das partículas, o que favo-
rece vários outros fatores, tais como: 
 ■ Homogeneização da massa de 
compostagem. 
 ■ Melhoria da porosidade. 
 ■ Menor compactação. 
 ■ Maior capacidade de aeração. 
Na prática, o tamanho das partícu-
las da massa de compostagem deve 
situar-se entre 1 a 5 cm. Caso não se 
disponha de um triturador, uma tritu-
ração parcial pode ser feita com a 
enxada, durante os reviramentos. 
pH 
O pH dos resíduos orgânicos no 
início da compostagem, geralmen-
te, é levemente ácido, ou seja, com 
valores entre 5 e 6. A produção de 
ácidos orgânicos, entretanto, pode 
provocar um rápido decréscimo 
nesses valores. 
Em poucos dias, contudo, ocorre 
a recuperação rápida, atingindo 
Qual os dois 
nutrientes mais 
importantes para os 
micro-organismos no 
processo de compostagem?
Fundação Demócrito Rocha 21
valor em torno de sete, que perma-
nece até o final do processo. Como 
a faixa ótima do pH para a maioria 
dos micro-organismos está entre 
6,5 e 8,0, a compostagem, se bem 
conduzida, não apresenta proble-
mas para o controle de pH. 
Variação do pH na leira durante a compostagem 
A capacidade de controlar o pH 
possibilita a utilização do composto 
orgânico na correção dos solos ácidos.
O pH da leira pode ser um pro-
blema, quando se faz a compos-
tagem utilizando somente resídu-
os que mantenham o pH abaixo 
de 6,5. Neste caso, há necessida-
de de se adicionar calcário, de 
modo a elevar o pH e, assim, pro-
mover melhor desenvolvimento 
dos micro-organismos. 
Micro-organismos 
Dentre as espécies de micro-orga-
nismos que participam dos proces-
sos de compostagem, destacam-
se as bactérias, os fungos e os 
actinomicetos. Deste grupo, preva-
lecem os micro-organismos aeróbi-
cos, os facultativos, os termófilos e 
os mesófilos. 
As bactérias são responsáveis 
pela quebra inicial da matéria orgâ-
nica, o que gera a liberação de 
calor na compostagem. 
Do ataque dos micro-organismos 
à matéria orgânica resulta a libera-
ção de elementos químicos impor-
tantes, como o nitrogênio, o fósforo, 
o cálcio e o magnésio, os quais dei-
xam a forma imobilizada (grandes 
cadeias), para passarem à forma de 
nutrientes minerais (mineralizada), 
disponíveis às plantas e aos demais 
micro-organismos. 
Cuidados no uso de estercos e 
outros materiais
 ■ Os diversos estercos bovino, 
caprino, suíno, equino, de gali-
nha e de frango são comumente 
chamados de “adubo”, indepen-
dentemente do estado biológico, 
químico, “verde”, “velho”, “quen-
te” ou “frio”. A prática no uso 
destes materiais não estabiliza-
dos pode causar prejuízos sérios 
no campo e no jardim. Outros 
materiais, tais como “bagana”, 
palha de carnaúba e casca de 
arroz são também, erroneamen-
te, chamados de “adubo”. Na 
Qual a função 
do calcário no
 controle do pH?
Os actinomicetos são bactérias 
Gram-positivo que têm 
organização filamentosa, 
ocorrem amplamente no solo, 
onde desempenham relevante 
papel biológico e degradam 
substâncias normalmente não 
decompostas pelas populações 
de fungos e outras bactérias, 
como celulose, hemiceluloses, 
fenóis, quitina, queratina, 
ligninas e húmus.
22 Formação para o trabalho compostagem e minhocultura
verdade, estes materiais apre-
sentam elevadíssimo coeficiente 
de C/N (800 à 1.000/l), podendo 
causar carência de nitrogênio 
para as plantas. 
 ■ O esterco de curral contém semen-
tes de ervas daninhas, fungos, 
pragas e doenças, que só serão 
eliminados no percurso de uma 
boa compostagem, controlada 
e dirigida. 
 ■ A eliminação dos organismos 
patogênicos é função da tempe-
ratura e do tempo de exposição. 
 ■ As altas temperaturas, por curto 
período ou as baixas temperatu-
ras, por longo período são igual-
mente eficientes. 
 ■ As temperaturas entre 55 e 60 ºC, 
por um ou dois dias, são letais 
para todos os vírus patogênicos, 
bactérias, protozoários (inclusive 
cistos) e ovos de helmintos. 
Destruição de patogênicos 
A destruição dos agentes patogêni-
cos ocorre:
 ■ Pela temperatura. 
 ■ Pelos antibióticos formados na 
compostagem. 
 ■ Por serem digeridos pelos micro-
organismos que decompõem a 
matéria orgânica. 
 ■ Pelo revolvimento. 
Importância da água
A utilização de água não tratada é 
essencial na compostagem. Ela 
deve ser natural, sem tratamento, 
podendo, até certo ponto, ser 
salobra ou alcalina, sem maiores 
consequências. 
Água tratada contém cloro e 
outros agentes químicos que elimi-
nam todos os micro-organismos, 
inclusive os que realizam a decom-
posição da matéria orgânica. 
Conclusão
Nenhum material isolado confere 
características físicas, químicas e 
biológicas tão equilibradas quanto a 
matéria orgânica estabilizada, 
decomposta e humificada, cumprin-
do, de maneira integral, os seus 
muitos benefícios às plantas e ao 
condicionamento dos solos. 
O húmus pode ser definido 
como o produto mais estável 
nas transformações das 
substâncias orgânicas.
Resumo 
da lição
•	O	material	a	ser	compostado	
passa	pelas	seguintes	fases:	
composto	imaturo,	semicurado,	
curado	humificado
•	O	formato	do	material	na	com-
postagem,	pode	ser	em	mon-
tes	de	forma	cônica,	ou	pris-
mática,	denominados	“leiras”.
•	Os	principais	fatores	que	
influenciam	a	compostagem	
são:	umidade	e	sua	reposição,	
consumo	de	oxigênio,	aera-
ção,	manejo	do	composto,	
temperatura,	tamanho	das	
partículas,	variação	do	pH	e	
microrgnismos.
•	A	importância	dos	micro-orga-
nismos	e	do	coeficiente	de	C/N	
(Carbono/Nitrogênio)	na	degra-
dação	da	matéria	orgânica.	
Fundação Demócrito Rocha 23
Lição 4
P 
rovavelmente, há tantas recei-
tas do modo de preparar o com-
posto quantos são os agriculto-
res que o preparam: cada um 
tem o seu jeito; mesmo porque, a 
disponibilidade e a variedade de 
materiais disponíveis também variam 
de uma para outra preparação. 
O princípio é aproveitar todos os 
restos orgânicos que sobram no 
sítio, na fazenda ou em casa. Se 
possível, deve haver equilíbrio 
entre o uso de esterco animal e o 
de resíduos orgânicos. Isto garante 
uma boa relação entre o carbono e 
o nitrogênio produzidos. É reco-
mendado na preparação da com-
postagem que 30% do material 
seja de esterco animal e 70% de 
resíduos orgânicos.
Esterco animal
 ■ Esterco de aves de granjas
 ■ Cama de frango (exceto 
casca de arroz)
 ■ Esterco bovino
 ■ Esterco de cavalo
 ■ Esterco de ovinos/caprinos. 
Resíduos orgânicos 
 ■ Restos de culturas e jardins
 ■ Restos agroindustriais
 ■ Lixo orgânico
 ■ Resíduos da indústria pesqueira. 
Importância dos estercos
Os estercos animais são os forne-
cedores de nitrogênio e de micro-
organismos que vão decompor os 
restos vegetais de difícil fermenta-
ção espontânea.
Além dos restos vegetais e ani-
mais, é bom enriquecer o compos-
to com fósforo e calcário, a fimde 
melhorar as condições para os 
micro-organismos atuarem na 
decomposição da matéria orgâni-
ca. Para uma pilha de 2 x 5 m, usa-
se 100 kg de fosfato de rocha e 
150 kg de calcário dolomítico. 
Outros materiais, como cinza, 
borra de café, tiborna e manipuei-
ra, também servem para enrique-
cer o composto. 
Manejo manual da leira
Para um manejo manual as medi-
das mais convenientes da pilha são: 
 ■ Largura: 2 a 3 metros. 
 ■ Altura: 1,60 a 1,80 metros. 
 ■ Comprimento: 5 a 10 metros. 
Preparando a leira 
de composto 
 ■ Para iniciar a pilha, demarca-
se, primeiro, as suas medidas 
de comprimento e altura, utili-
zando quatro estacas e coloca-
se uma camada com, aproxima-
damente, 30 a 40 cm de mate-
rial seco e bastante solto, para 
estimular aeração. 
 ■ Em seguida, coloca-se uma 
camada de esterco (de preferên-
cia não curtido) de, aproximada-
mente, 5 a 10 cm e molha-se tudo 
por igual (50% de umidade), antes 
de colocar a camada seguinte. 
Mas, com cuidado para não 
encharcar a leira e nem usar 
água tratada. Querendo, pode-se 
usar um ciscador para apressar e 
homogeneizar o umedecimento. 
Preparo do composto
Qual o percentual 
de esterco animal 
ideal para preparação 
do composto?
Três pessoas, com prática, 
fazem uma leira, de dois por 
cinco metros, em quatro horas.
24 Formação para o trabalho compostagem e minhocultura
 ■ Depois de molhada a segunda 
camada, coloca-se a terceira 
camada de resíduos vegetais, se 
possível, verde ou úmido, restos 
de cultura, restos de frutas, lixo 
orgânico fresco, restos de ali-
mentos que foram industrializa-
dos como cascas de banana, 
capim ou cana verde triturados, 
caule de bananeira (pedaços de 
até 15 cm), etc. Essa camada 
pode variar de 10 a 30 cm e 
basta uma simples regada para 
manter a sua umidade. 
 ■ Novamente cobre-se a matéria 
orgânica com outros 10 a 15 cm 
de esterco animal e umedece-
se, por igual. 
 ■ Repete-se esta sequência, inter-
calando resíduos vegetais secos 
e verdes, até atingir um mínimo 
de 1,60 m de altura.
 ■ Na compostagem deve-se evitar 
o uso de esterco de curral prove-
niente de propriedades rurais que 
utilizem herbicidas nas pastagem.
Organização da Leira 
Preparação do composto 
Pode-se tornar o processo da com-
postagem mais eficiente preparan-
do-se e utilizando-se um inoculante, 
que é um meio enriquecido com bac-
térias, para acrescentar ao esterco. 
O inoculante pode ser preparado 
em um tambor ou anel de cimento, 
da seguinte maneira: 
Ingredientes: 
 ■ 100 litros de água. 
 ■ 5 litros de cinza. 
 ■ 60 litros de esterco fresco.
 ■ 5 litros de terra de curral ou urina 
de animal. 
Mexe-se a mistura 2 vezes por 
dia e, após 5 a 7 dias, o inoculante 
estará pronto para ser acrescenta-
do às camadas do composto. 
Como acelerar a 
decomposição
Para acelerar o processo de decom-
posição da matéria orgânica na 
compostagem é necessário revirar 
o material do composto algumas 
vezes. Como regra geral, faz-se a 
primeira revirada após 15 dias; a 
segunda, com 25 dias; a terceira, 
com 35; e a quarta, com 45 dias. 
Retira-se a cobertura de palha e 
revira-se o composto (observando 
que a parte de cima deve ir para 
baixo e a parte de baixo para cima), 
adicionando-se água para manter a 
umidade ideal de 50%. Terminada a 
revirada, recoloca-se a cobertura. 
A cada revirada, estimula-se a 
propagação das bactérias e, conse-
quentemente, a elevação da taxa 
de consumo do carbono, o que 
causa o aumento da temperatura, 
sendo que, a cada subsequente 
revirada, a atividade das bactérias 
diminui até a estabilização. 
Estabilização do composto 
Quando ocorre a estabilização do 
composto, nota-se uma substancial 
queda na temperatura (até quase à 
temperatura ambiente) e o surgi-
mento de uma coloração escura. 
Neste momento, o composto está 
pronto para ser utilizado nas plantas 
ou como alimento para minhocas, 
que o transformarão em húmus. 
 ■ O húmus de minhocas, como 
adubo orgânico, é tido como até 
10 vezes mais eficiente do que 
qualquer composto. 
Após terminar a pilha, cobri-la 
com folhas secas de 
bananeiras, coqueiro ou 
carnaúba, tanto para manter a 
umidade quanto para proteger 
das chuvas fortes.
O que é 
inoculante?
Fundação Demócrito Rocha 25
 ■ Deve-se observar que “molhar” 
o composto quer dizer umede-
cer por igual. 
 ■ O uso de água não tratada é essen-
cial, pois o cloro pode matar os 
micro-organismos decompositores. 
 ■ Durante a revirada pode-se obser-
var o aparecimento de “cinzas” 
que, na verdade, são acúmulos 
de colônias de bactérias na 
imensa competição pelo consu-
mo do carbono. 
 ■ Essas camadas de bactérias, 
quando muito densas podem 
significar que a temperatura da 
pilha ultrapassou a temperatura 
ideal de 60 ºC e será necessário 
monitorar e corrigir a temperatu-
ra com o uso da água, ou revira-
mento do composto, evitando-
se a perda de nitrogênio; 
 ■ Desde a primeira camada, as 
paredes laterais da pilha devem 
ser mantidas na posição verti-
cal. Para conseguir isto, batem-
se as pontas dos dentes do cis-
cador nas paredes, acertando-
as, principalmente, nos quatro 
cantos da pilha. 
 ■ Tecnicamente, o composto esta-
rá humificado quando a relação 
C/N for cerca de 10:1; ou seja, 
depois de permanecer por algum 
tempo no estádio termófilo e um 
longo período no estádio mesófi-
lo, apresenta-se com a cor escu-
ra, leve, solto, com aparência de 
borra de café e com o cheiro 
característico de terra preta. 
 ■ Outra maneira de confirmar se o 
composto está pronto é colocan-
do-se nele uma pequena quanti-
dade de minhocas; se após 30 
minutos as minhocas não fugi-
rem, significa que o composto 
está curado. 
Minicomposteiras
Se a quantidade de matéria orgânica 
que se dispõe não é suficiente para 
formar uma leira ou uma pilha de 
compostagem, não se deve desistir. 
Utilizam-se os princípios ensinados 
para fazer uma mini compostagem, 
dentro de um engradado sem fundo 
ou mesmo em um canto sombreado 
do quintal.
Diferentes tipos 
de composteiras
A figura mostra alguns tipos de 
composteiras mais utilizadas.
Minicomposteiras (Fonte: Peixoto, 1988) 
Escolha do local 
Na escolha do local para fazer o 
composto deve-se ter em mente 
alguns itens, quais sejam: 
 ■ Culturas a serem beneficiadas. 
 ■ Quantidade e tipo de resíduos 
orgânicos disponíveis. 
Explique como 
confirmar se o 
composto está pronto.
26 Formação para o trabalho compostagem e minhocultura
 ■ Quantidade do composto a ser 
produzida. 
 ■ Coleta e armazenamento de 
resíduos. 
 ■ Época do ano (seca ou chuvosa). 
 ■ Transporte dos resíduos e do 
composto.
 ■ Local a ser aplicado. 
 ■ Disponibilidade de água. 
 ■ Declividade e drenagem do 
terreno.
Fazer a compostagem junto aos 
sistemas de criação dos animais 
semi-confinados ou confinados tem 
vantagens e desvantagens. 
As vantagens são as seguintes:
 ■ Facilidade de acesso à água. 
 ■ Redução no transporte do esterco 
e/ou da cama de animais. 
 ■ Melhor acompanhamento do 
processo. 
 ■ Melhor aproveitamento da mão 
de obra. 
As desvantagens mais significa-
tivas são:
 ■ Maior necessidade de transpor-
te do composto para distribui-
ção no campo. 
 ■ Aumento da distância para a cole-
ta dos resíduos vegetais (restos 
de debulha das culturas, roçadas, 
capinas de cordão vegetal etc.). 
Note-se que, em ambos os casos, 
o item transporte está presente. 
Entretanto, o item de maior importân-
cia é a disponibilidade de água, pois, 
sem ela, nenhum organismo sobrevi-
ve e a sua falta, na formação do com-
posto, interrompe todo o processo de 
decomposição dos resíduos. 
Portanto, o preparo do com-
posto próximo a qualquer fonte de 
água (olho d’água, rio, lago, depó-sito d’água etc.) é mais apropria-
do. Devemos montar as leiras em 
locais que possuam as seguintes 
características:
 ■ Protegidos contra o vento e a 
insolação. 
 ■ Não sujeitos a enxurradas.
 ■ Com boa drenagem, para não 
permitirem que a água emposse. 
 ■ Com certa declividade, devendo 
as leiras serem construídas com 
o comprimento no sentido da 
queda do terreno, fazendo-se, 
também, canaletas em sua volta. 
 ■ As ervas daninhas que estive-
rem próximas às leiras de com-
postagem devem ser controla-
das, pois podem infestar o com-
posto com as suas sementes, 
principalmente se favorecidas 
pelos ventos. 
É aconselhável fazer as leiras 
sempre no mesmo local, pois o solo 
abaixo delas terá populações cada 
vez maiores de micro-organismos, 
minhocas, pequenos insetos etc., faci-
litando, portanto, a entrada dos mes-
mos nas leiras recém-construídas. 
Coleção de Água Lagoa
Geralmente, a primeira ideia 
que ocorre é a de se fazer a 
compostagem junto à criação de 
animais ou ao local onde será 
aplicado o composto.
Quais as 
vantagens de fazer a 
compostagem junto 
aos sistemas de 
criação dos animais?
Porque é 
aconselhável fazer 
as leiras sempre 
no mesmo local?
Resumo 
da lição
•	No	preparo	do	composto	deve-
mos	usar	todos	os	restos	orgâ-
nicos	existentes	no	sítio,	
fazenda	ou	casa.	
•	Os	principais	materiais	utiliza-
dos	na	fabricação	da	leira	são:	
esterco	animal,	resíduos	orgâ-
nicos	e	água.
•	Para	acelerar	a	decomposição	
da	matéria	orgânica	é	neces-
sário	revirar	o	material	do	com-
posto	e	sua	estabilização	ocor-
re	com	a	queda	da	temperatu-
ra	na	leira.
Fundação Demócrito Rocha 27
Lição 5
S
egundo Pereira Neto (1996), 
os principais problemas da 
compostagem e as suas cau-
sas e soluções podem ser 
resumidos nas seguintes tabelas. 
Durante a fase de 
degradação ativa
Problemas Possíveis Causas Medidas a Serem Tomadas 
A leira demora 
mais do que 5 dias 
para esquentar, ou 
seja, para atingir 
temperaturas entre 
50 a 65 ºC.
Material muito seco. Adicionar água à massa de compostagem e manter a umi-dade a 55%.
Material com excesso 
de umidade.
Adicionar à massa de compostagem um composto matura-
do seco, terra vegetal seca ou material palhoso seco.
Material rico em carbono.
Adicionar material nitrogenado, tais como, grama, lodo 
de esgoto, esterco de animal, frações orgânicas do lixo 
urbano, etc.
Material rico em nitrogênio. Adicionar material carbonáceo, como folhas secas, capim seco e outros (obs.: nunca adicionar serragem).
Material muito compactado
Adicionar material que provoque porosidade na massa de 
compostagem, tais como, cavaco de madeira, palha de 
vegetais etc.
Baixa atividade microbiológica
Adicionar à massa de compostagem uma certa quantidade 
de matéria orgânica de lixo ou de esterco, promovendo 
mistura criteriosa desses materiais.
Leira preparada sob temperatu-
ra excessivamente alta 
(> 78 ºC).
Revirar a massa de compostagem, corrigir a umidade e 
modificar a configuração geométrica da leira. Seguir o ciclo 
correto de reviramento.
Queda de tempe-
ratura da leira 
após curto período 
de aquecimento.
Material muito molhado ou 
muito compactado 
(sem porosidade).
Seguir os procedimentos anteriores.
Ciclo de reviramento muito 
longo, baixo teor de oxigênio na 
massa de compostagem.
Seguir o ciclo correto de reviramento.
Principais problemas da 
compostagem causas e soluções
continua
Compostagem deriva 
da palavra composto.
28 Formação para o trabalho compostagem e minhocultura
Problemas Possíveis Causas Medidas a Serem Tomadas 
Registro de tempe-
ratura excessiva da 
massa de compos-
tagem.
Material bem balanceado, rico em 
carbono e facilmente degradável.
Modificar a configuração geométrica da leira de composta-
gem, aumentando a área superficial da mesma.
Queda gradual de 
temperatura na 
fase ativa após 
30-60 dias.
Exaustão do carbono disponí-
vel, fim do substrato.
Verificar se a umidade, a oxigenação, a porosidade e a 
configuração geométrica são satisfatórias. Em caso afirma-
tivo, levar a leira para o pátio de maturação.
Emissão de maus 
odores da leira de 
compostagem.
Tamanhos de partículas muito 
grandes
Promover a quebra do material durante o reviramento 
com auxílio de um enxadão amolado. Cobrir a leira com 
uma camada de 15 cm de composto maturado (50% de 
umidade). Caso não seja possível, efetuar a prévia tritu-
ração do material.
Volatilização da amônia (NH3) 
devido à alta temperatura (> 65 ºC) 
e ao pH alcalino (> 7,5)
Revirar a massa de compostagem e modificar a configura-
ção geométrica para obter menores temperaturas.
Anaerobiose devido ao excesso 
de umidade.
Adicionar composto maturado seco à massa de compos-
tagem e cobrir a leira com uma camada de 15 cm de 
composto maturado.
Anaerobiose devido ao longo 
ciclo de reviramento. Seguir o ciclo correto de reviramento.
Produção e libe-
ração de chorume 
da leira de com-
postagem
Excesso de umidade da massa 
de compostagem. Seguir o processo anterior e lavar a área afetada do pátio.
Aumento de umi-
dade das pilhas no 
período chuvoso
Anaerobiose devido ao excesso 
de umidade e produção 
de chorume
Manter as leiras operando com umidade mínima (45%) e 
cobri-las com composto maturado seco.
Atração de mos-
cas e mosquitos 
nas pilhas de 
compostagem 
Excesso de umi-
dade da massa 
de compostagem
Material fresco em putrefação 
(leira molhada)
Cobrir a leira com uma camada de 15 cm de composto 
maturado durante os primeiros 10 dias
Anaerobiose da massa de com-
postagem por excesso de umi-
dade ou por falta de oxigenação
Seguir as medidas citadas anteriormente.
continuação
Fundação Demócrito Rocha 29
Durante a fase de maturação
Problemas Possiveis causas Medidas a serem tomadas
A leira registra alta tempera-
tura (50-60 ºC) no pátio de 
maturação
Presença de pouca quantidade de 
material ativo: a leira permanece 
quente por, apenas, 5 a 8 dias
Deixar a pilha em repouso para que a matura-
ção se processe normalmente e a temperatura 
caia para a faixa mesofílica (< 45 °C).
Presença de grande quantidade de 
material ativo: o material não está 
completamente degradado como 
deveria
Continuar o processo de compostagem (fase 
ativa) até que a temperatura permaneça na fase 
mesofílica.
1ª fase da compostagem malfeita, 
processo mal operado
Compostar o material com as recomendações 
sugeridas.
Emissão de odor, atração 
de vetores (fatos que jamais 
deverão ocorrer na fase de 
maturação)
Controle precário na primeira fase 
do processo
Continuar o processo de degradação caso 
sejam registrados picos de temperaturas termo-
fílicas.
Material continua com alta 
contagem de patógenos 
(>10² col/g) ou alta relação 
C/N (>18 : 1)
Temperatura e concentração dos 
nutrientes inadequadas
Prolongar o período de maturação caso a tem-
peratura esteja na fase mesofílica (< 45 ºC) até 
que os parâmetros se normalizem: C/N < 15 e 
patógenos < 10² col/g.
Geração espontânea de 
vegetação nas pilhas de 
maturação
Colonização de sementes por pás-
saros, vento, etc... Retirar toda e qualquer vegetação das pilhas.
Colonização emergente do próprio 
material (controle precário na 2ª fase 
do processo) Ex: ervas daninhas
Não utilizar o material em atividades agrícolas 
nobres (hortas, jardins etc.) e retorná-lo, parcial-
mente, para as leiras novas.
Fonte: Pereira Neto, J.T., 1996. 
gatos e cães é porque foram coloca-
dos materiais impróprios como carne, 
peixes, ossos ou molho, que não 
devem ser adicionados aos monte de 
compostagem e para evitar moscas 
adicione uma pequena cobertura de 
solo ou restos de materiais secos.
A compostagem pode ser uma 
das soluções da humanidade para 
umdos seus maiores problema que 
é a excessiva produção de lixo. Ela 
pode ser usada na reclicagem da 
fração orgânica do lixo. O processo 
acelera a decomposição que se dá 
em melhores condições, ocorrendo 
a estabilização da matéria orgânica, 
que na natureza se dá em prazo 
indeterminado, visto que depende 
de vários fatores.
As tabelas mostrada anteriormen-
te descrevem tudo que é preciso ser 
feito na compostagem durante a fase 
de degradação ativa e de maturação, 
com relação as dificuldades que 
apresentam, suas causa e medidas 
necessárias que devem ser adotadas 
para sanarmos todos os problemas.
Um dos problemas mais frequen-
tes na compostagem é o cheiro a 
ovos podre que ocorre quando a 
leira está muito úmida. A solução é 
acrescentar materiais secos como 
solo, folhas secas ou relva seca. Os 
fatores que pode deixar o monte de 
compostagem muito úmida são falta 
de drenagem, excessiva adição de 
água ou a falta de circulação de ar. 
Caso o monte de compostagem 
comece a atrair animais como ratos, 
Durante a fase de maturação 
quais os problemas que 
podem acontecer a leira?
Resumo 
da lição
•	Descrição	dos	problemas	que	ocorrem	
na	fase	de	degradação	ativa	e	de	matu-
ração	da	compostagem.	
•	Medidas	que	devem	ser	adotadas	para	
resolução	dos	problemas	que	ocorrem	
na	fase	de	degradação	ativa	e	de	matu-
ração	da	compostagem.
•	Importância	do	uso	da	compostagem	na	
reciclagem	da	fração	orgânica	do	lixo.
30 Formação para o trabalho compostagem e minhocultura
Lição 6
A 
minhoca é uma maravilhosa 
combinação da química com o 
perfurador: devora folhas secas 
e outros materiais em decom-
posição, transformando-os em 
húmus e perfura o solo em todas as 
direções, formando firmes galerias, 
por onde a terra respira e a água da 
chuva escorre e se deposita, sem 
causar erosão. Além disso, as 
minhocas removem as camadas 
mais profundas do solo para a 
superfície, reciclando os nutrientes.
Os grandes benefícios, propor-
cionados pelo uso das minhocas e 
do seu esterco, o húmus, na agri-
cultura, são bem conhecidos desde 
antes da época dos faraós no anti-
go Egito. Os egípcios atribuíam 
poderes divinos aos bilhões de 
Introdução à minhocultura
minhocas encontradas nas terras 
férteis do Nilo. Eles as protegiam 
com leis que previam até a pena de 
morte para quem ousasse contra-
bandear uma única minhoca. 
Apesar de o homem conhecer, 
há tanto tempo, a grande capacida-
de que as minhocas têm de regene-
rar e adubar o solo, só recentemen-
te, com a luta pela preservação da 
natureza, a minhocultura vem sendo 
valorizada. 
Minhocultura 
Minhocultura é a criação racional 
de minhocas em cativeiro, sendo 
feita em canteiros, anéis de cimen-
to, galpões ou, até mesmo, no 
chão, com o objetivo de produzir 
matrizes e húmus. 
Galpão para criação de minhoca
A criação de minhocas com inte-
resses econômicos teve início, nos 
Estados Unidos, na década de 
1940. No Brasil, as primeiras minho-
cas cultivadas foram as conhecidas 
como “vermelhas da Califórnia”, tra-
zidas para São Paulo em 1983. 
Para que se compreenda o papel 
das minhocas, é indispensável 
entender as circunstâncias que afe-
tam a produtividade do solo: 
a) O suprimento em umidade. 
b) A aeração. 
c) A disponibilidade de nutrientes 
adequados. 
“Talvez não exista qualquer 
outro animal tão importante 
na história da vida na Terra 
quanto as minhocas”. 
Charles Darwin 
Banco de Dados O POVO. Alcides Freire, 22.04.1996
Minhoca na terra
Qual é a importância 
da minhoca para 
a agricultura?
Fundação Demócrito Rocha 31
Dentre todos os agentes que con-
tribuem para a aeração e o afofa-
mento do solo, as minhocas são, 
sem dúvida, os mais eficientes. Os 
canais construídos por elas pos-
suem um tipo de cola que evita a 
compactação e a erosão do solo, o 
que não acontece quando se utili-
zam os tratores. O solo que foi arado 
não permanece solto e leve por 
muito tempo pois, com as primeiras 
chuvas, a terra volta a unir-se, retor-
nando às condições iniciais. 
Os principais tipos de solos agri-
cultáveis constituem-se de partícu-
las finas. A menos que sejam modi-
ficadas por agentes secundários, 
estas partículas tendem a se aglo-
merar, tornando-se impermeáveis, 
fazendo as águas da chuva escor-
rerem pela superfície, impedindo-as 
de se infiltrarem no solo. As plantas 
cultivadas nos solos em tais condi-
ções, ainda que localizados em 
regiões de precipitações normais, 
sofrerão todos os efeitos da seca. 
A absorção da água por solos de 
textura fina está na dependência da 
existência de uma rede de canaliza-
ção diminuta; as minhocas são alta-
mente eficientes na elaboração 
destes canais subterrâneos. 
Absorção de água 
Independente da textura, no solo 
sem minhocas a taxa de absorção é 
de 5 mm por minuto; enquanto no 
mesmo tipo de solo, trabalhado pelas 
minhocas durante um mês, essa 
taxa eleva-se para 22 mm/min. Há 
íntima associação entre a taxa de 
infiltração de água e a quantidade de 
minhocas existente no solo.
Segundo Knäpper (1996), o solo 
funciona como um ser vivo, pos-
suindo metabolismo próprio. Os 
seres vivos presentes no solo fazem 
parte dele, havendo modificação e 
influência mútua; isto é, o solo 
determina a vida e a vida determina 
o solo, existindo uma ação cíclica. 
As galerias construídas pelos 
animais, tais como, larvas de inse-
tos, insetos, aranhas, minhocas e 
outros, são utilizadas para a pene-
tração das raízes, infiltração da 
água e circulação do ar. 
Contudo, são as minhocas as 
mais efetivas melhoristas do solo, 
pois revolvem as camadas mais 
profundas do solo, onde a enxada e 
o arado não conseguem alcançar, 
sendo, por isso, chamadas de “ara-
dos da natureza”. 
Textura do solo 
A textura da terra tem influência 
sobre a população de minhocas: os 
solos arenosos contêm menor 
quantidade de minhocas do que os 
solos argilosos. Esse fato é vantajo-
so, pois os solos arenosos, normal-
mente, têm boa estrutura natural. Já 
os solos argilosos tendem a se com-
pactar, tornando-se extremamente 
duros e impossibilitando o desenvol-
vimento das plantas, requerendo 
que programas de melhoramento do 
solo sejam introduzidos. Isso inclui 
agentes, tais como a minhoca, que 
ajuda a manter a terra fofa e areja-
da. Num solo muito compactado a 
planta não consegue respirar. 
Consciente de que as minhocas 
fertilizam o solo, Almeida (1994) 
refere-se a esses seres como ver-
dadeiras usinas biológicas, pois 
agregam até 2 bilhões de bactérias 
a cada grama de húmus produzido. 
Não existe produto químico ou 
equipamento capaz de fazer o que 
as minhocas fazem pela terra; por 
isso, as pessoas que trabalham 
com plantas respeitam-nas, pois 
conhecem a sua importância. A 
natureza necessita de 2 a 5 anos 
para formar 1 cm³ de húmus; as 
minhocas executam a mesma tare-
fa em, apenas, 2 a 3 dias. 
Explique a 
importância das 
minhocas na absorção 
de água pelo solo.
Textura: aspecto 
microscópico do solo, no 
qual se inclui a forma dos 
cristais e o modo como se 
acham unidos.
32 Formação para o trabalho compostagem e minhocultura
O húmus de minhoca é
2 vezes mais rico em cálcio; 
2,5 vezes mais rico em mag-
nésio; 5 vezes mais rico em 
nitrogênio; 7 vezes mais rico 
em fósforo; 11 vezes mais rico 
em potássio, do que qualquer 
material que lhe deu origem.
Ninguém pode passar toda a 
vida comendo apenas um tipo de 
alimento; um pouco de ferro na ali-
mentação humana é sempre neces-
sário, pois, se ele falta, a pessoa 
fica anêmica; assim como a carên-
cia de iodo provoca o bócio e, a de 
cálcio, resulta no raquitismo. 
Com as plantas ocorre processo 
semelhante: se qualquer um dos 6 
(seis) macronutrientes (nitrogênio, 
fósforo, potássio, cálcio, magnésio 
e enxofre) ou dos 8 (oito)micronu-
trientes (manganês, ferro, cloro, 
cobre, zinco, cobalto, boro e molib-
dênio) estiver ausente no solo, a 
safra será pobre. 
Observações importantes 
 ■ O desenvolvimento tecnológico 
trouxe inúmeros benefícios para o 
homem. Entretanto, no ramo da 
agricultura, são muitos os malefí-
cios oriundos do mau uso do 
solo: as máquinas pesadas com-
pactam os solos e o uso desen-
freado de produtos químicos des-
trói os micro-organismos, cau-
sando a morte biológica do solo. 
 ■ Devido a esta situação, a busca 
de métodos alternativos, como a 
compostagem e a minhocultura 
na recuperação e na manuten-
ção dos solos agricultáveis, 
tomou grande impulso nos cen-
tros produtores. 
 ■ Por causa do melhor sabor con-
ferido aos produtos fertilizados 
com húmus de minhoca, atual-
mente, a maioria dos produtores 
de vinho na Europa utiliza esse 
fertilizante nas suas culturas. 
 ■ Na Itália, após muitos anos de 
uso abusivo de fertilizantes quí-
micos que causaram sérias 
quedas no mercado do vinho 
italiano, os vinicultores aderi-
ram à utilização do húmus, 
existindo, hoje, mais de 150.000 
produtores localizados numa 
área um pouco maior do que a 
metade do Ceará, que utilizam 
essa prática. 
 ■ Nos mercados mais ricos e infor-
mados do mundo, o segmento 
que mais vem crescendo é o dos 
produtos orgânicos, que chegam 
a valer de 30 a 40% a mais do 
que os produtos não orgânicos. 
 ■ A adubação orgânica possibilita 
maior absorção dos nutrientes 
pelas plantas, imunizando-as de 
forma natural, o que resulta em 
maior produtividade e qualidade 
superior, garantindo retorno mais 
elevado ao produtor. 
Minhocas no solo
Macronutrientes: são 
nutrientes necessários em maior 
volume às plantas e fornecem 
energia e componentes 
fundamentais para o seu 
crescimento e manutenção.
Micronutrientes: são 
requeridos em pequenas 
quantidades pelas plantas, mas 
são também fundamentais para 
o seu crescimento e 
manutenção.
A existência de minhocas é uma 
evidência inequívoca da 
fertilidade do solo. 
Quais são os 
macronutrientes 
das plantas?
Fundação Demócrito Rocha 33
O exame das condições da terra 
é a maneira mais fácil de se saber 
se o local dispõe ou não de minho-
cas em quantidade suficiente. 
Seleciona-se um trecho de terra, 
com bastante vegetação de cober-
tura, separa-se um quadrado de 
solo medindo uns 30 cm de largura 
por uns 20 cm de profundidade, 
contando-se as minhocas, tanto as 
adultas quanto as jovens, contidas 
nesse espaço ou amostra. 
Um número igual ou superior a 
dez exemplares, indica que a popu-
lação de minhocas é significativa-
mente grande para modificar as 
propriedades estruturais do solo. 
Em contrapartida, se a amostra 
contiver apenas uma ou duas 
minhocas, isto nada representa em 
termos de alteração das condições 
físicas da terra. 
Todos sabem que as minhocas 
são ótimos alimentos para peixes, 
aves e rãs; pois também podem 
ser um ótimo alimento para o ser 
humano. Quem se perder na mata 
e tiver coragem de comer umas 
cinco minhocas por dia, não mor-
rerá de fome. 
Para o nosso paladar, comer 
minhocas é desagradável; contudo, 
elas são apreciadas pelos povos da 
África e da Ásia. No Japão, estão 
pesquisando a produção de “pavet” 
com carne de minhoca. Na Itália, já 
se come pizza mista de queijo e 
carne moída de minhoca “a la 
Bologna”. Até os astronautas ameri-
canos comem ração à base de 
minhoca quando vão para o espaço. 
A indústria farmacêutica está 
pesquisando substâncias que pos-
sam ser retiradas das minhocas 
para a fabricação de remédios, 
pois, desde a antiguidade, utiliza-se 
a minhoca como matéria-prima para 
a fabricação de remédios contra a 
asma e a bronquite. 
Rodrigues (1997) relata que, em 
algumas regiões do Brasil, as pes-
soas tomam chá de minhoca para 
tratar reumatismo e dores muscula-
res. Tem-se conhecimento, tam-
bém, do uso de uma pasta, fabrica-
da à base de minhocas, para apres-
sar a cicatrização das feridas. 
Conclusão
1. As minhocas aumentam a produ-
ção e a produtividade do solo, 
além de participarem da conser-
vação do mesmo. 
2. A importância da minhoca para 
o solo reside na sua ação física, 
no seu efeito químico e na sua 
ação biológica.
Ações das Minhocas no Solo 
Física Química Biológica 
•	Mistura de horizontes. 
•	 Criação de um sistema de drenagem. 
•	 Formação de um horizonte orgânico. 
•	 Aumento na capacidade de infiltração. 
•	Retenção da água. 
•	Aumento da porosidade. 
•	Aumento da difusão do ar. 
•	Aumento da con-
centração de N, 
Ca, K, P e Mg 
•	Neutralização do 
pH. 
•	 Indução da ativi-
dade biológica. 
•	Aumento da bio-
produtividade. 
•	 Incremento da 
fertilidade natural. 
O húmus 
O húmus, produto diferenciado de 
coloração escura e de fina granula-
ção, é leve, solto, asséptico e com 
cheiro de terra fresca. As substâncias 
minerais nele contidas são liberadas, 
lentamente, fornecendo às plantas 
fonte constante de alimentação. 
Dentre as inúmeras proprieda-
des, aumenta a capacidade imu-
nológica da planta, a sua resistên-
cia à seca e, ainda, antecipa e 
prolonga as épocas de florada e 
de frutificação. 
Utilização do húmus 
O húmus deve ser utilizado, de 
forma parcelada, no fundo e ao 
longo dos sulcos de semeadura, 
para culturas anuais, e ao longo ou 
ao redor das plantas, em culturas 
perenes, no plantio ou em cobertura, 
conforme tabela a seguir. 
Como identificar 
se o solo dispõe de 
minhocas em 
quantidade suficiente?
Quais são as ações 
químicas da minhoca
 sobre o solo?
Em um hectare de terra 
cultivada há, em média, 1,2 
milhões de minhocas que 
produzem de 12 a 100 
toneladas de excremento por 
ano (Almeida, 1994).
Ca = Cálcio
N = Nitrogênio
K = Potássio
P = Fósforo
Mg = Magnésio
34 Formação para o trabalho compostagem e minhocultura
Cultura No Plantio Em Cobertura No Sulco 
Citros 300 a 500 g por cova 1 a 1,5 kg por pé, aumen-
tando 30% a cada ano 
Fazer sulcos em torno 
da saia da planta, colo-
cando o húmus mistu-
rado com a terra. 
Fruteira de 
clima temperado 
400 a 600 g por cova 1 a 2 kg por pé, aumentan-
do 30% a cada ano 
Uva 300 a 500 g por cova 1 a 1, 5 kg por pé Fazer sulcos em torno 
da saia e misturar com 
a terra. 
Café, chá, cacau 300 a 500 g por cova 1 a 2,5 kg por pé, aumen-
tando 30% todos os anos. 
Fazer sulcos em torno 
da saia e misturar com 
a terra. 
Reflorestamento, 
pinus eucalipto 
200/300 g por cova 500/600 g por pé, aumen-
tando 30% a cada ano. 
Hortaliças de 
folhas, legumes 
100 g por cova ou 600 g 
por m² de canteiro 
Cobrir durante todo 
o cultivo 
200 g/m de sulco
Morangos 500 g por cova Cobrir durante todo o cultivo 
Milho verde 300 a 400 g por cova Cobrir durante todo o cultivo 2 vezes durante 
o cultivo, 200 g/m
Abobora, melão, 
melancia, pepino 
300 g por cova Cobrir durante todo o cultivo 
Viveiros 600 g por m² 1 a 2,5 kg por pé, aumen-
tando 30% a cada ano. 
Abacaxi 400 a 500 g por cova Cobrir durante todo o cultivo 
Plantas de interior, 
samambaias, aven-
cas, etc. 
150 g por vaso 4 vezes ao ano aumentan-
do 30% a cada ano. 
Roseiras e arbus-
tos floríferos 
200 g por cova ou 500 
g por m² de canteiro. 
Cobrir durante todo o cultivo 
Fundação Demócrito Rocha 35
Cultura No Plantio Em Cobertura No Sulco 
Capineiras e
pastagens 
Durante a preparação 
do solo, misturar com 
a terra 500 g/m² 
2 aplicações do húmus 
diluído a 10% por ano 
Cana de açúcar 700 a 1.000 kg/ha 400 g/m de sulco 
Soja e feijão 500 a 1.000 kg/ha 200 g/m de sulco 
Gramados de 
jardins e campos 
esportivos 
Na preparação, 500 g/
m². Ao semear ou 
plantar, diluído a 10% 
No fim do inverno, des-
compactar o gramado com 
ferramenta apropriada,cobrindo, em seguida, com 
300 g/m²
Observação: O objetivo desta tabela é economizar o produto, pois o seu uso em excesso não prejudica a planta. 
(Tabela adaptada de Almeida (1994)
Resumo 
da lição
•	Benefícios	proporcionados	a	
agricultura	pelo	uso	da	minhoca.
•	Minhocultura	é	a	criação	racio-
nal	de	minhocas	em	cativeiro.	
•	Ação	das	minhocas	na	absor-
ção	de	água	pelo	solo.
•	Influência	da	textura	do	solo	
sobre	a	população	de	minhocas.	
•	Malefícios	causados	ao	solo	
pelo	uso	excessivo	de	novas	
tecnologias.
•	A	importância	das	minhocas	na	
produção	de	húmus	e	como	uti-
lizá-las	na	agricultura.
Num clima semiárido, onde a 
oxidação (queima) da matéria orgâ-
nica é intensa, deve-se ter sempre 
em mente que, se a quantidade e a 
qualidade da matéria orgânica são 
importantes, a frequência de aplica-
ção é muito mais. 
A minhocultura emerge como 
uma atividade mantenedora da fer-
tilidade do solo, sendo de simples 
manejo e baixo investimento. Não 
requer mão de obra especializada e 
promove renda e salários, além de 
aproveitar materiais antes conside-
rados marginais, como: restolhos, 
restos de frutas e todo o material de 
origem orgânica, disponível na pro-
priedade. 
36 Formação para o trabalho compostagem e minhocultura
Lição 7
A 
minhoca, classificada entre os 
invertebrados terrestres, pos-
sui corpo alongado, cilíndrico, 
ligeiramente afilado em ambas 
as extremidades, com simetria 
bilateral e segmentado, externa e 
internamente, por anéis. 
Características das minhocas
Não se distingue a cabeça: numa 
extremidade, encontra-se a boca e, 
na outra, o ânus. Na minhoca adulta, 
diferencia-se a extremidade anterior 
da posterior pelo clitelo, anel mais 
longo com função reprodutiva, locali-
zado na extremidade anterior. 
Corpo da minhoca adulta
As minhocas, juntamente com as 
sanguessugas e os poliquetas 
(minhocas do mar), fazem parte do 
filo annelida, animais que possuem 
o corpo dividido em anéis e são, 
essencialmente, semelhantes. 
A maioria das minhocas mede 
alguns centímetros. Contudo, existem 
algumas que têm menos de 1 mm de 
comprimento e outras, como as minho-
cas gigantes, Megascolides australis, 
que chegam a medir 3,30 m e os 
minhocuçus (nome indígena da minho-
ca grande) de Minas Gerais, que 
medem cerca de 1,20 m de compri-
mento e 2,5 cm de diâmetro. 
Dentre as mais de 3 mil espécies 
de minhocas existentes na nature-
za, poucas são utilizadas para a 
criação. No Ceará, as espécies 
mais indicadas para o cultivo, devi-
do às altas taxas de reprodução, 
alta produtividade e boa adaptação 
às temperaturas elevadas são: 
Eisenia	 foetida, conhecida como 
“vermelha da Califórnia” e Eudrillus	
eugeniae, conhecida como “gigante 
africana”. Visualmente, a única dife-
rença entre as duas é a conforma-
ção da parte terminal. 
Qual a função 
do clitelo?
Fundação Demócrito Rocha 37
Diferencial da parte terminal entre as espécies foetida e eugeniase
Dentre as principais diferen-
ças entre as duas espécies 
podem-se citar: 
Comprimento: a “vermelha da 
Califórnia” adulta chega 11 a 
12 cm e a “gigante africana”, 
de 17 a 18 cm.
Temperatura: a “vermelha” 
está a pleno metabolismo 
entre 15 º e 22 ºC, enquanto a 
“gigante africana” prefere a 
faixa dos 20 º a 27 ºC.
Órgãos dos sentidos 
As minhocas não possuem olhos 
nem ouvidos; no entanto, fogem 
da luz e do barulho, devido às mui-
tas células sensitivas localizadas 
na epiderme. 
Nas escolas e laboratórios, as 
minhocas são muito utilizadas para 
estudos de biologia e experimenta-
ção. Apesar da aparência simples, 
a minhoca esconde órgãos e siste-
mas bastante complexos. 
Sistema nervoso 
O sistema nervoso é composto por 
um par de gânglios cerebrais supe-
rior e frontal, ligado a um cordão 
nervoso, com pares de nervos late-
rais em cada segmento do corpo. 
As células nervosas epiteliais 
ficam reunidas em grupos, encon-
trando-se, principalmente, nas par-
tes mais expostas, recebendo estí-
mulos do ambiente, tais como: a 
busca de parceiros para o acasala-
mento, a detecção dos alimentos e 
as modificações ambientais. 
Respiração 
As minhocas não possuem pul-
mões. Sendo sua respiração feita 
pela epiderme. Elas respiram reti-
rando o oxigênio do ar e do interior 
do solo através da pele, com o auxí-
lio de uma substância lubrificante. 
O sangue, que circula nos capila-
res próximos à cutícula úmida da 
parede do corpo, recebe o CO2 e libe-
ra o O2. Quando a pele da minhoca 
fica seca, o oxigênio não consegue 
passar e a minhoca morre asfixiada. 
Locomoção 
A epiderme da minhoca é formada 
por dupla camada muscular, pos-
suindo músculos longitudinais, na 
parte mais interna, e circulares, na 
parte mais externa. A contração alter-
nada desses músculos, juntamente 
com a das cerdas (pelos) presentes 
nos anéis, são responsáveis pela 
movimentação das minhocas que 
podem ir para frente e para trás. 
 ■ O sistema muscular da minhoca 
lhe confere uma força capaz de 
deslocar obstáculos 60 vezes 
superior ao seu próprio peso. 
Substância lubrificante: possui 
propriedades medicinais. Sabe-
se, também, que o seu odor 
fétido afasta os predadores e 
que auxilia na locomoção da 
minhoca e na sua penetração 
no solo.
Como as minhocas 
respiram?
38 Formação para o trabalho compostagem e minhocultura
 ■ A dupla camada muscular da 
minhoca é responsável pela gran-
de concentração de proteína pre-
sente neste animal (70 a 85%). 
Para melhor entender a estrutura 
física da minhoca, deve-se imaginá-
la como dois tubos, um dentro do 
outro, fechados nas extremidades. 
A epiderme envolveria o tubo por 
fora e, internamente, tem-se o apa-
relho digestivo com outra camada 
muscular ligando a boca ao ânus. 
Entre os dois tubos, existe uma 
cavidade chamada celoma, preen-
chida pelo líquido celomático, no 
qual estão distribuídos os demais 
órgãos. 
Não é fácil tirar uma minhoca 
do seu túnel; ela se parte, mas 
não se solta, graças às suas cer-
das que se prendem fortemente 
ao solo. Em cada segmento do 
seu corpo, exceto no primeiro e no 
último, há quatro pares de cerdas 
diminutas que podem se mover, 
em qualquer direção e estende-
rem-se ou retraírem-se. 
Minhoca em seu túnel
Digestão 
O sistema digestivo da minhoca é 
adaptado para materiais orgânicos 
em decomposição. Na boca, locali-
za-se uma pequena tromba, sensí-
vel a estímulos. 
A digestão começa pela secre-
ção salivar, produzida pela faringe. 
No esôfago, encontram-se as glân-
dulas calcíferas que neutralizam a 
acidez dos alimentos, produzindo 
húmus com pH neutro ou ligeira-
mente alcalino. 
O papo, funciona como câmara 
de armazenamento, enquanto o ali-
mento aguarda para ser triturado 
pela moela, com a ajuda dos grãos 
de areia ali presentes. Na sequên-
cia, o intestino que se estende 
pelos restantes ¾ (três quarto) do 
corpo da minhoca. 
A taxa de produção de excremen-
tos depende, em larga escala, do 
tamanho da minhoca; mas, de 
maneira geral, as minhocas produ-
zem, diariamente, uma quantidade 
de dejetos igual ao seu próprio peso. 
Reprodução 
As minhocas possuem os dois 
sexos; portanto, são hermafroditas. 
Contudo, necessitam de um parcei-
Qual a quantidade 
de dejeto produzido 
por uma minhoca?
Hermafroditas: um ser ou 
animal que possui os órgãos 
sexuais dos dois sexos, deriva 
do nome do deus grego 
Hermafrodito, filho de Hermes e 
de Afrodite, respectivamente 
representantes dos gêneros 
masculino e feminino.
Fundação Demócrito Rocha 39
ro para se fecundar. Por volta dos 
90 dias, diferenciam-se os indivídu-
os sexualmente maduros, por apre-
sentarem, no terço anterior do 
corpo, um anel mais ou menos 
saliente, denominado clitelo, com 
importante função reprodutora. 
A minhoca possui, naparte ven-
tral anterior do corpo, um par de 
ovários, dois pares de testículos e 
dois pares de receptáculos semi-
nais (espermatecas) que servem 
para armazenar o sêmen, recebido 
de outra minhoca no acasalamen-
to, para posterior fecundação dos 
próprios óvulos. 
Em cada animal, forma-se um 
par de sulcos seminais que são 
canais, através dos quais as mas-
sas de espermatozóides passam 
para os receptáculos seminais da 
outra minhoca. 
O acasalamento, em geral, é 
feito à noite, principalmente em dias 
quentes e úmidos, na superfície ou 
pouco abaixo dela, por um período 
aproximado de quatro horas. 
As minhocas se juntam, ventre a 
ventre em direções opostas, fixan-
do-se com a ajuda das cerdas e, 
após o ato sexual, se separam. A 
fecundação é recíproca e cruzada. 
Cerca de 48 horas após o aca-
salamento, o clitelo secreta o casu-
lo que contém alimento e protege 
os ovos e embriões. O processo se 
dá da seguinte maneira: através de 
movimentos corporais, o tubo que 
vai formar o casulo desliza pelo 
corpo da minhoca, passa pelos 
poros da espermateca, onde rece-
be os espermatozóides, iniciando-
se a fecundação e sai pela cabeça. 
Ao sair, o tubo se fecha, transfor-
mando-se em casulo que tem a 
forma de um minúsculo limão. 
As minhocas reproduzem-se 
com espantosa facilidade. A Eisenia	
foetida, “vermelha da Califórnia”, 
deposita um casulo, a cada 7 a 10 
dias, de onde, após 21 dias de incu-
bação, eclodem de 2 a 20 ovos. No 
caso da Eudrillus	 Eugeniae, 
“Gigante Africana”, os ovos fecun-
dados são amadurecidos no corpo 
da minhoca, sendo liberados, no 
nascimento, 4 a 20 minhoquinhas 
com 1mm de comprimento. 
Estima-se que duas minhocas, 
ao final de um ano e em condições 
normais, produzam cerca de 3.000 
descendentes. Esse número, con-
tudo, depende de alguns fatores, 
tais como: espécie, condições de 
cultivo, estação do ano, temperatu-
ra e regime alimentar. As minhocas 
podem viver até dez anos ou mais 
e se reproduzem a vida toda. 
Sistema circulatório 
A minhoca possui sistema circula-
tório fechado, formado por dois 
vasos longitudinais localizados no 
dorso e ventralmente, em relação 
ao intestino, além dos vasos trans-
versais. Alguns desses vasos 
transversais ganham calibre na 
região anterior do corpo, forman-
do 10 pequenos corações laterais. 
Corpo da minhoca - Sistema circulatório (Corte transversal)
Acasalamento das minhocas 
Fonte: Rodrigues (1997)
Qual o tempo de 
acasalamento das 
minhocas?
40 Formação para o trabalho compostagem e minhocultura
Sistema renal excretor 
Cada anel do sistema renal excretor 
da minhoca possui um par de rins 
rudimentares, os nefrídeos, que fil-
tram o sangue e as impurezas do 
líquido celomático, formando a urina, 
rica em ureia e nitrogênio, que é lan-
çada para o exterior, através dos 
orifícios uriníferos, enriquecendo o 
solo com estas substâncias. 
Regeneração 
As minhocas podem reconstruir o 
próprio corpo quando perdem os 
primeiros anéis ou os últimos. A 
regeneração será tanto mais rápida 
quanto menor for o segmento a ser 
regenerado, principalmente se o 
corte acontecer a partir do trigésimo 
anel. As pesquisas realizadas sobre 
a fantástica capacidade regenerativa 
do minhocuçu revelam que este 
anelídeo necessita de, apenas, um a 
três horas para cicatrizar um corte. 
Distribuição geográfica 
e comportamento 
As minhocas vivem em quase todas 
as partes do mundo, inclusive em 
ilhas vulcânicas e nas regiões sub-
árticas. A grande dispersão das 
minhocas é atribuída ao costume 
dos homens de transportarem mudas 
de plantas de um lugar para outro, 
contendo minhocas ou casulos. 
No Brasil, as minhocas nativas 
mais comuns são: a minhoca brava 
ou minhoca do brejo, Pheretyma	
hawayana; a minhoca mansa ou 
minhoca da noite, Lumbricus	 ter-
restris e os minhocuçus, Rhinodrilus	
alatus e Glossoscolex	spp. 
As minhocas são raras em regi-
ões cujos solos são pobres, áci-
dos, secos ou arenosos e abun-
dantes em terras frescas, úmidas e 
ricas em matéria orgânica.
As proteínas e os aminoácidos 
representam, apenas, uma peque-
na fração da matéria orgânica 
total existente no solo; enquanto, 
para as minhocas, representam 
cerca de 72% do seu peso líqui-
do. Obviamente, para a sobrevi-
vência de qualquer população de 
minhocas, deve existir boa quanti-
dade disponível de nitrogênio a 
ser ingerido, digerido e sintetiza-
do em proteína. 
Nas matas, onde ocorre queda 
de folhas, a população de minhocas 
depende da quantidade de nitrogê-
nio contida nas folhas. Portanto, 
sempre que o agricultor incorpora 
matéria orgânica ao solo, fornece 
condições de alimentar mais minho-
cas, elevando a sua população. 
Resumo 
da lição
•	As	características	biológicas	das	
minhocas	são	as	seguintes:	
invertebrados,	corpo	alongado	e	
cilíndrico,	simetria	bilateral	e	
segmentado.	
•	As	minhocas	possuem:	sistema	
nervoso,	de	respiração,	de	
locomoção,	de	reprodução,	
digestório,	circulatório	e		
excretor.
•	As	minhocas	podem	reconstituir	
o	próprio	corpo	quando	perdem	
os	primeiro	anéis	ou	os	últimos.	
•	As	minhocas	tem	distribuição	
geográfica	mundial.
Quantos corações 
tem a minhoca?
Nefrídeos: órgão encontrado 
em animais invertebrados, é 
uma espécie de bomba (rins), 
que filtram o sangue e as 
impurezas do líquido 
celomático, formando a urina, 
rica em amônia e ureia que 
contem nitrogênio, que é 
lançada para fora do corpo 
pelos poros excretores ventrais, 
mantendo a estabilidade 
química do organismo.
Em que tipos de 
solos as minhocas 
são abundantes?
Fundação Demócrito Rocha 41
Qual a finalidade 
dos drenos na 
criação de minhocas 
em anéis de cimento?
Lição 8
P
ara iniciar a criação de minho-
ca em cativeiro, quatro fatores 
básicos devem ser seguidos:
 ■ Utilizar instalações adequadas. 
 ■ Começar com boas matrizes. 
 ■ Fornecer alimentação correta. 
 ■ Realizar manejo adequado 
do criatório. 
Com relação à escolha das insta-
lações é importante atentar para os 
seguintes fatores: 
 ■ Objetivo da criação. 
 ■ Espaço disponível. 
 ■ Quantidade a ser produzida. 
 ■ Distância do mercado consumidor. 
 ■ Disponibilidade de matéria-prima 
(esterco/composto). 
 ■ Disponibilidade de água não 
tratada. 
 ■ Mão de obra. 
 ■ Investimento financeiro. 
Após a avaliação inicial, o dimen-
sionamento deverá ser feito em fun-
ção dos fatores mais limitantes, tais 
como o espaço disponível, matéria 
orgânica, capital para investir etc. 
Criação em pequena escala 
A criação de minhocas para consu-
mo próprio é bastante simples e, 
principalmente econômica, diante 
dos benefícios que oferece. 
Contudo, deve-se observar que os 
cuidados com o minhocário são 
semelhantes, tanto para o pequeno 
quanto para o grande produtor. 
Criação em pilhas: ideal para 
quem dispõe de matéria orgânica 
Instalação do minhocário
em quantidade, as condições de 
clima são amenas e quer transfor-
mar o solo em um imenso minho-
cário. Nesta técnica, monta-se uma 
pilha (A) do composto entre as filei-
ras de uma cultura e, quando o 
mesmo estiver estabilizado, intro-
duzem-se as minhocas em quanti-
dade suficiente (de um a cinco 
litros de minhocas/m² de composto) 
para transformá-lo em húmus em, 
aproximadamente, 45 dias. Após 
este período, faz-se uma nova 
pilha (B) de composto já estabiliza-
do ao lado da primeira, fazendo 
com que as minhocas migrem de 
(A) para (B). Transcorridos 45 dias, 
coloca-se uma nova pilha (C) e, ao 
final de 135 dias, coletam-se as 
minhocas em sacos-iscas, para 
serem comercializadas ou utiliza-
das em outros locais. 
Criação em anéis de cimento: 
nesse tipo de criação, que pode ser 
de pequeno a médio porte, o piso no 
fundo do anel deverá ser feito com 
cimento fraco (poroso), colocando-
se drenos paraevitar o encharca-
mento, se ocorrerem chuvas. 
Criação em anéis de cimento
42 Formação para o trabalho compostagem e minhocultura
Criação em latões: nesta forma 
de criatório, utilizam-se latões de 
200 litros cortados no sentido lon-
gitudinal, observando-se as carac-
terísticas do local onde será insta-
lado o minhocário. 
Criação em caixas: esta opção é 
aconselhável para quem tem pouco 
espaço ou quer criar minhocas 
como hobby ou, ainda, para expe-
rimentos. As caixas podem ser 
fabricadas com diferentes mate-
riais, tais como, madeira, plástico, 
cimento, fibra e amianto. Em cai-
xas de madeira, deve-se evitar as 
resinosas e protegê-las, interna-
mente, com parafina. As dimen-
sões, que podem variar, devem ter o 
limite máximo de 1 m x 50 cm x 30 cm 
e, quando as caixas são dispostas 
verticalmente, deixa-se espaços 
medindo 5 cm entre as mesmas, para 
permitir a aeração. 
 ■ Para escoamento da água faz-se 
furos na base das caixas ou latões. 
 ■ Antes de colocar o alimento 
para as minhocas, que deverá 
preencher 2/3 (dois terços) do 
espaço disponível, aconselha-
se forrar o fundo do recipiente 
com uma camada de capim 
picado ou com folhas secas, 
para facilitar a drenagem. 
 ■ Para evitar o ataque de predado-
res, colocam-se os pés do supor-
te do criatório dentro de latas 
contendo óleo queimado. 
Criação em escala comercial 
A criação em escala comercial pode 
ser feita em duas formas: em can-
teiros ou em galpões.
Criação em canteiros: a maioria 
dos criatórios comerciais utiliza can-
teiros de alvenaria, cujas medidas 
internas são 1,00 m de largura por 
30 a 40 cm de altura e comprimento 
variável. Quando o espaço é peque-
no ou por medida de economia, 
pode-se construir os canteiros com 
paredes geminadas, dois a dois.
As paredes também podem ser 
feitas com outros materiais, desde 
o simples bambu até tijolos, blocos 
de cimento e placas de concreto. 
No piso interno, que pode ser de 
terra batida ou revestido com 
cimento, faz-se uma pequena 
declividade de pelo menos 2% e 
colocam-se drenos ao longo do 
comprimento dos canteiros. Alguns 
criadores utilizam a brita, no fundo 
do canteiro, para facilitar a drena-
gam do excesso de água. 
A fim de evitar as oscilações brus-
cas de temperatura e de umidade, 
constrói-se os canteiros em valas 
escavadas e, para fugir do sol ou da 
chuva, coloca-se uma cobertura de 
telha, plástico, lona ou palha. 
A utilização da cobertura de 
palha ou de plástico sobre cada 
canteiro, individualmente, barateia 
os custos e possibilita a penetra-
ção de um pouco de raios solares, 
tornando o sistema de confina-
mento mais natural. Se o minhocá-
rio estiver localizado em uma área 
sombreada, a cobertura somente é 
realmente necessária no período 
do inverno. 
Nos criatórios grandes, deve-se 
deixar espaços entre os canteiros 
(ruas), com dimensões apropriadas 
para o tráfego de carrinhos, carroças 
ou tratores para carga e descarga. 
Criação em galpões: neste siste-
ma de criação, que é feito em gal-
pões (tipo aviário) com piso cimen-
tado, paredes com 80 cm, tela de 
aviário e teto, as minhocas ficam 
em canteiros livres, maximizando 
a eficiência na oxigenação do 
plantel, facilitando o manejo, redu-
zindo a mão de obra e protegendo-
as dos extremos ambientais como 
sol e chuva e da maioria dos seus 
predadores. 
Outros materiais disponíveis na 
propriedade, tais como caixas 
d’água, engradados, caixotes, 
bacias, cercados de tela, madeira 
ou bambu e, até mesmo, pneus 
velhos podem servir para iniciar 
uma criação artesanal.
A declividade de 2% no
 piso do canteiro é para 
facilitar a drenagem.
Qual a finalidade 
de ruas entre os 
canteiros de 
criação de minhocas?
Fundação Demócrito Rocha 43
 ■ Os galpões podem variar de 
tamanho, de acordo com as 
necessidades e o potencial de 
cada propriedade, podendo ser 
construídos com material dispo-
nível na propriedade, como a 
carnaúba, por exemplo. 
 ■ Para minimizar a insolação, 
aconselha-se a construção dos 
galpões no sentido leste-oeste. 
Sistema integrado 
BIONUTRIR 
Uma das formas de criação de 
minhocas utilizada pelo Sistema 
Integrado Bionutrir é a criação em 
galpões a qual será descrita a 
seguir (Martinovsky, 1996). 
No sistema Bionutrir a alimenta-
ção das minhocas é feita em cama-
das sucessivas que podem alcan-
çar até 1,40 m de altura. A apura-
ção do húmus é por indução migra-
tória, com formação automática 
dos novos canteiros. 
Canteiros do sistema 
BIONUTRIR 
Construção do canteiro 
 ■ Para começar um canteiro, colo-
ca-se uma camada do composto 
de, aproximadamente, 10 cm de 
altura, com largura e comprimento 
desejados e deixando-se os espa-
ços livres para o manejo e a 
migração e, em seguida, colocam-
se as matrizes (4 a 5 kg por m2). 
Canteiro para criação em escala comercial
Criação de minhocas em galpão
Canteiros do sistema BIONUTRIR 
44 Formação para o trabalho compostagem e minhocultura
 ■ Por exemplo, para um plantel 
de matrizes suficiente para dois 
canteiros, coloca-se a camada 
de 10 cm do composto com 1,5 m 
de largura x 3 m de comprimento 
(A + B), deixando-se espaços 
livres de 1,0 m de cada lado (1 
+ 2), controlando-se a alimenta-
ção até que o plantel passe a 
consumir os 10 cm por semana. 
 ■ Atingindo este consumo sema-
nal rapidamente, em função do 
crescimento do plantel, o volume 
do composto passa a ser consu-
mido em menos tempo, época 
em que as matrizes são retiradas 
dos canteiros A e B, iniciando-se 
a construção dos canteiros C, D 
e assim por diante, procurando-
se, sempre, manter o consumo 
em 10 cm/semana, até a povoa-
ção total do galpão ou esgota-
mento do composto. 
 ■ Encontrado o equilíbrio entre o 
espaço e a disponibilidade de 
matéria orgânica, continua-se o 
sistema de alimentação de 10 
cm/semana para controle da 
população de minhocas. 
 ■ Quando o consumo aumenta, por 
exemplo, o composto é consumi-
do em três dias num determinado 
canteiro, é a indicação de que o 
canteiro está superpovoado (ao 
dobro). Neste caso, quando não 
se tem abundância de composto, 
pode-se retirar o excesso das 
minhocas e vender, como matri-
zes ou como ração viva. 
Migração induzida 
Uma semana, aproximadamente, 
antes de se colher o húmus, deixa-
se de colocar alimento sobre o can-
teiro, diminuindo, também a sua 
irrigação, passando-se a colocar o 
composto, com 10 cm de altura e 
devidamente úmido, nos espaços 
livres nos lados dos canteiros. 
Dentro de alguns dias, nota-se que 
grande quantidade de minhocas 
migrou para as pilhas localizadas 
nos espaços, isto é, de A + B para 
1, 2 e 3, podendo-se transferir os 
canteiros de húmus para um depó-
sito mais protegido do sol, de vento 
e da luz do que o galpão viveiro. 
Apuração de humus 
Não existe uma regra rígida ou defi-
nida quanto à colheita e apuração 
do húmus nos canteiros; geralmen-
te, a necessidade ou a conveniên-
cia dita a época. Se for mantida a 
regra de 10 cm semanais, ter-se-ão 
canteiros com 45 dias e 60 cm de 
altura, após seis semanas que é o 
tempo mínimo aconselhado para a 
colheita, permitindo, pelo menos, 
dois ciclos reprodutivos. Em geral, 
para se manter uma reprodução 
vigorosa, não se deve ultrapassar 
oito colheitas ao ano por canteiro ou 
a cada 45 dias. 
Como identificamos 
que o canteiro está 
superpovoado?
Resumo 
da lição
•	O	dimensionamento	do	minho-
cário	dependem	dos	fatores	
que	o	limitam.	
•	A	criação	de	minhocas	pode	ser	
em	pequena	escala	ou	em	esca-
la	comercial.
•	Descrição	das	técnicas	para	
construção	de	canteiros	para	
criação	de	minhocas.
•	Povoamento	dos	canteiros	por	
migração	induzida.
•	Colheita	e	apuração	do	húmus.
Fundação Demócrito Rocha 45
Lição 9
A
s minhocas, ativas reproduto-
ras, possuempotencial de 
crescimento rápido e sem 
limites, bastando ter as con-
dições ideais, ou seja, espaço 
protegido dos predadores e das 
condições climáticas inadequa-
Manejo do minhocário
das, alimento adequado e manejo 
correto. Por isso, a inspeção diá-
ria dos canteiros faz parte da roti-
na do minhocultor, para prevenir 
predadores e observar as condi-
ções de temperatura, umidade, 
aeração e drenagem. 
Ilustração do canteiro coberto
Certas condições desfavoráveis, 
tais como: temperaturas elevadas, 
causando a fermentação do meio de 
cultura; deficiência de drenagem, pro-
vocando o encharcamento; falta de 
alimentação; superpopulação e, até 
mesmo, as chuvas e trovoadas, 
podem acarretar a fuga das minhocas. 
A instalação de lâmpadas sobre 
os canteiros, para serem ligadas 
em noites chuvosas, é uma boa 
precaução, assim como a fixação 
de calhas invertidas nas bordas 
internas dos canteiros, que também 
dificulta as fugas. 
Para manter o minhocário de 
forma a conseguir um melhor rendi-
mento, é importante observar os 
seguintes aspectos: 
 ■ Preparação do meio de cultura. 
 ■ Povoamento dos canteiros. 
 ■ Alimentação complementar. 
 ■ Aguação. 
 ■ Predadores. 
 ■ Separação das minhocas 
do húmus. 
Preparação do meio de cultura 
O alimento básico da minhoca é a 
matéria orgânica que é colocada nos 
canteiros, devendo-se utilizar o 
esterco curtido ou o composto orgâ-
nico estabilizado, misturado com 
restos de frutas, folhas, capim, palha, 
bagaço etc, de preferência tritura-
dos. O alimento deve conter de 30 a 
O que provoca 
a fuga das 
minhocas?
46 Formação para o trabalho compostagem e minhocultura
50% de restos vegetais e de 50 a 
70% de esterco do composto.
Depois de colocado o substrato 
de enchimento dos canteiros, 
molha-se bem e espera-se para ver 
se não esquenta. A temperatura 
deve situar-se entre 20 e 25 ºC e 
pode ser lida com um termômetro 
comum. Se o substrato estiver 
esquentando, aguarda-se alguns 
dias, antes de colocar as minhocas, 
molhando sempre e revirando o 
material para finalizar o processo 
de fermentação. 
O produtor deve manter um ciclo 
de preparação do composto e/ou 
de curtimento do esterco, já que 
estes substratos são utilizados 
constantemente para preenchi-
mento dos canteiros ou como ali-
mentação em camada. 
Cada vez que se separam as 
minhocas do húmus, há necessida-
de de se ter um meio de cultura 
pronto para ser utilizado. 
As metas de produção devem 
ser estabelecidas com, pelo menos, 
seis meses de antecedência, dando 
especial atenção ao planejamento 
da aquisição da matéria-prima e ao 
tempo para transformá-la em ali-
mento para as minhocas. 
Sendo necessários, em média, 
60 dias para produzir o alimento 
das minhocas e se elas dobram a 
sua população a cada 35 dias, 
tem-se que providenciar a matéria-
prima com cerca de 90 dias de 
antecedência. Por isso, deve-se 
elaborar um cronograma que sin-
cronize o preparo do composto e/
ou o curtimento do esterco com as 
realimentações, pois o material 
não deve ser estocado, por muito 
tempo, devido à perda de suas pro-
priedades nutritivas. 
De modo geral, a estabilização 
do composto leva cerca de 60 dias, 
necessitando de 3 a 4 reviradas. 
Para estabilizar (curtir) o esterco 
puro, faz-se necessário revirá-lo de 
8 a 12 vezes, o que demanda 90 a 
120 dias, devido à sua baixa porosi-
dade de aeração. 
Para acelerar o processo de 
estabilização, o esterco verde deve 
passar pelo seguinte tratamento: 
num terreiro ou área cimentada, 
coloca-se o esterco em camada de, 
mais ou menos, 30 cm de altura, 
molha-se bem e revira-se, a cada 
dois dias, tomando-se o cuidado de 
recolher o chorume para utilizá-lo 
na próxima rega. Caso isto não seja 
possível, é melhor não deixar escor-
rer chorume, para não haver perda 
das propriedades nutritivas. Tratado 
desta forma, em 30 dias o esterco 
estará no ponto ideal. 
São necessários cerca de 350 
quilos de esterco para cada metro 
linear de canteiro e a produção de 
húmus esperada, em cada ciclo de 
cultivo, é de mais ou menos 150 
kg/m² de canteiro com 40 a 50% 
de umidade. 
Povoamento dos canteiros 
Para iniciantes, recomenda-se um 
litro de minhocas para cada metro 
quadrado de canteiro. Posterior-
mente, quando o criador já estiver 
produzindo as suas próprias matri-
zes, pode colocar 5 a 6 litros/m². O 
povoamento deve ser feito pela 
manhã, cedo, para que as minho-
cas se estabeleçam nos canteiros, 
evitando as fugas noturnas. 
As matrizes devem ser colocadas 
livremente na superfície do canteiro, 
observando-se o comportamento das 
minhocas, durante uns 30 minutos, 
para ver se elas se enterram e se 
permanecem embaixo do substrato. 
Coloca-se uma cobertura morta 
sobre o substrato, utilizando capim 
seco, para proteger as minhocas e 
manter as condições ideais para o 
seu desenvolvimento.
Para a aquisição das matrizes, 
avalia-se a idoneidade e a capaci-
dade técnica do fornecedor, a fim 
de evitar problemas e contratem-
Quantos quilos 
de esterco são 
necessários para 
um metro linear 
de canteiro?
Fundação Demócrito Rocha 47
pos na programação de povoa-
mento do canteiro.
O centro de Estudos de Anelídeos 
Terrestre do Departamento de 
Biologia da UFC aconselha que as 
matrizes sejam contadas, individu-
almente, o que possibilita a separa-
ção de sanguessugas que possam 
contaminar a criação
Após a aquisição das primeiras 
matrizes, o ideal é que as próximas 
sejam cultivadas pelo próprio 
minhocultor. Para que a população 
seja mantida sempre vigorosa e 
renovada, aconselha-se a implanta-
ção de “canteiros maternidade” 
somente para procriação. Na Itália, 
alguns criadores conseguem produ-
zir, mensalmente, até 4 kg de 
minhocas por metro quadrado 
(Teixeira e Martinez, 1992). 
Alimentação complementar 
Quando se necessita manter o can-
teiro povoado por mais de 45 dias 
ou quando se cria minhocas para 
serem utilizadas como isca na 
pesca ou, ainda, para ração animal, 
é aconselhável oferecer alimenta-
ção complementar. 
As opções de complemento ali-
mentar para as minhocas podem ser: 
 ■ Frutas, verduras e suas cascas, 
que são excelentes fontes de 
vitaminas. Utiliza-se restos vege-
tais, frutas, raízes e legumes, 
mesmo quando estão estraga-
dos, pois as minhocas alimen-
tam-se da matéria orgânica em 
decomposição.
 ■ Semeia-se trigo na faixa central 
do canteiro e quando as plan-
tas atingem 15 cm de altura, 
cortam-se e deixa-se a massa 
vegetal decompondo-se sobre 
a superfície. 
 ■ Estercos enriquecidos com fari-
nha de sangue, de ossos ou de 
carne melhoram, substancial-
mente, o crescimento e a produ-
tividade das minhocas. 
 ■ Adiciona-se cal ao alimento das 
minhocas, pois elas precisam de 
muito cálcio no seu metabolismo. 
 ■ A adição de açúcar favorece 
as necessidades energéticas 
das minhocas. 
 ■ A mistura de diferentes tipos de 
esterco (boi, carneiro, porco etc) 
favorece uma dieta mais completa. 
 ■ Deve-se tomar cuidado com o 
uso de rações e farinhas, devido 
ao risco de intoxicação. 
O enriquecimento alimentar das 
minhocas sugerido pelo Centro de 
Estudos de Anelídeos Terrestres da 
UFC é o seguinte: 
 ■ 150 g de farinha de carne.
 ■ 150 g de farinha de osso.
 ■ 200 g de farinha de sangue.
 ■ 50 g de açúcar. 
 ■ 100 g de cal. 
Este complemento alimentar 
deve ser utilizado, mensalmente, 
em camas de 10 m x 1 m x 30 cm, 
até terminar o cultivo. 
O enriquecimento, além de 
favorecer as minhocas, propicia 
um húmus bem mais nutritivo para 
as plantas. 
Aguação 
Os canteiros devem ser regados, 
diariamente, pela manhã ou à tar-
dinha. A água utilizada não deve 
ser tratada, pois o cloro pode cau-
sar sérios danos à pele sensível 
das minhocas. 
A umidade ideal situa-se entre 40 
a 50%. Umteste simples para o con-
trole da umidade consiste em aper-
tar, levemente sem espremer, um 
punhado do substrato; se aparece-
rem, apenas, algumas gotas entre 
os dedos, a umidade está no ponto. 
Deve-se estar atento, especial-
mente em áreas urbanas, às cam-
panhas de controle e erradicação 
de mosquitos causadores de doen-
ças, como a dengue, por exemplo, 
Fábio Castelo
Frutas e verduras servem de alimentação com-
plementar para minhocas.
Como é que 
faço para comprar
 as matrizes 
de minhoca?
Antes do período das chuvas, 
deve-se checar o sistema de 
drenagem dos canteiros, para 
evitar encharcamento.
Anelídeos: são animais 
enterozoários de simetria 
bilateral do filo Annelida. 
Possuem corpo segmentado, 
cada anel ou segmento com um 
par de nefrídios, tubo digestivo 
tubular completo com celoma 
bem diferenciado e sistema 
vascular fechado.
48 Formação para o trabalho compostagem e minhocultura
pois os produtos químicos utiliza-
dos contra as larvas do mosquito 
podem ser letais às minhocas; uma 
água assim tratada poderá aniquilar 
o plantel inteiro. 
Predadores 
Por tratar-se de um animal despro-
vido de qualquer órgão de defesa 
ou de ataque, a minhoca está sujei-
ta a uma série de predadores. 
Basicamente, qualquer animal car-
nívoro é um predador em potencial, 
podendo o ataque ser aguçado pelo 
cheiro da proteína, tão abundante 
na carne da minhoca. 
Alguns cuidados, tais como, pro-
teger os canteiros com cobertura 
morta, cercas ou telas; não deixar 
animais soltos próximo ao minhocá-
rio; e a inspeção preventiva diária 
contra predadores, podem diminuir 
bastante o risco de predação. 
Dentre os inimigos mais comuns 
das minhocas destacam-se: 
Formigas: sabe-se que muitas for-
migas convivem com as minhocas 
sem lhes causar problemas; entre-
tanto, as formigas carnívoras são 
os seus piores inimigos, destacan-
do-se aquelas conhecidas como 
“lava-pés”, que constroem os seus 
ninhos dentro dos canteiros. Para 
eliminá-las, pode-se aplicar um 
repelente natural, como cascas de 
tangerina, retirando o ninho e 
expondo-o ao sol. As formigas pre-
tas, que também gostam de morar 
no minhocário, possuem um gran-
de poder de toxidez e a sua ferroa-
da é muito dolorosa, aconselhan-
do-se, por isso, eliminá-las por cui-
dadosa catação manual. Quando a 
infestação é alta, o Centro de 
Estudos de Anelídeos Terrestres 
indica a colocação de uma camada 
de folhas de jornal abertas sobre o 
canteiro, ateando fogo de modo 
que o mesmo seja intenso e rápido, 
para afugentar ou matar as formi-
gas, enquanto as minhocas fogem 
para o fundo do canteiro. 
Sanguessugas: são de difícil com-
bate por se parecerem bastante 
com as minhocas. A diferença, 
apesar de sutil, é na coloração: as 
sanguessugas são um pouco mais 
claras. Além disso, quando se esti-
ca o corpo da sanguessuga, ele 
não se parte tão facilmente como o 
da minhoca. Ao se pegar uma san-
guessuga, às vezes ela gruda, 
devido às ventosas existentes nas 
extremidades do seu corpo, utiliza-
das para se fixarem nas minhocas, 
alimentando-se do seu sangue, 
matando-as por inanição. 
As sanguessugas são mais 
comuns nos solos argilosos e úmi-
dos, devendo-se evitá-las através da 
utilização de esterco ou composto 
recém preparado, pois o esterco 
envelhecido (com mais de 6 meses) 
pode estar contaminado. Outra pro-
vidência é isolar o fundo dos cantei-
ros com cimento e, quando se tem 
que adquirir novas matrizes, certifi-
car-se que não estão contaminadas. 
Aves: as aves podem causar gran-
des danos à criação, principalmente 
as aves ciscadoras, como as gali-
nhas, os sabiás e os bem-te-vis. 
Inicialmente, as aves não atacam o 
minhocário; porém, quando o des-
cobrem, é muito difícil contê-las. 
Para evitá-las, deve-se proteger o 
minhocário com capim seco, cercas 
e telas. 
Sapos e rãs: animais carnívoros, 
encontram na minhoca excelente 
fonte de proteína e são predadores 
vorazes, podendo comer de 30 a 40 
minhocas por noite. Gostam de 
viver em locais úmidos, sendo de 
difícil visualização, devido ao mime-
tismo. No caso do aparecimento 
destes anfíbios, deve-se retirar, 
temporariamente, a cobertura morta 
dos canteiros ou qualquer outro 
material que possa proporcionar 
condições de moradia. 
Porcos, cachorros e cassacos: 
devem ser mantidos distantes 
pois, numa única investida ao 
Explique como 
é feita a aguação 
dos canteiros?
Predadores
Fundação Demócrito Rocha 49
minhocário, podem causar gran-
de destruição. 
Ratos e lagartos: o minhocário é 
um lugar excelente para lagartos e 
ratos silvestres fazerem os seus 
ninhos, pois encontram casa e 
comida no mesmo local. Para evi-
tá-los, não se deve descuidar da 
inspeção diária. 
Separação das 
minhocas do húmus 
As principais formas para se retirar 
as minhocas dos canteiros de pro-
dução, são: 
Separação manual: muito eficien-
te, é a forma mais trabalhosa e que 
envolve mais mão de obra, poden-
do ser feita diretamente nos cantei-
ros ou utilizando-se o sistema de 
mesa. Para facilitar a colheita, 
recomenda-se distribuir, sobre os 
canteiros, alimentos farinhosos, 
restos de frutas ou mesmo esterco 
molhado, protegidos com sacos de 
pano. Depois de dois dias, retira-se 
a cobertura e recolhem-se as 
minhocas que se concentram nesta 
região. Uma pessoa habilidosa 
recolhe até 5.000 minhocas/hora, 
ou seja, cerca de quatro quilos. 
Quando a colheita é realizada no 
sistema de mesa, o material é colhi-
do do canteiro com a ajuda de um 
garfo especial que tem pontas arre-
dondadas, para não ferir as minho-
cas e disposto sobre uma mesa 
colocada em local bem iluminado. 
Em seguida, as camadas de húmus 
vão sendo retiradas com a mão, 
enquanto as minhocas vão descen-
do para a parte inferior do material, 
fugindo da luz e do contato. No final 
do processo, restará uma massa 
quase nua de minhocas, pronta 
para ser embalada ou transportada. 
Separação com a utilização de luz: 
coloca-se uma fina camada do meio 
sobre uma tela, cuja abertura da 
malha permita a passagem das 
minhocas, põe-se a peneira sobre 
um tambor contendo esterco curtido 
e deixa-se o conjunto exposto à luz, 
do sol ou artificial. 
Separação com a utilização de 
iscas: utilizando-se iscas, que é 
simples e não causa traumas nas 
minhocas, colocam-se os sacos 
vazados (como os de cebolas), 
cujas aberturas da malha devem 
permitir a passagem das minho-
cas, com esterco curtido sobre o 
meio de cultura. As iscas promo-
vem a migração das minhocas, 
fornecendo alimento farto que o 
meio de cultura não fornece mais. 
Separação por indução migrató-
ria: é utilizada nos sistemas de 
criação em pilhas, quer seja no 
campo ou em galpões. Quando o 
alimento da pilha onde se encon-
tram as minhocas estiver próximo 
de acabar, constrói-se uma nova 
pilha ao lado, com alimento fresco, 
para que as minhocas migrem em 
busca do alimento. 
Separação com peneiras: tanto as 
peneiras comuns quanto as rotati-
vas e as vibratórias são dotadas de 
pequenas malhas que separam 
bem as minhocas do húmus; contu-
do, provocam muitas mortes por 
ferimentos e stress. A peneira 
comum ou manual é a menos preju-
dicial das três. Em geral, é feita com 
uma tela de arame galvanizado de 
malha quatro, fixada em uma mol-
dura de madeira. As dimensões 
ficam a critério do usuário; porém, 
como a tela vem com 1,80 m de 
largura, compra-se 1,0 m (1,0 x 
1,80) corrido e prega-se a moldura 
ao redor, com alças de até 40 cm 
para manejo. Neste processo, a 
cada coleta de húmus perde-se, 
praticamente, uma geração de ovos 
e as minhocas miúdas que passam 
pela peneira. Durante o processo 
de colheita das minhocas utilizando 
peneiras, a taxa de mortandade 
pode chegar ou ultrapassar a 50%, 
dependendo do tipo de peneira e 
O material que foi separado, 
contendo minhocasjovens 
e casulos, deve retornar 
aos canteiros. 
Quais são as 
formas de retirar 
as minhocas 
dos canteiros?
50 Formação para o trabalho compostagem e minhocultura
dos cuidados dos operadores. Com 
cuidados, esse índice pode ser 
reduzido a menos de 10%. 
As peneiras mecanizadas, rotati-
vas ou vibratórias, são emprega-
das, sobretudo, nas grandes cria-
ções, por exigirem menos mão de 
obra. Neste método, as minhocas 
estão mais sujeitas a se ferirem, 
sendo a sua utilização mais reco-
mendada para a produção de 
húmus e/ou de minhocas destina-
das à alimentação imediata de ani-
mais (minhocultura consorciada). 
 ■ Para a venda de matrizes ou de 
iscas para pesca, outros méto-
dos são mais recomendados. 
 ■ Para o uso próprio ou venda 
para o uso no campo, não será 
necessário usar a peneira, pois 
encarece o produto. 
 ■ Se o húmus é destinado ao 
comércio, em todos os métodos 
aconselha-se o seu peneiramen-
to final, a fim de melhorar a sua 
aparência granulométrica. 
 ■ Para peneirar o húmus, a peneira 
é pendurada no teto, pelos quatro 
cantos, utilizando-se corda. 
 ■ O teor de umidade deve ser infe-
rior a 50% pois os valores supe-
riores, dificultam ou impedem a 
passagem do húmus através das 
malhas da peneira. 
 ■ A suspensão da aguação, o des-
cobrimento e o revolvimento do 
húmus são medidas que favore-
cem a desidratação.
Peneira mecanizada 
Peneira manual 
Resumo 
da lição
•	No	manejo	do	minhocário	é	
importante	uma	rotina	de	ins-
peção	diária.	
•	O	alimento	básico	da	minhoca	
é	a	matéria	orgânica	coloca-
das	nos	canteiros.	
•	O	povoamento	dos	canteiros	
deve	ser	feito	pela	manhã	com	
matrizes	selecionadas.	
•	Na	alimentação	complementar	
das	minhocas	são	usadas	fru-
tas	e	verduras.
•	Os	canteiros	devem	ser	agua-
dos	diariamente.	
•	Os	principais	predadores	das	
minhocas	são:	aves,	sapos,	
porcos,	cachorros,	ratos	e	
lagartos.	
•	Descrição	das	principais	técni-
cas	de	separação	das	minho-
cas	do	húmus.Qual o tipo de 
separação que 
provoca muitas 
mortes por 
ferimento e stress?
Desidratação: perda ou 
remoção de água de uma 
substância ou de uma mistura.
Fundação Demócrito Rocha 51
Lição 10
A 
minhocultura deve ser explo-
rada, intensivamente, colhen-
do-se húmus, matrizes, iscas 
para pesca e ração viva ou 
industrializada. 
O campo para a comercialização 
de húmus e de minhocas é muito 
amplo, pois são produtos com carac-
terísticas únicas, que não encontram 
substitutos. No entanto, a sua utiliza-
ção não é conhecida como deveria, 
sendo um mercado que precisa ser 
mais bem trabalhado. 
A alta rotatividade dos canteiros, 
aproximadamente 45 dias, possibilita 
ao minhocultor um retorno rápido do 
capital empregado. Além disto, os 
baixos investimentos exigidos, alia-
dos à existência de um mercado 
amplo e diversificado, fornecem 
excelentes perspectivas econômicas. 
Contudo, não se deve esperar 
que a minhocultura seja, de ime-
diato, a única fonte de renda; o 
ideal é iniciar com uma pequena 
criação, não abandonando a ativi-
dade principal. Portanto, a minho-
cultura deve ser considerada uma 
fonte de receitas indireta na pro-
priedade, à medida que seus pro-
dutos são utilizados pelo próprio 
produtor, em outras atividades. 
Iniciar com uma experiência em 
pequena escala, mesmo para aque-
les que têm interesse na minhocultu-
ra comercial, permitirá maior aproxi-
mação com a atividade, enquanto 
são resolvidas as questões merca-
dológicas que o negócio envolve. 
Como a atividade é relativamente 
nova no país, é importante o contato 
com criadores já estabelecidos, coo-
perativas e outras entidades interes-
sadas, clientes potenciais etc., não 
Comercialização dos produtos
esquecendo de consultar os resulta-
dos das pesquisas, publicados em 
veículos especializados, que infor-
mem sobre o mercado. 
Mesmo durante a fase de execu-
ção do minhocário, o futuro minho-
cultor não deve descuidar-se das 
pesquisas de mercado, buscando 
informações sobre fornecedores de 
esterco, os preços de mercado, as 
condições de entrega etc.
Comercialização do húmus
O húmus de minhoca, devidamente 
ensacado, pode ser distribuído em: 
lojas de agricultura e jardinagem, 
cooperativas, revendedores de 
mudas, supermercados, postos de 
gasolina etc.
Em maior escala, encontra-se 
um grande mercado diretamente 
com os fruticultores, os horticultores 
e os agricultores em geral, princi-
palmente para o plantio de culturas 
forrageiras, especialmente o capim.
Estocagem e embalagem 
O húmus deve ser estocado a gra-
nel, em pilhas com a maior altura 
possível e, de preferência, colo-
cando “sacos-isca” (composto 
úmido) ao seu redor, para que os 
recém-nascidos dos casulos não 
eclodidos e algumas minhocas que 
não foram coletadas migrem duran-
te a estocagem. 
O depósito deve ser um lugar 
ventilado e escuro, no qual o res-
secamento do húmus a granel 
não ocorra rapidamente. A umida-
de precisa ser mantida, no míni-
mo, a 30%, evitando-se a ocor-
rência de substancial perda de 
atividade biológica. 
Capital: qualquer riqueza capaz 
de dar renda e que se emprega 
para obter nova produção.
Porque a 
minhocultura 
favorece o retorno 
rápido do dinheiro 
empregado?
O preço do húmus varia de R$ 
0,40 a R$ 0,70 por kg, 
dependendo do tipo de 
embalagem, da quantidade e do 
local de venda.
52 Formação para o trabalho compostagem e minhocultura
Dicas de comercialização
 ■ A comercialização do húmus 
pode ser feita a granel ou acon-
dicionando-se o produto em 
sacos plástico, de capacidade 
variada, pois ainda não existe 
um padrão definido para embala-
gens de húmus, sendo os sacos 
plásticos de 1, 3 e 50 kg os mais 
populares. 
 ■ Na grande maioria, as embala-
gens são incolores e transparen-
tes, para adquirir a “confiança” 
dos clientes. No entanto, o ideal 
seria que as embalagens fossem 
de cores escuras, para proteger 
o húmus da volatilização pela 
luz, assegurando a sua qualida-
de por muito mais tempo. 
 ■ Quando o húmus é destinado, 
diretamente, aos grandes consu-
midores, o manuseio e a estoca-
gem são facilitados se forem uti-
lizados sacos de ráfia, podendo 
ser sacos de açúcar e cereais 
reutilizados. 
 ■ O teor ideal de umidade do pro-
duto é de 40%, devendo este ser 
citado na embalagem, a fim de 
prevenir sobre as perdas em fun-
ção do ressecamento. 
 ■ Um metro cúbico de húmus pesa 
em torno de 700 quilos.
Banco de Dados FDR
humus
Comercialização 
das minhocas 
A comercialização das matrizes 
geralmente é feita pelos próprios 
criadores, tem por base de venda a 
unidade litro ou quilo de minhocas. 
Considerando que o peso médio 
das minhocas adultas varia de 0,8 a 
1,0 grama, em um quilo deve-se ter 
de 1.000 a 1.250 matrizes. Muitas 
vezes o uso do litro como medida 
facilita o acondicionamento do pro-
duto, por dispensar a balança.
Vendidas por litro ou por quilo, as 
minhocas podem ser embaladas 
em caixas de plástico, papelão ou 
de madeira parafinada por dentro. 
As caixas deverão ser providas de 
pequenos orifícios na base e na 
tampa e preenchidas com esterco 
curtido e úmido, antes de recebe-
rem as minhocas. Este acondicio-
namento permite que as minhocas 
sobrevivam por uma semana. 
Em colônias, basta separar 1 m 
x 1 m x 30 cm de uma colônia, divi-
dir em quatro partes e acondicionar 
em sacos de malhas finas, para 
distâncias pequenas ou em caixas, 
para distâncias maiores. O preço da 
colônia irá variar com o número de 
minhocas existentes. 
Iscas para pesca 
As minhocas também são comercia-
lizadas como iscas para pesca, cuja 
popularidade entre os pescadores é 
tão grande que levou as minhocas 
gigantes (minhocuçus) de Minas 
Gerais a ficarem ameaçadas de 
extinção em algumas localidades. 
Ração vivaOutra opção de utilização das minho-
cas é como ração viva. Graças ao 
seu alto valor nutritivo-proteico (pro-
teína animal de altíssima taxa de 
conversão), elas se constituem em 
excelente fonte de alimento para 
aves, peixes, rãs e porcos. 
Como deve 
ser o depósito para 
estocagem de húmus?
Como devem ser 
acondicionada 
as minhocas 
para a venda?
O ideal é que a embalagem 
do húmus fosse em 
sacos de cores escuras.
Caso o húmus não seja exposto 
ao sol ou ressecado, poderá 
manter sua fertilidade 
por até um ano.
O preço médio de 
minhocas adultas 
varia de R$ 50,00 a 
R$120,00 por kg.
1 kg de minhocas = 1,5 litros
de minhocas
1 kg contém, em média, 1.200 
minhocas
Fundação Demócrito Rocha 53
Muitos minhocultores que já alcan-
çaram o patamar máximo de produ-
ção de húmus, utilizam o excedente 
mensal do seu plantel para alimentar 
as criações. A minhoca acelera a 
engorda das criações e as mantém 
mais sadias e imunes a doenças. 
Observações
 ■ Nas criações que têm como 
objetivo principal a produção de 
minhocas para o comércio de 
isca viva ou de ração viva, o can-
teiro é mantido por mais tempo, 
cerca de seis meses. Neste 
caso, é importante o fornecimen-
to de alimentação suplementar. 
 ■ Criadores iniciantes somente 
produzem, mensalmente, de dois 
a três quilos de minhocas adul-
tas/m², enquanto os criadores 
mais experientes alcançam de 
três a quatro quilos. 
Farinha de minhoca 
A farinha de minhoca é um com-
plemento alimentar de alto poder 
energético, que contém altos 
níveis de proteína (até 78%) e con-
centra quase todos os aminoáci-
dos essenciais. A minhoca mais 
usada para fazer a farinha é a 
“Vermelha da Califórnia”, a qual 
contém ferormônio (hormônio 
sexual), cuja presença torna a fari-
nha afrodisíaca, estimula o acasa-
lamento e a torna enormemente 
atrativa para os animais. 
A farinha de minhoca, produto 
altamente concentrado e 100% 
natural, não contém aditivos ou 
qualquer outro produto sintético, 
podendo ser utilizada misturada 
com outras rações na base de 5 a 
15%. As dosagens são mínimas, 
em geral não ultrapassam os 20 
gramas diários para obter um exce-
lente resultado. 
Para produzir 1 kg de farinha, utili-
zam-se 7 a 8 kg de minhocas vivas. 
Para que a farinha seja economica-
mente viável, é necessário ter uma 
produção elevada, para amortizar o 
custo da industrialização. 
A farinha de minhoca, que acele-
ra o crescimento, desenvolve a 
musculatura, aumenta o peso, 
cobre deficiências de proteínas e 
aminoácidos, aumenta o desempe-
nho sexual, estimula o apetite e 
torna as rações mais atraentes, é 
recomendada para: 
 ■ Piscicultura, ranicultura e 
carcinicultura. 
 ■ Piscicultura ornamental. 
 ■ Avicultura e aves esportivas. 
 ■ Chinchilas e aves ornamentais. 
 ■ Cavalos para corrida, hipismo 
e tração. 
 ■ Reprodutores bovinos, suínos, 
ovinos e caprinos. 
 ■ Gado leiteiro.
 ■ Pet	food	(cães e gatos). 
Polvilho 
As minhocas desidratadas e tritu-
radas podem ser transformadas 
em polvilho para consumo huma-
no. O polvilho é branco, parecido 
com a farinha de trigo, sendo utili-
zado no “pão enriquecido” e nas 
“massas enriquecidas” de proteí-
nas, muito populares no mercado 
norte-americano. 
Prestação de serviços 
Dentre as maneiras de ganhar 
dinheiro com a minhocultura, colo-
ca-se a prestação de serviços, tais 
como: consultorias, projetos, 
assistência técnica, cursos e 
palestras. A partir do momento 
que o minhocultor estabelece a 
sua credibilidade como pioneiro 
na região, passa a ser alvo de 
muitos produtores interessados 
nessa atividade, podendo ofere-
cer, além da venda de matrizes, 
os serviços técnicos. 
Aminoácidos: molécula 
orgânica formada por átomos de 
carbono, hidrogênio, oxigênio e 
nitrogênio unidos entre si, de 
maneira característica. Eles se 
unem através de ligações 
peptídicas, formando as 
proteínas. Para que as células 
possam produzir suas proteínas, 
elas precisam de aminoácidos.
A farinha de 
minhoca é 
recomendada para 
que tipos de animais?
54 Formação para o trabalho compostagem e minhocultura
Custos de produção
Para se ter ideia da quantidade de 
húmus produzida na criação de 
minhocas, tanto em pequena esca-
la quanto em escala comercial, 
bem como dos custos para produ-
zir 30 toneladas de húmus e 10 
toneladas de composto, são apre-
sentadas as tabelas a seguir: 
Criação de Minhocas em Pequena Escala 
Atividade Insumos 
Produção 
Húmus (Kg)Data Tempo(Dias) Tipo Matrizes Container 
Esterco 
(Kg)
X Início 1 litro 1 50 X 
45 1ª desdobra X 2 100 18,5 
45 2ª desdobra X 4 200 37,5 
45 3ª desdobra X 8 400 74,0 
45 4ª desdobra X 16 800 148,0 
45 5ª desdobra X 32 1.600 296,0 
Totais 225 - 1 litro 32 3.100 573,5 
(Fonte: Almeida, 1994). 
Criação de Minhocas em Escala Comercial 
Mês Minhocas (Kg) 
Composto / 
Mês (Kg) Produção Húmus / Mês (Kg) 
1 10 400 0 
2 20 800 0 
3 40 1.600 0 
4 80 3.200 0 
5 160 6.400 0 
6 320 12.800 9.000 
7 480 19.000 13.400 
8 720 28.000 20.000 
9 1.080 42.000 29.000 
10 1.620 63.000 44.000 
11 2.430 95.000 65.000 
12 3.650 140.000 100.000 
(Fonte: Martinovsky, 1996.) 
Fundação Demócrito Rocha 55
Custo de Produção de 30 Toneladas de Húmus de Minhoca 
Discriminação Unidade Quantidade Valor Unitário (R$) Total (R$) 
1. Serviços 573,32 
Preparo da composteira homem/dia 15 8,44 126,00 
Virada do material homem/dia 8 8,44 67,52 
Aguação do material homem/dia 5 8,44 42,20 
Peneiramento e ensa-
camento do húmus homem/dia 40 8,44 337,60 
2. Insumos 692,81 
Adubo orgânico tonelada 13 36,17 470,21 
Saco de 50 kg cento 6 24,17 145,02 
Energia kwh 862 0,09 77,58 
Total (1 + 2) 1.266,13 
Custo de Produção de 10 Toneladas de Composto Orgânico 
Discriminação Unidade Quantidade Valor Unitário (R$) Total (R$) 
Coleta de material homem/dia 4 8,44 33,7 6 
Preparo da composteira homem/dia 3 8,44 25,32 
Aguação do material homem/dia 2 8,44 16,88 
Revirada do material homem/dia 3 8,44 25,32 
Esterco bovino tonelada 2 36,17 72,34 
Total - - - 173,62 
Os dados contidos nas tabelas são aproximados para demonstrar a dinâmica da produção, varian-
do de acordo com as condições gerais e com a qualidade do alimento. 
Esperamos que, após a leitura 
deste manual, você ponha em prá-
tica as técnicas conservacionistas 
onde se destacam a composta-
gem, a minhocultura, a adubação 
verde, o uso de cobertura morta, e 
de quebra-vento, o plantio em 
curva de nível, o plantio diversifica-
do que favorece a recuperação dos 
solos e combate a erosão.
Quais são os 
custos de produção?
Compostagem
56 Formação para o trabalho compostagem e minhocultura
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REALIZAÇÃO APOIO CULTURAL APOIO