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PRO-OdOntO | ORtOdOntIA | sescAd 95 UtIlIzAçãO dOs mIcROPARAfUsOs de tItânIO AUtOPeRfURAntes cOmO AncORAgem nA ORtOdOntIA Henrique Mascarenhas Villela Antônio Nilton Leite dos Santos Introdução O planejamento da movimentação ortodôntica consiste na elaboração de um sistema de forças aplicado em dentes ou grupos de dentes. Nesse sistema de forças, existem grupos de dentes que devem ser movimentados e outros grupos de dentes de ancoragem, nos quais a movimentação pode não ser desejada. Reações colaterais indesejadas, como a movimentação dos dentes de ancoragem, podem causar efeitos negativos que comprometem o resultado final da correção das maloclusões. Os dispositivos de ancoragem esquelética podem ser classificados em definitivos e temporários. Os definitivos são implantes de finalidade protética, que irão substituir os dentes ausentes e podem servir como unidade de ancoragem. Os dispositivos de ancoragem temporários são os implantes transitórios, implantes palatinos, placas com parafusos e os microparafusos ortodônticos. Para ter uma boa aceitação por parte dos pacientes, os dispositivos temporários, em razão do seu caráter transitório, devem ser de fácil instalação e com menor desconforto cirúrgico, ter baixo custo, boa estabilidade, ser o menos incômodo possível e de fácil remoção. De todos os dispositivos temporários, os microparafusos ortodônticos (MPO) são os que melhor atendem esses requisitos. PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 95 3/12/2008 07:48:56 96 Utilização dos microparafUsos de titânio aUtoperfUrantes... A utilização da ancoragem ortodôntica esquelética com microparafusos autoperfurantes de titânio tem se tornado o grande destaque na ortodontia nos últimos anos, com resulta- dos clínicos previsíveis e embasada em evidência científica. Esses dispositivos de ancoragem temporários apresentam tamanho reduzido, possibilitando sua utilização em diversas áreas ósseas. Os procedimentos de instalação e remoção dos microparafusos autoperfurantes de titânio são simples, podendo esses dispositivos serem ativados de forma imediata, logo após a sua inserção. Em comparação com os microparafusos auto-rosqueantes, os autoperfurantes redu- zem a necessidade de osteotomia inicial, simplificando o ato cirúrgico, têm melhor estabilidade primária, melhor distribuição de forças e maior índice de sucesso. A utilização adequada dos microparafusos autoperfurantes como recurso de ancoragem depende do correto planejamento, que, apesar de ser mais simplificado, exige conhe- cimentos minuciosos e específicos da terapia ortodôntica proposta, para o incremento do sucesso clínico. objetIvos Ao final deste capítulo, espera-se que o leitor possa: planejar corretamente a utilização dos microparafusos como dispositivo de ancora-�� gem; conhecer os critérios de seleção e a aplicação clínica dos microparafusos;�� identificar corretamente o local de instalação e possíveis complicações na utlização de �� microparafusos; PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 96 3/12/2008 07:48:56 PRO-OdOntO | ORtOdOntIA | sescAd 97 esquema conceItual PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 97 3/12/2008 07:48:57 98 Utilização dos microparafUsos de titânio aUtoperfUrantes... dIsposItIvos temporárIos de ancoragem esquelétIca e suas sInonímIas A ancoragem esquelética com finalidade ortodôntica iniciou-se com o uso de implantes os- teointegrados e, posteriormente, com o uso de miniplacas. O alto custo e a elevada morbidade desses dispositivos despertaram o interesse por outros recursos de ancoragem esquelética.5 Os parafusos de titânio empregados em procedimentos de osteossíntese ou usados para fixação de enxerto ósseo foram introduzidos nesse panorama. Os parafusos de titânio apre- sentaram vantagens sobre os demais, pois têm baixo custo, técnica cirúrgica simples e maiores possibilidades de localização para a sua instalação. Algumas modificações foram introduzidas para facilitar a utilização dos parafusos de titânio pelo ortodontista e adaptá-los às novas aplicações clínicas. Surgiu, assim, a denominação de microparafuso ortodôntico de titânio. Outras sinonímias apareceram, como miniparafuso, mini-implante, microimplante e implante ortodôntico. O termo “micro” é vastamente utilizado na odontologia para se referir a tamanhos reduzidos, como nas expressões “mi- crodontia”, “micrognatia”, dentre outras. Mini-implante também é amplamente utilizado, apesar de o termo “implante” estar relacionado, na odontologia, a materiais que necessitam osteointegração, o que não ocorre com os microparafusos ortodônticos de titânio.6 Outra nomenclatura adequada para esse recurso de ancoragem, e que vem sendo largamente uti- lizada, é dispositivo temporário de ancoragem esquelética (DATE). planejamento da movImentação ortodôntIca O tratamento ortodôntico consiste na aplicação de forças em um dente ou grupos de dentes com o intuito de movimentá-los, sendo que os dentes que devem ser movimentados com- põem a unidade de ação. Quando uma força é aplicada sobre a unidade de ação, esta produz uma força de reação igual, na mesma direção e em sentido oposto, segundo a terceira Lei de Newton. Esse componente de reação que é aplicado em um dente ou grupos de dentes é denominado de unidade de reação (Figura 1). PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 98 3/12/2008 07:48:57 PRO-OdOntO | ORtOdOntIA | sescAd 99 Figura 1 – Unidade de ação (A), vetor da força de ação (seta verde), unidade de reação (B) e vetor de força de reação (seta vermelha) Fonte: Arquivo de imagens dos autores. A força é capaz de movimentar os dentes, tanto na unidade de ação quanto na unidade de reação, sendo que a movimentação dentária da unidade de ação é sempre desejada, enquanto na unidade de reação a movimentação dentária pode ser indesejada. O controle do movimento dentário da unidade de reação, quando uma força é aplicada, é denominado de ancoragem. O controle da ancoragem torna-se crítico em situações clínicas em que o movimento dentário da unidade de reação não é desejado. Pode-se classificar as condições de ancoragem em cinco tipos: fechamento de espaço recíproco;�� ancoragem moderada;�� ancoragem máxima;�� perda de ancoragem;�� ancoragem absoluta.�� Quanto maior a exigência do controle de movimentação de uma das unidades, maior é a complexidade do tratamento. A difícil tarefa de minimizar ou anular a movimentação da unidade de reação faz com que a ancoragem máxima, a perda de ancoragem e a anco- ragem absoluta exijam uma maior atenção e habilidade, por parte dos ortodontistas, para efetuar a correção.1, 14, 16 A ancoragem absoluta é empregada nas situações clínicas em que a movimentação da unidade de reação é totalmente indesejada, usualmente de difícil execução e com grandes limitações, quando realizada com recursos de ancoragem convencional. Essa terminologia é nova e surgiu com a utilização dos implantes osteointegrados como unidade de ancoragem nos tratamentos ortodônticos. Como não há nenhum tipo de movimentação da unidade de reação, esse tipo de ancoragem foi denominado de absoluta. Com a aplicação dos microparafusos, a unidade PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 99 3/12/2008 07:48:58 100 Utilização dos microparafUsos de titânio aUtoperfUrantes... de reação dispensa a utilização de recursos convencionais de ancoragem, fato este que sim- plifica a mecânica ortodôntica.3 A ancoragem esquelética pode ser classificada como direta ou indireta. A primeira aplica a força de forma direta, a partir do próprio dispositivo; a segunda é utilizada para estabilizar unidades dentais específicas, nas quais as forças são aplicadas. Os microparafusos necessitam de disponibilidade óssea reduzida, podendo ser instalados tanto em osso basal quanto alveolar. Isso oferece infinitas possibilidades de obter-se um ponto fixo na cavidade bucal (ponto de ancoragem) para efetuar movimentações dentárias complexas ou simples, de forma mais previsível. Essa possibilidade de instalação dos microparafusos,até mesmo entre raízes, faz com que suas aplicações clínicas sejam variadas.2 Os microparafusos podem servir de ancoragem para diversos tipos de movimentos dentários, como intrusão, extrusão, retração, protração, verticalização, rotação, dentre outros.3, 7, 11 Apesar das inúmeras possibilidades clínicas, a movimentação dentária é praticada respeitando os limites biológicos e com uso de força adequada. Os tratamentos ortodônticos foram potencializados em função da possibilidade de ancorar a mecânica em pontos estratégicos, permitindo movimentações dentárias incomuns à mecânica ortodôntica clássica e corrigindo maloclusões de forma mais efetiva e inovadora. Com esse novo panorama das correções ortodônticas, surgem novas possibilidades e novas mecânicas voltadas para a utilização dos microparafusos. Para a aplicação dessa mecânica com sucesso, os princípios da biomecânica necessitam ser utilizados de forma efetiva. O planejamento da utilização dos microparafusos deve considerar a indicação ortodôntica que necessite desse novo recurso para efetuar a movimentação dentária desejada. Para tanto, o profissional deve utilizar todos os elementos de diagnóstico comuns ao arsenal de documentação ortodôntica, como os modelos de estudo, as radiografias panorâmicas, as radiografias cefalométricas e periapicais, juntamente com o exame clínico. centRO de ResIstêncIA e lInhA de AçãO de fORçA Depois da avaliação criteriosa da documentação ortodôntica, é necessário determinar alguns pontos relevantes à mecânica a ser empregada. O primeiro passo é distinguir qual dente ou grupo de dentes deverá ser movimentado e determinar seu respectivo centro de resistência, associado ao tipo de movimento dentário desejado. PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 100 3/12/2008 07:48:58 PRO-OdOntO | ORtOdOntIA | sescAd 101 O centro de resistência é o ponto no dente ou grupo de dentes que oferece maior resistência à movimentação. A partir desse ponto, é elaborada a linha de ação de força que propiciará essa movimentação. A relação da linha de ação de força com o centro de resistência determinará o tipo de movi- mento dentário a ser executado, que poderá ser de rotação, translação (movimento de corpo) ou inclinação. Quanto mais próximo a linha de ação de força passar pelo centro de resistência, menor o momento gerado e maior a tendência de movimentação de corpo.11 Algumas vezes, é necessário planejar a utilização de mais de uma linha de ação de força para obter uma resultante final apropriada, uma vez que a mesma é construída a partir de dois pontos: a origem da força, o ponto de aplicação da força. A origem da força é representada pelo microparafuso e o ponto de aplicação da força é representado pelo local de conexão da mola ou do elástico no arco ou dente a ser movimentado. A escolha mais adequada desses dois pontos é fundamental para efetuar o movimento dentário desejado de forma eficiente, para minimização dos efeitos colaterais indesejados (Figura 2). Figura 2 – Origem da força (A), ponto de aplica- ção da força (B) e centro de resistência (C). Fonte: Arquivo de imagens dos autores. escolha do local de Instalação dos mIcroparafusos Para cada uma das aplicações clínicas existem locais mais adequados para a instalação dos microparafusos que favorecem a mecânica da movimentação desejada. PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 101 3/12/2008 07:48:58 102 Utilização dos microparafUsos de titânio aUtoperfUrantes... Existem dois fatores que são relevantes para a indicação do local de instalação dos microparafusos: a biomecânica da movimentação ortodôntica e a avaliação estrutural da região em que os microparafusos serão instalados.17nO primeiro fator relevante para a definição do local de instalação dos microparafusos diz respeito à biomecânica da movimentação ortodôntica, e o planejamento ortodôntico indicará o número e o provável local de instalação dos microparafusos. Faz-se necessário planejar de forma eficiente o posicionamento da direção da linha de ação de força em relação ao centro de resistência do dente ou dentes a serem movimentados. Os sistemas de força mais adequados serão abordados juntamente com as aplicações clínicas. O segundo fator importante para a indicação do local de instalação dos microparafusos está relacionado à avaliação estrutural da região, como, por exemplo, o tipo de mucosa e a área óssea disponível. A escolha do local de instalação pode ser realizada em mucosa ceratinizada ou em mucosa alveolar. O limite mucogengival deve ser avaliado, pois a instalação em regiões de mucosa ceratinizada é mais simples, evita a necessidade de incisões e propicia melhores condições de higiene e menores riscos de inflamação. Devido a esses fatores, durante o plane- jamento ortodôntico, as áreas de mucosa ceratinizas devem ser priorizadas (Figuras 3 e 4). Figura 3 – Microparafuso instalado em área de mucosa ceratinizada. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. Nos casos de instalação em mucosa alveolar, o microparafuso deve ser implantado abaixo da mucosa por meio de uma pequena incisão, e a mecânica ortodôntica deverá conectar-se ao mi- croparafuso por meio de um fio de amarrilho trançado, conforme demonstrado na Figura 5. PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 102 3/12/2008 07:48:59 PRO-OdOntO | ORtOdOntIA | sescAd 103 Figura 4 – Microparafuso instalado em área de mucosa alveolar. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. Figura 5 – Microparafusos instalados de maneira submucosa e conectados à mecânica ortodôntica por meio de um fio de amarrilho trançado. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. Outro aspecto relevante para a definição do local de instalação dos microparafusos é a avaliação da quantidade e densidade óssea disponíveis. Essa avaliação é feita por meio da radiografia periapical, em que observa-se a proximidade do local de instalação do microparafuso com as raízes dentárias ou estruturas anatômicas, como artérias, nervos e cavidades aéreas. Todos esses aspectos devem ser observados de maneira criteriosa para eleger o local mais apropriado para instalação dos microparafusos, atingindo, assim, o sucesso do tratamento ortodôntico. seleção dos mIcroparafusos ortodôntIcos Após a escolha do local mais adequado para a instalação, inicia-se o processo de seleção do microparafuso. Para tanto, será necessário conhecer melhor suas características e variações. O microparafuso pode ser dividido em três partes: cabeça, perfil transmucoso e corpo (Figura 6). PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 103 3/12/2008 07:48:59 104 Utilização dos microparafUsos de titânio aUtoperfUrantes... Figura 6 – Partes do microparafuso: cabeça (A), perfil transmucoso (B) e corpo (C). Microparafuso ortodôntico produzido pela Sistema de Implantes Nacionais (SIN) – São Paulo / Brasil. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. A seleção das partes do microparafuso deve ser feita conforme a necessidade de cada caso, pois esse dispositivo de ancoragem poderá variar em relação aos tipos de desenho da cabeça, aos comprimentos do perfil transmucoso e aos tipos de corpo. A seleção adequada do micro- parafuso que melhor adapta-se às condições anatômicas e às necessidades ortodônticas será decisiva para o sucesso dessa nova abordagem.18 Essa escolha deve ser feita em três etapas: a primeira é a seleção do tipo de cabeça, a segunda é a seleção do comprimento do perfil transmucoso e a terceira é a seleção do corpo. seleçãO dO tIPO de cAbeçA dO mIcROPARAfUsO A seleção do tipo de cabeça do microparafuso dependerá do dispositivo que será acoplado ao aplicar a força planejada para a movimentação dentária. A cabeça do microparafuso é a porção que fica exposta à cavidade bucal, em casos de instalação em mucosa ceratinizada ou supra-óssea, quando submersa em mucosa alveolar. PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 104 3/12/2008 07:49:00 PRO-OdOntO | ORtOdOntIA | sescAd 105 Existe uma grande variedade de tipos de microparafusos disponíveis no mercado, mas,de uma maneira mais simplificada, é possível classificá-los, quanto a sua aplicação, em dois tipos: o primeiro tipo seria para a utilização de molas e elásticos, com áreas retentivas, para o encaixe desses dispositivos, e o segundo, para utilização de fios ortodônticos com a presença de slots (áreas destinadas ao encaixe dos fios) (Figura 7). Figura 7 – Microparafuso dourado destinado ao encaixe de molas e elásticos, e microparafuso prateado, com duas canaletas em cruz na cabeça para encaixe de fios ortodônticos. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. O primeiro tipo de cabeça deve ter um desenho que facilite a instalação dos dispositivos, como molas e elásticos, e permita ao ortodontista sua fácil manipulação, sem uso de fios de amarrilho. A necessidade da utilização dos fios de amarrilho para fixar as molas ou os elásticos pode levar o ortodontista a uma manipulação indevida da cabeça do microparafuso, aplicando uma força que poderá ser danosa, gerando uma instabilidade no dispositivo de ancoragem (Figura 8). PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 105 3/12/2008 07:49:00 106 Utilização dos microparafUsos de titânio aUtoperfUrantes... Figura 8 – A cabeça do microparafuso do arco inferior permite o encaixe da mola de forma direta, uma vez que o microparafuso ortodôntico superior necessita do fio de amarrilho para a fixação da mola. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. O segundo tipo de cabeça deve oferecer a possibilidade de encaixe de fios ortodônticos. Em alguns casos, o microparafuso pode oferecer uma ancoragem adicional ao dente ou grupo de dentes, por meio de um fio ortodôntico que poderá ser encaixado na extremidade da sua cabeça, a qual apresenta duas canaletas em forma de cruz (Figura 9). Figura 9 – Detalhe do microparafuso com um fio na sua canaleta. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. seleçãO dO PeRfIl tRAnsmUcOsO O perfil transmucoso é a porção do parafuso que serve de transição entre o corpo e a cabeça. A escolha do comprimento do perfil transmucoso está diretamente relacionada com a espessura da mucosa, que pode variar conforme sua localização. O comprimento do perfil transmucoso pode apresentar quatro tamanhos: inexistente, curto, médio e longo. A Figura 10 apresenta os quatro tipos de perfil transmucoso. PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 106 3/12/2008 07:49:01 PRO-OdOntO | ORtOdOntIA | sescAd 107 Figura 10 – Microparafusos com quatro tamanhos de comprimento de perfil trans- mucoso. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. Perfil transmucoso inexistente Nos casos de instalação em área de mucosa alveolar, estão indicados os microparafusos que não apresentam perfil transmucoso. Dessa maneira, a cabeça do parafuso fica em contato com a cortical óssea e submucosa. A cabeça do microparafuso é conectada à mecânica ortodôntica por meio de um fio de amarrilho trançado. Perfil transmucoso de 1mm As mucosas ceratinizadas vestibulares dos arcos superior e inferior costumam ter uma espes- sura reduzida, podendo variar entre 0,5 e 1mm. O perfil transmucoso mais utilizado nessas regiões costuma ser de 1mm, tanto na parte anterior como na posterior. A Figura 11 apresenta a utilização de microparafuso com perfil transmucoso de 1mm. Figura 11 – Microparafuso com perfil transmuco- so de 1mm de comprimento instalado na mucosa ceratinizada vestibular. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 107 3/12/2008 07:49:02 108 Utilização dos microparafUsos de titânio aUtoperfUrantes... Perfil transmucoso de 2 e 3mm A mucosa palatina apresenta espessura que pode variar de 1 a 4mm, a depender da região do palato. Para avaliar a espessura do tecido mucoso, pode-se lançar mão de uma sonda milimetrada. Após a anestesia, faz-se uma perfuração da mucosa até atingir o osso e a sonda indicará a espessura. Os comprimentos de perfil mais utilizados na mucosa palatina são os de 2 e 3mm. Essa escolha deve ser a mais precisa possível, pois a escolha de um perfil mais longo do que o indicado pode acarretar a exposição excessiva da cabeça do microparafuso, causando traumas e injúrias na língua, se for posicionado no palato, ou na bochecha, se instalado por vestibular. A invasão do perfil transmucoso na cortical externa, na intenção de reduzir a expo- sição da cabeça, deve ser evitada, pois somente o corpo do microparafuso deve ser introduzido no osso. A escolha do perfil transmucoso mais curto que o indicado pode acarretar a exposição da rosca do corpo na mucosa, diminuindo o comprimento efetivo do corpo na porção intra-óssea (Figura 12). Figura 12 – Microparafuso com perfil transmuco- so de 2mm de comprimento instalado na mucosa ceratinizada palatina Fonte: Arquivo de imagens dos autores. seleçãO dO cORPO dO mIcROPARAfUsO O corpo do microparafuso pode variar quanto ao formato, ao tipo de rosca, ao compri- mento e ao diâmetro. O formato do corpo e o tipo de rosca determinam se o microparafuso é auto-rosqueante ou autoperfurante, como demonstrado na Figura 13. PRO-ODONTO | ORTODONTIA | SESCAD 125 Figura 11 – Palpação da porção superior do músculo trapézio. Fonte: Arquivo de imagens dos autores A palpação muscular deve ser realizada bilateralmente, com a ponta dos dedos ou pelo pinçamento dos músculos, quando nenhum suporte ósseo está presente. O paciente deve estar sentado, de frente para o examinador, a fi m de possibilitar a observação de suas reações, ainda deve estar em posição relaxada, com os dentes suavemente afastados. Da mesma forma que a ATM, a palpação dos músculos também é graduada, de acordo com a resposta do paciente de 0 a 3.60 Nessa etapa do exame, procura-se detectar a presença de pontos-gatilho nas estruturas miofasciais. Se, durante a palpação de um determinado músculo, bilateral e simultâneo, o paciente apresentar uma reação de dor severa, com reação de refl exo palpebral, deve-se manter a palpação por 8 a 10 segundos e questionar ao paciente se além do local que está sendo palpado, o mesmo sente dor em outro local. Desse modo, tenta-se reproduzir zonas de dor referida que, uma vez confi rmadas, sugerem um diagnóstico de dores miofasciais. Nos casos de dores miofasciais, indica-se terapia específi ca, que pode envolver fi sio- terapia, infi ltrações e farmacoterapia. 6.1.1. Avaliação dentária e oclusal 6.1.1.1. Exame dentário PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 108 3/12/2008 07:49:05 PRO-OdOntO | ORtOdOntIA | sescAd 109 Figura 13 – Microparafusos com corpo cilíndrico, auto-rosqueante (A), e com corpo cônico, auto- perfurante (B) Fonte: Arquivo de imagens dos autores. No caso dos microparafusos auto-rosqueantes, o corpo apresenta um formato cilíndrico, ha- vendo a necessidade da utilização de uma fresa inicial, que deve fazer a abertura antecipada do trajeto cirúrgico na mucosa e no osso. Os microparafusos autoperfurantes apresentam uma forma cônica e dispensam o uso de uma fresa inicial para a sua instalação, a qual é feita de forma direta, proporcionando uma excelente estabilidade primária. Se o local selecionado for a mucosa ceratinizada, a instalação do microparafuso autoperfurante deverá ser feita de forma transmucosa, sem a necessidade de incisão prévia. Esse tipo de abordagem tem simplificado bastante o ato cirúrgico, uma vez que reduz a necessidade do uso do motor de implante e do contra-ângulo. PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 109 3/12/2008 07:49:05 110 Utilização dos microparafUsos de titânio aUtoperfUrantes... seleção do comprimento do corpo do microparafuso O comprimento do corpo do microparafuso está relacionado com a densidade óssea do local de instalação. Em média, os comprimentos mais utilizados são de 6 a 10mm (Figura 14). Figura 14 – Microparafusos com três tipos de comprimento de corpo. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. Em regiões de maior densidade óssea, osso tipo I apresenta na sua totalidade apenas cortical, como na sínfise ou áreas edêntulas. Nesses locais, pode-se utilizar microparafuso comcom- primento de corpo de 6mm. O comprimento de corpo mais utilizado é o de 8mm, pois promove uma excelente retenção mecânica, suficiente para dar a estabilidade aos parafusos monocorticais nos ossos de den- sidade tipos II e III. A densidade tipo II refere-se ao osso que apresenta uma cortical espessa com pouca medular. Já o osso tipo III é de menor densidade e apresenta uma cortical delgada, com predominância do osso medular. A aplicação de microparafusos com comprimentos de corpo maiores, como o de 10mm, pode ser utilizada em regiões de osso de baixa densidade, osso tipo IV, como na região posterior de maxila que apresenta apenas osso medular, e pode beneficiar-se desses comprimentos. seleção do diâmetro do corpo do microparafuso O diâmetro do corpo do microparafuso pode variar entre 1,4 e 1,8mm, e sua escolha normal- mente está relacionada com o espaço ósseo disponível para sua instalação (Figura 15). PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 110 3/12/2008 07:49:05 PRO-OdOntO | ORtOdOntIA | sescAd 111 Figura 15 – Microparafusos com três tipos de diâmetro de corpo. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. Os parafusos de 1,6mm de diâmetro oferecem uma excelente retenção para a maioria das situações clínicas e são os mais utilizados. O diâmetro maior é recomendado para áreas de maior disponibilidade óssea ou que tenham uma densidade óssea reduzida, o que é comum, sobretudo na região posterior da maxila. Os diâmetros maiores podem ser utilizados nos casos em que os menores não proporcionaram uma boa estabilidade primária, sendo, assim, necessária a utilização desses diâmetros de emergência. 1. Assinale a alternativa que NãO apresenta situações em que se pode recorrer à ancoragem esquelética. A) Quando não é desejada a movimentação recíproca dos dentes da unidade de rea- ção. B) Quando o paciente não tem disponibilidade de dentes posteriores para servir de unidade de ancoragem. C) Quando não há colaboração do paciente ou há rejeição aos dispositivos convencionais de ancoragem. D) Quando é desejada a movimentação recíproca dos dentes da unidade de reação. Resposta no final do capítulo PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 111 3/12/2008 07:49:05 112 Utilização dos microparafUsos de titânio aUtoperfUrantes... 2. Quais os dois fatores mais relevantes para a indicação do local de instalação dos micro- parafusos ortodônticos? __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ 3. Qual o risco da utilização de fios de amarrilho para fixar molas ou elásticos aos micropa- rafusos ortodônticos? __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ 4. Para quais situações estão indicados, respectivamente, os microparafusos com diâmetro menor e maior? __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ protocolo cIrúrgIco O protocolo cirúrgico para instalação do microparafuso pode variar conforme as características do local escolhido. A instalação do microparafuso deve ser feita, de preferência, manualmente, utili- zando-se a chave longa. Deve-se reservar o uso do contra-ângulo e do motor de implante só para os casos em que a chave manual não tem acesso. PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 112 3/12/2008 07:49:06 PRO-OdOntO | ORtOdOntIA | sescAd 113 O protocolo cirúrgico para instalação dos microparafusos autoperfurantes é mais simples, reduzindo a possibilidade de lesão de raízes e proporcionando uma melhor estabilidade pri- mária em relação aos auto-rosqueantes.9, 19 A seguir, serão abordados três tipos de protocolos cirúrgicos: instalação manual, instalação com contra-ângulo e instalação submucosa. Esses protocolos serão divididos didaticamente nas seguintes etapas: preparo ortodôntico, preparo do paciente, avaliação clínica da mucosa, avaliação radiográfica, anestesia, instalação do microparafuso, propriamente dito, avaliação da estabilidade primária e avaliação radiográfica final. PRePARO ORtOdôntIcO Durante o planejamento ortodôntico, quando se determina o local de instalação do micropa- rafuso, é necessário avaliar o espaço disponível por meio de uma radiografia periapical. Na porção do terço médio e coronal da raiz, teoricamente, é necessário um espaço mínimo de 2,8mm, relativo a 1,4mm do diâmetro mínimo de um parafuso, somado a 1,4mm, referente a 0,7mm de espaço mínimo entre o parafuso e a raiz do dente de cada lado do parafuso. Algumas movimentações ortodônticas prévias à instalação do microparafuso podem ser executadas para facilitar o ato cirúrgico, tornando-o mais seguro e com menos riscos. Ide- almente, deve-se disponibilizar um espaço que promova uma margem de segurança que dê tranqüilidade ao profissional. Para isso, pode-se efetuar divergência entre as raízes. Essa movimentação pode ser efetuada por meio de dobras de segunda ordem ou de colagens estratégicas dos bráquetes, para favorecer essa abertura de espaço, conforme ilustrado nas Figuras 16A, B e C. PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 113 3/12/2008 07:49:06 114 Utilização dos microparafUsos de titânio aUtoperfUrantes... A B C Figura 16 – A) Ausência de espaço entre as raízes do canino e do incisivo lateral para a instalação do micro- parafuso ortodôntico. B) Dobras de segunda ordem para efetuar abertura de espaço entre as raízes do canino e do incisivo lateral. C) Microparafusos instalados entre o canino e o incisivo lateral após ter sido efetuada a divergência de raízes com dobras de segunda ordem. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. Deve-se evitar o uso de molas abertas entre as coroas no intuito de aumentar o espaço entre as raízes, pois essa conduta não é eficiente. A utilização desse recurso pode abrir espaço en- tre as coroas sem promover abertura de espaço entre as raízes, como demonstra as Figuras 17A e B. A B Figura 17 – A) Ausên- cia de espaço entre as raízes do canino e do incisivo lateral para a instalação do micro- parafuso ortodôntico, sendo instalada uma mola aberta para ob- ter espaço entre estas. B) Não houve abertura de espaço entre as raízes do canino e do incisivo lateral, ocor- rendo abertura de es- paço entre as coroas, que não é desejada. Fonte: Arquivo de ima- gens dos autores. PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 114 3/12/2008 07:49:07 PRO-OdOntO | ORtOdOntIA | sescAd 115 PRePARO dO PAcIente Apesar de a instalação do microparafuso autoperfurante ser simples, nenhum cuidado ine- rente ao ato cirúrgico deve ser negligenciado. A anamnese e o exame clínico devem ser feitos cuidadosamente. É administrado ao paciente, 30 minutos antes do procedimento cirúrgico, um anal- gésico para dar conforto pós-operatório e minimizar a sensação de pressão. Antes do ato cirúrgico, é feito bochecho com gluconato de clorexidina a 0,2%, durante 30 segundos, e anti-sepsia extrabucal com solução degermante de gluconato de clorexidina a 2%. AvAlIAçãO clínIcA dA mUcOsA O local de eleição para a instalação do microparafuso deve ser, preferencialmente, em mucosa ceratinizada, pois, além de dispensar a necessidade de incisão, proporciona um bom estado de saúde dos tecidos moles adjacentes ao parafuso, minimizando a ocorrência de inflamações. Para escolher o comprimento de perfil transmucoso mais adequado, é necessário determi- nar a espessura da mucosa. Paratal, pode-se utilizar uma sonda milimetrada. Quando a sonda é pressionada perpendicularmente à mucosa, observa-se a porção que foi introduzida por meio da sua graduação em milímetros, que corresponde à espessura da mucosa. Após essa avaliação, é feita a opção pelo perfil transmucoso mais adequado. A mucosa palatina, normalmente, apresenta espessuras que podem variar de 1 a 4mm, enquanto as mucosas vestibular superior e inferior costumam ser mais delgadas. Quando o local de escolha é a mucosa alveolar, torna-se necessário fazer uma incisão para instalar o microparafuso, sem perfil transmucoso, abaixo da mucosa e conectado à cavidade bucal por meio de um fio de amarrilho trançado. AvAlIAçãO RAdIOgRáfIcA Após a análise clínica do local de instalação do microparafuso, é feita uma radiografia peria- pical para avaliar o espaço ósseo disponível. Essa radiografia poderá ser feita com um guia cirúrgico radiopaco, construído com fio ortodôntico em forma de alça. A utilização do guia cirúrgico radiopaco é questionável, pois o alto nível de distorção das ra- diografias pode levar a falsas interpretações das imagens e não garante o sucesso da avaliação radiográfica do local de instalação do microparafuso. PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 115 3/12/2008 07:49:07 116 Utilização dos microparafUsos de titânio aUtoperfUrantes... Quando o guia cirúrgico radiopaco é posicionado por vestibular, ocorre um encurtamento do mesmo nas radiografias periapicais. Essa distorção pode ser minimizada quando a tomada é feita com a técnica radiográfica da bite-wing. Mesmo assim, podem ocorrer distorções em razão do superposicionamento de várias estruturas que estão em diferentes planos em uma película. A tomada radiográfica deve servir apenas para avaliar o espaço disponível necessário à decisão do diâmetro do parafuso a ser utilizado. Essa opção deve levar em consideração a possibilidade da escolha de um diâmetro menor (1,4mm) para áreas mais reduzidas. Preferencialmente, não se deve utilizar o maior diâmetro como primeira opção, mesmo em áreas de maior disponibilidade óssea, o que inviabilizaria a instalação de um microparafuso de emergência, utilizado nos casos em que se consegue a estabilidade primária necessária. Durante a avaliação radiográfica do local de instalação do microparafuso, se forem observados espaços reduzidos entre as raízes, deve-se fazer um preparo ortodôntico para divergir as raízes e dar uma maior margem de segurança. AnestesIA Para dar maior segurança ao ato cirúrgico, é necessário contar com a sensibilidade do paciente em relação ao dente, anestesiando apenas o periósteo. É fundamental instruir o paciente que, durante o procedimento, é comum uma sensação de pressão. A anestesia deve ser subperiosteal no local de instalação do microparafuso. Esse tipo de conduta é suficiente para tornar o procedimento totalmente indolor. Deve-se evitar anestesia infiltrativa terminal, pois a sensibilidade dentária é uma arma valiosa para evitar qualquer tipo de aproximação do microparafuso com a raiz do dente. Havendo aproximação do microparafuso com a lâmina dura ou com o ligamento periodontal, o paciente relatará incômodo, e isso servirá de alerta, obrigando o profissional a mudar o ângulo de instalação do microparafuso ou selecionar outro local para sua instalação (Figuras 18A e B). PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 116 3/12/2008 07:49:07 PRO-OdOntO | ORtOdOntIA | sescAd 117 A B Figura 18 – A) Anestesia subperiosteal. B) Quantidade de anestésico usada para instalação de um micropa- rafuso ortodôntico. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. InstAlAçãO dO mIcROPARAfUsO AUtOPeRfURAnte (mAnUAl) O processo de instalação do microparafuso autoperfurante pode ser dividido em três partes: escolha do local de instalação, perfuração da cortical e instalação do microparafuso. escolha do local de instalação A determinação do local de instalação do microparafuso autoperfurante pode ser confirmada por meio da utilização de uma sonda milimetrada posicionada na ameia. Faz-se uma marcação na gengiva para orientar a direção e a altura de instalação O espaço disponível para instalação do microparafuso entre as raízes, normalmente, está posicionado no terço médio da raiz. Perfuração da cortical Utiliza-se a sonda exploradora para efetuar a tentativa de perfuração da cortical vestibular da maxila no local selecionado para efetuar a instalação do microparafuso. Nessa região, a cortical normalmente é delgada e não apresenta muita resistência, principalmente nos dolicofaciais. Essa tentativa é uma forma de avaliar clinicamente a densidade da cortical. Em regiões onde a cortical é mais espessa, como na mandíbula ou na maxila de braquifaciais, a perfuração da cortical deve ser feita com a fresa-lança manual. PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 117 3/12/2008 07:49:08 118 Utilização dos microparafUsos de titânio aUtoperfUrantes... Quando o local de eleição para instalação do microparafuso for a mucosa ceratini- zada, não haverá necessidade de incisão, pois a perfuração é feita via transmucosa. Nos casos de instalação em mucosa alveolar, a perfuração da cortical é feita após uma pequena incisão. Instalação do microparafuso A instalação dos microparafusos deve ser feita, preferencialmente, de forma manual, utilizando a chave longa, evitando a instalação mecânica com o contra-ângulo. O uso deste deve reservar- se apenas aos casos em que a chave manual não tem acesso, como, por exemplo, regiões do palato e regiões posteriores da mandíbula. A instalação manual oferece uma sensibilidade táctil, proporcionando um controle maior da resistência que a região óssea oferece para a penetração do parafuso. A manopla deve ser empunhada de forma que sua extremidade seja acomodada na palma da mão, e a força para a instalação seja exercida nas pontas dos dedos. Essa forma minimiza o risco de fratura do parafuso, pois limita a força empregada na manopla e permite uma instalação mais suave, sem movimentos excêntricos (Figura 19). Figura 19 – Posicionamento da manopla na mão para efetuar a instalação do microparafuso ortodôntico. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. O encaixe da chave com a cabeça do microparafuso deve ser preciso, evitando movimentos excêntricos durante a instalação e possibilitando um fácil desencaixe após o assentamento, para não comprometer a estabilidade primária do microparafuso. Durante o processo de inserção do microparafuso, é necessário determinar o ângulo de instalação, mantendo a mão firme e, lentamente, introduzir o microparafuso sem modifi- car a angulação. Os ângulos de instalação variam conforme as características das diferentes regiões. PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 118 3/12/2008 07:49:08 PRO-OdOntO | ORtOdOntIA | sescAd 119 Na mandíbula, a instalação do microparafuso é mais angulada, enquanto na maxila ela é feita de forma mais perpendicular em relação ao longo eixo do dente. No palato, a angulação é feita de forma perpendicular à cortical palatina. O ângulo de instalação para mandíbula, maxila por vestibular e palato, são: mandíbula�� – a instalação do microparafuso deve ser feita com angulação de 45 a 60° em relação ao longo eixo do dente. Essa angulação permite um maior aproveitamento da cortical externa, que é mais espessa na mandíbula, além de garantir maior resistência às cargas geradas pela mastigação. Na região posterior da mandíbula existe um distan- ciamento progressivo da cortical vestibular em relação à raiz do dente, que aumenta para apical. Dessa forma, quando é feita uma instalação mais angulada, diminui o risco de contato do parafuso com a raiz. Outra vantagem é a de permitir a instalação do microparafuso um pouco mais para apical, porém, sua cabeça fica posicionada em mucosa ceratinizada (Figuras 20 e Figuras 21A, B, C, D, E, F, G, H, I e J).17, 18, Figura 20 – Angulação de 45° do micropara- fuso em relação ao dente para a instalação na mandíbula. Fonte: Arquivo de imagens dosautores. PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 119 3/12/2008 07:49:08 120 Utilização dos microparafUsos de titânio aUtoperfUrantes... Figura 21 – A) Avaliação radiográfica do local de instalação do microparafuso ortodôntico. B) Avaliação clínica do local de instalação do microparafuso ortodôntico. C) Anestesia subperiosteal no local de instalação do mi- croparafuso ortodôntico. D) Determinação do local de instalação do microparafuso ortodôntico. E) Perfuração da cortical com a fresa-lança manual. F) Início da instalação do microparafuso com a angulação de 60°. G) Finalização da instalação do microparafuso ortodôntico. H) Detalhe do microparafuso ortodôntico instalado. I) Avaliação da estabilidade primária com uma sonda exploradora. J) Avaliação radiográfica final. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. A B DC GE F JH I A diferença do procedimento cirúrgico transmucoso para o submucoso é a necessidade de efetuar uma incisão prévia à instalação do microparafuso (Figuras 22A, B, C, D, E, F e G). PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 120 3/12/2008 07:49:10 PRO-OdOntO | ORtOdOntIA | sescAd 121 Figura 22 – A) Anestesia infiltrativa local. B) Incisão vertical. C) Cortico- tomia com a fresa-lança manual. D) Instalação manual do microparafuso ortodôntico. E) Fixação do fio de amarrilho na cabeça do microparafuso ortodôntico. F) Sutura. G) Ativação imediata. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. A D G B E C F maxila por vestibular�� – a angulação de instalação do microparafuso na maxila por vestibular deve ser de 80 a 90° em relação ao longo eixo do dente, pois, nessa área, a cortical é bem delgada e não há grande incidência de forças da mastigação.17, 18, 19 Alguns autores propõem a instalação mais angulada do microparafuso na maxila por vesti- bular (em torno de 30 a 40° em relação ao longo eixo do dente), com a justificativa de evitar o contato do corpo do parafuso com as raízes.12 Essa justificativa parece ser infundada, pois nessa região, as raízes vestibulares estão próximas à cortical vestibular e, independentemente da angulação de instalação, essa proximidade sempre existirá. Relativamente, o aumento da angulação para aproveitar a cortical vestibular da maxila, também parece infundada, pois, na maxila, essa cortical é delgada e não justifica o aumento da angulação (Figuras 23 e Figuras 24A, B, C, D, E, F e G). PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 121 3/12/2008 07:49:11 122 Utilização dos microparafUsos de titânio aUtoperfUrantes... Figura 23 – Angulação de 80° do micropara- fuso em relação ao dente para a instalação na maxila. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. A C F B D G E H Figura 24 – A) Avaliação clínica do local de instalação do microparafuso ortodôntico. B) Anestesia subperios- teal em mucosa ceratinizada. C) Determinação do local de instalação do microparafuso ortodôntico por meio de uma sonda milimetrada. D) Avaliação da resistência da cortical vestibular com uma sonda exploradora. E) Perfuração da cortical com a fresa-lança manual. F) Instalação do microparafuso ortodôntico com uma chave manual. G) Detalhe da finalização da instalação do microparafuso ortodôntico. H) Microparafuso instalado na região vestibular Fonte: Arquivo de imagens dos autores. PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 122 3/12/2008 07:49:12 PRO-OdOntO | ORtOdOntIA | sescAd 123 A quantidade de osso inter-radicular é maior na região do ápice, mas esta só é alcançada com a instalação do parafuso mais à apical, e não por meio da alteração de angulação. Porém, a instalação mais apical tem aplicação clínica restrita apenas aos casos de intrusão. A altura mais utilizada nos casos de retração anterior é em torno de 7 a 8mm do arco ortodôntico. Espacialmente, quando se introduz um parafuso na altura de 7 a 8mm na cortical vestibular, pela sua proximidade com as raízes, o parafuso já fica em íntimo contato com estas e não justifica-se uma angulação aumentada, exceto nos casos em que há presença de torus ma- xilar. O aumento da angulação do parafuso não modifica a relação dos terços inicial e médio do parafuso com as raízes. palato�� – a região do palato oferece maior resistência para a instalação do microparafuso ortodôntico, principalmente na linha média. Nesses casos, pode-se utilizar uma fresa de 1mm de diâmetro, com velocidade entre 300 e 500 rotações por minuto (rpm) para fazer a perfuração inicial. Após a descorticalização, faz-se a instalação do micropara- fuso utilizando o contra-ângulo com velocidade média de 20 a 40rpm. A angulação de instalação no palato deve ser perpendicular à cortical palatina (Figuras 25A, B, C, D e E).17, 18, 19 A C B D E Figura 25 – A) Anestesia subperiosteal em mucosa palatina. B) Avaliação da espessura da mucosa palatina por meio de uma sonda milimetrada. C) Instalação do microparafuso ortodôntico no palato com contra-ângulo e motor de implante. D) Detalhe da finalização da instalação do microparafuso ortodôntico com contra-ângulo. E) Microparafuso instalado no palato. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 123 3/12/2008 07:49:13 124 Utilização dos microparafUsos de titânio aUtoperfUrantes... AvAlIAçãO dA estAbIlIdAde PRImáRIA A avaliação da estabilidade primária, apesar de simples, é fundamental, pois é um dos requi- sitos mais importantes para o sucesso desse procedimento. A avaliação deve ser feita com o auxílio da sonda exploradora, que deve exercer uma pressão na cabeça do microparafuso com a finalidade de verificar a estabilidade do mesmo. O microparafuso deverá resistir à pressão sem nenhum tipo de mobilidade. Nos casos em que a estabilidade está ausente, deve-se trocar o microparafuso por um de diâmetro maior e, se possível, também com um comprimento maior, para obter boa estabi- lidade primária, ou escolher um novo leito cirúrgico. A falta de estabilidade primária poderá ocorrer em razão da baixa densidade óssea ou por falha no procedimento de instalação do microparafuso. A instalação manual deve ser feita com cuidado e firmeza para evitar a mudança de direção durante a introdução do microparafuso no osso, evitando prejuízos na estabilidade do mesmo. AvAlIAçãO RAdIOgRáfIcA fInAl A avaliação final da instalação do microparafuso deve ser feita com radiografias periapicais, levando-se em conta as distorções e superposições de imagens comuns nesse tipo de radio- grafia. Algumas vezes, torna-se necessário mais de uma tomada radiográfica para a confir- mação de que o microparafuso não atingiu raízes dentárias ou estruturas anatômicas vizinhas (Figuras 26A, B, C e D). PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 124 3/12/2008 07:49:13 PRO-OdOntO | ORtOdOntIA | sescAd 125 A C B D Figura 26 – A) Radiografia periapical do microparafuso ortodôntico na mandíbula, com uma distorção de imagem que pode levar a uma interpretação equivocada de um mau posicionamento do microparafuso orto- dôntico. B) Nova tomada radiográfica para corrigir a distorção da anterior e certificar o bom posicionamento do microparafuso ortodôntico na mandíbula. C) Radiografia periapical do microparafuso ortodôntico na maxila, com uma distorção de imagem que pode levar a uma interpretação equivocada de um mau posicionamento do microparafuso ortodôntico. D) Nova tomada radiográfica para corrigir a distorção da anterior e certificar o bom posicionamento do microparafuso ortodôntico na maxila. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. RemOçãO A remoção dos parafusos instalados de forma transmucosa é feita sem anestesia, bastando encaixar a chave manual longa e girar o parafuso no sentido inverso para desparafusar. Para proporcionar um conforto maior ao paciente pode-se aplicar um anestésico tópico na área, previamente ao procedimento de remoção (Figuras 27A, B, e C). Os parafusos que foram instalados de forma submucosa necessitam de anestesia infiltrativa local, para que seja feito o acesso ao dispositivo de ancoragem com uma lâmina de bisturi. PRO-ODONTOOrto c2m2 - 11.indd 125 3/12/2008 07:49:14 126 Utilização dos microparafUsos de titânio aUtoperfUrantes... A B C Figura 27 – A) Aspecto clínico do microparafuso ortodôntico antes de ser removido. B) Remoção do micro- parafuso ortodôntico com uma chave manual. C) Microparafuso removido. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. 5. Por que a instalação mais angulada do microparafuso na região vestibular da maxila não diminui o risco de contato com as raízes, nem aumenta sua ancoragem? __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ Resposta no final do capítulo 6. Quais as justificativas para fazer a instalação dos microparafusos mais angulados na mandíbula? __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ Resposta no final do capítulo PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 126 3/12/2008 07:49:14 PRO-OdOntO | ORtOdOntIA | sescAd 127 atIvação ortodôntIca A ativação adequada por parte do ortodontista é um aspecto muito relevante para a estabi- lidade e a preservação dos microparafusos. A escolha da qualidade, da quantidade da força e o momento em que a mesma deve ser aplicada parecem exercer uma influência muito importante para a eficácia desse dispositivo. A força deverá ser aplicada imediatamente após a instalação do microparafuso. Dessa maneira, o dispositivo de ancoragem receberá um estímulo benéfico da força ortodôntica que estimula a formação óssea na interface titânio–osso. Em relação à quantidade de força, inicialmente os microparafusos devem receber uma carga menor, que deverá ser entre 150 e 200g.17, 18, 19 Essa carga de força deve ser medida com um dinamômetro, para não haver sobrecarga na fase inicial de ativação ortodôntica. Gradualmente, a carga poderá ser aumentada, chegando a uma força de até 350g (Figura 28). Figura 28 – Mensuração da força inicial da mola de níquel/ titânio com um dinamômetro. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. Os níveis de força podem variar conforme as necessidades de movimentação, mas a qualidade do osso também vai ser decisiva para suportar níveis de força maiores. As forças iniciais de- vem ser, preferencialmente, contínuas e suaves. Para isso, devem-se utilizar molas de níquel/ titânio (Ni/Ti). PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 127 3/12/2008 07:49:15 128 Utilização dos microparafUsos de titânio aUtoperfUrantes... A utilização de elásticos deve ser evitada, pois os mesmos liberam forças inter- rompidas, com uma queda significativa do nível de força após um curto período, necessitando de uma ativação inicial muito elevada, o que seria prejudicial na fase de ativação ortodôntica (Figura 29). Em situações clínicas, nas quais não é possível utilizar molas, devem-se utilizar elásticos em cadeia que sejam mais suaves e que dissipem menos força quando forem distendidos. Figura 29 – Mensuração da força inicial do elástico com um dinamômetro. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. orIentações ao pacIente O paciente deve ser orientado a observar três importantes aspectos: higiene da cabeça do microparafuso, avaliação da estabilidade e sintomatologia dolorosa. hIgIene dA cAbeçA dO mIcROPARAfUsO A manutenção de uma boa higiene do microparafuso é muito importante para garantir a saúde dos tecidos adjacentes ao microparafuso. Essa higiene deve ser feita cuidadosamente com escova dental de cerdas macias e com o próprio creme dental. PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 128 3/12/2008 07:49:15 PRO-OdOntO | ORtOdOntIA | sescAd 129 O paciente precisa ser orientado quanto à importância da higiene. A falha no controle desse procedimento pode comprometer o sucesso de toda a terapia. A higiene do microparafuso deve ser avaliada rigorosamente. AvAlIAçãO dA estAbIlIdAde O paciente deve ser orientado para não ficar manuseando todo o tempo a cabeça do parafuso com objetos ou o dedo. Ele deve avisar, imediatamente, ao profissional, se observar alguma mobilidade do microparafuso, pois o mesmo deve apresentar boa estabilidade durante todo o período da sua presença na cavidade bucal. sIntOmAtOlOgIA dOlOROsA Em condições normais, a instalação dos microparafusos e o período pós-cirúrgico não geram sintomatologia dolorosa. A instalação em áreas de maior densidade óssea pode gerar uma sensação de pressão no local próximo ao parafuso. Qualquer tipo de dor referida deve ser avaliado cuidadosamente e nunca deve ser subestimado. Caso necessário, o paciente poderá fazer uso de medicações analgésicas no período pós-cirúrgico imediato, para dar mais conforto. Durante a instalação do microparafuso, se houver alguma queixa envolvendo um dente, deve ser realizada uma nova radiografia e, se necessário, removido o parafuso e instalado em uma posição mais adequada (Figuras 30A, B, C, D e E). PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 129 3/12/2008 07:49:15 130 Utilização dos microparafUsos de titânio aUtoperfUrantes... A C B D E Figura 30 – A) Radiografia periapical com o microparafuso ortodôntico instalado próximo ao ligamento periodontal do segundo pré-molar inferior. B) Radiografia periapical após a reinstalação do microparafuso ortodôntico mais para mesial. C) Radiografia periapical com o microparafuso ortodôntico instalado próximo ao ligamento periodontal do primeiro molar superior. D) Radiografia periapical após a reinstalação do micro- parafuso ortodôntico mais para mesial e apical. E) Aspecto clínico da reposição do microparafuso ortodôntico mais para mesial e apical. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. complIcações clínIcas Os microparafusos apresentam excelentes resultados clínicos, mas sua instalação precisa seguir protocolos minuciosos para obter um maior índice de sucesso.4 Contudo, existem algumas complicações decorrentes da utilização dessa técnica que precisam ser observadas. PeRdA de estAbIlIdAde dO mIcROPARAfUsO Clinicamente, a utilização dos microparafusos autoperfurantes, juntamente com o novo pro- tocolo cirúrgico, vem melhorando o índice de sucesso da ancoragem esquelética. A perda de estabilidade é a complicação mais freqüente na ancoragem com microparafusos, podendo ocorrer dias após a ativação ortodôntica.4 Ela está usualmente relacionada com a bai- xa estabilidade primária e a aplicação de uma força ortodôntica excessiva. Para diminuir a ocorrência dessa complicação, é imprescindível selecionar o parafuso mais adequado para a região de escolha e realizar uma avaliação da estabilidade primária, logo após sua instalação, utilizando uma sonda exploradora. PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 130 3/12/2008 07:49:16 PRO-OdOntO | ORtOdOntIA | sescAd 131 Se a estabilidade primária não estiver boa, é necessário remover o microparafuso e substituí-lo por outro, de emergência, com um diâmetro maior e, algumas vezes, de comprimento maior. Se a utilização de um microparafuso de emergência não resolver o problema, deve-se escolher outro local para a sua instalação. Outro aspecto relevante para a estabilidade do microparafuso é a quantidade e qualidade da força e o momento da ativação ortodôntica. A ativação inicial não deve ultrapassar 200g e, preferencialmente, deve ser empregada com molas de níquel–titânio, que proporcionam forças contínuas e de fácil mensuração. A perda de estabilidade do microparafuso é caracterizada clinicamente pela movimentação recíproca do microparafuso em direção à unidade ativa e está relacionada a uma sensibilidade dolorosa. Uma vez detectada clinicamente a mobilidade do microparafuso, o mesmo deverá ser substituído,sendo possível sua troca imediata, utilizando-se um outro sítio cirúrgico viável ortodonticamente ou, após quatro semanas, utilizando-se o mesmo sítio cirúrgico inicial. O diag- nóstico preciso do agente etiológico que levou à perda de estabilidade do microparafuso deverá nortear o novo procedimento cirúrgico para evitar futuros problemas (Figuras 31A, B, C e D). A C B D Figura 31 – A) Microparafuso ortodôntico instalado mais angulado. B) Remoção do microparafuso ortodôntico com a chave manual. C) Instalação de um novo microparafuso ortodôntico, posicionado mais para apical e menos angulado. D) Microparafuso ortodôntico instalado menos angulado e mais perpendicular à cortical vestibular. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 131 3/12/2008 07:49:17 132 Utilização dos microparafUsos de titânio aUtoperfUrantes... mUcOsIte A mucosite é definida como uma patologia inflamatória de origem bacteriana, restrita aos tecidos moles adjacentes ao microparafuso. É importante realizar o controle bacteriano por meio de protocolo rígido de higienização, para o aumento das taxas de sucesso dos microparafusos. Normalmente, a mucosite ocorre quando a instalação dos microparafusos é feita em mucosa alveolar, o que proporciona uma constante mobilidade dos tecidos moles adjacentes ao parafuso, causando injúrias, dificultando a higienização e originando um conseqüente acúmulo de placa bacteriana nessa região. Quando a mucosite for diagnosticada, deve-se remover a aparatologia ortodôntica que está fixada à cabeça do microparafuso (como molas, elásticos ou fios de amarrilho), para facilitar a higienização da área. Em casos de mucosite, a aplicação de gluconato de clorexidina a 0,2% em gel deve ser feita três vezes ao dia, por cinco dias. Os dispositivos ortodônticos só deverão ser instalados após a normalização da saúde dos tecidos moles (Figuras 32A, B e C). A B C Figura 32 – A) Microparafuso ortodôntico instalado em mucosa alveolar. B) Presença de mucosite em torno do microparafuso ortodôntico. C) Melhora clínica dos tecidos moles em torno do microparafuso ortodôntico após a utilização de gluconato de clorexidina gel a 0,2%. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. Para diminuir o risco da ocorrência da mucosite, os microparafusos devem ser insta- lados preferencialmente em mucosa ceratinizada e o paciente deve ser orientado para fazer uma higiene cuidadosa e eficiente da cabeça do microparafuso, não deixando acumular placa bacteriana e resíduos alimentares. PRO-ODONTO | ORTODONTIA | SESCAD 125 Figura 11 – Palpação da porção superior do músculo trapézio. Fonte: Arquivo de imagens dos autores A palpação muscular deve ser realizada bilateralmente, com a ponta dos dedos ou pelo pinçamento dos músculos, quando nenhum suporte ósseo está presente. O paciente deve estar sentado, de frente para o examinador, a fi m de possibilitar a observação de suas reações, ainda deve estar em posição relaxada, com os dentes suavemente afastados. Da mesma forma que a ATM, a palpação dos músculos também é graduada, de acordo com a resposta do paciente de 0 a 3.60 Nessa etapa do exame, procura-se detectar a presença de pontos-gatilho nas estruturas miofasciais. Se, durante a palpação de um determinado músculo, bilateral e simultâneo, o paciente apresentar uma reação de dor severa, com reação de refl exo palpebral, deve-se manter a palpação por 8 a 10 segundos e questionar ao paciente se além do local que está sendo palpado, o mesmo sente dor em outro local. Desse modo, tenta-se reproduzir zonas de dor referida que, uma vez confi rmadas, sugerem um diagnóstico de dores miofasciais. Nos casos de dores miofasciais, indica-se terapia específi ca, que pode envolver fi sio- terapia, infi ltrações e farmacoterapia. 6.1.1. Avaliação dentária e oclusal 6.1.1.1. Exame dentário PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 132 3/12/2008 07:49:18 PRO-OdOntO | ORtOdOntIA | sescAd 133 lesãO de RAízes Em razão das suas características, os microparafusos ortodônticos são freqüentemente ins- talados entre raízes, tornando o procedimento delicado e minucioso. Para diminuir os riscos de contato do parafuso com as raízes, os critérios de planejamento e o protocolo cirúrgico, citados anteriormente, devem ser seguidos atenciosamente. As lesões radiculares são freqüentemente ocasionadas pelo ato da fresagem intra-óssea com motor, sob anestesia infiltrativa terminal. Com o protocolo cirúrgico dos microparafusos autoperfurantes, o risco de lesionar a raiz é minimizado, pois, durante o processo de instalação manual, a resistência da entrada do parafuso deve ser constante. Caso haja aproximação do corpo do parafuso com a lâmina dura do alvéolo-dentário, naturalmente a resistência irá au- mentar e o paciente relatará incômodo. Mediante essa situação, deve-se avaliar uma possível mudança da trajetória do microparafuso ou escolher novo leito cirúrgico. lesãO de mUcOsA A cabeça do microparafuso muitas vezes pode apresentar-se saliente por vestibular ou palatino, podendo gerar traumatismos e lesão em tecidos moles, como a mucosa jugal ou a língua. Dispositivos de proteção, como cera ou resina, devem ser utilizados transitoriamente para proteção dos tecidos moles relacionados aos microparafusos. A cabeça do microparafuso deve ficar saliente o bastante para permitir que os elementos geradores de força, como as molas, fiquem afastados da gengiva e, ao mesmo tempo, não deve ser projetada, para não traumatizar a mucosa jugal. fRAtURA dO mIcROPARAfUsO A fratura do microparafuso pode ocorrer durante a cirurgia de instalação ou remoção e, nor- malmente, está relacionada ao excesso de pressão aplicada à chave longa de inserção manual ou à utilização de contra-ângulo com torque >25 newtons (ncm). Essa ocorrência era mais comum com os parafusos cilíndricos, que fraturavam com torques >15ncm.10 No caso dos microparafusos autoperfurantes, o desenho cônico do corpo aumenta a resistência a fraturas na região de transição entre o corpo e o perfil transmucoso, em razão do aumento do diâmetro. Isso oferece maior resistência à fratura, suportando torques de até 25ncm e diminuindo os riscos desse tipo de complicação, mesmo nos casos de instalação em regiões que apresentam corticais mais espessas, como a mandíbula. PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 133 3/12/2008 07:49:19 134 Utilização dos microparafUsos de titânio aUtoperfUrantes... Para minimizar o risco de fratura, é indicada a realização de movimentos cêntricos para inserção ou remoção do microparafuso, evitando torções ou momentos de força indesejáveis, que gerariam uma concentração excessiva de forças em zonas específicas e possibilitariam a quebra do mesmo.19 Em caso de fratura, a remoção do microparafuso poderá ser realizada por meio da utilização de instrumentos manuais ou rotatórios delicados, sendo este um procedimento de difícil exe- cução, porém, necessário na maioria dos casos, uma vez que a porção fraturada do parafuso poderia inviabilizar a finalização do tratamento ortodôntico.10 sIntOmAtOlOgIA dOlOROsA e PROtOcOlO medIcAmentOsO O protocolo medicamentoso para a sintomatologia dolorosa da instalação dos microparafusos ortodônticos é feito com a administração de analgésico, 30 minutos antes e 4 horas após o ato cirúrgico. Em condições normais, o paciente não deverá sentir dor, nem durante a instalação do micro- parafuso nem no período pós-cirúrgico. Qualquer relato de dor deve ser considerado e não pode ser subestimado, devendo ser avaliado cuidadosamente pelo profissional. aplIcações clínIcas RetRAçãO de dentes AnteRIORes A retração de dentes anteriores, após extrações de pré-molares, talvez seja a forma mais utilizada para corrigir problemas de discrepância negativa entre massa dentária e perímetro ósseo ou de protrusões dentárias. Independentemente da técnica a ser empregada para efetuar a retração anterior, o manejo do espaço da extração pode ser crítico quando a movimentaçãodos dentes posteriores não é desejada. Com o desenvolvimento dos aparelhos pré-ajustados surgiu a retração anterior com a mecânica de deslize, simplificando esse procedimento e diminuindo a necessidade de utilização de alças. Entretanto, o deslize produz muito atrito, exigindo maiores cuidados na mecânica e oferecendo maior risco ao sistema de ancoragem. A retração total dos caninos, individualmente, antes de efetuar a retração dos incisivos, é a estratégia mais utilizada para preservar a ancoragem, porém, surgem espaços entre os caninos e os incisivos que são antiestéticos e rejeitados pelos pacientes adultos, além de aumentar o tempo global de tratamento. PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 134 3/12/2008 07:49:19 PRO-OdOntO | ORtOdOntIA | sescAd 135 Com o surgimento da ancoragem esquelética, a força de retração é aplicada diretamente nos microparafusos que anulam as forças reativas. Com isso, o componente mesial de reação não é aplicado nos dentes posteriores, anulando os efeitos colaterais indesejados. A retração anterior é efetuada de forma eficiente, controlada e previsível, dispensando o uso de dispositivos intra e extrabucais de ancoragem e reduzindo a necessidade de colaboração do paciente. A mecânica de arco contínuo pode ser utilizada com os microparafusos sem a necessidade de dispositivos pré-fabricados ou complexos. Mas se faz necessário o entendimento da bio- mecânica voltada para a aplicação da ancoragem esquelética com os mesmos, necessitando pequenas modificações na mecânica convencional.3 A retração dos dentes anteriores é a aplicação mais freqüente da ancoragem esquelética e, para conseguir efetuar esse movimento, é necessário controlar os componentes horizontais e verticais da força. Com isso, pode-se efetuar diferentes tipos de movimentos de retração, como, por exemplo, retração com translação, retração com intrusão e retração com extrusão. Nas retrações dos seis dentes anteriores, nas quais estão indicadas as exodontias dos pri- meiros pré-molares, é importante localizar o centro de resistência desse grupo de dentes, que se supõe estar posicionado em um ponto médio entre o canino e o incisivo lateral, a 10mm apicalmente ao arco ortodôntico. A relação do centro de resistência com a linha de ação de força determina o tipo de movimento a ser executado. A linha de ação de força é composta por dois pontos: a origem da força, determinada pelo microparafuso, e o ponto de aplicação da força, determinado pela conexão da mola com o gancho de retração. A mudança de posicionamento, no sentido vertical, do microparafuso e da altura do gancho modifica a inclinação da linha de ação de força e sua relação com o centro de resistência desses dentes. Retração anterior com translação Quando o movimento de translação dos dentes anteriores é desejado, a linha de ação de força deverá passar bem próxima ao centro de resistência e o mais paralelo possível ao arco, evitando-se componentes de força vertical. PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 135 3/12/2008 07:49:19 136 Utilização dos microparafUsos de titânio aUtoperfUrantes... Para obter o movimento de translação, deve-se posicionar o microparafuso 7 a 8mm apicalmente à altura da canaleta do tubo do molar, preferencialmente entre o primeiro molar e segundo pré-molar. A escolha da altura de instalação do micro- parafuso deve respeitar a faixa de mucosa ceratinizada. O gancho de retração deve estar posicionado entre os incisivos laterais e os caninos ou na distal dos caninos, a uma altura de 6 a 7mm. A altura do gancho deve proporcionar uma linha de ação de força o mais horizontal possível ou levemente inclinada. Esse tipo de mecânica controla o movimento de retração, evitando a utilização de curvas no arco e, com isso, diminui o coeficiente de atrito (Figura 33). Figura 33 – Linha de ação de força paralela ao arco ortodôntico para efetuar retração com translação. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. Paciente do sexo masculino, 40 anos de idade. A análise facial apresentou um terço inferior aumentado, convexidade facial discretamente aumentada e protrusão labial. O sorriso apresentou pouca exposição dos incisivos superiores e desvio da linha média inferior para esquerda em relação à linha média facial, como pode ser observado na s Figuras 34A, B e C. caso clínIco 1 PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 136 3/12/2008 07:49:19 PRO-OdOntO | ORtOdOntIA | sescAd 137 Figura 34 – A, B e C) Imagens iniciais da face do paciente do caso clínico 1: frente, perfil e sorrindo. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. A análise dos arcos dentários revelou uma maloclusão de classe I, linhas médias não- coincidentes com desvio da linha média inferior para esquerda em relação à superior. Apinhamento acentuado no arco inferior, com vestíbulo-versão dos caninos inferiores, e incisivos superiores com inclinação excessiva para vestibular (Figuras 35A, B e C). A B C A B C Figura 35 – A, B e C) Imagens iniciais intrabucais do paciente do caso clínico 1, com maloclusão de classe I, apinhamento e protrusão. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. A análise da radiografia panorâmica inicial, ilustrada na Figura 36, não apresentou anorma- lidades, exceto a ausência dos terceiros molares. PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 137 3/12/2008 07:49:20 138 Utilização dos microparafUsos de titânio aUtoperfUrantes... Figura 36 – Radiografia panorâmica inicial das arcadas. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. A análise cefalométrica inicial, apresentada (Figura 37), revelou um bom posicionamento da maxila, com uma mandíbula discretamente retraída, altura do terço inferior da face aumentada, incisivos superiores protruídos e com inclinação aumentada para vestibular, incisivos inferiores bem posicionados, mas com inclinação pouco acentuada. Figura 37 – Telerradiografia de perfil inicial. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 138 3/12/2008 07:49:21 PRO-OdOntO | ORtOdOntIA | sescAd 139 O plano de tratamento ortodôntico consistiu-se, no arco inferior, em alinhamen- to após retração inicial dos caninos, com a extração dos primeiros pré-molares para prover espaço para corrigir o apinhamento. Depois de concluir o alinha- mento e nivelamento, foi realizada a retração dos incisivos inferiores. No arco inferior, foi utilizado como ancoragem um arco lingual. No arco superior, foi planejada extração dos primeiros pré-molares, com retração dos dentes ante- riores para reduzir a inclinação e protrusão dos incisivos (Figuras 38A, B e C). A B C Figura 38 – A, B e C) Retração inicial de caninos inferiores. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. Após o alinhamento e nivelamento do arco superior, iniciou-se a retração an- terior, utilizando-se microparafusos entre os primeiros molares e os segundos pré-molares. Para o fechamento do espaço, foram utilizadas molas de Ni-Ti, ancoradas nos microparafusos instalados a 8mm do arco e conectadas aos ganchos anteriores de mesma altura (Figuras 39A, B e C). Esse sistema pro- porciona uma retração com bom controle vertical. O arco superior utilizado foi 0,017”X 0,025” de aço, para permitir uma retroinclinação das coroas dos incisivos superiores. A B C Figura 39 – A, B e C) Retração anterior superior com ancoragem esquelética utilizando microparafusos ortodônticos. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 139 3/12/2008 07:49:22 140 Utilização dos microparafUsos de titânio aUtoperfUrantes... A ancoragem esquelética foi utilizada até o momento em que se poderia efetuar um fechamento de espaço com movimento recíproco. Foi efetuado 6,5mm de retração com os microparafusos e mais 1,5mm de fechamento recíproco. No momento em que foi necessário concluir o fechamento de espaço com a movimentação recíproca dos dentes posteriores, juntamente com o final da retração anterior, foram removidos os micropa- rafusos e feita a retração ancorada nos molares vestibular (Figuras 40A,B e C). A B C Figura 40 – A, B e C) Remoção dos microparafusos para efetuar o final da retração anterior superior, permitindo um pouco de perda de ancoragem do lado esquerdo. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. Ao final do tratamento, a relação de molares encontrava-se em classe I. A oclusão apre- sentou uma boa relação de caninos dos dois lados e bom trespasse horizontal e vertical dos incisivos (Figuras 41A, B e C). A B C Figura 41 – Imagens finais intrabucais. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. Na face, houve modificações positivas em função da retração dos incisivos superiores, com uma melhora do sorriso. A linha média dentária superior ficou um pouco desviada para a direita, em razão das discrepâncias de volumes dentários anteriores superiores entre o lado esquerdo e direito (Figuras 42A, B, eC). PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 140 3/12/2008 07:49:23 PRO-OdOntO | ORtOdOntIA | sescAd 141 A B C Figura 42 – A, B e C) Imagens finais da face: frente, perfil e sorrindo. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. A análise da radiografia panorâmica final (Figura 43) não apresentou nenhuma anor- malidade, sendo mantida a integridade dos incisivos que tiveram movimentações significativas. Figura 43 – Radiografia panorâmica final das arcadas. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. Cefalometricamente, as alterações mais relevantes envolveram o posicionamento dos incisivos superiores, que reduziram sua protrusão e sua inclinação. Essa correção foi efe- tuada sem a necessidade de aparelho extrabucal, barra palatina ou elásticos de classe II, o que reduziu a necessidade de colaboração do paciente nos resultados obtidos. A retração anterior foi feita com a linha de ação de força paralela ao arco (Figuras 44 e 45). PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 141 3/12/2008 07:49:24 142 Utilização dos microparafUsos de titânio aUtoperfUrantes... Figura 44 – Telerradiografia de perfil final. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. Figura 45 – Superposição dos traçados inicial (azul) e final (preto). Fonte: Arquivo de imagens dos autores. 7. Quais as vantagens de se efetuar a retração com os microparafusos? __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ Resposta no final do capítulo PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 142 3/12/2008 07:49:32 PRO-OdOntO | ORtOdOntIA | sescAd 143 8. Em uma situação clínica em que foi realizada a exodontia dos primeiros pré-molares e existe a necessidade de efetuar uma retração de 6mm dos dentes anteriores e uma mesialização de 2mm dos dentes posteriores, qual o momento mais apropriado para remover o microparafuso? __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ Resposta no final do capítulo Retração com intrusão Para efetuar a retração dos dentes anteriores com um componente intrusivo, a linha de ação de força deve ser inclinada, para promover, além do vetor de força horizontal de retração, um vetor de força vertical de intrusão. O microparafuso deve ser posicionado o mais apicalmente possível, em torno de 8 a 9mm da canaleta do tubo molar, respeitando o limite da faixa de mucosa cera- tinizada. A altura do gancho anterior deve ser diminuída. Quanto menor a altura deste, maior será a inclinação da linha de ação de força. Com esse posicionamento do microparafuso, um componente de força vertical será incorporado, produzindo uma força de intrusão (Figura 46). Figura 46 – Linha de ação de força inclinada em relação ao arco ortodôntico para efetuar retração com componente de intrusão. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 143 3/12/2008 07:49:33 144 Utilização dos microparafUsos de titânio aUtoperfUrantes... A linha de ação de força, ao passar abaixo do centro de resistência, provoca uma tendência de línguoversão dos dentes anteriores. Esse momento gerado pode ser anulado, incorporando- se um torque relativo resistente para conseguir uma retração com intrusão, controlando a línguoversão dos incisivos. Em alguns casos, em que a inclinação dos incisivos encontra-se aumentada e com a vestibularização das coroas, essa tendência de inclinação pode ser desejada. Paciente do sexo feminino, 28 anos de idade, encontrava-se em tratamento e foi trans- ferida. A análise facial mostrou um terço inferior e convexidade facial discretamente aumentados e incompetência labial com protrusão dos lábios. O sorriso apresentou ex- posição excessiva da gengiva e dos incisivos superiores e desvio da linha média superior e inferior para a direita em relação à linha média facial (Figuras 47A, B e C). caso clínIco 2 A B C Figura 47 – A, B e C) Imagens iniciais da face da paciente do caso clínico 2: frente, perfil e sorrindo. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. A paciente encontrava-se com a aparatologia fixa do tratamento anterior. A análise dos arcos dentários revelou uma maloclusão com relação dos caninos em classe I, do lado direito, e em ½ Classe II, do lado esquerdo, linhas médias coincidentes, ausência dos segundos pré-molares superiores e primeiros pré-molares inferiores. O desvios das linhas médias em relação à linha média facial para direita é devido à presença de maiores espaços das extrações do lado esquerdo (Figuras 48A, B e C). PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 144 3/12/2008 07:49:33 PRO-OdOntO | ORtOdOntIA | sescAd 145 A B C Figura 48 – A, B e C) Imagens iniciais intrabucais do paciente do caso clínico 2, com a aparatologia fixa instalada por outro profissional. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. O plano de tratamento ortodôntico consistiu em efetuar a retração anterior de forma simultânea em ambos os arcos, ancorados nos microparafusos. Para efetuar a retração anterior simultânea em ambos os arcos com a ancoragem convencional seria necessária ancoragem máxima no arco superior, pois a extração dos segundos pré-molares favorece a perda de ancoragem. Quando se utiliza os micropara- fusos como elemento de ancoragem, independentemente do pré-molar extraído, não haverá movimentação recíproca dos dentes posteriores. Inicialmente foram removidas as bandas de todos os molares para efetuar a colagem de tubos. Com a utilização da ancoragem esquelética, pode-se dispensar o uso de tubos linguais e bandas. Após o nivelamento até o fio retangular, foram instalados os microparafusos entre os pré-molares e molares e foi iniciada a retração anterior. Para o fechamento do espaço, foram utilizadas molas de Ni–Ti ancoradas nos mi- croparafusos instalados a 8mm do arco e conectadas aos ganchos anteriores de mesma altura. Esse sistema proporciona uma retração com bom controle vertical. O arco superior utilizado foi 0,019”X 0,025” de aço (Figuras 49A, B e C). A B C Figura 49 – A, B e C) Fase inicial da retração anterior superior e inferior com a linha de ação de força paralela ao arco ortodôntico. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 145 3/12/2008 07:49:36 146 Utilização dos microparafUsos de titânio aUtoperfUrantes... A retração do arco inferior foi mais rápida devido à escolha, feita pelo tratamento an- terior realizado por outro profissional, da extração dos primeiros pré-molares inferiores e segundos superiores, o que favoreceu a preservação da ancoragem inferior e perda da superior (Figuras 50A, B e C). A B C Figura 50 – A, B e C) Fase intermediária da retração anterior superior e inferior. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. Quando a retração inferior foi concluída, os microparafusosdo arco inferior foram removidos. Como a paciente apresentava um sorriso gengival, foram diminuídas as alturas dos ganchos anteriores superiores para efetuar uma retração anterior com um componente de intrusão (Figuras 51A, B e C). A B C Figura 51 – A, B e C) Arco superior finalizando a retração anterior com a linha de ação de força obliqua, para empregar um componente de força de intrusão. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. Ao final do tratamento, os molares encontravam-se em classe I. A oclusão apresentou uma relação de caninos em classe I dos dois lados e trespasse horizontal e vertical nor- malizados (Figuras 52A, B e C). PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 146 3/12/2008 07:49:36 PRO-OdOntO | ORtOdOntIA | sescAd 147 A B C Figura 52 – A, B e C) Imagens finais intrabucais. Fonte: Arquivo de imagens dos autores Do ponto de vista facial, houve modificações benéficas em razão da retração dos incisivos, melhorando a postura do lábio e, conseqüentemente, permitindo um selamento labial passivo. Na avaliação do sorriso, observou-se a correção do sorriso gengival promovido pela intrusão dos incisivos durante a retração. As linhas médias dentárias ficaram coin- cidentes entre si e com a linha média facial (Figuras 53ª, B e C). A B C Figura 53 – A, B e C) Imagens finais da face: frente, perfil e sorrindo. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. A correção do sorriso gengival foi efetuada sem a necessidade de aparelho extrabucal, como o “gancho em J”, que é o dispositivo convencional para efetuar a retração com intrusão. Outros dispositivos de ancoragem convencional, como barra transpalatina ou elásticos de classe II também não foram utilizados, o que reduziu a necessidade de co- laboração do paciente nos resultados obtidos. A retração anterior foi feita inicialmente com a linha de ação de força paralela ao arco, mas foi modificada para efetuar a retração juntamente com a intrusão. PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 147 3/12/2008 07:49:37 148 Utilização dos microparafUsos de titânio aUtoperfUrantes... AA B C No planejamento da retração com o componente de intrusão, a eficiência da retração é reduzida quando a inclinação da linha de ação da força é muito acentuada. Quanto maior a inclinação, maior o vetor de força vertical e maior a redução do componente de força horizontal. Nos casos em que é necessário efetuar grandes movimentos de in- trusão junto com a retração, é preciso acrescentar um microparafuso na região anterior, associado aos posteriores, com a finalidade de incorporar um vetor de força vertical sem reduzir a eficiência do vetor de força horizontal. A retração com três microparafusos, demonstrada nas Figuras 54A, B e C, é bastante eficiente e possibilita um excelente controle vertical. Figura 54 – A, B e C) Retração anterior efetuada por três microparafusos ortodônticos. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. Retração com extrusão Para efetuar retração anterior com componente de extrusão, o posicionamento do micropa- rafuso e a altura do gancho anterior devem ser planejados para construir uma linha de ação de força inclinada. O microparafuso deverá ser instalado entre o segundo pré-molar e o primeiro molar superior, o mais oclusal possível, a uma distância em torno de 5 a 6mm da canaleta do tubo do molar. O gancho anterior deverá ter um comprimento que fique posicionado mais apical que o microparafuso. Assim, a linha de ação de força promoverá a retração com componente de extrusão dos dentes anteriores. Em caso de maloclusão que apresente uma tendência de mordida aberta anterior e que se beneficia da retração com extrusão dos dentes anteriores, deve-se ter uma atenção espe- cial na mecânica com os microparafusos. A retração dos dentes anteriores que apresentam protrusão dentária e inclinação excessiva dos incisivos, normalmente promove uma extrusão anterior (Figura 55). PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 148 3/12/2008 07:49:37 PRO-OdOntO | ORtOdOntIA | sescAd 149 Figura 55 – Imagem inicial intrabucal de dentes anteriores em protrusão. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. Nos casos de maloclusão com tendência de mordida aberta anterior, os microparafusos devem ser instalados de 5 a 6mm do arco ortodôntico para possibilitar, se necessá- rio, a construção de uma linha de ação de força inclinada. Porém, a retração inicial deve ser feita com os ganchos na mesma altura dos microparafusos, pois a retração anterior, nesses casos, já apresenta um componente extrusivo (Figura 56). Figura 56 – Retração anterior com a linha de ação de força paralela ao arco ortodôntico. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. Nos casos de maloclusão com tendência de mordida aberta anterior, deve-se aguardar para aumentar a altura do gancho anterior, com o intuito de promover uma linha de ação de força inclinada, no caso de a retração com a linha de ação força paralela não ser suficiente para extruir os dentes anteriores (Figuras 57 e 58). PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 149 3/12/2008 07:49:38 150 Utilização dos microparafUsos de titânio aUtoperfUrantes... Figura 57 – Retração anterior com a linha de ação de força inclinada em relação ao arco orto- dôntico, para efetuar retração com componente de extrusão. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. Figura 58 – Finalização da retração anterior com o componente de extrusão. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. 9. Como devem ficar localizados os microparafusos e os ganchos para efetuar uma retração anterior com componente de intrusão? __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ Resposta no final do capítulo PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 150 3/12/2008 07:49:38 PRO-OdOntO | ORtOdOntIA | sescAd 151 10. Por que não se deve, de forma imediata, construir uma linha de ação de força inclinada nos casos em que é desejada a extrusão dos dentes anteriores, quando estes apresentam muita inclinação de coroa para vestibular? __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ Resposta no final do capítulo IntRUsãO de dentes POsteRIORes extRUídOs A intrusão de molares é considerada um movimento ortodôntico demasiadamente difícil e complexo de realizar, usando métodos tradicionais de ancoragem. Existem, no entanto, situações clínicas nas quais esse movimento se faz necessário para obtenção de um bom re- sultado no tratamento, como, por exemplo, na extrusão de molares causada pela perda de dentes antagonistas. A intrusão de molares, nessas situações, configura-se a melhor opção de tratamento, pois evita a necessidade de tratamento endodôntico e a reconstrução protética da unidade extruída, ou métodos cirúrgicos de intrusão posterior, por meio de osteotomia subapical.15 De um modo geral, a intrusão de molares com mecânica convencional, além de limitada à pequena magnitude, é muito lenta e, na maioria das vezes, não consegue criar um sistema de forças eficiente, com uma unidade de ancoragem capaz de evitar o componente extrusivo nos dentes componentes dessa unidade. centro de resistência e linha de ação de força Para intrusão de molares, é importante determinar o centro de resistência do dente ou do grupo de dentes que serão intruídos. Um molar superior tem o seu centro de resistência localizado, em média, 1 a 2mm apicalmente em relação à furca e próximo do centro da coroa no sentido mésio-distal e vestíbulo-lingual. PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 151 3/12/2008 07:49:39 152 Utilização dos microparafUsos de titânio aUtoperfUrantes...Quando é necessário intruir um grupo de dentes em que são incorporadas mais unidades dentárias ao molar, faz-se necessária nova avaliação para determinar o centro de resistência desse grupo de dentes. Após determinar o centro de resistência do dente ou grupo de dentes a ser movimentado, parte-se para escolher o melhor posicionamento do microparafuso e o local no dente ou arco onde haverá a aplicação da força. Esses dois pontos determinarão a linha de ação de força, constituída pela origem da força (microparafuso) e pelo ponto de aplicação de força (local de conexão com o dente ou o arco). A relação da linha de ação de força com o centro de resistência determinará o tipo de movimento dentário a ser executado, que poderá ser de rotação, translação ou inclinação. Essas escolhas devem ser feitas para favorecer o tipo de movimento dentário desejado.20 tipos de intrusões dentárias As intrusões dentárias podem ser feitas por meio do movimento de translação ou de inclina- ção. Quando o movimento de intrusão pura (translação) é necessário, deve-se planejar a passagem da linha de ação de força por meio do centro de resistência, podendo ser necessária a instalação de mais de uma força para obter essa resultante (Figura 59). Figura 59 – Utilização de dois microparafusos or- todônticos, um na vestibular e outro na palatina, para direcionar a resultante de forças por meio do centro de resistência e promover a intrusão de corpo no plano transversal. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. Para efetuar uma intrusão do molar com o controle no plano transversal, devem-se instalar dois microparafusos, um por vestibular e outro por palatino, para produzir uma força resul- tante que passe na direção do centro de resistência. Porém, se as forças forem posicionadas por mesial, o controle será apenas transversal, mas com uma tendência de inclinação para mesial (Figuras 60A, B, C, D e E). PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 152 3/12/2008 07:49:39 PRO-OdOntO | ORtOdOntIA | sescAd 153 A C B D E Figura 60 – A) Segundo molar superior esquerdo extruído. B) Instalação de dois microparafusos ortodônticos na mesial do molar, um por palatino e outro por vestibular. C) Detalhe da força aplicada por vestibular. D) O molar foi intruído com controle vestíbulo-palatino, porém houve maior intrusão mesial. E) Segundo molar ficou nivelado com o primeiro molar. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. No plano sagital, para conseguir intrusão de corpo, deve-se instalar duas forças: uma na mesial e outra na distal (Figura 61). Figura 61 – Utilização de dois microparafusos ortodônticos, um na mesial e outro na distal, para direcionar a resultante de forças por meio do centro de resistência e promover a intrusão de corpo no plano sagital. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 153 3/12/2008 07:49:40 154 Utilização dos microparafUsos de titânio aUtoperfUrantes... Quando o movimento de intrusão com inclinação é necessário, a linha de ação de força deverá passar mais distante do centro de resistência, com intuito de gerar um momento (tendência de rotação). No plano transversal, se for necessária a intrusão com vestibularização ou palatiniza- ção, aplica-se apenas uma força por vestibular ou por palatino, respectivamente (Figura 62). Esse momento gerará uma tendência rotacional, promovendo a intrusão com inclinação. Figura 62 – Utilização de um microparafuso, por vestibular, para direcionar a linha de ação de força vestibularmente ao centro de resistência e promover intrusão com vestibularização. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. No plano sagital, se for necessária a intrusão com inclinação para mesial ou para distal, deve-se instalar o microparafuso apenas por mesial ou distal, respectivamente. Existem, ainda, outras possibilidades, como a intrusão de um molar com controle nos planos sagital e transversal, utilizando dois microparafusos, um por vestibular e mesial e outro por distal e palatino. Dessa maneira, evitam-se tendências de inclinação da coroa para mesial e distal e, ao mesmo tempo, controla-se a inclinação da coroa para vestibular e palatino, conseguindo intruir o molar de corpo (Figuras 63A, B, C e D). PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 154 3/12/2008 07:49:40 PRO-OdOntO | ORtOdOntIA | sescAd 155 A C B D Figura 63 – A) Primeiro molar superior extruído. B) Utilização de dois microparafusos ortodônticos, um na vestibular e outro na palatina, para direcionar a resultante de forças por meio do centro de resistência e promover a intrusão de corpo no plano transversal. C) Vista oclusal, mostrando o microparafuso ortodôntico vestibular por mesial e o palatino por distal para efetuar a intrusão de corpo. D) O molar foi intruído de corpo com controle vestíbulo-palatino e mésio-distal. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. Para o correto planejamento das intrusões dentárias, é imprescindível avaliar o mo- vimento nas três dimensões. Para a intrusão pura de um molar normalmente são necessários dois ou três pontos de insta- lação do microparafuso para controlar a tendência de inclinação. PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 155 3/12/2008 07:49:41 156 Utilização dos microparafUsos de titânio aUtoperfUrantes... veRtIcAlIzAçãO de mOlARes Existe uma alta prevalência de pacientes adultos com molares inclinados mesialmente, em função, sobretudo, da perda dos primeiros molares permanentes. A verticalização de molares pode ser feita com o objetivo de abrir ou fechar espaço na mesial dos molares inclinados, a depender dos objetivos traçados durante o planejamento ortodôntico.13 Várias técnicas foram descritas para efetuar essa verticalização. A extrusão é o efeito colateral mais freqüente da verticalização de molares. Na maioria das vezes, esse efeito é indesejado, uma vez que pode promover contatos prematuros, mobilidade dentária e abertura de mordida anterior. Alguns dispositivos foram idealizados para controlar de maneira eficiente os efeitos colaterais da mecânica de verticalização dos molares. Contudo, essas mecânicas trazem algumas des- vantagens, como a complexidade das dobras dos fios, o aumento no tempo de atendimento, tanto para ativar quanto para confeccionar adequadamente as molas e braços de alavanca, e o desconforto ao paciente. Os microparafusos ortodônticos podem ser utilizados para verticalização dos molares inferiores de forma simples e eficaz, evitando o componente extrusivo indesejável. A estratégia de instalação do microparafuso é modificada conforme o tipo de verticalização, que pode ser associada ao fechamento ou à abertura de espaços.3 Para se obter a verticaliza- ção com abertura de espaço, as mecânicas são mais simplificadas, pois o momento gerado por meio de binários aplicados na coroa promove a rotação do molar em torno do centro de resistência com mesialização da raiz e distalização da coroa. Contudo, é importante avaliar a necessidade do controle da extrusão. Para efetuar a verticalização com abertura de espaço, é necessário confeccionar um sistema de forças que promova verticalização associada a uma força de intrusão. Para obter essa mecânica, pode-se instalar um microparafuso entre os pré-molares por vestibular, destinado a fios ortodônticos, e utilizá-lo para fixar um segmento de fio. Uma extremidade do fio conecta-se ao molar e efetua-se a dobra desejada. A outra extremidade do fio conecta-se ao fio principal, com o intuito de conter o momento no microparafuso causado pela dobra de verticalização na outra extremidade. Com isso, a mecânica não produz efeitos colaterais no fio, pois estes são anulados pelo microparafuso, que, por sua vez, está estabilizado no fio (Figuras 64A e B). PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 156 3/12/2008 07:49:41 PRO-OdOntO | ORtOdOntIA | sescAd 157 A B Figura 64 – A e B) Verticalização do molar utilizando um fio ortodôntico de TMA acoplado ao microparafuso ortodôntico por vestibular. Fonte: Arquivo de imagens dos autores.A verticalização de molar com fechamento de espaço normalmente exige um pouco mais de complexidade na mecânica, pois, além de exercer um momento para efetuar a verticalização e controle da extrusão, deve-se efetuar uma força de mesialização da coroa. O momento isolado gerado pelo binário, aplicado em um tubo do molar, provoca a rotação do dente em torno do centro de resistência e promove o deslocamento da coroa para distal. A verticalização de molar com fechamento de espaço pode ser aplicada de maneira simplificada, utilizando-se um segmento de fio e um microparafuso instalado entre os pré-molares. Esse segmento de fio é inserido na distal do molar, onde a extremidade do fio pode ficar localizada abaixo do centro de resistência. A aplicação de uma força na extremidade do fio inserido na distal do molar, por meio de uma mola apoiada no microparafuso, proporciona a passagem da linha de ação de força apicalmente ao centro de resistência, resultando em uma verticalização. Quanto mais apicalmente a linha de ação de força passar em relação ao centro de resistência, maior a tendência de rotação e menor o componente de mesialização da coroa. Isso pode promover um movimento de verticalização com abertura de espaço na mesial do molar (Figura 65). PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 157 3/12/2008 07:49:42 158 Utilização dos microparafUsos de titânio aUtoperfUrantes... Figura 65 – Sistema de verticalização do molar, utilizando um segmento de fio na distal do molar, conectado ao microparafuso ortodôntico por meio de uma mola de níquel–titânio. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. A verticalização de molar com fechamento de espaço permite obter um bom controle do movimento ântero-posterior, mas pode provocar uma rotação mésio-lingual da coroa, uma vez que a força passa vestibularmente em relação ao cento de resistência. Para conter essa tendência, deve-se instalar um fio-guia com o intuito de impedir essa rotação. Esse fio-guia não deve impedir o movimento de verticalização. Paciente do gênero masculino, 54 anos de idade. A análise facial evidenciou um terço inferior aumentado, convexidade facial normal e competência labial. O sorriso apre- sentou boa relação entre lábios e incisivos. Linhas médias dentárias coincidentes com a linha média facial, apesar do diastema entre os incisivos centrais superiores (Figuras 66A, B e C). caso clínIco 3 PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 158 3/12/2008 07:49:42 PRO-OdOntO | ORtOdOntIA | sescAd 159 A B C Figura 66 – A, B e C) Imagens da face iniciais: frente, perfil e sorrindo. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. A análise dos arcos dentários revelou uma maloclusão com a ausência de várias unidades dentárias posteriores, relação dos caninos em classe I, presença de diastema entre os incisivos centrais superiores, trespasse vertical e horizontal aumentados (Figuras 67 A, B e C). O mesmo necessitava de um tratamento preparatório para instalação de próteses sobre implantes. A B C Figura 67 – A, B e C) Imagens intrabucais iniciais. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. O plano de tratamento ortodôntico consistiu em efetuar-se o nivelamento dos arcos, redução do diastema superior e verticalização do segundo molar inferior esquerdo, que se encontrava inclinado devido à perda precoce do primeiro molar. Esse molar necessi- tava ser verticalizado, sem extruir, devido ao baixo nível do osso neste dente. Se fosse feita a verticalização desse molar com um sistema de braço de alavanca convencional, o componente extrusivo poderia expor a furca. PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 159 3/12/2008 07:49:43 160 Utilização dos microparafUsos de titânio aUtoperfUrantes... Para efetuar-se esse tipo de mecânica convencional, sem extruir o molar, seria neces- sário um sistema com dois braços de alavanca ou com uma alça, que proporcionasse um sistema de dois binários. Quando se utiliza os microparafusos como elementos de ancoragem à mecânica para verticalizar, o molar fica mais simples. Inicialmente algumas próteses foram trocadas, com remoção de alguns elementos pro- téticos como: pontes fixas e instalação de próteses parciais removíveis. Para efetuar a verticalização do segundo molar inferior esquerdo, foi instalado um microparafuso entre os pré-molares, colado um tubo duplo retangular no molar, acoplado a um segmento de fio de verticalização, conectado ao parafuso por meio de uma mola de NiTi. Para que houvesse mais espaço entre os pré-molares foi feita a divergência das suas raízes (Figuras 68 e Figuras 69 A, B, C e D). A C B D Figura 68 – A, B, C e D) Após o nivelamento e alinhamento dos arcos, foi instalado um microparafuso ortodôntico conectado a uma segmento de fio na distal do molar por meio de uma mola, para efetuar a verticalização deste molar. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 160 3/12/2008 07:49:44 PRO-OdOntO | ORtOdOntIA | sescAd 161 Figura 69 – Radiografia periapical inicial. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. A linha de ação de força passou abaixo do centro de resistência do molar e promoveu um binário capaz de verticalizá-lo sem provocar componente de extrusão. Um fio de 0.016”de aço foi instalado na canaleta principal com o intuito de impedir a rotação oclusal, mas sem impedir a verticalização do molar. Dessa maneira, a coroa do molar tende a angular para distal e a raiz para mesial, pois o binário não consegue movimentar o centro de resistência. Se o movimento da coroa para distal não for desejada, então, pode-se prender a coroa do molar com um fio de amarrilho, transportando o centro de rotação para a coroa. Após a verticalização do molar, dobras de segunda ordem foram incorporadas para fechar o espaço entre as raízes dos pré-molares e manter a verticali- zação efetuada (Figuras 70A, B e C e Figura 71). Figura 70 – A, B, e C) O molar foi verticalizado sem componente de extrusão. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. A B C PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 161 3/12/2008 07:49:45 162 Utilização dos microparafUsos de titânio aUtoperfUrantes... Figura 71 – Radiografia periapical final. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. Ao final do tratamento ortodôntico iniciou-se a instalação de alguns implantes. A oclu- são apresentou uma relação de caninos em classe I, dos dois lados, trespasse horizontal e vertical normalizados, diastema reduzido e o molar inferior verticalizado e intruído (Figuras 72A, B e C). A B C Figura 72 – A, B e C) Imagens intrabucai finais. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. Não houve alterações significativas na face, porém, na avaliação do sorriso observou-se uma melhora significativa promovida pela correção dos incisivos superiores e fechamen- to do diastema. As linhas médias dentárias ficaram coincidentes entre si e com a linha média facial (Figuras 73A,B e C). PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 162 3/12/2008 07:49:45 PRO-OdOntO | ORtOdOntIA | sescAd 163 A B C Figura 73 – A, B e C) Imagens finais da face: frente, perfil e sorrindo. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. dIstAlIzAçãO de mOlARes A distalização de molares superiores consiste em uma excelente estratégia de tratamento para a correção das maloclusões classe II de natureza dentoalveolar ou para a compensação das maloclusões classe II de natureza esquelética moderada, reduzindo-se o número de indicações de extrações de pré-molares superiores. Com a utilização dos microparafusos como unidade de ancoragem, as distalizações são executadas, eficientemente, sem efeitos colaterais indesejáveis. Existem atualmente diversas estratégias para fazer a distalização de molares utilizando-se os microparafusos como recurso de ancoragem. A abordagem apresentada neste texto é eficiente e de fácil aplicação clínica. A correção da relação de classe II é obtida por meio da distalização dos molares, com um cursor associado ao microparafuso, na primeira fase, e retração anterior em uma segunda fase.21 fase 1: distalizaçãodos molares Para efetuar a distalização, preferencialmente, deve-se fazer inicialmente o nivelamento do arco superior até o fio retangular, conforme demonstrado nas Figuras 74 e 75. PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 163 3/12/2008 07:49:45 164 Utilização dos microparafUsos de titânio aUtoperfUrantes... Figura 74 – Imagem intrabucal inicial, com maloclusão de classe II, pinhamento severo e mordida cruzada. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. Figura 75 – Fase de alinhamento e nivelamento dos arcos Fonte: Arquivo de imagens dos autores. Quando o planejamento não envolver extrações e houver algum dente muito mal- posicionado, por falta de espaço, efetua-se o nivelamento sem o incorporar. Após o nivelamento, avalia-se o espaço entre as raízes do primeiro molar e segundo pré-molar por meio de uma radiografia periapical. Faz-se a instalação do microparafuso entre o primeiro molar e o segundo pré-molar. Utiliza-se o cursor para efetuar a distalização dos molares, que é conectado ao microparafuso com uma mola de Ni–Ti (Figuras 76, 77 e 78). PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 164 3/12/2008 07:49:46 PRO-OdOntO | ORtOdOntIA | sescAd 165 Figura 76 – Radiografia periapical inicial. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. Figura 77 – Radiografia periapical com o micro- parafuso ortodôntico instalado. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. Figura 78 – Cursor instalado para efetuar a distalização dos molares. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. Durante a fase de distalização, observa-se que o cursor desloca-se para distal e o segundo pré-molar tende a distalizar sua coroa pela ação das fibras gengivais (Figuras 79A, B e C). Após a distalização do molar é feita uma radiografia periapical (Figura 80) para avaliar a qualidade da distalização, observando o movimento da raiz. PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 165 3/12/2008 07:49:47 166 Utilização dos microparafUsos de titânio aUtoperfUrantes... A B Figura 79 – Distalização dos molares efetuada e com efeito de distalização do pré-molar e do canino. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. Figura 80 – Radiografia periapical mostrando a distalização do molar em corpo e a distalização do pré-molar. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. Se a distalização foi eficiente, clínicamente e radiograficamente, então, inicia-se a contenção do molar para aguardar a maturação e organização do osso neoformado na mesial da raiz do molar. O microparafuso é removido e os molares são estabilizados no arco por meio de dobras na mesial do tubo do molar, como demonstrado na Figura 81. PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 166 3/12/2008 07:49:47 PRO-OdOntO | ORtOdOntIA | sescAd 167 Figura 81 – Estabilização dos molares com o arco contínuo superior. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. A distalização ocorre de corpo, pois o cursor imprime um binário no tubo do molar, que é capaz de gerar um momento contrário à tendência de inclinação da coroa, para distal, causada pela força de distalização. Esse binário só ocorre se o cursor for inserido no tubo gengival. fase 2: retração dos pré-molares e dentes anteriores Após dois meses, é instalado um novo microparafuso, mais próximo à mesial da raiz do molar. Na radiografia periapical, deve-se observar o posicionamento do parafuso mais para distal, no espaço entre o primeiro molar e o segundo pré-molar (Figura 82). Nessa fase, é efetuada a retração dos dentes anteriores em uma só etapa (Figura 83). Figura 82 – Radiografia periapical com um novo microparafuso ortodôntico posicionado mais para a distal. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 167 3/12/2008 07:49:48 168 Utilização dos microparafUsos de titânio aUtoperfUrantes... Figura 83 – Retração total ancorada no micro- parafuso ortodôntico. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. A distalização de molares apresenta muitas vantagens sob os outros sistemas de distalização como, por exemplo: não há efeitos colaterais negativos, pois as forças de reação durante todo o processo �� de distalização são aplicadas nos microparafusos e, dessa maneira, os dentes anteriores não sofrem movimentações indesejáveis; o cursor é simples, cômodo e de fácil confecção, dispensando a aquisição de�� kits e sistemas pré-fabricados ou passos laboratoriais, o dispositivo é aplicado a qualquer tipo de sistema de arco contínuo; a distalização do primeiro molar é feita sem a necessidade de efetuar a distalização �� prévia do segundo molar, os molares são distalizados em uma mesma etapa; dispensa-se a colaboração do paciente com o uso de elásticos intermaxilares ou ex-�� trabucais; a distalização pode ser feita unilateralmente;�� durante o processo de retração anterior, os dentes posteriores recém-movimentados �� não são utilizados na unidade de ancoragem; a distalização do molar é feita de corpo;�� toda a mecânica é aplicada por vestibular, por oferecer conforto para o paciente em �� relação aos dispositivos palatinos, maior facilidade de acesso para instalação manual do microparafuso, dispensando o uso de contra-ângulo e motor de implante, facilidade para ativação e manutenção do cursor e facilidade de higienização.8 PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 168 3/12/2008 07:49:48 PRO-OdOntO | ORtOdOntIA | sescAd 169 11. Qual o efeito colateral indesejado da mecânica de verticalização dos molares, quando se utiliza um segmento de fio por distal do tubo do molar conectado a um microparafuso por vestibular com uma mola de níquel-titânio? __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ Resposta no final do capítulo 12. Qual o posicionamento dos microparafusos para efetuar uma intrusão de um molar de corpo? A) Um microparafuso por vestibular e mesial e outro por palatino e mesial. B) Um microparafuso por vestibular e mesial e outro por palatino e distal. C) Dois microparafusos por vestibular. D) Dois microparafusos por palatino. Resposta no final do capítulo conclusão Com a introdução da ancoragem esquelética, surgiram os dispositivos de ancoragem tem- porária esquelética (DATE). Dentre esses, os microparafusos mostraram-se versáteis, com inúmeras aplicações clínicas na prática ortodôntica. Além disso, eles simplificam a mecânica ortodôntica, evitam efeitos colaterais indesejáveis, produzem resultados mais previsíveis, dispensam a colaboração do paciente, têm fácil aceitação, baixo custo, reduzem o tempo global de tratamento e têm se mostrado confiáveis ao longo do tempo, provando serem um sistema bastante eficaz de ancoragem. PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 169 3/12/2008 07:49:48 170 Utilização dos microparafUsos de titânio aUtoperfUrantes... respostas às atIvIdades e comentárIos Atividade 1 Resposta: D Comentário: Quando a movimentação da unidade de ancoragem é desejada, não se faz ne- cessária a utilização de recursos como a ancoragem esquelética. As demais alternativas estão corretas, pois exigem uma maior atenção com a ancoragem. Atividade 4 Resposta: B Comentário: Os microparafusos que não apresentam perfil transmucoso estão indicados para os casos de instalação em área de mucosa alveolar. Os comprimentos de perfil mais utilizados na mucosa palatina são os de 2 e 3mm. A invasão do perfil transmucoso na cortical externa, na intenção de reduzir a exposição da cabeça, deve ser evitada, pois somente o corpo do microparafuso deve ser introduzido no osso. Atividade 5 Resposta: Porque as raízes vestibulares dos dentes na maxila ficam em íntimo contato com a cortical vestibular, e a maior angulação de instalação não diminui o risco de contato com as mesmas. Ao romper a cortical, o microparafuso fica muito próximo das raízes, independen- temente da sua angulação. Normalmente, a cortical vestibular damaxila é muito delgada, o que não justifica um aumento de angulação para obter maior contato do corpo do parafuso com a cortical vestibular. Atividade 6 Resposta: Na mandíbula, a cortical vestibular na região posterior é mais grossa, o que justifica um aumento de angulação para proporcionar um maior contato do corpo do parafuso com a cortical vestibular. Nessa região posterior, há um maior distanciamento da cortical vestibular com as raízes dos dentes. Isto justificaria uma instalação mais angulada para minimizar o risco de contato do parafuso com as raízes dos dentes. Atividade 7 Resposta: Dispensa necessidade de colaboração do paciente com o uso de outros dispositi- vos, como o AEB e elásticos de casse II. Simplifica a mecânica ortodôntica, evitando o uso de barra transpalatina e arco lingual. Torna o tratamento mais previsível por obter resultados, independentemente da colaboração do paciente, anulando os efeitos colaterais indesejados, comuns à mecânica ortodôntica convencional. Atividade 8 Resposta: Após efetuar 5mm de retração anterior pode se remover os microparafusos, pois os 3 mm restantes podem ser fechados com a movimentação recíproca das unidades de ação e reação. PRO-ODONTO Orto c2m2 - 11.indd 170 3/12/2008 07:49:48 PRO-OdOntO | ORtOdOntIA | sescAd 171 Atividade 9 Resposta: Os microparafusos devem ficar o mais apical possível, respeitando o limite da mucosa ceratinizada, em torno de 8 mm, e o gancho anterior de retração deve ser curto para construir uma linha de ação de força inclinada, gerando um componente de força de intrusão. Atividade 10 Resposta: Deve-se iniciar a retração dos dentes anteriores que tenham inclinação aumentada para vestibular, com a linha de ação de força paralela ao arco, pois a retração com desincli- nação dos dentes promove uma extrusão da coroa. Após uma retração inicial, deve-se avaliar a necessidade de se construir uma linha de ação de força inclinada com componente de extrusão. Atividade 11 Resposta: O efeito colateral indesejado é a rotação da coroa em uma vista oclusal, que pode ser evitado com a utilização de um fio flexível na canaleta principal. Atividade 12 Resposta: B Comentário: Bastam dois microparafusos, um por palatino e o outro por vestibular, para pro- mover uma intrusão com controle vestíbulo-palatino. Devem estar também um por mesial e o outro por distal para promover um controle mésio-distal. referêncIas BAE, S.; PARK, H.; KYUNG, H.; SUNG, J. Ultimate Anchorage Control.1. Texas Dental Journal, p.580-591, jul.2002. BEZERRA, F.; VILLELA, H.; LABOISSIÉRE, M.; DIAS, L. 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