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Entretanto, tendo em conta a evolução das ciências da saúde, as mudanças regulamentares governamentais e o constante fluxo de novas informações sobre terapêutica medicamentosa e reações adversas a fármacos, recomendamos enfaticamente que os leitores consultem sempre outras fontes fidedignas, de modo a se certificarem de que as informações contidas neste livro estão corretas e de que não houve alterações nas dosagens recomendadas ou na legislação regulamentadora. Adicionalmente, os leitores podem buscar por possíveis atualizações da obra em http://genio.grupogen.com.br. A autora e a editora se empenharam para citar adequadamente e dar o devido crédito a todos os detentores de direitos autorais de qualquer material utilizado neste livro, dispondose a possíveis acertos posteriores caso, inadvertida e involuntariamente, a identificação de algum deles tenha sido omitida. Direitos exclusivos para a língua portuguesa Copyright © 2016 by EDITORA GUANABARA KOOGAN LTDA. Publicado pela Editora Santos, um selo integrante do GEN | Grupo Editorial Nacional Travessa do Ouvidor, 11 Rio de Janeiro – RJ – CEP 20040040 Tels.: (21) 35430770/(11) 50800770 | Fax: (21) 35430896 www.grupogen.com.br | editorial.saude@grupogen.com.br Reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, no todo ou em parte, em quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrônico, mecânico, gravação, fotocópia, distribuição pela Internet ou outros), sem permissão, por escrito, da EDITORA GUANABARA KOOGAN LTDA. Capa: Bruno Sales Produção digital: Geethik Ficha catalográfica K19o Kairalla, Silvana Allegrini Ortodontia lingual simplificada/Silvana Allegrini Kairalla. – 1. ed. – Rio de Janeiro: Santos, 2016. il ISBN 9788527730013 1. Ortodontia 2. Aparelhos ortodônticos. I. Título. 1633136 CDD: 617.643 CDU: 616.314089.23 Rogério Adib Kairalla Doutor, Mestre e Especialista em Prótese Dentária pela Universidade de São Paulo (USP). Especialista em Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial pelo Conselho Federal de Odontologia (CFO). Vittorio Cacciafesta Mestre e Especialista em Ortodontia pela Universidade de Aarhus, Dinamarca. São muitas pessoas a agradecer, pois a participação delas em minha vida influenciou de uma maneira ou de outra na caminhada. Entretanto, a família é a que sempre (ou na maior parte do tempo) está ao nosso lado, seja nos momentos bons ou difíceis. Então, agradeço primeiramente aos meus pais, Rosa e Sergio (in memoriam), pois, sem a educação que recebi deles, não teria chegado até aqui. Com eles, descobri o valor das coisas, e que cada momento da vida deve ser trabalhado com muita dedicação, determinação e amor, mesmo que para isso tenhamos de fazer sacrifícios. Aprendi que devemos estabelecer metas para alcançarmos nossos objetivos; se um dia olharmos para trás, que tenhamos orgulho do que fizemos. Agradeço ao meu marido, Rogério, pela compreensão, pelo companheirismo, carinho, amor e apoio em tudo aquilo que eu desejo fazer, seja no campo pessoal ou no profissional, principalmente nos momentos em que tive de optar pelos estudos sem poder me dedicar à família. Também por isso agradeço aos meus filhos, Paula, Cláudia e Gustavo, que sempre me apoiaram e me deram estímulo para percorrer o caminho da profissão que escolhi e que em nenhum momento cobraram minha ausência. Ao contrário, sempre me estimularam a estudar, porque assim sentiriam mais orgulho da mãe que tinham. Espero ter servido de exemplo para que acreditem que o estudo é o alicerce de todas as profissões. Agradeço a todos os colegas e professores que participaram da minha vida acadêmica e profissional, dentre os quais não poderia deixar de citar a amiga e professora Liliana Ávila Maltagliati. Desde que abracei a técnica lingual, ela me deu oportunidade, na especialização, de poder me aprofundar nos estudos desta técnica e realizar minha monografia sobre o tema. Também preciso agradecer ao meu orientador de mestrado, Luiz Renato Paranhos, que acreditou que eu pudesse começar a desenvolver artigos científicos e me deu a chance de continuar minha pesquisa sobre a técnica lingual no mestrado, tendo, portanto, uma influência direta na minha iniciação na produção científica. Ao professor Vittorio Cacciafesta, que me ensinou os primeiros passos da ortodontia lingual simplificada e com quem tive a oportunidade de trocar conhecimento e experiência clínica e científica. Ao professor Alexandre Ponce, que, desde que nos conhecemos, acreditou que eu poderia transmitir meus conhecimentos aos colegas especialistas e também sugeriu e despertou em mim a ideia de realizar esta obra. Agradeço ao professor Mario Cappellette Jr. por confiar no meu trabalho ao me convidar para fazer parte da sua equipe no curso de especialização em Ortodontia da ABO/SP, e, também, por ter me apresentado à esta editora, por meio da qual tenho a oportunidade de publicar esta obra. Por fim, agradeço a Deus por me acompanhar e me dar forças nos momentos de dificuldades durante toda a caminhada e por sempre guiar meus passos no caminho do bem, permitindo realizar este sonho com muita saúde e energia. Finalizo com um pensamento de José de Alencar: “O sucesso nasce do querer, da determinação e persistência em se chegar a um objetivo. Mesmo não atingindo o alvo, quem busca e vence obstáculos no mínimo fará coisas admiráveis.” Silvana Allegrini Kairalla A ortodontia lingual não é uma técnica muito antiga; ao contrário, é bastante recente, se considerarmos que os primeiros estudos começaram na década de 1970. Particularmente, ouvi falar sobre a técnica em meados dos anos 1980, em um congresso brasileiro, e achei fantástica a ideia de poder corrigir problemas de má oclusão sem que o aparelho pudesse ser visto, ou melhor, com uma técnica invisível. Porém, os colegas com mais conhecimento consultados naquele momento (afinal, eu ainda fazia o aperfeiçoamento em ortodontia) me desaconselharam e disseram que a técnica não funcionava bem. Essa argumentação será discutida nesta obra, e, de maneira bastante clara, os leitores poderão compreender o que sucedeu naquela época e o que evoluiu até hoje. Mais tarde, já na especialização em Ortodontia, também em um congresso brasileiro, tive novamente a oportunidade de ouvir sobre a técnica lingual, e foi a partir daí que iniciei meus estudos de maneira mais profunda, mergulhando nessa técnica tão apaixonante. Isso me levou a realizar a monografia de conclusão do curso com o tema “Ortodontia Lingual”. No curso de mestrado em Ortodontia, pude dar sequência aos estudos dessa técnica, com uma dissertação sobre o mesmo tema, em que aprofundei meus conhecimentos específicos. A partir daí, torneime apta a escrever diversos artigos em revistas nacionais e internacionais, e ministrar cursos e workshops sobre a técnica. Recentemente, fui nomeada uma speaker internacional da empresa Forestadent®. Assim, juntando toda a bagagem de conhecimentos ao longo dos anos, acreditei ser possível aplicálos em um livro e apresentálos de modo bastante prático e objetivo. Nesta obra, presumese que o leitor seja um especialista ou conhecedor profundo em ortodontia convencional; por isso, alguns conceitosbásicos são tratados de maneira a apenas recordar o leitor, a fim de que possa compreender mais rapidamente os conceitos necessários para a técnica abordada. Também procurei aqui não me aprofundar na técnica lingual convencional, pois este livro destinase a descrever de maneira bastante clara e direta os conceitos da ortodontia lingual simplificada, sem deixar de respeitar evidências científicas e basearse nelas. A simplicidade a que nos referimos tem o intuito de beneficiar o profissional que deseja conhecer e praticar a técnica simplificada sem que ela seja tratada de modo banal, mas que possa ser aplicada em seus tratamentos de maneira segura e eficaz, alcançando os resultados clínicos com bastante confiança e previsibilidade. Silvana Allegrini Kairalla Transmitir conhecimento é uma arte, mas abdicar de tempo para transcrever em palavras o conhecimento é uma arte ainda maior. Poucos têm a exata noção do que significa escrever um livro – desnudar seu pensamento, expor sua experiência, colocarse à prova da avaliação dos leitores. É uma atividade que exige doação e abnegação. Quando o assunto a ser abordado se refere a uma especialidade pouco explorada e divulgada, o desafio é ainda maior, pois a proposta é falar do que ainda não foi escrito e divulgar a própria experiência, os passos dados e os erros corrigidos sem muito em que se basear. A ortodontia lingual é uma técnica ortodôntica diferenciada, muito apreciada pelos pacientes por utilizar o único aparelho verdadeiramente estético, invisível de fato. O domínio dessa técnica exige profissionais qualificados e habilidosos, e boa parte deles reluta em adentrar nesse universo por considerar a técnica complexa. No entanto, quando nos interessamos e nos propomos a entendêla e praticála, descobrimos quão fascinante ela é e o quanto nos diferencia como profissionais. O entendimento e interesse dependem, fundamentalmente, de como nos é apresentada e ensinada a técnica lingual, e, nesse aspecto, ainda temos pouca informação disponível em comparação com a técnica vestibular convencional. Carecemos de obras completas, detalhadas, com didática, para aumentar o interesse pela técnica e sua aplicabilidade. O que torna esta obra única e muito especial é a maneira como a Professora Silvana consegue tornar a técnica simples e a transmite de modo didático, tornandoa exequível e de fácil entendimento, ensinando com maestria a técnica lingual simplificada, com ricas informações e orientações. Com certeza, é um livro importante para nossa especialidade, que vem somar e preencher uma lacuna importante de informação. Aproveitem e mergulhem nesse universo fascinante da ortodontia lingual! Liliana Ávila Maltagliati Doutora em Ortodontia pela Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo (USP). Mestre em Ortodontia pela USP. 1 2 3 4 5 6 7 Considerações Gerais sobre Ortodontia Lingual Revisão da literatura Montagem do aparelho lingual Considerações finais Sistema Lingual 2D® Braquete lingual 2D® Técnica de montagem simplificada Tipos de braquetes 2D® Indicações e aplicações clínicas do braquete 2D® Otimização do braquete lingual 2D® Considerações finais Sistema Lingual 3D® Características do braquete 3D® Considerações sobre o braquete 3D® Sistema Kairalla Considerações finais Biomecânica Princípios de biomecânica Movimentos ortodônticos Biomecânica lingual Biomecânica com o Sistema 2D® Discussão Considerações finais Ortodontia Lingual nas Cirurgias Ortognáticas Preparo ortodôntico cirúrgico com a técnica lingual Considerações finais Finalização dos Tratamentos com Ortodontia Lingual Finalização ortodôntica com a técnica lingual Remoção Contenção Considerações finais Casos Clínicos Caso clínico 1 Caso clínico 2 Caso clínico 3 Caso clínico 4 Caso clínico 5 • • • Introdução Atualmente, existe um crescente interesse de pacientes adultos por tratamentos ortodônticos cada vez mais estéticos. Em função disso, o profissional que recebeu ensinamentos de ortodontia para aplicar em crianças e adolescentes precisa adaptarse e buscar novos conhecimentos para atender também o público adulto; afinal, quanto mais estético for o tratamento, maior será a probabilidade de ser aceito. Por isso, grande número de ortodontistas está em busca de novas tecnologias para tratar essa demanda, no intuito de proporcionar um sorriso agradável e estético, além da obtenção de uma ótima função.1 Uma das alternativas que alcançam esses objetivos para o tratamento em adultos é a técnica lingual. Ao se pensar em ortodontia lingual, a ideia de uma técnica totalmente estética é muito atrativa, embora, em seguida, um pensamento alerte para a dificuldade quanto à colocação de braquetes na face interna dos dentes e também quanto à adaptação do paciente. Alguns questionamentos surgem, como: Será que o aparelho lingual incomodará? Como será a adaptação da fala? O aparelho lingual poderá causar incômodo ou ulcerações na língua? O ortodontista também questiona o quanto será vantajoso aprender uma nova técnica e aumentar o número de pacientes no seu consultório, oferecendo para eles uma nova proposta ortodôntica com a técnica lingual.1 Outro questionamento diz respeito à colagem dos braquetes, que pode tornarse mais difícil pela falta de visibilidade que se tem da face lingual, quando se faz a montagem do aparelho pela técnica lingual, o que requer maior habilidade do profissional que a executa. Contudo, uma vez que se utilizam acessórios da técnica vestibular por lingual, é razoável pensar na possibilidade de usar a técnica vestibular em toda a face interna dos dentes.1 Por outro lado, existem vantagens na técnica lingual, e a principal delas é a estética. Dentre todas as técnicas ortodônticas, sem dúvida o aparelho lingual é o que tem a maior vantagem, já que é o único totalmente invisível e cada vez mais utilizado.2,3 A ortodontia lingual está crescendo rapidamente. As peças estão menores, o que melhora muito o problema da fala e oferece conforto para a língua; o desenho dos braquetes e o modo de montagem e de colagem também vêm proporcionando melhor aceitação da técnica, que deixou de ser um tabu (acreditavase que se tratava de um aparelho que incomoda) e hoje é uma possibilidade bastante viável para tratamento ortodôntico.1,2 Revisão da literatura • • • • A ortodontia lingual, apesar de estar se tornando mais conhecida e procurada, ainda é um assunto recente na história da ortodontia – seu surgimento se deu na década de 1970. Kinja Fujita, da Universidade de Kanagawa, no Japão, iniciou seus estudos com aparelho lingual em 1971, não por estética, mas para proporcionar aos seus pacientes que praticavam artes marciais um tratamento com maior segurança, uma vez que os braquetes colados pela técnica vestibular poderiam causar muitos danos em atletas.1 Seu primeiro artigo foi publicado em 1978, em uma revista japonesa, e descreve casos de Cl I e Cl II (classe I e II de Angle) com extrações utilizando aparelho lingual;4 porém, em 1979, Fujita ficou mais conhecido, pois publicou um artigo descrevendo um aparelho com braquetes por método lingual e um arco semelhante a um cogumelo, o mushroom.5 Já nos EUA, os estudos começaram por volta de 1975 com o Dr. Craven Kurz,3 que relatou ter sido procurado por uma modelo da Playboy club que vivia em Hollywood e tinha o desejo de utilizar um aparelho que fosse “invisível” para não interferir na sua carreira. Dr. Kurz decidiu improvisar, utilizando os braquetes convencionais que existiam no mercado colocandoos nas superfícies linguais dos dentes. Quando viu que havia obtido um resultado positivo, mostrou a nova técnica aos colegas e decidiu desenvolvêla. Voltou da Califórniaconvencido de que a colagem lingual era possível. Em 1976, Kurz et al. iniciaram os estudos de um novo braquete em parceria com a empresa Ormco®, que acabou por patentear sua ideia, desenvolvendo o aparelho lingual Edgewise.6 Para obter credibilidade para esse novo braquete, foi criada, em 1980, a Lingual Task Force, que consistia em um grupo de profissionais encarregados de ajudar a desenvolver o desenho do braquete, o qual era de aço e deveria sofrer adaptação e ajuste na dimensão, no torque e na angulação baseandose na morfologia lingual de cada dente. O grupo também deveria criar uma mecanoterapia para aplicação da técnica, definindo desenhos de arcos, discutindo a sequência de tratamento e determinando o critério de seleção dos casos, iniciando, assim, o desenvolvimento da técnica lingual.7 Até meados dos anos 1980, as conclusões foram: que a retenção do braquete se mostrava tão segura quanto a colagem por vestibular; que o conforto e a aceitabilidade pelos pacientes eram, em muitos casos, tão bons ou melhores do que com o aparelho vestibular tradicional; e que os pacientes voltavam a falar normalmente após um período mais curto de tempo. Em 1982, Paige enumerou alguns critérios que deveriam ser considerados com relação ao desenho do braquete:8 A distância interbraquetes no aparelho lingual é menor; portanto, o desenho deve ser o mais estreito possível É preciso observar a topografia da superfície lingual dos dentes anteriores da maxila e da mandíbula Qualquer mudança na colagem no sentido oclusogengival provoca mudança no torque da raiz, o que pode ser solucionado por meio de procedimentos de colagem indireta É muito importante considerar a facilidade de inserção, ligação e remoção do arco no braquete e, para tanto, sugerese a colocação do arco por incisal ou oclusal, usando uma ranhura ou slot vertical, que permitiria o uso de pinos de fixação para tornar mais fácil essa ligação. O autor normalmente usava o braquete de Begg, pois considerava que atendia as necessidades descritas anteriormente; porém, ele passou a usar o Unipoint Combination Bracket (Unitek) quando sentiu necessidade de aletas gengivais para prender elásticos em cadeia. A seleção do arco também era importante; por isso, ele utilizava arcos mais leves e resilientes, já que a distância interbraquetes era menor, e fazia a fixação com o double overtie (amarração com elástico em cadeia em forma de gravata), pinos ou fio de amarrilho de metal, dependendo da necessidade do caso.8 Para Scholz e Swartz (1982), a colagem indireta para os braquetes linguais foi escolhida pela dificuldade de visualização e contorno da superfície lingual.9 Em 1983, Gorman et al.10 questionavam se a importância do aparelho lingual seria apenas uma moda passageira da época ou se ele alcançaria a mesma excelência do tratamento por vestibular, atraindo o maior número possível de pacientes para tal prática. Cada vez mais eles se convenciam de que era importante fazer um excelente diagnóstico, escolher a mecanoterapia e fazer uma seleção dos pacientes para o tratamento lingual. Alexander et al.(1983)11 ressaltaram que muitos pacientes desejam os benefícios oferecidos por um tratamento ortodôntico de alta qualidade, mas não gostariam que os braquetes fossem visíveis. Naquela época, houve grande interesse em programas de saúde envolvendo exercícios físicos, dieta e nutrição, tendência que também apareceu na área odontológica, com a divulgação pela mídia de um tratamento ortodôntico invisível e estético. Segundo os autores, para o sucesso do profissional ortodôntico, é muito importante oferecer e conhecer um aparelho que satisfaça a procura pela boa aparência e pela estética. Segundo Gorman (1993),12 a técnica lingual possibilita o tratamento de alguns casos com maior rapidez e qualidade do que se conseguiria com a técnica convencional labial. Sendo assim, a técnica lingual é uma ótima alternativa para o tratamento ortodôntico e, às vezes, pode ser mais eficiente do que a técnica convencional. Em 1997, Fillion dizia que, desde que o aparelho lingual aparecera como um tratamento completamente estético, uma das dúvidas seria a capacidade de adaptação dos pacientes aos braquetes linguais. Em seus 10 anos de experiência com aparelho lingual, 35% dos pacientes se adaptaram em até 3 semanas de tratamento, 36% depois de 3 semanas, e apenas três casos não se adaptaram ao aparelho lingual. De acordo com ele, não existe razão para contraindicar o aparelho lingual ao paciente que deseja usar essa técnica.13 O mesmo autor, em 1998, já fazia afirmações de que grandes mudanças nas técnicas tradicionais estavam acontecendo no mundo todo e que a tendência era que isso certamente se intensificaria muito, inclusive aumentaria significativamente a competitividade dentro do mercado da ortodontia. Ele já argumentava que as mudanças ocorriam, principalmente, pela melhoria das técnicas clínicas, além de um bom trabalho de gestão e de marketing, sugerindo que o profissional interessado em se manter na competitividade deveria investir muito em si próprio, com atualização e treinamento especializado.14 Em 2003, Pato et al.7 apresentaram um resumo sobre a história da ortodontia lingual desde o seu início, na década de 1970, nos EUA, citando que os precursores da técnica obtiveram maior número de fracassos ao longo do projeto. Isso porque, para conseguir desenvolvêla, na maioria das vezes utilizaram o método “tentativa e erro” (como não conheciam bem a técnica, aguardavam as consultas seguintes para ver o resultado e corrigir os erros que ocorriam), provocando, assim, uma queda na procura pela técnica lingual por parte dos ortodontistas americanos e retardando seu desenvolvimento naquele país. Porém, ela chegou a outros países da Europa e ao Japão, e, na década de 1980, muitos equívocos já haviam sido corrigidos. Somente no início da década de 1990 ela retomou seu crescimento nos EUA e foi divulgada em mais países, inclusive no Brasil, propondo como vantagem principal a possibilidade de o paciente usar um aparelho “invisível”. Esse foi um importante diferencial para o ortodontista. Na Itália, em 2004, Macchi et al.15 propuseram a utilização de uma técnica lingual mais simplificada denominada Insubria System® Lingual Technique, que utiliza um dos primeiros braquetes autoligados. Geron (2004)16 salientou que a técnica lingual é mais difícil do que a vestibular por várias razões, como, por exemplo, a dificuldade no posicionamento dos braquetes, o desconforto dos pacientes e a dificuldade na mecânica durante o tratamento. Ela ressaltou que o tipo de amarração com elástico aumenta a resistência e o atrito e consome mais tempo de trabalho, pois requer que o elástico seja frequentemente trocado para manter a higiene oral. Já se a amarração for feita com amarrilho metálico em vez do elástico, o atrito será reduzido e o engrenamento do fio no braquete será melhorado; porém, aumentará significativamente o tempo de cadeira, e ocasionalmente o fio de amarrilho poderá ser deslocado, ocasionando desconforto no paciente e traumatismos nos tecidos moles, levando a mais consultas de emergência. Assim, os braquetes autoligados podem contribuir para a eficiência do tratamento ortodôntico lingual, e o desempenho do aparelho ortodôntico lingual pode ser melhorado por causa da qualidade dos braquetes autoligados. Muitos estudos sobre o baixo atrito com braquetes autoligados têm sido demonstrados e quantificados em trabalhos de vários autores. Com o baixo atrito, a força para movimentar os dentes é menor e mais previsível, causando uma força recíproca menor e levando a melhor controle de ancoragem. A amplitude de ativação, então, é aumentada, e menos consultas de ativação são necessárias. Umdos principais benefícios dos braquetes autoligados é a melhora na eficácia clínica e a economia de tempo; além disso, a substituição do arco é mais rápida e mais fácil.16 Scuzzo e Takemoto (2004),17 com base nos princípios de força leve e deslize, desenvolveram o braquete STb – Ormco® (ScuzzoTakemoto brackets). O sistema possibilita a montagem dos braquetes com a confecção de um setup (técnica tradicional para montagem do aparelho lingual), mas também de maneira simplificada, a chamada técnica social six, que é feita somente nos dentes anteriores, superiores e inferiores, de canino a canino. Consiste na montagem dos braquetes no modelo de trabalho e transferência destes para a boca do paciente com moldeiras confeccionadas em “cola quente”. Em 2005, Ling18 relatou que em 1979 ocorreu a primeira onda de popularidade do aparelho lingual e que, mesmo existindo aparelhos estéticos de plástico, vinil, policarboxilatos, cerâmicos ou alternativos como os alinhadores transparentes, muitos adultos não procuraram o tratamento devido ao constrangimento de usar braquetes. Durante anos a ortodontia lingual andou lentamente, pois muitos protocolos clínicos não foram elucidados e muitos ortodontistas não tinham o preparo adequado exigido pela técnica, o que resultou no abandono precoce da técnica por muitos deles. Assim, particularmente na América do Norte, o desenvolvimento foi mais lento e, em outras partes do mundo, teve continuidade. Ocasionalmente são levantadas objeções ao tratamento lingual por profissionais que não utilizam a técnica, os quais alegam, principalmente, que o tratamento lingual é mais demorado do que o vestibular. Entretanto, não existe prova disso, faz parte da história e do desenvolvimento de “novas técnicas”. Também não há nada na literatura que comprove que o tratamento com aparelho lingual seja menos preciso do que o tratamento com aparelho vestibular. A mesma controvérsia ocorreu com o lançamento dos braquetes cerâmicos em 1980, porém sua prática foi logo difundida e, como coincidiu com a chegada dos primeiros aparelhos linguais, muitos profissionais optaram por usar braquetes cerâmicos vestibulares. Monini et al. (2008)19 mostraram as diferenças biomecânicas entre as técnicas lingual e convencional vestibular, e concluíram que a técnica lingual também exige mais conhecimento sobre questões biomecânicas e maior habilidade do ortodontista. Wiechmann et al. (2008)20 relataram que existe uma grande procura pela utilização de aparelhos estéticos por parte dos adultos e, agora, até mesmos por adolescentes. Muitas vezes, os aparelhos de porcelana por vestibular não suprem necessidades estéticas, pois, ainda que transparentes e parecidos com a cor dos dentes, são visíveis, e os alinhadores que seriam mais estéticos não podem ser usados para todos os tipos de má oclusão. Portanto, o aparelho lingual vem tornando a satisfação dessa necessidade viável, principalmente com a ajuda de miniimplantes. Cacciafesta e Kairalla (2010)21 relataram que cada vez mais adultos procuram estética e conforto no tratamento ortodôntico. A ortodontia lingual foi superior em comparação com os aparelhos estéticos convencionais vestibulares; no entanto, ainda é considerada mais difícil e cara. Segundo os autores, podese fazer uma ortodontia lingual mais simples e mais barata utilizando o braquete da Forestadent 2D®. O conforto do paciente sofre objeções, mas tem sido superado com o tempo com as mesmas abordagens clínicas que existem pelo aparelho vestibular. Também em 2010, foi publicado por Wu et al.22 um estudo comparativo entre 60 pacientes chineses dos sexos feminino e masculino, 30 deles com aparelho por vestibular e 30 com aparelho por lingual. Dentre os resultados obtidos, verificouse que não existiam diferenças significativas entre os tratamentos. Os pacientes que estavam com aparelho lingual relataram que a dor era maior na língua, e os que receberam aparelho vestibular, que a dor era maior nos lábios e nas bochechas, ou seja, a dor está relacionada diretamente com o local em que o aparelho está instalado. O mesmo estudo pesquisou o requisito “higiene”, concluindo que, na técnica lingual, é feita de maneira similar à da técnica vestibular. Os resultados comparativos foram estatisticamente semelhantes entre as duas técnicas. Uma revisão sistemática realizada em 2013 por Hu Long et al.23 no Departamento de Ortodontia no West China Hospital of Stomatology da Sichuan University (Chengdu, China) comparou a técnica lingual com a técnica vestibular e concluiu que, quando ocorre dor, ela é semelhante em ambos os tratamentos. O estudo verificou também que os pacientes que estavam com aparelho lingual tinham maior probabilidade de ter dificuldade na fala e dor na língua, mas eram menos propensos a dor na face e nos lábios, como aqueles que usavam o aparelho por vestibular. Em 2014, Kairalla et al.24 realizaram, na Faculdade de Odontologia da Universidade Metodista de São Paulo, uma pesquisa com o objetivo de encontrar a forma e a dimensão de arcos dentários para definir o tamanho e o formato de um arco contínuo que pudesse ser utilizado na técnica lingual. Os modelos dos arcos dentários da maxila e da mandíbula digitalizados (3D) foram obtidos a partir de uma amostra composta por indivíduos brasileiros leucodermas com oclusão normal natural. Os autores concluíram ser possível definir uma forma de arco contínuo para ser utilizado na técnica lingual straightwire (LSW) e criaram um diagrama de arcos (template) de maneira mais simplificada. Recentemente, em 2015, um grupo de autores japoneses25 realizou um estudo com pacientes submetidos a tratamento ortodôntico no Okayama University Hospital, com o objetivo de avaliar a hipótese de que poderia haver uma diferença entre os tratamentos com aparelho lingual e vestibular em uma amostra contendo 24 casos de classe II com extração tratados com aparelho lingual e 25 casos de classe II com extração tratados com aparelho vestibular. O grupo concluiu que pode haver alguma diferença mecânica entre as técnicas, a qual pode ser contornada; porém, o aparelho lingual não causa maior reabsorção radicular quando comparado ao aparelho por vestibular, assim como também não causa limitação na dinâmica dos movimentos mandibulares e é tão provável quanto o aparelho vestibular que não contribua para as causas da disfunção temporomandibular (DTM). Montagem do aparelho lingual Na ortodontia lingual, fazse necessário sempre abordar a forma de montagem do aparelho, pois, em função da grande variedade de tipos de braquetes linguais, existe uma forma de montagem específica para cada um.1 Pudemos observar que, no desenvolvimento da técnica, uma das preocupações dos autores é o modo de colagem dos braquetes. Para Scholz e Swartz (1982), a colagem deveria ser indireta em razão da dificuldade de visualização e de contorno da superfície lingual.9 Devido à variabilidade da anatomia lingual e à distância interbraquetes mais reduzida, alguns movimentos dentais são mais complicados de serem feitos,8,2628 como, por exemplo, as dobras de 1a e 3a ordens8,27 e o controle de torque.8,28 Figura 1.1 Esses fatores foram responsáveis pelo desenvolvimento de vários instrumentos, ferramentas ou máquinas específicas para a montagem dos aparelhos linguais e de métodos de transferência dos braquetes, como TARG (SDS/Ormco®, Orange, CA) (Figura 1.1) e CLASS (Specialty Appliances, Norcross, GA).3,29 Desse modo, para a montagem indireta, além do uso de instrumentos específicos e/ou setup8,9 (Figura 1.2), também é feito o pad, que consiste em uma camada de resina que se interpõe entrea base do braquete e a superfície lingual dos dentes, a qual, normalmente, é mais irregular do que a face vestibular19,30 (Figura 1.3). Nesses casos de montagem indireta, a transferência para a boca do paciente se faz por meio de moldeiras, jigs ou casquetes.9 Atualmente, também existem os sistemas de braquetes virtuais, em que setup, os braquetes e os fios, assim como a montagem, podem ser totalmente confeccionados por programas de computador.20 Durante a evolução da técnica, também foi descrito que alguns braquetes linguais podem ser colados diretamente,31 como na ortodontia vestibular, ou indiretamente,1 dependendo do sistema utilizado ou da gravidade da má oclusão.26 Um sistema que possibilita que a colagem seja direta é o Sistema 2D®, que foi desenvolvido por Macchi et al. (2004)29 e a empresa Forestadent® (Pforzheim, Alemanha). Dessa maneira, para que daqui em diante a leitura e a compreensão fiquem mais didáticas, podemos afirmar que existem basicamente duas formas de se fazer a montagem do aparelho lingual: pela técnica convencional, isto é, normalmente com setup ou auxílio de outra ferramenta; e a montagem simplificada (Figura 1.4), em que a colagem pode ser feita de maneira direta, ou seja, sobre o esmalte dos dentes, e indireta, quando se faz em modelos (não em modelos de setup, mas sim em modelos de má oclusão). Máquina TARG. Figura 1.4 Figura 1.2 Figura 1.3 Vista lateral de modelo de setup. Aplicação de resina composta fotopolimerizável na base do braquete para confecção do pad. Esquema simplificado de montagem do aparelho lingual. ↑: mais trabalhoso ou mais elaborado; ↓: menos trabalhoso ou menos elaborado. Podese concluir que, a montagem convencional é mais elaborada e demanda mais tempo do operador para executála, enquanto a técnica simplificada, como o próprio nome diz, é mais simples e por isso demanda menos tempo. 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. O tema montagem do aparelho lingual foi abordado neste capítulo por ser parte da evolução da técnica e porque muitos ortodontistas utilizam a forma de montagem convencional. Assim, é necessária uma abordagem melhor e mais extensa para descrever todas as técnicas convencionais e referenciar de maneira justa e adequada os autores que as criaram. Porém, como o intuito deste livro é tratar sobre a técnica simplificada, sugerimos a busca por literatura específica para montagem convencional, já que o objetivo deste capítulo foi exatamente esclarecer a diferença entre elas. Considerações finais A história da evolução da ortodontia lingual mostra que a procura pela estética foi um fator muito importante para determinar seu surgimento e desenvolvimento. A técnica ortodôntica lingual é considerada uma técnica estética, que demanda tempo de trabalho e habilidade do profissional que a utiliza, mas é viável para muitos casos e para pacientes que não se tratariam com a técnica convencional por vestibular ou similar. Muitos trabalhos de pesquisa precisam ser feitos para melhorar as partes clínica e laboratorial, mas muito já se avançou. A ideia de se fazer um braquete que seja confortável e prático sem ser muito oneroso ainda persiste, devendose continuar os estudos para seu desenvolvimento. Os fabricantes procuram desenvolver braquetes cada vez melhores para atender o mercado ortodôntico lingual, e a tendência é que sejam autoligados, pois podem contribuir para diminuir o atrito e são facilitadorres da técnica lingual. Em relação ao tipo de arco utilizado na técnica, podese dizer que, inicialmente, o arco utilizado na técnica tinha um formato de cogumelo, mas já existem autores que estudaram ser possível a utilização de um o arco contínuo lingual ou straightwire. A adaptação do paciente à dificuldade na fala, à higiene e às escoriações na boca é similar à da ortodontia vestibular. Finalmente, não existem evidências concretas de que a técnica lingual seja menos efetiva do que a convencional por vestibular; porém, estudos comparativos evidenciam que problemas decorrentes do tratamento ortodôntico podem acontecer em ambas as técnicas. Referências bibliográficas Kairalla SA, Cacciafesta V, Maltagliati LA et al. Ortodontia lingual: evolução da técnica e os braquetes autoligados. Rev Clín Ortod Dental Press. 2011; 10(3):10612. Kairalla SA, Kairalla RA, Miranda SL et al. Ortodontia lingual: um aparelho “invisível”. Rev Bras Cir Craniomaxilofac. 2010; 13(1):403. Alexander CM, Alexander RG, Gorman JC et al. 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Um grupo de italianos da Universidade de Insubria, na Itália, o qual já trabalhava com a técnica convencional de montagem do aparelho lingual e que também iniciou a técnica com braquetes 3D®, com base nos autoligados de Begg (Capítulo 3), decidiu simplificar a técnica lingual, principalmente com relação à forma de montagem indireta para a montagem direta. Assim, junto à empresa Forestadent®, e baseado no braquete de Philippe, eles desenvolveram o Sistema Lingual 2D® com o intuito de facilitar alguns dos procedimentos que dificultam a técnica lingual convencional e, ao mesmo tempo, oferecer resultados satisfatórios.3,4 Philippe lingual bracket. O Sistema Lingual 2D® é a técnica que possibilita a montagem do aparelho de maneira simplificada, sem a necessidade da confecção de modelos em setup. Essa técnica consiste em colar os braquetes linguais diretamente no esmalte, como na ortodontia convencional por vestibular.4 O Sistema Lingual 2D®, com mecânica e desenho exclusivos, utiliza braquetes 2D® autoligados e de inserção vertical, isto é, o fio ortodôntico é colocado de cima para baixo, diferentemente da maioria dos braquetes linguais, que têm inserção Figura 2.2 horizontal.5 Como esse sistema permite a colagem de maneira direta sem a necessidade de fazer setup em laboratório, é possível ter uma diminuição dos custos e do tempo de trabalho.6,7 Outro fator muito importante na aplicação da ortodontia lingual obviamente é a questão de os braquetes serem ou não confortáveis para os pacientes. Se os braquetes linguais forem muito grandes e largos, podem atrapalhar a pronúncia, causando maior dificuldade na fala do paciente, principalmente quando o tratamento se estender por mais tempo. Os braquetes linguais 2D® contam com um perfil bastante estreito, o que facilita a adaptação dos pacientes ao tratamento ortodôntico. A técnica lingual 2D® emprega braquetes linguais autoligados simples, arcos denominados Titanol® superelásticos e arcos de liga de NITI termoativado denominados Biolingual®, possibilitando a mecânica com baixo atrito e forças leves. Esse sistema oferece conforto para os pacientes que buscam o máximo da estética e tempo menor de tratamento, pois reduz o “tempo de cadeira”, já que é de fácil manejo clínico.6,7 Braquete lingual 2D® | Características principais do braquete lingual 2D® As características principais do braquete lingual 2D® são a base e o sistema de fixação do fio. Os braquetes 2D® possuem um slot arredondado, diferentemente da maioria dos braquetes linguais, em que esse slot na base é retangular e/ou quadrado. O braquete tem duas aletas na superfície lingual para prender o fio e pode ser usado em todos os dentes por não exigir prescrição (Figura 2.2). É um sistema autoligado de progressivo atrito, porque é possível fazer o fechamento das aletas de modo progressivo, ou seja, podese fechar mais ou menos as aletas conforme for ocorrendo o nivelamento e alinhamento dos dentes envolvidos no tratamento, principalmente nos casos em que existir dentes com muito apinhamento. O sistema também possibilita a inserção de fio no diâmetro máximo de 0,22” × 0,16”, pois funciona como um ribbon arch, ou arco em forma de fita, cuja inserção é vertical. Braquetes linguais Forestadent 2D® montados em modelos de acrílico. Por não ter um slot tradicional, o braquete tem uma espessura média de 1,2 mm quando está totalmente fechado e 1,4 mm quando está com as aletas semiabertas. Essa espessura reduzida permite que o fio fique posicionado quase tangente à superfície lingual.6,7 Sua base bastante retentiva tem 0,4 mm de espessura e foi criada de modo a possibilitar que o posicionamento do braquete seja feito quase na altura do cíngulo dos dentes anteriores, ou seja, sobre o centro de resistência. Essas características, aliadas ao uso de fios redondos e retangulares e ao posicionamento correto do braquete, compensam as diferentes espessuras vestibulolinguais, normais nos dentes anteriores, principalmente no arco superior.69 Os braquetes 2D® possuem ganchos para inserção de elásticos em cadeia, bastante utilizados no sistema. As aletas podem ser abertas, uma de cada vez, por deformação mecânica, com uma espátula tipo Haideman, com formato bem afilado na ponta, o que possibilita inserção e remoção do fio na canaleta ou com um instrumento semelhante denominado explorador lingual, desenvolvido pela Forestadent® (Figura 2.3). As aletas dos braquetes também podem ser abertas uma a Figura 2.3 uma com um alicate manufaturado de pontas extremamente finas, criado especificamente para este fim, como ilustra a Figura 2.4. Para o fechamento do braquete, utilizase um alicate Weingart e recomendase fechar somente uma das aletas por vez, para evitar a descolagem. Essas aletas são soldadas a laser na base do braquete, e o material é preparado para suportar cerca de 20 a 30 movimentos de abertura e fechamento. A fim de proteger o esmalte na face vestibular dos dentes, recomendase posicionar um rolete de algodão ou colocar uma capa de proteção plástica na ponta do alicate, que deve ser usado contra a superfície vestibular dos dentes para evitar que o alicate escape (Figura 2.5). | Características do arco lingual do Sistema Lingual 2D® Os arcos normalmente utilizados no Sistema Lingual 2D® são os arcos Titanol® superelástico (Forestadent®), encontrados nas espessuras .010”, .012”, .014”, .016” .0,22” × .0,16” para a maxila e para a mandíbula (Figura 2.6). Esses arcos são précurvados de canino a canino, o que possibilita a inserção de uma dobra de 1a ordem entre o canino e o primeiro pré molar, formando o típico arco em forma de cogumelo.10 Para adicionar dobras de 1a ou 2a ordem ao arco préformado, acentuase a dobra do fio durante a fase martensítica (fase fria); assim, quando o fio é levemente aquecido em uma chama (até aproximadamente 60 a 70°C), recupera sua fase austenítica, e o formato ideal da dobra pode ser verificado. Esse método é um procedimento rápido e muito fácil que requer apenas alguns minutos.4 Porém, caso o operador deseje realizar dobras mais precisas, estas podem ser feitas utilizandose máquinas elétricas específicas para este fim, como por exemplo a Memory Maker (Forestadent®). Explorador lingual usado para abertura das aletas. Figura 2.4 Figura 2.5 Alicate lingual usado para abertura das aletas. Alicate Weingart usado para o fechamento.Figura 2.6 Figura 2.7 Arcos Titanol®. Podem ser utilizados também os arcos Biolingual®, fabricados com a forma de cogumelo em seis tamanhos diferentes e quatro espessuras: .010”, .012”, .014” e .016” (Figura 2.7). Existe um template para selecionar o tamanho correto do arco Biolingual®, que também possibilita orientar a confecção de dobras no arco Titanol® superelástico (Figura 2.8). Os arcos possibilitam a aplicação de forças leves aos dentes, principalmente durante as primeiras fases de tratamento (nivelamento e alinhamento).6,7 Arcos Biolingual®. Figura 2.8 Template para seleção do tamanho correto do arco. Técnica de montagem simplificada Como mencionado anteriormente, é possível fazer a montagem do aparelho lingual de diversas maneiras, mas existe a possibilidade de realizar a montagem dos braquetes de forma mais simplificada. O Sistema Lingual 2D® possibilita a montagem simplificada,2,7,11,12 ou seja, a colagem pode ser feita de maneira direta sobre a superfície do esmalte. Essa técnica é conhecida como técnica lingual simplificada, easy technique ou Insubria system® lingual technique, em que são utilizados os braquetes 2D®, desenvolvidos pela Forestadent®.4,13 A técnica será descrita na íntegra e ilustrada no caso clínico 1 (adiante); porém, ela pode ser modificada, isto é, existe a possibilidade de se fazer a montagem de maneira indireta em modelos de trabalho, o que também não deixa de ser uma técnica simplificada, uma vez que não utiliza máquinas ou ferramentas específicas, tampouco modelos em setup. A forma de montagem simplificada indireta será ilustrada no caso clínico 2 (adiante). | Colagem direta do braquete lingual 2D® O Sistema Lingual 2D® não requer qualquer preparação prévia em laboratório. Com um pouco de prática e experiência, todas as etapas do tratamento podem ser realizadas de maneira bastante semelhante ao procedimento clínico de colagem convencional de braquetes vestibulares.7,12 Para colocação do braquete, é necessário abrir ligeiramente as aletas e, com uma pinça convencional, mantêlo firme para o seu correto posicionamento (Figura 2.9). Para uma boa colagem, é necessário observar o preparo da superfície do dente, o desenho da base do braquete e o agente de colagem. Os passos que envolvem a colagem direta na técnica lingual são: profilaxia, condicionamento do esmalte, aplicação do sistema adesivo, colagem e polimerização com luz, quando utilizada uma resina fotopolimerizável. Figura 2.9 Figura 2.10 Pinça clínica posicionando o braquete 2D® com as aletas abertas. Antes da colagem dos braquetes, é essencial remover qualquer irregularidade na superfície dos dentes, como cíngulos muito pronunciados (Figura 2.10), além da película orgânica (biofilme) que cobre todos os dentes. Isso pode ser feito com uma mistura de água e pedrapomes, ou pasta profilática com uma taça de borracha ou escova de Robson com baixa rotação. Em seguida, devese lavar e secar com jato de água e ar. Para esse procedimento, recomendase o uso de afastadores de bochecha e língua, como abridor de Nola, sugador e rolos de algodão ou gaze (Figura 2.11). O condicionamento ácido é realizado cobrindose completamente a superfície do esmalte com ácido ortofosfórico a 37%, por aproximadamente 30 segundos, a fim de que se criem irregularidades na superfície do esmalte (Figura 2.12). Após esse procedimento, fazse necessária a lavagem e secagem com jato de água e ar, para que a superfície fique completamente seca e para se obter uma aparência esbranquiçada (Figura 2.13). Preparo da boca para a colagem dos braquetes. Figura 2.11 Figura 2.12 Figura 2.13 Isolamento relativo. Condicionamento ácido. Superfície esbranquiçada do esmalte. Figura 2.14 Para o selamento da superfície, é aplicado adesivo (primer/bond) com um pincel, ou microbrush, com um único movimento gengivoincisal sobre cada dente. O adesivo penetra nas irregularidades criadas na superfície do esmalte já condicionado pelo ácido, permitindo que o material de colagem se una à superfície do dente mecanicamente (Figura 2.14). Depois da aplicação de uma fina camada de adesivo sobre o dente (single bond universal 3M ESPE), devese aplicar também uma pequena quantidade de adesivo na base do braquete, que deve ser pressionada sobre o esmalte na posição correta. O sistema adesivo pode ser quimicamente ativado ou fotopolimerizado, e o material deve ter viscosidade suficiente para que braquetes colados não se movam da posição durante a colagem. As resinas fotopolimerizadas podem ser preferencialmente a Transbond® XT (Unitek/3M, Monrovia, Califórnia, EUA) ou a Kurasper F (Kuraray, Japão). O procedimento de colagem dos braquetes consiste em: transferir, posicionar, ajustar, remover excessos e fotopolimerizar. Quando o excesso de adesivo é cuidadosamente removido e uma boa higiene é mantida, a condição da gengiva não é afetada pela colagem por técnica lingual. Por outro lado, se um excesso de adesivo ficar próximo à margem gengival, poderá causar inflamação na gengiva e até descalcificações ao redor da base do braquete. A colagem direta é mais fácil e mais rápida (principalmente se forem poucos os dentes a serem colados). No arco inferior, a colagem direta é feita por meio de marcação com um calibrador específico posicionado na superfície incisal do dente, que definirá a altura da posição desejada para fixação do braquete (Figura 2.15). O fabricante também desenvolveu uma pinça para fixação dos braquetes de modo a facilitar a colagem, a qual pode ser encontrada nos tamanhos 3, 4 e 5 mm (Figura 2.16). No arco superior, devido a anatomia mais complexa e visibilidade limitada, sugerese o uso de uma moldeira confeccionada por meio de máquina a vácuo, que servirá como guia para o posicionamento dos braquetes. No arco superior, a colagem direta é feita com auxílio de uma guia de acetato (Figura 2.17). Selamento da superfície do esmalte. Figura 2.15 Figura 2.16 Calibrador (A) e marcação de altura no esmalte (B). Descrição do caso clínico 1 A paciente C.S.G., de 31 anos, leucoderma, padrão I facial, mesofacial, levemente assimétrica, apresentava classe I, apinhamentos importantes na maxila e na mandíbula, ausência de guia anterior e em lateralidade direita e esquerda (Figura 2.18). A queixa principal da paciente era o apinhamento anterior. Ela desejava corrigir a má oclusão por meio de um tratamento ortodôntico estético, por isso foi proposto o tratamento lingual. Foi escolhido o Sistema Lingual 2D® (Insubria system® lingual technique),4,13 que preconiza a colagem do arco maxilar com auxílio de uma guia de acetato (ver Figura 2.17) e na mandíbula por meio de um calibrador (ver Figura 2.15 A). Pinça para fixação (A) e posicionamento dos braquetes (B). Figura 2.17 Guia de acetato. Figura 2.18 Fotos intraorais iniciais do caso clínico 1. Primeiramente, foi realizada a moldagem do arco maxilar (Figura 2.19) – que pode ser com material de moldagem, como silicone de adição ou de condensação –, para então se obter um modelo em gesso especial no qual serão feitos os traçados com o calibrador (Figura 2.20). Em seguida, uma lapiseira é utilizada para definir o longo eixo dos dentes (Figura 2.21). Outra moldagem em alginato é feita com fins de se obter um modelo em gesso pedra para a confecção da placa de acetato de 1,0 mm por meio de uma plastificadora (Figura 2.22). Subsequentemente, com um disco de carburundum, a placa é separada do modelo em gesso, para então ser dado o acabamento para obtenção da guia de acetato (Figura 2.23). Marcações são feitas com caneta marcadora de fio nas cores vermelha e azul, orientando a colagem naboca do paciente (Figura 2.24). A guia deve ser provada no modelo em gesso especial, a fim de ser checada a compatibilidade entre as marcações da moldeira e do modelo previamente desenhadas, assim como o braquete lingual 2D® (Figura 2.25). Figura 2.19 Figura 2.20 Molde do arco maxilar em silicone de adição feita em um único ato. Modelo em gesso com traçado do calibrador. Figura 2.21 Figura 2.22 Modelo em gesso com traçado do longo eixo dos dentes. Modelo em gesso pedra para confecção da guia de acetato. Figura 2.23 A. Cortes com disco de carburundum. B. Acabamento da guia com brocas multilaminadas. C. Acabamento da guia com escovas (DHpro). Para realizar a colagem direta na boca, devese proceder da mesma maneira descrita anteriormente, utilizandose ácido fosfórico a 37% e sistema adesivo. É necessário checar na boca a adaptação da guia (Figura 2.26). Feito isso, procedese à colagem dos braquetes, dente a dente, com auxílio de uma pinça clínica (Figura 2.27) até completar todo o arco (Figura 2.28). Após a remoção da guia, pode ser iniciado o nivelamento dental com a colocação do primeiro arco selecionado (Figura 2.29 A). No arco inferior, a colagem foi feita com auxílio do calibrador (Figura 2.29 B). O resultado final do tratamento pode ser visto na Figura 2.30, e as guias dos movimentos mandibulares anterior (protrusivo) e de lateralidades direita e esquerda estão demonstradas na Figura 2.31). Figura 2.24 Guia de acetato finalizada com as marcas. Figura 2.25 Guia de acetato com as marcas (A) e checagem da guia no modelo (B). Figura 2.26 Figura 2.27 Checagem da guia na boca. Colagem com pinça clínica. Figura 2.28 Figura 2.29 Final da colagem dos braquetes. Início do nivelamento na maxila (A) e na mandíbula (B). Figura 2.30 Resultado final. Figura 2.31 Guias anterior e de lateralidades direita e esquerda. | Colagem indireta do braquete lingual 2D® A técnica de colagem indireta foi desenvolvida para melhorar a precisão na colagem dos braquetes e é feita em modelos de gesso que reproduzem a boca do paciente.14,15 Sabese que a colagem indireta requer um pouco mais de tempo em laboratório, mas o tempo de cadeira e o desconforto do paciente são diminuídos.16 Um estudo clínico randomizado mostrou não haver diferenças estatísticas entre a precisão de colagem da técnica direta e a da indireta.17 Desse modo, com base em estudos para a técnica vestibular, será descrita a colagem indireta para a técnica lingual com o braquete 2D®. Tanto na técnica vestibular como na técnica lingual os procedimentos iniciais são os mesmos com relação à moldagem, isto é, preconizase que seja obtido um modelo de trabalho por meio de um bom material de moldagem tipo silicone.18 Seja este de condensação ou de adição, ambos reproduzem com fidelidade o objeto moldado (no caso, a boca do paciente), mas o último tem propriedades que ajudam a manter estável o molde por até 15 dias. Recomendase que o modelo seja obtido com gesso especial. Depois de obtido o modelo de trabalho da má oclusão, devese marcar com uma lapiseira de ponta fina o longo eixo da coroa clínica, a margem oclusal e a posição do braquete. Com auxílio do calibrador, devese delimitar a marcação dos dentes anteriores,7,12 definindo 3,3 mm para os dentes inferiores e 3,5 mm para os superiores. Como média (e isso pode depender do caso e da má oclusão), sugerese utilizar 3,5 mm para os caninos inferiores e 3,0 mm para os incisivos inferiores (centrais e laterais). Para os dentes superiores, recomendamse 4,0 mm para os incisivos centrais; 3,5 mm para os incisivos laterais; e 4,0 mm para os caninos, podendo também sofrer variações dependendo do tamanho da ponta de cúspide dos mesmos (Figura 2.32). Em seguida, devese isolar o modelo com um isolante tipo Cellak e aguardar a secagem. Os braquetes podem ser posicionados no modelo, com resina fotopolimerizável. A resina composta convencional ou na versão flow recomendada será sempre da mesma marca da resina a ser utilizada posteriormente na colagem na boca do paciente, no caso Transbond® XT (Unitek/3M, Monrovia, Califórnia, EUA). Após a fotopolimerização dos braquetes no modelo de gesso, deve ser confeccionada uma moldeira de transferência para migrar esses braquetes para a boca do paciente, a qual pode ser feita de silicone, opaca7,12 (Figura 2.33) ou transparente7 (Figura 2.34), em máquina a vácuo (soft)7,12 (Figura 2.35) ou de cola quente15 (Figura 2.36). Depois de removida a moldeira do modelo em gesso, as bases de resina dos braquetes devem ser limpas com acetona.7 Os dentes do paciente devem estar preparados, assim como no procedimento de colagem direta. Recomendase não colocar muita quantidade de resina para evitar excessos quando da remoção da moldeira7 (Figura 2.37). Figura 2.32 Figura 2.33 Independentemente do tipo de colagem, direta ou indireta, é necessário observar qual é o tipo de superfície em que o braquete será colado. Quando a superfície for o esmalte, a sequência do preparo da superfície dental será a mesma, tanto na técnica de colagem direta como na indireta. O mesmo pode ser dito se o dente a ser colado apresentar alguma superfície restaurada em resina composta ou estiver recoberto por uma coroa provisória confeccionada em resina acrílica, caso em que se recomenda fazer pequenas ranhuras nas superfícies com brocas diamantadas, a fim de se conseguir uma retenção mecânica entre os materiais. Porém, se o paciente apresentar outras superfícies diferentes, como coroas de porcelana e/ou metálicas, serão necessárias algumas pequenas alterações nesse preparo. Montagem dos braquetes no modelo de gesso especial. Moldeira de silicone opaca. Figura 2.34 Figura 2.35 Moldeira de silicone transparente. Moldeira soft. Figura 2.36 Figura 2.37 Moldeira em cola quente. Procedimento de colagem (A) e fotopolimerizador (B). Nas superfícies metálicas será necessário fazer o jateamento com óxido de alumínio (Microetch®) previamente ao uso do primer, que, nesse caso, poderá ser o Metal Primer (Reliance®), e esperar 30 s.19 Também poderá ser usado um sistema adesivo universal como o Single Bond Universal (3M ESPE); em seguida, continua a colagem do braquete com a mesma resina utilizada para a colagem no esmalte. Quando a superfície for de porcelana, em coroas ou onlays de cerâmica devese também utilizar o jato de óxido de alumínio; depois de lavar e secar, será necessário o condicionamento da superfície de porcelana, feito com a aplicação do ácido fluorídrico a 10% (Dentsply®), que deve atuar por 3 minutos.19 Porém, esse tempo pode ser menor de acordo com o tipo de porcelana utilizada na restauração protética. A remoção deve ser feita com uma pequena bolinha de algodão e spray de água para evitar lesões na gengiva.19 Depois de secar a superfície cerâmica previamente condicionada, deve ser aplicado o Silano primer/ativador (Dentsply®) por 1 min para transformar a superfície de porcelana de modo a tornar possível a adesão às resinas compostas. Os passos seguintes são a aplicação do sistema adesivo (Single Bond Universal 3M ESPE), a fotopolimerização e o posicionamento do braquete com resina tipo Transbond® XT (Unitek/3M, Monrovia, Califórnia, EUA), como na sequência para a colagem em superfície de esmalte (Figura 2.38). Descrição do caso clínico 2 A paciente F.V.B., de 33 anos, leucoderma, padrão II facial, dolicofacial, simétrico, apresentava classe I, apinhamentos na maxila e na mandíbula, com os dentes 24, 25 e 26 cruzados e giroversão nos dentes 13 e 35 (Figura 2.39). A queixa principal do paciente era o apinhamento anterior, superior e inferior. Ele desejava utilizar um aparelho ortodôntico estético; assim, foi proposto oSistema 2D®. Figura 2.38 A. Jato de óxido de alumínio. B. Aplicação de ácido fluorídrico a 10% na superfície da coroa de porcelana. C. Aplicação de Silano com microbrush. D. Aplicação com pincel da resina líquida (primer/bond). E. Fotopolimerização. Figura 2.39 Fotos intraorais iniciais do caso clínico 2. Primeiramente, foi realizada a moldagem do arco maxilar e mandibular com silicone de adição ELITE® HD (Zhermack) (Figura 2.40), para então se obterem os modelos em gesso especial, nos quais foram feitos os traçados com a lapiseira e o calibrador. Em seguida foi aplicado o isolante tipo Cellak. Depois de seco, foi feita a montagem do aparelho lingual com a resina Flowable Restorative (3M ESPE Filtek® Z350XT) (Figura 2.41). Figura 2.40 Figura 2.41 Molde em silicone de adição feito em dois atos, da maxila (A) e da mandíbula (B). Para a montagem dos braquetes nos modelos da maxila e da mandíbula, foi confeccionada a moldeira de transferência em silicone transparente (Vinyl Polysiloxane) Memosil® 2 (Heraeus Kulzer GmbH), e, após a remoção da moldeira dos modelos, verificouse que os braquetes ficaram retidos na moldeira de transferência para posterior colagem indireta (Figura 2.42). Iniciamos a sequência de fios para nivelamento e alinhamento com Titanol®.012” (Figura 2.43); depois, Titanol®.014” (Figuras 2.44) e TMA.016” no arco maxilar, com dobras de finalização, e Titanol®.016” no arco mandibular (Figura 2.45). O caso finalizado pode ser visto na Figura 2.46. Braquetes montados em modelo de gesso especial. Figura 2.42 Figura 2.43 Figura 2.44 Figura 2.45 Moldeira transparente Memosil® 2. No verso, os braquetes retidos no material. Fase inicial de nivelamento e alinhamento no arco maxilar (A) e mandibular (B). Fase intermediária do tratamento. Fase final do tratamento. Figura 2.46 Resultado final. Tipos de braquetes 2D® Como existem vários modelos de braquetes 2D®, para a melhor compreensão da técnica, é importante conhecermos as ferramentas com que iremos trabalhar; por isso, serão descritos detalhadamente cada um dos modelos, com intuito de mostrar as pequenas diferenças existentes entre eles.7,12 Primeiramente, com relação à base dos braquetes, já foi mencionado que ela é bastante retentiva e soldada. Entretanto, ela pode variar de tamanho conforme o braquete; logo, pode haver braquetes com bases quadradas, retangulares e triangulares, como ilustram as Figuras 2.47 a 2.49, respectivamente. Ao descrevermos cada braquete, essa diferença será observada (Tabela 2.1).20 Figura 2.47 Figura 2.48 Figura 2.49 Tabela 2.1 Base quadrada. Base retangular. Base triangular. Tipos de braquetes 2D®. Médio Tem uma base quadrada e duas aletas ou duas asas, como também é conhecido (Figura 2.50) Médio com gancho gengival Também tem a base quadrada, mas possui três aletas ou três asas, e uma delas representa o gancho (Figura 2.51) Grande ou largo Tem uma base retangular com duas aletas; portanto, difere do anterior por ter a base mais larga (Figura 2.52) Grande ou largo com gancho Também tem a base retangular; porém, possui três aletas ou três asas, e uma delas representa o gancho (Figura 2.53) Figura 2.50 Figura 2.51 Figura 2.52 Simples Tem a base triangular e possui uma só aleta posicionada na parte central (Figura 2.54) Médio com gancho em T Possui uma base quadrada e duas aletas e um gancho com a forma da letra T (Figura 2.55) 2D® Plus sem gancho gengival Tem uma base quadrada e duas aletas �exíveis, que permitem a abertura e o fechamento. Porém, entre elas foi adicionada uma haste central rígida com a �nalidade de possibilitar o torque individual, isto é, em um único dente quando da inserção de �os retangulares (Figura 2.56) 2D® Plus com gancho gengival É semelhante ao anterior, mas a haste central rígida é prolongada com o intuito de criar um gancho (Figura 2.57) 2D® Plus grande ou largo com gancho Recentemente lançado e semelhante aos dois anteriores, este braquete tem uma base retangular com duas aletas e também a haste central rígida prolongada, que serve como um gancho (Figura 2.58) Mini Ants É um braquete que tem a base triangular com duas aletas. É semelhante ao braquete simples, mas as duas aletas foram posicionadas de modo que �cassem juntas, isto é, uma ao lado da outra (Figura 2.59) Mini Ants com gancho longo É semelhante ao anterior, mas uma das aletas é maior, isto é, foi prolongada de maneira a servir como um gancho (Figura 2.60) Tubos molares São extremamente planos, o que proporciona excelente conforto. Na parte inferior e mesial de cada tubo está posicionado um minúsculo gancho (Figura 2.61) Braquete 2D ® médio. Braquete 2D ® médio com gancho gengival. Braquete 2D ® grande ou largo. Figura 2.53 Figura 2.54 Figura 2.55 Figura 2.56 Braquete 2D ® grande ou largo com gancho. Braquete 2D ® simples. Braquete 2D ® médio com gancho em T. Braquete 2D ® Plus sem gancho gengival. Figura 2.57 Figura 2.58 Figura 2.59 Figura 2.60 Figura 2.61 Braquete 2D ® Plus com gancho gengival. Braquete 2D ® Plus grande ou largo com haste central rígida (gancho). Mini Ants. Mini Ants com gancho longo. Tubo molar. Indicações e aplicações clínicas do braquete 2D® • • • • • • • • Figura 2.62 Figura 2.63 O Sistema Lingual 2D® é bastante versátil, pois permite a montagem parcial, tanto na maxila quanto na mandíbula. Desse modo, é possível tratar a má oclusão somente onde o problema está instalado, como nos casos de apinhamentos terciários, que é uma queixa comum no consultório odontológico.7 A seguir, serão abordadas especificamente as indicações e aplicações clínicas do Sistema Lingual 2D®, ilustradas com exemplos clínicos. | Indicações do sistema lingual 2D® Este sistema é indicado nos seguintes casos: Apinhamentos dentários, particularmente no arco inferior, e apinhamentos terciários (Figura 2.62) Casos em que é necessário fechamento de pequenos espaços ou diastemas7 (Figura 2.63) Pacientes que necessitam da correção de mordida profunda7 (Figura 2.64) Alinhamento de caninos ectópicos e/ou impactados, assim como em dentes mal posicionados (Figura 2.65), mesmo quando se trata da técnica ortodôntica vestibular, em que alguns dentes podem ser mais bem posicionados ou tracionados com a utilização de um acessório por lingual (como no caso do braquete 2D®), possibilitando que a força aplicada atue de forma mais próxima ao CR do dente21 Correção de mordida cruzada anterior (Figuras 2.66) e posterior (Figura 2.67) Preparo ortodôntico para cirurgia ortognática (esses casos serão abordados especificamente no Capítulo 5, Ortodontia Lingual nas Cirurgias Ortognáticas) Quando se faz necessária a exodontia de um incisivo inferior (Figura 2.68) Quando se deseja manter os braquetes após a finalização do tratamento ortodôntico, permitindo que eles permaneçam como contenção, inclusive e principalmente nos casos em que existam problemas periodontais (Figura 2.69). Casos com apinhamentos inferiores. Caso com diastemas. Figura 2.64 Figura 2.65 Figura 2.66 Caso com mordida profunda. Dente mal posicionado. Mordida cruzada anterior. Figura 2.67 Figura 2.68 Figura 2.69 Mordida cruzada posterior. Exodontia de um incisivo inferior. Contenção. Por fim, quando está indicada a exodontia de dois ou quatro prémolares para a correção de má oclusão, pode ser usado o sistema com parcimônia: nos casos em que os incisivos superiores estiverem muito vestibularizados, pode ser usado o braquete 2D® plus com auxílio de miniparafusos, miniplacas e/ou elásticos intermaxilares; nos casos em que os incisivos superiores estiverem muito lingualizados, ou seja, quando é necessário maior torque anterior, recomendase a utilização do braquete 3D® (Capítulos 3 e 4). | Aplicação do sistema lingual 2D® Figura 2.70 Figura 2.71 Figura 2.72 Como o sistema é versátil e tem indicação principalmente para pacientesadultos, a técnica permite que a montagem também seja feita de maneira parcial, isto é, em partes, onde se localiza o problema da má oclusão ou onde está a queixa principal do paciente.7 Desse modo, podese aplicar a técnica nos casos de apinhamentos anteriores somente de canino a canino, tanto no arco superior como no inferior. Isso é conhecido como técnica social six, pois compreende somente os seis dentes anteriores1 (Figura 2.70) e é utilizada para casos mais simples, em que o apinhamento esteja localizado na região dos incisivos e os caninos estejam com uma relação de classe I de Angle. Quando houver necessidade de abranger mais dentes, os braquetes podem ser posicionados até os primeiros prémolares de um arco ou de ambos (Figura 2.71), o que pode ser considerado uma extensão da técnica social six. Isso porque, em certos casos, além da necessidade de correção da inclinação ou do giro dos caninos, é preciso maior controle do caso, pois a colagem somente até os caninos pode causar um giro indesejado nas distais desses dentes. O mesmo ocorre se houver necessidade de alcançar os segundos prémolares de um ou dos dois arcos,7 pois estes, além de auxiliarem no controle da mecânica, também podem estar girados e precisar de correção (Figuras 2.72). Nos casos em que o tratamento for completo, podese fazer a colagem até os primeiros molares superior e inferior (Figura 2.73), ou mesmo até os segundos molares.7 Contudo, isso dependerá da necessidade de correção, da má oclusão ou do padrão facial do paciente em tratamento (Figura 2.74), e também quando o caso envolver extrações de prémolares (Figuras 2.75). Técnica social six. Braquetes posicionados até os primeiros prémolares. Braquetes posicionados até os segundos prémolares. Figura 2.73 Figura 2.74 Figura 2.75 Braquetes posicionados até os primeiros molares. Braquetes posicionados até os segundos molares. Extrações de prémolares e uso de miniimplantes na fase inicial de retração. Otimização do braquete lingual 2D® Como existem vários tipos de braquetes 2D®, pretendese, aqui, demonstrar como otimizar a utilização deles7,12,20 e, desse modo, aproveitar ao máximo mais uma ferramenta para o tratamento ortodôntico lingual com a técnica simplificada.11 Figura 2.76 Figura 2.77 Mesmo sabendose que o braquete lingual 2D® pode ser usado em todos os dentes, existem situações em que a sua utilização pode ser mais bem aproveitada. Sendo assim, seu emprego será demonstrado, por meio de exemplos clínicos. | Médio Este braquete pode ser utilizado em todos os dentes, mas, por não apresentar um gancho e ter uma base quadrada, o ideal é posicionálo nos casos em que a coroa clínica é muito curta, como nos dentes prémolares inferiores, em que a cúspide lingual é bastante pequena (Figura 2.76). | Médio com gancho gengival O braquete médio com gancho gengival também é conhecido como braquete padrão, por ser um dos mais usados. Ele pode ser utilizado em todos os dentes e também permite a utilização de elásticos em cadeia em um ou mais dentes do sistema (Figura 2.77). Braquete médio nos incisivos inferiores e prémolares inferiores. Braquete médio com gancho gengival e elástico em cadeia. | Grande ou largo É ideal para ser posicionado nos incisivos centrais maiores, isto é, quando a distância mesiodistal desses dentes for maior e quando precisarem de uma grande movimentação, principalmente nos movimentos que envolvem rotações e inclinações (Figura 2.78). Também é indicado nos primeiros molares, pois se pode utilizálo quando se usar o tubo nos segundos molares (Figura 2.79). | Grande ou largo com gancho Sua utilização é semelhante à do anterior; porém, como este possui gancho, possibilita o uso de elásticos em cadeia caso exista essa necessidade (Figura 2.80). | Simples Por ter uma base triangular e ser bem pequeno, é ideal que se utilize em dentes em que o espaço também é muito pequeno, como nos casos de grande apinhamento anterior. A base permite certa flexibilidade, de modo que possa ser adaptada à superfície dental disponível para a colagem e, assim, possibilitar que o fio ortodôntico passe pela aleta, incluindo o elemento dental no sistema autoligado (Figura 2.81). Figura 2.78 Figura 2.79 Figura 2.80 Braquete grande ou largo nos incisivos centrais superiores. Braquete grande ou largo no primeiro molar. Braquete grande ou largo nos incisivos centrais superiores com gancho. Figura 2.81 Figura 2.82 Braquete simples no canino inferior com falta de espaço. | Médio com gancho em T O braquete médio com gancho em T também pode ser utilizado em todos os dentes e possibilita a utilização de elásticos em cadeia. Quando se faz necessário o posicionamento do braquete muito próximo à região cervical, o que pode causar inflamação gengival, o gancho em forma de T permite que o elástico em cadeia fique um pouco mais distante da região gengival, minimizando a inflamação (Figura 2.82). | 2D® Plus sem gancho gengival Esse braquete tem uma base quadrada e duas aletas flexíveis, dentre elas uma haste central rígida com a finalidade de possibilitar o torque individual, isto é, em um único dente quando da inserção de fios retangulares. Essa haste permite o torque individual quando o braquete é colocado somente em um dente do arco dental; porém, ele também pode ser utilizado em grupo, quando se utiliza esse mesmo braquete em todos os dentes do arco (Figura 2.83). | 2D® Plus com gancho gengival As indicações são as mesmas das do 2D® Plus sem gancho; porém, como a haste central é prolongada e pode ser utilizada como gancho, possibilita a colocação de elásticos em cadeia, necessários para a mecânica (Figura 2.84). Braquete médio com gancho em T e elástico em cadeia. Figura 2.83 Figura 2.84 Braquete 2D® Plus sem gancho gengival nos incisivos. Braquete 2D® Plus com gancho. | 2D® Plus grande ou largo com gancho Como ele tem a base retangular e a haste central rígida, que também é alongada para poder servir como gancho, será indicado quando existir necessidade de torque nos incisivos centrais superiores. Desse modo, permite que o profissional possa escolher o braquete 2D® Plus com gancho com a base quadrada e/ou o 2D® Plus com a base retangular quando os incisivos centrais forem muito grandes e necessitarem de torque. O gancho também é útil para a colocação de elásticos em cadeia e quando há necessidade da colagem de tubos nos segundos molares (Figura 2.85). | Mini Ants Por ser um braquete com a base triangular e duas aletas juntas, está indicado para ser utilizado nos incisivos inferiores e laterais superiores, assim como em caninos inferiores e superiores nos casos que apresentem grande apinhamento. A vantagem em utilizálo, em relação ao braquete simples de uma só aleta, é o fato de o Mini Ants ter duas aletas e poder permanecer por mais tempo no sistema, muitas vezes até o final do tratamento, sem a necessidade de ser substituído, como no caso do braquete simples de uma só aleta (Figura 2.86). Figura 2.85 Figura 2.86 Braquete 2D® Plus grande ou largo com gancho nos incisivos centrais e nos primeiros molares. Mini Ants sem gancho no canino inferior (A) e Mini Ants sem gancho no canino superior (B). | Mini Ants com gancho longo Este braquete é semelhante ao descrito anteriormente, mas uma das aletas é maior. Ela foi prolongada de maneira a servir como um gancho e possibilitar, de acordo com a necessidade da mecânica, a utilização de elásticos intermaxilares e elásticos em cadeia (Figura 2.87). | Tubos molares Serão sempre utilizados quando o tratamento necessitar da complementação de um ou mais molares, já que a técnica permite que a montagem possa ser feita de maneira parcial. O tubo é plano e, na sua parte inferior e mesial, foiposicionado um pequeno gancho, o que permite a colocação de elásticos em cadeia (Figura 2.88). 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. Figura 2.87 Figura 2.88 Mini Ants com gancho longo em caninos inferiores. Tubos nos primeiros (A) e segundos molares (B). Considerações finais Na ortodontia lingual tradicional, a montagem do aparelho lingual é feita por meio da colagem indireta, necessitando de laboratório para a confecção de um setup ou de dispositivos específicos. Entretanto, com a utilização dos braquetes 2D®, é possível realizar a montagem do aparelho lingual de maneira mais simplificada e com resultados satisfatórios. Mostramos a viabilidade do Sistema Lingual 2D® em diversas aplicações clínicas e acreditamos que, independentemente da técnica de montagem escolhida, tanto a colagem direta como a indireta devem ser feitas com muito cuidado e precisão para a obtenção do melhor resultado. A escolha depende única e exclusivamente do operador e de sua habilidade manual. O conhecimento do braquete e do sistema utilizado também é de suma importância para otimizar o tratamento com a técnica lingual, principalmente quando a escolha for o Sistema Lingual 2D®, em que a montagem dos braquetes é feita de modo mais simplificado, o que possibilita o uso de diferentes tipos de braquetes préfabricados. Assim, quanto mais capacitado estiver o profissional da área de ortodontia, melhor será o tratamento oferecido ao seu paciente. O conhecimento de diferentes formas e técnicas para o tratamento ortodôntico diferencia o ortodontista dos demais profissionais. Referências bibliográficas Kairalla SA, Cacciafesta V, Maltagliati LA et al. Ortodontia lingual: evolução da técnica e os braquetes autoligados. Rev Clín Ortod Dental Press. 2011; 10(3):10612. Macchi A, Tagliabue A, Levrini L et al. Philippe selfligating lingual brackets. J Clin Orthod. 2002; 36:425. Tagliabue A, Levrini L, Macchi A. Attacchi linguali Philippe: considerazioni cliniche. Mondo Ortod. 2000; 25:18792. Macchi A, Norcini A, Cacciafesta V et al. The use of “bidimensional” brackets in lingual orthodontics: new horizons in the treatment of adult patients. Orthodontics. 2004; 1:2132. Kairalla SA, Cacciafesta V, Benedicto EN et al. Formas de inserção, fixação e remoção do arco na técnica lingual. Ortodontia SPO. 2011; 44(5):46874. Cacciafesta V, Kairalla SA. Mecânica simplificada em 2D. Ortodontia lingual – princípios e aplicações clínicas. Rio de Janeiro: Santos; 2013. p. 15969. Kairalla SA, Paranhos LR, Cacciafesta V. Ortodontia lingual com sistema 2D. Ortodontia SPO. 2012; 45(3):295305. Nidoli G, Lazzati M, Macchi A et al. Analisi clinicostatistica della morfologia dentale in rapporto al posizionamento dei bracket linguali. Mondo Ortod. 1985; 10:4553. Kairalla SA, Cacciafesta V. Biomecânica lingual com o sistema 2D. In: Marigo M, Eto LF, Gimenez CMM. Ortodontia lingual, uma alternativa incomparável para a terapia ortodôntica estética. 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Introdução Como já mencionado no Capítulo 1, Considerações Gerais sobre Ortodontia Lingual, em que foi abordado o modo de montagem do aparelho lingual, existem diversas formas de montagem, e, na convencional, a maioria utiliza o modelo de setup, com colagem indireta.1 A maioria do braquetes linguais permite a inserção do arco ou fio de maneira horizontal,2 e existem vários sistemas que atendem a montagem de braquetes préfabricados com esse tipo de inserção.3 Muitas empresas recomendam seu próprio sistema de montagem utilizando instrumentos específicos. A Forestadent® criou o braquete 3D®, que também tem um sistema próprio de montagem e que é específico para um braquete cuja inserção do arco seja vertical.2,4 O Sistema Lingual 3D® compreende um conjunto formado por braquetes autoligados com slot retangular de inserção vertical, hastes de metal utilizadas para fixação dos braquetes e uma plataforma metálica para a adaptação das hastes e dos respectivos braquetes. Características do braquete 3D® O braquete 3D® é autoligado, como ilustra a Figura 3.1. Sua base é quadrada e fundida (Figura 3.2), isto é, está incorporada ao corpo do braquete. Os braquetes têm uma numeração para a região anterior e outra para a região posterior (Figura 3.3), e vêm acondicionados em uma pequena caixa (Figura 3.4). O slot é retangular, o que possibilita a inserção de fios retangulares .022” × .016”, já que a inserção desse no arco lingual se dá de maneira vertical. Por ser autoligado, o braquete 3D® possui duas aletas, e o modo de abertura e de fechamento das mesmas é semelhante ao do braquete 2D®, sempre realizado com uma aleta de cada vez. Para os dentes anteriores (incisivos e caninos), os braquetes possuem torque de 45° (Figura 3.5) e podem ter gancho ou não (Figura 3.6). Para os dentes posteriores (prémolares e molares), o torque é de 0° (Figura 3.7), e são encontradas versões com e sem gancho (Figura 3.8). Figura 3.1 Figura 3.2 Braquete 3D® autoligado. Base fundida do braquete 3D®. Figura 3.3 Figura 3.4 Numeração dos braquete 3D®. Kit completo de braquetes 3D®. Figura 3.5 Figura 3.6 Figura 3.7 Braquete 3D® para dentes anteriores. Braquete 3D®para dentes anteriores com (A) e sem (B) gancho. Braquete 3D® para dentes posteriores. Figura 3.8 Figura 3.9 Braquete 3D® para dentes posteriores com (A) e sem gancho (B). | Hastes metálicas As hastes metálicas são os suportes metálicos dos braquetes (Figura 3.9), que podem ser retos para os dos dentes posteriores (Figura 3.10) e angulados para os dos dentes anteriores (Figura 3.11). São utilizadas para manutenção dos braquetes em posição durante a montagem no modelo de setup. Suporte metálico com o braquete 3D®. Figura 3.10 Figura 3.11 Suporte metálico reto para braquetes de dentes posteriores. Suporte metálico angulado para braquetes de dentes anteriores. | Plataforma Uma plataforma metálica foi criada pelo Dr. Dieter Petermann e desenvolvida pelo laboratório alemão Kieferorthopädisches Labor OrthoStation. Essa plataforma destinase à adaptação das hastes e dos braquetes durante a montagem do aparelho. Considerações sobre o braquete 3D® Considerações sobre o braquete 3D® A montagem de aparelhoslinguais sobre modelos de setup já foi descrita na literatura desde o início da implantação da ortodontia lingual;1 mais recentemente, recebeu foco a montagem preconizada por outros autores, como, por exemplo, o sistema Hiro.3 Entretanto, essas montagens eram destinadas a braquetes de inserção horizontal, e a maioria deles não era autoligada.2 Assim, pelo fato de os braquetes 3D® serem autoligados e de inserção vertical, não era possível utilizar as técnicas de montagem já descritas na literatura. Diante disso, foi desenvolvido o Sistema Lingual 3D® com base no trabalho dos autores Macchi et al. (2002)4 Ele possibilita a montagem convencional, isto é, sobre modelos de setup, de braquetes linguais autoligados tridimensionais de inserção vertical, utilizando uma plataforma metálica e hastes específicas para a realização dessa montagem. Sistema Kairalla O Sistema Forestadent Lingual 3D® compreende o conjunto formado por braquetes autoligados tridimensionais com slot de inserção vertical, mais as hastes de metal utilizadas para fixação dos mesmos durante a montagem no modelo de setup em uma plataforma horizontal, desenvolvida especificamente para a adaptação das hastes e dos braquetes, para posterior transferência. O Sistema Kairalla5 baseouse em trabalhos dos autores Macchi et al.4 que desenvolveram o braquete Forestadent 3D®, e em outros descritos na literatura.1,3,6 Foi criado com o intuito de simplificar a técnica de montagem dos braquetes e possibilitar a montagem pelo operador sem a necessidade de aparatos especiais. Portanto, é um sistema específico para um braquete lingual autoligado tridimensional com slot de inserção vertical2 e objetiva facilitar a técnica. | Descrição da técnica Primeiramente, realizase a moldagem da arcada dentária da maxila e da mandíbula com silicone de adição, por ser um material que reproduz com maior fidelidade a anatomia dental (Figura 3.12). Depois de preenchidos os moldes com gesso especial e obtidos os modelos de trabalho em gesso especial (Figura 3.13), são feitos os registros do paciente para montagem dos modelos em articulador semiajustável (Figura 3.14) e, assim, serem construídos modelos em setup a partir dos modelos de trabalho com a má oclusão7 (Figura 3.15). Em seguida, são confeccionados arcos retangulares com fio .022” × .016” Betaflex (Forestadent®), um para o modelo da arcada superior e outro para o modelo inferior, respeitando o formato de cogumelo, ou mushroom8 (Figura 3.16). Uma alça metálica de aço com secção transversal em meiacana é confeccionada sobre as cristas marginais dos dentes em três pontos (um anterior e dois posteriores), permitindo a inserção do fio ao modelo em um mesmo eixo vertical (Figura 3.17). Os braquetes Forestadent 3D® são inseridos nos arcos retangulares; depois de certificarse de que todos estão devidamente posicionados na face lingual de seus respectivos dentes, iniciase a montagem (Figura 3.18). A montagem iniciase pelo arco superior posterior. No modelo da arcada superior (ver Figura 3.15 A), os braquetes foram removidos da porção anterior (de canino a canino), sendo mantidos somente aqueles referentes aos dentes posteriores. Essa divisão em duas partes para a montagem do arco superior foi definida pelo operador, que julgou ser mais fácil, o que não impede que o processo seja feito de uma só vez. Figura 3.12 Figura 3.13 Molde em silicone de adição da arcadas dentária (ELITE® HD/Zhermack) da maxila (A) e inferior da mandíbula (B). Modelo em gesso especial das arcadas dentárias superior (A) e inferior (B). Os braquetes da região posterior são fixados ao modelo na sua porção inferior, utilizando resina acrílica quimicamente ativada de baixa contração de polimerização, pela técnica de Nealon9 (Figura 3.19) e pela colocação de um fio de aço redondo .020” contornando a vertente palatina do modelo (Figura 3.20 A a C). Notase uma diferença entre as Figuras 3.20 B e C: na última, a montagem é feita com a colocação de elásticos, que normalmente são utilizados quando se trabalha com a fixação de braquetes convencionais cujo slot é de inserção horizontal.2 Isso é feito somente com a intenção de proteger a parte inferior do braquete da resina quimicamente ativada; porém, esse passo é opcional (Figura 3.20 A), pois não altera em nada a forma de montagem. Caso o operador opte por esse modo de montagem, deve ter o cuidado de remover o elástico com uma espátula do tipo Lecron, previamente aquecida, para cortar o elástico, a fim de permitir a remoção do arco retangular de inserção vertical de maneira cuidadosa, sem pressão ou deslocamento (Figura 3.21). Figura 3.14 A. Registro oclusal em cera. B. Registro do arco facial no paciente. C. Modelo da arcada superior montado em articulador semiajustável. Figura 3.15 Figura 3.16 Figura 3.17 Modelo em setup das arcadas dentárias superior (A); inferior (B) e superior e inferior montados em articulador semiajustável (C). Arcos retangulares .022” × .016” Betaflex: superior e inferior. Alças metálicas de aço com formato de meiacana. Figura 3.18 Figura 3.19 Braquetes 3D® inseridos no arco retangular, no modelo de setup das arcadas dentárias superior (A) e inferior (B). Pattern Resin LS (GC America Inc®) (A) e resina acrílica quimicamente ativada aplicada pela técnica de Nealon (B). Figura 3.20 Figura 3.21 A. Início da aplicação da resina acrílica quimicamente ativada. B. Introdução do fio redondo de aço .020”. C. Arco retangular e braquetes fixados com elásticos. Espátula Lecron aquecida (A) e fio retangular sendo removido (B). Desse modo, após a remoção do arco retangular, são introduzidas as hastes metálicas fornecidas pelo sistema, as quais são retas para os dentes posteriores e anguladas para os anteriores. As hastes retas são inseridas nos braquetes da região posterior e dobradas com alicates ortodônticos para adaptálas às superfícies oclusal e vestibular dos dentes, como mostra a Figura 3.22. Criamse, assim, hastes paralelas que são unidas por uma “ponte” em resina acrílica quimicamente ativada, pela técnica de Nealon9 (Figura 3.23), a fim de manter a rigidez do futuro casquete de transferência desse braquete. Para completar o casquete, utilizase um material inócuo e mais flexível, como a cola quente, para cobrir a porção de resina e facilitar o posicionamento no ato da colagem (Figura 3.24). Após a finalização dos casquetes de transferência da região posterior do modelo superior, é feita a identificação numérica e todo o conjunto pode ser removido para dar sequência à montagem da porção anterior (Figura 3.25). Assim, o Figura 3.22 conjunto “arco retangular, hastes metálicas e braquetes” é reposicionado no modelo da arcada superior. Iniciase, então, a montagem para fixação dos braquetes na região anterior, com resina acrílica quimicamente ativada, pela técnica de Nealon9 (ver Figura 3.19) e com um fio de aço redondo .020” contornando a vertente palatina do modelo. Removese o arco retangular e procedese à inserção das hastes metálicas anguladas no slot retangular dos braquetes anteriores, contornando os e adaptandoos sobre os dentes, e unindo as hastes com a resina acrílica quimicamente ativada, pela técnica de Nealon.9 Todo o procedimento descrito pode ser visualizado pela sequência da Figura 3.25. Em seguida, os casquetes de transferência são finalizados com uma cobertura de cola quente, numerados um a um; só então deve ser feita a remoção do conjunto (Figura 3.26). Iniciase a montagem do arco inferior também pela parte posterior e, em seguida, a parte anterior. A Figura 3.27 ilustra parte da montagem do arco inferior posterior. Depois de finalizados os casquetes detransferência dos arcos superior e inferior (Figura 3.28), procedese à construção dos pads de resina composta.1 Para a confecção dos pads é inserida uma pequena porção de resina composta fotopolimerizável sobre a base metálica de cada braquete, que, por meio do casquete, é reposicionado no modelo de setup, onde os excessos de resina composta são removidos com um explorador. Em seguida, é realizada a fotopolimerização (Figura 3.29). O acabamento é dado com uma broca diamantada, e a limpeza é feita com um pequeno aplicador (microbrush) embebido em acetona (Figura 3.30). Assim, cada conjunto (braquete individualizado + casquete de transferência) é posicionado sobre o modelo original aguardando o momento da colagem (Figura 3.31). Depois de feita a colagem na boca do paciente, é possível armazenar os casquetes de transferência sobre o modelo de má oclusão, e, eventualmente, em caso de descolagem de algum braquete durante o tratamento, é possível refazer o pad para uma nova colagem (Figura 3.32). Hastes metálicas inseridas no slot dos braquetes (A) e hastes metálicas adaptadas sobre os dentes (B). Figura 3.24 Figura 3.23 “Pontes” de resina acrílica unindo as hastes metálicas. A. Cola quente aplicada sobre as “pontes” de resina acrílica, cobrindo a superfície oclusal e parte da face vestibular de cada dente. B. Casquete de transferência posterior. Figura 3.25 A. Braquetes anteriores, alças metálicas e arco retangular inseridos no modelo da arcada dentária superior. B. Braquetes anteriores fixados na parte inferior. C. Arco retangular removido. D. Hastes metálicas anguladas introduzidas no slot dos braquetes anteriores. E. Hastes metálicas dobradas e adaptadas sobre as incisais e a face vestibular dos dentes anteriores. F. Resina acrílica unindo as hastes metálicas paralelas. Figura 3.26 A. Aplicação de cola quente sobre as “pontes” de resina acrílica. B. Finalização dos casquetes de transferência ainda com fixação inferior. C. Finalização dos casquetes de transferência após remoção da fixação inferior. D. Casquete de transferência anterior. E. Numeração dos casquetes de transferência da arcada superior. Figura 3.27 Figura 3.28 A. Fixação inferior dos Braquetes 3D® inseridos no arco retangular no modelo de setup da arcada dentária inferior. B. Vista oclusal dos Braquetes 3D®após a remoção do arco retangular. C. Finalização dos casquetes de transferência da região posterior inferior antes da remoção da fixação inferior. Vista oclusal dos modelos de setup superior (A) e inferior (B) com os casquetes de transferência finalizados. Figura 3.29 Figura 3.30 A. Inserção de resina composta fotopolimerizável da Filtek® Z350 XT (3M ESPE) na base do braquete. B. Remoção com explorador dos excessos de resina composta. C. Fotopolimerização da resina composta. A. Remoção dos excessos de resina composta com broca diamantada. B. Limpeza da base do braquete com microbrush embebida em acetona. Figura 3.31 1. 2. 3. 4. 5. Figura 3.32 Conjunto (braquete individualizado + casquete de transferência) no modelo original das arcadas dentárias superior (A) e inferior (B). Casquetes de transferências sobre modelo das arcadas dentárias superior (A) e inferior (B) após a colagem. Considerações finais Para braquetes autoligados de inserção vertical, existe a dificuldade de fixação e posterior remoção do arco retangular, de confecção de pads e dos casquetes de transferência, o que motivou o desenvolvimento de mais um sistema que atendesse a esse tipo de braquete. Assim, podese verificar que a técnica apresentada pelo Sistema Kairalla possibilita uma nova forma de montagem convencional, isto é, sobre modelos de setup, para os braquetes linguais autoligados tridimensionais – Forestadent 3D® de inserção vertical –, sem a necessidade de aparatos préfabricados e fazendo uso de materiais acessíveis. Isso torna a montagem do sistema mais viável e menos onerosa, possibilitando ao profissional que atua na técnica lingual a realização da montagem dos seus próprios casos, além da vantagem de permitir o reposicionamento dos braquetes sem a necessidade de refazer os casquetes de transferência. Referências bibliográficas Scholz RP, Swartz ML. Lingual orthodontics: a status report part 3 indirect bonding – laboratory and clinical procedures. J Clin Orthod. 1982; 16:81220. Kairalla SA, Cacciafesta V, Benedicto EN et al. Formas de inserção, fixação e remoção do arco na técnica lingual. Ortodontia SPO. 2011; 44(5):46874. Hiro T, De la Iglesia F, Puigdollers A. Indirect bonding technique in lingual orthodontics: the HIRO system. Prog Orthod. 2008; 9(2):3455. Macchi A, Norcini A, Tagliabue A. Primeras experiencias con los nuevos brackets linguales 3D N/M. Ortod Clin. 2002; 5:15460. Kairalla SA, Kairalla RA. Sistema Kairalla para colagem indireta na técnica lingual com braquetes Forestadent 3D®. Rev Clín Ortod Dental Press. 20152016; 14(6). 6. 7. 8. 9. Thurler RCCSB, Macedo A, CotrimFerreira A. Colagem indireta na ortodontia lingual: descrição do sistema TMF. Rev Assoc Paul Cir Dent. 2008; 62(4):30913. Porto BG, Raveli DB, Porto CHS et al. Confecção e montagem do setup ortodôntico. Rev Clín Ortod Dental Press. 2010; 9(3):2634. Fujita K. New orthodontic treatment with lingual bracket mushroom archwire appliance. Am J Orthod. 1979; 76:65775. Nealon FH. Acrylic restorations by the operative nonpressure procedure. J Prosth Dent. 1952; 2(4):51327. Introdução Sabese que existem algumas diferenças entre a ortodontia lingual e a convencional. Por isso, é de suma importância ressaltálas a fim de auxiliar o profissional que já utiliza a técnica lingual, e também para o conhecimento de novos ortodontistas que desejam iniciála. Assim, neste capítulo, serão tecidas considerações sobre alguns aspectos que abordam a biomecânica convencional, a lingual e a lingual com sistema 2D®.1 Princípios de biomecânica Sempre que for realizado um tratamento ortodôntico, é necessário ter conhecimento da técnica utilizada e do correto diagnóstico. Na técnica lingual, isso significa saber utilizar braquetes e acessórios que serão colados sobre a superfície dental e seus efeitos na mecânica ortodôntica.1,2 Devese ter conhecimento de qual efeito eles causarão sobre todas as estruturas ao redor dos dentes, uma vez que o aparelho ortodôntico nada mais é do que o sistema que acumula e libera forças contra os dentes, criando uma reação sobre o ligamento periodontal e o osso alveolar, o que possibilita, desse modo, o movimento dental.3 Biomecânica é a ciência que estuda as forças internas e externas que atuam no corpo humano e os seus efeitos; força é a ação de um corpo sobre o outro; tensão é a mudança na forma ou no tamanho de um corpo que responde a uma força aplicada; e pressão é a resistência molecular interna à ação deformante das forças externas.4 Todo corpo tem um “centro de massa”, e, quando uma força é aplicada sobre este centro, provoca um movimento de translação, sem nenhuma rotação. O “centro de resistência” (CR) equivale ao “centro de massa”; porém, sofre influência dos corpos ao seu redor. Como o dente não é um corpo livre, mas preso ao periodonto (ligado ao osso alveolar e aos ligamentos periodontais), o “centro de massa” não corresponde ao CR. Quando uma força é aplicada fora do “centro de massa”, o corpo se movimenta na mesma distância e gira sobre um eixo, desenvolvendo um momento. Momento é o deslocamento, a tendência de uma força causar rotação em um corpo, em torno de um eixo fixo.4 O momento ou movimento é relacionado com a distância da aplicação da força ao CR: M = F × D M: momento; F: força; D: distância. • • • Figura 4.1 O CR está localizado a 1/3 ou 40% da distância da crista alveolar ao ápice;porém, está relacionado com o tamanho e a forma do corpo. Assim, sua localização depende do comprimento da raiz dental, do número de raízes que o dente possui e da quantidade de suporte ósseo (Figura 4.1). Quanto menor o suporte ósseo alveolar, mais apical estará o CR.1 Além da direção e da magnitude da força, a distância também influencia o momento. Dependendo da distância em que o braquete estiver do CR do dente, sob uma mesma força, serão encontrados diferentes movimentos ortodônticos. Quanto mais perto do CR, mas puro será o movimento desejado.3 A reação biológica à resposta das forças ortodônticas causa uma reação mais complexa ao periodonto e provoca movimento em várias direções, pois está sujeita a um sistema de vetores de força.4 O sistema de forças pode ser determinado ou indeterminado. Quando ele é determinado, conhecemos a quantidade de força, o momento criado e o movimento resultante. Quando é indeterminado, existem vários vetores de forças, em diferentes magnitudes e direções, determinando momentos e movimentos desconhecidos.1 Em um sistema de forças determinado, temse um binário, definido como duas forças de mesma intensidade, em direção oposta e não colineares, que não atuam na mesma linha.3 No sistema indeterminado, pode haver dois ou mais binários.1 Posição do “centro de resistência” (CR). No tratamento ortodôntico, as forças aplicadas aos dentes e as células do ligamento periodontal respondem independentemente da origem da força aplicada, que pode ser oriunda de fios, braquetes, elásticos, molas, enfim, de todo o aparato utilizado durante o tratamento.5 É difícil aplicar a força diretamente ao CR do dente; entretanto, se aplicadas duas forças iguais e opostas (um binário) na coroa, podese obter um movimento de corpo, isto é, movimento de translação.4 Movimentos ortodônticos O aparelho ortodôntico e todos os seus acessórios podem provocar alguns tipos de movimentos ortodônticos sobre a estrutura dental, entre eles:1 Inclinação: quando o movimento de coroa é maior do que o de raiz (Figura 4.2) Translação: é o movimento de corpo, isto é, coroa e raiz se movimentam na mesma direção. Pode ser obtido por meio do torque que é dado pelo fio quadrado ou retangular dentro da canaleta do braquete Rotação: é o movimento do dente em torno do seu próprio eixo, geralmente realizado por meio de forças binárias. Um exemplo deste movimento é o que ocorre em braquetes vestibulares, em que o controle de rotação acontece quando o fio • • Figura 4.2 Figura 4.3 toca a extremidade do slot, o que irá determinar uma força dupla ou binária que controlará a rotação, levando o dente ao correto posicionamento e mantendo a posição constante até o próximo movimento (Figura 4.3) Intrusão: é o movimento em direção axial, mais difícil de ser controlado devido ao local de aplicação de força estar distante do CR Extrusão: é o movimento em direção axial, mais fácil de ser controlado por ser o que apresenta menor resistência à movimentação. Apesar de esses movimentos serem conhecidos do ortodontista, existem algumas diferenças entre eles nas técnicas vestibular e lingual; portanto, é importante conhecer os princípios biomecânicos que comandam as forças de movimentação dental para manter o controle do tratamento ortodôntico, seja com a técnica ortodôntica por vestibular ou com a lingual.6,7 Movimento de inclinação do dente. Movimento de rotação em braquetes vestibulares. | Movimentos ortodônticos linguais Rotação O controle de rotação nos braquetes se dá nas extremidades do slot. O arco apoiado na extremidade do slot determina a formação de uma força binária, que controla a rotação do dente, levandoo à correta posição se este estiver girado e mantendo a rotação constante até que se faça outro movimento como foi mostrado na Figura 4.3.1 Figura 4.4 Figura 4.5 Na técnica lingual, o controle de rotação pode variar de acordo com o tipo de braquete lingual e a inserção do arco dentro do slot, isto é, se o braquete permitir a inserção do arco lingual no sentido horizontal, de trás para frente (Figura 4.4) ou vertical, de cima para baixo (Figura 4.5). Podese afirmar que existem braquetes de inserção horizontal e de inserção vertical ou axial, dependendo da inclinação do dente e também de como ele foi posicionado durante a montagem e do tamanho do pad de resina (Capítulo 1). Assim, o braquete poderá ficar mais próximo ou mais afastado da superfície dental. Outra característica dos braquetes de inserção horizontal é que o fundo do slot geralmente é plano e reto, e o arco lingual é curvo. Ao introduzir o arco no slot do braquete de trás para frente, não ocorre o perfeito contato desse fio ou arco com as extremidades do slot, e isso pode prejudicar a eficácia no controle da rotação1 e por essa razão por vezes se faz necessária uma amarração mais eficaz para se conseguir controle de rotação (Figura 4.6 A a E). Braquete de inserção horizontal. Braquete de inserção vertical. Nos braquetes de inserção vertical, o slot também é reto e o arco curvo, mas nesse caso, o arco toca as extremidades do slot promovendo uma força binária, porém pode provocar um atrito maior nas extremidades, principalmente quando se utiliza um arco de maior calibre, sendo assim, às vezes se faz necessária a utilização de arcos com diferentes curvaturas e várias espessuras até um diâmetro máximo, a fim de que haja um contato ideal do arco nas duas zonas laterais do slot do braquete e, assim, seja obtido um eficaz controle de rotação (Figura 4.7).1 Com relação ao movimento de rotação, a largura e a distância do slot até a superfície lingual do dente são dois parâmetros fundamentais para que o arco possa exprimir a força binária necessária ao controle da rotação e da inclinação do dente.1 A distância interbraquetes do aparelho lingual é muito mais reduzida do que por vestibular,8 pois a superfície dental dos dentes e o raio da curvatura do arco por vestibular são maiores (Figura 4.8 A a F). Figura 4.6 Figura 4.7 Braquete de inserção horizontal e arco curvo introduzido no fundo do slot (A a D); amarração necessária para aumentar o toque do fio nas extremidades do slot (E). Toque do fio nas extremidades do slot. Figura 4.8 A. Marcação em azul evidenciando as distâncias interbraquetes vestibulares autoligados estéticos nos arcos da maxila e mandíbula. B. Marcação em azul de mesmo tamanho mostrado na Figura A, e neste caso, comparando com a distância menor que existe interbraquetes linguais autoligados de inserção vertical em dentes superiores. C. Marcação em azul de mesmo tamanho mostrada na Figura A, e neste caso, comparando com a distância menor que existe interbraquetes linguais autoligados de inserção vertical em dentes inferiores. D. Marcação em azul de mesmo tamanho mostrado na Figura A, e neste caso, comparando com a distância menor que existe interbraquetes linguais de inserção horizontal fixados por meio de ligaduras elásticas nos dentes inferiores em um manequim ortodôntico. E e F. Comparação entre as distâncias interbraquetes com braquetes linguais e braquetes vestibulares metálicos no arco da maxila e com braquetes linguais e braquetes vestibulares estéticos no arco da mandíbula. Sendo assim, distância interbraquetes e curvatura menores aumentam a rigidez do fio e dificultam sua inserção, causando dificuldade de realizar o movimento de rotação. Isso porque, ao aplicar a força binária, a proximidade de aplicação dos pontos será reduzida, diminuindo o momento e o efeito rotacional. Apesar de a distância interbraquetes ser reduzida por lingual, o diâmetro mesiodistal do braquete lingual não deve ser inferior a 3,0 mm, mas,sim, semelhante ao diâmetro do braquete vestibular, que varia de 3,5 a 4,0 mm (Figura 4.9). Alguns braquetes podem apresentar uma espessura mesiodistal mais reduzida, aproximadamente 1,5 mm; porém, o momento produzido pela força binária dentro do slot será extremamente baixo, podendo determinar a perda de controle do elemento dental devido à proximidade dos pontos de controle de rotação e de inclinação.1 Quando os dentes estão rotacionados, o arco dentro do slot determina uma força binária, que define o alinhamento do dente e o mantém controlado até que arcos de secção maior possam movimentálo nos três planos do espaço. Na técnica Figura 4.9 Figura 4.11 Figura 4.10 lingual, obtémse o mesmo efeito quando o arco e, portanto, o slot está posicionado muito perto da superfície lingual dos dentes. Nos casos em que o arco e o slot se encontram distantes da superfície lingual dos dentes, o controle de rotação vem acompanhado não mais de uma força binária, mas de uma única força.9 Desse modo, nos braquetes linguais, se o slot ficar apoiado diretamente na superfície lingual dos dentes, o controle de rotação será possível pela aplicação de uma força binária (Figura 4.10). Porém, se o slot e o arco ficarem distantes da superfície lingual do dente, será necessário para o controle da rotação um sistema de forças individuais (força única), porque prevalecerá um deslocamento lateral do slot no controle da posição do dente no plano oclusal (Figura 4.11 A e B).1 Para ilustrar e esclarecer estes conhecimentos, poderíamos fazer uma comparação com um objeto mais concreto e presente no dia a dia: a bicicleta. No mercado podem ser encontrados vários modelos de bicicletas, e se prestarmos atenção apenas ao guidão, notaremos que existem bicicletas com o guidão curvo e mais baixo e outras com o guidão reto e mais alto (Figura 4.12 A e B). Exemplos de tamanho de um braquete vestibular e de um braquete lingual e o efeito causado pelo fio durante os movimentos rotacionais. Controle de rotação pela aplicação de uma força binária em braquete situado mais próximo da superfície lingual. Controle da rotação com um sistema de forças individuais (força única) em um braquete onde o slot está mais distante da superfície lingual. Figura 4.12 Bicicleta de guidão baixo e curvo (A) e bicicleta de guidão reto e alto (B). A bicicleta que tem o guidão curvo e mais baixo faz um movimento de esterçamento deste para poder girar a roda dianteira para a direita e como o eixo de rotação está um pouco mais distante, é necessário aplicar forças que atuem no mesmo sentido ou direção para realizar tal movimento (Figura 4.13 A). A bicicleta com o guidão reto e mais alto e que se localiza mais próximo do eixo de rotação faz o mesmo movimento para a direita para girar a roda, com forças duplas aplicadas no guidão, mas que atuam em direções opostas (Figura 4.13 B). Se fizermos uma comparação entre os braquetes posicionados mais distante da superfície lingual (Figura 4.11) com as bicicletas de guidão baixo e curvo (Figura 4.13 A), e entre os braquetes que estão situados mais próximo da superfície dental (Figura 4.10) com as bicicletas de guidão reto e alto (Figura 4.13 B) poderemos entender melhor o movimento das forças aplicadas. Figura 4.13 A. Guidão curvo realizando movimento para a direita com forças que atuam na mesma direção. B. Guidão reto realizando um movimento para a direita com forças duplas em sentido oposto, uma empurra e outra puxa. Inclinação No movimento de inclinação, temse a movimentação maior de coroa do que de raiz. Em um corte sagital, por exemplo, observando um incisivo superior bem posicionado, temse um vetor de força passando atrás do CR do dente, o que causa um movimento maior da coroa para lingual (momento no sentido horário).10 Dependendo do caso clínico e do posicionamento dental dentro da sua base óssea, isso pode ser favorável ou não. Nos casos em que as coroas já se encontram bastante inclinadas para vestibular, será conseguida maior inclinação da coroa para lingual com a utilização da técnica lingual, o que faz com que seja bastante favorável para o caso. Porém, ao contrário, quando o dente já estiver com a coroa muito inclinada para lingual, como nos casos de classe II divisão 2, essa inclinação poderá piorar, pois o vetor resultante da força aplicada estará passando sempre atrás do CR do dente, resultando em um momento no sentido horário (Figura 4.14). Intrusão e extrusão Na técnica vestibular, intrusão é o movimento em direção axial mais difícil de ser controlado devido ao local de aplicação de força estar distante do CR. Extrusão é o movimento em direção axial mais fácil de ser controlado por ser o que apresenta menor resistência à movimentação.1 O movimento intrusivo na técnica lingual é facilitado, pois, normalmente, o braquete encontrase posicionado mais próximo ao CR, e a aplicação da força, portanto, está mais próxima também. Supondose um incisivo superior bem posicionado, com o braquete lingual colado próximo à superfície dental na face lingual, a força aplicada passará quase sobre o mesmo eixo por onde passa o CR; desse modo, haverá uma intrusão acompanhada de uma vestibularização da coroa de igual proporção. O mesmo acontecerá quando o incisivo estiver mais vestibularizado ou com a inclinação da coroa mais para vestibular: um movimento intrusivo com um componente de vestibularização semelhante ou levemente maior, pois o momento será no sentido antihorário. Quanto mais próximo do CR for posicionado o braquete, mais puro será o Figura 4.14 movimento intrusivo; porém, se, por exemplo, o incisivo superior estiver mais verticalizado, como nos casos de classe II divisão 2, haverá intrusão com leve lingualização, pois o vetor de força estará passando um pouco atrás do CR, e o momento será no sentido horário.1 Controle do torque O controle do torque é a possibilidade de movimentar os dentes tridimensionalmente. Nos casos tratados com a técnica lingual em que são necessárias extrações dentárias, é fundamental o controle do torque nos dentes anteriores, tanto superiores quanto inferiores.1 Diferentes inclinações dos dentes e um dos vetores de força passando atrás do CR do dente. Esse movimento pode ser obtido com a aplicação de força única ou binária. O momento e a força aplicada podem determinar o tipo de movimento obtido,11 maior deslocamento da raiz, maior deslocamento da coroa e translação pura. O momento acontece por meio do par de forças que o arco retangular exerce no slot; por isso, é fundamental que o arco esteja bem encaixado dentro do slot para se obter um bom controle de torque. Como existem braquetes na técnica lingual que estão posicionados mais próximo à face lingual do dente, e outros cujo slot fica mais distante da superfície dental, devese fazer uma distinção sobre como ocorre o torque. Para os braquetes linguais, o controle do torque é adquirido quando é aplicado um arco de secção quadrada ou retangular. O arco retangular exerce, em braquetes linguais que estão situados mais próximo da superfície dental, um movimento de torque similar ao que ocorre nos braquetes vestibulares, ou seja, um par de forças ou forças binárias ocorrem entre o slot e o fio; estas determinam um momento e provocam um movimento do dente ao redor do centro de rotação no nível do slot. Assim, quanto mais justo estiver este fio dentro deste slot, mais efetivo será o torque (Figura 4.15 A e B). Para os braquetes que estão posicionados a uma certa distância da superfície lingual, conjunto fio e slot estarão distantes desta superfície lingual, portantoo controle do torque não se expressará por meio de uma força binária, mas por meio de uma única força no sentido vertical, que eliminará a possibilidade de existirem vários centros de rotação em torno dos quais o dente possa girar (Figura 4.16 A e B). Assim, a rotação ocorrerá em torno do CR do dente.1 Figura 4.15 Figura 4.16 Movimento de torque em braquetes localizados mais perto da superfície dental. Movimento de torque em braquetes localizados mais distante da superfície dental. Biomecânica lingual Continuando e acompanhando o raciocínio anterior, podese exemplificar uma das diferenças biomecânicas entre as técnicas ao comparar o formato do arco utilizado, já que, na técnica lingual, o formato pode ser em forma de cogumelo12 ou contínuo,1315 porém achatado na sua região anterior.15 Outra diferença importante e que deve ser levada em consideração é a distância interbraquetes, que é menor na técnica lingual, como já foi exemplificado na Figura 4.8. Também entre as características da técnica, uma delas é de fundamental importância: os braquetes são colados na face lingual dos dentes. Sabendose que a superfície lingual apresenta diferença de superfície e com relação a forma, tamanho e presença de irregularidades superficiais (Figura 4.17), principalmente quando comparada com os dentes na sua face vestibular, em que as superfícies são mais planas, compreendese por que alterações de superfície na face lingual podem afetar sensivelmente o correto posicionamento dos braquetes, o que pode justificar a indicação da colagem indireta.8 Em relação ao posicionamento do braquete lingual, podese dizer que por vezes ele se situa mais próximo ao CR do dente; porém, isso pode estar diretamente relacionado com as diferenças existentes quanto ao tipo de braquete lingual utilizado.8,16 Assim, se ele estiver posicionado próximo ao CR do dente, pode fazer com que a transmissão das forças aplicadas ao ligamento periodontal seja mais intensa quando comparada à da técnica convencional. Associado a isso, há o fato de a distância interbraquetes na técnica lingual ser menor, o que justifica a utilização de fios mais finos e resilientes para minimizar os efeitos de forças excessivas,7 além de pequenas variações no posicionamento dos braquetes na região cervicooclusal da face lingual dos dentes poderem alterar consideravelmente o torque.10 Como já foi dito, outra diferença importante está relacionada com o formato do braquete e a maneira de inserção do fio.8,16 A maioria dos braquetes possui um slot principal,17 e a inserção do fio no slot pode ser no sentido horizontal (ver Figura 4.4) ou no sentido vertical (ver Figura 4.5). Além disso, braquetes linguais podem ter um slot retangular, que possibilita um controle tridimensional, pois aceita a inserção de um fio retangular ou quadrado, e um slot com uma secção oval ou redonda, que permite um controle bidimensional. Quando o braquete tem um controle tridimensional, independente da forma de inserção, permite o controle do dente com relação a rotação, inclinação e torque. Figura 4.18 Figura 4.17 Irregularidade da superfície lingual. Biomecânica com o Sistema 2D® O braquete 2D® não tem o slot retangular tradicional na base, mas sim arredondado (Figura 4.18), o que possibilita a realização dos movimentos de 1a e 2a ordens.11 O braquete tem duas aletas na superfície lingual para prender o fio e pode ser usado em todos os dentes por não exigir prescrição (Figura 4.19). É um sistema autoligado com atrito progressivo, pois permite o fechamento progressivo das aletas.11 A inserção do fio é vertical, e ele aceita uso de fio com diâmetro máximo de .022” × .016” (Figura 4.20). A base tem espessura de 0,4 mm e foi criada de modo a possibilitar que o posicionamento do braquete seja quase na altura do cíngulo dos dentes anteriores, ou seja, sobre o CR (Figura 4.21).11 A altura de 3,3 mm para os dentes inferiores e 3,5 mm para os dentes superiores permite manter o arco inserido no braquete na mesma altura do plano de Andrews, que fica paralelo ao plano oclusal. Slot arredondado do braquete 2D®. Figura 4.19 Figura 4.20 Braquete 2D®. Fio retangular .022” × .016” inserido no braquete 2D® Plus. Figura 4.21 Figura 4.22 Posicionamento do braquete sobre o CR. Por não ter o slot convencional na base, a espessura total do braquete fica reduzida a apenas 1,4 mm quando está com as aletas semiabertas e 1,2 mm quando totalmente fechadas, possibilitando, assim, que o fio fique posicionado quase tangente à superfície lingual, o que propicia compensar as diferentes espessuras vestibulolinguais (normais nos dentes anteriores), em particular no arco maxilar.18 A técnica lingual 2D® possibilita o controle de rotação (Figura 4.22) e de inclinação (Figura 4.23), movimentos que são conseguidos pelo fato de este braquete ter duas aletas que podem ser fechadas progressivamente. A técnica também possibilita o controle do torque (Figura 4.24) em determinado setor somente com movimentos em que o centro de rotação corresponda ao CR desses elementos dentais. O controle de torque pode ser possível utilizando o braquete 2D® Plus, que tem uma haste central rígida e permite que o fio entre muito justo dentro do slot. É importante haver um perfeito conhecimento de biomecânica lingual para aproveitar toda a potencialidade desse braquete.19 Sequência de rotação. Figura 4.23 Figura 4.24 Sequência de inclinação. Sequência de torque. Discussão Independentemente do acessório utilizado para o tratamento ortodôntico, é necessário conhecer a técnica empregada para permitir o movimento dental.1,3,5 Sabese que existem algumas diferenças entre as técnicas vestibular e lingual,6,7 dentre as quais estão: o formato do arco lingual, que pode ser em forma de cogumelo12 ou contínuo;1315 e a montagem do aparelho lingual, que normalmente é de forma indireta devido às diferentes espessuras e irregularidades da superfície lingual,20 pois variações no posicionamento dos braquetes, principalmente no sentido cervicooclusal da face lingual dos dentes, podem alterar o torque.10 Também existem diferenças quanto ao tipo de braquete lingual utilizado8,16 e à maneira de inserção do fio.8,16 A maioria dos braquetes linguais tem um slot principal,17 e a inserção do fio no slot pode ser horizontal ou vertical; diferente da técnica convencional, em que o slot principal é horizontal, e a inserção do fio é sempre horizontal.16 Com relação aos movimentos ortodônticos já descritos, que podem ser realizados em ambas as técnicas, podese dizer que o movimento de rotação se torna ainda mais difícil devido à distância interbraquetes, que, na técnica lingual, é menor. Além disso, o braquete lingual geralmente está localizado mais próximo ao CR do dente, mais para cervical, justificando a utilização de fios mais finos e resilientes para realizar tal movimento.7,8 O controle de rotação nos braquetes da técnica vestibular ocorre nas laterais do braquete, pois o arco ou fio apoiase nas extremidades do slot. Já nos braquetes da técnica lingual de inserção horizontal, existe maior dificuldade na realização deste movimento pois o arco ou fio com curvatura menor dificulta o contato nas extremidades laterais do slot e, consequentemente, o controle eficaz de rotação. Nos braquetes linguais de inserção vertical, existe este contato do fio nas extremidades do slot porém com maior atrito, o que pode atrapalhar o movimento, e por isso, muitas vezes estes fios deveriam ter uma espessura menor para não gerar muito atrito ao tocar nas extremidades do slot do braquete, já que este fio faz uma curvatura acompanhando a face lingual e o slot é reto. Este movimento pode ser conseguido, por exemplo, com o braquete lingual 2D®, pois ele realiza o controlede rotação por meio do fechamento progressivo das aletas.18,21 Para o controle de rotação e de inclinação do dente, a largura do braquete lingual no sentido mesiodistal deve ser semelhante à do braquete vestibular e, assim, poder exprimir uma força binária. Porém, na tentativa de compensar a menor distância interbraquetes,7,8 alguns braquetes linguais apresentam uma largura menor; nesses casos, o momento produzido pelas forças binárias é menor, podendo ocasionar a perda de controle do elemento dental. Esse mesmo efeito ocorre entre os diferentes tipos de braquetes linguais. Quando o arco está posicionado no slot mais próximo da superfície lingual dos dentes, o controle de rotação é realizado pela aplicação de uma força binária; já nos casos em que o slot e consequentemente o arco encontramse distantes da superfície lingual dos dentes, o controle de rotação vem acompanhado não mais de uma força binária, mas de uma única força.9 Com relação aos movimentos intrusivos e extrusivos, o de extrusão é semelhante ao da técnica vestibular, mais fácil de ser controlado por ser o que apresenta menor resistência à movimentação. Já o de intrusão, na técnica vestibular é mais difícil de ser controlado devido ao local de aplicação de força estar distante do CR e causar componentes no sentido horário ou antihorário. Contudo, na técnica lingual, esse movimento pode ser facilitado porque o braquete normalmente se 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. encontra mais próximo ao CR, principalmente no Sistema 2D®, em que pode ser colado muito próximo à cervical. Assim, a força aplicada pode passar sobre o mesmo eixo por onde passa o CR.19 Para o movimento de torque, assim como os braquetes convencionais da técnica vestibular, os braquetes linguais com slot retangular permitem o controle tridimensional e a inserção de um fio retangular ou quadrado. Porém, alguns braquetes linguais estão mais próximos à face lingual do dente, e outros, mais distantes da superfície dental,19 o que pode provocar alguma diferença nesse movimento. Para os braquetes linguais que ficam mais próximos da superfície dental, o controle do torque é semelhante ao da técnica vestibular, ou seja, determina um momento que se expressa por uma força binária que ocorre dentro do slot ao redor do centro de rotação. É diferente do que ocorre quando os braquetes apresentam uma distância aumentada entre o slot e a superfície lingual; neste caso o controle do torque se expressa por meio de uma força em um único sentido vertical e o momento se dá em torno do CR do dente. Nos braquetes linguais que têm slot com uma secção oval ou redonda, os quais permitem um controle bidimensional, como no Sistema Lingual 2D®, o controle do torque pode ser obtido de maneira individual,19 com o braquete 2D® Plus.1 Considerações finais Sobre as características mecânicas dos braquetes linguais, podese dizer que o braquete ideal seria aquele com distância mesiodistal adequada para controlar a os movimentos de rotação, inclinação e torque do elemento dental. O slot na região anterior deveria poder receber o arco curvo, seja com o braquete de inserção vertical ou horizontal, e a espessura do braquete deve ser reduzida para atenuar os problemas de desconforto. Assim, foram abordados neste capítulo alguns aspectos sobre as biomecânicas convencional, lingual e lingual com o Sistema 2D®, proporcionando parâmetros na indicação da mecânica. Referências bibliográficas Kairalla SA, Paranhos LR, Cacciafesta V. Considerações biomecânicas da ortodontia convencional, lingual e lingual com sistema 2D. Rev Dental Press Ortodon. 2012; 11(3):98108. Gorman JC, Hilgres JJ, Smith JR. Lingual orthodontics: a status report part 4 – diagnosis and treatment planning. J Clin Orthod. 1983; 17:2635. Burstone CJ. The biomechanics oh tooth movements. In: Kraus BS, Riedel RA (Eds.). Vistas in orthodontics. Philadelphia: Lea & Febiger; 1962. Moyers RE. Ortodontia. [Trad. Décio Rodrigues Martins]. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 1984. Segner D. Some biomechanical considerations in treatment with the lingual technique. Lingual News. 2007; 5(1). Disponível em: http://www.lingualnews.com. Alexander CM, Alexander RG, Gorman JC et al. 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The use of tridimensional brackets in lingual orthodontics: new horizons in the tratament of adults patients. Orthodontics. 2004; 1:111. 1. 2. 3. 4. 5. Preparo ortodôntico cirúrgico com a técnica lingual Atualmente, muitos pacientes têm perguntado sobre a técnica lingual. As razões são diversas, e a principal é que eles desejam receber um tratamento estético ou quase invisível,1 geralmente para correção de apinhamentos dentais, mas também quando a parte estética da face está comprometida, mesmo que não tenham consciência absoluta do seu problema esquelético.2 Os pacientes adultos costumam procurar tratamento ortodôntico pela falta de oportunidade de correção dental quando crianças ou adolescentes, ou por necessidade de um “retratamento” nos casos de recidiva.3 Porém, em alguns tratamentos, a correção ortodôntica não pode ser feita somente por meio da compensação dental, necessitando da complementação de uma cirurgia ortognática.4,5 Assim, já que os pacientes estão mais exigentes, procurando por um tratamento ortodôntico estético ou praticamente invisível,1 por que não oferecer a técnica lingual para casos orto/cirúrgicos,3,6,7 uma vez que a técnica pode ser utilizada em todos os casos ortodônticos que são realizados na técnica por vestibular?8 Quando a correção da má oclusão necessita do tratamento ortodôntico complementado com cirurgia ortognática, existe um problema: como realizar a estabilização e a fixação das bases ósseas de um caso cirúrgico tratado com aparelho lingual se os braquetes são colados na faceinterna dos dentes?3 Na técnica vestibular, sabese que a estabilização e a fixação das bases ósseas durante o ato cirúrgico são feitas por meio de fios de amarrilho metálicos ou elásticos intermaxilares de calibres variados, que são fixados em ganchos de aço préfabricados ou não e soldados ao arco de aço de secção retangular utilizado no final do alinhamento e do nivelamento. Alternativamente, os elásticos intermaxilares ou amarrilhos metálicos podem ser fixados a pequenos ganchos de fio de amarrilho de 0,30 mm chamados de Kobayashi, que são amarrados aos braquetes.9 Já na técnica lingual, o aparelho é mantido na face interna dos dentes, sendo necessárias outras formas de estabilização para ancoragem esquelética, que podem ser realizadas por meio dos seguintes procedimentos: Inserção de miniimplantes ortodônticos durante o ato cirúrgico na maxila e na mandíbula Instalação passiva de um aparelho vestibular metálico ou estético Colocação de arcos de aço retangulares passivos, que foram previamente preparados com a solda de ganchos metálicos e são fixados nas faces vestibulares de todos os dentes com resina composta fotoativada Fixação de parafusos de bloqueio intermaxilomandibular utilizados durante o procedimento cirúrgico Uso de botões estéticos préfabricados ou confeccionados com resina composta fotopolimerizável na face vestibular dos dentes. Eles também podem ser utilizados por praticidade e razões estéticas. Com relação ao último item, é preciso ressaltar que podem ser adicionados em alguns botões préfabricados os ganchos Kobayashi, os quais auxiliam na amarração durante o ato cirúrgico. Além disso, recomendase que durante a cirurgia o profissional utilize outros recursos coadjuvantes, como miniimplantes ou parafusos de bloqueio para fixação das bases ósseas. Nesses casos, os botões poderão permanecer após o ato cirúrgico e servirão para continuação do tratamento, propiciando o uso de elásticos intermaxilares que irão auxiliar na manutenção da estabilidade cirúrgica e da intercuspidação dentária.7 O aparelho lingual permanece durante todo o tratamento até que se obtenha a finalização desejada. As cirurgias ortognáticas para a correção das bases ósseas como complementação dos tratamentos ortodônticos podem ser na maxila, na mandíbula ou em ambas, dependendo do tipo de má oclusão apresentada pelo paciente. Vale ressaltar que, durante o planejamento orto/cirúrgico, é muito importante discutir qual o tipo de cirurgia é indicado e de que maneira ela será realizada.4,5 Nos casos de indicação cirúrgica na maxila, a técnica a ser empregada pode ser a Lefort I, com um único segmento da maxila ou seccionada em mais segmentos,10,11 cuja forma dos cortes pode ser em Y ou H. Nesta última, deve existir um espaço suficiente entre os incisivos laterais e os caninos superiores para realização do corte,10,11 e, para isso, a montagem do aparelho lingual também deve ser alterada, ou seja, o posicionamento dos braquetes dos incisivos laterais e dos caninos superiores deve sofrer uma pequena mudança na inclinação.3 Portanto, isso evidencia a necessidade de um planejamento orto/cirúrgico em conjunto para o sucesso do tratamento. Por fim, utilizar o aparelho lingual em casos orto/cirúrgicos está relacionado também com o fator estético, que pode ser mantido não só no início do tratamento, mas também durante o seu período mais longo, isto é, durante as fases de nivelamento, alinhamento e desinclinação dos dentes necessários para a realização da cirurgia ortognática. Isso porque os braquetes colados na face lingual dos dentes minimizam os efeitos antiestéticos das mudanças na face do paciente que acontecem nessa fase, e essa vantagem não poderia ser conseguida se o aparelho por vestibular fosse montado desde as fases iniciais do tratamento.3 | Caso clínico 1 O paciente C. de A. A., de 22 anos, leucoderma, padrão III facial, mesofacial com leve assimetria da face (Figura 5.1), tinha má oclusão classe III de Angle, apinhamentos na maxila e na mandíbula, compensação dental natural dos incisivos e mordida cruzada anterior e posterior (Figura 5.2). Sua principal queixa era a mordida cruzada anterior e o apinhamento anterior da maxila e da mandíbula. O paciente aceitou o plano de tratamento, que consistiu em alinhar e nivelar os dentes com complementação cirúrgica somente na maxila. Porém, como ele manifestou o desejo de utilizar um aparelho estético durante os meses anteriores à realização do procedimento cirúrgico, foi proposto para a realização da correção ortodôntica o aparelho lingual com braquetes autoligados 2D® e montagem simplificada. A Figura 5.3 mostra os braquetes linguais autoligados 2D® colados nos arcos dentais maxilar e mandibular na fase inicial do tratamento ortodôntico, com ressalva na Figura 5.3 A, em que pode ser observado que os braquetes dos dentes 12, 13, 22, 23 estão posicionados com uma inclinação diferente da linha imaginária ao longo eixo do dente e que deve guiar a colagem dos braquetes como preconiza a técnica de colagem direta com braquete 2D®. Essa diferença na colagem especificamente nos dentes 12, 13, 22, 23 tem o propósito de conseguir espaço suficiente para a realização do corte durante o ato cirúrgico na forma seccionada Lefort I em Y, anteriormente planejada pelo cirurgião. A Figura 5.4 evidencia o final do nivelamento e alinhamento dental, e a Figura 5.5 comprova radiograficamente o espaço ósseo desejado e conseguido entre os incisivos laterais e caninos na maxila, necessário para a técnica cirúrgica de secção da maxila10,11 preconizada para este caso. Figura 5.1 Fotografias iniciais de frente (A), de perfil (B) e de sorriso (C) evidenciando o padrão III do paciente e telerradiografia (D). Figura 5.2 Figura 5.3 Fotografias iniciais intraorais de frente (A), do lado direito (B) e do lado esquerdo (C). Depois do alinhamento e nivelamento, e feitas as descompensações necessárias conseguidas com o aparelho ortodôntico lingual, procedeuse à colagem de braquetes vestibulares previamente ao ato cirúrgico. No caso em questão, foram colocados braquetes metálicos necessários para auxiliar as amarrações durante a cirurgia ortognática, como sugerido por alguns autores.10,11 Vistas oclusais dos arcos dentais maxilar (A) e mandibular (B) com o aparelho lingual 2D. Figura 5.5 Figura 5.4 Figura 5.6 Fase de nivelamento nos arcos dentais maxilar (A) e mandibular (B). A. Panorâmica inicial. B. Radiografia periapical evidenciando o espaço entre as raízes necessário como preparo précirúrgico. Após 45 dias da cirurgia, os braquetes vestibulares foram removidos, e, depois de pequenas correções, foi também removido o aparelho lingual e finalizado o procedimento (Figura 5.6). O tratamento teve a duração de apenas 1 ano, entre a montagem e a remoção dos braquetes, como pode ser verificado na fotografia de frente, antes e depois (Figura 5.7), e na fotografia de perfil, antes e depois (Figura 5.8). As Figuras 5.9 A e B mostram o sorriso do paciente previamente à cirurgia com aparelho lingual e após a colagem do aparelho vestibular, respectivamente, lembrando que, nesses casos, o aparelho lingual é mantido. A Figura 5.9 C mostra o sorriso final póstratamento multidisciplinar. Fotografias finais intraorais de frente (A), lado direito (B) e do lado esquerdo (C). Figura 5.7 Figura 5.8 Vistas de frente nas fases précirúrgica (A) e póscirúrgica (B). Vistas do perfil nas fases précirúrgica (A) e póscirúrgica (B). Figura 5.9 Vistas do sorriso na fase précirúrgica com aparelho lingual (A); lingual/vestibular (B) e vista do sorriso na fase pós cirúrgica (C). | Caso clínico 2 A paciente A. P. L., de 37 anos, leucoderma,padrão II facial, dolicofacial (Figura 5.10), procurou o ortodontista com a queixa de apinhamento anterior superior e inferior. Após avaliação clínica intraoral, pôde ser observado, além do apinhamento nos dois arcos, que a paciente apresentava má oclusão classe II de Angle e trespasse vertical anterior (overbite) de 1 mm e horizontal (overjet) de 1 mm (Figuras 5.11). Também foi observada a falta de vedamento labial e o sorriso gengival. O diagnóstico final para o tratamento foi feito de posse dos exames de imagem, e concluiuse que, além do tratamento ortodôntico, estaria indicado o tratamento cirúrgico para correção da discrepância óssea (Figura 5.12). Desse modo, foi feito um planejamento ortocirúrgico com impactação da maxila e avanço de mandíbula e mento. A paciente concordou com o plano de tratamento, uma vez que já havia feito tratamento ortodôntico na infância/adolescência e o resultado não fora o esperado. Porém, para realizar um novo tratamento, ela impôs a condição de que fosse realizado com uma técnica totalmente “invisível”, levando à opção pelo tratamento ortodôntico com a técnica lingual e o sistema straightwire lingual com o braquete STb straightwire® (Ormco). A Figura 5.13 evidencia a montagem em modelos de setup e a colagem indireta. O tratamento ortodôntico iniciouse com o nivelamento e o alinhamento dos dentes, em que pudesse ser mantido o trespasse horizontal mínimo de 3 mm, necessário para o planejamento cirúrgico (Figura 5.14). A Figura 5.15 mostra as fases intermediárias do tratamento. Aproximadamente 1 ano depois, observase o nivelamento dos dentes concluído com o trespasse necessário, possibilitando a realização da cirurgia (Figura 5.16). Para a realização da cirurgia, optouse pela colocação de alguns braquetes metálicos a fim de auxiliar a fixação das bases ósseas, pois havia sido planejada a colocação de miniimplantes e microparafusos que seriam instalados no ato cirúrgico e que completariam a fixação maxilomandibular. A cirurgia foi iniciada com osteotomia maxilar do tipo Lefort I e com a impactação da maxila. Foi feita fixação com miniplacas e microparafusos de titânio, a fim de estabilizála em sua posição preestabelecida, como o planejado (Figura 5.17). Em seguida, realizaramse osteotomia sagital bilateral de mandíbula, instalação de guia cirúrgico intermediário e fixação com miniplacas e microparafusos de titânio para o bloqueio maxilomandibular, com objetivo de alcançar o posicionamento final da relação oclusal, como mostra a Figura 5.18. Por fim, foi realizada a cirurgia do mento com a finalidade de harmonização facial (Figura 5.19). Figura 5.10 Fotografias iniciais de frente (A); perfil (B); inicial de sorriso (C). Após 10 dias da cirurgia, foi feita a troca dos braquetes metálicos por botões estéticos préfabricados na face vestibular dos dentes pela razão estética exigida pela paciente e para continuação do uso de elásticos intermaxilares, que ajudam na manutenção da estabilidade cirúrgica e da intercuspidação dentária (Figura 5.20). O caso foi finalizado após 5 meses da cirurgia, e foi utilizada contenção fixa nos arcos superior e inferior (Figura 5.21). O resultado estético pode ser visto nas fotografias póscirurgia de frente, perfil e sorriso (Figura 5.22), e na comparação do sorriso antes e depois (Figura 5.23), assim como na face da paciente sorrindo (Figura 5.24). Figura 5.11 Fotografias iniciais intraorais de frente (A); do lado direito (B); do lado esquerdo (C); da vista oclusal da maxila (C) e da vista oclusal da mandíbula (E). Figura 5.13 Figura 5.12 Figura 5.14 Telerradiografia (A); panorâmica (B). Braquetes STb Straight Wire® montados em modelo de setup da maxila (A) e da mandíbula (B). Vistas oclusais da maxila (A) e da mandíbula (B) com aparelho lingual na fase inicial de nivelamento. Figura 5.15 Vistas oclusais com aparelho lingual durante a fase intermediária de nivelamento no arco dental maxilar (A) e arco dental mandibular (B). Figura 5.16 Figura 5.17 Figura 5.18 Vistas oclusais com aparelho lingual durante a fase final de nivelamento do arco dental maxilar (A), mandibular (B), de frente (C), do lado direito (D), do lado esquerdo (E), do trespasse anterior (F) antes da cirurgia. Osteotomia segmentada de maxila, com contenção maxilar. Realização de fixação rígida da osteotomia sagital de mandíbula. Figura 5.19 Figura 5.20 Realização de fixação rígida da osteotomia de mento. Botões estéticos préfabricados na face vestibular dos dentes. Figura 5.21 Figura 5.22 Fotografias intraorais finais de frente (A); do lado direito (B); Do lado esquerdo (C); vistas oclusais da maxila (D) e da mandíbula (E). Fotografia de frente (A); de perfil (B) e do sorriso (C) póscirurgia. 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. Figura 5.23 Figura 5.24 Comparativo: fotos inicial (A) e final (B) do sorriso. Foto final da face. Considerações finais Independentemente do tipo de montagem, é possível realizar um tratamento orto/cirúrgico com aparelho lingual e possibilitar que, durante o período mais longo do tratamento ortodôntico até a realização da cirurgia, sejam cumpridas as necessidades e o desejo estético do paciente. Referências bibliográficas Kairalla SA, Kairalla RA, Miranda SL et al. Ortodontia lingual: um aparelho “invisível”. Rev Bras Cir Craniomaxilofac. 2010; 13(1):403. Maltagliati LA, Montes LAP. Análise dos fatores que motivam os pacientes adultos a buscarem o tratamento ortodôntico. 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Entre esses recursos, podem ser utilizadas dobras de finalização, como dobras em Z ou de inset e offset, para que se obtenha um bom acabamento ao final do tratamento. Elas podem ser realizadas removendo o arco lingual;com auxílio de alicates do tipo 139 (bird beak) com a ponta fina, podese construir nesse arco de aço .016” ou de TMA .016” a dobra manualmente (Figura 6.1). As dobras também podem ser confeccionadas sem a remoção do arco lingual, ou seja, com o arco em posição na boca do paciente, quando a movimentação desejada for bem pequena. Quando as dobras precisarem ser mais acentuadas, o ideal é que se remova o arco lingual da boca do paciente, e, que estas dobras sejam realizadas com um alicate de ponta fina. Este movimento deve ser realizado com muito critério, porque ao tentar remover o arco e realizar as dobras fora da boca, podem ser aplicadas forças maiores do que as pretendidas, o que poderia levar a uma movimentação maior que a desejada; portanto, quando se trata de realizar movimentos manuais, estes devem ser sempre muito sutis. Essas pequenas dobras com o arco em posição na boca do paciente são realizadas com um instrumento chamado Taker (Forestadent®), que, de modo bastante delicado, deve ser inserido no fio por meio de uma pequena ranhura localizada na sua ponta. Quando essa pequena ranhura está inserida dentro do fio, pequenos movimentos são feitos para um lado ou outro de maneira a construir uma dobra suficientemente necessária para a movimentação dental desejada, como pode ser visto na Figura 6.2. Figura 6.2 Figura 6.1 Arco com dobras de finalização. Outro recurso para melhorar a intercuspidação pode ser a utilização de elásticos verticais intermaxilares inseridos em ganchos metálicos chamados de Kobayashi,2 que podem ser fixados aos braquetes linguais ou inseridos no próprio gancho do braquete quando isso for possível. Dessa maneira, os elásticos intermaxilares podem ser colocados por lingual, satisfazendo a estética do paciente (Figura 6.3). Também com relação à intercuspidação para finalização na região posterior ou mesmo em algum detalhamento na região anterior, principalmente na região de caninos superiores, podemse utilizar elásticos intermaxilares por vestibular com auxílio de botões metálicos, quando a estética permitir, ou botões estéticos pré fabricados e/ou confeccionados em resina fotopolimerizável. Nesse caso, apesar da desvantagem estética, existe a vantagem da facilidade de colocação dos elásticos por parte do paciente, e isso deve ser observado e discutido para que a utilização seja feita de maneira eficaz para alcançar o objetivo (Figura 6.4). Instrumento Taker realizando a pequena dobra intraoral (A); dobra finalizada (B) e Taker (Forestadent®) (C). Figura 6.5 Figura 6.3 Figura 6.4 Elásticos intraorais inseridos por lingual. Elásticos intraorais inseridos por vestibular. Remoção Quando o caso estiver finalizado, procedese à remoção dos braquetes, que pode ser feita com auxílio de pinças do tipo Mateau com ou sem curva, as quais se prendem ao gancho do braquete lingual de modo que este possa ser removido fazendose um pequeno movimento no sentido oposto da fixação, ou seja, de cervical para oclusal (Figuras 6.5). No caso dos braquetes que não tenham ganchos, a remoção pode ser realizada com a utilização de alicates de corte de amarrilho ou alicates para remoção de braquetes vestibulares (Figura 6.6). A. Fixação da pinça Mateau ao gancho do braquete lingual. B. Remoção do braquete no sentido de cervical para oclusal. Figura 6.6 Remoção do braquete sem gancho. Após a remoção dos braquetes, os excessos de resina podem ser facilmente removidos com uma broca diamantada dourada ou multilaminada, esférica ou em formato de pera; em seguida, devese fazer um polimento na superfície dentária da mesma maneira quando da remoção de braquetes na técnica vestibular. Contenção A contenção dos dentes póstratamento ortodôntico deve ser feita por um período de tempo necessário para a manutenção dos resultados obtidos.3 Existem diversos tipos de contenções utilizadas póstratamento ortodôntico, e elas podem ser fixas ou removíveis.4 Porém, diferentemente dos tratamentos realizados com a técnica vestibular, a contenção de casos tratados com aparelho lingual deve também ser estética, além de manter os resultados do tratamento.3 O paciente que realiza um tratamento dentário com uma técnica ortodôntica lingual ou estética dificilmente utilizará uma contenção não estética, como uma placa removível de Hawley (1919)5 convencional (Figura 6.7); nesse caso, ser for necessária a sua utilização, deverá ser recomendada somente para uso noturno. Nos casos em que o profissional preferir o uso de uma contenção removível diurna, existe uma placa de Hawley modificada com um fio de polímero orgânico, conhecida como QCM Retainer (Chikami Miltec Inc., Kochi, Japão).6,7 Ela é um pouco mais estética, pois o fio metálico de aço do aparelho removível de Hawley que fica na face vestibular dos dentes anteriores é substituído por um fio de polímero orgânico, transparente e, portanto, muito mais estético, o que permite o uso diurno e noturno da contenção dental. Outra opção de contenção mais estética e também removível são as placas de acetato,8,9 que são transparentes; porém, elas não têm a mesma resistência de um aparelho de Hawley e, com o tempo de uso, devem ser substituídas por outra de 1,0 mm ou até mesmo de 1,5 mm, dependendo do cuidado do paciente. Elas podem ser utilizadas nos arcos dentais superior e inferior (Figura 6.8). De qualquer modo, as placas removíveis são fáceis de higienizar;10 entretanto, para serem efetivas, dependem do uso disciplinado por parte do paciente,10 principalmente logo após remoção do aparelho ortodôntico lingual, a fim de manter a estabilidade do tratamento realizado.3 Podem ser utilizadas também as contenções fixas,1012 que são as mesmas utilizadas quando do tratamento com aparelho vestibular. Elas podem ser construídas de canino a canino inferior (3/3), de um primeiro prémolar ao outro (4/4), de um segundo prémolar ao outro (5/5)10 e de canino a canino superior (3/3), quando houver espaço suficiente para o fio e a resina composta para sua fixação, e sempre que a oclusão permitir. Nos casos em que a oclusão não permitir, as contenções podem ser fixadas de incisivo lateral a incisivo lateral superior (2/2), como mostra a Figura 6.9. Figura 6.7 Figura 6.8 Placa removível de Hawley convencional. Confecção da placa de acetato (A); placas de acetado finalizadas (B). As contenções fixas podem ser confeccionadas com o fio de aço de forma contornada, que é a contenção higiênica,12 ou com o fio contínuo.10,11 Porém, existem controvérsias quanto ao seu uso, as quais não serão abordadas neste capítulo. Outra possibilidade de manter os dentes tratados em contenção é a utilização dos próprios braquetes do Sistema Lingual 2D® (Capítulo 2, Sistema Lingual 2D®), cuja manutenção pode ser indicada como forma de contenção. Contudo, devese manter o controle do caso e rever os pacientes em consultas de retorno periódicas para realização de profilaxia, evitando o acúmulo de placa bacteriana e tártaro (Figura 6.10). Após algum tempo, os braquetes devem ser removidos na sua totalidade, e pode ser indicado ou não algum outro tipo de contenção. Figura 6.9 Figura 6.10 A. Contenção fixa inferior 3/3 confeccionada com fio Twist Flex (Morelli) CrNi.020”. B. Contenção fixa superior 3/3 confeccionada com fio Twist Flex (Morelli) CrNi.020”. C. Contenção fixa superior 3/3 confeccionada com fio Retainium (Reliance). D. Contenção fixa 2/2 confeccionada com fio Twist Flex (Morelli) CrNi.020”. Contenção fixa com braquetes 2D® (A); aspecto da contenção fixa com braquetes 2D® e após remoção (B). A combinação de técnicas já propostas também pode ser utilizada como forma de contenção; assim, pode ser mantida a contenção fixa, e junto a ela, com indicaçãode uso diurno e/ou noturno, podem ser utilizadas contenções removíveis, como um aparelho tipo Hawley sem o arco vestibular (Figuras 6.11) ou placas de acetato sobre a contenção fixa (Figura 6.12). Por fim, a escolha do tipo de contenção a ser utilizada em um tratamento com aparelho lingual poderá depender do tipo da má oclusão já corrigida, da disciplina do paciente com relação ao uso do aparelho e da higienização, bem como de habilidade, conceitos e experiências adquiridos durante os anos de trabalho como ortodontista, quando este passar a realizar um tratamento ortodôntico com a técnica lingual. Figura 6.11 Figura 6.12 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. A. Contenção removível com aparelho tipo Hawley sem o arco vestibular. B. Contenção removível com aparelho tipo Hawley sem o arco vestibular combinado com contenção fixa 3/3. Combinação de contenção removível com placa de acetato sobre a contenção fixa em uma vista oclusal (A) e em uma vista frontal (B). Considerações finais Observase ao final deste capítulo que os princípios para finalizar de maneira adequada os casos tratados com ortodontia lingual são os mesmos e têm a mesma importância dos casos finalizados com a técnica convencional por vestibular. Apenas notase que podem ser utilizados pequenos recursos que atendam ao apelo estético dos pacientes e que são pertinentes àqueles que utilizam uma técnica ortodôntica estética. E muitas vezes, a escolha de qual a melhor forma em se fazer a finalização e consequente contenção dos casos tratados, fica a critério do profissional que a executa e de sua experiência clínica. Referências bibliográficas Williams JK, Isaacson KG, Cook PA et al. Aparelhos ortodônticos fixos: princípios e prática. Rio de Janeiro: Santos; 1997. p. 1279. McLaughlin RP, Bennett JC. Finishing and detailing with a preadjusted appliance system. J Clin Orthod. 1991; 4(25):251 64. Blake M, Bibby K. Retention and stability: a review of the literature. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1998; 114:299306. Störmann I, Ehmer U. A prospective randomized study of different retainer types. J Orofac Orthop. 2002; 63(1):4250. Hawley CA. A removable retainer. The Dental Cosmos. 1919; 6(61):44955. Sa’Do B, Nakata S, Morishita T et al. New esthetic organic polymer maxillary retainers. JCO. 2001:35(5). Macedo A, Facchini F, Ueti M et al. Aparelho de contenção estética com fio de polímero orgânico. Ortodontia SPO. 2014; 47(5):45963. Kim TW, Park JH. An aesthetic orthodontic treatment option fabrication and applications. Dentistry Today – Orthodontics. 2008; 4850. Echarri P. Ortodoncia invisible u ortodoncia para el paciente. Dental Tribune Spain. 2013; 3(8):19. Cardon S, Dolci GS, Marchioro EM. Contenção inferior fixa 3×3 com fio meiacana. Rev Clín Ortod Dental Press. 2011 2012; 10(6):946. 11. 12. Silva Filho OG, Kubitski MG, Marinho ET. Contenção fixa inferior 3×3: considerações sobre a sua confecção, colagem direta e remoção. R Clin Ortodon Dental Press. 20042005; 6(3):1724. Macedo A, Nahás Scocate ACR, Barros CC et al. Contenção em ortodontia. Ortodontia. 2009; 42(2):15863. Introdução Nos capítulos anteriores, foram descritos e apresentadas diversas figuras ilustrando procedimentos clínicos, alguns deles de forma parcial, pois o intuito era demonstrar a técnica propriamente dita e a maneira como foram montados ou realizados, e alguns casos clínicos sobre o tema abordado foram utilizados como exemplo. Com objetivo de ilustrar e sedimentar a técnica lingual, destinouse este último capítulo para o relato de mais casos clínicos. Neste, foram inseridos tratamentos com pacientes de ambos os sexos, de diferentes idades e apresentando diversos tipos ou padrões faciais e que puderam ser esmiuçados com mais detalhes para melhor descrever a técnica lingual utilizada. Caso clínico 1 A paciente R. D. G. S., com 40 anos e 9 meses, leucoderma, classificada como padrão II facial, braquifacial, face simétrica (Figura 7.1), apresentava má oclusão de classe II de Angle, subdivisão esquerda. No arco da maxila os dentes 13 e 14 apresentavam giroversão e leve apinhamento anterior superior, com trespasse vertical (overbite) de 5,0 mm e trespasse horizontal (overjet) de 6,0 mm decorrentes da protrusão dos incisivos superiores. No arco da mandíbula o apinhamento era maior. A paciente só aceitava o tratamento para a correção dos apinhamentos, que era a sua queixa principal, por meio de um aparelho estético; assim, optouse pelo aparelho lingual 2D® da Forestadent®, cuja montagem é simplificada (Figura 7.2). Após a seleção dos braquetes, procedeuse à montagem no arco superior e colocação do primeiro fio, que foi o Biolingual® .012”. Na sessão seguinte, após 1 semana, foi montado o aparelho inferior e utilizado fio Titanol® .012” (Figura 7.3). Por ser braquifacial, havia maior incidência de quebra de braquetes; por isso, foi necessário fazer um aumento em resina composta ou build up nos segundos molares superiores (Figura 7.4). Em uma fase intermediária, pôde ser vista a evolução do caso no arco superior com fio TMA .016” e no arco inferior com fio Biolingual® .016” (Figura 7.5). Para melhorar a classificação da má oclusão, a intercuspidação e o remanescente apinhamento, foram realizados os últimos desgastes interproximais e utilizados elásticos em cadeia (power chain), assim como dobras nos fios de TMA .016” inseridos nos arcos superior e inferior (Figura 7.6). Na fase final de tratamento, no arco superior foi mantido fio TMA .016” com um número maior de dobras para as correções mais refinadas, uma vez que o paciente que utiliza o aparelho lingual é mais exigente quanto ao alinhamento dos dentes, porque ele consegue acompanhar melhor a evolução do caso, já que não existe nenhum braquete na face vestibular. No arco inferior para finalização foi inserido fio de aço .016” (Figura 7.7). A Figura 7.8 mostra o caso finalizado com a má oclusão corrigida e a contenção 3/3 nos arcos inferior e a contenção fixa 2/2 no arco superior complementada com uma placa de acetato de uso noturno (Figura 7.9). A Figura 10.10 mostra o resultado final do tratamento. Figura 7.1 Fotografias iniciais de frente (A); do sorriso (B); de perfil (C) e telerradiografia (D). Figura 7.2 Figura 7.3 Fotografias iniciais intraorais de frente (A); do lado direito (B); do lado esquerdo (C); vista oclusal do arco dental maxilar (D); vista oclusal do arco dental mandibular (E) e radiografia panorâmica (F). Fase inicial de nivelamento no arco dental maxilar (A) e do arco dental mandibular (B). Figura 7.4 Figura 7.5 Figura 7.6 Vista de frente da oclusão com build up (A); vista da desoclusão lateral direita (B) e vista da desoclusão lateral esquerda (C). Fase intermediária de nivelamento nos arcos dentais maxilar (A) e mandibular (B). Fase final do nivelamento e alinhamento nos arcos dentais maxilar (A) e mandibular (B). Figura 7.8 Figura 7.7 Finalização nos arcos dentais maxilar (A) e mandibular (B). Fotografias finais intraorais de frente (A); do lado direito (B); Fotografia final intraoral do lado esquerdo (C); vista final dos seis dentes anteriores superiores (D) e vista final dos seis dentes anteriores inferiores (E). Figura 7.9 Figura 7.10 Vista oclusal com contenção inferior 3/3 (A); vista oclusal com contenção superior 2/2 (B) e contenção com placa de acetato (C). Fotografias finais de frente (A); do sorriso (B) e de perfil (C). Caso clínico 2 O paciente A. de M. M., com 20 anos, leucoderma, padrão III facial, dolicofacial e face assimétrica (Figura 7.11), apresentava uma oclusão dentária de classe III, apinhamentos no arco dental da maxila e da mandíbula, compensação dental natural na região dos incisivos, desvio de linha média inferior e mordida cruzada anterior e posterior (Figura 7.12). Sua principal queixaera a mordida cruzada anterior e o aspecto da face. Por ser nitidamente um caso com indicação cirúrgica, foi proposta a correção ortodôntica utilizando aparelho lingual com braquetes autoligados 2D® junto com a cirurgia ortognática. A Figura 7.13 mostra os braquetes linguais autoligados 2D® colados nos arcos dentais maxilar e mandibular na fase inicial do tratamento ortodôntico. Na Figura 7.14 observamse o nivelamento e o alinhamento já em uma fase intermediária. Nesse caso, a técnica cirúrgica utilizada na maxila foi a Lefort I em um único segmento, o que tornou possível que, após o alinhamento e o nivelamento dos dentes e as descompensações necessárias para um caso cirúrgico com o aparelho ortodôntico lingual, pudessem ser colados previamente à cirurgia ortognática apenas botões estéticos e metálicos na face vestibular dos dentes, e não braquetes ortodônticos, como ilustra a Figura 7.15. Figura 7.11 Fotografias iniciais de frente (A); do sorriso (B); de perfil (C); telerradiografia (D) e panorâmica (E). Figura 7.12 Fotografias iniciais intraorais de frente (A); do lado direito (B); do lado esquerdo (C); vista oclusal da maxila (D) e da mandíbula (E). Figura 7.13 Figura 7.14 Vista oclusal dos arcos dentais maxilar (A) e mandibular (B) com o aparelho lingual 2D e fio Biolingual® .014”. Fase intermediária do nivelamento no arco dental maxilar com fio de aço .016” (A) e fase intermediária do nivelamento no arco dental mandibular com fio de Titanol .016” (B). Figura 7.15 Fotografias intraorais dos arcos dentais com botões estéticos e metálicos (A); vista lateral direita com botões (B); vista lateral esquerda com botões (C); vista oclusal da maxila (D) e vista oclusal da mandíbula (E). Após 45 dias da cirurgia na maxila, na mandíbula e no mento (Figura 7.16), o paciente ainda utilizava os elásticos pós cirúrgicos (Figura 7.17); aos poucos, foi removido o arco do aparelho lingual, primeiramente na região dos dentes posteriores (Figura 7.18). Em seguida, foram removidos todos os braquetes linguais e colocada a contenção fixa superior e inferior. Do início do tratamento ortodôntico até essa fase, passaramse 11 meses. Como o paciente iria ausentarse do acompanhamento do tratamento por um longo período por motivo de viagem, foi mantido somente um botão estético no dente 33 e um botão metálico no dente 17, para uso do elástico intermaxilar junto com placas de acetato de uso noturno, uma vez que ainda restavam alguns milímetros para a intercuspidação desejada (Figura 7.19). Quando o paciente retornou, puderam ser removidos os botões remanescentes e as contenções de acetato, permanecendo somente as contenções fixas, como evidencia a Figura 7.20. O resultado final intraoral é mostrado na Figura 7.21, e o estético facial, na Figura 7.22. Figura 7.16 Figura 7.17 A. Cirurgia da maxila Lefort I. B. Cirurgia de mandíbula. C. Cirurgia de mento. D. Fixação póscirurgia. Elásticos utilizados após a cirurgia. Figura 7.19 Figura 7.18 Fotografias intraorais laterais direita (A); esquerda (B); vista oclusal do arco superior (C) e do arco inferior (D). Contenção superior (A); inferior (B); fase de contenção com placa de acetato (C) e vista lateral do uso de elástico com a placa de acetato (D). Figura 7.20 Figura 7.21 Figura 7.22 A. Vista do arco maxilar com contenção final. B. Vista do arco mandibular com contenção final sem o botão estético. Fotografias finais intraorais de frente (A); do lado direito (B) e do lado esquerdo (C). Vistas da face de frente (A); do sorriso (B) e de perfil na fase póscirúrgica (C). Caso clínico 3 O paciente leucoderma, 37 anos e 7 meses, com as bases ósseas em desarmonia e retroposicionadas, braquifacial grave, porém simétrico, pode também ser classificado como padrão face curta (Figura 7.23). No exame intraoral foi diagnosticada Figura 7.23 uma oclusão de classe I de Angle, com apinhamentos nos dentes anteriores superiores e inferiores (queixa principal do paciente), além de trespasse horizontal (overjet) de 5 mm e trespasse vertical (overbite) de 5,5 mm (Figura 7.24). O tratamento ortodôntico requerido foi a técnica lingual, utilizando os braquetes 2D® da Forestadent®. Primeiramente, foi construído um build up, ou levante em resina composta fotopolimerizada, nos primeiros molares superiores; em seguida, com a obtenção do espaço para montagem do arco superior, os braquetes 2D® foram posicionados nos dentes da maxila e da mandíbula, sendo inseridos arcos de fio Titanol® .012” (Figura 7.25). Na sequência do tratamento, foi utilizado o fio Titanol® .014” nos arcos dentais superior e inferior, com power chain ou elásticos em cadeia no arco inferior (Figura 7.26). Conforme alinhamento e nivelamento obtidos, os fios aumentaram de calibre, como mostra a Figura 7.27, em que foram utilizados os fios Titanol® .016”. Também nessa fase foram removidos os levantes de resina composta dos primeiros molares superiores e transpostos para os segundos molares inferiores. Após as fases de nivelamento e alinhamento, iniciouse a finalização. Para isso, foram utilizados fios de TMA .016” no arco superior e no inferior (Figura 7.28) e construídos botões em resina composta tipo flow, o que possibilitou a colocação de elásticos intermaxilares para intercuspidação desses dentes (Figura 7.29). O caso finalizado pode ser visto na Figura 7.30 A a C, e a contenção fixa de canino a canino no arco superior e inferior, na Figura 7.30 D e E. Telerradiografia (A) e radiografia panorâmica (B). Figura 7.24 Fotografias iniciais intraorais de frente (A); do lado direito (B); do lado esquerdo (C); vista oclusal dos arcos dentais maxilar (D); mandibular (E); vista das laterais direita e esquerda dos modelos de gesso (F e G); Vista oclusal dos modelos de gesso (H e I); vista de frente dos modelos de gesso (J e K) e vista de frente simulando boca aberta e fechada dos modelos de gesso (L e M). Figura 7.25 Figura 7.26 Vista de frente do levante de mordida (A); vistas laterais direita (B) e esquerda (C) do levante de mordida (B); fase inicial de nivelamento nos arcos dentais maxilar (D) e mandibular (E). Fase intermediária de nivelamento nos arcos dentais maxilar (A) e mandibular (B). Figura 7.27 Figura 7.28 Figura 7.29 Fase final de nivelamento nos arcos dentais maxilar (A) e mandibular (B). Fase de finalização nos arcos dentais maxilar (A) e mandibular (B). Vistas de frente (A); da lateral direita (B) e da lateral esquerda dos botões em resina composta (C). Figura 7.30 Fotografias finais intraorais de frente (A); do lado direito (B); do lado esquerdo (C); vista oclusal com contenção superior (D) e inferior (E) 3/3. Caso clínico 4 O paciente A. B. M., com 23 anos e 9 meses, leucoderma, padrão II facial, braquifacial, simétrico (Figura 7.31), apresentava uma oclusão de classe II Angle (Figura 7.32), apinhamentos dentários no arco superior e inferior e coroa metalocerâmica no dente 42 (Figura 7.33), trespasse vertical (overbite) de 6,0 mm, trespasse horizontal de 4,0 mm e acentuada curva de Spee inferior (Figura 7.34). Ele desejava melhorar o sorriso e usar um aparelho estético imperceptível; por isso, o tratamento foi realizado com braquetes 3D®, e a montagem do aparelho foi feita pelo Sistema Kairalla, ou seja, em modelos de setup e colagem indireta. A Figura 7.35 mostra os braquetes linguais autoligados 3D® colados nos arcos dentais maxilar e mandibular na fase inicial do tratamento ortodôntico com fios Biolingual® .012”. Na Figura 7.36, observase ausência de contato dos dentes posteriores, causada pela colocação de “um levante da mordida” (build up) com resina composta fotoativada inserida na oclusal dos segundos molares superiores. Isso impediu que o paciente ocluísse nos braqueteslinguais e também favoreceu, de certa forma, as fases intermediária e final do nivelamento e alinhamento para a correção da curva de Spee, bastante acentuada (Figura 7.37). Após a remoção dos braquetes, foram colocadas contenções fixas nos dentes anteriores de canino a canino, na maxila e na mandíbula (Figura 7.38). Nas fotografias finais, pode ser observada a correção dos apinhamentos nos dentes anteriores e da curva de Spee (Figuras 7.39 e 7.40). Figura 7.31 Fotografias iniciais de frente (A); do sorriso (B); de perfil (C); telerradiografia (D) e panorâmica (E). Figura 7.33 Figura 7.32 Fotografias iniciais intraorais de frente (A); do lado direito (B) e do lado esquerdo (C). Vistas oclusais dos arcos dentais maxilar (A); mandibular (B); vistas anteriores dos apinhamentos dentais superior (C) e inferior (D). Figura 7.34 Figura 7.35 Vistas em oclusão (A) e desoclusão (B); vista dos modelos em gesso evidenciando a marca do trespasse vertical nos incisivos inferiores e a curva de Spee (B); vistas laterais direita (C) e esquerda (D) dos modelos evidenciando o trespasse horizontal e a classe II. Vistas oclusais dos arcos dentais maxilar (A) e mandibular (B) com o aparelho lingual 3D e fio Biolingual® .012”. Figura 7.37 Figura 7.36 Vistas da oclusão de frente (A); da lateral direita (B) e da lateral esquerda (C) com o levante de mordida posterior. A. Fase intermediária do nivelamento no arco dental maxilar com fio Biolingual® .016”. B. Fase intermediária do nivelamento no arco dental mandibular com fio TMA .016”. C. Arco retangular Betaflex .022” × .016” no arco dental da maxila na fase final do tratamento. Figura 7.39 Figura 7.38 Contenção fixa superior (A); inferior (B). Fotografias finais intraorais de frente (A); do lado direito (B); do lado esquerdo (C); dos dentes anteriores superiores (D) e dos dentes anteriores inferiores (E). Figura 7.40 Vistas da face de frente (A); do sorriso (B) e de perfil (C). Caso clínico 5 O paciente V. C. S., com 26 anos e 1 mês, leucoderma, classificado como padrão II facial, dolicofacial, simétrico (Figura 7.41), apresentava oclusão de classe I de Angle com biprotrusão dentária, ou seja, projeção e acentuada inclinação vestibular dos incisivos anteriores superiores e inferiores. Os arcos não apresentavam atresia, mas havia falta de espaço, pois era evidente o apinhamento dos dentes nas regiões anterior superior e inferior, sendo este ainda mais grave no arco inferior, com uma giroversão bastante considerável no dente 43 com desvio da linha média inferior para a direita (Figura 7.42). A queixa principal do paciente era com relação aos apinhamentos, e ele desejava um tratamento corretivo com um aparelho totalmente estético e sem exodontias. Assim, optouse pelo aparelho lingual 2D® da Forestadent® com montagem simplificada, e o planejamento foi o alinhamento e o nivelamento com a realização de desgastes interproximais. O primeiro passo foi a montagem dos braquetes selecionados no arco dentário superior, com a colocação do primeiro fio Biolingual® .014”. Na sessão seguinte, 1 semana depois, foi montado o aparelho inferior e utilizado o fio Biolingual® .010”, de calibre menor devido ao grande apinhamento inferior (Figura 7.43). Após algumas descolagens somente dos tubos nos molares superiores, decidiuse por não recolar até que avançássemos para um fio de maior calibre, e foi dada sequência ao alinhamento e nivelamento com fio Titanol® .014” nos arcos superior e inferior (Figura 7.44). Durante o tratamento, notouse que os molares superiores estavam com uma boa intercuspidação e se mantiveram em chave de oclusão de classe I de Angle. Por não ter sido necessária a realização de um levante de mordida (build up), percebeuse que os molares superiores não sofreriam nenhum deslocamento e, já que o apinhamento anterior havia quase se dissolvido por completo, não houve necessidade de ancoragem, e o tratamento continuou sem uma nova colagem dos tubos nesses dentes. Na Figura 7.45, verificamse: o fio de Titanol® .016” no arco superior, com a evidência de desgastes interproximais realizados e a presença de um elástico em cadeia para o fechamento dos respectivos espaços necessários, a fim de sanar o problema do apinhamento; e um fio Titanol® .016” e elásticos em cadeia no arco inferior, com a intenção de fechar os espaços conseguidos por meio de desgate interproximal realizados na distal do dente 41, mesial do dente 42, distal do dente 43 e mesial do dente 44, obtendo, assim, espaço para o dente 43. Figura 7.41 Fotografias iniciais de frente (A); do sorriso (B); de perfil (C) e telerradiografia (D). Na continuidade do tratamento, pôde ser vista uma evolução maior no arco superior, já com um fio TMA .016”, e no arco inferior, com um fio Biolingual® .014”, além da troca do braquete de uma aleta para uma de duas aletas, a fim de corrigir o giro do dente 43, mantendo a utilização dos elásticos em cadeia (Figura 7.46). Ao final do tratamento, foram colocados em ambos os arcos uma contenção fixa 2/2 no arco superior e 3/3 no inferior (Figura 7.47). O resultado final da oclusão pode ser visto na Figura 7.48, e o resultado na face é demonstrado na Figura 7.49. Um comparativo do resultado na região anterior superior pode ser visto na Figura 7.50, e, na região anterior inferior, na Figura 7.51. Figura 7.42 Figura 7.43 Fotografias iniciais intraorais de frente (A); do lado direito (B); do lado esquerdo (C); vistas oclusais dos arcos dentais maxilar (D); mandibular (E) e radiografia panorâmica (F). Fase inicial de nivelamento dos arcos dentais maxilar com fio Biolingual® .014” (A) e mandibular com fio Biolingual® .010” (B). Figura 7.44 Figura 7.45 Fase intermediária de nivelamento nos arcos dentais maxilar (A) e mandibular (B) com fio Titanol® .014”. Fase intermediária de nivelamento nos arcos dentais maxilar (A) e mandibular (B) com fio Titanol® .016”. Figura 7.46 Figura 7.47 Figura 7.48 A. Fase de nivelamento e alinhamento no arco dental maxilar com fio TMA .016”. B. Fase de nivelamento e alinhamento no arco dental mandibular com fio Biolingual® .014”. C. Detalhe da troca do braquete 2D no dente 43. A. Vista oclusal do arco superior com finalização e contenção superior. B. Vista oclusal do arco inferior com finalização e contenção inferior. Fotografias finais intraorais de frente (A); do lado direito (B) e do lado esquerdo (C). Figura 7.49 Figura 7.50 Figura 7.51 Fotografias finais de frente (A); do sorriso (B) e de perfil (C). Fotografias inicial (A) e final (B) dos dentes anteriores superiores. Fotografias inicial (A) e final (B) dos dentes anteriores inferiores (A). Capa Contra capa GEN Folha de rosto Copyright Colaboradores Agradecimentos Apresentação Prefácio Sumário 1 Considerações Gerais sobre Ortodontia Lingual 2 Sistema Lingual 2D® 3 Sistema Lingual 3D® 4 Biomecânica 5 Ortodontia Lingual nas Cirurgias Ortognáticas 6 Finalização dos Tratamentos com Ortodontia Lingual 7 Casos Clínicos