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Em muitos tipos de material, é possível fazer com que suas superfícies sejam bastante planas, com pouca ru- gosidade. No entanto, embora elas pareçam planas em escala macroscópica, elas não o são realmente em escala menor, da ordem de micrômetro (da ordem de 10–6 m, representado na figura 1.55). Assim, imagens micros- cópicas de duas superfícies planas em contato mostram que o contato entre elas é bastante irregular porque há rugosidades. Isso significa que a área de contato real é pequena em comparação com a área de contato apa- rente. Quando movemos uma superfície contra a outra, ocorrem deformações e rupturas nas rugosidades na es- cala microscópica e o movimento ocorre por pequenos deslocamentos com solavancos. # Figura 1.55 – Representação da interação entre as superfícies de dois objetos, com destaque para a interação entre as partículas que constituem os materiais. Os elementos não estão representados em proporção. Cores fantasia. T ia g o D o n iz e te L e m e /A rq u iv o d a e d it o ra Podemos agora considerar uma escala de tamanho ainda menor, da ordem de nanômetros (10–9 m), para analisar o que acontece nos pontos de contato das rugosidades microscópicas. Nessa escala, a matéria é granu- lada e os efeitos atômicos já são importantes. O atrito vem das forças de atração elétrica entre os átomos e as moléculas das duas superfícies. Interações entre átomos precisam ser rompidas para que uma superfície deslize em relação a outra. O estudo do atrito em escalas muito pequenas é chamado nanotribologia. Atualmente existem equipamentos, como os chamados microscópios de varredura por sonda (�gura 1.56), que permitem estudar o atrito na escala nanométrica. Usando pontas muito �nas que varrem uma superfície, esses equipamentos medem as forças normais e tangenciais dessas pontas contra a superfície. lente do laser fotodetector # Figura 1.56 – Representação esquemática do funcionamento do microscópio de varredura por sonda. Os elementos não estão representados em proporção. Cores fantasia. T ia g o D o n iz e te L e m e /A rq u iv o d a e d it o ra # Figura 1.54 – As travas da chuteira servem para aumentar o atrito com o gramado. N a tt a w it K h o m s a n it /S h u tt e rs to ck 45Cosmologia: dos primórdios da Astronomia à lei da gravitação universal 010a061_V1_CIE_NAT_Mortimer_g21Sc_U1_Cap1_LA.indd 45010a061_V1_CIE_NAT_Mortimer_g21Sc_U1_Cap1_LA.indd 45 9/3/20 7:43 PM9/3/20 7:43 PM Quando movemos uma superfície contra a outra, o atrito resulta na dissipação de energia. O que signi� ca realmente dissipar energia? Sabemos que, numa escala muito pequena, os materiais são formados por átomos, que estão vibrando mo- deradamente à temperatura ambiente. Quando movemos uma superfície contra a outra, os movimentos de solavancos devidos às rugosidades das superfícies fazem os átomos das duas superfícies vibrarem com maior intensidade. Esse aumento das vibrações atômicas faz as superfícies � carem mais quentes. Dizemos que essa energia foi dissipada porque não podemos mais usá-la para colocar um corpo em movimento. A � gura 1.57 representa esse processo. # Figura 1.57 – a) À temperatura ambiente, as partículas que compõem a superfície vibram. b) A interação entre a superfície do solo e a do bloco faz com que ele desacelere. c) Parte da energia de movimento do bloco é transferida para as partículas do solo, aumentando sua energia de vibração. Os elementos não estão representados em proporção. Cores fantasia. T ia g o D o n iz e te L e m e /A rq u iv o d a e d it o ra Existem situações em que a força de atrito é indesejável e outras em que é impres- cindível. Na operação de máquinas, por exemplo, deseja-se diminuir ao máximo o atrito, pois ele faz a energia ligada ao movimento se transformar em energia térmi- ca e, com isso, consome-se mais combustível ou energia elétrica. Em contrapartida, para que possamos nos mover de um lugar para outro, a força de atrito tem papel preponderante. Sem ela, � caríamos como na superfície de um lago gelado, tentando dar passos que não nos deslocam, mas nos fazem escorre- gar sem sair do lugar. Para que automóveis, ônibus ou caminhões se movam, deve existir atrito entre os pneus e o solo e, para pará-los, são necessários os freios, que que intensi� cam a ação da força de atrito sobre as rodas. ARTICULAÇÃO DE IDEIAS 1. Cite algumas situações do cotidiano nas quais a força de atrito é útil. 2. Cite exemplos de situações do cotidiano nas quais se tenta eliminar a força de atrito. 3. No momento em que um carro consegue fazer uma curva, a força de atrito responsável por esse movimento curvilíneo é estática ou cinética? 4. A aquaplanagem é um fenômeno perigoso que ocorre quando os pneus de um veículo perdem contato com o solo ao passar por uma � na camada líquida. Pesquise e produza um pequeno texto sobre os cuidados que um motorista pode ter para evitar a aquaplanagem, explicando a relação entre eles e o papel da força de atrito no movimento do carro. (a) (b) (c) antes de deslizar durante o deslizamento após o deslizamento 46 Cap’tulo 1 010a061_V1_CIE_NAT_Mortimer_g21Sc_U1_Cap1_LA.indd 46010a061_V1_CIE_NAT_Mortimer_g21Sc_U1_Cap1_LA.indd 46 9/3/20 7:43 PM9/3/20 7:43 PM