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<p>EMPREENDEDORISMO SOCIAL</p><p>VAINE FERMOSELI VILGA</p><p>GISELA CONSOLMAGNO</p><p>SILVIA HELENA CARVALHO RAMOS VALLADÃO DE CAMARGO</p><p>MARCO NICOTARI</p><p>EMPREENDEDORISMO SOCIAL</p><p>2023</p><p>Vaine Fermoseli Vilga</p><p>Gisela Consolmagno</p><p>Silvia Helena Carvalho Ramos Valladão de Camargo</p><p>Marco Nicotari</p><p>Coautor: Renan Fonseca</p><p>PRESIDENTE</p><p>Frei Thiago Alexandre Hayakawa, OFM</p><p>DIRETOR GERAL</p><p>Jorge Apóstolos Siarcos</p><p>REITOR</p><p>Frei Gilberto Gonçalves Garcia, OFM</p><p>VICE-REITOR</p><p>Frei Thiago Alexandre Hayakawa, OFM</p><p>PRÓ-REITOR DE ADMINISTRAÇÃO E PLANEJAMENTO</p><p>Adriel de Moura Cabral</p><p>PRÓ-REITOR DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO</p><p>Dilnei Giseli Lorenzi</p><p>COORDENADOR DO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - NEAD</p><p>Franklin Portela Correia</p><p>CENTRO DE INOVAÇÃO E SOLUÇÕES EDUCACIONAIS - CISE</p><p>Franklin Portela Correia</p><p>REVISÃO TÉCNICA</p><p>Fernando Ortolani</p><p>PROJETO GRÁFICO</p><p>Centro de Inovação e Soluções Educacionais - CISE</p><p>CAPA</p><p>Centro de Inovação e Soluções Educacionais - CISE</p><p>DIAGRAMADOR</p><p>Simone Aparecida Barbosa</p><p>© 2023 Universidade São Francisco</p><p>Avenida São Francisco de Assis, 218</p><p>CEP 12916-900 – Bragança Paulista/SP</p><p>CASA NOSSA SENHORA DA PAZ – AÇÃO SOCIAL FRANCISCANA, PROVÍNCIA</p><p>FRANCISCANA DA IMACULADA CONCEIÇÃO DO BRASIL –</p><p>ORDEM DOS FRADES MENORES</p><p>VAINE FERMOSELI VILGA</p><p>Sou graduado em Economia pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP,</p><p>1999), Especialista em Finanças e Contabilidade Gerencial pela Universidade São Fran-</p><p>cisco (USF, 2003) e Mestre em Administração, Gestão e Negócios pela Universidade</p><p>Metodista de Piracicaba (UNIMEP, 2006). Há 20 anos atuo no setor educacional como</p><p>professor universitário, nas áreas de Economia e Administração, além de ter sido, no</p><p>mesmo período, o responsável pela gestão administrativo-financeira de uma empresa</p><p>do ramo médico. Trabalhei como Coordenador de cursos de Graduação e, nos últimos</p><p>anos, estive revisando e elaborando materiais didáticos de diversas disciplinas, além de</p><p>construir matrizes curriculares e ementas, com base nas diretrizes regulatórias do MEC,</p><p>nos direcionamentos de mercado e nas competências a serem desenvolvidas pelos</p><p>alunos. Participei da construção e implementação do modelo de sala de aula invertida</p><p>e de aprendizagem baseada em problema (ABP), utilizado em todas as faculdades da</p><p>Cogna, além de ter revisado PPCs (Projetos Pedagógicos de Cursos) e PDIs (Planos de</p><p>Desenvolvimento Institucional) para que eles estivessem adequados para a visita dos</p><p>avaliadores do MEC. Com base na metodologia Ágil, administrei a contratação e treina-</p><p>mento de professores para a elaboração de materiais didáticos, tendo atuado por um</p><p>período como Scrum Master na equipe de consultores de Ciências Sociais Aplicadas.</p><p>Tenho experiência na área de Administração e Economia, atuando, principalmente, com</p><p>os seguintes temas: macroeconomia, microeconomia, economia internacional, econo-</p><p>mia brasileira, economia de empresas, banking, gestão de negócios, liderança, micro</p><p>e pequenas empresas, estratégia, rede de empresas, ética, responsabilidade social,</p><p>marketing, metodologia científica e finanças públicas.</p><p>OS AUTORES</p><p>GISELA CONSOLMAGNO</p><p>Doutoranda em Administração pela Universidade Estadual de Campinas e Mestra em</p><p>Administração pela UNICAMP (2020) na linha de pesquisa de Gestão e Sustentabilida-</p><p>de, possui pós-graduação (lato sensu) em Comércio Exterior e Negócios Internacionais</p><p>e graduação em Relações Internacionais pela ESAMC (2013). Docente na área de Ges-</p><p>tão do Núcleo Comum da Área da Saúde na Fundação Hermínio Ometto. Facilitadora</p><p>na Universidade Virtual do Estado de São Paulo (UNIVESP). Professora no ensino su-</p><p>perior na FATEC Araras.Desenvolve atividades como professora conteudista e curadora</p><p>e orientadora de TCC no MBA USP/ESALQ - PECEGE de Digital Business. Áreas de</p><p>interesse: empreendedorismo, digital business, tecnologias e sustentabilidade.</p><p>SILVIA HELENA CARVALHO RAMOS VALLADÃO DE CAMARGO</p><p>Doutora em Administração pela Universidade de São Paulo - FEA-USP, Mestre em Ad-</p><p>ministração pelo Centro Universitário Moura Lacerda de Ribeirão Preto (CUML), Pós-</p><p>-Graduada em Didática do Ensino Superior pelo CUML, Pós-Graduada em Mídias na</p><p>Educação pela Universidade Federal de São João Del-Rey, Graduada em Ciências</p><p>Contábeis e Administração pelo CUML. Docente do Ensino Superior, de MBAs, Pa-</p><p>lestrante e Instrutora do Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo</p><p>CRC-SP e Representante do Conselho Regional de Administração em Ribeirão Preto-</p><p>-CRA-RP e revisora e parecerista de revistas científicas, congressos e CAPES. Gestora</p><p>da Pousada Acolhedora em Ribeirão Preto e atua com Auditoria em Condomínios e</p><p>Associações de Moradores.</p><p>MARCO NICOTARI</p><p>Professor universitário e administrador. Especialista em Marketing, em Gestão de Ne-</p><p>gócios e em Educação a Distância. Mestre em Educação. Graduando em Psicologia.</p><p>Ministra aulas em graduação nos cursos de Administração e Engenharia de Produção</p><p>no Centro Universitário Moura Lacerda de Ribeirão Preto/SP nas áreas de Marketing,</p><p>Administração Geral, Negócios e Marketing, com as disciplinas Marketing Estratégico,</p><p>Administração Mercadológica, Administração de Vendas, Marketing de Varejo, Admi-</p><p>nistração Geral, Empreendedorismo, Administração Estratégica, Planejamento Estra-</p><p>tégico, Estratégia Empresarial, Plano de Negócios, Gestão de Serviços, Sistemas de</p><p>Informações e Organizacionais, Comportamento Organizacional, Recursos Humanos.</p><p>Ministra aulas em cursos de pós-graduação em várias instituições com as disciplinas</p><p>Marketing, Vendas, Planejamento Estratégico, Metodologia Científica. Orientador de</p><p>TCC nos cursos de graduação e pós-graduação nas áreas de administração. Experi-</p><p>ência em Educação a Distância (EaD) em cursos de Graduação: Administração, e Tec-</p><p>nólogos: Gestão Comercial, Gestão de Marketing, Negócios Imobiliários, Sistema de</p><p>Inteligência de Marketing, todos com aulas expositivas gravadas e ao vivo; produção de</p><p>slides, avaliações, textos complementares e fóruns; produção de sete (7) títulos de ma-</p><p>teriais instrucionais. Experiência profissional não acadêmica em Administração Geral e</p><p>Marketing/Vendas, atuando principalmente com Varejo e Gestão Estratégica. Avaliador</p><p>Civil da Qualidade da Polícia Militar do Estado de São Paulo. Avaliador pelo Ministério</p><p>da Educação (INEP/MEC) de Credenciamento e Reconhecimento de Cursos.</p><p>FERNANDO ORTOLANI</p><p>Possui graduação em Administração pela Universidade de São Paulo (2002) e mestra-</p><p>do em Administração pela Universidade de São Paulo (2005). Atualmente é docente</p><p>da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ituverava/SP e do Centro Universitário</p><p>Estácio de Ribeirão Preto/SP. Tem experiência na área de Administração, com ênfase</p><p>em Empreendedorismo e Sustentabilidade Pessoal. Trabalha também com Mentoria e</p><p>Coaching, abordando os seguintes temas: Educação Ambiental e Financeira, Orienta-</p><p>ção de Carreira, Saúde e Qualidade de Vida e Criação de Empresas</p><p>O REVISOR TÉCNICO</p><p>O COAUTOR: RENAN FONSECA</p><p>Graduado em História nas modalidades bacharelado e licenciatura pela Universidade</p><p>Federal de São João del Rei - UFSJ. Mestre pelo Programa de Mestrado em Letras -</p><p>UFSJ, Teoria Literária e Critica da Cultura, sendo bolsista CAPES/REUNI. Doutor pelo</p><p>programa de Pós-Graduação em História Social da Universidade de São Paulo - USP.</p><p>Autor de material didático nas áreas de História e/ou para os itinerários formativos do</p><p>novo Ensino Médio. Professor de História para Ensino Superior, Médio e Fundamental</p><p>com experiência nas redes privada e federal de ensino. É autor dos livros: O transnacio-</p><p>nal e o local nas revistas Reader’s Digest e Seleções: relações de gênero nos Estados</p><p>Unidos e Brasil (1939 - 1971) e Amor e Gênero em Revista: os quadrinhos em sua (sub)</p><p>versão romântica, ambos publicados em 2020 pela Editora Ape’Ku. Tem interesse nos</p><p>seguintes temas: Mercado editorial brasileiro e estadunidense; História Social do Brasil</p><p>e Estados Unidos; Estudos de Gênero; Estudos Culturais; História Cultural; Histórias</p><p>em Quadrinhos; História e Memória. Desenvolve atividades relacionadas ao ensino</p><p>e seguro desemprego), políticas de proteção ao trabalhador em</p><p>geral (intermediação de mão-de-obra, qualificação profissional e concessão</p><p>de microcrédito produtivo popular) e políticas agrária e fundiária. (SENNE,</p><p>2017, p. 03)</p><p>Já no eixo da assistência social, segurança alimentar e combate à pobreza aparecem</p><p>as seguintes práticas sociais do governo: a política nacional de assistência social (o Be-</p><p>nefício de Prestação Continuada previsto na Lei Orgânica da Assistência Social (BPC</p><p>– LOAS)</p><p>[...] para idosos e pessoas portadoras de necessidades especiais, abaixo de</p><p>certa linha monetária de pobreza, programas e ações especiais para crian-</p><p>ças e jovens em situação de risco social), ações de segurança alimentar</p><p>(merenda escolar, ações emergenciais como a distribuição de cestas bási-</p><p>cas etc.), e ações de combate direto à pobreza. (SENNE, 2017, p. 03)</p><p>O Programa Fome Zero, o Programa Bolsa Família, o Auxílio Brasil e o Auxílio Emer-</p><p>gencial são (foram) exemplos de ações diretas de combate à pobreza.</p><p>30</p><p>Brasil: Sociedade, Economia, Política e Empreendedorismo Social</p><p>1 ` O BPC-LOAS é um benefício social que garante um salário-mínimo por mês ao idoso</p><p>(ou seja, quem tem 65 anos de idade ou mais) ou aqueles com deficiências (física,</p><p>mental ou sensorial) que trazem impossibilidades de uma participação na sociedade</p><p>em condições iguais às outras pessoas (MINISTÉRIO DA CIDADANIA, 2023).</p><p>` O Programa Fome Zero foi um conjunto de programas públicos sociais que ti-</p><p>nham como objetivo enfrentar as causas da fome e da insegurança alimentar,</p><p>com ações que iam desde ajuda financeira (como o Bolsa Família), até a cons-</p><p>trução de cisternas no Nordeste brasileiro, abertura de restaurantes populares e</p><p>instrução sobre hábitos alimentares.</p><p>` O Programa Bolsa Família fazia parte do Programa Fome Zero e consistia na</p><p>transferência de renda (ou seja, de dinheiro vivo) para famílias que se encaixa-</p><p>vam em alguns critérios impostos pelo governo (famílias com renda per capita</p><p>abaixo de determinado valor, que tinham gestantes e/ou crianças e adolescentes</p><p>(até 17 anos), que mantivessem determinada frequência escolar).</p><p>` O Programa Auxílio Brasil substituiu o Bolsa Família e consiste em uma transfe-</p><p>rência de renda destinada a famílias com um limite máximo de renda per capita,</p><p>tendo o objetivo de garantir uma renda básica a tais pessoas, com o intuito delas</p><p>terem autonomia para superarem suas situações de vulnerabilidade social.</p><p>` O Auxílio Emergencial foi um programa de transferência de renda que ocorreu</p><p>durante alguns meses, no início da pandemia do Coronavírus, que transferiu</p><p>dinheiro para trabalhadores informais, autônomos, desempregados e Microem-</p><p>preendedores Individuais (MEIs) para que eles enfrentassem a crise econômica</p><p>causada pela pandemia.</p><p>GLOSSÁRIO</p><p>No eixo da cidadania social aparecem as seguintes práticas do governo: política na-</p><p>cional de saúde pública (organizada a partir do Sistema Único de Saúde – SUS); e a</p><p>política nacional para a educação (SENNE, 2017).</p><p>Por fim, no eixo da infraestrutura social aparecem as seguintes práticas governamentais: po-</p><p>líticas nacionais de habitação (inclusive as ações relacionadas ao urbanismo), e saneamento</p><p>básico (inclusive aquelas voltadas para a preservação do meio ambiente) (SENNE, 2017).</p><p>CONCLUSÃO</p><p>Neste capítulo, percebeu-se o que são as políticas sociais, como elas podem ser agru-</p><p>padas em eixos (para que sejam mais bem analisadas e implementadas), bem como a</p><p>importância da participação governamental para cuidar das questões sociais, sendo que</p><p>as políticas sociais públicas dependem, ao longo da história, tanto do sistema de governo</p><p>(mais intervencionista ou menos intervencionista, neste aspecto) quanto do cenário eco-</p><p>nômico enfrentado pelo Estado, que vão determinar suas prioridades de governo.</p><p>31</p><p>1</p><p>Empreendedorismo Social</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Figura 03. Sistema Brasileiro de Proteção Social</p><p>Sistema</p><p>Brasileiro</p><p>de Prote-</p><p>ção Social</p><p>(SBPS)</p><p>Trabalho</p><p>Assistência</p><p>Social,</p><p>Segurança</p><p>Alimentar e</p><p>Combate à</p><p>Pobreza</p><p>Cidadania</p><p>Social</p><p>Infraestrutura</p><p>Social</p><p>Política Previdenciária Contributiva</p><p>Política Previdenciária Parcial e Indiretamente Contributiva</p><p>Política de Proteção ao Trabalhador Assalariado</p><p>Política de Proteção ao Trabalhador em Geral</p><p>Políticas Agrária e Fundiária</p><p>Política Nacional de Assistência Social</p><p>Política de Segurança Alimentar</p><p>Política de Combate à Pobreza</p><p>Política Nacional de Saúde Pública</p><p>Política Nacional para a Educação</p><p>Política Nacional de Habitação</p><p>Política Nacional para o Saneamento Básico</p><p>Eixo Políticas</p><p>Fonte: adaptado de Senne (2017, [n.p.]).</p><p>O documentário brasileiro “Garapa”, do diretor José Padilha, acompanha a dura realidade de</p><p>três famílias cearenses no ano de 2009. A película documenta a seca e a fome daquelas fa-</p><p>mílias, mostrando o cotidiano delas ao longo de quatro semanas. A obra, além de mostrar as</p><p>mazelas sociais que ainda afetam milhões de pessoas no Brasil, evidência a importância de</p><p>um programa público federal de erradicação da fome (através de transferência de renda dire-</p><p>ta) para uma daquelas famílias, que só tinha água com açúcar (garapa) para disfarçar a fome.</p><p>Fonte: GARAPA. Direção de José Bastos Padilha. Rio de Janeiro: Downtown Filmes, 2009.</p><p>DICAS</p><p>Para entender a história das políticas sociais no território brasileiro, recomenda-se a leitura</p><p>do livro “Políticas sociais: acompanhamento e análise”, elaborado pela equipe técnica do</p><p>Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). O material traz a evolução das políticas</p><p>sociais brasileiras desde a década de 1930 até o início do século XXI, enfatizando as respon-</p><p>sabilidades sociais que ficaram a cargo da esfera pública, a partir da Constituição de 1988.</p><p>Fonte: IPEA. Políticas sociais: acompanhamento e análise. 2. ed.</p><p>Disponível em: http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/4135/1/bps_17_introdu-</p><p>cao.pdf. Acesso em: 30 ago. 2022.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/4135/1/bps_17_introducao.pdf</p><p>http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/4135/1/bps_17_introducao.pdf</p><p>32</p><p>Brasil: Sociedade, Economia, Política e Empreendedorismo Social</p><p>1 Atualmente, a administração pública está bastante descentralizada. Isso pode ser visto em</p><p>diversas áreas, inclusive, aquelas relacionadas às questões sociais. Em 2017, por exemplo,</p><p>o Ministério da Educação (portanto, um órgão federal) liberou R$ 3,8 milhões para a prefeitu-</p><p>ra de Bragança Paulista/SP construir uma nova unidade escolar no município. O repasse do</p><p>recurso aconteceu por meio do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação),</p><p>com o objetivo de melhor as condições do ensino público na cidade, além de trazer emprego</p><p>e renda para ela.</p><p>ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Repasse de 4,6 milhões a Bra-</p><p>gança Paulista. Publicado em: 12 jun. 2017.</p><p>Disponível em: https://www.al.sp.gov.br/noticia/?id=379606. Acesso em: 02 set. 2022.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>https://www.al.sp.gov.br/noticia/?id=379606</p><p>33</p><p>1</p><p>Empreendedorismo Social</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS</p><p>AGUIAR, Rodrigo Luiz Simas. Antropologia sociocultural. 2015. Universidade Federal da Grande Dou-</p><p>rados, Dourados, 2015. Disponível em: https://repositorio.ufgd.edu.br/jspui/bitstream/prefix/3075/1/antropolo-</p><p>gia-sociocultural.pdf. Acesso em: 14 out. 2022.</p><p>ARNT, Ricardo. Múmias plebeias. Super Interessante, [Online], 31 mar. 1998. História. Disponível em: ht-</p><p>tps://super.abril.com.br/historia/mumias-plebeias/. Acesso em: 05 ago. 2022.</p><p>AZEVEDO, Vanessa Lucia Santos de. et al. Política Social. 2. ed. Porto Alegre: SAGAH, 2018.</p><p>IPEA. Políticas sociais: acompanhamento e análise. 2. ed. IPEA, [S. I.], [s.d.]. Disponível em: http://reposito-</p><p>rio.ipea.gov.br/bitstream/11058/4135/1/bps_17_introducao.pdf. Acesso em: 30 ago. 2022.</p><p>BOAS, Franz. Antropologia cultural. 2. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2005.</p><p>EMPREENDEDORISMO social impactou 622 milhões de pessoas em 20 anos. Ecoa Uol, [Online], 23 jan.</p><p>2020. Desigualdade. Disponível em: https://www.uol.com.br/ecoa/ultimas-noticias/2020/01/23/acoes-sociais-</p><p>-impactaram-622-milhoes-de-pessoas-em-20-anos-diz-relatorio.htm. Acesso em: 19 ago. 2022.</p><p>FELDMAN-BIANCO, Bela. A antropologia hoje. Revista Ciência e Cultura, São Paulo, vol. 63, n. 2, abr. 2011.</p><p>Disponível em http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0009-67252011000200002.</p><p>Acesso em: 09 ago. 2022.</p><p>GREELANE. O que é antropologia lingüística? Greenlane, [Online], 30 maio 2019. Disponível em: https://</p><p>www.greelane.com/pt/humanidades/ingl%C3%AAs/what-is-linguistic-anthropology-1691240. Acesso em: 05</p><p>ago. 2022.</p><p>LENZI, Tié. Políticas Públicas. Significados, [Online], [s.d.]. Disponível em: https://www.significados.com.br/</p><p>politicas-publicas/. Acesso em: 10 ago. 2022.</p><p>LIMEIRA, Tânia M. Vidigal. Empreendedorismo social no Brasil: estado da arte e desafios. São Paulo:</p><p>Inovação em Cidadania Empresarial, 2015. Disponível em: https://ice.org.br/wp-content/uploads/pdfs/Empre-</p><p>endedorismo_Social_no_Brasil_ICE_FGV.pdf. Acesso em: 17 ago. 2022.</p><p>MAGNANI, José Guilherme Cantor. Transformações na cultura urbana de grandes metrópoles. In: MOREI-</p><p>RA, Alberto da Silva (org.). Sociedade Global, Cultura e Religião. Petrópolis: Vozes, 1998. Disponível em:</p><p>https://nau.fflch.usp.br/sites/nau.fflch.usp.br/files/upload/paginas/transformacoes_cultura_urbana.pdf. Acesso</p><p>em: 09 ago. 2022.</p><p>MEDEIROS, Alexsandro M. Políticas Públicas. Sabedoria Política, [Online], 2013. Disponível em: https://</p><p>www.sabedoriapolitica.com.br/ci%C3%AAncia-politica/politicas-publicas/. Acesso em: 10 ago. 2022.</p><p>MINISTÉRIO DA CIDADANIA. Benefício de Prestação Continuada (BPC). Gov.br, [Online], 06 jan. 2023.</p><p>Disponível em: https://www.gov.br/cidadania/pt-br/acoes-e-programas/assistencia-social/beneficios-assisten-</p><p>ciais/beneficio-assistencial-ao-idoso-e-a-pessoa-com-deficiencia-bpc. Acesso em: 01 fev. 2023.</p><p>https://repositorio.ufgd.edu.br/jspui/bitstream/prefix/3075/1/antropologia-sociocultural.pdf</p><p>https://repositorio.ufgd.edu.br/jspui/bitstream/prefix/3075/1/antropologia-sociocultural.pdf</p><p>http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/4135/1/bps_17_introducao.pdf</p><p>http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/4135/1/bps_17_introducao.pdf</p><p>https://www.uol.com.br/ecoa/ultimas-noticias/2020/01/23/acoes-sociais-impactaram-622-milhoes-de-pessoas-em-20-anos-diz-relatorio.htm</p><p>https://www.uol.com.br/ecoa/ultimas-noticias/2020/01/23/acoes-sociais-impactaram-622-milhoes-de-pessoas-em-20-anos-diz-relatorio.htm</p><p>http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0009-67252011000200002</p><p>https://www.greelane.com/pt/humanidades/ingl%C3%AAs/what-is-linguistic-anthropology-1691240</p><p>https://www.greelane.com/pt/humanidades/ingl%C3%AAs/what-is-linguistic-anthropology-1691240</p><p>https://www.significados.com.br/politicas-publicas/</p><p>https://www.significados.com.br/politicas-publicas/</p><p>https://ice.org.br/wp-content/uploads/pdfs/Empreendedorismo_Social_no_Brasil_ICE_FGV.pdf</p><p>https://ice.org.br/wp-content/uploads/pdfs/Empreendedorismo_Social_no_Brasil_ICE_FGV.pdf</p><p>https://nau.fflch.usp.br/sites/nau.fflch.usp.br/files/upload/paginas/transformacoes_cultura_urbana.pdf</p><p>https://www.sabedoriapolitica.com.br/ci%C3%AAncia-politica/politicas-publicas/</p><p>https://www.sabedoriapolitica.com.br/ci%C3%AAncia-politica/politicas-publicas/</p><p>https://www.gov.br/cidadania/pt-br/acoes-e-programas/assistencia-social/beneficios-assistenciais/beneficio-assistencial-ao-idoso-e-a-pessoa-com-deficiencia-bpc</p><p>https://www.gov.br/cidadania/pt-br/acoes-e-programas/assistencia-social/beneficios-assistenciais/beneficio-assistencial-ao-idoso-e-a-pessoa-com-deficiencia-bpc</p><p>34</p><p>Brasil: Sociedade, Economia, Política e Empreendedorismo Social</p><p>1</p><p>OLIVEIRA, Edson Marques. Empreendedorismo social no Brasil: atual configuração, perspectivas e desa-</p><p>fios – notas introdutórias. [s.n.], [S.I.], [s.d.]. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/1143900/</p><p>mod_resource/content/1/Empreendedorismo%20social%20no%20Brasil%20_%20atual%20configura%-</p><p>-C3%A7%C3%A3o.pdf. Acesso em: 12 ago. 2022.</p><p>OMETTO, Ana Maria H.; FURTUOSO, Maria Cristina O.; SILVA, Marina Vieira da. Economia brasileira na</p><p>década de oitenta e seus reflexos nas condições de vida da população. Revista Saúde Pública, vol. 29, n.</p><p>5, Piracicaba, 1995. Departamento de Economia Doméstica da Escola Superior de Agricultura Luiz de Quei-</p><p>roz (ESALQ/USP). Disponível em: https://www.scielo.br/j/rsp/a/XRCdDpSndmxTY5J7wXz6tXn/?lang=pt#:~:-</p><p>text=A%20economia%20brasileira%20na%20d%C3%A9cada,indicadores%20sociais%20apresentaram%20</p><p>evolu%C3%A7%C3%A3o%20positiva. Acesso em: 18 ago. 2022.</p><p>PEREIRA, Maria de Fátima. As representações da pobreza sob a ótica dos “pobres” do Programa Bolsa</p><p>Família. 2007. Dissertação de Mestrado em Sociologia. Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2007. Dis-</p><p>ponível em: https://repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/7740/1/2007-DIS-MFPEREIRA.pdf. Acesso em: 08 ago.</p><p>2022.</p><p>PEREIRA, Francine. Empreendedorismo social no Brasil e no mundo. A Economia B, [Online], 02 abr. 2020.</p><p>Tendências. Disponível em: https://www.aeconomiab.com/empreendedorismo-social-no-brasil-e-no-mundo/.</p><p>Acesso em: 19 ago. 2022.</p><p>PIANA, M. C. As políticas sociais no contexto brasileiro: natureza e desenvolvimento. São Paulo: Edito-</p><p>ra UNESP; São Paulo: Cultura Acadêmica, 2009. Disponível em: https://books.scielo.org/id/vwc8g/pdf/pia-</p><p>na-9788579830389-02.pdf. Acesso em: 31 ago. 2022.</p><p>ROSA, K. M. da. Política social: a serviço de quem? [S.I.]: [s.n.], [s.d.]. Disponível em: https://ebooks.pucrs.</p><p>br/edipucrs/anais/sipinf/i/edicoes/I/22.pdf. Acesso em: 30 ago. 2022.</p><p>SENNE, A. de. Políticas sociais no Brasil: uma reflexão preliminar. TCC Graduação em Ciências Sociais</p><p>(Licenciatura). Universidade Federal de Santa Maria/RS – Centro de Ciências Sociais e Humanas, Curso de</p><p>Licenciatura em Ciências Sociais, Santa Maria-RS, 2017. Disponível em: https://repositorio.ufsm.br/bitstream/</p><p>handle/1/2634/senne_andressa_de.pdf?sequence=3&isAllowed=y. Acesso em: 29 ago. 2022.</p><p>SILVA E SILVA, Ricardo da. Empreendedorismo social. Porto Alegre: SAGAH, 2019.</p><p>ZAMBELLO, A. O que é política social? Revista Agenda Política, [S.I.], vol.4, n.1, janeiro/abril 2016. Dispo-</p><p>nível em: https://www.agendapolitica.ufscar.br/index.php/agendapolitica/article/view/80. Acesso em: 30 ago.</p><p>2022.</p><p>https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/1143900/mod_resource/content/1/Empreendedorismo%20social%20no%20Brasil%20_%20atual%20configura%25-C3%A7%C3%A3o.pdf</p><p>https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/1143900/mod_resource/content/1/Empreendedorismo%20social%20no%20Brasil%20_%20atual%20configura%25-C3%A7%C3%A3o.pdf</p><p>https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/1143900/mod_resource/content/1/Empreendedorismo%20social%20no%20Brasil%20_%20atual%20configura%25-C3%A7%C3%A3o.pdf</p><p>https://repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/7740/1/2007-DIS-MFPEREIRA.pdf</p><p>https://www.aeconomiab.com/empreendedorismo-social-no-brasil-e-no-mundo/</p><p>https://books.scielo.org/id/vwc8g/pdf/piana-9788579830389-02.pdf</p><p>https://books.scielo.org/id/vwc8g/pdf/piana-9788579830389-02.pdf</p><p>https://ebooks.pucrs.br/edipucrs/anais/sipinf/i/edicoes/I/22.pdf</p><p>https://ebooks.pucrs.br/edipucrs/anais/sipinf/i/edicoes/I/22.pdf</p><p>https://repositorio.ufsm.br/bitstream/handle/1/2634/senne_andressa_de.pdf?sequence=3&isAllowed=y</p><p>https://repositorio.ufsm.br/bitstream/handle/1/2634/senne_andressa_de.pdf?sequence=3&isAllowed=y</p><p>https://www.agendapolitica.ufscar.br/index.php/agendapolitica/article/view/80</p><p>36</p><p>Empresa e Sociedade: Responsabilidade e Sustentabilidade</p><p>2</p><p>UNIDADE 2</p><p>EMPRESA E SOCIEDADE:</p><p>RESPONSABILIDADE E</p><p>SUSTENTABILIDADE</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>As empresas podem ser associadas a um grande poder transformador. Tal poder não</p><p>consiste apenas em criar novos produtos e serviços desejados pelos consumidores,</p><p>mas também no sentido de agir como um vetor transformador.</p><p>As organizações traduzem as metas de desenvolvimento sustentável e adotam, através</p><p>da Responsabilidade Social, práticas que transformam a sociedade onde vivemos.</p><p>O</p><p>primeiro capítulo desta unidade tem como objetivo trazer conceitos relacionados à</p><p>Responsabilidade Social (RS) (tópico 1); ESG – Environmental, Social & Governance</p><p>(tópico 2); por que adotar RS (tópico 3) e meios de implementá-la (tópico 4).</p><p>No segundo capítulo da unidade você terá contato com os 17 Objetivos de Desenvol-</p><p>vimento Sustentável da ONU, entendendo de que forma os empreendedores privados</p><p>estão se moldando para atendê-los, como forma de estratégia organizacional. Além</p><p>disso, você poderá compreender como é feito o controle que indica se um país está</p><p>conseguindo (ou não) evoluir no alcance das metas da ONU, até 2030.</p><p>Por fim, a proposta do último capítulo desta unidade é estabelecer uma reflexão sobre</p><p>sustentabilidade ambiental e financeira e apontar possibilidades de se conciliar desen-</p><p>volvimento sustentável com lucratividade no âmbito empresarial.</p><p>1. RESPONSABILIDADE SOCIAL E CONCEITUAÇÃO SOBRE</p><p>ESG – ENVIRONMENTAL, SOCIAL & GOVERNANCE</p><p>Neste capítulo, os objetivos centrais estão relacionados a abordar e desenvolver impor-</p><p>tantes conceitos que serão articulados com temáticas como a Responsabilidade Social,</p><p>o ESG – Environmental, Social & Governance e, por fim, quais as motivações para se</p><p>adotar a Responsabilidade Social, destacando as formas pelas quais ela pode ser im-</p><p>plementada e praticada.</p><p>1.1. CONCEITUANDO RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>Se você, estudante, parar por um instante para refletir, será possível identificar algumas</p><p>mudanças que impactaram o mundo nos últimos anos. Considerando o contexto empresa-</p><p>rial, colocam-se as organizações como atores fundamentais e responsáveis – porém não</p><p>os únicos – por tais transformações no âmbito social, cultural e econômico (DIAS, 2012).</p><p>É possível pontuar como ações transformadoras da nossa sociedade (DIAS, 2012):</p><p>a. A inovação tecnológica e seu processo altamente acelerado: no que tange a área de</p><p>informática e comunicações, o que acaba refletindo amplamente em todos os setores,</p><p>além da revolução criada no âmbito da geração de dados, informações e conhecimento</p><p>em ritmo acelerado.</p><p>37</p><p>2</p><p>Empreendedorismo Social</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>b. A globalização, que acelera o ritmo do compartilhamento de tecnologia, tendência, entre outros.</p><p>c. O Estado, que acaba, pouco a pouco, transformando seu papel de executor e cede es-</p><p>paço para os demais atores da sociedade, executando, portanto, uma função reguladora.</p><p>O termo ‘responsabilidade social’ remete, de acordo com Dias (2012, p. 6), “[...] à boa</p><p>governança da organização, a uma gestão ética e sustentável e ao conjunto dos compro-</p><p>missos voluntários que uma organização assume para administrar seus impactos sociais,</p><p>ambientais e econômicos que produz na sociedade”. De modo geral, consiste em uma</p><p>série de ações tomadas pelas organizações que irá proporcionar não apenas ganhos</p><p>para os seus stakeholders, mas que irá gerar uma série de benefícios no âmbito social.</p><p>A Responsabilidade Social se apresenta em duas dimensões:</p><p>` Dimensão interna: esta dimensão se trata das práticas relacionadas aos traba-</p><p>lhadores. Ou seja, se refere aos investimentos direcionados a recursos humanos,</p><p>à saúde do trabalhador, sua segurança, os recursos internos da organização.</p><p>` Dimensão externa: nesta dimensão, os limites da organização são ultrapassados</p><p>e alcançam a comunidade, os interlocutores que abrangem os clientes, ONGs e</p><p>o meio ambiente. Nesse âmbito, a ação da empresa ocorre através de apoio à</p><p>comunidade, doações, entre outros.</p><p>Segundo a Fundação Nacional da Qualidade - FNQ (DIAS, 2011), a adoção da respon-</p><p>sabilidade social corporativa ocorre em cinco estágios evolutivos, conforme a figura 01.</p><p>Figura 01. Estágio de evolução da Responsabilidade Social</p><p>Estágio 1: a empresa não assume responsabilidade perante</p><p>a sociedade. Não promove comportamento ético e não age</p><p>com cidadania.</p><p>Estágio 2: a oganização reconhece seus impactos através</p><p>de processos e produtos e tenta minimizá-las através de</p><p>ações isoladas. Busca, eventualmente, promover compor-</p><p>tamento ético.</p><p>Estágio 3: a organização inicia sistematização de</p><p>avaliação de impacto de seus produtos, instalações e</p><p>processos. Passa a exercer algum tipo de liderança na</p><p>comunidade e inicia envolvimento em ações sociais.</p><p>Estágio 5: sistemizada, a empresa passa a se antecipar às</p><p>questões públicas. Existem formas implementadas de avaliação</p><p>e melhoria da atuação da organização no exercício da cidadania</p><p>e no tratamento de suas responsabilidades públicas.</p><p>Estágio 4: sistemizando o impacto de seus produtos,</p><p>instalações e processos, passa a demonstrar interesse na</p><p>comunidade e envolve-se, de forma frequente, no desen-</p><p>volvimento dela. Promove comportamento ético.</p><p>Fonte: adaptada de FNQ (2013, [n. p.]) e Tachizawa (2019, p. 57).</p><p>38</p><p>Empresa e Sociedade: Responsabilidade e Sustentabilidade</p><p>2</p><p>Os estágios acima representam o comportamento organizacional exemplificado desde ati-</p><p>tudes básicas (ou na falta de atitudes éticas e voltadas ao ambiente) como em atitudes em</p><p>que a organização já implementou e sistematizou a Responsabilidade Social na cultura.</p><p>1.2. ESG – ENVIRONMENTAL, SOCIAL & GOVERNANCE: O PACTO</p><p>GLOBAL</p><p>O Pacto Global das Nações Unidas foi lançado nos anos 2000 (PACTO GLOBAL, 2022)</p><p>e foi uma iniciativa que convocou as empresas a se alinharem a princípios de direitos</p><p>humanos, trabalho, anticorrupção e meio ambiente.</p><p>O ESG – Environmental, Social & Governance (em português: Governança Ambiental,</p><p>Social e Corporativa) se trata de ações direcionadas que vão além de boas intenções no</p><p>mundo dos negócios. De acordo com o PwC (PWC, 2022), refere-se à criação de planos</p><p>tangíveis e práticos para alcançar resultados reais, considerando-se que o sucesso da</p><p>organização não se relaciona a apenas um objetivo, mas considera a diversidade, as mu-</p><p>danças climáticas, a inovação sustentável, entre outros princípios que, juntos, permitem</p><p>que as organizações sigam adiante e consigam capturar as melhores oportunidades.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Segundo o Relatório do Pacto Global em parceria com a Stiligue, as pesquisas e relatórios</p><p>sobre o tema em 2019 ainda eram mais informativos, no entanto, passaram a se intensifi-</p><p>car e tiveram alguns focos específicos, dentre os quais:</p><p>Figura 02. Sobre o que se fala no Pacto Global</p><p>Fonte: Pacto Global e Stilingue (2021, p. 18).</p><p>Na pesquisa realizada pelo Pacto Global e a Stilingue (2021), 68% dos entrevistados</p><p>apontaram ser incentivados a colocar em práticas as ações com impacto social positivo,</p><p>enquanto o aumento do interesse pelas práticas ESG foi registrado por 93% dos respon-</p><p>dentes, com destaque para a categoria ambiental (84%).</p><p>39</p><p>2</p><p>Empreendedorismo Social</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>É relevante destacar que a sigla ESG geralmente é associada ao aspecto ambiental,</p><p>mudanças climáticas e gestão de recursos escassos, no entanto, apesar de integrar a</p><p>sigla (E=ambiental), abrange também as questões sociais e governança.</p><p>No que tange às questões sociais, refere-se às práticas de inclusão, contratação e re-</p><p>lacionamento com os clientes e comunidade, enquanto a governança se trata da ética</p><p>nos negócios, composição do conselho da organização (PWC, 2020).</p><p>Para a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (BOFFO; PATA-</p><p>LANO, 2020), a sustentabilidade financeira das organizações se conecta ao processo</p><p>de considerar os aspectos ambientais, sociais e de governança. Atualmente, conside-</p><p>ra-se que a sigla ESG se transformou em uma tendência de grande importância no</p><p>mercado, visto que inúmeros países vêm adotando tais práticas.</p><p>O investimento ESG existe dentro de um espectro mais amplo de investi-</p><p>mento com base em retornos financeiros e sociais. Num lado do espectro, o</p><p>investimento financeiro puro é buscado para maximizar o valor do acionista e</p><p>do detentor da dívida através de retornos financeiros baseados em medidas</p><p>de valor financeiro absolutas ou ajustadas ao risco. Na melhor das hipóte-</p><p>ses, assume que a eficiência dos mercados de capitais</p><p>efetivamente alocará</p><p>recursos para partes da economia que maximizar os benefícios e contribuir</p><p>de forma mais ampla para o desenvolvimento econômico. Do outro lado do</p><p>espectro, o investimento puramente social, como a filantropia, busca apenas</p><p>retornos sociais, de modo que os ganhos do investidor com a confirmação</p><p>de evidências de benefícios a segmentos ou toda a sociedade, em especial</p><p>no que se refere à benefícios ambientais ou sociais, inclusive no que diz</p><p>respeito aos direitos humanos e trabalhistas, igualdade de gênero. Investi-</p><p>mento social de impacto busca uma combinação de retorno social e retorno</p><p>financeiro – mas a priorização dos retornos financeiros depende do quanto</p><p>os investidores estão dispostos a comprometer um pelo outro alinhados com</p><p>seus objetivos gerais. (BOFFO; PATALANO, 2020, p. 14)</p><p>1.3. POR QUE ADOTAR RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>De acordo com Machado Filho (2006), o interesse por adotar a Responsabilidade Social</p><p>vem se intensificando, no entanto, faltam pesquisas empíricas sobre o tema. O autor</p><p>aponta que, a depender do contexto, o exercício da RS pode apresentar benefícios às</p><p>organizações, sendo estes:</p><p>` Reputação corporativa: por definição, a reputação corporativa se trata da rea-</p><p>ção (positiva ou não) dos clientes, investidores e stakeholders, no geral, sobre</p><p>a empresa. É um fator determinante para a sobrevivência das organizações, e</p><p>com a intensificação das mudanças comportamentais dos consumidores e da</p><p>sociedade, o padrão ético pelos quais as organizações devem seguir, em alinha-</p><p>mento com a Responsabilidade Social se intensificou (MACHADO FILHO, 2006).</p><p>Com isso, ainda existem os fatores de credibilidade e confiança passados pela</p><p>empresa. Para Machado Filho (2006), a reputação corporativa voltada à um com-</p><p>portamento ético, quando percebida pelo seu público-alvo, integra sua marca e</p><p>seu nome, o que passa a refletir em suas avaliações.</p><p>` Atenção da mídia: os padrões comportamentais éticos também podem trazer</p><p>grande impacto no que tange a divulgação do nome da organização, uma vez</p><p>40</p><p>Empresa e Sociedade: Responsabilidade e Sustentabilidade</p><p>2</p><p>que suas ações chamam atenção dos clientes e interessados, bem como da</p><p>mídia (MACHADO FILHO, 2006). Quando se destaca perante as mídias, é impor-</p><p>tante reforçar que quando atitudes antiéticas são descobertas e expostas, danos</p><p>irreversíveis à sua reputação podem ser auferidos.</p><p>Além dos dois pontos mencionados acima, pode-se destacar que a adoção da Respon-</p><p>sabilidade Social e práticas éticas agregam valor aos serviços e produtos de uma or-</p><p>ganização, destacando-se das empresas que não possuem tais práticas, zelando pela</p><p>comunidade e colaboradores, bem como do ambiente.</p><p>A adoção da Responsabilidade Social pode ocorrer por diversos motivos, de com-</p><p>patibilidade de crenças e valores dos donos e gestores a uma adaptação devido às</p><p>pressões oriundas do mercado ou ainda para ter uma reputação positiva (SPRINK-</p><p>LE; MAINES, 2010).</p><p>Os benefícios da implementação podem ser, inclusive, os motivos pela popularidade</p><p>do tema e da corrida por sua adoção. Tais benefícios podem ser identificados e medi-</p><p>dos. De acordo com Sprinkle e Maines (2010), tais benefícios podem ocorrer na esfera</p><p>econômica, quando as organizações recebem benefícios fiscais robustos pelas práticas</p><p>verdes ou ainda incentivos governamentais para fomentar tais práticas.</p><p>Ainda segundo Sprinkle e Maines (2010), a publicidade positiva e gratuita oriunda</p><p>de tais ações também beneficiam as empresas. Ora, publicidade e marketing pos-</p><p>suem custos e as organizações possuem consciência, no entanto, devido à crescen-</p><p>te preocupação ambiental e com causas sociais, as associações positivas acabam</p><p>sendo divulgadas com maior intensidade, por diversas vezes de forma gratuita entre</p><p>os próprios consumidores e mídias. Além disso, as boas ações e comportamentos</p><p>éticos atraem colaboradores e força trabalhadora que se sensibiliza e compartilha</p><p>dos valores éticos adotados pela empresa, reforçando o trabalho já realizado pela</p><p>empresa, além de serem comprovadamente um fator motivador dos colaboradores</p><p>(SPRINKLE; MAINES, 2010).</p><p>1.4. IMPLEMENTANDO A RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>A implementação da Responsabilidade Social pode ocorrer em uma organização de</p><p>diversas formas, inclusive em busca de certificações ISO. Aqui, consideraremos o mo-</p><p>delo de Tachizawa (2019). Para o autor, o pontapé inicial para implementar a RS dentro</p><p>das organizações começa no delineamento estratégico. Observe o modelo proposto por</p><p>Tachizawa (2019, p. 81) na Figura 03.</p><p>41</p><p>2</p><p>Empreendedorismo Social</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Figura 03. Proposta de Modelo – Tachizawa</p><p>Cadeia produtiva</p><p>Fornecedores </p><p>Processos</p><p>produtivos</p><p>Processos de apoio</p><p> Clientes</p><p>Indicadores</p><p>de</p><p>negócio</p><p>Indicadores</p><p>ambientais</p><p>e</p><p>sociais</p><p>Variáveis ambientais Stakeholders</p><p>Decisões estratégicas:</p><p>-objetivos corporativos</p><p>-estratégias genéricas</p><p>Decisões ambientais e sociais:</p><p>-projetos ambientais</p><p>-projetos de responsabilidade social</p><p>Fonte: Tachizawa (2019, p. 81).</p><p>Para o autor, o modelo – que se apresenta de forma genérica e para qualquer tipo de</p><p>negócio – parte do pressuposto que as organizações são distintas e possuem objetivos</p><p>únicos. Desse modo, existirão estratégias genéricas que são comuns no mesmo seg-</p><p>mento e estratégias específicas que irão se adaptar ao estilo de gestão adotado pela</p><p>organização, bem como aos seus valores e crenças.</p><p>Observe na figura que as variáveis ambientais e os stakeholders influenciam nas de-</p><p>cisões estratégicas e, consequentemente, nas decisões ambientais e sociais. Dessa</p><p>forma, destaca-se que a sociedade e o ambiente de negócios (micro e macroambiente)</p><p>influenciam a elaboração de objetivos da organização.</p><p>Destaca-se que a adoção das decisões ambientais é um processo que parte dos obje-</p><p>tivos iniciais da organização, portanto, faz-se necessário que uma organização em vias</p><p>de adotar a Responsabilidade Social estabeleça-a também em seus objetivos corpora-</p><p>tivos, de forma que as estratégias adotadas tanto para os objetivos genéricos quanto</p><p>específicos sejam norteados pela ética e pela Responsabilidade Social.</p><p>As ações tomadas dentro do bloco denominado “decisões ambientais e sociais” in-</p><p>tegram-se com a cadeia produtiva. Assim, destaca-se a importância de alinhamentos</p><p>estratégicos não apenas entre stakeholders e acionistas, mas também entre os demais</p><p>42</p><p>Empresa e Sociedade: Responsabilidade e Sustentabilidade</p><p>2</p><p>membros da cadeia. Tais alinhamentos irão refletir na contratação de fornecedores que</p><p>se alinhem aos mesmos valores éticos, sociais e ambientais que a organização, além</p><p>de terem indicadores próprios de avaliação.</p><p>CONCLUSÃO</p><p>Este capítulo apresentou conceitos que nos levam a compreender a Responsabilidade</p><p>Social e as práticas de ESG e sua importância para as organizações.</p><p>Ainda se apresentou uma sugestão de modelo de adoção de RS, que parte do princípio</p><p>que é possível realizar implementações a partir do direcionamento da organização com</p><p>o estabelecimento de seus objetivos gerais, passando para os específicos e pulverizan-</p><p>do tais objetivos para os demais aspectos da organização, como por exemplo a cadeia</p><p>de abastecimento, fornecedores, entre outros.</p><p>Figura 04. Mapa conceitual</p><p>ESGÉtica</p><p>Governança</p><p>Transparência</p><p>Dimensão</p><p>interna:</p><p>colaboradores,</p><p>saúde,</p><p>segurança e RH</p><p>Dimensão</p><p>externa:</p><p>shareholders</p><p>(a comunidade,</p><p>consumidores,</p><p>instituições</p><p>interessadas, etc.)</p><p>Responsabilidade</p><p>Social</p><p>Equilíbrio entre</p><p>o fator</p><p>econômico,</p><p>social e</p><p>ambiental</p><p>Governança Ética</p><p>Social</p><p>Ambiental</p><p>Sustentabilidade</p><p>Financeira</p><p>Fonte: elaborada pelo autor.</p><p>6 Exemplos de Responsabilidade Social para empresas</p><p>A Childfund Brasil é uma organização de desenvolvimento sustentável que formulou um guia</p><p>objetivo e prático com seis dicas de como as empresas podem atuar com responsabilidade</p><p>social internamente.</p><p>É possível acessar os exemplos abaixo:</p><p>6 EXEMPLOS de Responsabilidade Social para empresas. Childfund Brasil, [Online], [s.d.].</p><p>Disponível</p><p>em: https://www.childfundbrasil.org.br/blog/6-exemplos-de-responsabilida-</p><p>de-social-para-empresas/. Acesso em: 10 ago. 2022.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>https://www.childfundbrasil.org.br/blog/6-exemplos-de-responsabilidade-social-para-empresas/</p><p>https://www.childfundbrasil.org.br/blog/6-exemplos-de-responsabilidade-social-para-empresas/</p><p>43</p><p>2</p><p>Empreendedorismo Social</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Pacto Global Rede Brasil</p><p>O relatório do Pacto Global nos apresenta informações sobre o tema e sua importância, bem</p><p>como sobre seus participantes. Além disso, ao acessar o link, é possível ler informações e re-</p><p>ceber o relatório para leitura, com pesquisa exclusiva com empresas participantes do pacto.</p><p>Através do relatório é possível compreender um pouco mais sobre os segmentos mais ativos</p><p>nessa iniciativa, além de compreender a evolução do tema.</p><p>Disponível em: https://www.pactoglobal.org.br/pg/esg. Acesso em: 29 dez. 2022.</p><p>IMPORTANTE</p><p>Conhecendo o caso da B3 e Mercado Livre</p><p>Agora que você já conhece esse importante tema, vamos conhecer um caso aplicado?</p><p>A importância de ESG dentro das organizações é estratosférica e o tema pertence à uma</p><p>grande agenda internacional de Desenvolvimento Sustentável.</p><p>Assista ao vídeo para conhecer mais sobre o caso da B3 e do Mercado Livre.</p><p>Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=zsF9IUSIb7Q&ab_channel=Grea-</p><p>tPlacetoWorkBrasil. Acesso em: 29 dez. 2022.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>2. OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (ONU)</p><p>O tema central deste capítulo é abordar os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentá-</p><p>vel da ONU e articular possíveis formas pelas quais os empreendedores privados têm</p><p>se mobilizado com o intuito de atendê-los em um modelo de estratégia organizacional.</p><p>Complementando o capítulo, também será indicado os meios que têm sido utilizados</p><p>como controle indicativo para saber se os países tem, ou não, avançado no alcance de</p><p>tais metas, que deverão ser desenvolvidas até 2030.</p><p>2.1. OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (ODS) DA</p><p>ONU E A AGENDA 2030</p><p>Uma das músicas mais conhecidas do mundo (talvez, a mais famosa entre todas) é</p><p>“Imagine”, de John Lennon. É uma canção com uma bela (mas, utópica) letra, que, em</p><p>um de seus trechos diz: “[...] imagine que não existam posses; eu me pergunto se você</p><p>consegue; sem necessidade de ganância ou fome; uma irmandade dos homens; imagi-</p><p>ne todas as pessoas compartilhando o mundo inteiro” (LENNON, 1971, [n.p.]).</p><p>https://www.pactoglobal.org.br/pg/esg</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=zsF9IUSIb7Q&ab_channel=GreatPlacetoWorkBrasil</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=zsF9IUSIb7Q&ab_channel=GreatPlacetoWorkBrasil</p><p>44</p><p>Empresa e Sociedade: Responsabilidade e Sustentabilidade</p><p>2</p><p>Pelo contexto, é até possível que esta música tenha servido como inspiração para que</p><p>os quase 200 países associados da Organização das Nações Unidas (ONU), em se-</p><p>tembro de 2015, lançassem uma nova política global: a Agenda 2030 para o Desenvol-</p><p>vimento Sustentável. Mas, o que esta Agenda 2030 trazia em relação à política global?</p><p>A Agenda 2030 traçou 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) para elevar</p><p>o desenvolvimento mundial e melhorar a qualidade de vida de todas as pessoas do glo-</p><p>bo terrestre. Sim, parece um projeto um tanto ambicioso e sonhador, mas para que algo</p><p>grande aconteça, os primeiros passos precisam ser planejados (imaginados, segundo a</p><p>música de Lennon) e executados.</p><p>Os ODS estabelecem 169 metas a serem atingidas, até 2030, em 5 grandes áreas</p><p>(conhecidas como 5 P’s): 1) Pessoas (com a erradicação da pobreza e da fome para</p><p>se garantir a dignidade e a igualdade delas); 2) Prosperidade (com a garantia de vidas</p><p>prósperas, plenas e harmonizadas com o meio ambiente); 3) Paz (com a promoção de</p><p>sociedades justas, inclusivas e pacíficas); 4) Parcerias (com a implementação do pro-</p><p>jeto da ONU por meio de sólidas parcerias globais); e 5) Planeta (com a preocupação</p><p>relacionada às questões climáticas, tendo a preservação ambiental como centro de</p><p>ação para uma vida com qualidade às futuras gerações). Assim, para o alcance destes</p><p>objetivos, governos, empresas e pessoas do mundo inteiro precisam se unir para que</p><p>haja um real desenvolvimento econômico sustentável, trazendo um mundo melhor para</p><p>todos os povos e nações.</p><p>Os ODS foram elaborados para dar sequência aos Objetivos do Desenvolvimento do Milênio</p><p>(ODM). No ano de 2000, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD),</p><p>com base em estudos realizados pela ONU sobre sustentabilidade, desenvolvimento so-</p><p>cioeconômico e melhora na qualidade de vida, elaborou os ODM, que seriam buscados e</p><p>apoiados por mais de 190 países, tendo até o ano de 2015 para serem alcançados. À época,</p><p>os objetivos se concentravam em áreas como: erradicação da fome e miséria, acesso à</p><p>educação básica de qualidade, igualdade de gênero, redução da mortalidade infantil, saúde</p><p>das gestantes, combate à malária, AIDS e outras doenças, sustentabilidade ambiental e es-</p><p>tabelecimento de parcerias para o desenvolvimento (ODM BRASIL, [s.d.]). Dessa forma, a</p><p>experiência de 15 anos dessa agenda global em cima dos ODM acabou por revelar uma série</p><p>de novas questões sociais que também mereciam mais atenção, que foram materializados</p><p>nos ODS com meta até 2030 para serem alcançados.</p><p>CAIXA DE DESTAQUE - TEXTO E LINK</p><p>2.2. COMPREENDENDO OS 17 ODS</p><p>Os 17 ODS estipulados pela Agenda 2030 da ONU estão detalhados na figura 05:</p><p>45</p><p>2</p><p>Empreendedorismo Social</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Figura 05. Os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 da ONU</p><p>Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/a/a7/Sustainable_Development_Goals.svg/640px-</p><p>Sustainable_Development_Goals.svg.png. Acesso em: 20 set. 2022.</p><p>O primeiro ODS é a erradicação da pobreza em todas as suas formas e em todos os</p><p>lugares. Certamente, você já se deparou com situações muito tristes de pessoas que</p><p>vivem na miséria no Brasil e no mundo e, para atingir esse objetivo, muitas ações serão</p><p>necessárias até 2030, envolvendo investimentos, principalmente em países em desen-</p><p>volvimento, para que haja a implementação de programas e políticas para a erradicação</p><p>da pobreza, bem como legislações sólidas para a viabilização e o apoio ao alcance</p><p>deste objetivo (ONU BRASIL, [s.d.]).</p><p>O ODS de número 2, fome zero e agricultura sustentável, visa acabar com a fome, al-</p><p>cançar a segurança alimentar (ou seja, que todas as pessoas do mundo tenham acesso</p><p>a alimentos de qualidade, nutritivos, na quantidade desejada e por um preço justo) e</p><p>promover um cultivo agrícola que preserve o meio ambiente. Para isso, é necessário</p><p>tanto o aumento da produção agrícola mundial, de forma sustentável (o que exigirá</p><p>ampliação de investimentos em infraestrutura rural, pesquisa e extensão de serviços</p><p>agrícolas, desenvolvimento de tecnologia e os bancos de genes de plantas e animais)</p><p>quanto à correção de imperfeições existentes ao comércio internacional de produtos</p><p>agrícolas (subsídios, barreiras tarifárias etc.) (ONU BRASIL, [s.d.]).</p><p>O terceiro ODS, saúde e bem-estar, pretende assegurar uma vida mais saudável, pro-</p><p>movendo bem-estar para todos. Para isso: a redução da mortalidade infantil, o extermí-</p><p>nio de epidemias, a prevenção de doenças e o acesso universal à saúde, e, inclusive, a</p><p>redução de acidentes e mortes por acidentes em estradas fazem parte desta dimensão</p><p>com a qual a ONU está preocupada, o que exigirá investimentos em várias frentes</p><p>(campanhas preventivas, pesquisa e desenvolvimento de vacinas e medicamentos, for-</p><p>mação e treinamento de profissionais da área da saúde etc.) (ONU BRASIL, [s.d.]).</p><p>A educação de qualidade também é um ODS da Agenda 2030. Mas, o que significa uma</p><p>educação de qualidade? Ela está relacionada com um aprendizado inclusivo, equitativo</p><p>https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/a/a7/Sustainable_Development_Goals.svg/640px-Sustainable_Development_Goals.svg.png</p><p>https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/a/a7/Sustainable_Development_Goals.svg/640px-Sustainable_Development_Goals.svg.png</p><p>46</p><p>Empresa e Sociedade: Responsabilidade e Sustentabilidade</p><p>2</p><p>e com oportunidades de aprendizagem ao longo de toda a vida, para todas as pessoas.</p><p>Portanto, a manutenção dos estudantes nas escolas (com redução drástica no número</p><p>de evasão escola), uma metodologia de ensino que traga conhecimentos e habilidades</p><p>desejadas pelo mercado de trabalho, escolas suficientes, seguras e com infraestrutura</p><p>adequada (inclusive de acessibilidade e tecnologia), bolsas de estudo, e formação e</p><p>treinamento de professores são frentes que devem ser trabalhadas para que este ODS</p><p>seja alcançado (ONU BRASIL, [s.d.]).</p><p>O quinto ODS diz respeito à igualdade de gênero, ou seja, à igualdade de direitos e</p><p>oportunidades para homens e mulheres, bem como à eliminação da discriminação, vio-</p><p>lência e de práticas nocivas contra as mulheres. Isso só será alcançado com reformas</p><p>legais, campanhas de conscientização e empoderamento das mulheres, de todas as</p><p>idades (ONU BRASIL, [s.d.]).</p><p>Além da violência física, sexual e psicológica que muitas mulheres sofrem em todas as partes</p><p>do mundo, em diversos países há práticas nocivas contra as mulheres que são vistas como</p><p>situações socialmente comuns e aceitáveis, como, por exemplo, os casamentos forçados (ou</p><p>seja, em que pelo menos uma das partes casa obrigada, sem o seu consentimento e contra</p><p>a sua vontade). Você pode até pensar que tais situações só acontecem em países africanos</p><p>ou asiáticos, no entanto, há milhares de casamentos forçados no mundo todo, inclusive, em</p><p>locais como o Reino Unido e Estados Unidos que, em 2012, segundo Cimenti (2012), regis-</p><p>traram mais de oito mil uniões forçadas.</p><p>EXEMPLO</p><p>O ODS de número 6 visa garantir a disponibilidade e a gestão sustentável de água</p><p>potável e saneamento para todas as pessoas do mundo. Este objetivo está bastante</p><p>ligado àqueles relacionados à saúde, já que investimentos relacionados à água e ao</p><p>saneamento básico (coleta, dessalinização, eficiência no uso, reciclagem e tecnologias</p><p>de reuso) são fundamentais para prevenção de várias doenças (ONU BRASIL, [s.d.]).</p><p>A questão energética também é alvo de preocupação da ONU, que traz a energia limpa</p><p>e acessível como sétima ODS. Dessa forma, espera-se avanços consideráveis, até</p><p>2030, sobre o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço justo à energia, o que</p><p>indica a necessidade de expansão e modernização da infraestrutura energética, bem</p><p>como a importância de novas pesquisas voltadas para energias mais limpas e renová-</p><p>veis (ONU BRASIL, [s.d.]).</p><p>O trabalho decente e o crescimento econômico aparecem como ODS número 8. Isso</p><p>só será possível com um crescimento econômico inclusivo e sustentável, que busque</p><p>o pleno emprego e o trabalho digno para as pessoas. Mas, esta é uma tarefa árdua,</p><p>pois há um número enorme de desempregados no mundo, muitos, inclusive, que se</p><p>submetem a péssimas condições de trabalho para sobreviver. Dessa forma, esforços</p><p>públicos e privados no sentido de gerarem: maior produtividade, empreendedorismo,</p><p>proteção aos direitos dos trabalhadores e ampliação dos financiamentos produtivos são</p><p>fundamentais para o alcance deste ODS (ONU BRASIL, [s.d.]).</p><p>47</p><p>2</p><p>Empreendedorismo Social</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>No mesmo sentido, aparece o ODS relacionado à indústria, inovação e infraestrutura,</p><p>que visa o desenvolvimento tecnológico para modernizar a infraestrutura e revigorar as</p><p>indústrias, de forma sustentável. Para isso acontecer, muitas ações serão importantes,</p><p>como as que envolvem o apoio e ambiente político para estímulo à pesquisa, inovação</p><p>e comunicação global (ONU BRASIL, [s.d.]).</p><p>Outro ODS buscado pela Agenda 2030 da ONU é a redução das desigualdades den-</p><p>tro dos países e entre os países. Além do fortalecimento de políticas sociais, para o</p><p>alcance deste décimo objetivo, se faz importante que países menores tenham maior</p><p>representatividade e voz nas tomadas de decisão de instituições globais, para que suas</p><p>necessidades sejam conhecidas e atendidas (ONU BRASIL, [s.d.]).</p><p>Como décimo primeiro ODS, surge a preocupação da ONU com as cidades e comuni-</p><p>dades sustentáveis, em que há a preocupação com: a moradia para todas as pessoas;</p><p>transportes públicos seguros, acessíveis e de qualidade; a preservação de patrimônios</p><p>culturais; o acesso a espaços públicos seguros, inclusivos e verdes; e a gestão de</p><p>assentamentos humanos participativos. Para que isso aconteça, é fundamental que o</p><p>crescimento das cidades seja feito de forma planejada e adaptada às mudanças climá-</p><p>ticas (ONU BRASIL, [s.d.]).</p><p>Na sequência, o consumo e produção responsáveis aparecem como ponto de interesse</p><p>da Agenda 2030, já que as reduções de desperdícios e de excessos são fundamentais</p><p>para a diminuição das desigualdades no mundo. Assim, um conjunto de leis que direcio-</p><p>nem o consumo e a produção mais conscientes (em termos ambientais) e campanhas</p><p>de conscientização voltadas para este fim precisam ser desenvolvidas e incentivadas</p><p>no mundo todo (ONU BRASIL, [s.d.]).</p><p>Rumando para a mesma direção, a ação contra a mudança global no clima também é</p><p>um ODS buscado pela ONU. Para isso, os países precisam estar dispostos a integra-</p><p>rem políticas nacionais relacionadas às questões do aquecimento global, respeitando</p><p>os acordos internacionais sobre o assunto para que as futuras gerações possam conti-</p><p>nuar a viver com qualidade no planeta Terra.</p><p>A vida na água e a vida terrestre são os ODS de números 14 e 15 e visam a conservação</p><p>e uso consciente dos oceanos, rios lagos e ecossistemas terrestres, com uma legislação</p><p>rígida e eficiente que possa combater as práticas predatórias do meio ambiente (desma-</p><p>tamento, caça ilegal, poluição, extração ilegal de recursos minerais e biológicos etc.).</p><p>Com relação ao ODS “paz, justiça e instituições eficazes”, a ONU prevê a promoção de</p><p>sociedades pacíficas, em que todos tenham acesso à justiça, alicerçados por institui-</p><p>ções eficazes. Com isso, espera-se avanços significativos em assuntos como: violên-</p><p>cia, tráfico (de armas, de pessoas e de drogas), corrupção, terrorismo e discriminação,</p><p>com a garantia das liberdades individuais e cumprimento igualitário das leis.</p><p>Por fim, quando a Agenda 2030 se refere às parcerias e meios de implementação (ODS</p><p>de número 17), ela sinaliza que o alcance de todos os ODS dependerá de parcerias glo-</p><p>bais em diversas áreas, tais como: finanças, tecnologia, capacitação, comércio, pres-</p><p>tação de contas etc. Com este último ODS, a ONU reforça que todos os seres huma-</p><p>nos merecem condições e oportunidades iguais, que devem ser construídas de forma</p><p>48</p><p>Empresa e Sociedade: Responsabilidade e Sustentabilidade</p><p>2</p><p>socioambientalmente responsável para que a humanidade e o planeta Terra possam</p><p>perpetuar sua existência por muitos e muitos anos.</p><p>Disponível em: Disponível em: https://brasil.un.org/pt-br/sdgs. Acesso em: 21 set. 2022.</p><p>Para saber mais sobre as 169 metas que compõem os 17 ODS, acesse o site das Nações</p><p>Unidas Brasil:</p><p>ONU BRASIL. Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.</p><p>CAIXA DE DESTAQUE - TEXTO E LINK</p><p>2.3. OS ODS NOS PLANOS DE NEGÓCIOS DAS EMPRESAS</p><p>Como já foi dito, para o alcance dos ODS, há a necessidade da participação de gover-</p><p>nos, pessoas e empresas. De acordo com estimativa da Robeco SAM (uma empresa</p><p>internacional focada em investimentos em sustentabilidade), para obter êxito no alcan-</p><p>ce dos ODS serão necessários investimentos anuais, por 15 anos, no montante entre</p><p>5 e 7 trilhões de dólares, no mundo todo (PACTO GLOBAL REDE BRASIL, 2018). Isso</p><p>é muita grana! Para você ter ideia dessa magnitude, o PIB brasileiro, no ano inteiro de</p><p>2021, foi de US$ 1,608 trilhão, o décimo terceiro maior do mundo (ALVARENGA, 2022).</p><p>Por esse motivo, é evidente que tal valor não pode ser uma responsabilidade única dos</p><p>governos, o que abre caminho para a atuação do setor privado neste processo de tran-</p><p>sição para economias focadas em princípios de desenvolvimento sustentável.</p><p>Mas, nesse momento, você pode estar se perguntando: por qual motivo, uma empre-</p><p>sa poderia estar interessada</p><p>em contribuir com o alcance dos ODS? A resposta para</p><p>este questionamento é que o mundo e os consumidores vêm mudando, ao longo dos</p><p>últimos anos, trazendo ao mercado preferências às marcas que, de alguma forma, se</p><p>posicionam e assumem sua responsabilidade com a sociedade e o meio ambiente (AL-</p><p>TER, [s.d.]). Assim, para se perpetuarem no mercado e permanecerem na cabeça e no</p><p>coração dos consumidores (além de atraírem talentos e gerarem satisfação aos funcio-</p><p>nários), as empresas devem adotar os ODS como valor estratégico do negócio, o que</p><p>gerará benefícios econômicos para elas, além de ganhos sociais e ambientais para a</p><p>sociedade (ALTER, [s.d.]).</p><p>Claro que, por ser uma iniciativa recente, a implementação dos ODS às estratégias</p><p>organizacionais ainda é uma tarefa desafiadora. Grandes empresas precisam mudar a</p><p>mentalidade de suas lideranças, engajar todos os stakeholders (pessoas e empresas</p><p>interessadas, de alguma forma em um projeto, tais quais: fornecedores, funcionários,</p><p>clientes etc.) e estabelecer metas a serem alcançadas (PACTO GLOBAL REDE BRA-</p><p>SIL, 2018). Micro, pequenas e médias empresas precisam conhecer melhor o assunto</p><p>e se sentir parte importante do processo.</p><p>No entanto, mesmo com tantos obstáculos iniciais (comuns a qualquer mudança de</p><p>mindset organizacional), já é possível visualizar uma adaptação das estratégias organi-</p><p>https://brasil.un.org/pt-br/sdgs</p><p>49</p><p>2</p><p>Empreendedorismo Social</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>zacionais de várias empresas, no sentido do alcance dos ODS. Tanto que, muitas em-</p><p>presas estão se tornando signatárias do Pacto Global da ONU, assumindo, voluntaria-</p><p>mente, o compromisso de alinhar suas estratégias de negócio aos ODS mais relevantes</p><p>para as suas atividades.</p><p>O Pacto Global foi inaugurado pela ONU, no ano de 2000. Ele é um pedido de compromisso</p><p>para que as empresas alinhem suas ações a dez princípios universais em diversas áreas</p><p>(Meio Ambiente, Trabalho, Anticorrupção e Direitos Humanos), desenvolvendo estratégias e</p><p>práticas que enfrentem os desafios sociais e ambientais (PACTO GLOBAL, [s.d.]). É possível</p><p>se afirmar que o Pacto Global é a maior iniciativa mundial de sustentabilidade organizacional,</p><p>que, em 2022, dispunha de mais de 16 mil participantes, entre empresas e organizações,</p><p>que estavam distribuídos em 70 redes locais, inclusive no Brasil, que abrangiam 160 países</p><p>(PACTO GLOBAL, [s.d.]).</p><p>GLOSSÁRIO</p><p>A MRV (maior construtora do Brasil) é signatária do Pacto Global, adotando princípios de</p><p>desenvolvimento sustentável às suas estratégias de negócio. Ela enxerga essa adoção como</p><p>investimento (e não como custo) capaz de gerar melhores negócios. Como práticas da MRV</p><p>alinhadas aos ODS, é possível citar: a inspeção dos fornecedores (para o monitoramento de</p><p>possíveis vulnerabilidades relacionadas aos direitos humanos); a revitalização de áreas pró-</p><p>ximas aos empreendimentos imobiliários em construção (o que traz um ambiente inclusivo</p><p>e socioambientalmente responsável); a diminuição do consumo de água e aumento do seu</p><p>reuso; a utilização de painéis de energia solar nos imóveis construídos; o cálculo de emissão</p><p>de gases de efeito estufa em suas operações, com a aquisição de créditos de carbono para</p><p>compensá-la etc. (WAYCARBON, 2019).</p><p>EXEMPLO</p><p>2.4 O AVANÇO NO ALCANCE DOS ODS</p><p>De acordo com informações do Pacto Global Rede Brasil, se nada for feito, o Brasil só</p><p>atingirá a meta relacionada ao ODS 7 (energia limpa e acessível), sendo que os de-</p><p>mais16 ODS necessitam superar desafios de pequena ou grande magnitude (ALTER,</p><p>[s.d.]). Mas, como o Brasil e os outros países monitoram se conseguirão cumprir as</p><p>metas estabelecidas de um ODS? Através de indicadores estatísticos desenvolvidos</p><p>pela Comissão Estatística da ONU, chamados de Índice ODS.</p><p>O Índice ODS permite que cada país avalie a situação atual de seu pro-</p><p>gresso com relação a nações congêneres (ex.: com determinado nível de</p><p>renda ou em uma região geográfica específica), às metas dos ODS e aos</p><p>“melhores” resultados possíveis dos diversos indicadores. (SACHS et al.,</p><p>2016, p. 14)</p><p>Por exemplo, no ODS 3 (saúde e bem-estar), uma das metas estabelecidas pela ONU</p><p>([s.d.], [n.p.]) é acabar, até 2030, “[...] com as epidemias de AIDS, tuberculose, malária</p><p>e doenças tropicais negligenciadas, e combater a hepatite, doenças transmitidas pela</p><p>50</p><p>Empresa e Sociedade: Responsabilidade e Sustentabilidade</p><p>2</p><p>água, e outras doenças transmissíveis”. Para medir parte disso, o indicador estabeleci-</p><p>do mundialmente pela ONU é a incidência de tuberculose por 100.000 habitantes. Com</p><p>essa métrica estabelecida, o Brasil e os outros países fazem a coleta dos dados e os</p><p>repassam para a ONU. Só para exemplificar, a taxa de incidência de tuberculose por</p><p>100.000 habitantes, em 2019, no Brasil, estava em 36,90 (ODS BRASIL, 2022), o que</p><p>atesta que nosso país ainda não cumpriu esta meta da Agenda 2030.</p><p>Para saber mais sobre o status brasileiro no cumprimento das metas da Agenda 2030, aces-</p><p>se o Relatório dos Indicadores para os ODS, no site dos Objetivos de Desenvolvimento Sus-</p><p>tentável do Brasil:</p><p>ODS BRASIL. Relatório dos Indicadores para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.</p><p>EXEMPLO</p><p>Disponível em: https://odsbrasil.gov.br/relatorio/sintese. Acesso em: 21 set. 2022.</p><p>CONCLUSÃO</p><p>Neste capítulo, você entendeu como os países têm se conscientizado para buscar a</p><p>melhora na qualidade de vida dos seus habitantes e para preservarem o nosso planeta.</p><p>Essa conscientização está materializada nos 17 ODS da Agenda 2030 da ONU, que in-</p><p>dicam diversas metas, em várias áreas de âmbitos social, ambiental e econômico, sen-</p><p>do que vultuosos investimentos precisam ser realizados no mundo todo para atingi-las.</p><p>Isso precisa ser feito com esforços conjuntos dos governos e da iniciativa privada, sen-</p><p>do que as empresas que encararem isso como oportunidade de negócio, conseguirão</p><p>atender às necessidades de consumidores cada vez mais engajados nestas causas,</p><p>trazendo ganhos para si, para a sociedade à sua volta e para o meio ambiente.</p><p>https://odsbrasil.gov.br/relatorio/sintese</p><p>51</p><p>2</p><p>Empreendedorismo Social</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>1. Erradicação da Pobreza</p><p>2. Fome zero e agricultura sustentável</p><p>3. Saúde e bem-estar</p><p>4. Educação de qualidade</p><p>5. Igualdade de gênero</p><p>6. Água potável e saneamento</p><p>7. Energia limpa e acessível</p><p>8. Trabalho decente e crescimento econômico</p><p>9. Indústria, inovação e infraestrutura</p><p>10. Redução das desigualdades</p><p>11. Cidades e comunidades sustentáveis</p><p>12. Consumo e produção responsáveis</p><p>13. Ação contra a mudança global do clima</p><p>14. Vida na água</p><p>15. Vida terrestre</p><p>16. Paz, justiça e instituições eficazes</p><p>17. Parcerias e meios de implementação</p><p>ODSÁreas</p><p>Paz</p><p>Parcerias</p><p>Prosperidade</p><p>Planeta</p><p>Pessoas</p><p>Objetivos de</p><p>Desenvolvimento</p><p>Sustentável (ODS)</p><p>Fonte: elaborada pelo autor.</p><p>No documentário “Nações Unidas: soluções urgentes para tempos urgentes”, de 2020, o diretor</p><p>Richard Curtis mostra diversos depoimentos sobre assuntos relacionados com os Objetivos de</p><p>Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 da ONU, tais quais: pandemia do Coronavírus,</p><p>pobreza, discriminação de gênero, desigualdade social, mudança climática, direitos humanos e</p><p>justiça. Personalidades como Malala Yousafzai (ganhadora do Prêmio Nobel da Paz, em 2014),</p><p>Beyoncé e Julia Roberts, além de líderes da ONU, falam sobre fatos concretos relacionados a</p><p>esses assuntos, bem como a necessidade de soluções para tais problemas.</p><p>Fonte: NAÇÕES UNIDAS: SOLUÇÕES URGENTES PARA TEMPOS URGENTES. Direção de Richard Curtis.</p><p>Londres: 72 Films, 2020.</p><p>DICA</p><p>52</p><p>Empresa e Sociedade: Responsabilidade e Sustentabilidade</p><p>2 Para entender melhor como o Índice de ODS é formulado e quais são as metas que geram os</p><p>indicadores dos ODS da Agenda 2030, recomenda-se a leitura do Relatório Global “Índice e</p><p>Painéis de ODS” (material em português), elaborado pela equipe técnica do Conselho de Lide-</p><p>rança da SDSN e da Bartlesmann Stiftung, grupos que pesquisam e noticiam dados relaciona-</p><p>dos ao futuro da humanidade. O material traz a posição de cada país na largada para o alcance</p><p>dos ODS, mostrando que os objetivos da Agenda 2030 necessitarão de uma agenda extensa</p><p>de ações tanto para os países desenvolvidos quanto para aqueles em desenvolvimento.</p><p>SACHS, J.; SCHMIDT-TRAUB, G.; KROLL, C.; DURAND-DELACRE, D.; TEKSOZ, K. SDG</p><p>Index and Dashboards – Global Report. New York: Bertelsmann Stiftungand Sustainable</p><p>Development Solutions Network, 2016.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Disponível em: https://www.economia.df.gov.br/wp-conteudo/uploads/2018/01/ODS-in-</p><p>dicadores.pdf. Acesso em: 21 set. 2022.</p><p>A Natura possui uma linha de produtos, 100% vegano, para cuidar do corpo e do cabelo,</p><p>que utiliza matéria-prima advinda da Amazônia, cultivada de forma totalmente sustentável e</p><p>que respeita todos os princípios que regem atividades comerciais éticas e socioambiental-</p><p>mente responsáveis: a Natura Ekos. Essa linha de produtos da Natura assumiu o desafio de</p><p>desenvolver alternativas para contribuir com o desenvolvimento da região amazônica, tendo</p><p>ações relacionadas a 10 ODS da Agenda 2030. Assim, a estratégia de negócios da Natura</p><p>Ekos apresenta resultados relacionados à: erradicação de pobreza (via parceria com mais de</p><p>2.000 famílias da região, gerando trabalho e renda); fome zero e agricultura sustentável (via</p><p>modelos de produção que garantem a segurança alimentar das comunidades envolvidas);</p><p>saúde e bem-estar (via disponibilização de água tratada nas comunidades, contribuindo para</p><p>uma vida mais saudável); educação de qualidade (via oferecimento de ensino técnico, médio</p><p>e inclusão digital para mais de 600 famílias da região); igualdade de gênero (via incentivo</p><p>às lideranças femininas na Amazônia e oportunidade de capacitação, trabalho e renda para</p><p>elas); água potável e saneamento (via parceria com o governo federal que levou infraestrutu-</p><p>ra de saneamento básico e água potável para 500 famílias amazônicas); trabalho descente</p><p>e crescimento econômico (via empregos diretos e indiretos gerados); indústria, inovação e</p><p>infraestrutura (via instalação de cadeias produtivas de sustentabilidade na região); redução</p><p>das desigualdades (via geração de riquezas para as comunidades da Amazônia); e cidades</p><p>e comunidades sustentáveis (via ações de reciclagem do lixo).</p><p>Fonte: NATURAEkos e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. NATURA CAMPUS, [Online], [s.d.].</p><p>IMPORTANTE</p><p>Disponível em: http://www.naturacampus.com.br/cs/naturacampus/post/2016-11/natu-</p><p>ra-ekos-desenvolvimento-sustentavel. Acesso em: 22 set. 2022.</p><p>https://www.economia.df.gov.br/wp-conteudo/uploads/2018/01/ODS-indicadores.pdf</p><p>https://www.economia.df.gov.br/wp-conteudo/uploads/2018/01/ODS-indicadores.pdf</p><p>http://www.naturacampus.com.br/cs/naturacampus/post/2016-11/natura-ekos-desenvolvimento-sustentavel</p><p>http://www.naturacampus.com.br/cs/naturacampus/post/2016-11/natura-ekos-desenvolvimento-sustentavel</p><p>53</p><p>2</p><p>Empreendedorismo Social</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>3. SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL E FINANCEIRA</p><p>Falar de sustentabilidade ambiental no Brasil parece algo distante, enquanto diariamen-</p><p>te nos deparamos com pessoas vivendo da coleta do lixo orgânico e inorgânico na porta</p><p>de residências.</p><p>Vellani e Ribeiro (2009) afirmam que no contexto dos negócios, a sustentabilidade pode</p><p>ter três dimensões: a econômica, a social e a ecológica/ambiental que são conhecidas</p><p>internacionalmente como Triple Bottom Line (TBL) da sustentabilidade. O conceito re-</p><p>flete sobre a necessidade de as empresas ponderarem em suas decisões estratégicas</p><p>nestas três dimensões, mantendo:</p><p>` a sustentabilidade econômica ao administrar empresas rentáveis e produtoras</p><p>de valor;</p><p>` a sustentabilidade social ao estimular espaços de sociabilidade para a comu-</p><p>nidade, possibilitando educação, lazer, cultura, e contribuindo e promovendo a</p><p>justiça social;</p><p>` sustentabilidade de cunho ecológico visando a manutenção da diversidade em</p><p>ecossistemas vivos.</p><p>Os autores indicam que as características e a sustentabilidade das comunidades são</p><p>o resultado das interações entre o meio ambiente, a economia e a sociedade. Assim,</p><p>muitas empresas interessadas no desenvolvimento sustentável podem investir no tripé</p><p>da sustentabilidade, os âmbitos econômico, social e ambiental.</p><p>O termo “sustentabilidade” é um conceito que visa basicamente suprir as necessidades</p><p>do presente sem afetar as gerações futuras.</p><p>Como exemplo: ao olhar pelas câmeras de segurança identificamos um catador de</p><p>reciclados abrindo o saco de lixo (ambiental) e comendo os restos de alimentos que</p><p>ali estavam. Após saciar sua fome (necessidade básica - econômico), levou consigo</p><p>os reciclados (meio ambiente) que estavam armazenados para a coleta seletiva de</p><p>lixo (trabalho honesto e digno). Talvez, se ele tivesse pedido uma refeição, receberia</p><p>um não. Talvez se quisesse trabalhar na formalidade, cumprindo regras, horários teria</p><p>pedido um trabalho com carteira assinada.</p><p>Nesse contexto é possível perceber que a sustentabilidade não se restringe ao meio</p><p>ambiente, ela possui apontamentos importantes sobre o meio social, político e eco-</p><p>nômico. O seu princípio pode ser aplicado a qualquer empresa, ou em uma pequena</p><p>comunidade e até o planeta inteiro.</p><p>Analisando o cenário apresentado pelos autores ressaltamos que o empreendedor deve</p><p>estar atento ao entorno da sua empresa, gerar emprego local, fazer a segurança do seu</p><p>negócio, estar comprometido e fazer investimentos em sustentabilidade ambiental e</p><p>sobreviver financeiramente.</p><p>54</p><p>Empresa e Sociedade: Responsabilidade e Sustentabilidade</p><p>2</p><p>3.1. DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E LUCRATIVIDADE</p><p>A busca de retorno financeiro está na visão de qualquer empreendedor, ou a sensação</p><p>de achar que pode mudar o mundo, com pouco.</p><p>Para Ribeiro (2006, p. 210), a ideia do desenvolvimento sustentável deve ser compatí-</p><p>vel com as condições adequadas para garantir a sobrevivência desta e de futuras gera-</p><p>ções. Para que essa ideia se torne real, será necessário que, entre as alternativas que</p><p>possam favorecer as empresas, estejam os investimentos em pesquisa de novas tec-</p><p>nologias capazes de reduzir, se não eliminar, a poluição, bem como reverter os efeitos</p><p>já causados; transferência de tecnologias, essencialmente, de grandes para pequenas</p><p>empresas, de países desenvolvidos para países em desenvolvimento ou em crise, de</p><p>forma a acelerar a aplicação de mecanismos mais avançados na elaboração, aplicação</p><p>e fiscalização, inclusive de legislações ambientais; e, principalmente, a conscientização</p><p>da sociedade sobre os riscos resultantes do desrespeito ao meio ambiente.</p><p>No Brasil existem algumas leis como:</p><p>1. Lei da Política Nacional do Meio Ambiente – nº 6.938 de 17/01/1981;</p><p>2. Lei dos Crimes Ambientais – nº 9.605 de 12/02/1998;</p><p>3. Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos – nº 12.365 de 02/08/2010;</p><p>4. Lei de Recursos Hídricos – nº 9.433 de 08/01/1997;</p><p>5. Lei dos Agrotóxicos. nº 9.974/2000;</p><p>6. Código Florestal Brasileiro, o primeiro, data de 1934, 1965, 1986, 2012, dentre outras</p><p>leis;</p><p>7. Lei Da Política Nacional de Saneamento Básico, Lei 11445/2007.</p><p>Nada melhor do que aprender com a prática de grandes corporações e demonstrar o</p><p>que é a Sustentabilidade, e como colocamos em prática no empreendimento social.</p><p>Unindo sustentabilidade e produto.</p><p>PARA REFLETIR</p><p>Disponível em: https://papelsemente.com.br/blog/produtos-sustentaveis-inovadores/.</p><p>Acesso em: 04 nov. 2022.</p><p>Para a Natura (empresa), a visão de Sustentabilidade em 2030, será: “o Compromisso</p><p>com a Vida”. A empresa informa que “olha para o futuro” e cria um plano de ação ime-</p><p>diato. Fazem parte do grupo, as seguintes empresas: Avon, Natura, The Body Shop e</p><p>Aesop. Essas empresas assumiram coletivamente uma meta ambiciosa a ser cumprida</p><p>em dez anos e que contem planos de ação para importantes desafios, tais como o</p><p>https://papelsemente.com.br/blog/produtos-sustentaveis-inovadores/</p><p>55</p><p>2</p><p>Empreendedorismo Social</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>aquecimento global, a ainda profunda</p><p>e persistente desigualdade social e o desapa-</p><p>recimento da biodiversidade, com destaque para o caso amazônico (NATURA, 2020).</p><p>Ressaltamos aqui que a origem da base da matéria prima dessas empresas vem da</p><p>“natureza”, plantio, colheita. Então preservar a “Amazônia” para ter matéria prima no</p><p>futuro e contribuir como o aquecimento global (o que talvez possa ser uma estratégia</p><p>de marketing).</p><p>O Relatório Anual Natura 2020 expressa a trajetória rumo à geração de impacto positivo,</p><p>conforme a Visão 2050 e as prioridades elencadas para a próxima década pela Visão 2030</p><p>da Natura e pelo Compromisso com a Vida de Natura &Co. Também são referências os</p><p>princípios do Pacto Global, da Organização das Nações Unidas (ONU), iniciativa que elenca</p><p>os Objetivos de Desempenho Sustentável (ODS). GRI 102-46 Alinhado ao padrão da Glo-</p><p>bal Reporting Initiative (GRI), metodologia para a comunicação da sustentabilidade adotado</p><p>desde 2001.</p><p>NATURA. Relatório Integrado Natura &Co America Latina 2021</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Disponível em: https://www.natura.com.br/relatorio-anual. Acesso em: 01 out. 2022.</p><p>3.2. DESEMPENHO ECONÔMICO, AMBIENTAL E SOCIAL</p><p>No entanto, não é tão simples conciliar o desenvolvimento econômico com o desenvol-</p><p>vimento sustentável, pois, para muitas empresas, investir em treinamentos (pessoas) e</p><p>tecnologia pode gerar aumento de custos e de investimentos.</p><p>Ilha das flores.</p><p>DICA</p><p>Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=eUEfBLRT37k. Acesso em: 01 out. 2022.</p><p>Partindo da proposta apresentada pela ONU (2022) os objetivos definidos para o De-</p><p>senvolvimento Sustentável mundial será o apelo global à ação para:</p><p>` Acabar com a pobreza;</p><p>` Proteger o meio ambiente;</p><p>` Clima;</p><p>` E garantir que as pessoas, em todos os lugares, possam desfrutar de paz e de</p><p>prosperidade.</p><p>https://www.natura.com.br/relatorio-anual</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=eUEfBLRT37k</p><p>56</p><p>Empresa e Sociedade: Responsabilidade e Sustentabilidade</p><p>2</p><p>Estes são os objetivos definidos pelas Nações Unidas para que o Brasil consiga atingir</p><p>até 2030: ressaltamos que se trata de algo que envolve fatores ligados à política públi-</p><p>ca, educação e sociedade, sendo:</p><p>1. Erradicação da pobreza;</p><p>2. Fome zero e agricultura sustentável;</p><p>3. Saúde e bem-estar;</p><p>4. Educação de qualidade;</p><p>5. Igualdade de gênero;</p><p>6. Água potável e saneamento;</p><p>7. Energia limpa e acessível;</p><p>8. Trabalho descente e crescimento econômico;</p><p>9. Indústria, inovação e infraestrutura;</p><p>10. Redução das desigualdades;</p><p>11. Cidades e comunidades sustentáveis;</p><p>12. Consumo e produção sustentáveis;</p><p>13. Ação contra a mudança global do clima;</p><p>14. Vida na água;</p><p>15. Vida terrestre;</p><p>16. Paz, justiça e instituições eficazes;</p><p>17. Parcerias e meios de implantação.</p><p>3.3. NORMA DE ADESÃO VOLUNTÁRIA</p><p>Qualquer empresa que queira melhorar sua atuação no mercado em termos locais/</p><p>globais pode aderir ao pacto global, basta preencher os formulários. Sugere-se que as</p><p>empresas criem indicadores que possam ser trabalhados no tocante às melhorias que</p><p>possam ser implantadas no decorrer de vários anos.</p><p>Cartilha busca promover a integridade no setor de Limpeza Urbana.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Disponível em: https://www.pactoglobal.org.br/noticia/283/cartilha-busca-promover-a-</p><p>-integridade-no-setor-de--limpeza-urbana. Acesso em: 04 out. 2022.</p><p>https://www.pactoglobal.org.br/noticia/283/cartilha-busca-promover-a-integridade-no-setor-de--limpeza-urbana</p><p>https://www.pactoglobal.org.br/noticia/283/cartilha-busca-promover-a-integridade-no-setor-de--limpeza-urbana</p><p>57</p><p>2</p><p>Empreendedorismo Social</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Toda empresa tem um ciclo de vida, nasce, cresce e se fortalece. Na medida que a</p><p>empresa nasce, desenvolve seu produto e seu mercado, ela vai se estabilizando e de-</p><p>senvolvendo indicadores que sinalizam onde investir e melhorar em função da gestão</p><p>de pessoas, da localização, da produção, do escoamento, da logística, do marketing e</p><p>das finanças e do mercado local, nacional e internacional.</p><p>De acordo com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (2022), o Programa de</p><p>Empreendedorismo Social (PES) promove o desenvolvimento e a implantação de me-</p><p>canismos de financiamento que fornecem soluções sustentáveis para os problemas</p><p>socioeconômicos que afetam as populações pobres e marginalizadas. O PES fornece</p><p>financiamento através de organizações parceiras locais para indivíduos e grupos que</p><p>normalmente não têm acesso a empréstimos comerciais ou de desenvolvimento sob</p><p>as condições normais de mercado. Neste programa, o Banco concede empréstimos e</p><p>subvenções a empresas privadas, sem fins de lucros e organizações locais ou regionais</p><p>que fornecem serviços financeiros, comerciais, sociais e de desenvolvimento comunitá-</p><p>rio a populações desfavorecidas. O PES oferece cerca de US$ 10 milhões em financia-</p><p>mento a cada ano para projetos em 26 países da América Latina e Caribe.</p><p>O pacto global disponibiliza as ferramentas e os conhecimentos necessários para transfor-</p><p>mar as metas globais de sustentabilidade em estratégias de negócios.</p><p>IMPORTANTE</p><p>Disponível em: https://www.pactoglobal.org.br/assets/docs/cartilha_pacto_global.pdf.</p><p>Acesso em: 03 out. 2022.</p><p>3.4. RELATÓRIOS DE PRESTAÇÃO DE CONTAS</p><p>Para qualquer gestor entender, a governança corporativa faz parte de qualquer proces-</p><p>so organizacional. Os temas se entrelaçam quando falamos de sustentabilidade, meio</p><p>ambiente, atuação social, governança corporativa, compromissos e o relatório anual de</p><p>prestação de contas.</p><p>De acordo com a Norma de Padronização Internacional de Contabilidade, (International</p><p>Financial Reporting Standards) (IFRS), encontra-se em desenvolvimento um plano de</p><p>trabalho para elaboração de um conjunto de normas de divulgação de informações</p><p>sobre sustentabilidade.</p><p>A intenção é que essas normas contábeis possam fornecer informações de qualidade,</p><p>e com transparência.</p><p>Outro aspecto importante tratado na normatização é que as informações possam ser com-</p><p>paráveis nas demonstrações financeiras e nas divulgações de informações de sustenta-</p><p>bilidade (econômica, financeira e ambiental) e que sejam úteis para investidores e outros</p><p>participantes dos mercados de capitais mundiais na tomada de decisões econômicas.</p><p>Mesmo que seja quase que impossível fazer comparação entre empresas de mesmo</p><p>setor, ou de setores diferentes, ou comparar por exemplo uma indústria metalúrgica</p><p>com uma instituição financeira.</p><p>https://www.pactoglobal.org.br/assets/docs/cartilha_pacto_global.pdf</p><p>58</p><p>Empresa e Sociedade: Responsabilidade e Sustentabilidade</p><p>2 IFRS, Normas Internacionais de Contabilidade. Foundation.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Disponível em: https://www.ifrs.org/content/dam/ifrs/about-us/legal-and-governance/</p><p>constitution-docs/ifrs-foundation-constitution-2021.pdf. Acesso em: 05 out. 2022.</p><p>De acordo com Conselho Federal de Contabilidade (2003, p. 78) o processo de pres-</p><p>tação de contas deve contemplar um conjunto de relatórios e de documentos e in-</p><p>formações disponibilizados pelos dirigentes das entidades aos órgãos interessados</p><p>e autoridades, de forma a possibilitar a apreciação, conhecimento e julgamento das</p><p>contas e da gestão dos administradores das entidades, segundo as competências</p><p>(averiguação/fiscalização) de cada órgão e autoridade, na periodicidade estabelecida</p><p>no estatuto social ou na lei.</p><p>O artigo 70 da Constituição Federal (CF) de 1988, em seu parágrafo único, define:</p><p>[...] tem a obrigação de prestar contas: Prestará contas qualquer pessoa</p><p>física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie</p><p>ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União res-</p><p>ponda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária.</p><p>A não prestação de contas pode acarretar multas e à ação civil de improbidade administrativa.</p><p>É ressaltado pelo art. XXXIII, da CF/88, que:</p><p>[...] todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu in-</p><p>teresse particular, ou de interesse coletivo ou gera prazo da lei, sob pena</p><p>de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível</p><p>à</p><p>segurança da sociedade e do Estado.</p><p>Cartilha de prestação de contas.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Disponível em: https://www.mpse.mp.br/wp-content/uploads/2020/04/Cartilha-de-Pres-</p><p>ta%C3%A7%C3%A3o-de-Contas.pdf. Acesso em: 02 out. 2022.</p><p>https://www.ifrs.org/content/dam/ifrs/about-us/legal-and-governance/constitution-docs/ifrs-foundation-constitution-2021.pdf</p><p>https://www.ifrs.org/content/dam/ifrs/about-us/legal-and-governance/constitution-docs/ifrs-foundation-constitution-2021.pdf</p><p>https://www.mpse.mp.br/wp-content/uploads/2020/04/Cartilha-de-Presta%C3%A7%C3%A3o-de-Contas.pdf</p><p>https://www.mpse.mp.br/wp-content/uploads/2020/04/Cartilha-de-Presta%C3%A7%C3%A3o-de-Contas.pdf</p><p>59</p><p>2</p><p>Empreendedorismo Social</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Quadro 01. Modelos de exemplos de prestação de contas</p><p>EMPRESA NOME FONTE</p><p>AMA Ribeirão</p><p>Preto Portal da Transparência https://amaribeirao.org.br/</p><p>Banco</p><p>Interamericano</p><p>de</p><p>Desenvolvimento</p><p>Relatório de Sustentabilidade</p><p>do Banco Interamericano de</p><p>Desenvolvimento 2020: Anexo da</p><p>Iniciativa de Relatórios Globais</p><p>https://publications.iadb.org/publications/english/</p><p>document/Inter-American-Development-Bank--</p><p>Sustentabilty-Report-2020-Global-Reporting-</p><p>Initiative-Annex.pdf</p><p>DOHLER Sustentabilidade https://www.doehler.com/pt/sustentabilidade.html</p><p>GERDAU Sustentabilidade https://www2.gerdau.com.br/sustentabilidade/#</p><p>IBASE Relatórios https://ibase.br/prestacao-de-contas/relatorios/</p><p>Natura GRI</p><p>chrome-extension://efaidnbmnnnibpcajpcglcle-</p><p>findmkaj/https://static.rede.natura.net/html/sitecf/</p><p>br/05_2021/relatorio_anual/Relatorio_Anual_Na-</p><p>tura_GRI_2020.pdf</p><p>Ouro Fino Sustentabilidade / Informações</p><p>Financeiras https://ri.ourofino.com/default.aspx</p><p>Qualicorp Relatório Anual de Sustentabili-</p><p>dade</p><p>https://ri.qualicorp.com.br/governanca-corporativa/</p><p>relatorio-anual-de-sustentabilidade/</p><p>Pipa Social Balancetes https://www.pipasocial.org.br/?gclid=Cj0KCQjw-</p><p>qoibBhDUARI</p><p>Santa Casa Balanço Social</p><p>chrome-extension://efaidnbmnnnibpcajpcglcle-</p><p>findmkaj/https://www.santacasasp.org.br/portal/</p><p>wp-content/uploads/2022/07/Balanco-Social-San-</p><p>ta-Casa-de-Sao-Paulo.pdf</p><p>Fonte: adaptado de pesquisas realizadas nos sites das empresas. Acesso em: 03 jan. 2023.</p><p>CONCLUSÃO</p><p>No contexto dos negócios, pensar em sustentabilidade parece algo distante nos grandes</p><p>centros onde uma camada da população vem em busca de uma condição de vida melhor.</p><p>Não é difícil encontrar pessoas dormindo em barraca ou embaixo de uma ponte, ou</p><p>morando em comunidade ou em um bairro planejado de baixo custo para atender os</p><p>menos favorecidos.</p><p>Não se pode generalizar quando se fala em menos favorecidos: a empresa fornece o</p><p>vale transporte, cesta básica, vale alimentação/refeição, auxílio creche, convênio médi-</p><p>co, odontológico, dentre outros benefícios.</p><p>Algumas empresas também fornecem alfabetização, cursos de reciclagem profissional,</p><p>treinamentos, bolsas de estudos para graduação e pós-graduação dando oportunidade</p><p>de crescimento profissional.</p><p>Um olhar aprofundado na realidade nos remete às três dimensões da sustentabilidade:</p><p>a econômica, a social e a ecológica/ambiental; esse cenário de instabilidades reflete</p><p>sobre a necessidade das empresas ponderarem em suas decisões estratégicas nestas</p><p>três dimensões pensando no desenvolvimento social e na lucratividade.</p><p>60</p><p>Empresa e Sociedade: Responsabilidade e Sustentabilidade</p><p>2</p><p>Como falar em lucratividade, resultado financeiro e não menos importante a sustentabi-</p><p>lidade econômica ao gerenciar a empresa e fazer com que ela seja lucrativa e que gere</p><p>valor aos acionistas, investidores e a sociedade.</p><p>A empresa se torna responsável por assumir o papel do Estado na gestão da susten-</p><p>tabilidade social estimulando a educação, cultura, lazer e justiça social à comunidade.</p><p>Por meio das boas práticas de gestão, compliance faz investimentos em pesquisas para</p><p>contribuir com a sustentabilidade ecológica e manter ecossistemas vivos, clima, água,</p><p>ar e com a diversidade.</p><p>Além de a empresa pagar seus impostos e contribuições abraça uma responsabilidade</p><p>que deveria ser o papel do Estado e dos Munícipios no atendimento aos mais neces-</p><p>sitados, além de cumprir seu papel social ainda é capaz de fornecer computadores,</p><p>comprar equipamentos médico hospitalar, pagar médicos, psicólogos dentre outros pro-</p><p>fissionais para que Ongs permaneçam abertas.</p><p>61</p><p>2</p><p>Empreendedorismo Social</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS</p><p>A iniciativa. 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FEAPAES Informa - Boletim Informativo da Federação das APAEs do Estado do Espírito</p><p>Santo, Vitória, p. 4, 02 mar. 2003a.</p><p>BOFFO, R.; PATALANO, R. ESG Investing: Practices, Progress and Challenges. OECD, Paris, 2020. Dis-</p><p>ponível em: https://www.oecd.org/finance/ESG-Investing-Practices-Progress-Challenges.pdf. Acesso em: 09</p><p>nov. 2022.</p><p>BRASIL. Lei nº 11.127, de 28 de junho de 2005. Altera os arts. 54, 57, 59, 60 e 2.031 da Lei no 10.406, de 10</p><p>de janeiro de 2002, que institui o Código Civil, e o art. 192 da Lei no 11.101, de 9 de fevereiro de 2005, e dá</p><p>outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11127.htm.</p><p>Acesso em: 06 dez. 2022.</p><p>BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Emendas Constitucionais de Revisão.</p><p>Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 06 dez. 2022.</p><p>BRUNDTLAND, G. H. Nosso futuro comum: comissão mundial sobre meio ambiente e desenvolvimento. 2.</p><p>ed. Rio de Janeiro: FGV, 1991.</p><p>CIMENTI, Carolina. Mulheres abandonam famílias para fugir de casamento forçado na Europa. Jus Brasil,</p><p>[S.I.], 2012. Disponível em: https://arpen-sp.jusbrasil.com.br/noticias/3075112/mulheres-abandonam-fami-</p><p>lias-para-fugir-de-casamento-forcado-na-europa#:~:text=Entre%205%20mil%20e%208,do%20Centro%20</p><p>de%20Justi%C3%A7a%20Tahirih. Acesso em: 20 set. 2022.</p><p>COMISSÃO de Direito do Terceiro Setor. Cartilha do Terceiro Setor. 2. ed. São Paulo, 2007. Disponível em:</p><p>https://fundacoes.mppr.mp.br/arquivos/File/cartilha_OAB.pdf. Acesso em: 06 dez. 2022.</p><p>COMO construções sustentáveis contribuem para os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU?.</p><p>Greenbuilding Brasil, [S.I.], 15 out. 2020. Disponível em: https://www.gbcbrasil.org.br/como-as-constru-</p><p>coes-sustentaveis-contribuem-para-os-objetivos-de-desenvolvimento-sustentavel-da-onu/#:~:text=Em%20</p><p>2016%2C%20a%20ONU%20prop%C3%B4s,poss%C3%ADvel%20com%20as%20constru%C3%A7%-</p><p>-C3%B5es%20sustent%C3%A1veis. Acesso em: 01 out. 2022.</p><p>COMO os ODS criam oportunidades de negócio? ALTER Conteúdo Relevante, [S.I.], [s.d.]. Disponível em:</p><p>https://www.pactoglobal.org.br/a-iniciativa</p><p>https://www.pactoglobal.org.br/a-iniciativa</p><p>https://g1.globo.com/economia/noticia/2022/03/04/brasil-cai-para-a-13a-posicao-no-ranking-de-maiores-economias-do-mundo.ghtml</p><p>https://g1.globo.com/economia/noticia/2022/03/04/brasil-cai-para-a-13a-posicao-no-ranking-de-maiores-economias-do-mundo.ghtml</p><p>https://www.oecd.org/finance/ESG-Investing-Practices-Progress-Challenges.pdf</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11127.htm</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm</p><p>https://fundacoes.mppr.mp.br/arquivos/File/cartilha_OAB.pdf</p><p>de</p><p>História e já ministrou disciplinas relacionadas ao Funcionamento do Estado Moderno e</p><p>Escrita Criativa. Tem experiência na organização, em colaboração com professores de</p><p>rede privada de ensino, de eventos de Simulação das Nações Unidas para alunos do</p><p>Ensino Médio além de ter participado e orientado alunos nas últimas Olimpíadas Nacio-</p><p>nais em História do Brasil (ONHB). É historiador sob o registro 004810/SP.</p><p>SUMÁRIO</p><p>UNIDADE 01: BRASIL: SOCIEDADE, ECONOMIA, POLÍTICA E EMPREENDEDO-</p><p>RISMO SOCIAL ........................................................................................................8</p><p>1. Recentes Transformações Socioeconômicas e Antropológicas ..........................8</p><p>2. Cenário Socioeconômico Brasileiro e o Surgimento do Empreendedorismo Social 16</p><p>3. Políticas Sociais Brasileiras ................................................................................24</p><p>UNIDADE 02: EMPRESA E SOCIEDADE: RESPONSABILIDADE E SUSTENTABI-</p><p>LIDADE ......................................................................................................................36</p><p>1. Responsabilidade Social e Conceituação Sobre ESG – Environmental, Social &</p><p>Governance ............................................................................................................36</p><p>2. Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (onu) ...............................................43</p><p>3. Sustentabilidade Ambiental e Financeira ............................................................53</p><p>UNIDADE 03: PLANEJAMENTO E GESTÃO DE NEGÓCIOS COM IMPACTO</p><p>SOCIAL .............................................................................................................64</p><p>1. Negócios com Impacto Social .............................................................................64</p><p>2. Modelo de Negócios Sociais e Business Model Generation ...............................72</p><p>3. Planejamento e Ferramentas para Gestão de Projetos ......................................85</p><p>4. Planos de Negócios para Organizações Sociais ................................................95</p><p>UNIDADE 04: EDUCAÇÃO, INOVAÇÃO E TENDÊNCIAS NO EMPREENDEDO-</p><p>RISMO SOCIAL ........................................................................................................112</p><p>1. Inovação Aplicada aos Negócios Sociais ............................................................112</p><p>2. Gestão de Organizações não Governamentais ..................................................121</p><p>3. Educação Empreendedora – o Ensino do Empreendedorismo na Escola .........128</p><p>4. Tendências: Economia Colaborativa e Consumo Consciente .............................135</p><p>8</p><p>Brasil: Sociedade, Economia, Política e Empreendedorismo Social</p><p>1</p><p>UNIDADE 1</p><p>BRASIL: SOCIEDADE,</p><p>ECONOMIA, POLÍTICA E</p><p>EMPREENDEDORISMO SOCIAL</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>Nesta unidade, veremos o que são aspectos socioeconômicos e antropológicos e quais</p><p>as principais transformações relacionadas a eles que vêm acontecendo no Brasil e no</p><p>mundo, sendo que tais mudanças acabam por gerar informações precisas para que a</p><p>iniciativa pública tome ações assertivas no sentido de promover a melhoria das condições</p><p>de vida das pessoas, construindo uma sociedade mais equilibrada, justa e inclusiva.</p><p>Será abordado, também, o que é o empreendedorismo social, a forma híbrida que ele tem</p><p>de agregar valor para a sociedade, bem como o contexto histórico em que os empreendi-</p><p>mentos sociais surgiram no Brasil e as perspectivas para eles nos próximos anos.</p><p>Veremos, ainda, o que são as políticas sociais e como o governo se envolve com as</p><p>questões sociais. Esses entendimentos serão ilustrados pelos aspectos históricos re-</p><p>lacionados ao sistema de proteção social brasileiro, deixando claro de que forma as</p><p>políticas sociais podem ser agrupadas em eixos para que sejam mais bem analisadas</p><p>e implementadas. Bons estudos!</p><p>1. RECENTES TRANSFORMAÇÕES SOCIOECONÔMICAS E</p><p>ANTROPOLÓGICAS</p><p>Os seres humanos e as sociedades estão em constante transformação. Para com-</p><p>preendermos os impactos e desdobramentos de sermos seres biológicos e sociais,</p><p>neste capítulo necessário nos aprofundarmos em determinadas questões e realizarmos</p><p>algumas diferenciações como, por exemplo, determinar o que são aspectos socioeco-</p><p>nômicos e o que são aspectos antropológicos. Que transformações relacionadas a tais</p><p>aspectos vêm ocorrendo no Brasil e no mundo? O capítulo visa responder a esta ques-</p><p>tão e, também, analisar as consequências que estas mudanças geram para a tomada</p><p>de decisões e ações por parte da iniciativa pública que tem o intuito de melhorar a vida</p><p>das pessoas e construir uma sociedade mais justa, inclusiva e digna para todos.</p><p>1.1. O QUE SÃO ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS E</p><p>ANTROPOLÓGICOS?</p><p>Não há dúvidas de que o homem é um ser biológico, certo? Sim, o ser humano é um</p><p>animal racional que vive no planeta Terra, estando inserido na natureza e transforman-</p><p>do-a para que suas necessidades sejam satisfeitas (relação homem x natureza). Tam-</p><p>bém é inegável que o homem é um ser social, já que ele vive junto com outros, comu-</p><p>nicando-se, cumprindo seus afazeres cotidianos, relacionando-se, ou seja, vivendo em</p><p>sociedade (relação homem x homem).</p><p>9</p><p>1</p><p>Empreendedorismo Social</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Quem não gosta de viajar para a praia com a família; fazer um happy hour com os amigos</p><p>no final do expediente; ir ao estádio de futebol para torcer pelo seu time junto com outros</p><p>inúmeros torcedores; estar em comunhão, em um local religioso, com outras pessoas que</p><p>professam da mesma fé; jantar com o cônjuge? É fácil imaginar que a grande maioria das</p><p>pessoas aprecia estes momentos de convívio social. Mas, por qual motivo o ser humano</p><p>precisa destas situações sociais? Que tipo de aprendizado elas podem trazer para a espécie</p><p>humana? Reflita sobre o assunto!</p><p>PARA REFLETIR</p><p>Agora, é importante que você compreenda que, à medida que a sociedade enfrenta</p><p>transformações históricas, o ser humano também é transformado. Sem precisar voltar</p><p>tanto no tempo, na época de nossas avós e bisavós, as pessoas faziam coisas que</p><p>seriam inimagináveis nos dias de hoje: fumar era um hábito refinado e cult (inclusive,</p><p>durante a gravidez!); dirigir sem cinto de segurança era uma prática comum; ir ao mer-</p><p>cado sem dinheiro não era problema porque o proprietário do estabelecimento vendia</p><p>fiado, marcando tudo na caderneta da família do comprador, já que estava seguro que</p><p>o chefe da casa iria quitar aquele valor o mais rápido possível; para não estragar, arma-</p><p>zenava-se a carne em latas preenchidas com banha de porco.</p><p>Estas mudanças de hábitos vivenciadas pelos seres humanos acontecem de forma</p><p>ininterrupta, estando muito ligadas a aspectos socioeconômicos e antropológicos. As-</p><p>sim, para iniciarmos esta discussão, você já parou para pensar o que são aspectos</p><p>socioeconômicos? Aspectos socioeconômicos são aqueles que impactam tanto a or-</p><p>dem social quanto a financeira (econômica) de um indivíduo, sociedade ou local. Eles</p><p>estão ligados a variáveis econômicas, sociológicas, educativas, de saúde, trabalhistas</p><p>etc. que podem ser mensuradas por índices, tais quais: o Produto Interno Bruto (PIB), a</p><p>taxa de desemprego, a renda per capita, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), o</p><p>Coeficiente de Gini, entre outros.</p><p>- PIB: é a soma de todos os bens e serviços finais produzidos em algum lugar (país, região</p><p>estado ou município), em determinado período de tempo (um mês, um semestre, um ano).</p><p>- Taxa de desemprego: é o índice que mostra a proporção de pessoas desempregadas em</p><p>relação às pessoas que estão em uma faixa etária que as permite trabalhar.</p><p>- Renda per capita: mostra a média de renda de uma pessoa, sendo calculada por toda a</p><p>riqueza econômica gerada em um país dividida pelo número de habitantes dele. Por ser um</p><p>índice feito pelo cálculo de uma média, a renda per capita não consegue mostrar possíveis</p><p>problemas relacionados à distribuição de renda.</p><p>- IDH: índice que mostra o nível de desenvolvimento de uma sociedade com base em dados</p><p>de saúde, renda</p><p>62</p><p>Empresa e Sociedade: Responsabilidade e Sustentabilidade</p><p>2</p><p>https://www.alterconteudo.com.br/como-os-ods-criam-oportunidades-de-negocios/. Acesso em: 21 set. 2022.</p><p>COMO os ODS vêm sendo incorporados pelas empresas? WAYCARBON, [Online], 28 mar. 2019. Disponível</p><p>em: https://blog.waycarbon.com/2019/03/ods-incorporados-pelas-empresas/. Acesso em: 21 set. 2022.</p><p>CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Manual de Procedimentos Contábeis para Fundações e</p><p>Entidades de Interesse Social. Brasília: CFC, 2003.</p><p>DIAS, R. Responsabilidade Social: Fundamentos e gestão. São Paulo: Atlas, 2012. E-book.</p><p>ENVIRONMENTAL, Social and Governance (ESG). PWC, [S. I.], 2022. Disponível em: https://www.pwc.com/gx/</p><p>en/issues/esg.html?WT.mc_id=CT3-PL300-DM1-TR2-LS4-ND30-TTA9-CN_the-new-equation-esg&gclid=C-</p><p>j0KCQjwvZCZBhCiARIsAPXbajso_svmHRFPizi61rGiCAAmQ9js47_n5SjTxOFGVQDYsRbXJKR2MQwaA-</p><p>qKhEALw_wcB&gclsrc=aw.ds. Acesso em: 15 set. 2022.</p><p>FIGUEIREDO, S.; CAGGIANO, P. C. Controladoria: teoria e prática. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2004.</p><p>FUNDAÇÃO Nacional da Qualidade (FNQ). Critérios de Excelência. São Paulo, 2011. Disponível em: ht-</p><p>tps://adm.fnq.org.br/criterios_completo_isbn_pdf_-_FINAL.pdf. Acesso em: 1 set. 2022.</p><p>INDICADORES Brasileiros para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Indicador 3.3.2 – Incidência</p><p>de tuberculose por 100.000 habitantes. ODS BRASIL, [Online], 05 set. 2022. Disponível em: https://odsbrasil.</p><p>gov.br/objetivo3/indicador332. Acesso em: 21 set. 2022.</p><p>INSTITUTO De Pesquisas Agronômicas (IPEA); MORAES, R. F. de. Agrotóxicos no Brasil: padrões de uso,</p><p>política da regulação e prevenção da captura regulatória. IPEA, [S.I.], 2019. Disponível em: https://repositorio.</p><p>ipea.gov.br/bitstream/11058/9371/1/td_2506.pdf. Acesso em: 01 nov. 2022.</p><p>LENNON, John. Imagine. Nova Iorque: Apple, 1971. 1 disco sonoro. Lado A, faixa 1.</p><p>MACHADO FILHO, Claudio Pinheiro. Responsabilidade Social e Governança – O Debate e as Implica-</p><p>ções. São Paulo: Cengage, 2006. E-book.</p><p>NATURA. Relatório Integrado Natura & Co America Latina 2021. Natura.com, [S.I.], 2021. Disponível em:</p><p>https://www.natura.com.br/relatorio-anual. Acesso em: 01 out. 2022.</p><p>OBJETIVOS do desenvolvimento sustentável. Organização Das Nações Unidas Brasil (ONU), Brasília,</p><p>2022. Disponível em: https://brasil.un.org/pt-br/sdgs. Acesso em: 02 out. 2022.</p><p>O QUE é ESG e quem precisa ficar atento ao assunto?. PWC, [S.I.], 2020. Disponível em: https://www.pwc.</p><p>com.br/pt/estudos/servicos/auditoria/2020/esg-entenda-as-questoes-em-jogo-as-perspectivas-e-o-rumo-a-</p><p>-seguir.html#:~:text=O. Acesso em: 15 set. 2022.</p><p>OS Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. ODM BRASIL, [Online], [s.d.]. Disponível em: http://www.odm-</p><p>brasil.gov.br/os-objetivos-de-desenvolvimento-do-milenio. Acesso em: 20 set. 2022.</p><p>PACTO GLOBAL. Pacto Global. [S.I.], 2022. Disponível em: https://www.pactoglobal.org.br/pg/esg. Acesso</p><p>https://www.alterconteudo.com.br/como-os-ods-criam-oportunidades-de-negocios/</p><p>https://blog.waycarbon.com/2019/03/ods-incorporados-pelas-empresas/</p><p>https://www.pwc.com/gx/en/issues/esg.html?WT.mc_id=CT3-PL300-DM1-TR2-LS4-ND30-TTA9-CN_the-new-equation-esg&gclid=Cj0KCQjwvZCZBhCiARIsAPXbajso_svmHRFPizi61rGiCAAmQ9js47_n5SjTxOFGVQDYsRbXJKR2MQwaAqKhEALw_wcB&gclsrc=aw.ds</p><p>https://www.pwc.com/gx/en/issues/esg.html?WT.mc_id=CT3-PL300-DM1-TR2-LS4-ND30-TTA9-CN_the-new-equation-esg&gclid=Cj0KCQjwvZCZBhCiARIsAPXbajso_svmHRFPizi61rGiCAAmQ9js47_n5SjTxOFGVQDYsRbXJKR2MQwaAqKhEALw_wcB&gclsrc=aw.ds</p><p>https://www.pwc.com/gx/en/issues/esg.html?WT.mc_id=CT3-PL300-DM1-TR2-LS4-ND30-TTA9-CN_the-new-equation-esg&gclid=Cj0KCQjwvZCZBhCiARIsAPXbajso_svmHRFPizi61rGiCAAmQ9js47_n5SjTxOFGVQDYsRbXJKR2MQwaAqKhEALw_wcB&gclsrc=aw.ds</p><p>https://www.pwc.com/gx/en/issues/esg.html?WT.mc_id=CT3-PL300-DM1-TR2-LS4-ND30-TTA9-CN_the-new-equation-esg&gclid=Cj0KCQjwvZCZBhCiARIsAPXbajso_svmHRFPizi61rGiCAAmQ9js47_n5SjTxOFGVQDYsRbXJKR2MQwaAqKhEALw_wcB&gclsrc=aw.ds</p><p>https://adm.fnq.org.br/criterios_completo_isbn_pdf_-_FINAL.pdf</p><p>https://adm.fnq.org.br/criterios_completo_isbn_pdf_-_FINAL.pdf</p><p>https://odsbrasil.gov.br/objetivo3/indicador332</p><p>https://odsbrasil.gov.br/objetivo3/indicador332</p><p>https://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/9371/1/td_2506.pdf</p><p>https://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/9371/1/td_2506.pdf</p><p>https://www.natura.com.br/relatorio-anual</p><p>https://brasil.un.org/pt-br/sdgs</p><p>http://www.odmbrasil.gov.br/os-objetivos-de-desenvolvimento-do-milenio</p><p>http://www.odmbrasil.gov.br/os-objetivos-de-desenvolvimento-do-milenio</p><p>https://www.pactoglobal.org.br/pg/esg</p><p>63</p><p>2</p><p>Empreendedorismo Social</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>em: 6 set. 2022.</p><p>PACTO GLOBAL REDE BRASIL; STILINGUE. A Evolução do ESG no Brasil. [s.n.], [S.I.], abr. 2021. Dis-</p><p>ponível em: https://d335luupugsy2.cloudfront.net/cms%2Ffiles%2F150560%2F1619627473Estudo_A_Evo-</p><p>luo_do_ESG_no_Brasil.pdf. Acesso em: 09 nov. 2022.</p><p>PACTO Global Rede Brasil; PNUD; PRIME Chapter Brazil. Integração dos ODS na estratégia empresarial.</p><p>[s.n.]: [S.I.], 2018. Disponível em: https://www.insper.edu.br/wp-content/uploads/2019/05/Integracao_ODS_</p><p>Estrategia_2018.pdf. Acesso em: 21 set. 2022.</p><p>PELEIAS, I. R. Controladoria: gestão eficaz utilizando padrões. São Paulo: Saraiva, 2002.</p><p>PROGRAMA de Empreendedorismo Social. Banco Interamericano De Desenvolvimento, [S.I.], 2022. Dis-</p><p>ponível em: https://www.iadb.org/pt/sobre-o-bid/sobre-o-bid-16. Acesso em: 01 nov. 2022.</p><p>QUALICORP lança seu 1º Relatório de Sustentabilidade. Qualicorp, [S.I.], 29 jul. 2022. Disponível em: ht-</p><p>tps://www.qualicorp.com.br/imprensa/qualicorp-lanca-seu-1o-relatorio-de-sustentabilidade/. Acesso em: 03</p><p>ago. 2022.</p><p>RIBEIRO, M. S. Contabilidade Ambiental. 1. ed. São Paulo: Saraiva, 2006.</p><p>SACHS, J.; SCHMIDT-TRAUB, G.; KROLL, C.; DURAND-DELACRE, D.; TEKSOZ, K. SDG Index and</p><p>Dashboards – Global Report. New York: Bertelsmann Stiftungand Sustainable Development Solutions Ne-</p><p>twork, 2016. Disponível em: https://www.economia.df.gov.br/wp-conteudo/uploads/2018/01/ODS-indicadores.</p><p>pdf. Acesso em: 21 set. 2022.</p><p>SPRINKLE, G. B.; MAINES, L. A. The benefits and costs of corporate social responsibility. Bussiness Ho-</p><p>rizons, [S.I.], vol. 53, n. 5, p. 445-453, 2010. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.bushor.2010.05.006.</p><p>Acesso em: 09 nov. 2022.</p><p>TACHIZAWA, T. Gestão Ambiental Responsabilidade Social Corporativa. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2019.</p><p>E-book.</p><p>VELLANI, C. L.; RIBEIRO, M. S. Sustentabilidade e Contabilidade. Revista Contemporânea de Sustentabi-</p><p>lidade, [S. I.], vol. 6, n. 11, p. 187-206, 2009. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/contabilida-</p><p>de/article/view/2175-8069.2009v6n11p187. Acesso em: 06 dez. 2022.</p><p>https://d335luupugsy2.cloudfront.net/cms%2Ffiles%2F150560%2F1619627473Estudo_A_Evoluo_do_ESG_no_Brasil.pdf</p><p>https://d335luupugsy2.cloudfront.net/cms%2Ffiles%2F150560%2F1619627473Estudo_A_Evoluo_do_ESG_no_Brasil.pdf</p><p>https://www.insper.edu.br/wp-content/uploads/2019/05/Integracao_ODS_Estrategia_2018.pdf</p><p>https://www.insper.edu.br/wp-content/uploads/2019/05/Integracao_ODS_Estrategia_2018.pdf</p><p>https://www.iadb.org/pt/sobre-o-bid/sobre-o-bid-16</p><p>https://www.qualicorp.com.br/imprensa/qualicorp-lanca-seu-1o-relatorio-de-sustentabilidade/</p><p>https://www.qualicorp.com.br/imprensa/qualicorp-lanca-seu-1o-relatorio-de-sustentabilidade/</p><p>https://www.economia.df.gov.br/wp-conteudo/uploads/2018/01/ODS-indicadores.pdf</p><p>https://www.economia.df.gov.br/wp-conteudo/uploads/2018/01/ODS-indicadores.pdf</p><p>https://doi.org/10.1016/j.bushor.2010.05.006</p><p>https://periodicos.ufsc.br/index.php/contabilidade/article/view/2175-8069.2009v6n11p187</p><p>https://periodicos.ufsc.br/index.php/contabilidade/article/view/2175-8069.2009v6n11p187</p><p>64</p><p>Planejamento e Gestão de Negócios com Impacto Social</p><p>3</p><p>UNIDADE 3</p><p>PLANEJAMENTO E GESTÃO DE</p><p>NEGÓCIOS COM IMPACTO SOCIAL</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>A presente unidade tem como objetivo abordar questões referentes ao planejamento e</p><p>gestão de negócios com impacto social. O primeiro capítulo, Negócios com impacto</p><p>social, destaca importantes conceitos referentes à temática do negócio de impacto,</p><p>destacando o contexto brasileiro e apontando os desafios apresentados. Por fim, é des-</p><p>tacado o modelo de negócio de impacto que pode ser desenvolvido.</p><p>O segundo capítulo, Modelo de negócios sociais e Business Model Generation, se</p><p>dedica a apresentar uma das vertentes do empreendedorismo, o empreendedorismo so-</p><p>cial. Ao longo do capítulo vocês poderão se aprofundar nas características e abordagens</p><p>do Empreendedorismo social, além de realizar uma comparação com outra estrutura, o</p><p>empreendedorismo econômico. Temas importantes serão desenvolvidos, como o Modelo</p><p>de Negócio Social e sua comparação com o plano de negócio, a Gestão do Negócio So-</p><p>cial, as diferenças entre empreendedorismo privado, responsabilidade social de organi-</p><p>zações e empreendedorismo social. Por fim, o capítulo indica alguns apontamentos sobre</p><p>o perfil do gestor de empreendimento social, além do processo de gestão de instituições</p><p>que desenvolvem atividades no campo social como negócio.</p><p>O terceiro capítulo, Planejamento e ferramentas para a gestão de projetos, será</p><p>totalmente dedicado ao estudo da concepção de projetos, todos os seus fundamentos</p><p>e aspectos centrais e, como indicação de execução, as etapas necessárias para a con-</p><p>dução de suas gestões de forma qualificada.</p><p>Por fim, o capítulo quatro, Planos de negócios para organizações sociais, procura</p><p>estabelecer os caminhos necessários para se estabelecer um plano de negócios (que</p><p>abarque aspectos financeiros, de marketing, etc.) para os denominados empreendedo-</p><p>res sociais. Neste sentido, será amplamente analisado o Marco Regulatório das Orga-</p><p>nizações da Sociedade Civil (OSC), visando estabelecer os passos corretos para que</p><p>as Organizações da Sociedade Civil possam funcionar de forma legal perante os órgãos</p><p>públicos, que sejam funcionais e que possam atingir seus objetivos com a finalidade de</p><p>contribuir para mudanças positivas para a sociedade. Então, vamos aos estudos!</p><p>1. NEGÓCIOS COM IMPACTO SOCIAL</p><p>O surgimento dos negócios de impacto – também chamados de Empreendedorismo</p><p>Social – é atribuído aos anos 1980 na Europa e nos EUA, e sua intensificação é mar-</p><p>cada pela iniciativa da sociedade civil e também das organizações (LIMEIRA, 2018).</p><p>De acordo com Limeira (2018), seu surgimento foi marcado por desafios no campo</p><p>econômico nos EUA, o que motivou os negócios a buscarem novas fontes de financia-</p><p>65</p><p>3</p><p>Empreendedorismo Social</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>mento, apoiando-se no governo, em doações e na filantropia empresarial e teria sido</p><p>em Harvard que o termo “empreendedorismo social” surgiu.</p><p>Por outro lado, também começaram no mesmo período as discussões em torno do</p><p>desenvolvimento sustentável que versam tanto sobre a sustentabilidade financeira e a</p><p>geração de valor social, o que até então pareciam duas vertentes incompatíveis (PE-</p><p>TRINI; SCHERER; BACK, 2016).</p><p>O presente capítulo tem como objetivo abordar os conceitos envolvidos no tema de ne-</p><p>gócio de impacto, bem como o cenário brasileiro, seus desafios e o modelo de negócio</p><p>de impacto, sendo dividido, portanto, em quatro partes.</p><p>1.1. O QUE É UM NEGÓCIO DE IMPACTO SOCIAL?</p><p>Na literatura, diversos termos podem ser encontrados para trabalhar os conceitos de</p><p>negócios com algum tipo de ênfase social. Segundo Petrini, Scherer e Back (2016),</p><p>obtemos as perspectivas e nomenclaturas abaixo:</p><p>9 visão europeia – Empresa social: funciona com a complementação de serviços pú-</p><p>blicos, como por exemplo: cooperativas, focando em populações marginalizadas;</p><p>9 visão norte-americana – Negócio social: focado na base da pirâmide (BoP –</p><p>base of pyramid) (público de baixa renda) ou um negócio comercial;</p><p>9 visão dos países em desenvolvimento – Negócio inclusivo: foca na redução da</p><p>pobreza e inclusão social.</p><p>No quadro a seguir, observe, com base em Petrini, Scherer e Back (2016), a diferença</p><p>entre os conceitos abordados acima sob a perspectiva dos clientes, estrutura de lucros</p><p>e também com exemplos.</p><p>Figura 01. Nomenclaturas de negócios com impacto social</p><p>Negócios com impacto social</p><p>Negócio social Negócio inclusivo</p><p>Produtos ou</p><p>serviços</p><p>Clientes</p><p>Estrutura de</p><p>lucros</p><p>Exemplo</p><p>Base of the pyramid</p><p>Exclusivamente para pessoas</p><p>de baixa renda.</p><p>Preferencialemnte pessoas</p><p>de baixa renda.</p><p>Não visa lucros.Visa lucros, há distribuição de</p><p>dividendos.</p><p>Qualquer produto ou serviço</p><p>para venda direta a população</p><p>de baixa renda.</p><p>Que solucionem problemas</p><p>ligados a pobreza (educação,</p><p>saúde, habitação ou serviços</p><p>financeiros), ao meio ambiente</p><p>e aos portadores de</p><p>necessidades especiais.</p><p>Qualquer cliente: concumidores</p><p>finais de qualquer classe social,</p><p>ou ainda empresas que</p><p>adquirem os produtos/serviços.</p><p>Qualquer produto ou serviço,</p><p>desde que inclua a população</p><p>de baixa renda no processo de</p><p>produção, fornecimento ou</p><p>distribuição.</p><p>Visa lucros, há distribuição de</p><p>dividendos.</p><p>Empresa que compra a matéria</p><p>prima de pessoas de baixa</p><p>renda (alface). Os funcionários</p><p>que limpam,embalam e</p><p>distribuem o produto são</p><p>pessoas da comunidade</p><p>carente, logo os benefícios</p><p>sociais gerados são emprego e</p><p>renda aos produtores e</p><p>distribuidores.</p><p>Joint-venture da Gramen</p><p>Danone - grandes empresas</p><p>investem dinheiro e</p><p>conhecimento no processo de</p><p>fabricação de iorgurtes. O</p><p>produto possui alto teor de</p><p>nutrientes (benefício às</p><p>crianças desnustridas) e é</p><p>vendido a população de baixa</p><p>renda por um preço acessível.</p><p>Empresa de grande porte que</p><p>desenvolve um novo produto</p><p>para venda, destinado a</p><p>pessoas de baixa renda. Um</p><p>exemplo é a Coca-Cola</p><p>vendida a $ 1,00.</p><p>Fonte: Petrini, Scherer e Back (2016, p. 213).</p><p>66</p><p>Planejamento e Gestão de Negócios com Impacto Social</p><p>3</p><p>Observe que suas diferenças versam sobre o público atingido, bem como suas</p><p>estruturas de lucros, visando ou não a distribuição de dividendos, o cliente alvo,</p><p>entre outros.</p><p>Além dos dois exemplos citados acima, também é possível encontrar negócios sociais</p><p>híbridos, que combinem as características mencionadas nos exemplos e também vi-</p><p>sem lucro.</p><p>1.2. NEGÓCIO COM IMPACTO SOCIAL NO BRASIL</p><p>Em um relatório sobre Negócio com Impacto e se baseando na PIPE.Social, o Sebrae apre-</p><p>senta que o país é um local recheado de oportunidades para negócios com essa ênfase.</p><p>As oportunidades do setor versam sobre três áreas: saúde, saneamento básico e edu-</p><p>cação (SEBRAE, 2019). Em 2019, os números apontavam que o país contava com uma</p><p>concentração de apenas 11% na região nordeste.</p><p>Segundo o Sebrae (2019), 76% dos negócios apontavam que contavam com in-</p><p>vestimento próprio, 43% ainda não faturavam, enquanto 34% faturavam até R$</p><p>100.000,00 por ano. Além disso, apenas 17% destes negócios adotavam uma me-</p><p>dição do impacto causado.</p><p>No último mapeamento de negócios de impacto realizado pela PIPE.Social, o cenário</p><p>em 2019 se apresentava da seguinte forma (PIPE.SOCIAL, 2019, [n.p.]):</p><p>9 46% apresentavam soluções em tecnologias verdes;</p><p>9 62% se concentravam no Sudeste;</p><p>9 66% dos fundadores eram homens;</p><p>9 a presença de mulheres é mais intensa em empresas de impacto em cidadania</p><p>(36%) e educação (37%);</p><p>9 no uso tecnológico, 27% reportam o uso de Big Data, 26% de Internet das Coi-</p><p>sas e 20% utilizam energias renováveis.</p><p>No mapeamento de 2021 (PIPELABO, 2021), em um cenário de crise gerado pela pan-</p><p>demia do Covid-19, a pesquisa mostra grandes dificuldades enfrentadas pelo setor de</p><p>impacto. No entanto, também demonstra que os negócios tomaram medidas para ex-</p><p>pandir a distribuição (adotando o online) e também para promover os produtos e servi-</p><p>ços e, assim, driblar a crise.</p><p>Segundo o relatório (PIPELABO, 2021), a pandemia também trouxe um grande</p><p>destaque para o ESG (Environmental, Social & Governance), o que coloca os</p><p>negócios de impacto e práticas mais sustentáveis em destaque, o que pode ser</p><p>promissor para o setor.</p><p>Em 2021, os setores com maiores impactos podem ser vistos na figura a seguir:</p><p>67</p><p>3</p><p>Empreendedorismo Social</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Figura 02. Mapa de impacto</p><p>Fonte: Pipelabo (2021, p. 18).</p><p>Um dado</p><p>importante do último mapeamento é que 27% das empresas que participaram</p><p>já contavam com patentes de suas inovações (PIPELABO, 2021). Em termos de ten-</p><p>dência, a pesquisa aponta que o Brasil possui um potencial para o desenvolvimento de</p><p>tecnologias verdes, que vêm crescendo desde 2016, tanto no setor agro, florestal, no</p><p>uso de solos, no uso de energia, biocombustíveis, água, entre outros.</p><p>1.3 MODELO DE NEGÓCIO DE IMPACTO</p><p>Um modelo de negócio, também denominado como Canvas, originalmente de Oste-</p><p>rwalder e Pigneur, foi adaptado para o contexto do ecossistema empreendedor social.</p><p>Desse modo, apresenta-se com um campo exclusivo: o impacto social.</p><p>Tradicionalmente, o Modelo de Negócios Canvas é formado por 9 partes: preposições</p><p>de valor, atividades, parceiros e recursos chaves, custos, receitas, canais, relaciona-</p><p>mento com clientes e segmento de clientes. A partir dele, diversos autores realizaram</p><p>sugestões para a criação de um modelo que direciona o foco no âmbito social. Abaixo</p><p>apresentam-se os conceitos do modelo de negócio tradicional e, em seguida, os mode-</p><p>los adaptados, observe nos quadros e figuras.</p><p>68</p><p>Planejamento e Gestão de Negócios com Impacto Social</p><p>3</p><p>Figura 03. Modelo de negócio Canvas – Tradicional</p><p>Segmento de clientes</p><p>Inclui os grupos de indivíduos ou organiza-</p><p>ções que a empresa deseja atingir.</p><p>Pode se tratar do mercado de massa, ni-</p><p>cho de mercado especifico, entre outros.</p><p>Proposta de valor</p><p>Criado para o segmento de clientes definido pela organiza-</p><p>ção, consiste em um conjunto de produtos e serviços que</p><p>criarão valor para o cliente, e destacará da concorrência.</p><p>Pode ser inovação, desempenho, personalização, entre outros.</p><p>Canais</p><p>Tratam-se dos canais diversos que auxi-</p><p>liarão no alcance entre a organização e o</p><p>cliente: canais de distribuição, comunica-</p><p>ção e vendas.</p><p>Trata-se das lojas próprias, atacado,</p><p>venda online, entre outros.</p><p>Relacionamento com clientes</p><p>Trata-se da forma que a organização estabelece com os clientes,</p><p>podendo se apresentar como: conquista, retenção e ampliação.</p><p>As interações podem se basear em diversas estratégias, dentre</p><p>elas: assistência pessoal (com contato pessoal), self-service</p><p>(sem contato pessoal com o cliente), serviços automatizados,</p><p>entre outros.</p><p>Fontes de receita</p><p>Corresponde às formas em que a orga-</p><p>nização obterá receita, a partir do que</p><p>foi estabelecido nos demais campos do</p><p>modelo de negócio. Pode ser através de</p><p>compras únicas ou recorrentes, oriundas</p><p>de pós-venda, entre outros. Ainda é possí-</p><p>vel estabelecer assinaturas (como Netflix e</p><p>Spotify), licenciamento, entre outros.</p><p>Recursos principais</p><p>Referem-se aos recursos físicos, humanos, intelectuais e</p><p>financeiros.</p><p>Recursos físicos são relacionados às estruturas prediais,</p><p>máquinas, redes de distribuição, etc.</p><p>Recursos humanos e intelectuais são cruciais para dar</p><p>suporte ao modelo, além de gerar conhecimento e inovação.</p><p>Do lado intelectual, são os registros e patentes, enquanto</p><p>humanos são relacionados aos profissionais.</p><p>Atividades-chaves</p><p>Relacionam-se às atividades principais</p><p>para executar os processos da empresa</p><p>com sucesso. Por exemplo: produção,</p><p>distribuição, finanças, entre outros.</p><p>Estrutura de custos</p><p>Referem-se aos custos que as operações envolvem, por</p><p>exemplo: custos fixos e variáveis. Uma empresa pode ser</p><p>direcionada pelos custos – tentando minimizá-los ao máximo,</p><p>ou direcionada pelo valor entregue ao consumidor.</p><p>Parcerias principais</p><p>Tratam-se das alianças estratégicas para alcançar os objetivos da organização e entregar a proposta de</p><p>valor. Ocorrem, por exemplo, através do desenvolvimento de bons fornecedores e do fortalecimento da</p><p>relação fornecedor-empresa.</p><p>69</p><p>3</p><p>Empreendedorismo Social</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Figura 04. Modelo de negócio social proposto por Sparviero (2019)</p><p>Os custos ambientais e sociais se tratam dos impactos negativos possíveis a serem</p><p>originados do negócio, enquanto os benefícios ambientais e sociais consistem no agru-</p><p>pamento de aspectos positivos que o modelo de negócio trará para a sociedade (SPAR-</p><p>VIERO, 2019).</p><p>O autor também sugere que a modelagem de negócio também se apresente com vari-</p><p>áveis relacionadas à missão, visão e valores, além de trazer a proposta de valor social</p><p>agregada ao modelo.</p><p>Deste modo, para ilustrar este modelo com impacto imagine uma empresa que atua</p><p>neste modelo. Os benefícios que tal organização pode oferecer à comunidade ou pú-</p><p>blico-alvo podem se referir tanto ao aspecto social quanto ambiental. Tomemos como</p><p>exemplo a empresa Good Truck. Segundo o site institucional Good Truck (2022), a</p><p>empresa já alimentou 157.000 pessoas e possui 1.500 voluntários, doando mais de</p><p>360 toneladas de alimentos. Destaca-se que os benefícios oferecidos pela organização</p><p>consistem em diminuir a pobreza e a fome, que são parte dos Objetivos de Desenvol-</p><p>vimento Sustentável.</p><p>Como custos poderíamos apontar possíveis impactos negativos que a organização</p><p>possa ter, por exemplo: uso intenso de plástico nas marmitas, o que gera um grande</p><p>volume de lixo.</p><p>70</p><p>Planejamento e Gestão de Negócios com Impacto Social</p><p>3</p><p>1.4 DESAFIOS DO NEGÓCIO COM IMPACTO SOCIAL</p><p>De acordo com Sparviero (2019), a tentativa de criar valores sociais e ambientais atra-</p><p>vés dos negócios apresenta diversos desafios no âmbito estratégico, de governança e</p><p>de legitimidade. A iniciar pela estratégia, uma vez que o desafio é permanecer no mer-</p><p>cado e ainda assim equilibrar demais objetivos e missão. No âmbito da estratégia de</p><p>preços, desafia-se as organizações a pensarem em preços competitivos, que cubram</p><p>os custos operacionais e que ainda possam alcançar o mercado-alvo, equilibrando o</p><p>aspecto social.</p><p>A iniciativa PIPE.Social, plataforma que trata do Programa Pesquisa Inovativa Em Pequenas</p><p>Empresas com ênfase em impacto social, realizou uma pesquisa (PIPESOCIAL, 2020) du-</p><p>rante a crise gerada pelo Covid-19. Segundo os entrevistados, os maiores desafios foram,</p><p>de fato, comercializar seus produtos e serviços, seguido pela produção dos produtos, rece-</p><p>bimento das contas dos clientes, realizar os pagamentos de salários e contas e, por último,</p><p>pagar os fornecedores.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Oliveira (2004) destaca que os desafios enfrentados pelos negócios de impacto</p><p>versam sobre:</p><p>9 a criação de capital social, visto que ainda há um comportamento individualista</p><p>e focado nos próprios ganhos. Investimentos podem encontrar barreiras ao se</p><p>depararem com menos retorno que um negócio tradicional;</p><p>9 o empoderamento do sujeito afetado pelo negócio, de modo que ele se desen-</p><p>volva e comece a atuar na sociedade, com seu caminho fortalecido e com novas</p><p>possibilidades.</p><p>Além disso, existem possibilidades de resgate de autoestima dos participantes de um</p><p>negócio com essa ênfase, além da geração de novos valores, inovação, cooperação,</p><p>dinamismo e resultados de impacto (OLIVEIRA, 2004).</p><p>Em um relatório sobre o tema, o Sebrae (2019) complementa que, além da captação de</p><p>recursos, estima-se que um grande desafio no âmbito do impacto social é, de fato, im-</p><p>plementar métricas que mensurem o impacto gerado pelo negócio e que seja possível</p><p>apontar os efeitos dos negócios de impacto na sociedade.</p><p>CONCLUSÃO</p><p>Em suma, este capítulo apresentou os conceitos de negócio de impacto encontrados na</p><p>literatura, abordando algumas diferenças entre nomenclaturas similares.</p><p>Nota-se que o mapa de negócios de impacto no Brasil ainda está em fase de crescimen-</p><p>to, e, como consequência, ainda há espaço para desenvolvimento. É possível notar um</p><p>grande foco na utilização de tecnologia e tecnologias verdes, além de um foco expres-</p><p>sivo de negócios de impacto na região sudeste do país.</p><p>71</p><p>3</p><p>Empreendedorismo Social</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Figura 05. Negócio de impacto</p><p>01</p><p>02</p><p>03</p><p>04</p><p>05</p><p>06</p><p>Conceito</p><p>Focam em resolver</p><p>problemas ligados à pobreza</p><p>(educação, saneamento,</p><p>habitação)</p><p>Foco</p><p>Indivíduos de baixa renda,</p><p>preferencialmente</p><p>Aspectos econômicos</p><p>Pode visar lucros ou não</p><p>Modelo de negócio</p><p>Divide-se,</p><p>além das 9</p><p>partes tradicionais do</p><p>Canvas, em mais duas:</p><p>custos e beneficios</p><p>ambientais e sociais</p><p>Desafios</p><p>• Criação do capital social;</p><p>• Estratégia de preços</p><p>• Empoderamento do sujeito</p><p>afetado pelo negócio</p><p>No Brasil</p><p>• 46 % visa soluções em</p><p>• tecnologias verdes;</p><p>• 62% se concentra no</p><p>Sudeste</p><p>• 66% dis fundadores são</p><p>homens</p><p>• Foca na educação, saúde e</p><p>sanemaneto básico</p><p>Negócio de</p><p>Impacto</p><p>TED TALK:</p><p>Os cinco passos para criar um modelo de negócio replicável | Guilherme Oliveira.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Mt7JfqYeWYU. Acesso em: 14 fev. 2023.</p><p>O Ted Talk apresentado por Guilherme Oliveira.</p><p>Muhammad Yunus: uma oportunidade para os pobres</p><p>Muhammad Yunus é responsável pela criação de um banco – chamado de Grameen Bank</p><p>– que oferece microcrédito para a população pobre não atingida pelos serviços bancários</p><p>tradicionais. Foi destaque em sua atuação, devido ao sucesso de suas operações bancárias,</p><p>o que conferiu à Yunus o Nobel da Paz.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Md12zaRCCnA. Acesso em: 14 fev. 2023.</p><p>O texto complementar se trata de uma pesquisa realizada pela PIPE.Social em 2019 e nova-</p><p>mente em 2021, que retrata o mapa dos negócios de impacto no Brasil. A leitura trará insights</p><p>sobre o cenário brasileiro, no que tange os setores mais abordados pelos negócios, assim</p><p>como as regiões, as tecnologias utilizadas e seus desafios.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Pesquisa 2019: Disponível em: https://noticiasdeimpacto.com.br/pipe-social-apresen-</p><p>ta-resultados-do-2o--mapa-de-negocios-de-impacto-social-ambiental/#:~:text=Na%20</p><p>pr%C3%A1tica%2C%20a%20Pipe.,nos%20diferentes%20est%C3%A1gios%20de%20</p><p>matura%C3%A7%-C3%A3o.</p><p>Pesquisa 2021: Disponível em: https://mapa2021.pipelabo.com/downloads/3_Mapa_</p><p>de_Impacto_Relatorio_Nacional.pdf. Acesso em: 14 fev. 2023.</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=Mt7JfqYeWYU</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=Md12zaRCCnA</p><p>https://mapa2021.pipelabo.com/downloads/3_Mapa_de_Impacto_Relatorio_Nacional.pdf</p><p>https://mapa2021.pipelabo.com/downloads/3_Mapa_de_Impacto_Relatorio_Nacional.pdf</p><p>72</p><p>Planejamento e Gestão de Negócios com Impacto Social</p><p>3 Um aspecto importante do negócio de impacto é que ele é, por diversas vezes, confundido</p><p>com Organizações Sem Fins Lucrativos (ONGs). No entanto, faz-se necessário destacar</p><p>que, com a evolução do modelo de negócio, atualmente é possível constatar que é uma for-</p><p>ma legal e ética de obtenção de lucro e ainda assim contribuir positivamente com a sociedade</p><p>ou determinadas causas. Discorrer sobre um caso específico.</p><p>IMPORTANTE!</p><p>2. MODELO DE NEGÓCIOS SOCIAIS E BUSINESS MODEL</p><p>GENERATION</p><p>A prática do Empreendedorismo não é nova nem surgiu há poucas décadas. Atitudes</p><p>empreendedoras já eram observáveis na história. Obviamente, desde então, o empre-</p><p>endedorismo evoluiu muito, mas, sem que houvesse a metodologia da prática empreen-</p><p>dedora histórica não teríamos, certamente, chegado aos tempos atuais. E, nessa trilha,</p><p>o empreendedorismo atual é base para os próximos tempos, e, assim, sucessivamente.</p><p>Então, o que queremos afirmar? Que isso é Evolução! Evolução é processo de modifi-</p><p>cação de um determinado estado para outro estágio, só que melhor.</p><p>Neste capítulo vamos tratar de uma vertente do empreendedorismo: o Empreen-</p><p>dedorismo Social.</p><p>Entenderemos o que é Empreendedorismo Social, suas características e abordagens,</p><p>e sua comparação com o empreendedorismo econômico.</p><p>O modelo de Negócio Social e sua estrutura é tratado em seguida, incluindo sua com-</p><p>paração com plano de negócio.</p><p>Apresenta-se o Business Model Generation (BMG) e a ferramenta Business Model Can-</p><p>vas, que estrutura, basicamente, três grupos de áreas de análise. Servem tanto novos</p><p>empreendimentos, incluindo o social, como organizações em já existem.</p><p>Por fim, trata-se da Gestão do Negócio Social. Poder-se-á verificar as diferenças bá-</p><p>sicas entre empreendedorismo privado, a responsabilidade social de organizações e o</p><p>empreendedorismo social. O perfil do gestor de empreendimento social também será</p><p>abordado. E, também, o fluxo do processo de gestão de organizações que atuam no</p><p>âmbito social como negócio.</p><p>73</p><p>3</p><p>Empreendedorismo Social</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Figura 06. O Empreendedor e a Cooperação</p><p>Fonte: 123RF.</p><p>2.1. O QUE É EMPREENDEDORISMO SOCIAL</p><p>Antes de sabermos um pouco mais sobre o significado de Empreendedorismo Social,</p><p>vamos tratar do Empreendedorismo Econômico.</p><p>¾ Empreendedorismo Econômico</p><p>Empreender não é apenas criar um negócio que gera dividendos ou lucros aos seus</p><p>fundadores. Empreender é tomar um conjunto de atitudes, ter ideias, inovar, tomar deci-</p><p>sões, que trazem contribuições e benefícios aos indivíduos e/ou grupos de pessoas ao</p><p>adquirirem seus bens e serviços.</p><p>Figura 07. Ideias conjuntas, benefícios coletivos</p><p>Fonte: 123RF.</p><p>74</p><p>Planejamento e Gestão de Negócios com Impacto Social</p><p>3</p><p>Então, se não é tão simples assim ser empreendedor, qual o perfil esperado? O SE-</p><p>BRAE, uma destacada entidade especializada em estudos, pesquisas, consultorias e</p><p>cursos a micro e pequenos empresários, destaca alguns requisitos do candidato a em-</p><p>preendedor: visão de futuro; coragem para assumir riscos calculados; responsabilidade</p><p>sobre o negócio e pessoas; facilidade de comunicação e expressão; capacidade de</p><p>liderança; habilidades de lidar com equipes de trabalho; ser excelente ouvinte; com-</p><p>petência em planejamento e organização; [se possível] criatividade, inovação; ter pre-</p><p>disposição, indo em busca de informações, soluções, ideias, visando melhoria ao seu</p><p>próprio negócio; persistência; disciplina. Sim, não é nada simples. Caberiam aqui mais</p><p>substantivos e adjetivos ao perfil do empreendedor.</p><p>Mas, duas coisas são evidentes: a primeira é que nada garante o sucesso ou o êxito</p><p>de organização própria – depende de muitas variáveis que não estão sob o controle do</p><p>empreendedor, como economia da localidade/região/estado/país, clima, políticas públi-</p><p>cas e governamentais, aspectos socioculturais, tecnologia acessível, movimentos dos</p><p>concorrentes, entre outras; e, segundo, que é fundamental, portanto, indispensável, a</p><p>capacidade de gestão do empreendedor.</p><p>Em qualquer empreendimento, seja das áreas da saúde, sociais, humanas ou exatas,</p><p>a gestão competente é a que enxerga, analisa, decide - pensa o negócio o tempo todo</p><p>-, logo, mesmo que o futuro empreendedor não domine aspectos técnicos de gestão,</p><p>recomenda-se que ele se apoie em instituições especializadas voltadas para empreen-</p><p>dimentos; profissionais de consultorias especializadas em novos negócios e gestão das</p><p>que já existem; universidades; e tudo o que for possível para aprender, saber, conhecer,</p><p>acompanhar de perto o seu negócio.</p><p>É de Joseph Schumpeter a frase que o empreendedorismo é o agente de destruição cria-</p><p>tiva, que é o impulso fundamental que aciona e mantém em marcha o motor capitalista.</p><p>Empreendedorismo provoca a destruição criativa?! Assista a esse vídeo – um mapa mental</p><p>- para conhecer um pouco dos importantes dos pensamentos de Schumpeter (economista,</p><p>1883-1950) sobre economia, inovação tecnológica, destruição criativa, desenvolvimento eco-</p><p>nômico e empreendedorismo.</p><p>“Quem foi Schumpeter? Entenda suas contribuições para Economia nesse Mapa Mental”.</p><p>Disponível em: https://youtu.be/x5qO0sFAtcU.</p><p>Se você deseja um vídeo de animação mais curto sobre Schumpeter e Empreendedorismo,</p><p>assista a esse vídeo com um exemplo. “Joseph Schumpeter - Inovação e empreendedoris-</p><p>mo”. Disponível em: https://youtu.be/hD238op0Q9A.</p><p>Tem um bom texto do site InfoMoney, especializado em análises econômicas e negócios</p><p>tratando, também, de Schumpeter: “Schumpeter: inovação, destruição criadora e desenvolvi-</p><p>mento”. Disponível em: https://www.infomoney.com.br/colunistas/terraco-economico/schum-</p><p>peter-inovacao-destruicao-criadora-e-desenvolvimento/. Acesso em: 14 fev. 2023.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>https://youtu.be/x5qO0sFAtcU</p><p>https://youtu.be/hD238op0Q9A</p><p>https://www.infomoney.com.br/colunistas/terraco-economico/schumpeter-inovacao-destruicao-criadora-e-desenvolvimento/</p><p>https://www.infomoney.com.br/colunistas/terraco-economico/schumpeter-inovacao-destruicao-criadora-e-desenvolvimento/</p><p>75</p><p>3</p><p>Empreendedorismo Social</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>¾ Empreendedorismo Social</p><p>Estabelecer um conceito único para empreendedorismo não é tão simples. Pode-se</p><p>dizer que se trata de uma tarefa multifacetada, uma vez que o empreendedor tem no</p><p>seu caráter características bem particulares de percepção da realidade em seu entorno,</p><p>como comportamentais, perfil e de atitudes.</p><p>Os termos Empreendedor Social e Empreendedorismo Social, de acordo com Dorne-</p><p>las (2001, p. 26) apud Silva, Mota, Borges, Couto e Silveira (2012, p. 105), “[...] são</p><p>traduções de termos originários da língua francesa Social Entrepreneur e Social Entre-</p><p>preneurship”. Começaram a ser utilizados em inglês entre as décadas de 1960 e 1970.</p><p>Ainda de acordo com Silva et al. (2012, p. 105), “o termo foi de fato distribuído durante</p><p>as décadas de 1980 e 1990 por Bill Drayton, o fundador da Ashoka Empreendedores</p><p>Sociais, e por Charles Leadbeater, escritor inglês”.</p><p>Conheça a Ashoka Empreendedores Sociais.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Disponível em: https://www.ashoka.org/en-nrd/who-we-are. Acesso em: 14 fev. 2023.</p><p>O empreendedorismo social surge como alternativa de olhar para o empreendedorismo.</p><p>Justamente por causa das características pessoais de cada indivíduo empreendedor.</p><p>Associa-se o empreendedorismo social a caridade, assistencialismo, voluntariado, mas,</p><p>o que é comum dentre essas práticas é a conscientização da necessidade de solucionar</p><p>ou minimizar um problema social pela criação de valor ao negócio em si e aos que dele</p><p>participam ou desfrutam.</p><p>Vejamos um quadro-resumo sobre algumas formas internacionais de conceitos de em-</p><p>preendedorismo social:</p><p>Quadro 01. Formas internacionais de conceitos de empreendedorismo social</p><p>INSTITUIÇÃO INTERNACIONAL CONCEITO</p><p>School for Social Entrepreneur-</p><p>ship (Reino Unido)</p><p>“É alguém que trabalha de uma forma empreendedora, para um</p><p>benefício público ou social, em vez de ter por objetivo a maximização</p><p>do lucro. Os empreendedores sociais podem trabalhar em negócios</p><p>éticos, organizações públicas ou privadas, em voluntários ou no setor</p><p>comunitário. Os empreendedores sociais nunca dizem “não pode ser</p><p>feito”. (MANUAL, 2012, p.14)</p><p>Canadian Center for Social Entre-</p><p>preneurship (Canadá)</p><p>“Um empreendedor social é inovador, e possui características dos em-</p><p>presários tradicionais como a visão, a criatividade e a determinação, as</p><p>quais aplicam e focam na inovação social. São líderes que trabalham</p><p>em todos os tipos de organizações.” (MANUAL, 2012, p.14)</p><p>https://www.ashoka.org/en-nrd/who-we-are</p><p>76</p><p>Planejamento e Gestão de Negócios com Impacto Social</p><p>3</p><p>Schwab Foundation for Social</p><p>Entrepreneurship (Suíça)</p><p>“Os empreendedores sociais são agentes de mudança da sociedade</p><p>mediante:</p><p>i) a criação de ideias conducentes à resolução de problemas sociais,</p><p>pela combinação de práticas e conhecimentos de inovação, criando</p><p>assim procedimentos e serviços;</p><p>ii) o estabelecimento de parcerias e meios de autossustentabilidade</p><p>dos projetos;</p><p>iii) a transformação das comunidades através de associações estra-</p><p>tégicas;</p><p>iv) a utilização de abordagens baseadas no mercado para resolução</p><p>dos problemas sociais;</p><p>v) a identificação de novos mercados e oportunidades para iniciar</p><p>uma missão social.” (MANUAL, 2012, p.14)</p><p>Institute for Social Entrepreneurs</p><p>(EUA)</p><p>“Empreendedores sociais são executivos do setor de negócios sem</p><p>fins lucrativos que prestam maior atenção às forças do mercado sem</p><p>perder de vista a sua missão social, e são orientados por um duplo</p><p>propósito: empreender programas que funcionem e que estejam</p><p>disponíveis para as pessoas, tornando-as menos dependentes do</p><p>governo e da caridade.” (MANUAL, 2012, p.14-15)</p><p>ASHOKA (EUA)</p><p>“Os empreendedores sociais são pessoas visionárias, criativas,</p><p>pragmáticos e com capacidade para promover mudanças sociais</p><p>significativas e sistémicas. São indivíduos que apontam tendências e</p><p>apresentam soluções inovadoras para problemas sociais e ambien-</p><p>tais.” (MANUAL, 2012, p.15)</p><p>Erwing Marion Kauffman Founda-</p><p>tion (EUA)</p><p>“Os empreendimentos sem fins lucrativos são o reconhecimento da</p><p>oportunidade de cumprir uma missão para criar, de forma sustentada,</p><p>valor social, sem se apoiar exclusivamente nos recursos.” (MANUAL,</p><p>2012, p.15)</p><p>Fonte: adaptado de Manual Empreendedorismo Social (2012, p. 14-15).</p><p>Tem muita diferença entre o empreendedorismo econômico ou privado e o empreende-</p><p>dorismo social? Sim, há diferenças. O empreendedorismo privado tem focos no mer-</p><p>cado, no desenvolvimento das organizações, na inovação e no lucro; geralmente as</p><p>ações são concentradas no indivíduo. Já o empreendedorismo social é coletivo, que,</p><p>com o envolvimento, a integração e o desenvolvimento ativo da comunidade onde está</p><p>inserido, o intuito é solucionar carências sociais.</p><p>Obtém-se lucro com o empreendedorismo social? Sim, mas a riqueza pessoal do funda-</p><p>dor não é o foco. Num olhar ampliado, o empreendedorismo social pode requerer inves-</p><p>timentos sociais e comerciais, os quais devem produzir retorno lucrativo aos investido-</p><p>res, mesmo tendo objetivos sociais. Há, também, as atividades sociais corporativas não</p><p>lucrativas. Ou, ainda, as híbridas, com as duas vertentes (lucrativas e não lucrativas) no</p><p>mesmo negócio. Em qualquer das ênfases de negócio social o enfoque é a inovação</p><p>invés de replicação de negócios já existentes.</p><p>Vejamos a seguir as dez (10) características dos empreendedores sociais:</p><p>77</p><p>3</p><p>Empreendedorismo Social</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Quadro 02. As 10 características dos empreendedores sociais – Os 10 ‘Ds’</p><p>OS 10 DS CARACTERÍSTICAS</p><p>Dream</p><p>(Sonhadores)</p><p>Os empreendedores sociais conseguem visionar o que o futuro pode trazer, não apenas</p><p>aos próprios (o que sucede com os empreendedores privados), mas às organizações e</p><p>à própria sociedade onde estão envolvidos.</p><p>Decisiveness</p><p>(Decididos)</p><p>Os empreendedores sociais são por natureza indivíduos que rapidamente tomam</p><p>decisões.</p><p>Doers (Ativos)</p><p>Qualquer plano de ação que vise alcançar o objetivo a que o empreendedor se propõe</p><p>é decidido e implementado de forma rápida, mesmo que ele requeira ajustes de modo a</p><p>adaptar-se às necessidades específicas da comunidade ou sociedade onde se insere.</p><p>Determination</p><p>(Determinados)</p><p>Os empreendedores sociais são muito responsáveis e bastante persistentes, não desis-</p><p>tindo perante obstáculos que à primeira vista parecem incontornáveis.</p><p>Dedication</p><p>(Dedicados)</p><p>O empreendedor social trabalha incessantemente quando se propõe avançar com um</p><p>novo projeto ou negócio, mesmo que essa dedicação coloque em causa alguns relacio-</p><p>namentos pessoais, como, por exemplo, familiares.</p><p>Devotion</p><p>(Devotados)</p><p>Os projetos ou negócios em que o empreendedor social se envolve são executados por</p><p>ele com verdadeiro prazer, facilitando a sua “venda”, seja ela efetiva ou figurada.</p><p>Details</p><p>(Minuciosos)</p><p>O controle dos detalhes é um fator de o empreendedor social acautela de modo a maxi-</p><p>mizar o sucesso do seu projeto ou negócio. No caso do empreendedor privado a tónica</p><p>é colocada no controle dos detalhes para minimização dos riscos (como o empreende-</p><p>dor social), mas também para a maximização do lucro.</p><p>Destiny</p><p>(Destinados)</p><p>Os empreendedores preferem ser “donos” do seu destino a estarem dependentes de</p><p>outrem.</p><p>Dollars</p><p>(Dinheiro)</p><p>O enriquecer não consta do topo da lista das motivações de um empreendedor social.</p><p>Embora seja um indicador do sucesso do projeto ou negócio, a minimização ou resolu-</p><p>ção do problema social em causa é para si a recompensa prioritária.</p><p>Distribute</p><p>(Partilha)</p><p>Os empreendedores sociais partilham o controle do projeto ou do negócio com os</p><p>demais colaboradores ou parceiros, os quais representam peças fundamentais para o</p><p>seu sucesso.</p><p>Fonte: Manual Empreendedorismo Social (2012, p. 17-18).</p><p>Conheça aqui 10 empreendedores sociais internacionais.</p><p>EXEMPLO</p><p>Disponível em: https://santandernegocioseempresas.com.br/conhecimento/empre-</p><p>endedorismo/empreendedores-sociais-que-estao-mudando-o-mundo/. Acesso em:</p><p>14 fev. 2023.</p><p>No Brasil temos alguns conceitos de empreendedorismo social:</p><p>https://santandernegocioseempresas.com.br/conhecimento/empreendedorismo/empreendedores-sociais-que-estao-mudando-o-mundo/</p><p>https://santandernegocioseempresas.com.br/conhecimento/empreendedorismo/empreendedores-sociais-que-estao-mudando-o-mundo/</p><p>78</p><p>Planejamento e Gestão de Negócios com Impacto Social</p><p>3</p><p>Quadro 03. Conceitos de empreendedorismo social brasileiros</p><p>AUTOR CONCEITO</p><p>Leite (2002)</p><p>O empreendedor social é uma das espécies dos empreendedores. [...] São</p><p>empreendedores com uma missão social, que é sempre central e explícita.”</p><p>(OLIVEIRA, 2004, p.12)</p><p>Ashoka Empreendedores</p><p>Sociais; Mackinsey e Cia.</p><p>INC (2001)</p><p>“Os empreendedores sociais possuem características distintas dos empreen-</p><p>dedores de negócios. Eles criam valores sociais pela inovação, pela força de</p><p>recursos financeiros em prol do desenvolvimento social, econômico e comu-</p><p>nitário. Alguns dos fundamentos básicos do empreendedorismo social estão</p><p>diretamente ligados ao empreendedor social, destacando-se a sinceridade,</p><p>a paixão pelo que faz, clareza, confiança pessoal, valores centralizados, boa</p><p>vontade de planejamento, capacidade de sonhar e uma habilidade para o</p><p>improviso.” (OLIVEIRA, 2004, p.12)</p><p>Melo Neto; Froes (2001)</p><p>“Quando falamos de empreendedorismo social, estamos buscando um novo</p><p>paradigma. O objetivo não é mais o negócio do negócio [...] trata-se, sim, do</p><p>negócio social, que tem na sociedade civil o seu principal foco de atuação e</p><p>na parceria envolvendo comunidade, governo e setor privado, a sua estraté-</p><p>gia.” (OLIVEIRA, 2004, p.12)</p><p>Rao (2002)</p><p>“Empreendedores sociais, indivíduos que desejam colocar suas experiên-</p><p>cias organizacionais e empresariais mais para ajudar os outros do que para</p><p>ganhar dinheiro.” (OLIVEIRA, 2004, p.12)</p><p>Rouere; Pádua (2001)</p><p>“Constituem a contribuição efetiva de empreendedores sociais inovadores</p><p>cujo protagonismo na área social produz desenvolvimento sustentável, quali-</p><p>dade de vida e mudança de paradigma de atuação em benefício de comuni-</p><p>dades menos privilegiadas.” (OLIVEIRA, 2004, p.12)</p><p>Fonte: Oliveira (2004, p. 12).</p><p>Conheça 5 exemplos de empreendedorismo social no Brasil.</p><p>EXEMPLO</p><p>Disponível em: https://meusucesso.com/artigos/5-exemplos-de-empreendedorismo-so-</p><p>cial--no-brasil-173/. Acesso em: 14 fev. 2023.</p><p>2.2. MODELO DE NEGÓCIO SOCIAL</p><p>Modelo de Negócio é sobre o que a empresa faz, a sua atividade empresarial, o seu</p><p>negócio; isto é, um documento com a ideia de criação de uma empresa, como gerará e</p><p>entregará valor para os clientes1. Plano de Negócio é uma arquitetura que contempla</p><p>o estudo prévio sobre como a empresa será ou está estruturada.</p><p>Esse artigo explica as diferenças entre Plano de Negócio e Modelo de Negócio, e 13 tipos e</p><p>exemplos reais de modelos de negócio.</p><p>IMPORTANTE!</p><p>Disponível em: Disponível em: https://neilpatel.com/br/blog/modelo-de-negocio/.</p><p>1 A metodologia mais conhecida e usada para elaborar um modelo de negócio é o Business Model Generation</p><p>(BMG) ou pela ferramenta Business Model Canvas – ver subitem 3.</p><p>https://meusucesso.com/artigos/5-exemplos-de-empreendedorismo-social--no-brasil-173/</p><p>https://meusucesso.com/artigos/5-exemplos-de-empreendedorismo-social--no-brasil-173/</p><p>https://neilpatel.com/br/blog/modelo-de-negocio/</p><p>79</p><p>3</p><p>Empreendedorismo Social</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>MODELO DE NEGÓCIO PARA O EMPREENDEDORISMO SOCIAL</p><p>Os negócios com impacto social objetivam geração de valor social. Os aspectos econô-</p><p>micos desse tipo de negócio são tratados como a condição necessária para assegurar</p><p>a viabilidade financeira.</p><p>Os negócios com impacto social – algumas publicações os tratam pela sigla NIS</p><p>- podem ser contextualizados num modelo híbrido de organização e gestão: as com-</p><p>petências do setor privado e os conhecimentos do Terceiro Setor, que visa resolver os</p><p>problemas sociais por meio de mecanismos de mercado.</p><p>Saiba mais sobre o Terceiro Setor com exemplos.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Disponível em: Disponível em: https://www.gestaoeducacional.com.br/terceiro-setor-o-</p><p>-que-e/. Acesso em: 14 fev. 2023.</p><p>Os modelos de negócios com impacto social podem ser descritos pelas seguintes formas:</p><p>01. Negócios para a base da pirâmide. São negócios que oferecem acesso a bens</p><p>e serviços para a população de baixa renda, contribuindo para a diminuição do déficit</p><p>social. Por exemplo, preços mais baixos, embalagens menores.</p><p>02. Negócios sociais. Modelo que funciona para o benefício e atendimento de</p><p>necessidades sociais – incluem: clientes, funcionários, fornecedores, investidores,</p><p>sociedade em geral. Há empresas privadas tradicionais que possuem essa vertente</p><p>em seu interior; há outras que abrem uma organização com finalidades sociais pa-</p><p>ralelamente. Por exemplo, uma atividade ou organização que direcionam esforços a</p><p>práticas assistencialistas.</p><p>03. Negócios inclusivos. São negócios que estabelecem elos entre o negócio e a po-</p><p>pulação, gerando benefício mútuo. Contempla a efetiva inserção da população de baixa</p><p>renda no processo produtivo do negócio e não somente ao consumidor. Envolvem, efe-</p><p>tivamente, pessoas de comunidades de baixa renda nos processos do negócio.</p><p>Quadro 04. Modelos de negócios com impacto social - NIS</p><p>ÊNFASE BASE DA PIRÂMIDE NEGÓCIO SOCIAL NEGÓCIO INCLUSIVO</p><p>Bens ou</p><p>Serviços</p><p>Qualquer produto para</p><p>venda direta a população</p><p>de baixa renda.</p><p>Que solucionam problemas</p><p>ligados a pobreza (educação,</p><p>saúde, habitação, serviços</p><p>financeiros), ao meio am-</p><p>biente, e aos portadores de</p><p>deficiências.</p><p>Qualquer produto que inclui</p><p>a população de baixa renda</p><p>no processo de produção,</p><p>fornecimento ou distribuição.</p><p>Clientes Exclusivamente para pes-</p><p>soas de baixa renda.</p><p>Preferencialmente pessoas</p><p>de baixa renda.</p><p>Qualquer cliente: consumidor</p><p>de qualquer classe social,</p><p>ou empresas que adquirem</p><p>esses produtos.</p><p>https://www.gestaoeducacional.com.br/terceiro-setor-o-que-e/</p><p>https://www.gestaoeducacional.com.br/terceiro-setor-o-que-e/</p><p>80</p><p>Planejamento e Gestão de Negócios com Impacto Social</p><p>3</p><p>Estrutura de</p><p>Lucros</p><p>Visa lucros; há distribuição</p><p>de dividendos.</p><p>Não visa lucros; as sobras</p><p>financeiras são reinvestidas</p><p>no negócio.</p><p>Visa lucros; há distribuição</p><p>de dividendos.</p><p>Exemplo</p><p>Empresa de grande porte</p><p>que desenvolve um novo</p><p>produto para venda desti-</p><p>nado a pessoas de baixa</p><p>renda. Exemplo: um suco</p><p>de baixo preço.</p><p>Joint-venture da Gramen Dano-</p><p>ne: grandes empresas investem</p><p>dinheiro e conhecimento no</p><p>processo de fabricação de</p><p>iogurtes. O produto possui alto</p><p>teor de nutrientes e é vendido a</p><p>população de baixa renda por</p><p>um preço acessível.</p><p>Empresa que compra</p><p>matéria-prima de pessoas</p><p>de baixa renda. Os funcio-</p><p>nários que limpam, embalam</p><p>e distribuem o produto são</p><p>de comunidades carentes,</p><p>gerando emprego e renda.</p><p>Fonte: Petrini, Scherer e Back (2004, p. 213).</p><p>Conheça 8 exemplos práticos de empreendedorismo social.</p><p>EXEMPLO</p><p>Disponível em: https://institutolegado.org/blog/8-exemplos-praticos-de-empreendedo-</p><p>rismo-social/. Acesso em: 14 fev. 2023.</p><p>2.3. O BUSINESS MODEL GENERATION – BMG</p><p>O Business Model Generation (BMG) ou Modelo de Gerenciamento de Negócios ou</p><p>Modelo Canvas é uma metodologia empresarial que se assemelha ao plano de negócio.</p><p>Caracteriza-se pelo agrupamento de informações de modelos de novos negócios ou</p><p>já existentes como ferramenta de gerenciamento estratégico. Foi criado por Alexander</p><p>Osterwalder e Yves Pigneur.</p><p>Essa ferramenta permite que o empreendedor tenha maior controle, maior conheci-</p><p>mento sobre o negócio, saber seus pontos fortes e pontos fracos, aprimorar e otimizar</p><p>suas atividades.</p><p>O BMG foi desenvolvido como um mapa visual pré-formatado em blocos com quatro</p><p>pilares: Oferta, Clientes, Infraestrutura e Finanças. Contém as principais categorias em</p><p>vários setores do empreendimento: (1) O quê? Proposta de Valor. (2) Para Quem?</p><p>Relacionamento com Clientes; Canais; Segmentos de Clientes - (3) Como? Parcerias</p><p>Principais;</p><p>Atividades Principais; Recursos Principais – (4) Quanto? Estrutura de Cus-</p><p>tos; Fontes de Receita.</p><p>Leia o resumo do livro Business Model Generation de Alexander Osterwalder.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Disponível em: https://analistamodelosdenegocios.com.br/business-model-generation-</p><p>-livro/. Acesso em: 14 fev. 2023.</p><p>https://analistamodelosdenegocios.com.br/business-model-generation-livro/</p><p>https://analistamodelosdenegocios.com.br/business-model-generation-livro/</p><p>81</p><p>3</p><p>Empreendedorismo Social</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Figura 08. Apresentação do Modelo de Negócio Canvas</p><p>Parceiros-chave Atividades-chave</p><p>Recurso-chave</p><p>Proposta</p><p>de valor</p><p>Relacionamentos</p><p>com clientes</p><p>Canais de</p><p>distribuição</p><p>Seguimento</p><p>de clientes</p><p>Estrutura de custo Linhas de receita</p><p>Fonte: 123RF.</p><p>Leia mais sobre o Business Model Canvas.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Disponível em: https://www.sebraepr.com.br/canvas-como-estruturar-seu-modelo-de-</p><p>-negocios/.</p><p>Disponível em: https://novonegocio.com.br/empreende/business-model-generation/.</p><p>Acesso em: 14 fev. 2023.</p><p>Assista a vídeos com explicações e exemplos de aplicação do Business Model Canvas.</p><p>Disponível em: https://youtu.be/OTOJ8RUy75c.</p><p>Disponível em: https://youtu.be/mSJARw1iCHA.</p><p>Disponível em: https://youtu.be/_9Fst3Os3Ds.</p><p>Disponível em: https://youtu.be/dPDrK43pqZg.</p><p>Disponível em: https://youtu.be/3zie3De4jKA.</p><p>Disponível em: https://youtu.be/gTLMz8mz4nQ. Acesso em: 14 fev. 2023.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>https://www.sebraepr.com.br/canvas-como-estruturar-seu-modelo-de-negocios/</p><p>https://www.sebraepr.com.br/canvas-como-estruturar-seu-modelo-de-negocios/</p><p>https://novonegocio.com.br/empreende/business-model-generation/</p><p>https://youtu.be/OTOJ8RUy75c</p><p>https://youtu.be/mSJARw1iCHA</p><p>https://youtu.be/_9Fst3Os3Ds</p><p>https://youtu.be/dPDrK43pqZg</p><p>https://youtu.be/3zie3De4jKA</p><p>https://youtu.be/gTLMz8mz4nQ</p><p>82</p><p>Planejamento e Gestão de Negócios com Impacto Social</p><p>3</p><p>2.4. GESTÃO DE NEGÓCIO SOCIAL</p><p>As Organizações Não Governamentais (ONG) e entidades assistencialistas, que não ge-</p><p>ram lucros, não conseguem dar conta de atender às muitas e variadas demandas sociais.</p><p>Os negócios sociais ganharam espaço efetivos a partir da década de 1970 na estei-</p><p>ra de suprir privações e transtornos vividos por indivíduos, famílias e outros grupos</p><p>sociais, e com um diferencial: são capazes de gerar lucro. O termo empreendedor</p><p>social surgiu com Bill Drayton na década de 1980 nos Estados Unidos. No Brasil,</p><p>desde 1987, a organização Ashoka, presente em muitos países pelo planeta, é pio-</p><p>neira na criação do conceito e na caracterização do empreendedorismo social como</p><p>um campo de trabalho.</p><p>Por sua natureza econômica, os negócios sociais promovem impactos sociais, cujos</p><p>resultados são obtidos pela capacidade de gestão sobre esses negócios. Trata-se, as-</p><p>sim, da autossuficiência financeira, ou seja, obter receita, pagar os custos, promover</p><p>investimentos e contemplarem-se com resultados econômicos e financeiros. É um ne-</p><p>gócio! Ou seja, utiliza-se de mecanismos de mercado oferecendo maiores benefícios a</p><p>setores da sociedade com dificuldades sociais e estruturais, sendo um meio e não um</p><p>fim em si mesmo.</p><p>A fim de esclarecer possíveis confusões entre o empreendedorismo privado, responsa-</p><p>bilidade social empresarial e empreendedorismo social, vejamos o quadro comparativo:</p><p>Quadro 05. Empreendedorismo Privado versus responsabilidade social versus empreendedorismo social</p><p>EMPREENDEDORISMO</p><p>PRIVADO</p><p>RESPONSABILIDADES SOCIAL</p><p>EMPRESARIAL EMPREENDEDORISMO SOCIAL</p><p>É individual É individual com possíveis parcerias É coletivo</p><p>Produz bens e serviços</p><p>para o mercado</p><p>Produz bens e serviços para si e</p><p>para a comunidade</p><p>Produz bens e serviços para a comu-</p><p>nidade local e global</p><p>Foco no mercado</p><p>Foco no mercado e atende a</p><p>comunidade conforme sua missão</p><p>empresarial</p><p>Foco na busca de soluções para os</p><p>problemas sociais e necessidades</p><p>da comunidade</p><p>Sua medida de desempe-</p><p>nho é o lucro</p><p>Sua medida de desempenho é o</p><p>retorno aos envolvidos no processo</p><p>junto aos stakeholders2</p><p>Sua medida de desempenho é o im-</p><p>pacto social e a transformação social</p><p>Visa satisfazer as neces-</p><p>sidades dos clientes e</p><p>ampliar as potencialidades</p><p>do negócio</p><p>Visa agregar valor estratégico ao</p><p>negócio e atender expectativas do</p><p>mercado e a percepção da socieda-</p><p>de e consumidores</p><p>Visa resgatar pessoas da situação</p><p>de risco social e promovê-las, e a</p><p>gerar capital social, inclusão e eman-</p><p>cipação social</p><p>Fonte: Sucupira (2015, p. 23).</p><p>O modelo de empreendedorismo requer um processo de gestão apropriado. Para tanto,</p><p>os gestores possuem características particulares:</p><p>2 STAKEHOLDERS. Conceito criado na década de 1980 pelo filósofo norte-americano Robert Edward Free-</p><p>man. Stakeholder é qualquer indivíduo ou organização que, de alguma forma, é impactado pelas ações de</p><p>uma determinada empresa. Em uma tradução livre para o português, o termo significa parte interessada. Por</p><p>exemplo, sócios, investidores, funcionários, fornecedores, clientes, sociedade em geral, parceiros.</p><p>83</p><p>3</p><p>Empreendedorismo Social</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Quadro 06. Perfil do empreendedor social</p><p>CONHECIMENTOS HABILIDADES COMPETÊNCIAS POSTURAS</p><p>Saber aproveitar</p><p>as oportunidades;</p><p>ter competência</p><p>gerencial; ser</p><p>pragmático e</p><p>responsável; saber</p><p>trabalhar de modo</p><p>empresarial para</p><p>resolver problemas</p><p>sociais.</p><p>Ter visão clara; ter</p><p>iniciativa; ser equilibrado;</p><p>ser participativo;</p><p>saber trabalhar em</p><p>equipe; saber negociar;</p><p>saber pensar e agir</p><p>estrategicamente; ser</p><p>perceptivo e atento aos</p><p>detalhes; ser ágil; ser</p><p>criativo; ser crítico; ser</p><p>flexível; ser focado; ser</p><p>habilidoso, ser inovador;</p><p>ser inteligente; ser</p><p>objetivo.</p><p>Ser visionário; ter senso de</p><p>responsabilidade; ter senso</p><p>de solidariedade; ser sensível</p><p>aos problemas sociais; ser</p><p>persistente; ser consciente;</p><p>ser competente; saber usar</p><p>forças latentes e regenerar</p><p>forças pouco usadas; saber</p><p>correr riscos calculados;</p><p>saber integrar atores em</p><p>torno dos mesmos objetivos;</p><p>saber interagir com diversos</p><p>setores da sociedade; saber</p><p>improvisar; ser líder.</p><p>Ser inconformado</p><p>e indignado com</p><p>a injustiça e a</p><p>desigualdade;</p><p>ser determinado;</p><p>ser engajado; ser</p><p>comprometido e</p><p>leal; ser ético; ser</p><p>profissional; ser</p><p>transparente; ser</p><p>apaixonado pelo que</p><p>faz (campo social).</p><p>Fonte: Sucupira (2015, p. 25).</p><p>Para uma gestão consistente do negócio social, há sete princípios dessa operação</p><p>apresentados por Yunus (2010) apud Sucupira (2015, p. 42):</p><p>1. O objetivo do negócio é a superação da pobreza ou de um ou mais problemas em</p><p>áreas como educação, saúde, acesso à tecnologia, meio ambiente etc., que ameaçam</p><p>as pessoas e a sociedade – e não a maximização dos lucros.</p><p>2. A empresa alcançará a sustentabilidade econômica e financeira.</p><p>3. Os investimentos recebem de volta apenas o montante investido. Não se paga ne-</p><p>nhum dividendo além do retorno do investimento inicial.</p><p>4. Quando o montante do investimento é recuperado, o lucro fica com a empresa para</p><p>cobrir expansões e melhorias.</p><p>5. A empresa será ambientalmente consciente.</p><p>6. A força de trabalho recebe salários de mercado e desfruta de condições de trabalho</p><p>que as usuais.</p><p>7. Faça-o com alegria!</p><p>O modelo de gestão de um negócio social prevê em seu processo a geração de valor.</p><p>Vejamos o fluxo que merecem atenção de seus gestores:</p><p>84</p><p>Planejamento e Gestão de Negócios com Impacto Social</p><p>3</p><p>Figura 09. Fluxo do processo de geração de valor na gestão do negócio social</p><p>OU recursos</p><p>Investidos na</p><p>atividade: são os</p><p>meios pelos quais o</p><p>negócio a�ngirá o</p><p>impacto social</p><p>pretendido.</p><p>OU resultados</p><p>imediatos: são os</p><p>produtos diretos e</p><p>tangíveis ob�dos</p><p>por meio da</p><p>a�vidade, com</p><p>número de cliente,</p><p>unidade de</p><p>produto vendidas</p><p>ou volume de</p><p>crédito concedido.</p><p>OU Resultados de</p><p>médio e longo</p><p>prazo: trata-se da</p><p>mudança gerada na</p><p>vida das pessoas</p><p>expostas à a�vidade</p><p>do negócio, como</p><p>geração de renda,</p><p>redução da</p><p>vulnerabilidade ou</p><p>aumento do capital</p><p>social.</p><p>Es�ma�va dos</p><p>Resultados de</p><p>Médio e longo</p><p>Prazo</p><p>(outcomes),</p><p>excetuando-se o</p><p>que teria ocorrido</p><p>de qualquer forma,</p><p>mesmo sem a</p><p>intervenção do</p><p>negócio.</p><p>INPUTS OUTPUTS OUTCOMES IMPACTO</p><p>Fonte: adaptado de Sucupira (2015, p. 34).</p><p>Figura 10. Negócio Social integrando pessoas, comunidades e parceiros</p><p>Fonte: 123RF.</p><p>CONCLUSÃO</p><p>Pode-se entender, em várias frentes de abordagens, do que se trata a prática do em-</p><p>preendedorismo social.</p><p>O empreendedorismo social é um negócio, uma atividade que obtém lucros, mas que</p><p>esses não são o seu objetivo principal. Seu foco está voltado para atividades centradas</p><p>85</p><p>3</p><p>Empreendedorismo Social</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>nas pessoas e grupos sociais que necessitam de apoio e oportunidades para sua inclu-</p><p>são no mercado de trabalho e na própria comunidade que vive.</p><p>Como negócio, o empreendimento de caráter social é uma atividade cujos objetivos,</p><p>processos, monitoramento, estratégias, tomadas de decisões e monitoramento de de-</p><p>sempenho, são, como num empreendimento econômico privado convencional, igual-</p><p>mente tratados por mecanismos e instrumentos que o estrutura estabelecendo suas</p><p>diretrizes e ações tanto de investimentos como de prioridades em termos de resultados</p><p>previstos e apurados.</p><p>Assim, pode-se depreender que o empreendedorismo social é uma variante do empre-</p><p>endedorismo que contribui intensamente com as camadas sociais com menos opor-</p><p>tunidades, promovendo a essas possibilidades de inclusão e visibilidade requeridas</p><p>àqueles que, um motivo ou outro, não tiveram chances de aproveitá-las.</p><p>3. PLANEJAMENTO E FERRAMENTAS PARA GESTÃO DE</p><p>PROJETOS</p><p>Frequentemente as organizações se veem diante de decisões importantes que impli-</p><p>cam em novos desafios ou mudanças que exigem da administração estudos, pesqui-</p><p>sas, levantamentos e busca de dados de informações precisas de maneira que tenham</p><p>maior clareza assertiva.</p><p>Os projetos são estruturas que orientam as organizações a respeito de vários aspectos</p><p>que envolvem determinadas intenções, proporcionando maior amplitude de análise an-</p><p>tes de tomar a decisão desejada.</p><p>Neste capítulo, estudaremos o que são projetos, seus fundamentos, os aspectos e pas-</p><p>sos que dirigem sua gestão qualificada.</p><p>3.1. O QUE É PROJETO?</p><p>Você já deve ter ouvido ou lido sobre projetos! Vamos fazer uma reforma em casa?</p><p>Projeto! Vamos abrir uma empresa? Projeto! Vamos ampliar nossa empresa? Projeto!</p><p>Vamos inovar o nosso portfólio de produtos? Projeto! Vamos incluir atividades sociais</p><p>em nossa organização? Projeto!</p><p>Sim, os projetos estão presentes nos variados propósitos e objetivos.</p><p>Por que eles são tão requeridos? Porque antes de se transformarem em realidade, pos-</p><p>tos em prática, os projetos podem ser ajustados, alterados, reduzidos, ampliados até</p><p>serem aprovados e confirmados ou não. Sim, os projetos não são garantias e certezas,</p><p>também podem apontar objetivos e desejos que são inviáveis.</p><p>Projeto, ou Project, é um esforço concentrado temporário (tem começo, meio e fim)</p><p>empreendido para criar um resultado desejado, e, muitas vezes, exclusivo. Projetos</p><p>existem em todas as áreas da organização, de qualquer tipo e tamanho, e devem ser</p><p>gerenciados de forma consistente e eficiente.</p><p>86</p><p>Planejamento e Gestão de Negócios com Impacto Social</p><p>3</p><p>Os projetos não são adotados ou utilizados ou aplicados apenas em organizações de</p><p>médio ou grande porte. Portanto, projetos podem ser grandes, complexos, como tam-</p><p>bém mais simples e menores.</p><p>Exemplos de projetos de pequeno porte: desenvolvimento de um programa de capa-</p><p>citação de funcionários; criação de um website; implantação de um telemarketing; de-</p><p>senvolver um programa de assistencialismo na organização. Exemplos de projetos de</p><p>grande porte: o desejo de exportar produtos; expandir a marca por meio do franquea-</p><p>mento; abrir uma nova unidade de negócio; iniciar um empreendimento organizacional</p><p>(privado, social etc.).</p><p>Camargo (2018, p.18) afirma que</p><p>[o]rganizações privadas ou públicas de grande porte que trabalham seguin-</p><p>do uma metodologia de gerenciamento de projetos formalizada, com escri-</p><p>tórios de projetos e toda uma estrutura padronizada para aprovação, plane-</p><p>jamento e realização de projetos, podem optar por organizar seus projetos</p><p>sob a forma de programas e agrupar esses programas sob portfólios. O nível</p><p>do portfólio garante que a organização alcance suas metas estratégicas. O</p><p>nível do programa permite agrupar projetos que compartilhem necessidades</p><p>semelhantes para otimização dos recursos. O nível do projeto produzirá um</p><p>resultado ou produto único e exclusivo que irá resolver um problema ou per-</p><p>seguir uma oportunidade conforme visão estratégica da organização.</p><p>3.2. FUNDAMENTOS DE PROJETOS</p><p>Na década de 1960, a disciplina Gerenciamento de Projetos passou a reconhecer o pro-</p><p>fissional de Gerente de Projetos. Assim surgiram instituições interessadas em discutir e</p><p>desenvolver as práticas de gestão de projetos.</p><p>Um dos principais institutos foi o Project Management Institute (PMI), localizado na Fi-</p><p>ladélfia, nos Estados Unidos. Com o PMI surgiu um guia chamado Guide to the Project</p><p>Management Body ok Knowledge (PMBOK) – Guia do Conjunto de Conhecimentos em</p><p>Gerenciamento de Projetos, que fornece uma visão geral sobre como os processos de</p><p>gestão interagem no desenvolvimento de projetos.</p><p>CAIXA DE DESTAQUE - TEXTO E LINK</p><p>Conheça o PMI. Disponível em: https://www.pmi.org/brasil. Acesso em: 17 jan. 2023.</p><p>Conheça o PMBOK. Disponível em: https://www.pmi.org/pmbok-guide-standards/fou-</p><p>ndational/pmbok?sc_camp=8A8BABF66EF9499DB5CCD1C1044CB211. Acesso em: 17</p><p>jan. 2023.</p><p>O PMBOK a referência padrão em gerenciamento de projetos no Brasil e no mundo.</p><p>Sua quarta versão, lançada em 2008, descreve os seus fundamentos de gerenciamento</p><p>de projetos:</p><p>https://www.pmi.org/pmbok-guide-standards/foundational/pmbok?sc_camp=8A8BABF66EF9499DB5CCD1C1044CB211</p><p>https://www.pmi.org/pmbok-guide-standards/foundational/pmbok?sc_camp=8A8BABF66EF9499DB5CCD1C1044CB211</p><p>87</p><p>3</p><p>Empreendedorismo Social</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>ESCOPO</p><p>É o que será feito no projeto. Uma vez identificadas as partes interessadas no projeto,</p><p>ou seja, as áreas que serão atendidas no projeto, o escopo do projeto deve ser bem e</p><p>amplamente elaborado.</p><p>Entende-se por escopo de projeto todas as etapas e recursos necessários para atingir</p><p>os objetivos desejados no projeto, orientando sua execução.</p><p>Conheça mais sobre o escopo do projeto no vídeo “Escopo Do Projeto: Para que serve e</p><p>Como fazer”.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Disponível em: https://youtu.be/Icqbp40SxIs. Acesso em: 17 jan. 2023.</p><p>ESTRUTURA ANALÍTICA DO PROJETO – EAP</p><p>Em inglês, Work Breakdown Structure (WBS), a estrutura analítica do projeto deve con-</p><p>ter: a organização e a confirmação do escopo do projeto; detalhamento de todas as</p><p>etapas do projeto (previstos no escopo).</p><p>O gerenciamento do projeto estima custos, prazos e recursos necessários para a exe-</p><p>cução do projeto. O EAP, então, decompõe o escopo em componentes menores e es-</p><p>pecíficos a cada parte interessada no projeto.</p><p>Conheça mais sobre a EAP no vídeo “Como Elaborar Uma Eap - Estrutura Analítica Do Pro-</p><p>jeto - Cinco Regras Básicas”.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Disponível em: https://youtu.be/WcNE8p4R0-g. Acesso em: 17 jan. 2023.</p><p>CRONOGRAMA</p><p>O cronograma de um projeto corresponde exatamente o seu significado: é planejamen-</p><p>to do tempo necessário para realizar o projeto e obter seus objetivos.</p><p>9 Inclui as a informações obtidas a partir das ferramentas previstas no projeto, a</p><p>comunicação aos gestores de áreas interessadas e afins sobre a necessidade</p><p>e a disponibilização de recursos, como os recursos serão atribuídos, o tempo</p><p>distribuído para cada processo de execução das etapas do projeto.</p><p>https://youtu.be/Icqbp40SxIs</p><p>https://youtu.be/WcNE8p4R0-g</p><p>88</p><p>Planejamento e Gestão de Negócios com Impacto Social</p><p>3 Conheça mais sobre pensar e elaborar o cronograma do projeto no vídeo “Como Definir As</p><p>Atividades E O Cronograma De Um Projeto?”.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Disponível em: https://youtu.be/RA9jhRXtPNY. Acesso em: 17 jan. 2023.</p><p>CUSTOS</p><p>O projeto deve conter a estimativa de gastos para sua execução. Para tal, um orça-</p><p>mento deve ser detalhadamente preparado. Além dos gastos previstos com o projeto,</p><p>reservas de contingência, destinadas a riscos previstos, e as reservas gerenciais, que</p><p>visam cobrir gastos imprevisíveis, devem constar no orçamento de custos do projeto.</p><p>Conheça mais sobre a estimativa de custos de projetos no vídeo “Gestão De Custos Em</p><p>Projetos (Como Fazer)”.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Disponível em: https://youtu.be/6HcHot6pfcM. Acesso em: 17 jan. 2023.</p><p>QUALIDADE</p><p>A qualidade de um projeto é imprescindível, pois ela estabelece formas de garantir que</p><p>expectativas das partes interessadas sejam atingidas. Portanto, a qualidade de um proje-</p><p>to é planejada. A inspeção pode ser verificada à medida que a execução do projeto evolui.</p><p>Conheça mais sobre a qualidade nos projetos no vídeo “Entenda A Área De Qualidade Do</p><p>Pmbok Em Tempo Recorde”</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Disponível em: https://youtu.be/LwCVnGq7bdQ. Acesso em: 17 jan. 2023.</p><p>RECURSOS</p><p>São os itens necessários para a qualidade de execução do projeto, como os materiais,</p><p>os equipamentos e as pessoas envolvidas direta e indiretamente no projeto.</p><p>https://youtu.be/RA9jhRXtPNY</p><p>https://youtu.be/6HcHot6pfcM</p><p>https://youtu.be/LwCVnGq7bdQ</p><p>89</p><p>3</p><p>Empreendedorismo Social</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Conheça mais sobre a área de pessoas envolvidas no projeto no vídeo “Entenda A Área De</p><p>Recursos Humanos Do Pmbok Em Tempo Recorde”.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Disponível em: https://youtu.be/DJ8zBWys8-g. Acesso em: 17 jan. 2023.</p><p>COMUNICAÇÃO</p><p>Destina-se a definir as formas e processos de comunicação que serão utilizados para</p><p>dar andamento nas providências em relação ao projeto a todas as partes interessadas.</p><p>Conheça mais sobre como se dá se a comunicação nos projetos no vídeo “Gestão De Proje-</p><p>tos De Comunicação: Qual Sua Importância?”.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=c1_JpV2J1VM. Acesso em: 17 jan. 2023.</p><p>RISCOS</p><p>Os riscos de um projeto geram uma Estrutura Analítica dos Riscos (EAR) ou Risk Break-</p><p>down Structure (RBS), em inglês. Não confunda com a EAP, que é a Estrutura Analítica</p><p>do Projeto.</p><p>Riscos são acontecimentos inesperados, imprevisíveis ou incertos que podem afetar o</p><p>projeto de alguma forma.</p><p>Conheça mais sobre o EAR no vídeo “Gestão De Riscos Em Projetos”.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Disponível em: https://youtu.be/6txJFlLvwpM. Acesso em: 17 jan. 2023.</p><p>AQUISIÇÕES</p><p>Ou procurement, em inglês, refere-se a tudo o que for necessário adquirir para o bom</p><p>andamento do projeto em termos de produtos, mercadorias, serviços e terceiros.</p><p>Aquisições também devem ter um processo dentro do projeto, no qual se estabelece</p><p>com clareza o que, quanto, como e quando as aquisições são necessárias e indispen-</p><p>sáveis para a qualidade do projeto.</p><p>https://youtu.be/DJ8zBWys8-g</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=c1_JpV2J1VM</p><p>https://youtu.be/6txJFlLvwpM</p><p>90</p><p>Planejamento e Gestão de Negócios com Impacto Social</p><p>3</p><p>Por ser uma etapa de elevada complexidade no contexto do projeto, recomenda-se a</p><p>elaboração de um Plano de Gerenciamento das Aquisições.</p><p>Conheça mais sobre a etapa de aquisições no projeto no vídeo “Entenda A Área De Aquisi-</p><p>ções Do Pmbok Em Tempo Recorde”.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Disponível em: https://youtu.be/GCyXsTRzLn8. Acesso em: 17 jan. 2023.</p><p>PARTES INTERESSADAS</p><p>Partes Interessadas no projeto são todas as pessoas ligadas direta ou indireta-</p><p>mente no projeto, e afins. Essa identificação se inicia tão logo o projeto é autori-</p><p>zado a ser arquitetado.</p><p>Conheça mais sobre as partes interessadas no projeto no vídeo “Entenda A Área De Partes</p><p>Interessadas Do Pmbok Em Tempo Recorde”.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Disponível em: https://youtu.be/-WAifpucGGQ. Acesso em: 17 jan. 2023.</p><p>3.3. FERRAMENTAS DE GESTÃO DE PROJETOS</p><p>Figura 11. Gestão de projetos e a integração no processo</p><p>Fonte: 123RF.</p><p>Em Fundamentos de Projetos (item 2) vimos os componentes específicos do PMBOK.</p><p>Agora, vamos conhecer algumas ferramentas e técnicas genéricas para o desenvolvi-</p><p>mento de projetos</p><p>https://youtu.be/GCyXsTRzLn8</p><p>https://youtu.be/-WAifpucGGQ</p><p>91</p><p>3</p><p>Empreendedorismo Social</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>REUNIÕES</p><p>As reuniões de planejamento e execução dos projetos devem ser produtivas de modo que</p><p>a pauta deve ser delineada com clareza e com foco. Os participantes devem ser todas</p><p>as pessoas ou partes interessadas e envolvidas de alguma forma no projeto em questão.</p><p>OPNIÃO ESPECIALIZADA</p><p>As orientações e informações de profissionais e técnicos de diversas áreas afins inter-</p><p>nas, ou, até mesmo de consultorias externas, a depender da extensão e complexidade</p><p>do projeto, devem ser requeridas. A seguir, o Quadro 07 resume as principais opiniões</p><p>especializadas previstas no PMBOK apresentadas pelo site PMO Escritório de Projetos,</p><p>por Eduardo Montes (2020, [n.p.]):</p><p>Quadro 07. Principais opiniões especializadas para os projetos</p><p>PROCESSO PRINCIPAIS USOS</p><p>Analisar os riscos</p><p>Para lhe ajudar em todo processo de análise dos riscos, iniciando pela</p><p>identificação dos riscos, depois priorizando e por fim definindo como tratar os</p><p>riscos priorizados.</p><p>Identificar as partes</p><p>interessadas</p><p>Para garantir ampla identificação de cada parte interessada e de seu perfil</p><p>(poder, influência etc.).</p><p>Solicita opinião e conhecimento de grupos ou pessoas que tenham treinamento</p><p>ou conhecimento especializado na área ou disciplina em questão, tais como:</p><p>9 Alta administração.</p><p>9 Principais partes interessadas identificadas.</p><p>9 Gerentes de projetos que trabalharam em projetos da mesma área.</p><p>9 Especialistas no assunto da área de negócio ou do projeto</p><p>9 Grupos e consultores do setor.</p><p>Planejar as aquisições</p><p>Contratos, compras, aspectos jurídicos e disciplinas técnicas.</p><p>Redação cuidadosa do contrato pode mitigar ou transferir riscos para fornecedor.</p><p>Revisão dos critérios para avaliar as propostas dos fornecedores.</p><p>Conduzir as aquisições</p><p>Avaliação das propostas.</p><p>Equipe multidisciplinar de revisão.</p><p>Redação do Contrato.</p><p>Fonte: Montes (2020, [n.p.]).</p><p>5W2H</p><p>Essa é uma técnica que orienta as pessoas envolvidas no projeto a como entender de-</p><p>terminadas situações, documentá-las, identificar alternativas e compor planos de ação.</p><p>É um roteiro com perguntas para entender o que se está avaliando. O site PMO Escri-</p><p>tório de Projetos sintetiza no Quadro 08:</p><p>92</p><p>Planejamento e Gestão de Negócios com Impacto Social</p><p>3</p><p>Quadro 08. A técnica 5W2H e sua estrutura</p><p>CATEGORIA 5W2H TRADUÇÃO DESCRIÇÃO</p><p>Assunto What? O que?</p><p>O que está sendo tratado?</p><p>O que será feito?</p><p>Objetivo Why? Por quê? Qual o objetivo? Quais as necessidades?</p><p>Periodicidade When? Quando? Quando será feito? Em qual periodicidade?</p><p>Local Where? Onde? Onde será feito?</p><p>Pessoas Who? Quem participa</p><p>e como?</p><p>Quem é o responsável? Podemos adaptar aqui para gerar</p><p>uma matriz de responsabilidade RACI*.</p><p>*RACI (Responsible - Responsável), Accountable - Aprova-</p><p>dor, Consulted - Consultado e Informed - Informado).</p><p>Conhecida como Matriz de Responsabilidades ou Matriz de</p><p>Atribuição. Estabelece as funções e responsabilidades de</p><p>cada pessoa envolvida em um projeto.</p><p>Método How? Como? Como faremos? Qual o procedimento, ferramentas, formu-</p><p>lários usados?</p><p>Custo How</p><p>Much? Quanto Custa? Qual o custo necessário para fazer?</p><p>Fonte: Montes (2020, [n. p.]).</p><p>Nesse vídeo o autor explica sobre metodologia e o uso de ferramentas genéricas para a ges-</p><p>tão de projetos: “Melhores Ferramentas Para Gestão De Projetos 2021 - Como Escolher?”.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Disponível em: https://youtu.be/gVKrUwqqzCc. Acesso em: 14 nov. 2022.</p><p>Os links a seguir são de empresas especializadas em gestão de projetos. Contém diversas</p><p>ferramentas específicas e genéricas.</p><p>Ferramentas e técnicas do Guia PMBOK®. Por: Eduardo Montes. Disponível em: https://es-</p><p>critoriodeprojetos.com.br/ferramentas-e-tecnicas-do-guia-pmbok. Acesso em: 17 jan. 2023.</p><p>Conheça as 7 principais ferramentas de gestão de projetos. Por: Sankhya. Disponível</p><p>em: https://www.sankhya.com.br/blog/ferramentas-de-gestao/. Acesso em: 17 jan. 2023.</p><p>5 ferramentas</p><p>para gestão de projetos para facilitar o seu dia a dia e alcançar grandes</p><p>resultados. Por: Siteware. Disponível em: https://www.siteware.com.br/projetos/ferramen-</p><p>tas-acompanhamento-de-projetos/. Acessos em: 14 nov. 2022.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>https://youtu.be/gVKrUwqqzCc</p><p>https://escritoriodeprojetos.com.br/ferramentas-e-tecnicas-do-guia-pmbok</p><p>https://escritoriodeprojetos.com.br/ferramentas-e-tecnicas-do-guia-pmbok</p><p>https://www.sankhya.com.br/blog/ferramentas-de-gestao/</p><p>https://www.siteware.com.br/projetos/ferramentas-acompanhamento-de-projetos/</p><p>https://www.siteware.com.br/projetos/ferramentas-acompanhamento-de-projetos/</p><p>93</p><p>3</p><p>Empreendedorismo Social</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>3.4 PASSOS PARA GESTÃO DE PROJETOS</p><p>Um dos grandes desafios dos projetos é garantir a sua execução, o seu monitoramento</p><p>até o encerramento.</p><p>EXECUÇÃO</p><p>A execução é colocar em prática tudo o que foi planejado para o projeto de maneira que</p><p>sua elaboração possa ser exitosa.</p><p>Para Camargo (2018, p.191), as áreas de conhecimento para o processo de execução</p><p>de projetos são integração, qualidade, recursos, comunicações, riscos, aquisições, e</p><p>partes interessadas, como se pode observar no Quadro 09:</p><p>Quadro 09. Atividades da execução de projetos</p><p>ÁREAS DE</p><p>CONHECIMENTO ATIVIDADES</p><p>Integração Manter as áreas e os recursos do projeto integrados</p><p>Qualidade Realizar a garantia da qualidade</p><p>Recursos</p><p>Adquirir Recursos</p><p>Desenvolver a equipe</p><p>Gerenciar a equipe</p><p>Comunicações Gerenciar as informações</p><p>Riscos Implementar as respostas aos riscos (quando isso for aplicável)</p><p>Aquisições Efetuar as aquisições e contratações</p><p>Partes Interessadas</p><p>Gerenciar as expectativas das partes interessadas</p><p>Gerenciar as estratégias para manter um alto nível de engajamento das</p><p>partes interessadas</p><p>Fonte: Camargo (2018, p. 191).</p><p>Nesse vídeo o canal explica desde o que é projeto até os passos de como aplicar a gestão de</p><p>projetos de forma eficiente e eficaz: “GERENCIAMENTO DE PROJETOS (05 DICAS CER-</p><p>TEIRAS PARA TRABALHAR O GERENCIAMENTO DE PROJETO).</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Disponível em: https://youtu.be/Usv5V0vNHuI. Acesso em: 14 nov. 2022.</p><p>MONITORAMENTO</p><p>Monitorar o projeto é acompanhar passo a passo se sua execução está em conformi-</p><p>dade com o planejado.</p><p>As atividades e os documentos necessários ao monitoramento e controle do projeto, de</p><p>acordo com Camargo (2018, p. 207), estão resumidas no Quadro 10.</p><p>https://youtu.be/Usv5V0vNHuI</p><p>94</p><p>Planejamento e Gestão de Negócios com Impacto Social</p><p>3</p><p>Quadro 10. Atividades e Documentos do Monitoramento e Controle de Projetos</p><p>ÁREAS DE</p><p>CONHECIMENTO MONITORAMENTO E CONTROLE DOCUMENTOS</p><p>Integração</p><p>Monitorar e controlar o trabalho</p><p>Realizar o controle integrado de</p><p>mudanças</p><p>Plano de Gerenciamento de Projeto</p><p>Escopo</p><p>Verificar escopo</p><p>Controlar escopo</p><p>EAP e Dicionário da EAP</p><p>Cronograma Controlar cronograma Cronograma</p><p>Custos Controlar custos Orçamento</p><p>Qualidade Controlar a qualidade Listas de Verificação (Checklists) e Matriz</p><p>de Rastreabilidade e plano de aquisições</p><p>Recursos Controlar os recursos Matrizes de recursos, matriz RACI, crono-</p><p>grama e plano de aquisições</p><p>Comunicação Controlar as comunicações</p><p>Plano de Comunicações</p><p>Relatórios de Desempenho</p><p>Atas de Reuniões</p><p>Riscos Monitorar os riscos Análise de Riscos</p><p>Aquisições Controlar as aquisições Plano de Gerenciamento das Aquisições</p><p>Partes Interessadas Monitorar o nível de engajamento</p><p>das partes interessadas</p><p>Matriz de Gerenciamento das Partes</p><p>Interessadas</p><p>Fonte: Camargo (2018, p. 207).</p><p>O monitoramento do projeto deve permitir que a gestão possa comparar o planejado</p><p>com o realizado, aplicar medidas corretivas quando necessário e compartilhar dados e</p><p>informações obtidas sobre o percurso da execução do projeto.</p><p>Nesse vídeo o canal explica o papel do gerente de projetos: “(Entenda) O Papel Do Gerente</p><p>De Projetos”.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Disponível em: https://youtu.be/g2Ct6Iu5Ksw. Acesso em: 14 nov. 2022.</p><p>ENCERRAMENTO</p><p>É o fechamento de todas as atividades do projeto.</p><p>Atividades previstas para o encerramento do projeto:</p><p>Área de Conhecimento → Integração</p><p>Atividades:</p><p>Reunião de encerramento;</p><p>https://youtu.be/g2Ct6Iu5Ksw</p><p>95</p><p>3</p><p>Empreendedorismo Social</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>9 Apresentar um relatório do projeto quanto aos aspectos apreendidos;</p><p>9 Confirmar a conclusão do projeto em conformidade com os requisitos nele previstos;</p><p>9 Apresentar os relatórios de desempenho da execução do projeto;</p><p>9 Apresentar os contratos com fornecedores e apoios externos encerrados ou a</p><p>encerrar;</p><p>9 Manter arquivos de todos os documentos, processos e comunicações;</p><p>9 Disponibilizar os recursos materiais e as pessoas que trabalharam no projeto.</p><p>Perguntas que norteiam a reunião de encerramento de projeto:</p><p>1. O que foi ou não bem-sucedido no projeto?</p><p>2. O que poderia ser feito de diferente?</p><p>3. Quais as surpresas no decorrer do projeto que afetaram o trabalho planejado?</p><p>4. Quais circunstâncias imprevistas do projeto?</p><p>5. Os objetivos do projeto foram atingidos? Se não foram, o que precisa ser mudado</p><p>para os próximos?</p><p>Nesse vídeo o canal dá um exemplo simulado sobre como gerenciar um projeto: “Como ge-</p><p>renciar um projeto na prática?”.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Disponível em: https://youtu.be/E2R9HOwKRAg. Acesso em: 14 nov. 2022.</p><p>CONCLUSÃO</p><p>Neste capítulo estudamos o que são projetos, seus fundamentos, os aspectos e passos</p><p>que dirigem sua gestão qualificada.</p><p>Tendo em vista várias decisões das organizações sobre mudanças estruturais, investi-</p><p>mentos, retomada ou busca de novos caminhos, lançamentos de novos produtos etc.,</p><p>serem de tamanha relevância, a gestão dispõe da ferramenta projeto como grande alia-</p><p>do no sentido de se proceder análises e discussões que forneçam elementos seguros</p><p>para que, com maior convicção, se entenda com profundidade o que se deseja, bem</p><p>como suas repercussões, facilitando o processo.</p><p>4. PLANOS DE NEGÓCIOS PARA ORGANIZAÇÕES SOCIAIS</p><p>Entende-se que uma organização social é formada por pessoas que buscam melhorar a</p><p>vida dos outros, sem exigir nada em troca. São pessoas que lutam pelos mesmos ideais</p><p>https://youtu.be/E2R9HOwKRAg</p><p>96</p><p>Planejamento e Gestão de Negócios com Impacto Social</p><p>3</p><p>em prol de uma mudança social, e cujos objetivos são o bem público de maneira geral,</p><p>sem restringir-se aos interesses individuais ou de determinado grupo da sociedade.</p><p>Portanto, pode-se dizer que uma grande parte das organizações sociais são fundadas</p><p>sem o plano de negócios (plano financeiro, de marketing, dentre outros).</p><p>Seus fundadores são considerados empreendedores sociais, pois identificam um pro-</p><p>blema na sociedade, partem para propor uma solução e resolvem um problema urgen-</p><p>te/emergencial. O empreendedorismo social no Brasil surgiu como uma maneira de re-</p><p>solver o problema de certa forma urgente, pedindo ajuda aos amigos/vizinhos/parentes:</p><p>primeiro resolvesse o problema e depois pensa-se nos conceitos. Nesse contexto, é</p><p>possível observar pessoas, diversas entidades e pequenas empresas, trabalhando em</p><p>parceria para prover o bem comum em prol dos que necessitam de alguma ajuda/apoio.</p><p>Conhecida como Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil (OSC), a Lei</p><p>13.019/14 representa um avanço no âmbito do novo regime jurídico das parcerias por</p><p>meio de instrumentos jurídicos capazes de assegurar a continuidade das atividades das</p><p>organizações junto aos entes públicos, assim, beneficiando diretamente a sociedade civil.</p><p>O Marco Regulatório das OSC foi pensado para que as entidades tenham um norte a</p><p>seguir uma vez que seus fundadores são visionários e nem sempre conseguem apoio</p><p>ou recursos para que a entidade comece “certo”, “legalizada” perante os órgãos públicos.</p><p>Filme: O curta metragem Sorry: um filme sobre pessoas com deficiência e atitude ilustra uma</p><p>cena rápida no elevador de um shopping que está sobrecarregado. Uma metáfora ao individu-</p><p>alismo e ao direito que cada um acha que possui, fazendo com que o elevador não se mova.</p><p>Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=_uYb7c2ao78. Acesso em: 22 jan. 2023.</p><p>e educação.</p><p>- Coeficiente de Gini: índice que mede o grau de concentração de renda (ou seja, de desi-</p><p>gualdade social) de uma nação.</p><p>GLOSSÁRIO</p><p>10</p><p>Brasil: Sociedade, Economia, Política e Empreendedorismo Social</p><p>1</p><p>Por outro lado, aspectos antropológicos são aqueles relacionados aos seres humanos</p><p>de maneira mais ampla, ou seja, à maneira que eles se formaram e se tornaram aquilo</p><p>que são. Os aspectos antropológicos mostram possíveis caminhos para explicar as</p><p>diferenças (particularidades) culturais, os movimentos e desigualdades sociais, os sa-</p><p>beres tradicionais e o nível de desenvolvimento socioeconômico de uma comunidade,</p><p>um povo ou um país. Dessa forma, de maneira biológica (física), material, linguística e/</p><p>ou cultural, os estudos antropológicos buscam as raízes dos seres humanos, estabe-</p><p>lecendo uma análise do passado (histórica) para a compreensão dos fenômenos que</p><p>acontecem nos dias de hoje. Vamos compreender isso melhor?</p><p>1.2. OS QUATRO CAMPOS ANTROPOLÓGICOS E AS RELAÇÕES COM</p><p>OUTRAS ÁREAS DAS CIÊNCIAS HUMANAS</p><p>Para entendermos os indivíduos e sociedades atuais, os estudos antropológicos são</p><p>divididos em 4 campos: a) antropologia biológica (ou física), b) arqueologia, c) antropo-</p><p>logia linguística e d) antropologia cultural (social).</p><p>A antropologia biológica procura entender a história da evolução humana a partir dos</p><p>restos mortais de pessoas que viveram no passado e das características da biologia</p><p>de pessoas que estão vivas no presente. Por exemplo, ao estudar o desgaste dos</p><p>dentes de um cadáver ou de uma pessoa viva, é possível identificar se ela tinha (tem)</p><p>uma dieta baseada em grãos, açúcares, verduras ou proteína animal, indicando se ela</p><p>estava (está) em uma comunidade que cultivava/comercializava estes tipos de bens.</p><p>Atualmente, o estudo do DNA também traz várias indicações sobre o modo de vida das</p><p>pessoas e suas relações sociais.</p><p>Os estudiosos Roger e Martine Lichtenberg examinaram, com Raio-X, cerca de 130 múmias</p><p>egípcias (ARNT, 1998). Nestes exames, detectaram que os ossos de algumas mostravam si-</p><p>nais de crescimento raquítico, marcas de má nutrição e doenças durante a juventude, trazen-</p><p>do indicações de que passavam fome e tinham vidas bastante difíceis (ARNT, 1998). Além</p><p>disso, diversas múmias apresentavam sinais de reumatismo na coluna, o que evidenciava</p><p>um trabalho físico intenso e de transporte de cargas pesadas (ARNT, 1998). Os estudiosos</p><p>também encontraram algumas múmias sem os dentes, mostrando que tinham mais açúcar</p><p>na dieta (ARNT, 1998). Interessante, né?</p><p>EXEMPLO</p><p>Já a arqueologia estuda o passado e o presente de diferentes sociedades através</p><p>de objetos materiais (utensílios, objetos de arte, estruturas arquitetônicas, armas,</p><p>vestimentas etc.), já que eles têm a capacidade de trazer pistas sobre a maneira</p><p>que determinada população vivia, gerando teorias sobre sua cultura e relaciona-</p><p>mentos pessoais e produtivos, além de permitir uma visualização das transforma-</p><p>ções ocorridas naquela determinada sociedade, comparando os dois conceitos</p><p>(do passado e do presente).</p><p>Com relação à antropologia linguística, ela estuda o papel da linguagem na vida social</p><p>de indivíduos e grupos, explorando-o como elemento de identidade social, pertenci-</p><p>11</p><p>1</p><p>Empreendedorismo Social</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>mento de grupo, estabelecimento de crenças e ideologias culturais (GREELANE, 2019).</p><p>Nos dias de hoje, por exemplo, se você colocar num mesmo ambiente um rapper, um</p><p>surfista e um gamer, se você não pudesse vê-los, mas pudesse escutá-los, não seria</p><p>possível identificar cada um dos grupos a que pertencem pela forma que se comunicam?</p><p>Por fim, a antropologia cultural (social) é caracterizada pela compreensão da maneira</p><p>como os homens vivem em diferentes sociedades e culturas, sendo que estas culturas</p><p>podem ser definidas como um código pelo qual os seres humanos estudam, pensam e</p><p>modificam a sociedade, com base em padrões de convívio que trazem particularidades</p><p>e diferenças entre as sociedades.</p><p>Desta forma, estes quatro campos de estudo antropológicos trazem elementos que</p><p>permitem o entendimento da realidade, dos anseios e das expectativas da sociedade</p><p>em que estamos inseridos, bem como são capazes de mostrar as transformações que</p><p>ocorreram nela ao longo do tempo.</p><p>1.3. RECENTES TRANSFORMAÇÕES SOCIOECONÔMICAS E</p><p>ANTROPOLÓGICAS</p><p>Há diversas transformações socioeconômicas e antropológicas que ocorreram no Brasil</p><p>e no mundo nos últimos anos. Dentre elas, podemos destacar: o novo status da pobre-</p><p>za e suas causas estruturais, a formação de grupos que buscam voz na sociedade e o</p><p>mindset sustentável. Vamos entendê-las?</p><p>� O Novo Status Da Pobreza E Suas Causas Estruturais</p><p>A pobreza é um assunto que simplesmente persiste no Brasil (e em muitos lugares do</p><p>mundo). Em nosso país, certamente, passamos por períodos de diminuição da pobreza</p><p>(alguns mais robustos outros mais tímidos), mas é indubitável que este assunto ainda</p><p>necessita de muitos avanços.</p><p>O interessante a se notar é que a pobreza, de acordo com Pereira (2007), pode ser vista</p><p>de várias maneiras, como: a) falta, ausência, carência e insuficiência de renda (devido</p><p>à baixa renda, as pessoas enfrentam situações de ausência de alimentação adequada</p><p>e de bens materiais básicos); b) demanda assistencial (como quem está na situação de</p><p>pobreza não tem condições por si só de atender a todas as suas necessidades, preci-</p><p>sará de algum tipo de assistência para supri-las); c) privação de capacidades (a situa-</p><p>ção de pobreza limita as pessoas a acessarem oportunidades econômicas, liberdades</p><p>políticas e condições habilitadoras (que estão relacionadas à boa saúde e educação</p><p>de qualidade); d) exclusão social (a pobreza também está relacionada a aspectos mais</p><p>subjetivos que geram sentimentos de rejeição, perda de identidade e ruptura de laços</p><p>culturais e de sociabilidade); e) vulnerabilidade social (uma condição que dificulta a</p><p>pessoa em estado de pobreza a sair dele, por conta do desemprego estrutural e das</p><p>diversas formas de precarização do trabalho (como o aumento da informalidade) que</p><p>geram pessoas descartáveis, refugadas para as novas exigências da modernização do</p><p>mercado de trabalho.</p><p>É claro que a fome, o desemprego e a falta de crescimento econômico são fatores</p><p>essenciais e determinantes para a pobreza. No entanto, percebe-se que a pobreza</p><p>12</p><p>Brasil: Sociedade, Economia, Política e Empreendedorismo Social</p><p>1</p><p>contemporânea não pode mais ser tratada apenas como uma questão material (de</p><p>renda), desconsiderando-se outros aspectos importantes (PEREIRA, 2007). “A pobreza</p><p>que constitui uma questão histórica, assume novas dimensões, constituindo o foco das</p><p>problemáticas sociais contemporâneas” (PEREIRA, 2007, p. 8).</p><p>[...] a pobreza, hoje, amplia-se, rompendo fronteiras sociais entre grupos,</p><p>atingindo segmentos antes tidos como integrados socialmente. É uma po-</p><p>breza que se articula com a vulnerabilidade do trabalho, ou seja, ser pobre</p><p>implica em uma inserção precária excludente no mundo do trabalho sem</p><p>conseguir garantir condições efetivas de inclusão na vida social. (PEREIRA,</p><p>2007, p. 8)</p><p>Dessa forma, é importante entender que a batalha contra a pobreza deverá passar</p><p>por uma mudança radical pautada na educação e inclusão tecnológica. Se alguns</p><p>anos atrás, a inserção ao mundo do trabalho era uma dificuldade para uma grande</p><p>camada da população (por conta dos elevados níveis de desemprego), atualmente,</p><p>esta inclusão é ainda mais complexa. Apesar de, em vários momentos, o desemprego</p><p>permanecer alto, muitos empregos gerados na atual sociedade moderna exigem uma</p><p>formação educacional e tecnológica para acompanhar esta revolução vista no mun-</p><p>do. A Internet das Coisas (IoT), a Inteligência Artificial, a automatização, o blockchain</p><p>e muitas outras tecnologias que aparecerão no futuro não são aprendidos no dia a</p><p>dia de um indivíduo, necessitando de um ensinamento formal, que só acontece com</p><p>inclusão educacional.</p><p>Assim, inovação, tecnologia e educação serão fundamentais</p><p>Leituras complementares: CARRENHO, A. C. do Novo Marco Regulatório do Terceiro Se-</p><p>tor. Disponível em: https://ligasolidaria.org.br/site/wp-content/uploads/2018/06/Apresenta%-</p><p>-C3%A7%C3%A3o-Marco-Regulat%C3%B3rio_.output.pdf. Acesso em: 22 jan. 2023.</p><p>DINIZ, A. A. A importância do marketing social para o terceiro setor. Disponível em: https://co-</p><p>nafasf.fasf.com.br/anais2020/arquivos/10142020_181044_5f8772b41f169.pdf. Acesso em:</p><p>22 jan. 2023.</p><p>IMPORTANTE!</p><p>Prahalad (2005, p. 17) defende a necessidade de melhorar a forma de como ajudar os</p><p>pobres e os necessitados. Uma das propostas do autor é por meio da inovação para</p><p>atingir ganhos sustentáveis, em que haja uma participação engajada daqueles que fa-</p><p>zem parte do processo somada a possibilidade de obtenção de lucros por parte das</p><p>empresas que os suprem de produtos e serviços. Além do mais, Wolf (1999) define que</p><p>as organizações sociais devem ter cinco características:</p><p>1ª: ter uma missão de serviço e interesse público;</p><p>2ª: estar organizada dentro de algum modelo de organização sem fins lucrativos defini-</p><p>do pela legislação;</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=_uYb7c2ao78</p><p>https://ligasolidaria.org.br/site/wp-content/uploads/2018/06/Apresenta%25-C3%A7%C3%A3o-Marco-Regulat%C3%B3rio_.output.pdf</p><p>https://ligasolidaria.org.br/site/wp-content/uploads/2018/06/Apresenta%25-C3%A7%C3%A3o-Marco-Regulat%C3%B3rio_.output.pdf</p><p>https://conafasf.fasf.com.br/anais2020/arquivos/10142020_181044_5f8772b41f169.pdf</p><p>https://conafasf.fasf.com.br/anais2020/arquivos/10142020_181044_5f8772b41f169.pdf</p><p>97</p><p>3</p><p>Empreendedorismo Social</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>3ª: ter estruturas de governança que excluam de antemão qualquer possibilidade de</p><p>trabalhar por interesses privados ou de obter qualquer ganho financeiro individual;</p><p>4ª: estar isentas de tributos;</p><p>5ª: possuir status legal que garanta isenções tributárias às pessoas físicas ou jurídicas</p><p>que fizerem qualquer contribuição financeira à organização.</p><p>Muitas entidades do terceiro setor foram criadas sem o plano de negócios e muitas não</p><p>tem interesse em colocar em prática, acreditam que é perda de tempo parar para escre-</p><p>ver algo enquanto precisam de recursos financeiros para desenvolver suas atividades.</p><p>Portanto, ao iniciar uma entidade social, é importante levantar as seguintes perguntas:</p><p>9 Onde será a sede?</p><p>9 Quem pagará os gastos iniciais com a abertura da entidade?</p><p>9 Quem pagará o contador?</p><p>9 Quem pagará as despesas de registro em cartório?</p><p>No primeiro momento é possível encontrar um profissional da contabilidade que realize</p><p>essas tarefas gratuitamente, sem custos para a entidade, mas, em certos casos, a en-</p><p>tidade também precisará de um advogado parceiro, para elaborar o Estatuto Social e</p><p>posteriormente realizar a Assembleia de constituição da entidade.</p><p>Antes de iniciar a atividade é importante que todas as pessoas que farão parte da entidade</p><p>tenham acesso ao Estatuto Social para a leitura antes da realização da primeira assembleia.</p><p>A leitura e a interpretação do Estatuto são necessárias para que cada membro, ora convidado</p><p>para fazer parte da entidade, conheça o propósito a que se destina a ONG, para que pessoas</p><p>façam uma análise e contribuam para o seu desenvolvimento do respectivo documento e</p><p>para posterior registro em cartório.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>¾ Iniciando o novo negócio com transparência</p><p>No primeiro momento algumas entidades surgem com o trabalho de voluntários que vão</p><p>arrecadando algo e gerando os primeiros recursos, ou a pessoa tem algum ente querido</p><p>que nasce com algum problema e, diante das dificuldades encontradas, vai buscando</p><p>forças para superar o dia a dia (empreendedor por necessidade). Não é difícil nos de-</p><p>pararmos com vendas de rifa, almoço, jantar, quermesses, dia do sorvete e da pizza,</p><p>bazar, ou festa em prol de uma determinada entidade.</p><p>98</p><p>Planejamento e Gestão de Negócios com Impacto Social</p><p>3</p><p>Figura 12. Festa da entidade: bazar, quermesses, almoço, jantar</p><p>Fonte: 123RF.</p><p>Outra maneira de arrecadar recursos são as doações de voluntários ou associados. Em</p><p>geral, são pessoas que estão dispostas a contribuir mensalmente com o trabalho que a</p><p>entidade irá desenvolver. Nesse interim já se percebe que o plano financeiro está sendo</p><p>colocado em prática mesmo antes da entidade existir e, não menos importante, o plano</p><p>de marketing também já foi colocado em prática sem que seus fundadores percebam.</p><p>Então, vamos colocar as mãos na massa/obra e definir as estratégias de trabalho de</p><p>cada membro com algumas perguntas:</p><p>¾ Quem vai fazer? O que?</p><p>Chegamos, assim, à organização e gerência da organização.</p><p>¾ Como será a estrutura operacional em linhas gerais?</p><p>Ao analisar a proposta do empreendimento é preciso ter ciência de que para buscar re-</p><p>cursos em órgãos do poder público será necessário seguir alguns protocolos no tocante</p><p>a elaboração de projetos, analisando o ambiente interno e o externo. Certas perguntas,</p><p>no ambiente interno, por exemplo, surgem como iniciais:</p><p>` Quem será o público-alvo?</p><p>` Quem a entidade irá atender?</p><p>` Quem será o cliente?</p><p>` Como irá realizar os atendimentos?</p><p>` Quando irá realizar os atendimentos?</p><p>99</p><p>3</p><p>Empreendedorismo Social</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>` Quais serão as atividades principais – primárias - secundárias?</p><p>` Qual é a proposta de valor?</p><p>` Como será o relacionamento com o cliente?</p><p>Com a ideia em mente, parte-se para a elaboração do Estatuto Social da Entidade. Atu-</p><p>almente a busca na internet tem ajudado na elaboração do Estatuto com maior coerên-</p><p>cia. Busca-se vários e aproveita-se o que um tem de bom e vai melhorando em função</p><p>da proposta da entidade. Outro fator levado em consideração é, logo no início, pensar</p><p>na transparência das ações que serão realizadas.</p><p>4.1. ELABORANDO O PLANO DE NEGÓCIOS PAUTADO NO</p><p>ESTATUTO SOCIAL</p><p>No primeiro momento, sugere-se que se faça uma busca em modelos de Estatuto So-</p><p>cial prontos. Em seguida, que seja feita uma análise e, por fim, que se discuta com o</p><p>grupo de trabalho como deve ser cada parágrafo do Estatuto, lembrando que o que</p><p>deve prevalecer, é o Código Civil Brasileiro. Partindo do pressuposto que o advogado</p><p>chegou em um consenso na redação do Estatuto e já enviou aos interessados para</p><p>fazer uma leitura prévia, o próximo passo será convocar uma Assembleia para a organi-</p><p>zação e gerência da entidade que, em geral, possui as seguintes estruturas:</p><p>9 Assembleia geral Ordinária e Extraordinária;</p><p>9 Presidente, Tesoureiro, Conselho Diretor;</p><p>9 Conselho Consultivo; Conselho Fiscal;</p><p>9 Equipe contratada;</p><p>9 Voluntários.</p><p>A Assembleia Geral é o órgão máximo da organização, responsável pelas principais</p><p>decisões, como eleger ou destituir o Presidente, Tesoureiro, Conselho Diretor ou Con-</p><p>selho Fiscal. Dentre os cargos, o Conselho Diretor, por exemplo, “[...] funciona como um</p><p>guardião do interesse público, e nesse sentido, tem a função de verificar se a organiza-</p><p>ção está trabalhando de maneira eficiente, investindo seus recursos de modo a gerar o</p><p>máximo impacto” (RAMAL, [s.d.], [n.p.]).</p><p>Nem sempre os membros do Conselho terão conhecimento suficiente para elaborar o</p><p>planejamento de curto, médio e longo prazo, a definição da missão, a visão, os valores</p><p>da empresa e a aprovação da agenda de atividades. O mesmo acontece com o plane-</p><p>jamento financeiro e orçamentário e das contas da entidade, em que é preciso colocar</p><p>a pessoa certa no lugar certo. Caso o Conselho não possua as habilidades necessárias</p><p>para desenvolver alguma atividade, o Conselho Consultivo (como o próprio nome diz,</p><p>função consultiva) deve estar à disposição para tomar as decisões necessárias. Por</p><p>outro lado, o Conselho Fiscal tem a função de fiscalizar e aprovar as contas da orga-</p><p>nização, sugerir auditoria preventiva e se incumbir da transparência das informações.</p><p>100</p><p>Planejamento e Gestão de Negócios com Impacto Social</p><p>3</p><p>Após definido o Estatuto e aprovado em Assembleia, é o momento de elaborar o plano</p><p>de negócios, o organograma,</p><p>[...] definir ainda os cargos</p><p>da equipe operacional, e como será a distribuição</p><p>de tarefas e responsabilidades entre as pessoas, assim como que compe-</p><p>tências são necessárias para cada cargo. É preciso ainda definir qual será</p><p>a remuneração das pessoas e o programa de motivação. Também deve-se</p><p>definir que responsabilidades e tarefas ficarão na mão dos voluntários, e</p><p>qual será a estratégia de motivação dos mesmos para mantê-los vinculados</p><p>à organização o maior tempo possível. (RAMAL, [s.d.], [n.p.])</p><p>Estudiosos de empreendedorismo relatam que ao elaborar o plano de negócios, um cui-</p><p>dado especial deve se ter com o Sumário Executivo, que talvez seja o único documento</p><p>que será lido por um interessado em ajudar a entidade social. Em uma ou duas páginas</p><p>é preciso despertar o interesse do leitor para que possa prosseguir com a leitura dos</p><p>próximos itens, ou convide o empreendedor social para uma reunião. Como o próprio</p><p>nome diz, o Sumário é uma espécie de resumo do conteúdo no plano de negócios, con-</p><p>tendo no máximo três páginas. É o instrumento de vendas propriamente dito do plano,</p><p>e por isso deve ser atraente, convidativo e ter o poder de convencer a importância do</p><p>trabalho que se propõe a realizar como:</p><p>a. fornecer marmitas aos moradores de rua no período noturno;</p><p>b. atender crianças, jovens e adultos em situação de vulnerabilidade social;</p><p>c. acolher idosos etc.</p><p>Segundo RAMAL,</p><p>[...] o Sumário Executivo deve conter as seguintes informações:</p><p>• Objetivo do Plano de Negócios;</p><p>• A oportunidade de trabalho percebida e como será desenvolvida;</p><p>• O público-alvo que se pretende atender e suas características principais;</p><p>• A missão da organização;</p><p>• A formação do Conselho Diretor;</p><p>• Quais produtos/serviços serão fabricados, vendidos, prestados, forne-</p><p>cidos pela organização;</p><p>• Como será abordado o público alvo;</p><p>• Como serão vendidos os produtos/serviços;</p><p>• Como a organização será estruturada para cumprir seus objetivos;</p><p>• As características (perfil) do pessoal da empresa e dos voluntários;</p><p>• O volume total de investimentos necessários para a organização reali-</p><p>zar o trabalho que se propõe;</p><p>• O volume de recursos mensais para manter a organização em</p><p>funcionamento;</p><p>• O fluxo de caixa previsto para a organização: como evoluirão suas re-</p><p>ceitas e despesas;</p><p>• A previsão da organização de tornar-se autossustentável; e</p><p>• Que impactos a organização espera obter e como estes serão mensu-</p><p>rados. (RAMAL, [s.d.], [n.p.])</p><p>Uma vez definido o plano de negócios, ora de começar a buscar recursos: onde? Como?</p><p>101</p><p>3</p><p>Empreendedorismo Social</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Na reunião de apresentação dos possíveis associados de uma determinada entidade um</p><p>dos membros pega o telefone, liga para um empresário e pede uma bicicleta para fazer uma</p><p>rifa para os custos iniciais da abertura da entidade. O empresário imediatamente concede a</p><p>bicicleta. Outro membro informa que ganhou um cavalo para a entidade. De imediato, veio a</p><p>pergunta: você sabe quanto custa manter um cavalo? Onde esse cavalo vai ficar? Quem vai</p><p>cuidar dele? O que dá para fazer com esse cavalo nesse momento? Nada.</p><p>PARA REFLETIR</p><p>Passados dois anos de organização estabelecida, as portas se abrem com mais facili-</p><p>dade. Com a organização estabelecida é possível buscar recursos na Prefeitura Muni-</p><p>cipal, na Secretaria da Educação, no Fundo Social e dentre outros. Antes, é preciso ler</p><p>os editais de chamamento e interpretar para que os projetos sejam desenvolvidos de</p><p>acordo com cada necessidade. Outras fontes de recursos são as emendas parlamenta-</p><p>res, juízes (recursos de multas), empresas privadas, comunidade local.</p><p>4.2. ELABORANDO O PLANO DE NEGÓCIOS PAUTADO NO</p><p>ESTATUTO SOCIAL</p><p>Toda empresa precisa de alguém para executar alguma atividade, damos a essa pes-</p><p>soa o nome de funcionário. Em geral, os funcionários irão desenvolver suas atividades</p><p>e, consequentemente, precisam receber seus salários, horas extras, adicional noturno,</p><p>insalubridade, periculosidade, férias, 1/3 de férias, 13. Salário, FGTS, a contribuição</p><p>social e dentre outros encargos trabalhistas. Por isso, é importante pensar como será</p><p>feita a gestão de pessoas e os respectivos encargos para delinear as metas e a busca</p><p>de recursos juntamente com os membros do conselho diretivo.</p><p>As reuniões dos membros do conselho é exatamente para estabelecer metas, designar</p><p>tarefas e buscar recursos. As pessoas se juntam para fortalecer as entidades onde não</p><p>existe recurso, inclusive esse é o lema de muitas organizações sociais no Brasil. Definir</p><p>as estratégias de trabalho, e a missão da entidade estão alinhados com os objetivos</p><p>estratégicos. De acordo com Ramal,</p><p>[...] estes objetivos estratégicos devem estabelecer-se em um prazo de um a</p><p>três anos, e dizer respeito ao:</p><p>• Volume de pessoas a atender [elaborar um mapeamento]; [...]</p><p>• Impactos sociais desejados;</p><p>• Definição dos segmentos de atuação.</p><p>Uma vez dentro da organização, ao implementar o plano de negócios, a</p><p>equipe deverá dividir cada um dos objetivos em metas quantificáveis com</p><p>prazo para serem cumpridas e respectivos responsáveis. No entanto, es-</p><p>sas metas não precisam ser incluídas no plano de negócios. (RAMAL, [s.d.],</p><p>[n.p.])</p><p>As metas podem ser, por exemplo:</p><p>9 conseguir espaço apropriado ou recursos junto a prefeitura municipal para a</p><p>sede da entidade, que pode ser um espaço alugado;</p><p>102</p><p>Planejamento e Gestão de Negócios com Impacto Social</p><p>3</p><p>9 conseguir recursos de prefeituras municipais para o pagamento dos salários e</p><p>encargos do clínico geral, do psiquiatra, do fisioterapeuta, psicólogo, pedagogo,</p><p>psicopedagogo, dentre outros profissionais;</p><p>9 conseguir doações de ovos de páscoa, cobertores, brinquedos, computadores,</p><p>alimentos, móveis e utensílios, veículos etc.</p><p>Lembrando que as parcerias são fundamentais para o sucesso de qualquer negócio,</p><p>pois quanto mais engajado o corpo diretivo se dispuser a trabalhar buscando recursos,</p><p>melhor será o desempenho na ajuda ao próximo.</p><p>Leia os textos a seguir para enriquecer seu conhecimento.</p><p>Plano de ação:</p><p>https://www.ribeiraopreto.sp.gov.br/portal/pdf/semas120202112.pdf. Acesso em: 19 out. 2022.</p><p>Entrada de recursos:</p><p>https://www.hospitalsj.com.br/UPLarquivos/031020221526534.pdf. Acesso em: 19 out. 2022.</p><p>Média e alta complexidade:</p><p>https://sismac.saude.gov.br/teto_financeiro_detalhado. Acesso em: 19 out. 2022.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>4.3. PARCERIAS COM O PODER PÚBLICO E PRIVADO</p><p>Abrir as portas da entidade para a sociedade é o caminho mais rápido para receber doa-</p><p>ções. O hospital do câncer, por exemplo, recebe cabelo em doação e os voluntários con-</p><p>feccionam perucas para mulheres que perdem seus cabelos no tratamento contra o câncer.</p><p>Além de receber a doação, existe o acolhimento humano e o carinho para quem necessita.</p><p>A corporação do corpo de bombeiros, por meio de apresentações nas escolas arreca-</p><p>dam aneizinhos de latas de alumínio, vendem o alumínio e compram cadeiras de banho</p><p>ou rodas. Outro caso de atendimento de demanda pela sociedade pode-se citar o caso</p><p>da Associação Comunidade Auxiliadora Recuperando Vidas de Batatais.</p><p>https://www.ribeiraopreto.sp.gov.br/portal/pdf/semas120202112.pdf</p><p>https://www.hospitalsj.com.br/UPLarquivos/031020221526534.pdf</p><p>https://sismac.saude.gov.br/teto_financeiro_detalhado</p><p>103</p><p>3</p><p>Empreendedorismo Social</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>A Associação Comunidade Auxiliadora Recuperando Vidas de Batatais, em São Paulo, é uma</p><p>comunidade terapêutica que oferece acolhimento voluntário e transitório, para pessoas com</p><p>problemas decorrentes do uso e/ou dependência de substâncias psicoativas. Com o objetivo</p><p>de promover a organização biopsicossocial do indivíduo, com a garantia de direitos, qualida-</p><p>de de vida e autonomia (COMAREV, 2022, [n.p.]).</p><p>A matéria relativa às Entidade sem Finalidades de Lucros está regulamentada, do ponto de</p><p>vista contábil, pela Resolução do Conselho Federal de Contabilidade 926/2001, com a altera-</p><p>ção dada pela Resolução do Conselho Federal de Contabilidade 966/2003.</p><p>CURIOSIDADE</p><p>Disponível em: https://www.lefisc.com.br/materias/2007/122007societarios.htm.</p><p>Acesso</p><p>em: 19 dez. 2022.</p><p>Além disso, a entidade se mantém ativa com recursos vindos do poder público como o</p><p>Programa Recomeço do Governo do Estado de São Paulo e a Secretaria Nacional de</p><p>cuidados e Prevenções à Drogas (SENAPRED) do Governo Federal. Além do poder pú-</p><p>blico, a entidade também se mantém ativa com recursos vindos de empresas privadas</p><p>e da sociedade, como a Usina Batatais, Família do Sr. João Martins de Barros, Sócios</p><p>contribuintes e dentre outros. Nesse caso, a entidade pode adotar a estratégia de sócio</p><p>contribuinte, grupo de pessoas que contribuem mensalmente com a entidade por meio</p><p>de depósito bancário ou valor em espécie.</p><p>Outra opção utilizada por algumas entidades é o telemarketing, o qual existe um call</p><p>center onde um grupo de funcionários, por meio de ligações telefônicas, solicita a con-</p><p>tribuição em espécie naquele mês. Após a solicitação e a aceitação da doação, um</p><p>motoboy vai até o local recolher o valor doado (em espécie).</p><p>Na entidade AAA, a tesoureira, mãe de um incapaz, recebe diariamente os valores arrecada-</p><p>dos em espécie pelo malote. O malote sai do prédio do telemarketing e vai para a sede. Sua</p><p>função é fazer a conferência do relatório e enviar os valores para depósito bancário. Acontece</p><p>que a contabilidade é terceirizada e o contador nunca parou para pensar como é de fato o</p><p>funcionamento da entidade. Por uma falha no processo, o estagiário do curso de Direito pre-</p><p>senciou por várias vezes a tesoureira colocando o dinheiro em espécie em sua bolsa. O fato</p><p>é que os valores arrecadados pelo telemarketing em espécie nunca foram depositados e não</p><p>foram contabilizados. Com o passar dos anos, surgem atritos e o estagiário então, se torna</p><p>advogado e coloca câmeras para gravar os fatos. O rombo foi em torno de R$3.200.000,00</p><p>(processo em segredo de justiça).</p><p>CURIOSIDADE</p><p>Outra opção de arrecadação de recursos é a captação de notas fiscais, em que parte</p><p>do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) pode retornar para a</p><p>entidade como recurso. É comum, em supermercados, encontrar uma caixinha onde o</p><p>consumidor pode deixar sua nota fiscal para posterior digitação pela entidade.</p><p>https://www.lefisc.com.br/materias/2007/122007societarios.htm</p><p>104</p><p>Planejamento e Gestão de Negócios com Impacto Social</p><p>3</p><p>4.4. ATENDENDO A DEMANDA DA SOCIEDADE</p><p>O empreendedorismo social surge da visão da necessidade de descobrir o que a socie-</p><p>dade precisa e o que o poder público não consegue atender. Oliveira (2004) faz algumas</p><p>distinções de conceitos que comumente são confundidos com empreendedorismo social.</p><p>O empreendedorismo social não é Responsabilidade Social Empresarial,</p><p>pois a mesma supõe um conjunto organizado e devidamente planejado de</p><p>ações internas e externas, e uma definição centrada na missão e atividade</p><p>da empresa, face as necessidades da comunidade. Não é uma profissão,</p><p>pois não é legalmente constituída, não há formação universitária ou técnica,</p><p>nem conselho regulador e código de ética profissional legalizado; também</p><p>não é uma organização social que produz e gera receitas, a partir da venda</p><p>de produtos e serviços, e muito menos um empresário que investe no cam-</p><p>po social, o que está mais próximo da responsabilidade social empresarial,</p><p>ou quando muito, da filantropia e da caridade empresarial [...]. (OLIVEIRA,</p><p>2004, p. 12)</p><p>A relevância pública e social no primeiro momento é o que mais chama a atenção para</p><p>atender a demanda da sociedade. O poder público por si só não dá conta de atender todas</p><p>as demandas existentes por diferentes tipos de diagnósticos e necessidades. Por exemplo:</p><p>9 Quantas pessoas estão dormindo na rua e podem morrer de frio por não que-</p><p>rer ir para o abrigo? É uma opção não querer ir para um abrigo, pois lá existem</p><p>regras.</p><p>9 Quantas pessoas na sua cidade possuem o transtorno do espectro do autismo?</p><p>E como elas vivem? Quem ajuda a cuidar para que a mãe, o pai ou responsável</p><p>possa ter um descanso?</p><p>9 Qual a capacidade de atendimento de atendimento aos cegos? A sua cidade</p><p>está adaptada para que eles possam se locomover?</p><p>Com o objetivo de promover a cidadania e a inclusão social é preciso ter comprometi-</p><p>mento do poder público com a sociedade nas habilidades adaptativas e na capacidade</p><p>de contribuir com a sociedade. Nesse atender a demanda da sociedade não é tão sim-</p><p>ples como se pensa.</p><p>¾ Exemplo de Atividade para Atender Demandas</p><p>Para auxiliar uma entidade que cuida de crianças de comunidades carentes, um grupo</p><p>de jovens se propôs a trabalhar distribuindo hambúrguer e, para isso, denominaram</p><p>como o dia da Hamburgada do Bem (s.d.). Além de levar amor, diversão, cuidados e</p><p>informações, o grupo listou os pontos principais que os levaram a tomar essa iniciativa:</p><p>9 Missão: promover a integração social entre voluntários e crianças através de</p><p>uma experiência inédita a fim de torná-las pessoas melhores.</p><p>9 Visão: servir de inspiração às pessoas, gerando nelas uma inquietude para</p><p>transformar o mundo ao seu redor.</p><p>9 Valores: Excelência, Amor, Empatia, Ética, Respeito e Equipe.</p><p>105</p><p>3</p><p>Empreendedorismo Social</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>A questão é: como irão organizar os próximos passos para que todos saiam satisfeitos</p><p>desse dia especial de comunhão e solidariedade?</p><p>Figura 13. Crianças comendo na confraternização</p><p>Fonte: 123RF.</p><p>Resolução do problema: para resolverem essa situação, primeiro o grupo realizou o</p><p>estudo de caso da confraternização, denominando a natureza econômica da entidade.</p><p>Depois, listam a Atividade Secundária, em que vão orientar as regras e os cuidados</p><p>durante a confraternização. Em seguida, planejam as seguintes categorias:</p><p>9 Público-alvo;</p><p>9 Prestação de serviços;</p><p>9 Demanda;</p><p>9 Resultado;</p><p>9 Voluntários; e</p><p>9 Resultado financeiro da ação.</p><p>No final, tudo o que foi discutido e planejado, em reunião, o grupo irá oferecer essas informa-</p><p>ções em forma de sumário (Quadro 11) tanto para os membros quanto para os voluntários.</p><p>106</p><p>Planejamento e Gestão de Negócios com Impacto Social</p><p>3</p><p>Quadro 11. Sumário disponibilizado ao voluntário</p><p>Prezado voluntário,</p><p>Ficamos felizes em tê-lo conosco, participando desse dia especial: a Hamburgada do Bem.</p><p>A inquietude está estampada nos nossos rostos quando nos unimos em prol do bem-estar de crianças que</p><p>não tiveram privilégios ou sentem falta de paz e alegria em suas vidas. Por isso, pensamos realizar essa</p><p>confraternização de recreação e adoção, passando um dia com essas crianças e realizando seus simplórios</p><p>sonhos e desejos. Para começar, pedimos para a entidade que suas crianças escrevessem uma cartinha</p><p>com seus pedidos particulares, como: querer que os pais parem de brigar, ao invés de um brinquedo; que</p><p>sua avó volte...lá do céu...; ter um amigo para brincar, ou seja, coisas que o dinheiro não compra.</p><p>Os tópicos abaixo apresentam as propostas, as regras e o passo-a-passo que vamos realizar no dia.</p><p>O Estudo de caso: Hamburgada do bem</p><p>A natureza econômica da entidade é: 94.93-6-00 - atividades de organizações associativas ligadas à</p><p>cultura e à arte.</p><p>Atividade secundária: 94.30-8-00 - atividades de associações de defesa de direitos sociais; 94.99-</p><p>5-00 - atividades associativas não especificadas anteriormente; 88.00-6-00 - serviços de assistência</p><p>social sem alojamento.</p><p>9 O atendimento à demanda da sociedade é feito por meio de trabalho voluntário, ou seja, são de</p><p>preferência jovens que estão em busca de curtir algo diferente a cada final de semana. O jovem</p><p>paga para fazer parte desse grupo de voluntários, ou seja, para participar do evento ele precisa</p><p>fazer a inscrição, e, no dia e horário da prestação de serviços, estará à disposição da organização</p><p>para realizar o trabalho voluntário. No ato da inscrição a informação é de que o voluntário está</p><p>custeando o café da manhã (seu), o almoço (seu e de uma criança), que seria hambúrguer, batata</p><p>e refrigerante, milk-shake de sobremesa e muita diversão.</p><p>9 O voluntário fica responsável por acompanhar uma criança o dia todo na recreação, outro time fica</p><p>na organização do evento, na cozinha, churrasqueira, fazendo desde o hambúrguer com o manu-</p><p>seio da carne até a entrega do hambúrguer pronto às crianças e muita diversão.</p><p>9 O primeiro trabalho é descarregar o caminhão logo cedo e começar a montar os brinquedos da</p><p>recreação, ou seja, trabalho voluntário o dia todo. Além de trabalhar gratuitamente para a ONG, o</p><p>voluntário também contribui com doces e brinquedos. Pelos grupos dos WhatsApp, os voluntários</p><p>se agrupam por atividade e vão arrecadando doces, brinquedos, roupas, calçados, itens de higiene</p><p>pessoal etc.</p><p>9 Após o evento o voluntário é convidado a realizar o sonho de uma criança que esteve presente</p><p>nesse evento: um ursinho de pelúcia, computador, celular, bicicleta, compra de supermercado etc.,</p><p>pois os sonhos são variados e tem aqueles que pedem que a vó volte, o pai e a mãe parem de</p><p>brigar, a polícia prenda os ladrões e assim por diante.</p><p>Público-alvo: criança feliz de uma escola da rede pública de ensino.</p><p>Prestação de serviços: por voluntários dispostos a prestar serviços e pagar para proporcionar um dia</p><p>feliz na vida de uma criança.</p><p>Demanda: uma escola da periferia.</p><p>Resultado: a criança não quer ir para sua casa, então, pela cor da pulseira a criança vai sendo chamada</p><p>pela equipe de recreação para receber sua lembrancinha e é direcionada para o portão da escola. E no</p><p>término dos eventos, alguém da equipe da recreação faz agradecimento aos voluntários, canta o hino da</p><p>Hamburgada e são recolhidos os brinquedos.</p><p>Voluntários: alguns vão para suas residências e não participam mais de eventos, outros mais assíduos</p><p>vão para o after.</p><p>Resultado financeiro da ação: a entidade não disponibiliza a prestação de contas no portal da transparência.</p><p>Fonte: elaborado pela autora.</p><p>107</p><p>3</p><p>Empreendedorismo Social</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>O pulo do gato</p><p>Gestão participativa: com o trabalho de voluntários a empresa não cria vínculo empregatício,</p><p>ou seja, não possui encargos trabalhistas. Em sua atividade principal retrata cultura e arte.</p><p>Atividade secundária: informa “defesa de direitos sociais” e, “assistência social”. O “hambúr-</p><p>guer” é apenas uma desculpa, ou melhor, o voluntário paga para participar da ação, trabalha</p><p>gratuitamente, faz o marketing da “ONG” divulgando sua participação nas redes sociais e</p><p>compra os produtos da lojinha. No final, quem fica com lucro? E o que é feito com o lucro?</p><p>A entidade não informa na transparência. Conclusão?</p><p>Os voluntários fazem sua parte no trabalho voluntário “antes, durante e depois do evento”.</p><p>Após a realização do evento a entidade deve ser transparente na prestação de contas do</p><p>resultado daquele evento, se deu lucro, ou prejuízo.</p><p>Nesse caso, a entidade deveria apresentar no portal da transparência da entidade filantrópi-</p><p>ca “Associação”, a prestação de contas à sociedade. Deveria disponibilizar aos associados</p><p>as Atas de reuniões de Assembleias Ordinárias e Extraordinárias, além dos Demonstrativos</p><p>Financeiros, como:</p><p>1) Balanço Patrimonial assinado por contador e diretor estatutário responsável;</p><p>2) Demonstração do Superávit ou Déficit do Exercício;</p><p>3) Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido;</p><p>4) Demonstração do Fluxo de Caixa.</p><p>Para mais detalhes de como foi de fato a confraternização da Hamburgada do Bem.</p><p>PARA REFLETIR</p><p>Disponível em: https://www.hamburgadadobem.com.br/. Acesso em: 19 out. 2022.</p><p>CONCLUSÃO</p><p>Diariamente nos deparamos com pessoas pedindo dinheiro ou comida, uma ajuda qual-</p><p>quer, ou as vezes, a pessoa nem pede, pega restos de alimentos do lixo. Alguns optam</p><p>por recolher lixo reciclado, vende no depósito mais próximo em função do peso que car-</p><p>rega e dorme na rua, calçada ou qualquer lugar coberto. Um retrato triste da realidade</p><p>em qualquer cidade no Brasil.</p><p>Não é difícil encontrar famílias, igrejas, grupo de amigos, comunidades que se juntam</p><p>em prol desses necessitados, preparam refeições, arrecadam alimentos, fazem o pre-</p><p>paro e saem para distribuição. Do jeito que vem e vai, pede arroz, feijão, café, roupas,</p><p>agasalhos, calçados etc., monta-se uma cesta básica e alguém fica responsável por</p><p>entregar. Parece simples, pedir e ajudar em pequena proporção e esse negócio é como</p><p>se fosse um vício, você ajuda, e vai recebendo forças para ajudar mais, ajuda uma</p><p>família e quando vê, já são dez, cem, mil e por ai vai, somasse tudo que é palpável e o</p><p>amor ao próximo.</p><p>https://www.hamburgadadobem.com.br/</p><p>108</p><p>Planejamento e Gestão de Negócios com Impacto Social</p><p>3</p><p>A parte mais difícil é entender que se tornou um negócio e que alguém já faz um con-</p><p>trole de quem precisa e de quem pode ajudar, a soma vai aumentando na medida que</p><p>vão surgindo as necessidades. Ninguém tem tempo para parar e escrever o “plano de</p><p>negócios” para organizações sociais, ele vai sendo moldado na cabeça dos integrantes</p><p>que vão fazendo com que o negócio dê certo.</p><p>O fato de atender quem necessita se torna mais importante do que atender a burocracia</p><p>e a formalidade do negócio. Parar para elaborar o plano de negócios pautado no Esta-</p><p>tuto Social, estabelecer metas e buscar recursos, é algo que acontece naturalmente, é</p><p>como apagar um incêndio, “deixa que depois alguém faz”, “é só papel mesmo” e dentre</p><p>outros jargões que as pessoas falam no cotidiano. Tudo o que importa é buscar parce-</p><p>rias com o poder público e privado, atender a demanda da sociedade e, em seguida,</p><p>resolver os problemas.</p><p>Leitura complementar para entender um pouco sobre as legislações que amparam o</p><p>terceiro setor.</p><p>BRASIL, Lei nº 10.406/2002.Terceiro Setor.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Disponível em: https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/509179/terceiro_</p><p>setor_1ed.pdf?sequence=1. Acesso em: 24 out. 2022.</p><p>https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/509179/terceiro_setor_1ed.pdf?sequence=1</p><p>https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/509179/terceiro_setor_1ed.pdf?sequence=1</p><p>109</p><p>3</p><p>Empreendedorismo Social</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS</p><p>BRASIL. Governo do Distrito Federal. Secretaria da Casa Civil, Relações Institucionais e Sociais. Gestão</p><p>de parcerias do marco regulatório das organizações da sociedade civil. Lei Nacional nº 13.019/2014 e</p><p>Decreto Distrital nº 37.843/2016. Manual MROSC-DF, Brasília – DF, nov. 2018. Disponível em: https://www.</p><p>casacivil.df.gov.br/wp-conteudo/uploads/2018/11/Manual-MROSC-DF-FINAL.pdf. Acesso em: 19 out. 2022.</p><p>BRASIL. Controladoria-Geral da União. Secretaria da Prevenção da Corrupção e Informações Estratégicas.</p><p>Guia de implantação do portal da transparência. Disponível em: https://www.ufmg.br/proex/cpinfo/cidada-</p><p>nia/wp-content/uploads/2014/04/CGU-2013-GUIA-cria%C3%A7%C3%A3o-de-se%C3%A7%C3%A3o-de-a-</p><p>cesso-%C3%A0-informa%C3%A7%C3%A3o-1.pdf Acesso em: 2 fev. 2023.</p><p>BRASIL. Lei nº 8.742, de 7 dez. 1993. Dispõe sobre a organização da Assistência Social e dá outras providên-</p><p>cias. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8742compilado.htm. Acesso em: 19 out. 2022.</p><p>CAMARGO, M. R. Gerenciamento de projetos. Fundamentos e prática integrada. 2. ed. Rio de Janeiro:</p><p>Grupo GEN, 2018. 247p.</p><p>ESCOLA Nacional de Administração Pública (ENAP). Marco Regulatório das Organizações da Sociedade</p><p>Civil. ENAP, Brasília, 2019. Disponível em: https://repositorio.enap.gov.br/bitstream/1/3845/1/MROSC%20</p><p>-%20MARCO%20REGULAT%C3%93RIO%20DAS%20ORGANIZA%C3%87%C3%95ES%20DA%20SO-</p><p>CIEDADE%20CIVIL.pdf. Acesso em: 11 ago. 2022.</p><p>FEDERAÇÃO Brasileira de Comunidades Terapêuticas (FEBRACT). Programa recomeço: plano de traba-</p><p>lho. COMAREV, Batatais, 2019. Disponível em: http://comarev.com.br/wp-content/uploads/2020/07/PLANO-</p><p>-DE-TRABALHO-2019.pdf. Acesso em: 11 ago. 2022.</p><p>HAMBURGADA do bem. Voluntário. [s.n.], [Online], [s.d.]. Disponível em: https://www.hamburgadadobem.</p><p>com.br/. Acesso em: 11 ago. 2022.</p><p>LIMEIRA, T. M. V. Negócio de impacto social. 1. ed. [S.I.]: Saraiva, 2018. E-book.</p><p>MANUAL Empreendedorismo Social – Uma Abordagem Sistêmica. Caldas Rainha/Portugal: AIRO, 2012.</p><p>168p. Disponível em: https://docplayer.com.br/353980-Manual-de-empreendedorismo-social-uma-aborda-</p><p>gem-sistemica.html. Acesso em: 05 nov. 2022.</p><p>MONTES, E. Opinião especializada. PMO Escritório de Projetos, [Online.], 31 ago. 2020. Disponível em:</p><p>https://escritoriodeprojetos.com.br/opiniao-especializada. Acesso em: 14 nov. 2022.</p><p>MONTES, E. 5W2H. PMO Escritório de Projetos, [Online], 21 out. 2021. Disponível em: https://escritoriode-</p><p>projetos.com.br/5w2h. Acesso em: 14 nov. 2022.</p><p>MUDANDO o mundo um prato por vez. Good Truck, [Online], 2022. Disponível em: https://goodtruck.org.br/.</p><p>Acesso em: 03 dez. 2022.</p><p>NEGÓCIOS de Impacto – Boletim Inteligência & Tendências de Mercado. Sebrae, [S.I.], maio. 2019. Dispo-</p><p>nível em: https://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/UFs/RN/Anexos/Versa%CC%83o%201%20</p><p>https://www.casacivil.df.gov.br/wp-conteudo/uploads/2018/11/Manual-MROSC-DF-FINAL.pdf</p><p>https://www.casacivil.df.gov.br/wp-conteudo/uploads/2018/11/Manual-MROSC-DF-FINAL.pdf</p><p>https://www.ufmg.br/proex/cpinfo/cidadania/wp-content/uploads/2014/04/CGU-2013-GUIA-cria%C3%A7%C3%A3o-de-se%C3%A7%C3%A3o-de-acesso-%C3%A0-informa%C3%A7%C3%A3o-1.pdf</p><p>https://www.ufmg.br/proex/cpinfo/cidadania/wp-content/uploads/2014/04/CGU-2013-GUIA-cria%C3%A7%C3%A3o-de-se%C3%A7%C3%A3o-de-acesso-%C3%A0-informa%C3%A7%C3%A3o-1.pdf</p><p>https://www.ufmg.br/proex/cpinfo/cidadania/wp-content/uploads/2014/04/CGU-2013-GUIA-cria%C3%A7%C3%A3o-de-se%C3%A7%C3%A3o-de-acesso-%C3%A0-informa%C3%A7%C3%A3o-1.pdf</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8742compilado.htm</p><p>https://repositorio.enap.gov.br/bitstream/1/3845/1/MROSC%20-%20MARCO%20REGULAT%C3%93RIO%20DAS%20ORGANIZA%C3%87%C3%95ES%20DA%20SOCIEDADE%20CIVIL.pdf</p><p>https://repositorio.enap.gov.br/bitstream/1/3845/1/MROSC%20-%20MARCO%20REGULAT%C3%93RIO%20DAS%20ORGANIZA%C3%87%C3%95ES%20DA%20SOCIEDADE%20CIVIL.pdf</p><p>https://repositorio.enap.gov.br/bitstream/1/3845/1/MROSC%20-%20MARCO%20REGULAT%C3%93RIO%20DAS%20ORGANIZA%C3%87%C3%95ES%20DA%20SOCIEDADE%20CIVIL.pdf</p><p>https://docplayer.com.br/353980-Manual-de-empreendedorismo-social-uma-abordagem-sistemica.html</p><p>https://docplayer.com.br/353980-Manual-de-empreendedorismo-social-uma-abordagem-sistemica.html</p><p>https://escritoriodeprojetos.com.br/opiniao-especializada</p><p>https://escritoriodeprojetos</p><p>https://escritoriodeprojetos</p><p>https://goodtruck.org.br/</p><p>https://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/UFs/RN/Anexos/Versa%CC%83o%201%20-%20Boletim%20-%20Nego%CC%81cios%20de%20Impacto.pdf</p><p>110</p><p>Planejamento e Gestão de Negócios com Impacto Social</p><p>3</p><p>-%20Boletim%20-%20Nego%CC%81cios%20de%20Impacto.pdf. Acesso em: 02 dez. 2022.</p><p>OLIVEIRA, E. M. Empreendedorismo social no Brasil: atual configuração, perspectivas e desafios – notas</p><p>introdutórias. Revista FAE, [S.I.], vol. 7, n. 2, p. 9-8, 2004. Disponível em: https://revistafae.fae.edu/revistafae/</p><p>article/view/416. Acesso em: 06 dez. 2022.</p><p>OSTERWALDER, A.; PIGNEUR, Y. Business Model Generation – Inovação em Modelos de Negócios:</p><p>um manual para visionários, inovadores e revolucionários. Rio de Janeiro: Alta Books, 2011. Vol. 3. E-book.</p><p>PETRINI, M.; SCHERER, P.; BACK, L. Modelo de Negócios com Impacto Social. Revista de Administração</p><p>de Empresas (ERA), [S.I.], vol. 56, n. 2, p. 209-225, 2016. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rae/a/Nq7d-</p><p>3Q6dpNqCMxnKSdxQY3S/?lang=pt. Acesso em: 06 dez. 2022.</p><p>PESQUISA revela dores e desafios dos negócios de impacto no Brasil durante a crise da Covid-19. Pipe.</p><p>Social, [S.I.], 2020. Disponível em: https://blog.pipe.social/pesquisa-revela-dores-e-desafios-dos-negocios-</p><p>--de-impacto-no-brasil-durante-a-crise-da-covid-19/. Acesso em: 04 out. 2022.</p><p>PIPELABO. Mapa de Negócios de Impacto. PIPE.LABO, [Online], 2021. Disponível em: https://mapa2021.</p><p>pipelabo.com/#section-m. Acesso em: 09 dez. 2022.</p><p>PIPE.SOCIAL apresenta resultados do 2º Mapa de Negócios de Impacto Social + Ambiental. Notícias de</p><p>Impacto, [S.I.], 2019. Estudos/Pesquisas. Disponível em: https://noticiasdeimpacto.com.br/pipe-social-</p><p>--apresenta-resultados-do-2o-mapa-de-negocios-de-impacto-social-ambiental/#:~:text=Na%20pr%C3%A1ti-</p><p>ca%2C%20a%20Pipe.,nos%20diferentes%20est%C3%A1gios%20de%20matura%C3%A7%C3%A3o. Aces-</p><p>so em: 4 out. 2021.</p><p>PRAHALAD, C. K. A riqueza na base da pirâmide: Como erradicar a pobreza com lucro. Porto Alegre:</p><p>Bookman, 2005.</p><p>RAMAL, S. A. Proposta de plano de negócios para empreendimentos sociais. [s.n.], [S.I.], [s.d.]. Disponí-</p><p>vel em: http://www.genesis.puc-rio.br/media/biblioteca/Proposta_de_Plano_de_Negocios.pdf. Acesso em: 10</p><p>ago. 2022.</p><p>ROSSI, S. C. Comunicado SDG n° 49/2020 - transparências das entidades do terceiro setor - obrigações</p><p>dos órgãos repassadores. Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, São Paulo, out. 2020. Disponível em:</p><p>https://www.tce.sp.gov.br/sites/default/files/legislacao/sdg492020.pdf. Acesso em: 20 out. 2022.</p><p>SILVA, F. P. da; MOTA, L. da S.; BORGES, R. A. S.; COUTO, T. S. do; SILVEIRA. Empreendedorismo social.</p><p>Revista Científica FacMais, Ituiutaba/MG, vol. II, n. 1, p.104-111, 2012/2º Semestre. Disponível em: https://</p><p>docplayer.com.br/16287770-Empreendedorismo-social.html. Acesso em: 05 nov. 2022.</p><p>SUCUPIRA, G. A. Desafios de empreender negócios sociais no Brasil – A contribuição da Artemisa e</p><p>do Instituto Gênesis. Trabalho de Conclusão de Curso. Graduação em Administração de Empresas, Centro</p><p>de Ciências Sociais, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, jun. 2015, 126p. Dis-</p><p>ponível em: https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/28626/28626.PDF Acesso em: 05 nov. 2022.</p><p>SPARVIERO, S. The Case for a Socially Oriented Business Model Canvas: The Social Enterprise Model Can-</p><p>https://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/UFs/RN/Anexos/Versa%CC%83o%201%20-%20Boletim%20-%20Nego%CC%81cios%20de%20Impacto.pdf</p><p>https://revistafae.fae.edu/revistafae/article/view/416</p><p>https://revistafae.fae.edu/revistafae/article/view/416</p><p>https://www.scielo.br/j/rae/a/Nq7d3Q6dpNqCMxnKSdxQY3S/?lang=pt</p><p>https://www.scielo.br/j/rae/a/Nq7d3Q6dpNqCMxnKSdxQY3S/?lang=pt</p><p>http://www.genesis.puc-rio.br/media/biblioteca/Proposta_de_Plano_de_Negocios.pdf</p><p>https://www.tce.sp.gov.br/sites/default/files/legislacao/sdg492020.pdf</p><p>https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/28626/28626.PDF</p><p>111</p><p>3</p><p>Empreendedorismo Social</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>vas. Journal of Social Entrepreneurship, [S.I.], vol. 10, n. 2, p. 232-251, 2019. Disponível em: https://www.</p><p>tandfonline.com/doi/full/10.1080/19420676.2018.1541011. Acesso em: 06 dez. 2022.</p><p>WOLF, T. Managing a Nonprofit Organization in the Twenty-First Century. New York: Simon &Schuster,</p><p>1999.</p><p>https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/19420676.2018.1541011</p><p>https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/19420676.2018.1541011</p><p>112</p><p>Educação, Inovação e Tendências no Empreendedorismo Social</p><p>4</p><p>UNIDADE 4</p><p>EDUCAÇÃO, INOVAÇÃO</p><p>E TENDÊNCIAS NO</p><p>EMPREENDEDORISMO SOCIAL</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>Nesta unidade, que destaca a Educação, inovação e tendências no empreendedorismo</p><p>social, vocês poderão aprofundar seus estudos e práticas relacionadas ao empreendedo-</p><p>rismo social. No primeiro capítulo, Inovação aplicada aos negócios sociais, possibilida-</p><p>des tecnológicas e propostas de criação e inovação são destacadas e aprofundadas.</p><p>O segundo capítulo se dedica a apontar a gestão de organizações não governamentais,</p><p>ou seja, a importância de se estabelecer processos administrativos e legais para o geren-</p><p>ciamento de tais entidades. Neste sentido, estruturas de plano de trabalho, organização</p><p>institucional e as formas de se prestar contas à sociedade são apresentados e explicados.</p><p>No terceiro capítulo, a temática da educação empreendedora – o ensino do empre-</p><p>endedorismo na escola é colocada no centro da discussão. A proposta é destacar a</p><p>importância e os benefícios deste ensino e apontar alguns caminhos para se realizar</p><p>uma aprendizagem baseada em projetos.</p><p>Por fim, o capítulo que encerra a unidade e o curso, tendências: economia colaborativa</p><p>e consumo consciente, procura estabelecer reflexões sobre as mudanças de impacto</p><p>baseadas na economia colaborativa, no consumo com sustentabilidade e nas relações</p><p>entre inovação sustentável e consumo, sempre projetando</p><p>mudanças sociais pautadas</p><p>nos pilares da economia compartilhada. Esperamos que tais reflexões possam contribuir</p><p>para a concretização de sonhos e planos e que tais práticas possam ser realizadas de</p><p>forma ética, com consciência social em empreendimentos sustentáveis. Paz e Bem!</p><p>1. INOVAÇÃO APLICADA AOS NEGÓCIOS SOCIAIS</p><p>As organizações de modo geral se deparam com desafios de continuamente se atuali-</p><p>zar perante o mercado em que atuam e com o próprio negócio. Isso se deve, principal-</p><p>mente, a alguns fatos, como mudanças no comportamento de consumo e adequação</p><p>do negócio às novas demandas por gestão eficiente, eficaz e efetiva.</p><p>Nos negócios sociais não é diferente. Por serem organizações que atuam diretamente</p><p>com as necessidades e desejos de pessoas e do meio ambiente, e por serem ativida-</p><p>des que também visam resultados financeiros, seus produtos e seu modelo de gestão</p><p>requerem atualizações no mesmo ritmo, devem buscar incessantemente meios de ge-</p><p>ração de ideias.</p><p>A criatividade e a inovação são os caminhos mais viáveis para que as organizações não</p><p>se tornem obsoletas. Qual o desafio, então? Saberem se aparelhar de modo que tais</p><p>possibilidades sejam exploradas e potencializadas no ambiente interno da organização.</p><p>113</p><p>4</p><p>Empreendedorismo Social</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>A cultura da inovação é o primeiro grande passo no sentido de novos hábitos e costu-</p><p>mes que propiciem um ambiente de mudanças contínuas.</p><p>O site www.sinonimos.com.br explica os significados de Criatividade e Inovação:</p><p>SAIBA MAIS</p><p>1. Criatividade: https://www.significados.com.br/criatividade/</p><p>Acesso em: 6 dez. 2022.</p><p>2. Inovação: https://www.significados.com.br/inovacao/</p><p>Acesso em: 6 dez. 2022.</p><p>1.1. CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO</p><p>Mudança, transformação, melhoria constante, diferencial, inovação, criatividade. Essas</p><p>têm sido algumas das palavras de ordem com as quais organizações se deparam cada</p><p>vez mais. Com um adendo decisivo: não podem ser tratadas apenas como “palavras de</p><p>ordem” em que as levem à sobrevivência e ao desenvolvimento no mundo competitivo,</p><p>é preciso atitude.</p><p>A revolução tecnológica da informação e da comunicação – conhecidas como TIC – é</p><p>um dos fundamentos da discussão sobre o que vem pela frente.</p><p>Gerar novas ideias aplicáveis, percebidas pelo mercado como diferentes e, portanto,</p><p>inovadoras, deve ser visto como uma das pautas mais frequentes nas organizações.</p><p>Criatividade e inovação seguem essa ordem. Para que haja inovação é preciso criar,</p><p>criatividade se assenta ao pensamento de ideias novas e adequadas. Inovação é a</p><p>capacidade de transformar ideias em realidade.</p><p>“[...] a inovação deriva de conhecimento prévio e aplicação pontual em algo que nunca havia</p><p>sido pensado antes. Para inovar, é necessário que se tenha uma boa dose de criatividade. E,</p><p>se a criatividade é uma das habilidades profissionais mais importantes do presente e do futu-</p><p>ro, olhá-la com bastante compreensão é um passo enorme frente à concorrência na maioria</p><p>dos setores, principalmente se estivermos em território nacional.”</p><p>Fonte: SILVA, F. P. et al. Gestão da inovação. São Paulo: Grupo A, 2018. p. 56.</p><p>PARA REFLETIR</p><p>Silva et al. (2018, p. 54-55) propõem ideias que podem surgir espontânea e naturalmen-</p><p>te, porém o pensamento criativo pode ter três fases:</p><p>01. A escolha do foco: é o centro que receberá a energia dos pensamentos, podendo ser</p><p>um problema a ser resolvido ou um objetivo previsto e desejado ou uma nova prática real.</p><p>02. O deslocamento: é a movimentação que se admite em função do foco; a flexibili-</p><p>zação das ideias.</p><p>https://www.significados.com.br/criatividade/</p><p>https://www.significados.com.br/inovacao/</p><p>114</p><p>Educação, Inovação e Tendências no Empreendedorismo Social</p><p>4</p><p>03. A conexão: havendo deslocamento, busca-se a melhor acomodação visando har-</p><p>monizar as ideias iniciadas pelo foco da criatividade.</p><p>Não se discute criatividade e inovação sem que a organização possa estar sincronizada</p><p>internamente e externamente valorizando esses componentes (Figura 01).</p><p>Figura 01. Panorama do processo de inovação</p><p>Firmas</p><p>desenvolvem</p><p>conhecimento,</p><p>produtos e</p><p>processos</p><p>Desenvolvimentos</p><p>científicos e</p><p>tecnológicos</p><p>conduzem a</p><p>inserções de</p><p>conhecimento</p><p>Mudanças da sociedade e</p><p>necessidades de mercado</p><p>conduzem a demandas e</p><p>oportunidades</p><p>Indivíduos</p><p>criativos</p><p>Arquitetura</p><p>organizacional</p><p>e vínculos</p><p>externos</p><p>Funções e</p><p>atividades</p><p>operacionais</p><p>das</p><p>empresas</p><p>Fonte: Trott (2012, p. 9 apud Silva et al., 2018, p. 55).</p><p>A figura mostra a intersecção necessária no processo de criatividade e inovação entre a</p><p>estrutura organizacional e demandas (internas e externas), as áreas internas de maior</p><p>aderência aos processos (Pesquisa & Desenvolvimento – P&D) e os indivíduos afeitos,</p><p>como os de maior percepção e sensibilidade ao processo.</p><p>Assim como se trata da estrutura das áreas organizações em conexão com a</p><p>criatividade e a inovação, é imprescindível dar destaque às características de um</p><p>profissional inovador.</p><p>Figura 02. Compartilhando ideias</p><p>Fonte: 123RF.</p><p>115</p><p>4</p><p>Empreendedorismo Social</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>De acordo com Bezerra (2011 apud Silva et al., 2018, p. 57), afirma-se “[...] que a</p><p>capacidade de inovar pode ser desenvolvida por qualquer pessoa, não estando atre-</p><p>lada exclusivamente à idade ou à origem, mas, sim, à qualidade das suas ideias”. Um</p><p>profissional inovador analisa as perspectivas que existem de inovação, sempre com a</p><p>amplitude de conexões entre demandas, áreas e capacidade de execução – como se</p><p>diz: “mente aberta”, “sair da caixa”. Na Figura 03, alguns papéis dos indivíduos-chave</p><p>no processo de inovação.</p><p>Figura 03. Papeis dos indivíduos-chave no processo de inovação</p><p>PapelIndivíduo-chave</p><p>Inovador técnico</p><p>Olheiro técnico/</p><p>comercial</p><p>Gatekeeper</p><p>Product champion</p><p>Líder de design</p><p>Patrocinador</p><p>Perito em um ou dois campos. Gera novas ideias</p><p>e visualiza formas novas e diferentes de fazer as</p><p>coisas. Também denominado "cientista maluco".</p><p>Obtém grandes quantidades de informações</p><p>(que podem incluir informações mercadológicas</p><p>e técnicas) de fora da organização,</p><p>geralmente por meio de networking.</p><p>Mantém-se informado por meio de boletins</p><p>informativos, conferências, colegas e outras</p><p>empresas, sobre os avanços que ocorrem fora</p><p>da organização. É um difusor de informações, já</p><p>que consegue se comunicar com os colegas com</p><p>facilidade. Serve como uma fonte de informações</p><p>para os demais membros da organização.</p><p>Difunde novas ideias para outros integrantes da</p><p>organização. Aglutina recursos. É agressivo na</p><p>defesa de seus pontos de vista. Assume riscos.</p><p>Fornece liderança e motivação à equipe. Planeja e</p><p>organiza o design. Assegura-se de que exigências</p><p>administrativas sejam atendidas. Proporciona</p><p>a coordenação necessária entre membros de</p><p>diferentes equipes. Certifica-se de que o design</p><p>efetivamente progrida. Ajusta os objetivos do design</p><p>de acordo com as necessidades organizacionais.</p><p>Permite o acesso a uma base de poder dentro</p><p>da organização: um sênior. Protege a equipe</p><p>de projetos de contenções organizacionais</p><p>desnecessárias. Auxilia a equipe de projetos</p><p>a conseguir o que precisa de outras partes</p><p>da organização. Oferece legitimidade e</p><p>validação organizacional ao design.</p><p>Fonte: adaptado de Trott (2012 apud Silva et al., 2018, p. 58).</p><p>116</p><p>Educação, Inovação e Tendências no Empreendedorismo Social</p><p>4</p><p>A criatividade advinda de demandas também são estímulos ao profissional, por exem-</p><p>plo, crescimento da população, ampliação do processo de urbanização, formas de dis-</p><p>tribuição de rendas, mudanças no comportamento do consumidor e do consumo, bioe-</p><p>nergia, sustentabilidade, saúde, biotecnologia, economia, são algumas das atividades</p><p>que provocam os criadores em suas condutas à inovação das organizações.</p><p>Ainda sobre demandas, as organizações devem estar preparadas, até culturalmente,</p><p>para a eficiência produtiva em várias áreas da empresa (não quer dizer apenas na área</p><p>de produção). Para as vantagens competitivas que podem tornar as organizações</p><p>na</p><p>dianteira da competição mercadológica, devem estar atentas ao que está acontecendo</p><p>no ambiente competitivo; o que há de novo; quais as tendências; quais as perspectivas;</p><p>quais os recursos demandados.</p><p>Nesse vídeo uma das referências em novas ideias, a empresa 3M apresenta a história do</p><p>lançamento do famoso e útil Post-It®: “CASE DE INOVAÇÃO - A VERDADEIRA HISTÓRIA</p><p>DO POST-IT ®”.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Disponível em: https://youtu.be/7QZoxRl2Rmk.</p><p>Acesso em: 5 dez. 2022.</p><p>Nesse vídeo, uma palestra sobre criatividade e cocriação com Silda Santos: “Criatividade e</p><p>inovação social”.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Disponível em: https://youtu.be/FgevK5N4XGg.</p><p>Acesso em: 5 dez. 2022.</p><p>1.2. FUNDAMENTOS DA INOVAÇÃO</p><p>Ao abordar os fundamentos da inovação devemos destacar alguns elementos que dão</p><p>sustentação ao processo de inovação.</p><p>� Cultura da Inovação</p><p>Geralmente, criar é um ato individual, mas desenvolver a ideia individual torna-se um</p><p>processo criativo.</p><p>A cultura das organizações é um conjunto de crenças, valores, hábitos, forma de agir</p><p>e reagir e interesses. Esses elementos são praticados pela coletividade organizacional</p><p>como aqueles que dão direção às decisões, caminhos e objetivos estabelecidos por ela</p><p>e seus gestores.</p><p>https://youtu.be/7QZoxRl2Rmk</p><p>https://youtu.be/FgevK5N4XGg</p><p>117</p><p>4</p><p>Empreendedorismo Social</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Portanto, não é suficiente desejar ser uma organização inovadora apenas pelo desejo.</p><p>É necessário algo maior. Esse algo é o poder da cultura propagando, disseminado, for-</p><p>talecendo e incentivando a criatividade e a inovação.</p><p>� As Pessoas da Organização</p><p>A criatividade e a inovação não são particulares de novos bens ou serviços (produtos).</p><p>Se dão, também, em processos organizacionais. O processo criativo se faz com pesso-</p><p>as motivadas, com espírito crítico, dispostas a descobrir ou redescobrir novos modelos</p><p>influenciadores ou solucionadores de problemas. Da mesma forma que ideias são de-</p><p>safiadoras para a organização, é preciso que a implementação do resultado das ideias</p><p>também seja integrada e comprometida pelos gestores e pela equipe. De nada adianta</p><p>uma boa ideia, um processo de desenvolvimento da ideia, se não se domina a arte da</p><p>execução, do colocar em prática.</p><p>� Lideranças</p><p>Recursos, resistências, comprometimento, cultura indefinida são alguns dos compo-</p><p>nentes do comportamento inovador das organizações.</p><p>Está nas lideranças os desafios de saber colocar em prática esses fundamentos. Inte-</p><p>gração, unidade, equipe, significados da inovação, coesão, comunicação, convergência</p><p>são alguns dos alvos das lideranças frente à cultura da inovação.</p><p>� Ambiente Favorável à Inovação</p><p>Cada organização tem a sua dinâmica de gestão, geralmente particular à sua cultura.</p><p>Mas há condutas que parametrizam os movimentos no sentido de se ter um ambiente</p><p>favorável à inovação.</p><p>O poder e a iniciativa concedidos aos membros da organização visam liberdade de</p><p>geração e ideias. A flexibilidade no modelo de gestão administrativa deve estimular a</p><p>interação entre as áreas funcionais da organização. A comunicação aberta e autêntica</p><p>indica a fluidez nas relações internas, contribuindo para um ambiente democrático de</p><p>geração e discussão de ideias. Incentivos, recompensas, equiparação de direitos são</p><p>imprescindíveis como componente motivacional e interesse no envolvimento com a ge-</p><p>ração de ideias. Os hábitos e o rigor dos padrões são inibidores de ideias – preservar</p><p>paradigmas são potenciadores bloqueadores de novos rumos.</p><p>Nesse vídeo, uma conversa sobre a promoção da inovação dentro das organizações: “COMO</p><p>PROMOVER A INOVAÇÃO DENTRO DA EMPRESA”.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Disponível em: https://youtu.be/_X_KjLhPOuo.</p><p>Acesso em: 5 dez. 2022.</p><p>https://youtu.be/_X_KjLhPOuo</p><p>118</p><p>Educação, Inovação e Tendências no Empreendedorismo Social</p><p>4</p><p>1.3. A INOVAÇÃO EM MODELOS DE NEGÓCIOS SOCIAIS</p><p>Geoff Mulgan citado por Bessant e Tidd (2019, p. 48) diz que</p><p>A grande onda de industrialização e urbanização no século XIX foi acompa-</p><p>nhada por uma explosão extraordinária em inovação e empreendimentos</p><p>sociais: autoajuda mútua, microcrédito, sociedades de crédito imobiliário,</p><p>cooperativas, sindicatos.</p><p>Tateni Home Care</p><p>Veronica Khosa estava frustrada com o sistema de saúde na África do Sul. Como enfermeira,</p><p>viu pessoas doentes ficarem ainda mais doentes, idosos impossibilitados de conseguir um</p><p>médico e hospitais com leitos vagos que não aceitavam pacientes com HIV. Então Veronica</p><p>criou a Tateni Home Care Nursing Services e instituiu o conceito de home care (atendimen-</p><p>to do paciente a domicílio) em seu país. Começando com praticamente nada, sua equipe</p><p>arregaçou as mangas para oferecer atendimento a pessoas de uma forma que elas jamais</p><p>haviam recebido: no conforto e na segurança de seus lares. Poucos anos depois, o governo</p><p>adotou o plano, e com o reconhecimento de organizações líderes em saúde, a ideia foi difun-</p><p>dida para outros países além da África do Sul.</p><p>EXEMPLO</p><p>Disponível em: https://www.ashoka.org/fellow/veronica-khosa.</p><p>Acesso em: 20 dez. 2014.</p><p>1.4 INOVAÇÃO E IMPACTO SOCIAL</p><p>Empreendedorismo Social foi cunhado por Bill Drayton, fundador e CEO da Ashoka,</p><p>uma organização internacional sem fins lucrativos surgida na Índia em 1980. Para</p><p>Ashoka, o empreendedor social aponta tendências e soluções inovadoras para ques-</p><p>tões sociais e ambientais.</p><p>Temas como desmatamento, distribuição desigual de renda, desemprego, fome, sub-</p><p>-habitação preocupam o Brasil e tantas outras nações subdesenvolvidas. Para tais</p><p>questões o Instituto de Cidadania Empresarial (ICE), por exemplo, que surgiu em 1999,</p><p>explora os negócios de impacto social e a inovação social. De acordo com este instituto,</p><p>esse tipo de negócio pode assumir diversos formatos: associações, fundações, coope-</p><p>rativas, empresas privadas. Logo, inovação social potencializa o negócio.</p><p>Figura 04. Diversidade social</p><p>Fonte: 123RF.</p><p>https://www.ashoka.org/fellow/veronica-khosa</p><p>119</p><p>4</p><p>Empreendedorismo Social</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Conheça algumas organizações com foco em Inovação Social e Impacto Social:</p><p>“Como a inovação pode ser promovida através do impacto social”.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Disponível em: https://anpei.org.br/impacto-social-inovacao-como-promover/.</p><p>Acesso em: 6 dez. 2022.</p><p>“Conheça os tipos de inovação social”.</p><p>Disponível em: https://institutolegado.org/blog/conheca-os-tipos-de-inovacao-social/.</p><p>Acesso em: 6 dez. 2022.</p><p>“Criatividade, inovação e impacto social, com foco na diversidade: Conheça a Vale do Dendê”.</p><p>Disponível em: https://impactanordeste.com.br/criatividade-inovacao-e-impacto--social-</p><p>-com-foco-na-diversidade-conheca-a-vale-do-dende/.</p><p>Acesso em: 6 dez. 2022.</p><p>“ORÉ Inovação em Impacto Social”.</p><p>Disponível em: https://pipe.social/startup/35752/perfil.</p><p>Acesso em: 6 dez. 2022.</p><p>“Negócios de impacto social: exemplos para cada ODS”.</p><p>Disponível em: https://www.sementenegocios.com.br/blog/negocios-de-impacto-social-</p><p>-exemplos.</p><p>Acesso em: 6 dez. 2022.</p><p>Figura 05. Meio ambiente e a inovação</p><p>Fonte: 123RF.</p><p>https://anpei.org.br/impacto-social-inovacao-como-promover/</p><p>https://institutolegado.org/blog/conheca-os-tipos-de-inovacao-social/</p><p>https://impactanordeste.com.br/criatividade-inovacao-e-impacto--social-com-foco-na-diversidade-conheca-a-vale-do-dende/</p><p>https://impactanordeste.com.br/criatividade-inovacao-e-impacto--social-com-foco-na-diversidade-conheca-a-vale-do-dende/</p><p>https://pipe.social/startup/35752/perfil</p><p>https://www.sementenegocios.com.br/blog/negocios-de-impacto-social-exemplos</p><p>https://www.sementenegocios.com.br/blog/negocios-de-impacto-social-exemplos</p><p>120</p><p>Educação, Inovação e Tendências no Empreendedorismo Social</p><p>4 Leia uma matéria jornalística da revista Negócios sobre empreendedores em comunidades:</p><p>“CUFA e FWK lançam laboratório de inovação para criar negócios de impacto”.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Disponível em: https://epocanegocios.globo.com/Empresa/noticia/2022/09/de-olho-no-</p><p>-esg-cufa-e-fkw-lancam-laboratorio-de-inovacao-para-criar-negocios-com-impacto-so-</p><p>cial-positivo.html.</p><p>Acesso</p><p>em: 6 dez. 2022.</p><p>Figura 06. As cidades e meio ambiente</p><p>Fonte: 123RF.</p><p>Nesse vídeo, uma palestra com Gabriela Werner, sócia fundadora da Impact Hub Floripa,</p><p>com 10 anos de experiência em gestão, marketing e sustentabilidade em diversos segmen-</p><p>tos, incluindo ONG’s, consultoria, finanças e manufatura.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Disponível em: https://youtu.be/ILLMtWlwZ-Q.</p><p>Acesso em: 6 dez. 2022.</p><p>CONCLUSÃO</p><p>Pelos fundamentos explorados neste capítulo, pode-se ter mais elementos da importân-</p><p>cia e dos fundamentos da criatividade e da inovação.</p><p>Adaptação da cultura organizacional, do comportamento dos membros, da ambienta-</p><p>ção e recursos visando geração de ideias, de visão de futuro, são alguns dos desafios</p><p>do processo de gestão. Processo esse que se faz imprescindível não só pela compe-</p><p>titividade, mas, inclusive, e, às vezes, tão somente, de as organizações sobreviverem.</p><p>https://epocanegocios.globo.com/Empresa/noticia/2022/09/de-olho-no-esg-cufa-e-fkw-lancam-laboratorio-de-inovacao-para-criar-negocios-com-impacto-social-positivo.html</p><p>https://epocanegocios.globo.com/Empresa/noticia/2022/09/de-olho-no-esg-cufa-e-fkw-lancam-laboratorio-de-inovacao-para-criar-negocios-com-impacto-social-positivo.html</p><p>https://epocanegocios.globo.com/Empresa/noticia/2022/09/de-olho-no-esg-cufa-e-fkw-lancam-laboratorio-de-inovacao-para-criar-negocios-com-impacto-social-positivo.html</p><p>https://youtu.be/ILLMtWlwZ-Q</p><p>121</p><p>4</p><p>Empreendedorismo Social</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Viu-se que, para gerar impacto social, os negócios sociais também devem se incluir nessas</p><p>práticas, uma vez que lidar com questões socioambientais, mudanças de ordem econô-</p><p>mica, políticas públicas, modelagem de negócio são alguns dos fatores que naturalmente</p><p>pressionam seus gestores a atualizarem seus processos, produtos e relacionamentos.</p><p>Portanto, tratar de criatividade e inovação não é pauta de médias e grandes organizações,</p><p>que são mais complexas, que possuem recursos vultuosos, ou que operam em segmentos</p><p>mais significativos. São, na verdade, posturas e condutas de comportamento na justa me-</p><p>dida do porte, da atividade empresarial e da adaptação em busca de focos diferenciados.</p><p>2. GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS</p><p>Planejar, dirigir, organizar e controlar em uma organização não governamental significa</p><p>olhar para frente, visualizar o futuro e o que deverá ser feito para ajudar as pessoas a</p><p>elaborar e a executar ações necessárias para melhor enfrentar os desafios do amanhã.</p><p>Com ou sem profissional em cada área de atuação, a entidade precisará iniciar os tra-</p><p>balhos e ir fazendo acontecer independentemente se possui gente qualificada ou não</p><p>em cada área de atuação.</p><p>A profissionalização das organizações do Terceiro Setor requer, obrigatoriamente, a</p><p>utilização das funções de um administrador, de um contador e de um advogado, além</p><p>das demais funções operacionais das quais a entidade irá atuar.</p><p>Porém, Kwasnicka (2003, p. 94) diz que</p><p>[...] era uma filosofia simples demais. As pessoas são levadas a fazer coisas</p><p>para obterem mais dinheiro. Ninguém atinge o ponto onde não quer mais</p><p>dinheiro, porém todos nós chegamos a um ponto em que pensamos haver</p><p>mais alguma coisa além de dinheiro. [...] Segundo os autores comportamen-</p><p>tais, a influência sobre a motivação individual na organização é uma função</p><p>controlada parcialmente pela organização e parcialmente pelas relações ex-</p><p>traorganizacionais, ou seja, pelos fatores comportamentais dentro da organi-</p><p>zação e pelos fatores externos fora do controle da organização.</p><p>Talvez aqui esteja a tarefa mais simples ou a mais complexa/difícil de ser acompanhada</p><p>em uma organização não governamental.</p><p>Qualquer contador diria que o primeiro passo é a elaboração do Estatuto social da</p><p>organização e a definição dos cargos, e quem fará o que? Quem fará cada tarefa desig-</p><p>nada? Ou, quem vai correr atrás do que for necessário?</p><p>Já o administrador irá pensar em como arrecadar recursos financeiros, humanos, o</p><p>marketing e a manutenção da organização, onde irá aplicar os recursos arrecadados.</p><p>A intenção de ambos os profissionais não é de engessar a empresa, mas sim pensar</p><p>no planejamento da organização como um todo diante do cenário e do objetivo que a</p><p>entidade está se propondo a trabalhar e a contribuir com a sociedade.</p><p>No primeiro momento surgem as primeiras dificuldades em arrecadar recursos para o</p><p>início das atividades que pode vir de doações de pessoas físicas (amigos) ou jurídicas.</p><p>Geralmente as primeiras doações são de pessoas mais próximas que acreditam na ideia do</p><p>fundador: a gestão se inicia a partir do momento que o gestor começa a pedir aquilo que ele</p><p>necessita e começa gerenciado a arrecadação e a distribuição aos que necessitam.</p><p>122</p><p>Educação, Inovação e Tendências no Empreendedorismo Social</p><p>4</p><p>Caso da Gestão da ADEVIRP (Associação dos Deficientes Visuais de Ribeirão Preto e Região)</p><p>A ADEVIRP é gerenciada por um contador e ex-gerente da Caixa Econômica Federal. Vários</p><p>são os obstáculos na gestão de organizações não governamentais. Então, o empreendedor</p><p>e seu grupo de trabalho vão lutando para conseguir dar os passos até que se consiga sobre-</p><p>viver nos três primeiros anos.</p><p>A entidade em 2022 encontra-se consolidada e recebe apoio da comunidade local e conta</p><p>com recursos financeiros do:</p><p>9 Conselho Municipal da Criança e do Adolescente;</p><p>9 Prefeituras Municipais de Cajuru, Morro Agudo, Orlândia, Pitangueiras, Pradópolis, São</p><p>Joaquim da Barra, Santa Rosa do Viterbo, Serrana e Sertãozinho;</p><p>9 Secretaria da Assistência de Ribeirão Preto;</p><p>9 Secretaria da Educação de Ribeirão Preto;</p><p>9 Secretaria de Desenvolvimento do Estado de São Paulo.</p><p>IMPORTANTE!</p><p>A Gestão da CIEDS – Centro Integrado de Estudos e Programas de Desenvolvimento Sustentável</p><p>Como construir o planejamento e garantir que será cumprido?</p><p>Olhar para o futuro é fundamental para o sucesso e a sustentabilidade de uma instituição, inclu-</p><p>sive do terceiro setor. Mas é importante fazê-lo sem se desconectar do presente, das tendên-</p><p>cias e, especialmente, dos contextos socioeconômicos em que se está inserido. Por isso, uma</p><p>das etapas mais importantes para a gestão eficaz de qualquer organização é o planejamento.</p><p>No CIEDS, desde os primeiros anos e completando 25 anos de atuação em 2023 – sempre</p><p>pensou no futuro considerando o tripé: governança, planejamento estratégico e monitoramento.</p><p>Para elaborar o planejamento coletivamente pela área de PGG (Planejamento, Gestão e</p><p>Governança), existe uma equipe autogerida formadas na instituição desde 2021. A entidade</p><p>chamou o trabalho elaborado sobre os aspectos de governança do modelo de gestão, de</p><p>Prosperidade 360, e entende como o fluxo e os processos de trabalho podem ajudar a orga-</p><p>nização a construir um planejamento sólido e, a garantir que o planejamento seja cumprido,</p><p>com rotinas de monitoramento.</p><p>Construção de objetivos e iniciativas</p><p>Para que o CIEDS alcance os resultados de impacto socioambiental positivos esperados, a</p><p>equipe de Planejamento, Gestão e Governança constrói um planejamento estratégico a par-</p><p>tir de um processo que envolve mapeamento de macrotendências; hackathons disruptivos,</p><p>com forte aspecto de inovação; convidados externos que trazem novos olhares; entre outras</p><p>dinâmicas internas e externas.</p><p>Definição de indicadores de sucesso</p><p>Os indicadores são uma ferramenta para tangibilizar o sucesso de uma ação. O indicador de</p><p>sucesso deve materializar-se em cifras tangíveis ou em uma entrega concreta que possa evi-</p><p>denciar a conclusão da iniciativa estratégica em questão, considerando os recursos, prazos</p><p>e qualidades acordadas.</p><p>IMPORTANTE!</p><p>Fonte: CIEDS, Como construir seu planejamento e garantir que será cumprido?</p><p>Disponível em: https://www.cieds.org.br/noticias/detalhe/como-construir-seu-planeja-</p><p>mento-e-garantir-que-sera-cumprido.</p><p>Acesso em: 22 jan. 2023.</p><p>https://www.cieds.org.br/noticias/detalhe/como-construir-seu-planejamento-e-garantir-que-sera-cumprido</p><p>https://www.cieds.org.br/noticias/detalhe/como-construir-seu-planejamento-e-garantir-que-sera-cumprido</p><p>123</p><p>4</p><p>Empreendedorismo Social</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Disponível em: http://g1.globo.com/politica/noticia/2011/10/entenda-como-ocorrem-</p><p>-fraudes-nos-convenios-entre-ongs-e-governos.html.</p><p>Camping Cachoeira Saltão ♿ localizado em Itirapina/SP - um camping com acessibilidade</p><p>e inclusão.</p><p>Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=NXErdZudxEY.</p><p>Acesso em: 27 jan. 2023.</p><p>2.1. CORPO DIRETIVO E SUAS ATRIBUIÇÕES</p><p>Partindo do que foi estabelecido no Estatuto de constituição da entidade e da Assem-</p><p>bleia Geral Ordinária, sugerimos que seja elaborado o organograma da entidade.</p><p>O organograma é um gráfico que irá compor a estrutura hierárquica da organização so-</p><p>cial, que comtempla simultaneamente os diferentes elementos do grupo, suas ligações</p><p>e as atribuições de cada cargo de acordo com a classificação Brasileira de Ocupações</p><p>(CBO) - documento que retrata a realidade das profissões do mercado de trabalho bra-</p><p>sileiro. Foi instituído com base legal na Portaria nº 397, de 10.10.2002.</p><p>A seguir retrataremos alguns dos cargos existentes no Estatuto de acordo com o Código</p><p>Civil Brasileiro.</p><p>9 Presidente – o presidente geralmente é a pessoa com iniciativa, ele visualiza o</p><p>problema e irá buscar uma solução de imediato. Seu cargo será o primeiro do orga-</p><p>nograma de uma ONG, ou de qualquer empresa: compete a ele convocar as assem-</p><p>bleias (ordinárias e extraordinárias), convocar as reuniões de diretoria e de Conselho,</p><p>dentre outras atividades que serão necessárias para o bom andamento da entidade;</p><p>9 Vice-presidente – o vice-presidente assumirá o lugar do presidente, em sua au-</p><p>sência e está ao lado do presidente no organograma de uma ONG, seu papel é o de</p><p>auxiliar e pode substituir o presidente, sempre que necessário;</p><p>9 Tesoureiro – é o responsável pelos pagamentos, possui a senha para autorizar</p><p>os pagamentos e para a movimentação financeira da entidade. Deve conferir antes</p><p>do pagamento se as compras foram autorizadas, se foram realizadas as cotações e</p><p>se cumpre aos fins a que se destina, autorizar e supervisionar as finanças, como pa-</p><p>gamentos e recebimentos, além de tratar dos aspectos relacionados a contabilidade</p><p>e a prestação de contas da entidade;</p><p>9 Secretário – exerce as atividades burocráticas e administrativas, como regis-</p><p>trar os assuntos tratados nas assembleias e reuniões e redigir as atas e o livro de</p><p>registro de atas.</p><p>http://g1.globo.com/politica/noticia/2011/10/entenda-como-ocorrem-fraudes-nos-convenios-entre-ongs-e-governos.html</p><p>http://g1.globo.com/politica/noticia/2011/10/entenda-como-ocorrem-fraudes-nos-convenios-entre-ongs-e-governos.html</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=NXErdZudxEY</p><p>124</p><p>Educação, Inovação e Tendências no Empreendedorismo Social</p><p>4</p><p>Figura 07. Organograma de uma ONG</p><p>Presidente</p><p>Marke�ng</p><p>Captação de Recursos</p><p>deRecursos</p><p>Eventos</p><p>Educação Saúde</p><p>Operacional</p><p>Tesoureiro</p><p>Vice-presidente</p><p>Secretário</p><p>Fonte: elaborada pela autora.</p><p>AMA, Associação dos amigos do autista. Consolidação dos estatutos sociais.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Disponível em: https://www.ama.org.br/site/wp-content/uploads/2018/08/estatuto-vigen-</p><p>Acesso em: 14 nov. 2022.</p><p>2.2. PLANO DE TRABALHO</p><p>A elaboração do plano de trabalho segue a lógica diária das atividades existentes em</p><p>qualquer organização.</p><p>Partindo do Estatuto e das reuniões realizadas elabora-se o calendário anual do empre-</p><p>endimento social. Nele estará a visão das atividades que pretende realizar mensalmen-</p><p>te: manutenção preventiva e manutenção corretiva da organização.</p><p>a. Manutenção preventiva: dedetização, recarga de extintores, limpeza e conservação</p><p>de equipamentos de uso geral, pintura e manutenção do prédio, jardinagem, reparos</p><p>em torneiras, tomadas, portas, e janelas, laboratórios, salas de aprendizagem e aten-</p><p>dimentos, etc.</p><p>b. Manutenção corretiva: é aquela que acontece sem ter uma previsão: como um vaza-</p><p>mento da caixa d´água, um trinco/rachadura em uma parede, um vento/chuva inespera-</p><p>do destelha a entidade, um vendaval.</p><p>c. Reposição, manutenção, conserto: a entidade precisa ir fazendo as reposições ne-</p><p>cessárias de itens que vão se deteriorando com o uso: talheres, panelas, formas, lou-</p><p>ças, roupas de cama e banho, cestos de lixo, cadeiras, mesas, garrafa térmica, bebe-</p><p>douro de água, geladeira, ventiladores, limpeza e manutenção do ar-condicionado etc.</p><p>https://www.ama.org.br/site/wp-content/uploads/2018/08/estatuto-vigente.pdf</p><p>125</p><p>4</p><p>Empreendedorismo Social</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Pautado no fluxo de caixa mensal (entradas/saídas) e no histórico do que vai sendo</p><p>criado na entidade, ano após ano, o gestor tem em mente quais serão as atividades de</p><p>captação e aplicação de recursos durante o ano e quais serão suas despesas anuais</p><p>além da folha de pagamentos e dos encargos trabalhistas.</p><p>Figura 08. Modelo de cronograma de trabalho</p><p>Atividades Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Setembro Outubro Novembro Dezembro</p><p>dia dos pais13º salário dia das crianças NatalRifa para o sorteio no dia das mãesBazarSorvete</p><p>Constituição</p><p>da ONG -</p><p>Estatuto</p><p>Social</p><p>Sede da</p><p>entidade e</p><p>estrutura</p><p>Plano de</p><p>capacitação</p><p>de recursos</p><p>Plano de</p><p>reforma de</p><p>sala, refeitório</p><p>Agosto</p><p>Fonte: elaborada pela autora.</p><p>À medida que o gestor vai dimensionando o que precisa ser feito, o trabalho vai sendo</p><p>delineado e as pessoas vão desenvolvendo suas atividades em função das propostas</p><p>de trabalho.</p><p>2.3. PRESTAÇÃO DE CONTAS PODER PÚBLICO</p><p>De acordo com a Constituição Federal de 1988, em seu parágrafo único do artigo 70</p><p>[...] prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada,</p><p>que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e va-</p><p>lores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta,</p><p>assuma obrigações de natureza pecuniária. (BRASIL, 1988 p. 23)</p><p>Por meio da prestação de contas a entidade apresenta aos “contribuintes” seus relató-</p><p>rios e demonstrativos contábeis.</p><p>Através das demonstrações, os usuários são capazes de assegurar a legitimidade do</p><p>funcionamento da entidade, das dívidas, dos estoques e saldos existentes, inclusive do</p><p>patrimônio (ativo imobilizado) existente.</p><p>Desta forma, a prestação de contas pode ser entendida como uma obrigação das partes</p><p>em apresentar as contas (resultados), pois representa um direito para o titular do bem (en-</p><p>tidade e órgãos públicos) e dever para o administrador que utilizou o bem prestar contas</p><p>à sociedade. A ação de prestação de contas deve acontecer mensalmente pautado em</p><p>documentos comprobatórios e dentro da legislação cabível e posteriormente a prestação</p><p>de contas aos possíveis interessados, e em Assembleia Geral. Ou seja, se a entidade</p><p>recebeu um determinado valor para usar em uma atividade, o recurso recebido somente</p><p>poderá ser utilizado para aquela finalidade.</p><p>Além disto, a entidade deve apresentar a sustentabilidade financeira, econômica e so-</p><p>cial além de cumprir os objetivos ao qual ela se propôs.</p><p>126</p><p>Educação, Inovação e Tendências no Empreendedorismo Social</p><p>4</p><p>Ainda pouco explorado em termos do terceiro setor, a estrutura Internacional para Rela-</p><p>to Integrado (RI) (2014) menciona que o pensamento integrado é mola propulsora que</p><p>uma organização dá aos relacionamentos entre suas unidades produtivas, bem como</p><p>os investimentos realizados e a criação de indicadores sustentáveis. O pensamento</p><p>integrado leva à tomada de decisão consciente de ações que levam em consideração a</p><p>geração de valor. Com a elaboração do relatório integrado (RI) leva-se em consideração</p><p>a conectividade e a interdependência entre os vários setores da organização e a redu-</p><p>ção de falhas e integra todos os fatores que afetam a capacidade de uma organização</p><p>no tocante a prestação de contas ao poder público.</p><p>Ressaltamos que a entidade, por meio de chamadas, solicita os recursos e depois deve</p><p>prestar contas apresentando os documentos que comprovem o efetivo gasto. Assim</p><p>sendo, na hipótese de tais documentos apresentados não serem adequados/idôneos</p><p>ou suficientes para atender a</p><p>conferência e averiguação das demandas da adminis-</p><p>tração pública ou no caso de os mesmos não corroborarem a integridade do emprego</p><p>dos recursos repassados, o órgão público poderá solicitar uma intervenção judicial para</p><p>averiguar a veracidade e esclarecimentos sobre os itens que foram adquiridos com o</p><p>confronto com os documentos apresentados.</p><p>As Dimensões da Sustentabilidade e seus Indicadores.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/164528/1/Ferraz-</p><p>-as-dimensoes.pdf.</p><p>Acesso em: 16 nov. 2022.</p><p>Avaliação da aderência das organizações do terceiro setor ao relato integrado: um estudo de</p><p>caso da fundação Euclides da Cunha de apoio institucional à UFF.</p><p>Disponível em: https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/trabalho-</p><p>Conclusao/viewTrabalhoConclusao.xhtml?popup=true&id_trabalho=10857916.</p><p>Acesso em: 17 nov. 2022.</p><p>2.4. PRESTAÇÃO DE CONTAS PARA A SOCIEDADE</p><p>Poucas são as pessoas que sabem o que é realmente uma prestação de contas. Ao se</p><p>deparar com uma entidade pedindo ajuda financeira, o idoso facilmente diz que apode</p><p>ajudar. Uma pessoa do outro lado da linha liga no telefone fixo e o motoqueiro vai bus-</p><p>car o dinheiro (em espécie). Assim funciona uma boa parte das doações recebidas em</p><p>dinheiro por entidades que arrecadam pelo telemarketing.</p><p>Prestar contas a quem confiou te dar recursos é o sinal de que a entidade adquiriu</p><p>credibilidade na comunidade na qual está inserida. As pessoas sentem-se obrigadas a</p><p>contribuir mensalmente com aquela entidade desde que ela seja séria ou que realmente</p><p>alguém de sua confiança utilize os serviços oferecidos a sociedade.</p><p>https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/164528/1/Ferraz-as-dimensoes.pdf</p><p>https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/164528/1/Ferraz-as-dimensoes.pdf</p><p>https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/trabalhoConclusao/viewTrabalhoConclusao.xhtml?popup=true&id_trabalho=10857916</p><p>https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/trabalhoConclusao/viewTrabalhoConclusao.xhtml?popup=true&id_trabalho=10857916</p><p>127</p><p>4</p><p>Empreendedorismo Social</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>A sociedade em si não está preocupada com a prestação de contas, apenas se respon-</p><p>sabiliza em ajudar com aquilo que pode “doar” e a responsabilidade em prestar contas</p><p>fica a cargo dos responsáveis pela entidade e sua equipe gestora.</p><p>Nesse interim é que atribuímos a maior responsabilidade ao profissional da contabilida-</p><p>de. O Relato Integrado (RI) é um novo método de divulgação corporativa, que vem ga-</p><p>nhando destaque por integrar informações financeiras e de sustentabilidade da empre-</p><p>sa, de forma clara e concisa através do pensamento integrado num único documento.</p><p>Segundo Estrutura Internacional para Relato Integrado, 2014, p. 28-29), este documen-</p><p>to demonstra a capacidade da organização “[...] sobre como a estratégia, a governança,</p><p>o desempenho e as perspectivas de uma organização, no contexto de seu ambiente</p><p>externo, levam à geração de valor em curto, médio e longo prazo”.</p><p>Relato integrado.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=eP7o4WiSRsw.</p><p>Acesso em: 16 nov. 2022.</p><p>Relato de sustentabilidade 2021.</p><p>Disponível em: https://www.childfundbrasil.org.br/quem-somos/?tab=governanca.</p><p>Acesso em: 01 fev. 2022.</p><p>Relatório de auditoria independente 2021.</p><p>Disponível em: https://www.childfundbrasil.org.br/wp-content/uploads/2022/05/Child-</p><p>Fund_Brasil_Relatorio_de_Auditoria_Independente_2021.pdf.</p><p>Acesso em: 14 fev. 2023.</p><p>Aplicar uma temática estudada a uma situação da vida cotidiana (preferencialmente profissio-</p><p>nal), mostrando que tal reflexão contribui para um melhor entendimento.</p><p>Por exemplo, ao trabalhar o aspecto da técnica como modificação do mundo – problematizar</p><p>dominação sobre o mundo, benefícios e malefícios, decisões e valores etc.; podendo ser</p><p>através de uma notícia, um estudo de caso, uma pesquisa ou outro objeto de informação que</p><p>possa conectar com o assunto do capítulo.</p><p>REFLETIR</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=eP7o4WiSRsw</p><p>https://www.childfundbrasil.org.br/quem-somos/?tab=governanca</p><p>https://www.childfundbrasil.org.br/wp-content/uploads/2022/05/ChildFund_Brasil_Relatorio_de_Auditoria_Independente_2021.pdf</p><p>https://www.childfundbrasil.org.br/wp-content/uploads/2022/05/ChildFund_Brasil_Relatorio_de_Auditoria_Independente_2021.pdf</p><p>128</p><p>Educação, Inovação e Tendências no Empreendedorismo Social</p><p>4</p><p>3. EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA – O ENSINO DO</p><p>EMPREENDEDORISMO NA ESCOLA</p><p>Quando se fala em educação, alguns dirão que ela vem de berço. Mas quando fala-</p><p>mos de empreendedorismo, alguns dizem que está no sangue do empreendedor, cair</p><p>e levantar, a cada dia. Ao iniciar um novo dia, é uma nova oportunidade de começar</p><p>algo novo, de criar, de inovar, de gerenciar conflitos, de negociar, de comprar ou</p><p>vender, de fazer networking, de se relacionar com pessoas e descobrir novas oportu-</p><p>nidades. Parece simples, acordei, tive uma ideia, vou falar com meu professor de por-</p><p>tuguês, de matemática, de história, de geografia, de educação física, ou de ciências,</p><p>e abrir um negócio.</p><p>Em bairros populares é comum conversar com uma criança com o sonho de empreender.</p><p>José, conhecido na vizinhança como Zé, sempre trabalhou na informalidade e nunca se</p><p>preocupou em pagar a previdência social. Apesar de trabalhar em tais condições, acabou</p><p>empreendendo por necessidade, o aprender fazendo. Zé vende pipas e papagaios, sua</p><p>família produz varetas, corta e cola o papel e amarra para no final produzir uma pipa que é</p><p>vendida em dois períodos do ano: nas férias escolares de julho e dezembro (alta demanda).</p><p>O que Zé não contava era com o imprevisto: certo dia sofreu um grave acidente de moto, pre-</p><p>cisando no fim das contas colocar pino no pé. No entanto, para bancar e realizar a cirurgia, o</p><p>montante que possui das vendas não é o suficiente.</p><p>Isso desperta em seu filho mais novo, uma criança, o interesse de ajudar o pai e sua família.</p><p>“Vou vender uma pipa”, “vou vender linha chilena”, “vou vender”, em outros termos, é o não</p><p>o aprender a fazer, isto é, o desejo e o despertar do empreendedorismo na criança, quando</p><p>esta ainda não pode (e nem deve) trabalhar.</p><p>Junto com as outras crianças da comunidade, que também desejam ter dinheiro para com-</p><p>prar a pipa ou o papagaio nas férias da escola, o filho do José quer soltar a sua e lançá-la no</p><p>céu colorido junto com as outras pipas</p><p>EXEMPLO</p><p>Depois da família, a escola é considerada o segundo lar, onde o indivíduo aprende a</p><p>conviver em sociedade, a dialogar, a fazer networking, a criar, a gerenciar conflitos, e</p><p>a comprar na cantina da escola sem ter poder de negociação, pede, compra e paga.</p><p>Para Dolabela (1999), o empreendedor cria e aloca valores para os indivíduos e para</p><p>a sociedade, ou seja, é fator de inovação tecnológica e crescimento econômico. É mo-</p><p>tivado pela liberdade de ação, automotivado. Arregaça as mangas, vai e faz, colabora</p><p>no trabalho dos outros. Tem mais faro para os negócios que habilidades gerenciais ou</p><p>políticas. Visa, principalmente, à tecnologia e ao mercado. Em outras palavras, segue</p><p>a própria visão e intuição, adota decisões próprias e coloca em primeiro plano a ação</p><p>em relação à discussão. Caso o sistema não o contente, ele o abandona para construir</p><p>o seu. As transações e a forma de negociar são seus modos de relação norteadores</p><p>(DOLABELA, 1999, p. 30-38).</p><p>129</p><p>4</p><p>Empreendedorismo Social</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>FONSECA, Alexandre Pereira. História de superação de jovem que teve paralisia cere-</p><p>bral se transforma em livro.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Disponível em: https://patoshoje.com.br/noticias/historia--de-superacao-de-jovem-que-</p><p>-teve-paralisia-cerebral-se-transforma-em-livro-37076.html.</p><p>Acesso em: 30 nov. 2022.</p><p>Mercearia Paraopeba.</p><p>Disponível em: https://www.google.com/search?q=mercearia+paraopeba&oq=merce-</p><p>aria+paraopeba&aqs=chrome.0.0i355i512j46i175i199i512j0i22i30l2.8645j0j15&sour-</p><p>ceid=chrome&ie=UTF-#fpstate=ive&vld=cid:9552dc2c,vid:VckAaCrEVb8.</p><p>para qualquer país (in-</p><p>clusive, o Brasil) enfrentar a pobreza de sua população (que ganhou um status mais</p><p>complexo para que seja combatida), trazendo, novamente, a possibilidade de uma real</p><p>inserção social de boa parte dos cidadãos da nação.</p><p>� A Formação De Grupos (Comunidades) Que Buscam Voz Na Sociedade</p><p>Provavelmente, você já ouviu alguma história de sua avó/bisavó que dizia que as pes-</p><p>soas da vizinhança colocavam as cadeiras na calçada e ficavam conversando sobre</p><p>assuntos aleatórios. Atualmente, isso já não acontece mais (é até difícil as pessoas sa-</p><p>berem o nome de mais do que cinco pessoas que moram na mesma rua ou no mesmo</p><p>prédio delas). Mas, afinal, o que aconteceu para esta transformação tão drástica, em</p><p>poucos anos?</p><p>Aparentemente, fatores como: a falta de segurança, a violência, a poluição, o sistema</p><p>de transporte ineficiente (que obriga as pessoas a saírem muito cedo e a retornarem</p><p>muito tarde para os seus lares), o subemprego, a deterioração dos espaços urbanos,</p><p>o isolamento social causado pela pandemia do Coronavírus, e até a falta de moradia</p><p>acabam por trazer uma privatização da vida coletiva caracterizada por segregação,</p><p>evitação de contatos pessoais e confinamento (MAGNANI, 1998).</p><p>Além destes aspectos mais relacionados com a própria infraestrutura das cidades, tal</p><p>distanciamento das pessoas também se deve ao crescimento da internet e das Redes</p><p>Sociais, que passaram a preencher um espaço na sociabilização delas, transformando-</p><p>-a em algo mais virtual do que físico.</p><p>13</p><p>1</p><p>Empreendedorismo Social</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Como já visto anteriormente, as pessoas são seres sociais, que precisam se relacionar</p><p>com outras. Desta forma, essas transformações da sociedade são refletidas em mudan-</p><p>ças antropológicas, com o fortalecimento da cultura de grupos (comunidades) que têm</p><p>o mesmo objetivo, ideais, gostos e anseios (alguns formados em escassos encontros</p><p>face a face, outros, em sua maioria, formado nas Redes Sociais).</p><p>Dois exemplos podem mostrar este fortalecimento da cultura de grupos que acabam se en-</p><p>contrando presencialmente: 1- atualmente, diversas vezes, a ida ao banco por parte dos</p><p>mais idosos é muito mais um programa de lazer do que de obrigação, onde eles aproveitam</p><p>para conversar, tomar um cafezinho (enfim, socializar); e 2- alguns eventos culturais como a</p><p>Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, principalmente durante os “rituais das filas”,</p><p>transformam-se em ocasiões de aproximação de pessoas e socialização genuína por conta</p><p>dos gostos comuns (ALMEIDA, 1995 apud MAGNANI, 1998).</p><p>EXEMPLO</p><p>Em termos virtuais, as pessoas se aproximam nas redes sociais por conta de gostos si-</p><p>milares e posições/opiniões parecidas que possuem. Há grupos (comunidades) forma-</p><p>dos por várias questões comuns: time do coração; posicionamento político e religioso;</p><p>aspectos raciais e de gênero etc. Todos eles defendem seus interesses, clamam por</p><p>igualdade, espaço social, voz e justiça.</p><p>No entanto, recentemente, dentro destes diversos grupos (comunidades) anta-</p><p>gônicos, também se percebe uma intolerância aos demais, que, muitas vezes,</p><p>acaba em debates violentos e agressivos na internet, que são refletidos na própria</p><p>sociedade. Dessa forma, apesar daquela experiência das cadeiras nas ruas não</p><p>ter desaparecido, mas apenas ter sido transformada em milhares de formas e</p><p>arranjos (MAGNANI, 1998), isso fez com que os grupos (comunidades) culturais</p><p>ainda estejam entendendo os seus espaços, em um processo de nova construção</p><p>da chamada sociedade contemporânea.</p><p>� O Mindset (Mentalidade) Sustentável</p><p>Há alguns anos, as pessoas e as empresas demonstram preocupações relacionadas</p><p>com a preservação ambiental. No entanto, a maioria destas discussões permanecia no</p><p>campo teórico e diplomático, tendo pouca ação prática por parte dos indivíduos. Mas,</p><p>parece que isso está mudando.</p><p>Diversas pesquisas (no Brasil e no mundo) mostraram que o isolamento social causado</p><p>pelo Coronavírus parece ter feito as pessoas e as empresas se preocuparem ainda</p><p>mais com a sustentabilidade, indicando que elas estão dispostas a mudar seus hábitos</p><p>para minimizarem os problemas ambientais.</p><p>O planejamento sustentável das cidades, o consumo mais consciente, a produção que</p><p>gere menos poluição e desperdício, as energias mais limpas, a reciclagem de lixo, o</p><p>desperdício de alimentos, os materiais biodegradáveis, a educação ambiental e o uso</p><p>consciente da água são assuntos cada vez mais debatidos e defendidos em conversas</p><p>14</p><p>Brasil: Sociedade, Economia, Política e Empreendedorismo Social</p><p>1</p><p>informais e rodas de negócios, mostrando que a mentalidade (mindset) ambiental é algo</p><p>que se instalou na forma de pensar e agir da humanidade.</p><p>Sim, neste campo, muitos avanços ainda precisam ser conquistados. No entanto, agen-</p><p>tes públicos e privados passaram a fortalecer o pensamento crítico relacionado com</p><p>a sustentabilidade ambiental, percebendo-se como parte responsável do problema e</p><p>ressignificando seus conceitos, hábitos e expectativas.</p><p>1.4. A PRODUÇÃO ANTROPOLÓGICA SUBSIDIANDO A ELABORAÇÃO</p><p>DE POLÍTICAS PÚBLICAS</p><p>Nesse momento, você pode estar se perguntando: como usar essas transformações</p><p>socioeconômicas e antropológicas para a construção de uma sociedade mais equilibra-</p><p>da e justa? Bem, todas estas mudanças fornecem dados, informações e aprendizados</p><p>para a compreensão e tradução de códigos culturais diversos, além do respeito à dife-</p><p>rença cultural (FELDMAN-BIANCO, 2011). Isso acaba por trazer uma visão mais preci-</p><p>sa do que está acontecendo na sociedade, subsidiando (alimentando com informações)</p><p>a elaboração, de forma mais assertiva, de políticas governamentais para segmentos e</p><p>grupos em situação de desvantagem e risco social (FELDMAN-BIANCO, 2011).</p><p>Cabe destacar que esse movimento em direção à melhora nas condições da sociedade</p><p>não é feito apenas pela iniciativa pública, já que empreendedores sociais e parcerias</p><p>público-privadas estão ganhando cada vez mais relevância no nosso país, realizando</p><p>ações que trazem mais humanidade e pessoalidade às relações de mercado, contri-</p><p>buindo para o desenvolvimento do país.</p><p>CONCLUSÃO</p><p>Neste capítulo, percebeu-se que os seres humanos e as sociedades a que perten-</p><p>cem estão em constante transformação. Problemas socioeconômicos e antropológi-</p><p>cos, recentes ou de longa data, pelos quais o Brasil enfrenta precisam de um olhar</p><p>atento por parte da iniciativa governamental para que as políticas públicas alcancem</p><p>bons resultados na minimização das desigualdades e injustiças. No entanto, esta</p><p>batalha vem ganhando novos atores privados que, através do empreendedorismo</p><p>social e parcerias público-privadas, também buscam uma melhora nas condições de</p><p>vida das pessoas.</p><p>15</p><p>1</p><p>Empreendedorismo Social</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Figura 01. Transformação na sociedade e Políticas Públicas</p><p>Problemas</p><p>socioeconômicos,</p><p>antropológicos,</p><p>ambientais...</p><p>Políticas</p><p>Públicas</p><p>Objetivos das</p><p>Políticas</p><p>Públicas</p><p>Distributivos</p><p>(destinados a um</p><p>grupo específico)</p><p>Redistributivos</p><p>(promover o</p><p>bem-estar social)</p><p>Constitutivos</p><p>(funcionamento</p><p>das políticas</p><p>públicas)</p><p>Regulatórios</p><p>(regras e organiza-</p><p>ção da sociedade)</p><p>Ciclo das</p><p>Políticas</p><p>Públicas</p><p>1. Entender o que</p><p>originou o problema</p><p>público</p><p>3. Entender o motivo de</p><p>tais soluções não terem</p><p>sido implementadas</p><p>2. Buscar soluções e</p><p>alternativas ao problema</p><p>4. Analisar os obstáculos</p><p>existentes para a</p><p>efetivação de certas</p><p>medidas5. Analisar possíveis</p><p>resultados</p><p>6. Avaliar os impactos da</p><p>política pública</p><p>7. Ajustar a política</p><p>pública atual e</p><p>vislumbrar novas</p><p>Fonte: adaptada de Medeiros (2013, [n.p.]) e Lenzi ([s.d.], [n.p.]).</p><p>Atualmente, é muito comum que as pessoas se agrupem em comunidades nas Redes So-</p><p>ciais para emitirem suas opiniões e atacarem aqueles que têm uma posição contrária à de-</p><p>las. Esse suposto “anonimato” sentido na internet torna as pessoas mais corajosas para:</p><p>distribuírem fakenews, atuarem como militantes cibernéticos e serem propagadores</p><p>Acesso em: 30 out. 2022.</p><p>3.1. IMPORTÂNCIA DO EMPREENDEDORISMO NA ESCOLA PÚBLICA</p><p>E PRIVADA</p><p>A vontade de mudar de vida (empreendedor por necessidade) está estampada na face</p><p>do estudante em função das dificuldades vivenciadas em casa, no seu lar, no seu dia a</p><p>dia, a falta de alimento no prato (isso o faz ir para a escola pública para ter uma ou duas</p><p>refeições, ou talvez, todas as suas refeições diárias). A renda familiar não é suficiente</p><p>para suprir as necessidades básicas do ser humano enquanto indivíduo, ou, a primeira</p><p>necessidade é ter ar puro para respirar e água potável para beber, uma alimentação</p><p>saudável e nutritiva, ter um abrigo com segurança. Na prática não é tão simples e re-</p><p>quer uma série de estudos e fatores.</p><p>A escola em seu papel de formação do indivíduo, enquanto cidadão, é capaz de reali-</p><p>zar o desenvolvimento, estimular a criatividade e desenvolver autonomia e realização</p><p>pelo fato de fazer com que esse aluno pertença a um grupo e que ele se sinta querido</p><p>e reconhecido pelo trabalho que desenvolve fortalecendo, assim, sua autorrealização e</p><p>autoestima. Os primeiros passos do empreendedorismo estão enraizados no professor</p><p>com o estímulo ao aluno em começar a pensar em suas atividades e atitudes estimu-</p><p>lando o empreendedorismo por meio de jogos empresariais nas atividades diárias da</p><p>sala de aula. O docente deve ser capaz de inserir em sua disciplina mecanismos que</p><p>possibilitem a busca do conhecimento naquilo que o estudante gosta de fazer, estimu-</p><p>lando a buscar cada vez mais conhecimento naquilo que é bom ou que gosta de fazer.</p><p>Para quem é pai ou mãe, família mais próxima ou responsável de uma criança, e tem</p><p>uma visão de empreendedorismo, começa os primeiros ensaios de empreendedorismo.</p><p>A criança, ao observar o comportamento de seus pais, responsáveis e parentes, começa</p><p>de forma psicológica a querer vender figurinhas da copa na escola, tiara, maquiagem,</p><p>brigadeiro, frutas. Talvez esse seja os primeiros passos para o empreendedorismo.</p><p>Por não ser permitido ao jovem vender no ambiente escolar, a escola fracassa nessa</p><p>âmbito, embora seja a escola o espaço que deveria incentivá-lo e estimulá-lo a empre-</p><p>https://patoshoje.com.br/noticias/historia--de-superacao-de-jovem-que-teve-paralisia-cerebral-se-transforma-em-livro-37076.html</p><p>https://patoshoje.com.br/noticias/historia--de-superacao-de-jovem-que-teve-paralisia-cerebral-se-transforma-em-livro-37076.html</p><p>130</p><p>Educação, Inovação e Tendências no Empreendedorismo Social</p><p>4</p><p>ender. Por exemplo, o estudante poderia, uma vez por mês, vender seus brinquedos</p><p>usados, suas roupas, ou alimentos que sua família produz, estimulando uma relação</p><p>entre família, escola e comunidade.</p><p>Segundo Hirish (2004), as habilidades exigidas aos empreendedores podem ser clas-</p><p>sificadas em três principais áreas: técnica, administrativa e empreendedora. A primeira</p><p>área abrange redação, atenção, apresentações orais, organização, treinamento, tra-</p><p>balho em equipe e know how técnico. Quanto à habilidade administrativa, verifica-se</p><p>habilidades inerentes a administração de qualquer empresa, sendo elas: habilidade</p><p>para tomada de decisões, marketing, administração, finanças, contabilidade, produção,</p><p>controle e negociação. Trazer à tona a importância do empreendedorismo na escola</p><p>pública e privada nos remete a uma camada da população “podre” que vive com pou-</p><p>cos recursos e que não tem interesse algum pelo conteúdo abordado pelo professor na</p><p>sala de aula e tão pouco está preocupado em ter um compromisso com uma empresa,</p><p>com normas e regras a ser seguida, em ter horário para entrar e sair, ou cumprir o que</p><p>determina a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho).</p><p>Por outro lado, escolas particulares, por meio de projetos, incentivam os alunos a de-</p><p>senvolverem trabalhos focando o empreendedorismo, como é o caso da Babson Colle-</p><p>ge, FGV, INSPER, SENAC (ensino profissionalizante) dentre outras.</p><p>Jovens do Ensino Médio desenvolvem projeto do copo que identifica substância do “Boa</p><p>Noite, Cinderela”.</p><p>CURIOSIDADE</p><p>Disponível em: https://extra.globo.com/noticias/brasil/estudantes-gauchas-criam-copo-</p><p>-contra-boa-noite-cinderela-25602475.html.</p><p>Acesso em: 12 dez. 2022.</p><p>Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=VbB6ky956cI.</p><p>Acesso em: 12 dez. 2022.</p><p>3.2. BENEFÍCIOS DO EMPREENDEDORISMO E DO SENSO DA</p><p>RESPONSABILIDADE NA ESCOLA</p><p>Ao pensar em agronegócio, por exemplo, entende-se que o pequeno produtor rural</p><p>acorda as 4h ou as 5h para tirar o leite da vaca, trabalhar a hora que for preciso para</p><p>alimentar o gado, e sabe o exato momento da chuva para semear a semente para o</p><p>plantio. Sem hora para acordar ou para deitar ele não pensa em se aposentar, seu</p><p>sustento vem daquilo que ele planta e que leva anos para produzir, com o senso de</p><p>responsabilidade de sua criação, formação e da educação vinda da sua família e da</p><p>natureza “aquilo que você planta, você colhe”.</p><p>O senso de responsabilidade já foi inserido no seu dia a dia enquanto criança pelos</p><p>seus pais: acordar cedo, cuidar do gado, cultivar, plantar, colher, vender, negociar etc.</p><p>https://extra.globo.com/noticias/brasil/estudantes-gauchas-criam-copo-contra-boa-noite-cinderela-25602475.html</p><p>https://extra.globo.com/noticias/brasil/estudantes-gauchas-criam-copo-contra-boa-noite-cinderela-25602475.html</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=VbB6ky956cI</p><p>131</p><p>4</p><p>Empreendedorismo Social</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Esse profissional aprendeu na lida a colocar em prática suas habilidades de administra-</p><p>dor, sua competência (característica de um indivíduo), abordando diferentes traços de</p><p>personalidade, habilidades e conhecimentos, que partem da influência e de experiências,</p><p>treinamentos, educação, família e outras variáveis demográficas. As competências ne-</p><p>cessárias ao empreendedor, segundo Hashimoto (2006), são: capacidade de liderança,</p><p>capacidade de influenciar pessoas e construir redes de relacionamento, desenvolvimento</p><p>de visões e pensamento estratégico, habilidades de comunicação, capacidade de criar e</p><p>inovar, determinação, organização e estruturação de ideias, sensibilidade e percepção.</p><p>É preciso ter força de vontade para empreender, pois o senso de responsabilidade é</p><p>grande quando se empreende. A responsabilidade começa na interação/imposição dos</p><p>pais a partir do momento que a criança passa a ter responsabilidades no seu dia a dia,</p><p>quando começa a arrumar a cama a limpar o quarto; colocar o lixo; lavar as louças; aju-</p><p>dar na limpeza da casa, na preparação das refeições; ter horário para cumprir e ter ati-</p><p>vidades programadas. Nesses primeiros gestos, a criança vai se formando e recebendo</p><p>um aprendizado em família, isto é, um senso de responsabilidade (família – educação</p><p>– conhecimento – aprendizado – empresa – sucessão na empresa familiar).</p><p>Aquilo que a criança vive é o reflexo dela na escola, ou seja, se em casa a criança não</p><p>tem exemplo dos pais cumprindo horário no trabalho, a criança também não cumprirá</p><p>com seus fazeres na escola e na vida adulta. O exemplo pode vir de casa, da igreja,</p><p>da escola, da comunidade em geral. A escola por si só não forma o cidadão melhor, é</p><p>preciso que exista um mix entre o todo (por exemplo, família, escola e igreja) para que</p><p>a pessoa tenha vontade de estudar, de trabalhar, ser automotivado para desenvolver</p><p>suas habilidades.</p><p>Se o indivíduo quiser empreender, ou aprender uma nova profissão/formação, basta</p><p>ter curiosidade e buscar a informação no mundo inteiro por meio de tantas informações</p><p>que podem ou não estar à disposição, como a internet, a respeito de como empreen-</p><p>der, como criar um novo negócio ou um novo produto. Dolabela (2003) ressalta que o</p><p>empreendedorismo também é algo que pode ser aprendido. É provável que as pessoas</p><p>que não desenvolveram esse potencial não obtiveram estímulos advindos da sociedade</p><p>em seus grupos mais próximos e intenso, tais como a família, a escola, etc. De forma</p><p>resumida, nascemos com potencial empreendedor, no entanto, muitas vezes abando-</p><p>namos essa possibilidade por influência de membros</p><p>da comunidade familiar, escolar,</p><p>e de nossas relações sociais.</p><p>O texto a seguir aborda aspectos importante relacionados a Educação Empreendedora, a</p><p>estratégia de investimentos de impacto, explicitamente alinhado aos Objetivos de Desenvol-</p><p>vimento Sustentável das Nações Unidas.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Disponível em: https://www.gov.br/produtividade-e-comercio-exterior/pt-br/assuntos/</p><p>inovacao/enimpacto/InvestimentosdeImpactonoBrasil2020ANDE.pdf.</p><p>Acesso em: 12 dez. 2022.</p><p>https://www.gov.br/produtividade-e-comercio-exterior/pt-br/assuntos/inovacao/enimpacto/InvestimentosdeImpactonoBrasil2020ANDE.pdf</p><p>https://www.gov.br/produtividade-e-comercio-exterior/pt-br/assuntos/inovacao/enimpacto/InvestimentosdeImpactonoBrasil2020ANDE.pdf</p><p>132</p><p>Educação, Inovação e Tendências no Empreendedorismo Social</p><p>4</p><p>3.3. APRENDIZAGEM BASEADA EM PROJETOS</p><p>No dicionário Aurélio, a palavra “projeto” é definida: [Do Latim projectu, particípio pas-</p><p>sado de projicere, ‘lançar para adiante’]. Plano, intento, desígnio (FERREIRA, 2004).</p><p>Quando falamos da importância do empreendedorismo na escola estamos pensando</p><p>no ensino e aprendizado voltado para o projeto que pode ser o projeto de vida do aluno</p><p>“sonhar” e “realizar”.</p><p>À educação, portanto, cabe transmitir saberes e saber-fazer numa visão</p><p>evolutiva e não apenas acumular determinada quantidade de conhecimen-</p><p>tos e sentir-se infinitamente completo. É necessário aproveitar e explorar,</p><p>do começo ao fim da vida, todos os momentos de modernizar, aprofundar e</p><p>enriquecer seus conhecimentos acumulados e de se adaptar ao mundo em</p><p>mudança. (DELORS, 2005, [n.p.])</p><p>A liberdade para correr atrás daquilo que se tem vontade é um fator fundamental para</p><p>o empreendedorismo e, sem ela, torna-se complexa a transformação de ideias em re-</p><p>alizações (HASHIMOTO, 2006). Quando se pratica o ensino focado na aprendizagem</p><p>baseada em Projetos, é preciso fazer o aluno pensar em pequenos detalhes, como o</p><p>mundo que vive, a vida real, a realidade do dia a dia e o “sonho da vida melhor” – “pro-</p><p>jetos”. São iniciativas que envolvem o desenvolvimento de novos produtos e processos</p><p>em função da aprendizagem desenvolvida na escola e, nesse caso, o professor deve</p><p>estar motivado a injetar na veia do aluno a vontade de elaborar o projeto.</p><p>O projeto pode ser uma viagem para conhecer um museu ou uma indústria de grande</p><p>porte. Baseado na visita técnica, o professor vai trabalhando habilidades e conheci-</p><p>mento e incentivando o aluno a pensar na estrutura de uma empresa desde a portaria</p><p>até o Chief Executive Officer (CEO), o controle interno, os custos, as despesas, as</p><p>ferramentas, maquinário, capital de giro, o recurso humano e a linha de produção. Não</p><p>necessariamente o estudante deve empreender de imediato, o professor pode ensiná-lo</p><p>a pensar enquanto funcionário (intraempreendedor) de uma empresa. Empresas mu-</p><p>dam, se adaptam, melhoram, inovam buscam o crescimento por meio de projetos de</p><p>melhoria contínua ou inovadores. Algumas empresas investem em seus funcionários</p><p>para que eles possam crescer junto investindo em tecnologia, infraestrutura, projetos,</p><p>novos produtos ou processos.</p><p>À medida que a organização vai evoluindo e crescendo, o aprendizado de seus</p><p>funcionários caminha junto (aprender fazendo); o funcionário vai melhorando seu</p><p>desempenho e vão surgindo novos projetos de inovação, de melhorias de proces-</p><p>sos e ações relacionadas à redução de custos. Essa evolução pode ocorrer por</p><p>meio de iniciativas de seus colaboradores (intraempreendedores) que possuem uma</p><p>base multidisciplinar (escola empreendedora), o pensar na organização; neste sentido,</p><p>a eficiência de tais projetos exige intensa cooperação e competência de organização</p><p>para realizar planos de longo prazo (HASHIMOTO, 2010).</p><p>Entre os possíveis projetos estão os pessoais de compra de uma casa ou apartamento,</p><p>arquitetônico, estrutural, pedagógico, social, de um produto ou de um serviço, dentre outros.</p><p>133</p><p>4</p><p>Empreendedorismo Social</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>AMARAL, João Alberto Arantes do; ARAUJO, Cíntia Möller. Programa: Aprendizagem basea-</p><p>da em projetos sociais. [S.I.]: [s.n.], [s.d.].</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Disponível em: https://www.unifesp.br/campus/osa2/images/PDF/Aprendizagem%20</p><p>Baseada%20em%20Projetos%20Sociais.pdf.</p><p>Acesso em: 12 dez. 2022.</p><p>LOBOSCO, Antonio. Aprendizagem baseada em projetos aplicada ao ensino do empreen-</p><p>dedorismo: um estudo nas Fatecs Santana de Parnaíba e Ferraz de Vasconcelos. Fórum de</p><p>Metodologias Ativas, São Paulo, SP, vol. 3, n. 1, p-1-488, jul. 2021 ISSN 2763-5333.</p><p>3.4. EMPREENDEDOR COMPROMETIDO COM A SOCIEDADE</p><p>A educação empreendedora e o ensino do empreendedorismo na escola vai muito além</p><p>do que a escola ensina, na semana de planejamento pedagógico, o professor desen-</p><p>volve com seu grupo de trabalho as propostas pedagógicas e os planos de ensino para</p><p>o novo ciclo que se inicia: planejar o que será ministrado a cada semana, cumprir o</p><p>conteúdo programático, e preparar o aluno para o mercado de trabalho.</p><p>O despertar do interesse no aluno envolve vários fatores além da escola. Formar um</p><p>cidadão vai além do empreendedorismo na escola e da educação empreendedora. A</p><p>responsabilidade atribuída ao docente na vida do aluno é por uma formação enquanto</p><p>cidadão e na preparação para formação profissionalizada na perspectiva do envolvi-</p><p>mento do aluno no trabalho voluntário, desde a infância, dentro da instituição de ensino.</p><p>Criar um ambiente propício do interesso no aluno vai além do trabalho dentro da sala</p><p>de aula e é por isso que o professor deve estimular o aluno a conhecer espaços fora do</p><p>contexto da escola para entender a importância do empreendedor social na economia</p><p>e no contexto do local/bairro/cidade.</p><p>O empreendedorismo social tem se estabelecido como vocação de milhares de entida-</p><p>des que buscam tanto o atendimento às diversas expressões da questão social, como a</p><p>solução dos problemas sociais e, assim, almeja dar mais eficácia às ações das ONGs.</p><p>O empreendedor comprometido com a sociedade é aquele que tem uma visão ampla</p><p>do todo organizacional, é visionário, acorda cedo, dorme tarde, busca informações, faz</p><p>networking, possui habilidades de gestão, de compras, vendas, planejamento, feedba-</p><p>ck, resolve problemas rapidamente, é ágil na solução de conflitos focado na satisfação</p><p>do cliente. Thompson (2002) retrata que os empreendedores sociais podem ser encon-</p><p>trados em três setores:</p><p>¾ negócios com fins lucrativos que tenham algum compromisso em fazer o bem</p><p>ajudando a sociedade e o meio ambiente com suas estratégias e doações financeiras</p><p>e materiais;</p><p>¾ nas empresas sociais, criadas com um propósito na maior parte social, mas que</p><p>ainda são empresas; e</p><p>¾ no setor do voluntariado ou organizações não governamentais (ONGs).</p><p>https://www.unifesp.br/campus/osa2/images/PDF/Aprendizagem%20Baseada%20em%20Projetos%20Sociais.pdf</p><p>https://www.unifesp.br/campus/osa2/images/PDF/Aprendizagem%20Baseada%20em%20Projetos%20Sociais.pdf</p><p>134</p><p>Educação, Inovação e Tendências no Empreendedorismo Social</p><p>4</p><p>O empreendedor social tem como missão de vida construir um mundo melhor para as</p><p>pessoas terem uma condição de vida melhor (desde que elas queiram melhorar de vida)</p><p>(DORNELAS, 2005). Além disso, Parenson (2010) reforça que o empreendedorismo</p><p>social se refere à atividade inovadora com um objetivo social, tanto no setor com fins</p><p>lucrativos quanto no setor sem fins lucrativos ou entre outros setores. Mas o que seria</p><p>atividade inovadora no empreendedorismo social? Atender uma demanda reprimida da</p><p>sociedade pensando:</p><p>9 na criança;</p><p>9 no jovem;</p><p>9 no adulto;</p><p>9 no idoso;</p><p>9 na redução da fome;</p><p>9 na redução da pobreza;</p><p>9 na redução do desemprego;</p><p>9 no meio ambiente;</p><p>9 no clima e no ar;</p><p>9 dentre outros.</p><p>INFOMONEY. Geraldo Rufino: o ex-catador de latinhas que criou uma das maiores empre-</p><p>sas de reciclagem de caminhões.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Disponível em: https://www.infomoney.com.br/perfil/geraldo-rufino/.</p><p>Acesso em: 12 dez. 2022.</p><p>GRUPO ZUMIRA AMBIENTAL. Soluções completas em reciclagem e</p><p>destinação de resíduos.</p><p>Disponível em: https://www.facebook.com/watch/?v=399275457669296.</p><p>Acesso em: 12 dez. 2022.</p><p>ONG BANCO DE ALIMENTOS. Transparência.</p><p>Disponível em: https://bancodealimentos.org.br/transparencia/.</p><p>Acesso em: 12 dez. 2022.</p><p>GOVERNO DO MATO GROSSO. Ações Sociais no sistema penitenciário ganham pro-</p><p>jeção nacional.</p><p>Disponível em: http://www.mt.gov.br/-/8192959-acoes-sociais-no-sistema-penitenciario-</p><p>-ganham-projecao-nacional#:~:text=Os%20projetos%20de%20Mato%20Grosso,mil%20</p><p>iniciativas%20inscritas%20no%20Innovare.</p><p>Acesso em: 12 dez. 2022.</p><p>https://www.infomoney.com.br/perfil/geraldo-rufino/</p><p>https://www.facebook.com/watch/?v=399275457669296</p><p>https://bancodealimentos.org.br/transparencia/</p><p>135</p><p>4</p><p>Empreendedorismo Social</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>CONCLUSÃO</p><p>Pouco se falava do ensino do empreendedorismo nas escolas públicas ou privadas,</p><p>pois o foco de ensino é um pouco de português, matemática, ciências, história e geogra-</p><p>fia. Em algumas épocas, inclusive, em função da mudança do currículo escolar, o aluno</p><p>teve um idioma incluso (francês, inglês ou espanhol). Em outros termos, a base do ser</p><p>humano estava formada, pronta para o ingresso ao ensino técnico e profissionalizante</p><p>ou para migrar para o mercado de trabalho braçal.</p><p>Enquanto alguns estudantes continuavam estudando em escolas melhores em função</p><p>da sua condição de vida financeira, poucos se aventuravam em empreender pois falta-</p><p>vam oportunidades e informações: na escola, os alunos foram doutrinados ao senso da</p><p>responsabilidade, a cumprirem regras e horários, além de serem comprometidos com</p><p>algo que o seu entorno necessitava (um ajuda o outro naquilo que pode).</p><p>O empreendedorismo social tem se estabelecido como vocação de milhares de entida-</p><p>des que buscam tanto o atendimento às diversas expressões da questão social, como</p><p>a solução dos problemas sociais. O empreendedor comprometido com a sociedade é</p><p>aquele que tem uma visão ampla do todo organizacional, é visionário, busca informa-</p><p>ções, faz networking, possui habilidades de gestão, de planejamento, feedback, resolve</p><p>problemas, é ágil na solução de conflitos focado na satisfação do cliente e usa o marke-</p><p>ting a favor da sua empresa.</p><p>Partindo do ensino do empreendedorismo na escola fica mais prático para o aluno apli-</p><p>car metodologias ativas para a aprendizagem baseada em projetos, focando naquilo</p><p>que ele busca para suprir uma demanda da sociedade não atendida pelo setor público.</p><p>Por meio da pedagogia empreendedora o docente será capaz de incluir projetos sociais</p><p>para estimular o aluno a pensar e a vivenciar a realidade no contexto que está inserido.</p><p>Partindo da elaboração de projetos, o empreendedor comprometido com o tripé da sus-</p><p>tentabilidade (econômica/social/ambiental) abraça a causa que a sociedade necessita</p><p>em um curto espaço de tempo.</p><p>4. TENDÊNCIAS: ECONOMIA COLABORATIVA E CONSUMO</p><p>CONSCIENTE</p><p>Dados os processos considerados sociais, apresentamos a forma com que as pessoas</p><p>exercem o seu consumo que está em constante mudança, (CIPRIANO; CARNIELLO,</p><p>2018). É possível notar que, nos últimos anos, a tecnologia e a comunicação, de modo</p><p>geral, impactaram de forma intensa as organizações, propiciando que diversos avanços</p><p>fossem realizados na criação de novos produtos e processos. É possível, inclusive,</p><p>visualizar que o consumidor também mudou, passando a se preocupar com o impacto</p><p>de suas compras, seus descartes e assim por diante.</p><p>Esse conjunto de pequenas mudanças trazem para o mercado uma necessidade de</p><p>adaptação para sobreviver. Os modelos de negócios passaram por transformações e</p><p>a economia colaborativa emergiu em um contexto em que as pessoas se apoiaram</p><p>em quatro aspectos: relacionamento, tecnologia, colaboração e compartilhamento (CI-</p><p>PRIANO; CARNIELLO, 2018).</p><p>136</p><p>Educação, Inovação e Tendências no Empreendedorismo Social</p><p>4</p><p>Com base nisso, neste capítulo serão abordados as principais mudanças que causaram</p><p>estas tendências, bem como conceitos e pilares relacionados à denominada “economia</p><p>colaborativa”, de modo que seja possível relacioná-los ao consumo e também à inovação.</p><p>4.1. AS MUDANÇAS DE IMPACTO</p><p>Como consumidores, talvez já tenhamos notado que nossos comportamentos podem</p><p>mudar de acordo com a necessidade ou a renda em determinado período do mês. No</p><p>cotidiano, estes aspectos são corriqueiros, no entanto, não são só aspectos relacionados</p><p>à renda e às necessidades que acabam por impactar a forma com que nós, indivíduos,</p><p>compramos. Em defesa deste ponto de vista, Parente, Geleilate e Rong apontam que:</p><p>Os clientes estão exigindo soluções cada vez mais complexas, sustentáveis e integra-</p><p>das, em vez de produtos e serviços padronizados e homogêneos. Além disso, uma</p><p>confluência de eventos importantes estimulou o rápido desenvolvimento e adoção da</p><p>chamada “economia compartilhada”. Fatores como a onipresença da internet e dos</p><p>dispositivos móveis, abundância de mercadorias em capacidade ociosa, crescimento.</p><p>A conscientização do consumidor em relação à sustentabilidade ambiental e a reces-</p><p>são econômica levando a taxas de desemprego mais altas atraíram os consumidores</p><p>para transações que lhes permitem acessar e lucrar com mais conveniência de ativos</p><p>subutilizados. Empresas globais de economia compartilhada, como Uber, Airbnb, Lyft e</p><p>WeWork, alcançaram resultados impressionantes tanto local quanto internacionalmen-</p><p>te. (PARENTE; GELEILATE; RONG, 2018, p. 53, tradução nossa)</p><p>De acordo com Santos e Pereira (2019), existem condutores que impulsionam a econo-</p><p>mia colaborativa, conforme a Figura 08 a seguir.</p><p>Figura 09. Condutores</p><p>Condutores sociais</p><p>Condutores econômicos</p><p>Condutores tecnológicos</p><p>• Define-se por um estilo de vida independente, apresentando preocupação com o</p><p>meio ambiente, sustentabilidade e desalinhamento com a cultura consumista.</p><p>Condutores: mentalidade sustentável, altruísmo e estilo de vida</p><p>• Parte do desejo de gerar novas fontes de renda e maximizar a utilização de</p><p>recursos. Condutores: disparidade econômica, limitação de recursos</p><p>• Surgimento de sistemas ou plataformas que auxiliem nas novas formas de</p><p>transação. Condutores: tecnologia (redes sociais, dispositivos móveis, novos</p><p>sistemas de pagamento etc.)</p><p>Fonte: adaptada de Santos e Pereira (2019, p. 7).</p><p>137</p><p>4</p><p>Empreendedorismo Social</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Desse modo, é possível destacar que além das mudanças comportamentais tradicio-</p><p>nais do consumidor, é possível que ele também seja influenciado nas esferas sociais,</p><p>econômicas e tecnológicas. Assim, no âmbito dos condutores sociais é necessário des-</p><p>tacar a crescente preocupação dos consumidores com o impacto de suas compras no</p><p>meio ambiente. Deste modo, o estilo de vida dos indivíduos vai se adaptando à uma</p><p>mentalidade mais sustentável e alinhando-se à uma cultura menos consumista.</p><p>Além disso, no aspecto econômico, as mudanças de impacto são caracterizadas por</p><p>meio da limitação de recursos, surgindo como um meio alternativo de obtenção de ren-</p><p>da. Airbnb e Uber são exemplos disso. Já nos condutores tecnológicos, a internet e a</p><p>ascensão das plataformas de negócios auxiliam na popularização destes negócios, por</p><p>meio da facilidade e forte presença no dia a dia dos consumidores.</p><p>Brave Blue World – A crise hídrica</p><p>Disponível em streamings como Netflix, este filme lançado em 2020 apresenta como as ino-</p><p>vações podem auxiliar no desenvolvimento de soluções para um recurso crucial para nossa</p><p>existência: a água.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>4.2. ECONOMIA COLABORATIVA: OBJETIVOS E PILARES</p><p>Emergindo nos últimos anos como uma abordagem considerada disruptiva, quando</p><p>comparada à economia tradicional, a economia compartilhada apresenta como premis-</p><p>sa um mundo mais sustentável ao permitir acesso a recursos não utilizados a preços</p><p>mais baixos (MUÑOZ; COHEN, 2017).</p><p>O termo economia colaborativa surgiu nos anos 1990 nos Estados Unidos e foi im-</p><p>pulsionada pela intensificação do uso de tecnologias (SILVEIRA; PETRINI; SANTOS,</p><p>2016), sendo também conhecida como economia</p><p>compartilhada. Seu conceito vem</p><p>sendo debatido amplamente no mundo acadêmico, especialmente devido ao impacto</p><p>que vem gerando através do crescimento de organizações que trabalham desta forma</p><p>(HOSSAIN, 2020). Descreve como as organizações conectam usuários e proprietários</p><p>através de uma dinâmica Consumidor-Consumidor, do inglês Consumer to consumer</p><p>(C2C) (PARENTE; GELEILATE; RONG, 2018).</p><p>O compartilhamento pode ser um termo que se confunde, principalmente se conside-</p><p>rarmos o botão “compartilhar” das redes sociais. No entanto, aqui, o leitor é convidado</p><p>a focar em empresas como Airbnb e Uber para compreender tais conceitos. Como pro-</p><p>prietário de um veículo ou imóvel ocioso, você pode obter algum tipo de ganho através</p><p>do compartilhamento.</p><p>Do ponto de vista da sustentabilidade, o compartilhamento faz uso do aproveitamento</p><p>dos recursos, associado comumente a ganhos financeiros e também pode se apresen-</p><p>tar de forma não comercial (TIGRE; PINHEIRO, 2019). Com a intensificação do uso da</p><p>internet e seu impacto nos modelos de negócio, surgiram as plataformas de negócios,</p><p>138</p><p>Educação, Inovação e Tendências no Empreendedorismo Social</p><p>4</p><p>diferenciando-se das empresas tradicionais. Estas plataformas, conforme Magaldi e Sa-</p><p>labi Neto (2020), visam, dentre outros objetivos, conectar os usuários e soluções.</p><p>Além deste novo modelo de negócio, também pode-se destacar que a economia com-</p><p>partilhada impacta positivamente os pilares da sustentabilidade: o social, o econômico</p><p>e o ambiental, uma vez que substitui o consumo excessivo. De acordo com Hossain,</p><p>tais plataformas ainda enfrentam desafios, principalmente no âmbito da regulamenta-</p><p>ção, que ocorre de forma diferente entre os países onde este tipo de economia vem se</p><p>popularizando (HOSSAIN, 2020).</p><p>Os pilares da economia compartilhada podem ser definidos como:</p><p>¾ Sustentabilidade: fazendo uso de bens ou serviços ociosos.</p><p>¾ Confiança: ao confiar no usuário para usufruir do seu veículo ou casa, por exemplo.</p><p>¾ Tecnologia: como apoio e meio de garantir o bom funcionamento da interação</p><p>entre usuários.</p><p>A economia compartilhada também encoraja a eficiência de recursos, a redução de lixo</p><p>e baixo consumo (HOSSAIN, 2020). De maneira complementar, a literatura econômica</p><p>e empreendedora aponta que o sucesso obtido pelos negócios inseridos na economia</p><p>compartilhada é tão disruptivo que o conceito vem se expandindo além de startups,</p><p>estendendo-se a demais setores da indústria como um todo (PARENTE; GELEILATE;</p><p>RONG, 2018). Uma forma de exemplificar isso é através da compreensão de que, a par-</p><p>tir do Uber, grandes empresas, investiram neste segmento. A Volkswagen, por exemplo,</p><p>investiu na concorrente do Uber, chamada de Lyft.</p><p>Título: Inovação e sustentabilidade.</p><p>Esse texto complementar apresenta os desafios para organizações e também para a socie-</p><p>dade, os aspectos econômicos e a sustentabilidade. Trazendo como debate a inovação den-</p><p>tro do Tripé da Sustentabilidade. Apresentando desde conceitos até conteúdos sobre design</p><p>de produtos, a responsabilidade social estará sempre presente neste texto que complementa</p><p>este capítulo.</p><p>SILVA, C. L. da et al. Inovação e sustentabilidade. Curitiba: Aymará Educação, 2012. —</p><p>(Série UTFinova).</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Disponível em: https://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/2066/1/inovacaosusten-</p><p>tabilidade.pdf.</p><p>Acesso em: 19 dez. 2022.</p><p>https://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/2066/1/inovacaosustentabilidade.pdf</p><p>https://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/2066/1/inovacaosustentabilidade.pdf</p><p>139</p><p>4</p><p>Empreendedorismo Social</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>4.3. CONSUMO E SUSTENTABILIDADE</p><p>O consumo é um tema que vem sendo debatido globalmente, inclusive em eventos</p><p>internacionais e agendas da Organização das Nações Unidas (ONU) (SCHAEFER;</p><p>CRANE, 2005). No marketing, é tratado como um aspecto hedônico do comportamento</p><p>humano, ou seja, se relaciona ao desenvolvimento do prazer (SCHAEFER; CRANE,</p><p>2005). Do ponto de vista sociológico, reforça-se esse conceito e também o importante</p><p>papel que o consumo desempenha na construção da identidade do indivíduo, de comu-</p><p>nicar- se e desenvolver-se socialmente ou ainda maximizando sentimentos de felicida-</p><p>de (HUANG; RUST, 2011).</p><p>O nível de consumo entre países é consideravelmente distinto. Nota-se, por exemplo,</p><p>que em países em desenvolvimento (entre eles o Brasil), a elite consome produtos</p><p>tão sofisticados quanto de países desenvolvidos (por exemplo, os EUA), enquanto nos</p><p>países mais industrializados e desenvolvidos, partes de sua população apresentam ní-</p><p>veis de consumo mais baixos que a média (SCHAEFER; CRANE, 2005), o que é um</p><p>aspecto interessante a se considerar uma vez que, com mais riqueza e mais acesso,</p><p>os indivíduos seriam capazes de consumir mais e obter os benefícios hedônicos do</p><p>consumo (HUANG; RUST, 2011).</p><p>Para Schaefer e Crane (2005), o comportamento individual é crucial no alcance do</p><p>consumo sustentável, uma vez que a tradução de suas respectivas demandas por bens</p><p>e serviços com características cada vez mais sustentáveis, que passam por produções</p><p>mais limpas e apresentam descartes mais amigáveis com relação ao ambiente, corres-</p><p>pondem a uma grande parcela no fomento de um consumo mais equilibrado.</p><p>O destaque para consumo e sustentabilidade ocorre dentro dos Objetivos de Desenvol-</p><p>vimento Sustentável das Nações Unidas. O objetivo 12 estabelece propostas para as</p><p>organizações e também para os indivíduos, de modo a enfatizar a necessidade de tra-</p><p>balho em conjunto tanto para diminuição do consumo desenfreado, mas também na re-</p><p>dução da geração de resíduos que ocorre por conta de tal comportamento (ONU, 2015).</p><p>Conheça mais sobre o Objetivo 12 de Desenvolvimento Sustentável diretamente no site da</p><p>Organização das Nações Unidas (ONU).</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Disponível em: https://brasil.un.org/pt-br/sdgs/12.</p><p>Acesso em: 26 dez. 2022.</p><p>Neste contexto também surge o conceito de consumo colaborativo, que, de forma</p><p>cooperativa e inserido na economia compartilhada, aproveita as transformações tec-</p><p>nológicas e atuam de forma colaborativa, compartilhando não só ideias, mas também</p><p>produtos e interações (SILVEIRA; PETRINI; SANTOS, 2016).</p><p>Na próxima seção será possível notar a abordagem que conecta a inovação e consumo.</p><p>É visível em nossa sociedade que o surgimento de novos produtos gera o interesse em</p><p>comprá-los. No entanto, reflitamos com a próxima seção: se as empresas estiverem</p><p>engajadas na criação de inovações mais sustentáveis, como será o consumo do futuro?</p><p>https://brasil.un.org/pt-br/sdgs/12</p><p>140</p><p>Educação, Inovação e Tendências no Empreendedorismo Social</p><p>4</p><p>4.4. A RELAÇÃO INOVAÇÃO E CONSUMO</p><p>Durante este capítulo, alguns aspectos da economia compartilhada foram menciona-</p><p>dos, assim como elementos da relação entre consumo e sustentabilidade. É necessário</p><p>que façamos uma importante conexão: a relação entre a inovação e o consumo. Tam-</p><p>bém reflitamos que, ao mencionar as mudanças de impacto, ressaltou-se a importância</p><p>do comportamento do consumidor e também, a tecnologia.</p><p>Junto com a tecnologia, um elemento importante a acompanha: a inovação. A inova-</p><p>ção propiciada pela tecnologia e os esforços empregados pelas organizações a fim</p><p>de alcançar, não somente novos mercados, mas atender às expectativas dos clientes</p><p>são elementos cruciais para garantir que os consumidores tenham acesso a soluções</p><p>ambientalmente amigáveis. A inovação possui um papel crucial no desenvolvimento</p><p>econômico e humano.</p><p>No entanto, no atual cenário em que o consumo age como um elemento que degrada o</p><p>meio ambiente, ao apoiar-se em um processo mais limpo e voltado ao aproveitamento</p><p>de recursos, o cenário pode ser diferente. Não se pode deixar de destacar a impor-</p><p>tante vertente denominada inovação sustentável. Como consumidores, com certeza</p><p>já vimos os termos produto verde ou marketing verde. A inovação sustentável (ou</p><p>inovação verde) possibilita a criação de produtos socio responsáveis, de modo que tal</p><p>criação é intencional, uma vez que o</p><p>objetivo dela é melhorar tantos produtos, serviços</p><p>ou processos em prol dos benefícios socioambientais de longo prazo e também, de</p><p>forma concomitante, gerar lucro (YOUNG LEE, 2021).</p><p>A inovação sustentável diverge da tradicional por ter a intenção e o compromisso com</p><p>as gerações futuras, e, através de uma orientação sustentável, tanto no aspecto das</p><p>operações, construção do sistema e da criação de produtos e serviços, gera valor no</p><p>âmbito social, ambiental e financeiro, que é denominado de valor compartilhado. Se-</p><p>gundo o esquema criado por Adams et al. (2016), as empresas podem inovar de forma</p><p>sustentável em três âmbitos, conforme figura a seguir.</p><p>Figura 10. Inovação sustentável</p><p>Eco-eficiência</p><p>Oportunidades novas no mercado</p><p>Mudança social</p><p>Objetiva fazer melhor.</p><p>Reduz o dano.</p><p>Estabelece melhorias no</p><p>negócio.</p><p>Faz melhor criando novos</p><p>produtos e serviços.</p><p>Cria valor compartilhado.</p><p>Estabelece mudança no</p><p>coração do negócio.</p><p>Faz melhor criando novos</p><p>produtos e serviços e</p><p>também em parceria.</p><p>Cria impacto positivo.</p><p>Estende alémda empresa</p><p>o impacto e mudança.</p><p>Fonte: adaptada de Adams et al. (2016, p. 185).</p><p>141</p><p>4</p><p>Empreendedorismo Social</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>A partir desta figura pode-se concluir que a inovação é um aspecto de destaque dentro</p><p>da sustentabilidade e que possui um amplo impacto no consumo dos indivíduos. Em</p><p>um primeiro nível, na ecoeficiência, já é possível visualizar mudanças impactantes na</p><p>sociedade, de modo que as organizações empregam técnicas para fazer melhor com</p><p>o que já existe, ou seja, implementam melhorias processuais, otimizando recursos já</p><p>empregados. Dessa forma, é possível reduzir o impacto produzido por seus produtos</p><p>e serviços, através de uma produção que utiliza menos água ou energia, por exemplo.</p><p>Em um segundo nível, há oportunidades novas no mercado, de modo que a empresa</p><p>inova através da criação de novos produtos e serviços e mudando a forma com que se</p><p>cria valor. Aqui é importante destacar que o coração da empresa já não está direcionado</p><p>apenas à criação de valor financeiro (lucro) e sim de gerar um impacto positivo, tanto no</p><p>âmbito social quanto ambiental.</p><p>Por fim, temos a mudança social, cujo nível possui um impacto extenso na sociedade,</p><p>uma vez que expande o impacto da organização pouco a pouco na forma de viver dos</p><p>indivíduos e também na forma com que o mercado atua.</p><p>Como a inovação afeta o consumo?</p><p>Segundo a Springwise (2022), é possível identificar no mercado algumas práticas inovadoras</p><p>em prol do ambiente. Conheça alguma abaixo:</p><p>Desperdício de alimentos: Hazel Technologies preserva o frescor dos alimentos utilizando</p><p>ingredientes ativos para moderar o ar ao redor dos produtos. A tecnologia digital também é</p><p>um aliado na luta contra o desperdício, auxiliando os produtores de alimentos a encontrar um</p><p>lar para seus produtos. Nesse caso, a Full Harvest desenvolveu uma plataforma que conecta</p><p>aqueles que têm produtos excedentes ou ainda imperfeitos com os fabricantes que podem</p><p>usá-los (SPRINGWISE, 2022).</p><p>E-lixo (lixo eletrônico): com a disseminação de produtos tecnológicos, um grande problema</p><p>surge para a correta forma de descarte. Segundo a Springwise (2022), em 2019 cada pessoa</p><p>gerou cerca de 7,3 quilos de e-lixo, contudo, apenas 1,7 quilo foi reciclado. A tecnologia para</p><p>tratar adequadamente este aspecto ainda está em desenvolvimento, no entanto, há pesqui-</p><p>sas sendo realizadas para reduzir os esforços, gastos e energias para adequar seu descarte.</p><p>PARA REFLETIR</p><p>CONCLUSÃO</p><p>Neste capítulo foram abordados importantes conceitos sobre inovação sustentável,</p><p>economia compartilhada e consumo. Talvez você já tenha notado que o comportamento</p><p>de compra do consumidor (e até mesmo o seu) vem mudando nos últimos anos, assim</p><p>como as empresas, que vêm acompanhando a evolução da necessidade da sociedade</p><p>como um todo.</p><p>Convida-se, a partir deste capítulo, a refletir como a economia compartilhada, em con-</p><p>junto com a inovação e as mudanças comportamentais do consumidor, vai, pouco a</p><p>pouco, mudando a forma com que você consome.</p><p>142</p><p>Educação, Inovação e Tendências no Empreendedorismo Social</p><p>4</p><p>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS</p><p>ADAMS, R.; JEANRENAUD, S.; BESSANT, J.; DENYER, D.; OVERY, P. Sustainability-oriented Innovation:</p><p>A Systematic Review. International Journal of Management Reviews, United Kingdom, vol. 18, n. 2, p.</p><p>180–205, 2016. Disponível em: https://doi.org/10.1111/ijmr.12068. Acesso em: 3 fev. 2022.</p><p>ASSOCIAÇÃO dos deficientes visuais de Ribeirão Preto e região (ADEVIRP). 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Altera a Lei nº 13.019, de 31 de julho de 2014, “que esta-</p><p>belece o regime jurídico das parcerias voluntárias, envolvendo ou não transferências de recursos financeiros,</p><p>entre a administração pública e as organizações da sociedade civil, em regime de mútua cooperação, para a</p><p>consecução de finalidades de interesse público; define diretrizes para a política de fomento e de colaboração</p><p>com organizações da sociedade civil; institui o termo de colaboração e o termo de fomento; e altera as Leis</p><p>n º 8.429, de 2 de junho de 1992, e 9.790, de 23 de março de 1999”; altera as Leis n º 8.429, de 2 de junho</p><p>de 1992, 9.790, de 23 de março de 1999, 9.249, de 26 de dezembro de 1995, 9.532, de 10 de dezembro de</p><p>1997, 12.101, de 27 de novembro de 2009, e 8.666, de 21 de junho de 1993; e revoga a Lei nº 91, de 28 de</p><p>agosto de 1935. Brasília, 2015. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/</p><p>l13204.htm. 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Acesso em: 26 dez. 2022.</p><p>https://www.integratedreporting.org/wp-content/uploads/2015/03/13-12-08-THE-INTERNATIONAL-IR-FRAMEWORK-Portugese-final-1.pdf</p><p>https://doi.org/10.1016/j.techfore.2017.03.035</p><p>https://cfc.org.br/tecnica/normas-brasileiras-de-contabilidade/nbc-tsp-do-setor-publico/</p><p>https://cfc.org.br/tecnica/normas-brasileiras-de-contabilidade/nbc-tsp-do-setor-publico/</p><p>https://brasil.un.org/pt-br/sdgs/12</p><p>https://brasil.un.org/pt-br/sdgs/12</p><p>https://doi.org/10.1016/j.intman.2017.10.001</p><p>http://www2.uesb.br/eventos/workshopdemarketing/wp-content/uploads/2018/10/VF-Economia-colaborativa%5EJ-consumo-compartilhado%5EJ--e-as-alterações-no-funcionamento-da-economia-tradicional%5E-1.pdf</p><p>http://www2.uesb.br/eventos/workshopdemarketing/wp-content/uploads/2018/10/VF-Economia-colaborativa%5EJ-consumo-compartilhado%5EJ--e-as-alterações-no-funcionamento-da-economia-tradicional%5E-1.pdf</p><p>http://www2.uesb.br/eventos/workshopdemarketing/wp-content/uploads/2018/10/VF-Economia-colaborativa%5EJ-consumo-compartilhado%5EJ--e-as-alterações-no-funcionamento-da-economia-tradicional%5E-1.pdf</p><p>https://doi.org/10.1177/0276146705274987</p><p>https://doi.org/10.1016/j.rege.2016.09.005</p><p>https://www.springwise.com/sustainable-source/innovation-SDGS/SDG-12-responsible-consumption-and-production/</p><p>https://www.springwise.com/sustainable-source/innovation-SDGS/SDG-12-responsible-consumption-and-production/</p><p>145</p><p>4</p><p>Empreendedorismo Social</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>TENÓRIO, F. G. (org.). Gestão de ONGs: principais funções gerenciais. 10. ed. Rio de Janeiro: Ed. FGV,</p><p>2006.</p><p>TIGRE, P. B.; PINHEIRO, A. Inovação Em Serviços E A Economia Do Compartilhamento. São Paulo:</p><p>Saraiva, 2019. E-book.</p><p>THOMPSON, J. L. The world of the social entrepreneur. [eletronic version]. The international journal of</p><p>public sector management, [S.l.], vol. 15, n. 5, 2002. p. 412-431.</p><p>YOUNG LEE, J. What is Sustainable Innovation?. Network for Business Sustainability, [S.l.], 19 out.</p><p>2021. Disponível em: https://nbs.net/what-is-sustainable-innovation-and-how-to-make-innovation-sustaina-</p><p>ble/#:~:-text=Sustainable. Acesso em: 26 dez. 2022.</p><p>Brasil: Sociedade, Economia, Política e Empreendedorismo Social</p><p>1. recentes transformações socioeconômicas e antropológicas</p><p>2. cenário socioeconômico brasileiro e o surgimento do empreendedorismo social</p><p>3. políticas sociais brasileiras</p><p>Empresa e Sociedade: Responsabilidade e Sustentabilidade</p><p>1. responsabilidade social e conceituação sobre esg – environmental, social & governance</p><p>2. objetivos de desenvolvimento sustentável (onu)</p><p>3. sustentabilidade ambiental e financeira</p><p>Planejamento e Gestão de Negócios com Impacto Social</p><p>1. negócios com impacto social</p><p>2. modelo de negócios sociais e business</p><p>model generation</p><p>3. planejamento e ferramentas para gestão de projetos</p><p>4. planos de negócios para organizações sociais</p><p>Educação, Inovação e Tendências no Empreendedorismo Social</p><p>1. inovação aplicada aos negócios sociais</p><p>2. gestão de organizações não governamentais</p><p>3. educação empreendedora – o ensino do empreendedorismo na escola</p><p>4. tendências: economia colaborativa e consumo consciente</p><p>_GoBack</p><p>_Hlk125552180</p><p>_Hlk126677917</p><p>_Hlk126678474</p><p>_Hlk126683044</p><p>_GoBack</p><p>_GoBack</p><p>de ódio</p><p>e intolerância. Tal recente transformação antropológica pode ser conferida no filme “Rede de</p><p>Ódio” que aborda estes assuntos e outros que tratam da influência que as Redes Sociais têm</p><p>na vida das pessoas.</p><p>Rede de ódio. Direção de Jan Komasa. Los gatos: Netflix, 2020. (136 min.).</p><p>DICAS</p><p>O artigo “A antropologia hoje”, de Bela Feldman-Bianco, mostra a crescente relação entre a</p><p>antropologia e a formulação de políticas públicas, trazendo exemplos reais desta aproxima-</p><p>ção que aconteceram no Brasil.</p><p>FELDMAN-BIANCO, Bela. A antropologia hoje. Revista Ciência e Cultura, São Paulo, vol.</p><p>63, n. 2, abr. 2011.</p><p>Disponível em: http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pi-</p><p>d=S0009-67252011000200002. Acesso em: 09 ago. 2022.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0009-67252011000200002</p><p>http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0009-67252011000200002</p><p>16</p><p>Brasil: Sociedade, Economia, Política e Empreendedorismo Social</p><p>1 Alguns anos atrás, a Prefeitura da cidade de Campinas, interior do estado de São Paulo,</p><p>criou um link dentro do seu site que permite que cidadãos, empresas e ONGs (Organizações</p><p>Não Governamentais) cadastrem ações e projetos na área de sustentabilidade. O objetivo</p><p>desta iniciativa é conhecer a realidade ambiental da cidade para que, a partir destas informa-</p><p>ções, sejam propostas políticas públicas de incentivo às atividades sustentáveis. Isso mostra</p><p>que cada vez mais, o mindset sustentável ganha espaço entre as pessoas, as empresas e</p><p>o governo, elevando a preocupação com a preservação ambiental a um novo patamar, em</p><p>que todos (cidadãos, setor produtivo e órgãos públicos), numa conscientização conjunta, se</p><p>percebem como atores realmente responsáveis pelo cuidado com as questões ambientais.</p><p>Fonte: BRITO, Manoel. Hotsite da Prefeitura fará cadastros de projetos sustentáveis. Portal</p><p>da Prefeitura de Campinas, Campinas, 1 mar. 2013.</p><p>Disponível em: https://portal.campinas.sp.gov.br/noticia/17731. Acesso em: 10 ago. 2022.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>2. CENÁRIO SOCIOECONÔMICO BRASILEIRO E O</p><p>SURGIMENTO DO EMPREENDEDORISMO SOCIAL</p><p>Neste capítulo, serão expostas algumas importantes questões sobre o empreendedo-</p><p>rismo social, com destaque para a forma híbrida que ele tem de agregar valor para a</p><p>sociedade, além de procurar estabelecer uma contextualização histórica sobre como os</p><p>empreendimentos sociais entraram e ganharam espaço no Brasil e quais são as expec-</p><p>tativas para eles no futuro próximo.</p><p>2.1. O QUE É EMPREENDEDORISMO SOCIAL?</p><p>Normalmente, ligamos o governo, enquanto instituição (agente econômico), às ques-</p><p>tões sociais e coletivas. Sim, vemos o governo como um ator que tem a responsabilida-</p><p>de constitucional de diminuir as mazelas e as desigualdades socioeconômicas do país.</p><p>Por outro lado, associamos as empresas privadas às questões mais individuais, onde</p><p>os empresários estão em constante busca da maximização dos seus próprios lucros,</p><p>sem se importar tanto com a situação da sociedade à sua volta.</p><p>No entanto, essa percepção sobre as empresas parece estar tomando um rumo di-</p><p>ferente, traçado pelos empreendedores sociais. Se você é uma pessoa que gosta de</p><p>acompanhar as novidades que acontecem no Brasil e no mundo, certamente, já ouviu</p><p>falar sobre os empreendimentos sociais. Mas, afinal, você sabe o que é o empreende-</p><p>dorismo social?</p><p>Apesar de não haver uma única definição para o termo “empreendedorismo social”, boa</p><p>parte dos autores que versa sobre este assunto acaba por trazer uma visão parecida</p><p>sobre o tema. Vamos a elas? De acordo com Marins (2018 apud SILVA E SILVA, 2019),</p><p>o empreendedorismo social está relacionado com empresas que aproximam os objeti-</p><p>vos buscados pelos empresários privados, tendo como missão institucional a diminui-</p><p>https://portal.campinas.sp.gov.br/noticia/17731</p><p>17</p><p>1</p><p>Empreendedorismo Social</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>ção de problemas socioeconômicos, antropológicos e ambientais. Já para Barki (2015,</p><p>apud SILVA E SILVA, 2019), o empreendedorismo social é um modelo de organização</p><p>híbrido, que combina competências do setor privado com os conhecimentos de gestão</p><p>social, fornecendo soluções para problemas sociais e/ou ambientais para populações</p><p>de baixa renda, gerando lucros de forma sustentável, podendo, inclusive, fazer distribui-</p><p>ção de dividendos aos seus associados. Seguindo nesse mesmo sentido, Silva e Silva</p><p>(2019) diz que o empreendedorismo social compreende iniciativas empresariais com</p><p>fins lucrativos capazes de solucionar ou amenizar os problemas sociais e ambientais,</p><p>trazendo benefícios para a comunidade local e global.</p><p>Nesse ponto, é importante que você entenda que a missão de um empreendimento</p><p>social (ou seja, a sua razão/propósito de existir) está atrelada a melhorias e benesses</p><p>socioeconômicas, ambientais e antropológicas, não estando guiada, única e exclusi-</p><p>vamente, ao lucro (retorno financeiro). Dessa forma, de acordo com Dees (2001) apud</p><p>Silva e Silva (2019), apresentar lucro e atender as necessidades dos clientes faz parte</p><p>do modelo de gestão dos empreendedores sociais, mas como um meio para o atendi-</p><p>mento de um objetivo social mais amplo, que norteia todas as decisões da organização.</p><p>Com estas definições, percebe-se que os empreendedores sociais, diferentemente das</p><p>organizações que não visam lucro (como as ONGs – Organizações Não Governamen-</p><p>tais, por exemplo), são autossustentáveis, ou seja, eles produzem mercadorias ou fa-</p><p>zem a prestação de algum serviço e assumem os riscos econômicos como qualquer</p><p>empresa privada, podendo, inclusive, decretar falência (ANASTÁCIO; CRUZ FILGO;</p><p>MARINS, 2018 apud SILVA E SILVA, 2019). Geralmente, os empreendedores sociais</p><p>exploram todas as opções de levantamento de recursos financeiros, desde doações</p><p>até operações produtivas e comerciais (DEES, 2001 apud SILVA E SILVA, 2019), e, se</p><p>apresentarem lucro, este é reinvestido em sua missão social.</p><p>O enfoque do empreendedorismo social está no impacto socioeconômico, antropológico e</p><p>ambiental que ele causa, sendo que o lucro é um meio para alcançar a missão organizacio-</p><p>nal, tanto que o empreendedor social adota critérios de avaliação de desempenho que levam</p><p>em consideração tais impactos não financeiros (SILVA E SILVA, 2019).</p><p>IMPORTANTE</p><p>2.2. O CENÁRIO SOCIOECONÔMICO BRASILEIRO EM QUE O</p><p>EMPREENDEDORISMO SOCIAL SURGIU</p><p>A preocupação com os mais necessitados, a inclusão de pessoas e a preocupação com</p><p>o meio ambiente são práticas que acontecem há muitos anos no Brasil e no mundo. Na</p><p>Bíblia, por exemplo, há diversos relatos do cuidado que todos devem ter com as viúvas,</p><p>órfãos e oprimidos. As igrejas, por séculos, fazem ações para amenizar o sofrimento de</p><p>pessoas socialmente vulneráveis. Movimentos de preservação ambiental ganharam es-</p><p>paço e voz na sociedade, a partir da década de 1960. Gandi, Madre Teresa de Calcutá,</p><p>Martin Luther King e, mais recentemente, os brasileiros Herbert José de Souza (mais</p><p>conhecido como Betinho) e Chico Mendes são alguns exemplos de pessoas que se</p><p>tornaram ícones na questão da atenção às questões sociais e ambientais.</p><p>18</p><p>Brasil: Sociedade, Economia, Política e Empreendedorismo Social</p><p>1</p><p>Apesar dessas diversas práticas voltadas à preocupação social existirem há séculos, as</p><p>primeiras experiências do Empreendedorismo Social (como conhecemos atualmente)</p><p>surgiram nos Estados Unidos e Europa, na década de 1960 (LIMEIRA, 2015). Depois</p><p>disso, elas começaram a ser disseminadas em todo o mundo, merecendo destaque a</p><p>fundação do Grameen Bank, em 1983, por Muhammad Yunus (ganhador do Nobel da</p><p>Paz no ano de 2006) e a criação da Ashoka, por Bill Drayton, em 1980.</p><p>O Grameen Bank, fundado por Muhammad Yunus, foi o primeiro banco do mundo especiali-</p><p>zado em microcrédito. Em 1976, Yunus emprestou 46 dólares a 42 mulheres de Bangladesh</p><p>(pobre país asiático) que viviam em condição de extrema miséria, para que elas pudessem</p><p>pagar suas dívidas com agiotas e iniciar pequenos negócios (que acabaram por transformar</p><p>a</p><p>realidade daquelas pessoas). Com essa experiência, Yunus decidiu fundar o Grameen</p><p>Bank, em 1983, com a finalidade de emprestar pequenas quantias de dinheiro para pessoas</p><p>(que não teriam acesso a empréstimos em bancos tradicionais), majoritariamente mulheres,</p><p>que investiriam os recursos, obrigatoriamente, em pequenos empreendimentos produtivos e</p><p>comerciais. O modelo de negócio foi um sucesso e ajudou muitas pessoas a superarem suas</p><p>difíceis condições de pobreza.</p><p>CURIOSIDADE</p><p>Para conhecer um pouco mais sobre a história de Yunus Muhammad, assista à entrevista</p><p>que ele concedeu a uma jornalista brasileira, para que você entenda como ele conseguiu</p><p>transformar a realidade social de milhares de pessoas ao redor do mundo, através do empre-</p><p>endedorismo social.</p><p>WILLIAN GIL. MuhhamadYunus, o banqueiro dos pobres.</p><p>Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=QvzOnXektmw&t=34s. Acesso em:</p><p>17 ago. 2022.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>A Ashoka é uma organização presente em diversos países, inclusive no Brasil, que presta</p><p>ajuda especializada aos empreendedores sociais, que, ao fazerem parte da rede Ashoka,</p><p>passam a receber conselhos estratégicos, colaboração, intercâmbio de informações, habili-</p><p>dades, visibilidade, investimento e networking para desenvolverem suas atividades de trans-</p><p>formação social e ambiental. No mundo, há mais de 3.500 empreendedores sociais que</p><p>fazem parte da Ashoka.</p><p>CURIOSIDADE</p><p>No caso brasileiro, o empreendedorismo social começa a aparecer na década de 1980,</p><p>ganhando mais força a partir da década de 1990, como uma resposta às desigualdades</p><p>socioeconômicas e à maior preocupação com a preservação ambiental. A Constituição</p><p>Federal de 1988 promulgou aspectos bastante relevantes para o empreendedorismo</p><p>19</p><p>1</p><p>Empreendedorismo Social</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>social, enfatizando a importância de se ter uma sociedade justa, solidária e livre, bem</p><p>como destacou o princípio da defesa do meio ambiente. Nossa Carta Magna, portanto,</p><p>trouxe as bases em que o Empreendedorismo Social atua, estimulando o aparecimento</p><p>de negócios sociais no país.</p><p>Pode-se afirmar também que a Eco-92 (conhecida como Rio-92), primeira Conferência</p><p>mundial (organizada pelas Nações Unidas) para debater aspectos diplomáticos, cientí-</p><p>ficos, econômicos e políticos relacionados ao meio ambiente, por ter acontecido dentro</p><p>do Brasil, foi um marco para o país no que diz respeito à seriedade que o assunto pas-</p><p>sou a ser tratado pela sociedade, governo e empreendedores sociais.</p><p>O surgimento e o fortalecimento do Empreendedorismo Social no Brasil também acon-</p><p>teceram pelo nosso cenário socioeconômico da época (que ainda persiste nos dias</p><p>atuais), já que o desemprego, a desigualdade social, a violência de gênero, a miséria,</p><p>o analfabetismo, a poluição e todas as consequências dessas problemáticas se faziam</p><p>muito presentes na vida dos brasileiros (SILVA E SILVA, 2019). No Brasil, a década de</p><p>1980 ficou conhecida pelos economistas como “Década Perdida” porque o PIB ficou</p><p>estagnado e houve altíssima inflação e crescimento da dívida pública. Isso trouxe um</p><p>cenário econômico difícil que gerou desemprego, informalidade no mercado de traba-</p><p>lho, crescimento da desigualdade e elevação dos níveis de pobreza (houve amplia-</p><p>ção do percentual de pessoas com rendimento inferior ao salário-mínimo) (OMETTO;</p><p>FURTUOSO; SILVA, 1995). Muito dessa situação (que acabou sendo levada também</p><p>para a década de 1990) aconteceu porque o governo não tinha condições financeiras</p><p>para fazer investimentos em políticas econômicas e sociais que minimizassem essas</p><p>mazelas. Assim, como o governo não dava conta dessa demanda socioeconômica, os</p><p>empreendedores sociais aparecem dando apoio e complementos às (insuficientes) po-</p><p>líticas governamentais, passando a atuar em diversas áreas que abrangiam questões:</p><p>sociais, culturais, de gênero, etárias (crianças, jovens e adultos), de saúde, de habita-</p><p>ção, de educação, de gestão ambiental, de inclusão financeira, tecnológicas etc.</p><p>2.3. O CONCEITO DE CADEIA HÍBRIDA DE VALOR</p><p>Um peixe não existe sem a água, uma árvore não existe sem o solo, um governo não</p><p>existe sem uma sociedade. Essa forma de compreensão do impacto do cenário (ecos-</p><p>sistema) sobre qualquer elemento orgânico ou inorgânico também pode ser levada para</p><p>o funcionamento dos empreendimentos sociais, já que, assim como qualquer agente</p><p>econômico (governo, empresas, pessoas físicas e outros países), os empreendedores</p><p>sociais estão inseridos em um ambiente político, econômico, social e cultural em que os</p><p>diversos atores se relacionam, possibilitando que muitas iniciativas sejam desenvolvi-</p><p>das a partir destes relacionamentos (LIMEIRA, 2015).</p><p>De acordo com Silva e Silva (2019), o empreendedorismo social pode ser considerado</p><p>uma forma de ação entre os três setores (público, privado e sociedade civil). Isso faz</p><p>com que os empreendimentos sociais sejam considerados como organizações híbridas,</p><p>que operam em ambientes desafiadores (BILLIS, 2010 apud LIMEIRA, 2015).</p><p>20</p><p>Brasil: Sociedade, Economia, Política e Empreendedorismo Social</p><p>1 O termo “híbrido” é muito associado às espécies animais ou vegetais e também é usado no</p><p>setor automobilístico. Na biologia, ele aparece quando um ser vivo é formado a partir do cru-</p><p>zamento de duas espécies diferentes como, por exemplo: o ligre (animal que surge do cruza-</p><p>mento de um leão com uma tigresa), a mula (que advém do cruzamento de um jumento com</p><p>uma égua) e o zebralo (animal que nasce do cruzamento de uma zebra com um cavalo). Já</p><p>na área automobilística, o hibridismo aparece para designar automóveis que podem utilizar</p><p>mais de uma fonte de energia para o seu funcionamento, ou seja, carros que, ao mesmo tem-</p><p>po, possuem um motor elétrico e um motor a combustão (movido a gasolina, por exemplo).</p><p>Quando associada ao empreendedorismo social, a palavra “híbrida” se refere às caracterís-</p><p>ticas diversificadas que estes empreendimentos possuem, já que visam o lucro (assim como</p><p>empresas privadas), mas, ao mesmo tempo, têm preocupações sociais (assim como o setor</p><p>público e as organizações sem fins lucrativos, como as ONGs).</p><p>GLOSSÁRIO</p><p>De acordo com Williamson (1991 apud LIMEIRA, 2015), os empreendimentos híbridos</p><p>(como os sociais) estruturam seus negócios com base em acordos com outras orga-</p><p>nizações, compartilhamento de capital, tecnologia e serviço. Tudo isso faz parte de</p><p>uma cadeia híbrida de valor que “[...] designa um modelo de negócios que fomenta os</p><p>ativos e as competências das empresas e dos empreendedores sociais para gerar im-</p><p>pacto socioambiental e econômico em larga escala e com maior eficiência econômica”</p><p>(DRAYTON; BUDINICHI, 2008 apud LIMEIRA, 2015, p. 9).</p><p>O conceito “cadeia de valor” representa todas as atividades necessárias para o desenvol-</p><p>vimento, a produção, a comercialização, a entrega e o suporte de bens e serviços que são</p><p>realizadas por diferentes empresas que colaboram entre si, direta ou indiretamente, para ge-</p><p>rar valor a todos os envolvidos no processo (fornecedores, clientes, funcionários, instituições</p><p>governamentais etc.) (PORTER, 1985 apud LIMEIRA, 2015).</p><p>GLOSSÁRIO</p><p>É importante que você perceba que a cadeia híbrida de valor, que está embutida no</p><p>modelo de negócio dos empreendedores sociais, vai além de uma relação cliente-for-</p><p>necedor, já que adota práticas de gestão colaborativa entre empresas tradicionais e</p><p>sociais, permitindo vantagens complementares como: escala, know-how em diversas</p><p>áreas, conexão e parcerias com redes sociais, clientes e comunidades em todo o mun-</p><p>do (LIMEIRA, 2015).</p><p>Esses benefícios advindos da cadeia híbrida de valor são especialmente importantes</p><p>para os empreendedores sociais, já que a missão deles é minimizar as mazelas socio-</p><p>econômicas, antropológicas e ambientais. Assim, quanto mais gente for positivamente</p><p>impactada por uma empresa social (ou seja, quanto mais escala a ação do empreen-</p><p>dimento social alcançar), mais qualidade de vida será levada para uma comunidade,</p><p>um segmento social, uma sociedade ou um país.</p><p>Dessa forma, objetivos conjuntos,</p><p>21</p><p>1</p><p>Empreendedorismo Social</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>conscientização em massa e parcerias amplas entre diversos atores potencializam os</p><p>efeitos gerados pelo empreendedorismo social.</p><p>2.4. O BOOM DOS EMPREENDIMENTOS SOCIAIS NO BRASIL E NO</p><p>MUNDO</p><p>Tanto se fala sobre o empreendedorismo social, mas será que ele já é tão relevante</p><p>no Brasil e no mundo? De acordo com pesquisa realizada pela Fundação Schwab</p><p>(que é uma plataforma mundial que apoia e dissemina o empreendedorismo social</p><p>no planeta), mais de 620 milhões de pessoas já foram beneficiadas por ações de</p><p>empreendedores sociais, sendo que, desde os anos 2000, estas organizações ha-</p><p>viam conseguido reduzir a emissão de gás carbônico na atmosfera em mais de 192</p><p>milhões de toneladas – quantidade equivalente à poluição causada por cerca de 40</p><p>milhões de automóveis (ECOA, 2020). Em outro levantamento, realizado pela Aspen</p><p>Network of Development Entrepeneurs (Ande), há a indicação de que os negócios</p><p>sociais já movimentaram US$ 60 bilhões em todo o globo terrestre, com crescimento</p><p>anual de 7% (PEREIRA, 2020).</p><p>Os números brasileiros, apesar de crescentes ainda estão aquém de outras nações.</p><p>De acordo com um estudo, de 2017, feito pelo SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às</p><p>Micro e Pequenas Empresas) em parceria com o PNUD (Programa das Nações Unidas</p><p>para o Desenvolvimento), nosso país tem mais de 800 empreendedores sociais, en-</p><p>quanto países como Reino Unido e Holanda (escolhidos apenas como base de compa-</p><p>ração) têm 68 mil e 5 mil empreendedores sociais, respectivamente.</p><p>Estes números (que já são expressivos) têm grande potencial de crescimento no Bra-</p><p>sil e no mundo, já que há diversas movimentações globais em torno da mitigação de</p><p>problemas socioambientais que ainda são muito presentes em vários países e comuni-</p><p>dades (SILVA E SILVA, 2019; PEREIRA, 2020). Essa onda crescente será ainda mais</p><p>fortalecida por novas tecnologias (internet das coisas, conectividade generalizada etc.)</p><p>que permitem uma cooperação humana sem fronteiras, gerando ampla difusão e inclu-</p><p>são social de pessoas excluídas em termos culturais, econômicos e sociais (ABRAMO-</p><p>VAY, 2014 apud SILVA E SILVA, 2019).</p><p>CONCLUSÃO</p><p>Neste capítulo, percebeu-se que os empreendimentos sociais, apesar de visarem o</p><p>lucro, têm uma missão socioambiental que guia todos os seus movimentos. Como o</p><p>Brasil enfrenta mazelas sociais, culturais e ambientais desde o seu descobrimento, o</p><p>empreendedorismo social encontrou terreno fértil em nosso território, ganhando força</p><p>a partir da elaboração da Constituição de 1988 e da realização da Rio-92. Os negócios</p><p>sociais são uma realidade no mundo todo, já tendo impactado a vida de centenas de</p><p>milhões de pessoas. No entanto, ainda há bastante espaço para o seu crescimento, já</p><p>que novas tecnologias e, principalmente, uma conscientização coletiva global da im-</p><p>portância da inclusão social, da redução de desigualdades e da preservação ambiental</p><p>estão estimulando novos empreendedores a seguirem os caminhos dos precursores</p><p>das empresas sociais.</p><p>22</p><p>Brasil: Sociedade, Economia, Política e Empreendedorismo Social</p><p>1</p><p>Figura 02. Diferenças entre os Empreendedores Privados, Sociais e ONGs</p><p>Tipo Objetivo</p><p>central</p><p>Meios para</p><p>atingir o</p><p>objetivo</p><p>Privados</p><p>Gerar lucro e</p><p>riqueza para os</p><p>proprietários e</p><p>investidores.</p><p>Venda de bens e ser-</p><p>viços diversos que</p><p>satisfaçam e fideli-</p><p>zem os clientes. São</p><p>autossustentáveis.</p><p>Sociais</p><p>Resolver problemas</p><p>socioambientais.</p><p>Podem ter lucro,</p><p>mas eles são</p><p>reinvestidos no</p><p>propósito</p><p>socioambiental.</p><p>Venda de bens e</p><p>serviços com</p><p>propósitos</p><p>socioambientais. Até</p><p>podem receber</p><p>doações, mas são</p><p>autossustentáveis.</p><p>ONGs</p><p>Resolver</p><p>problemas</p><p>socioambientais.</p><p>Não possuem fins</p><p>lucrativos.</p><p>Não são</p><p>autossustentáveis.</p><p>Prestam serviços</p><p>socioambientais</p><p>gratuitos com</p><p>recursos advindos de</p><p>doações e apoios</p><p>financeiros.</p><p>Empreendimentos</p><p>Fonte: Adaptada de Pereira (2020, [n. p.]).</p><p>Muitas vezes, o aparecimento de um empreendimento social está atrelado à criação de al-</p><p>guma inovação, que pode ser de um processo (mais produtivo, menos poluidor etc.) ou até</p><p>mesmo de algum produto. Em 2014, o lançamento do filme Slingshot, de Paul Lazarus, trou-</p><p>xe esse lado inovador dos empreendedores sociais, ao mostrar como a invenção de uma</p><p>máquina, capaz de reciclar qualquer tipo de água, poderia transformar a vida de milhões de</p><p>pessoas no mundo. O documentário retrata a cadeia híbrida de valor intrínseca ao empre-</p><p>endedorismo social, relatando a busca por parcerias para que a invenção pudesse ganhar</p><p>escala para ser economicamente viável.</p><p>SLINGSHOT. Direção de Paul Lazarus. Los Gatos: Netflix, 2014. (88 minutos).</p><p>DICAS</p><p>23</p><p>1</p><p>Empreendedorismo Social</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>O artigo “Economia Brasileira na década de oitenta e seus reflexos nas condições de vida</p><p>da população”, de Ana Maria H. Ometto, Furtuoso e Silva (1995), retrata a crise econômica</p><p>brasileira da década de 1980, a deterioração das contas públicas para a realização de polí-</p><p>ticas sociais e como as pessoas tentaram sobreviver diante deste cenário socioeconômico</p><p>bastante difícil.</p><p>OMETTO, Ana Maria H.; FURTUOSO, Maria Cristina O.; SILVA, Marina Vieira da. Economia</p><p>brasileira na década de oitenta e seus reflexos nas condições de vida da população. Revista</p><p>Saúde Pública, vol. 29, n. 5, Piracicaba, 1995. Departamento de Economia Doméstica da</p><p>Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ/USP).</p><p>Disponível em: https://www.scielo.br/j/rsp/a/XRCdDpSndmxTY5J7wXz6tXn/?lang=pt#:~:-</p><p>text=A%20economia%20brasileira%20na%20d%C3%A9cada,indicadores%20sociais%20</p><p>apresentaram%20evolu%C3%A7%C3%A3o%20positiva. Acesso em: 18 ago. 2022.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Quem poderia prever que uma viagem de férias poderia se transformar no marco para a</p><p>criação de uma das empresas sociais mais bem-sucedidas do mundo? Isso aconteceu com</p><p>Blake Mycoskie, empresário que viajou para a Argentina, em 2006, para aprender a jogar</p><p>polo a cavalo e se deparou com uma situação muito triste: inúmeras crianças que não tinham</p><p>condições financeiras sequer para comprar um par de calçados. Essa realidade acabou por</p><p>ser o estopim para Blake fundar, juntamente com Alejo Nitti, seu sócio, a TOM SHOES, em-</p><p>presa social (portanto, com fins lucrativos) com um novo modelo de negócios: a cada sapato</p><p>que a empresa vende, ela doa um par para jovens argentinos e de outros países que não</p><p>têm condições de adquiri-los. A ideia foi um sucesso, sendo que já foram doadas dezenas de</p><p>milhões de sapatos em mais de 70 países. Atualmente, outros produtos entraram no portfólio</p><p>da empresa (óculos, sacolas e até café), que foi parcialmente vendida (50% das cotas), em</p><p>2014, por US$ 300 milhões, para um fundo de investimentos (Bain Capital).</p><p>Fontes:</p><p>INSIDER EDITOR. Como a TomsShoes se tornou um sucesso de empreendedorismo so-</p><p>cial. Insider, [Online], 30 jan. 2021. Disponível em: https://blog.insiderstore.com.br/como-</p><p>-a-toms-shoes-se-tornou-um-sucessode-empreendedorismo-social/#:~:text=A%20hist%-</p><p>C3%B3ria%20da%20TOMS,ruas%20e%20com%20baix%C3%ADssimos%20recursos.</p><p>Acesso em: 21 ago. 2022.</p><p>TOMSShoes. Mundo Das Marcas, [Online],15 jun. 2015. Disponível em: https://mundodas-</p><p>marcas.blogspot.com/2015/06/toms-shoes.html#:~:text=A%20TOMS%20SHOES%2C%20</p><p>uma%20empresa,Canad%C3%A1%2C%20Holanda%20e%20Reino%20Unido. Acesso em:</p><p>21 ago. 2022.</p><p>CASOS DE APLICAÇÃO</p><p>24</p><p>Brasil: Sociedade, Economia, Política e Empreendedorismo Social</p><p>1</p><p>3. POLÍTICAS SOCIAIS BRASILEIRAS</p><p>Ao longo deste capítulo procuraremos estabelecer o que são as políticas sociais e quais</p><p>seriam os envolvimentos do governo com elas. Para uma melhor compreensão, serão</p><p>apresentados aspectos históricos que estão diretamente relacionados ao sistema de</p><p>proteção social brasileiro. Por fim, o capítulo procura estabelecer as melhores formas</p><p>pelas quais as políticas sociais podem ser ajuntadas visando serem analisadas e im-</p><p>plementadas.</p><p>3.1. O QUE SÃO POLÍTICAS SOCIAIS</p><p>Muitas</p><p>pessoas, ao ouvirem o termo “política”, já ficam chateadas, com raiva e aborreci-</p><p>das. Isso acontece porque, no Brasil, ele é associado a algo negativo, por conta do vas-</p><p>to histórico de ações reprováveis feitas por pessoas com cargos políticos. No entanto,</p><p>a etimologia da palavra “política” é muito ampla, advindo do grego “politea”, que definia</p><p>tudo o que tinha relação com a polis (cidade-estado) e com a vida em sociedade, sendo</p><p>usada, atualmente, como ato de governar, administrar (AZEVEDO et al., 2018).</p><p>Dessa forma, quando as empresas estabelecem normas para alinhar objetivos, elas fa-</p><p>zem políticas organizacionais; quando o governo administra algum assunto econômico</p><p>(taxa de câmbio, taxa de juros etc.), ele está fazendo política econômica; quando execu-</p><p>ta alguma ação com intuito de preservação ambiental, o governo faz política ambiental;</p><p>já quando ele direciona esforços às questões sociais, realiza política social.</p><p>Para focarmos um pouco mais no nosso objeto de estudo, Azevedo et al. (2018) afir-</p><p>mam que política social é aquela relacionada aos direitos de bem-estar social e à pos-</p><p>sibilidade de se ter um nível mínimo de consumo para toda a população, devendo ser</p><p>transversal e contemplar a totalidade da população para que haja o desenvolvimento</p><p>da comunidade e diminuição das desigualdades sociais. Já Iamamoto (2009 apud AZE-</p><p>VEDO et al., 2018) reforça que a política social visa agir sobre a questão social que é</p><p>expressa nas desigualdades econômicas, políticas e culturais, medidas pelas dispari-</p><p>dades nas relações de gênero, raciais, regionais etc. Dessa forma, percebe-se que as</p><p>políticas sociais são aquelas que se preocupam com a diminuição das desigualdades e</p><p>melhora na qualidade de vida da sociedade, voltando seus esforços para áreas como:</p><p>educação, transporte, saúde, previdência, saneamento básico, habitação etc.</p><p>A partir destas definições, neste momento, você pode estar se perguntando: as políticas</p><p>sociais são feitas para todas as pessoas? Em teoria, a resposta para esta pergunta se-</p><p>ria um “sim”, afinal qualquer brasileiro pode usar o transporte público, o Sistema Único</p><p>de Saúde, matricular seus filhos em escolas públicas, não é mesmo? No entanto, na</p><p>prática, cada vez mais tais políticas são executadas de maneira mais direcionada (políti-</p><p>cas de atendimento ao idoso, à infância, à mulher, ao negro, entre outros) (AZEVEDO et</p><p>al., 2018), descaracterizando sua função social mais ampla (VIEIRA, 2004 apud ROSA,</p><p>[s. d.]).</p><p>Assim, de acordo com Demo (1978 apud ZAMBELLO, 2016), é difícil se definir o al-</p><p>cance das políticas sociais pela pluralidade de ações e intervenções neste campo que,</p><p>ao longo dos anos, foram transitando entre diversas áreas; no entanto, é um consenso</p><p>25</p><p>1</p><p>Empreendedorismo Social</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>dizer que as políticas sociais são feitas por ações que buscam uma dimensão assisten-</p><p>cialista de cobertura imediata. Ou seja, as políticas sociais são ações planejadas que</p><p>possuem um propósito bem definido, quando criadas: transformar, estrategicamente, a</p><p>realidade existente pelo enfrentamento de questões sociais (AZEVEDO et al., 2018).</p><p>3.2. FORMAS E TIPOS DE POLÍTICAS SOCIAIS: O ENVOLVIMENTO</p><p>DO ESTADO EM QUESTÕES SOCIAIS</p><p>Quando se trata de políticas sociais, uma pergunta muito comum de ser ouvida é se</p><p>elas são feitas apenas pelo governo. A resposta para este questionamento é que, ape-</p><p>sar de o governo ter a responsabilidade de criar políticas sociais para trazer garantias</p><p>mínimas à sociedade, elas não são exercidas exclusivamente por instituições públicas,</p><p>já que empresas privadas (como os empreendedores sociais, por exemplo) e Organi-</p><p>zações Não Governamentais (ONGs) também as executam, firmando ou não parcerias</p><p>com a iniciativa pública (AZEVEDO et al., 2018).</p><p>Na maioria dos países, as políticas sociais são um misto de uma política social pública e</p><p>privada (AZEVEDO et al., 2018). Essa dualidade público-privada ocorre de maneira que o</p><p>governo define quais áreas são direitos sociais, cabendo à iniciativa privada decidir de que</p><p>forma ela quer (ou não) participar destas ações de cunho social (AZEVEDO et al., 2018).</p><p>IMPORTANTE!</p><p>De acordo com Azevedo et al. (2018), para uma política social ser considerada gover-</p><p>namental, ela precisa ter sido criada e administrada pelo Estado, estando alinhada com</p><p>o desenvolvimento das políticas de governo, com o orçamento público, direcionamento</p><p>de verbas e tema de atuação direcionados para o bem comum do cidadão, sendo que</p><p>o ator que realiza tal administração é chamado de gestor público, que obtém recursos</p><p>por meio da cobrança de tributos (impostos, taxas e contribuições). Por outro lado, as</p><p>políticas sociais privadas buscam realizar serviços de cunho social com o menor custo</p><p>possível, contribuindo para a sociedade como um todo, mas visando também o desen-</p><p>volvimento da organização e o benefício dos proprietários, acionistas e funcionários, al-</p><p>cançado pelo atendimento das necessidades de seus clientes (AZEVEDO et al., 2018).</p><p>26</p><p>Brasil: Sociedade, Economia, Política e Empreendedorismo Social</p><p>1 Vimos que a administração da política social pública é feita totalmente pelo governo. No en-</p><p>tanto, a execução desta política pode ser feita por empresas privadas ou ONGs.</p><p>Um exemplo de política social pública executada 100% pelo governo são os hospitais públi-</p><p>cos, que recebem recursos governamentais para atenderem, gratuitamente, os pacientes.</p><p>Neste caso, médicos, equipamentos, medicamentos etc. são pagos e geridos totalmente pela</p><p>esfera governamental. Por outro lado, temos o transporte público como exemplo</p><p>de serviço social público executado por empresas privadas, que são contratadas (pagas)</p><p>pelo governo para disponibilizarem seus funcionários (motoristas, cobradores etc.) e seus</p><p>meios de transporte próprios (ônibus, por exemplo) para a locomoção dos cidadãos brasilei-</p><p>ros nos lugares geográficos para os quais foram contratados.</p><p>Exemplo</p><p>Agora, vamos focar nossa atenção para as políticas sociais públicas? Bem, o governo é</p><p>o único agente econômico que pensa e age, prioritariamente, de forma coletiva, ou seja,</p><p>que busca melhorar o bem-estar de todas as pessoas da sociedade. Família, empresa</p><p>e outros países, que são os demais agentes econômicos, de forma simplificada, agem</p><p>de maneira mais individual: a família (formada pelas pessoas físicas) busca, a princípio,</p><p>maximizar seu próprio bem-estar; a empresa visa, prioritariamente, a ampliação do seu</p><p>próprio lucro; e os outros países agem de forma a manterem suas empresas e famílias</p><p>com suas expectativas atendidas.</p><p>Este caráter intrinsecamente coletivo da esfera governamental faz com que as políti-</p><p>cas públicas sociais (de distribuição de renda, de combate à pobreza, de educação,</p><p>de saúde, habitacionais, previdenciárias etc.) tenham papel fundamental na diminuição</p><p>das desigualdades e na melhoria do bem-estar das pessoas. No entanto, a quantidade</p><p>e frequência de políticas sociais públicas dependerão do sistema político de cada país</p><p>(SENNE, 2017). Vamos entender isso melhor?</p><p>De acordo com Maigón (1998 apud SENNE, 2017), as formas com que o governo se</p><p>relaciona com a sociedade (inclusive, fazendo políticas sociais) podem ser divididas em</p><p>três: 1) liberal ou neoliberal (sistema em que as políticas sociais são definidas como</p><p>compensatórias e complementares às políticas econômicas, com base na ideia de que</p><p>o Estado é ineficiente e ineficaz, devendo ter uma menor interferência e participação</p><p>possíveis na economia; 2) neo-estruturalistas (modelo que considera as políticas so-</p><p>ciais como fortes determinantes do bem-estar social, reconhecendo o papel mais ativo e</p><p>prioritário do Estado na condução da economia, inclusive, na busca por maior equidade</p><p>social; e 3) economia social de mercado (sistema que objetiva combinar as premissas</p><p>dos dois modelos anteriores, reconhecendo que o foco ou sujeito das políticas sociais</p><p>deve ser o setor mais pobre da população, modificando a estrutura do gasto social,</p><p>tornando-o mais seletivo.</p><p>27</p><p>1</p><p>Empreendedorismo Social</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>3.3. CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS SOBRE O SISTEMA DE</p><p>PROTEÇÃO SOCIAL BRASILEIRO</p><p>Quando comparado a outros países, o Brasil é uma nação relativamente nova: temos</p><p>um pouco mais de 500 anos de história, sendo apenas 200 anos como nação indepen-</p><p>dente. Por esse motivo, as políticas sociais brasileiras também têm uma história não</p><p>tão extensa, que começa a ganhar forma a partir de 1930, já que, até os anos 30 do</p><p>século passado, a legislação do Brasil não tratava da questão social, pois aqueles que</p><p>não conseguiam alcançar destaque econômico sobreviviam sem nenhum tipo de auxílio</p><p>governamental (DRAIBE, 1989; SANTOS, 1979 apud ZAMBELLO, 2016).</p><p>Com o processo de industrialização do Brasil ocorrido a partir de 1930, surgem as pri-</p><p>meiras políticas sociais relacionadas: a benefícios previdenciários (ZAMBELLO, 2016),</p><p>trabalhistas e assistenciais; à atenção, à saúde; e à educação (com a expansão dos</p><p>ensinos fundamental e médio) (DRAIBE et al., 1991 apud IPEA, [s.d.]). Neste período,</p><p>também são consolidadas as leis trabalhistas. Tais conquistas sociais ainda não eram</p><p>massificadas e havia alguns tipos de categoria profissional que recebiam mais benefí-</p><p>cios do que outras, o que demonstrava que a questão social no Brasil apenas dava os</p><p>seus primeiros passos.</p><p>Com o início do governo militar, em 1964, houve uma reestruturação da forma como o</p><p>governo brasileiro administrava o país, desde aspectos políticos a econômicos, o que</p><p>acabou por trazer mudanças consideráveis no sistema de proteção social brasileiro,</p><p>que, com o objetivo de alcançar uma abrangência nacional, foi expandido por meio de</p><p>um aparelho governamental mais centralizado (IPEA, [s.d.]), que trouxe uma consolida-</p><p>ção das instituições que planejavam as políticas sociais, como o antigo INPS (Instituto</p><p>Nacional de Previdência Social) – hoje, transformado em INSS (Instituto Nacional do</p><p>Seguro Social) – e o BNH (Banco Nacional da Habitação) (ZAMBELLO, 2016).</p><p>Apesar de ter incorporado um grande contingente de beneficiários, é importante desta-</p><p>car que as políticas sociais deste período tinham um caráter autossustentável, ou seja,</p><p>eram financiadas por recursos provenientes do mundo do trabalho e os benefícios man-</p><p>tinham proporcionalidade com o tempo de serviço e contribuição (IPEA, [s.d.]). Com</p><p>isso, as políticas sociais que pudessem corrigir as desigualdades e a pobreza, por meio</p><p>de políticas assistenciais e não contributivas, eram muito frágeis, já que o Estado ainda</p><p>não tinha responsabilidades constitucionais de garantir direitos sociais básicos a todos</p><p>os cidadãos, não importando se eles participassem (ou não) do processo de produção</p><p>(IPEA, [s.d.]).</p><p>No final dos anos 1970 e início dos anos 1980, houve uma reversão do crescimento</p><p>econômico brasileiro, o que acabou por estrangular e quase parar o sistema de políticas</p><p>sociais (autossustentáveis) daquele período, já que as fontes de financiamento delas</p><p>enfrentavam queda drástica (por conta da ampliação do desemprego) (IPEA, [s.d.]).</p><p>Isso aconteceu exatamente em um momento em que as carências sociais foram am-</p><p>pliadas (em um cenário de queda do emprego e altíssima inflação), o que gerou pressão</p><p>dos movimentos sociais a favor da redemocratização e evidenciou o esgotamento do</p><p>sistema nacional de políticas sociais em vigor até então (IPEA, [s.d.]).</p><p>28</p><p>Brasil: Sociedade, Economia, Política e Empreendedorismo Social</p><p>1</p><p>Este cenário político, econômico e social culminou no fim do governo militar e na pro-</p><p>mulgação da Constituição de 1988, que lançou as bases para uma expressiva mudança</p><p>da responsabilidade e da participação social do governo, que passou a ter que buscar</p><p>objetivos tanto de equalização do acesso a oportunidades quanto de enfrentamento de</p><p>situações de pobreza, risco social e homogeneização de direitos (CASTRO; CARDOSO</p><p>JR, 2005 apud IPEA, [s.d.]).</p><p>Por intermédio da garantia dos direitos civis, sociais e políticos, a Constitui-</p><p>ção de 1988 buscaria construir uma sociedade livre, justa e solidária; erradi-</p><p>car a pobreza e a marginalização; reduzir as desigualdades sociais e regio-</p><p>nais; e promover o bem de todos sem preconceitos ou quaisquer formas de</p><p>discriminação. Para tanto, a nova Carta combinaria as garantias de direitos</p><p>com a ampliação do acesso da população a bens e serviços públicos. (IPEA,</p><p>[s.d.], p. 28)</p><p>Percebe-se que a Constituição de 1988 trouxe um redesenho para as políticas sociais</p><p>brasileiras afastando-as daquele modelo autossustentável e aproximando-as de uma</p><p>configuração mais voltada para todas as pessoas, além de trazer uma descentralização</p><p>da administração de tais políticas, com a transferência de recursos federais para esta-</p><p>dos e municípios.</p><p>Mesmo com estas alterações, as políticas sociais, ao longo da década de 1990, ficaram</p><p>estagnadas (ZAMBELLO, 2016), principalmente, por conta das ações governamentais</p><p>em favor da redução dos gastos públicos, necessários para o controle da alta inflação e</p><p>para a superação da crise internacional que foi apresentada ao mundo no final daquela</p><p>década. Cabe destacar que, neste período, a desaceleração dos gastos sociais só não</p><p>foi maior por conta da proteção jurídica contra cortes orçamentários em áreas como:</p><p>educação, saúde, seguro-desemprego e previdência social (CASTRO et al., 2008 apud</p><p>IPEA, [s.d.]).</p><p>A partir dos anos 2000, houve uma melhora na conjuntura econômica brasileira e mun-</p><p>dial, o que permitiu que uma visão governamental mais voltada ao lado social ganhasse</p><p>voz. Com isso, são fortalecidas políticas sociais garantidoras de itens necessários à</p><p>sobrevivência substancial, com o crescimento de ações governamentais: de transfe-</p><p>rência de renda, previdenciária, de reconhecimento cultural de minorias, de proteção</p><p>social etc. (ZAMBELLO, 2016). A partir deste período, as políticas sociais começam a</p><p>ser vistas pelo governo muito mais como investimentos capazes de promover o cresci-</p><p>mento econômico, ao invés de serem um peso orçamentário obrigatório (ZAMBELLO,</p><p>2016), fazendo com que os debates políticos a respeito do tema mudassem de caráter</p><p>e permanecessem nesta direção até os dias atuais.</p><p>Como exemplo de política social sendo vista como um investimento capaz de promover cres-</p><p>cimento econômico apresenta-se, de acordo com Zambello (2016), um estudo do IPEA, de</p><p>2011, que mostra que a cada R$ 1,00 (um real) investido em educação no Brasil, há o retorno</p><p>de R$ 1,85 (um real e oitenta e cinco centavos) no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.</p><p>EXEMPLO</p><p>29</p><p>1</p><p>Empreendedorismo Social</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>3.4 OS 4 EIXOS DO SISTEMA BRASILEIRO DE PROTEÇÃO SOCIAL</p><p>(SBPS)</p><p>Você já deve ter percebido que as políticas sociais feitas no Brasil abrangem muitas áre-</p><p>as: previdência; habitação; trabalho; saúde; assistências mais focadas de acordo com</p><p>gênero, etnia e grupos identitários; transferência de renda etc. (SENNE, 2017). Para</p><p>facilitar o entendimento de toda esta gama de políticas sociais brasileiras, podemos</p><p>agrupar o Sistema Brasileiro de Proteção Social (SBPS) em quatro eixos: 1) trabalho; 2)</p><p>assistência social, segurança alimentar e combate à pobreza; 3) cidadania social; e 4)</p><p>infraestrutura social. Vamos conhecê-los com mais detalhes?</p><p>O SBPS é “[...] um conjunto de políticas sociais que se originam, se desenvolvem e se agru-</p><p>pam em quatro diferentes eixos estruturantes das políticas sociais” (SENNES, 2017, p. 3).</p><p>GLOSSÁRIO</p><p>De acordo com Senne (2017), o eixo do trabalho é formado tanto pelo emprego assa-</p><p>lariado contributivo quanto pelo trabalho socialmente útil, mas não necessariamente</p><p>assalariado. Nesse eixo, aparecem as seguintes práticas sociais do governo:</p><p>[...] política previdenciária contributiva (assalariados do setor privado, fun-</p><p>cionários públicos estatutários e militares), política previdenciária parcial e</p><p>indiretamente contributiva (segurados especiais em regime de economia</p><p>familiar rural), políticas de proteção ao trabalhador assalariado formal (abo-</p><p>no salarial</p>