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E-book 1 Antônio César Galhardi GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS Neste E-Book: INTRODUÇÃO ���������������������������������������������� 3 CONCEITUAÇÃO GERAL ��������������������������� 5 MODELOS DE PARCERIAS ���������������������15 INTEGRAÇÃO NA CADEIA DE SUPRIMENTOS �������������������������������������������21 FLUXOS NA CADEIA DE SUPRIMENTOS ������������������������������������������ 32 TENDÊNCIAS TECNOLÓGICAS �������������38 CONSIDERAÇÕES FINAIS �����������������������41 SÍNTESE �������������������������������������������������������42 2 INTRODUÇÃO Olá estudante, vivemos hoje um novo ambiente com- petitivo entre as organizações, onde os ganhos de eficiência precisam ser obtidos em todas as opera- ções, inclusive nas relações com fornecedores e dis- tribuidores. E, cerca de 12% das cifras da economia mundial são originadas em atividades logísticas. Os custos destas atividades, em muitos setores, já representam metade dos custos de manufatura e quatro vezes mais do que a lucratividade, isto é o suficiente para nos dedicarmos a entender melhor os conceitos apropriados à Logística e à Cadeia de Suprimentos (Supply Chain Management – SCM). Empresas como a Amazon revolucionaram seus ne- gócios pelo modo com que gerenciam a sua cadeia de suprimentos. Além disso, o comércio internacio- nal, principalmente com países como a China e Índia, destaca a importância de operações competitivas globalmente. Com o objetivo de apoiar o desenvolvimento des- sas capacitações, neste módulo serão apresenta- dos os conceitos mais importantes no Planejamento e Organização de uma Cadeia de Suprimentos. Iniciaremos com uma evolução histórica da logísti- ca até o conceito atual de Cadeia de Suprimentos. Didaticamente o módulo foi estruturado em cinco partes: A conceituação geral; Modelos de parcerias; Integração na cadeia de suprimentos; Fluxo na cadeia de Suprimentos; e Tendências tecnológicas. 3 Aqui, você poderá aprender os conceitos básicos da Cadeia de Suprimentos e tomar conhecimento dos fatores organizacionais apoiadores da Otimização das Cadeias de Suprimentos. Bom estudo! 4 CONCEITUAÇÃO GERAL Inicialmente, o conceito de logística ainda não era bem definido e se associava à necessidade de trans- porte e movimentação de materiais. De origem in- certa, se relacionava a aplicações militares como a arte de transportar, abastecer e alojar tropas. Numa segunda fase, associa-se à Administração Científica ou Fordismo, no início do século 20, quan- do a produção em massa e o conceito de Linha de Montagem eram os motes principais da Economia Industrial. E a logística se manteve esquecida neste período, como uma atividade desconexa, associada à gestão dos transportes. É nessa época que se dá o início da conceituação e desenvolvimento do termo “Distribuição Física”, a partir do momento que, pela concorrência do mercado, a área de vendas começou a se responsabilizar pela entrega do bem. Durante o período das duas grandes guerras, desen- volveram-se os conceitos de movimentação, manu- seio e gestão de fluxos, enquanto a preocupação com custos era quase inexistente e perdia prioridade para a rapidez do transporte. E, apesar do desenvolvimen- to significativo nas operações de transporte, a evo- lução da Logística ficou muito aquém do esperado, principalmente pela ausência do desenvolvimento e aplicação de ferramentas computacionais e técnicas quantitativas. 5 Posteriormente, com o enfraquecimento dos princí- pios da produção em massa, a logística passa a se destacar no controle de custos e a ter uma contri- buição mais efetiva na lucratividade das empresas. A partir daí, praticamente em meados da década de 1980, começavam a se delinear os conceitos atuais. Então, surge uma importante contribuição para a otimização dos processos logísticos – a Tecnologia da Informação –, concomitante ao desenvolvimento da Teoria dos Sistemas, e juntos impulsionaram o uso de técnicas de Pesquisa Operacional aplicadas à tecnologia de processo e contribuíram para a cons- trução de um ambiente favorável ao desenvolvimento da Logística Integrada. Nesse período também se desenvolveu o conceito de custo total, também ali- nhado ao conceito de Logística Integrada. Com o desenvolvimento da Tecnologia da Informação e a destacada importância da integração interna e externa das organizações surgem os Sistemas de Informações Gerenciais: inicialmente o MRP – Material Requirements Planning, posteriormente, o MRP II – Manufacturing Resources Planning e, final- mente, o ERP – Enterprise Resources Planning Apesar dos conceitos sobre logística estarem já bem definidos nessa época, se enfrentava, por outro lado, resistências quanto aos aspectos culturais e à vi- são da alta gerência, que permanecia no enfoque de medidas funcionais. Nesse período se enfrentava também desafios quanto ao desempenho energético (produtividade) e questões ambientais. 6 A partir de 1980 Suply Chain 1970 1980 Crise Petróleo (Sist. Produção) 1965 1970 Gestão Materiais e Distribuição Física Evolução da Logística 1956 1955 Logística Empresarial consolidade (reduzir custos) 1835 EUA Logística Empresarial 1670 França Estruturas Militares Figura 1: Linha do Tempo da Logística. Fonte: Elaboração própria. Podcast 1 7 https://famonline.instructure.com/files/407333/download?download_frd=1 Posteriormente, ocorreram mudanças fundamen- tais no ambiente produtivo e o Marketing passou a exercer grande pressão no ambiente (na manufatu- ra). E, em função dessas pressões, foram desenvol- vidas ferramentas para a integração de processos como forma de obter diferencial competitivo, o que permitiu o ganho do destaque estratégico. A falta de suprimentos ocasionada por um período de re- cessão da economia com altas taxas de juros nos Estados Unidos forçou as empresas a mudarem suas prioridades de atender à demanda. Nesse período, a Logística apresentava sua maior contribuição: criar e manter vantagem competitiva. Assim, ela assumiu a função de integração e coordenação das diferentes atividades das diferentes áreas, era o início da visão de processos de negócio e do conceito de Cadeia de Suprimentos. A Gestão da Cadeia de Suprimentos reside numa visão sistêmica da empresa, incluindo fornecedores e canais de distribuição. Seu conceito atualmente acei- to é: uma seqüência de fornecedores que contribuem para a criação e entrega de produtos e serviços, aos consumidores finais. Enquanto que por Logística se entende o gerenciamento do estoque e do fluxo de produtos, serviços e informação por meio da orga- nização (BALLOU, 2006). A Gestão da Cadeia de Suprimentos objetiva geren- ciar com eficácia os componentes de uma cadeia de valor ampliada, desde os fornecedores, passan- do pela cadeia de fabricação e distribuição, até os consumidores. Os Sistemas de Informação são 8 utilizados para gerenciar de maneira mais eficiente as operações ao longo da cadeia e se tornaram um grande aliado na integração e gestão. Explicando um pouco melhor, vamos tomar o exem- plo da montadora de veículos General Motors – GM, que até a década de 1980 era a primeira companhia mundial em termos de unidades produzidas e fa- turamento. Até aquela época, a grande maioria do fornecimento era interno, e quando externo, era de fornecedores americanos, vizinhos às instalações da montadora. Todo o valor (ou ao menos grande parte dele) arrecadado da venda de um veículo era desti- nado à montadora. Quando o fornecimento de partes e componentes, inclusive de mão de obra externa, se tornou mais barato, ocorreu, consequentemente, uma exteriorização da produção, que passou a ser realizada em centros de excelência (muitas vezes em outros países) que apresentam melhor qualida- de e menores custos. Assim, atualmente, quando se compra um veículo dessa montadora, somente parte do dinheiro irá para a GM e o restante para os inúmeros agentes dessa cadeia. O conceito de Gerenciamento da Cadeia de Suprimentostambém pode ser aplicado à área de prestação de serviços, o que introduziu novas técni- cas para o gerenciamento de processos de negócios ou reengenharia do processo de negócios. Surgiram, assim, iniciativas radicais de redesenho de negó- cios, que tentam alcançar melhorias drásticas nos processos de negócios questionando as suposições ou regras anteriores. 9 Na Cadeia de Suprimentos, a rede de fornecedores externos, os processos internos, os distribuidores externos e os links que os conectam entregam um produto ou serviço acabado ao cliente final. E isto envolve: � Tomar decisões sobre a estrutura da cadeia de suprimentos; � Coordenação do movimento de mercadorias e prestação de serviços; � Compartilhamento de informações entre mem- bros da cadeia de suprimentos. O Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos deve considerar as seguintes premissas: ● Expectativas do consumidor e concorrência - o poder mudou para o consumidor; ● Globalização - capitalizar nos mercados emergentes; ● Tecnologia da Informação, e-commerce, Internet, EDI, dados de varredura, intranets; ● Regulamentação governamental - barreiras comerciais; ● Problemas ambientais - por exemplo a minimização de resíduos. ● Na Cadeia de suprimentos, os fornecedores exter- nos fornecem as matérias-primas, serviços e com- ponentes necessários. Os materiais e serviços com- prados frequentemente representam 50% (ou mais) 10 dos custos dos produtos vendidos. Os fornecedores são, geralmente, membros de várias cadeias de supri- mentos - normalmente em diferentes funções, como: � Fornecedores de primeiro nível – fornece direta- mente materiais ou serviços para a empresa que faz negócios com o cliente final; � Fornecedores de nível dois – fornece materiais ou serviços para fornecedores de nível um; � Fornecedores de nível três – são fornecedores de materiais ou serviços para fornecedores de nível dois; As funções internas em uma Cadeia de Suprimentos variam em função do tipo de manufatura, mas podem incluir: � Processamento de pedidos; � Compra; � Planejamento; � Controle de Produção; � Garantia da Qualidade; � Entrega. A partir da responsabilização da área de vendas pela entrega do produto, a Logística e Distribuição teve um grande impulso, sendo a responsável pela remessa do material certo, no lugar certo, na hora certa e na quantidade certa. 11 Dentre os processos da Logística e Distribuição que ganharam grande impulso situa-se a Gestão de Tráfego, que compreende a seleção, o agenda- mento e controle de transportadoras (por exemplo: caminhões e trens) para materiais e produtos de entrada e saída. Na “Gestão da Distribuição” se destacam os processos de: embalagem, armaze- namento e manuseio de produtos em trânsito para o usuário final. Podcast 2 Uma medida da parcela da cadeia de suprimentos controlada pela manufatura (o fabricante) é o que chamamos de Integração Vertical. No mesmo sen- tido, chamamos de Integração Reversa quando o poder está concentrado nos fornecedores, também chamado de integração para frente, e representa o controle de fornecedores de matérias-primas (BALLOU, 2006). Com relação à tomada de decisão, as mais fre- quentes em uma Cadeia de Suprimentos é a ques- tão do Insourcing vs. Outsourcing; ou seja: fabricar internamente ou terceirizar. A terceirização faz parte da Integração Reversa e implica no paga- mento de fornecedores terceirizados para fornecer matérias-primas e serviços, em vez de fazê-los internamente. A terceirização continua com um crescimento relativamente constante, uma vez que as empresas tentam se concentrar naquilo 12 https://famonline.instructure.com/files/407334/download?download_frd=1 que fazem melhor (em suas operações internas), o denominado core business. Alguns aspectos são bastante relevantes para a de- cisão, então vale a pena se perguntar: ● A tecnologia de produtos/serviços é essencial para o sucesso da empresa? ● A operação é uma competência central? ● A empresa tem o capital para fornecer capacidade e manter o processo atualizado? ● A terceirização aumentará os prazos de entrega e limitará a flexibilidade? ● Outras pessoas podem fazer isso por menos custo e melhor qualidade? Assim, o papel das compras na Cadeia de Suprimentos alcançou maior importância, uma vez que os custos de aquisição representam de 50% a 60% do custo dos produtos vendidos. Além da importância de custos, existem questões éti- cas envolvendo o relacionamento com fornecedores; o que tem levado a uma tendência de se estabelecer um relacionamento bastante forte, com um núme- ro reduzido de fornecedores, que adquirem então o status de Parceiros. 13 O produto certo Flexibilidade A quantidade certa Confiablidade na entrega No momento certo Velocidade na entrega Com mínimo custo Nível de entrega Figura 2: Entendendo a Cadeia de Suprimentos. Fonte: Elaboração própria. 14 MODELOS DE PARCERIAS Inúmeras definições sobre alianças logísticas se ajustam na ampla faixa de novos relacionamentos envolvendo prestadores de serviços logísticos em andamento no mundo inteiro. Quando empresas fornecedoras e manufaturas exploram e tentam a formação de alianças, estão se movendo em áreas desconhecidas. As alianças logísticas são estimuladas por várias tendências na filosofia empresarial. Normalmente, são um reflexo dos anseios dos altos executivos de concentrarem recursos básicos da empresa nas com- petências centrais, enquanto a ideia de fazer externa- mente atividades de apoio por meio de especialistas, resulta do desejo de dimensionar corretamente as organizações e se concentrarem naquilo que sabem fazer melhor. As atividades logísticas são excelen- tes candidatas à terceirização, porque atendem a quatro atributos essenciais no estabelecimento de fortes vínculos de trabalho, são eles (BOWERSOX e CLOSS, 2001): ● Dependência mútua – Deve existir nos dois lados do relacionamento e buscar a conformidade com o planejamento. A Tecnologia de Informações torna cada vez mais acessível a mensuração em tempo real do desempenho das operações. Por exemplo, uma transportadora que disponibiliza o rastreamento de cargas para que todos os clientes permaneçam 15 totalmente informados sobre a situação real e es- perada da entrega. ● Especialização Central – Uma característica das alianças logísticas é o alto grau de especialização no desempenho operacional de rotina. Quando uma empresa cuja competência central está na execução de um determinado serviço essencial, elas apresen- tam um atrativo especial para as empresas que os necessitam. O atrativo do especialista em logística é uma extensão lógica das doutrinas básicas das economias de escopo e escala. ● Clareza do Poder – Está relacionada com o com- portamento em situações de poder e conflitos num acordo interorganizacional. Normalmente, o fabrican- te ou o distribuidor detém o poder real nos relaciona- mentos da Cadeia de Suprimento. Os prestadores de serviço reconhecem que as empresas contratantes são dominantes na determinação das metas e obje- tivos. Assim, embora possa existir conflitos de poder em um canal de distribuição, poucos ou nenhum desses confrontos afetam os prestadores de serviço. ● Ênfase na Cooperação – Se o desempenho de fun- ções especializadas e o poder real para coordenar o processo do canal não estão em conflito, o prestador de serviço está em posição ideal para cooperar. Da mesma maneira que as empresas participantes primárias do canal de distribuição adotam iniciati- vas para melhorar seu posicionamento na Cadeia de Suprimentos, as empresas de serviços também utilizam alianças para melhorar sua competitividade. 16 A formação de alianças para ampliar a capacidade e eficiência operacional dos envolvidos está se tor- nando bastante comum. As parcerias em uma Cadeia de Suprimentos podem melhorar os lucros e o excedente total na cadeia de diversas maneiras. É importante que os fatores de melhoriados lucros sejam claramente identificados quando da tomada de decisão. Os benefícios das decisões podem ser (CHOPRA, MEINDL, 2011): ● Melhores economias de escala podem ser alcan- çadas se os pedidos dentro de uma empresa, forem agregados; ● Transações de aquisição mais eficientes podem reduzir significantemente o curso geral das compras, isso é mais importante para itens para os quais ocor- re um grande número de transações de baixo valor; ● A colaboração em projeto pode resultar em pro- dutos mais fáceis de manufaturar e distribuir, re- sultando em menores custos gerais. Esse fator é mais importante para produtos do fornecedor que contribuam para uma parcela significativa do custo e do valor do produto; ● Bons processos de aquisição podem facilitar a co- ordenação com o fornecedor e melhorar a previsão de demanda e o planejamento, a melhor coordenação reduz os estoques e melhora a correspondência entre oferta e demanda; 17 ● Contratos apropriados de fornecedor podem per- mitir o compartilhamento do risco, resultando em maiores lucros para o fornecedor e comprador; ● As empresas podem obter um preço de compra mais baixo, aumentando a concorrência com o uso de leilões. As decisões sobre o estabelecimento de parce- rias são baseadas no crescimento do excedente na Cadeia de Suprimentos, embora neste mesmo sentido ocorra o aumento do risco pela inclusão do parceiro. A empresa deverá, então, considerar o valor do crescimento do excedente, sem elevar excessiva- mente o risco. Os parceiros, geralmente, aumentam os excedentes se forem capazes de agregar os ati- vos ou fluxos da cadeia a um nível mais alto do que a própria empresa. Os diversos mecanismos pelos quais os parceiros podem aumentar o excedente (CHOPRA, MEINDL, 2011), são: ● Agregação da capacidade. Um parceiro pode au- mentar o excedente da Cadeia de Suprimentos agre- gando à demanda de diversas empresas e conseguin- do economias de escala na produção que nenhuma empresa pode conseguir sozinha. ● Agregação de estoque. Um parceiro pode aumentar o excedente da Cadeia de Suprimentos agregando estoques de um grande número de clientes. ● Agregação de transporte por intermediários de transporte. Um parceiro pode aumentar o exceden- 18 te agregando a função transporte a um nível mais alto do que qualquer expedidor pode fazer por conta própria. ● Agregação de transporte por intermediários de armazenagem. Um parceiro que armazena estoque também pode aumentar o excedente da Cadeia de Suprimentos, agregando transporte recebido e enviado. ● Agregação de armazenagem. Um parceiro pode aumentar o excedente da Cadeia de Suprimentos agregando as necessidades de armazenagem de vários clientes. O crescimento no excedente é obtido em termos dos menores custos de processamento no interior do depósito. As economias por meio da agregação de armazenamento surgem se as neces- sidades de armazenamento de um fornecedor forem pequenas ou se suas necessidades flutuarem com o tempo. ● Agregação de aquisição. Um parceiro aumenta o excedente da Cadeia de Suprimentos se ele agrega a aquisição de muitos parceiros pequenos e facilita economias de escala na produção e no transporte de chegada. ● Agregação da Informação. Um parceiro pode au- mentar o excedente agregando a informação a um nível mais alto do que pode ser alcançado por uma empresa realizando a função internamente. Todos os varejistas, por exemplo, agregam informações sobre produtos de muitos fabricantes em um único local. 19 Essa agregação de informação reduz os custos de pesquisa com os clientes. ● Agregação de recebíveis. Um parceiro pode au- mentar o excedente da Cadeia de Suprimentos se puder agregar a gestão de risco de recebíveis a um nível mais alto do que a empresa ou se tiver um custo de cobranças menor do que a empresa. ● Agregação de relacionamento. Um intermedi- ário pode aumentar o excedente da Cadeia de Suprimentos diminuindo o número de relacionamen- tos exigidos entre vários compradores e vendedores. ● Menores custos e maior qualidade. Um par- ceiro pode aumentar o excedente da Cadeia de Suprimentos se oferecer menor custo ou maior qualidade em relação à empresa. Se esses benefí- cios vierem de especialização e aprendizagem, eles provavelmente serão sustentáveis a um prazo mais longo. Um parceiro especializado que vá mais adiante na curva de aprendizagem para alguma atividade da Cadeia de Suprimentos, provavelmente manterá sua vantagem competitiva a longo prazo. FIQUE ATENTO Para se manter atualizado em conteúdo sobre a logística brasileira siga o site da Associação Bra- sileira de Logística: www.abralog.com.br. Você vai estar informado sobre tudo o que acon- tece na área. 20 https://www.abralog.com.br/ INTEGRAÇÃO NA CADEIA DE SUPRIMENTOS O atual cenário no ambiente de negócios é composto por: globalização, desenvolvimento global, demanda de novos mercados, desenvolvimento tecnológico, formação de blocos econômicos, quebra de barreiras alfandegárias, grande concorrência. Assim, surgem novas formas de relacionamento interfirmas: a inte- gração, a colaboração e a interdependência, todas elas propiciadas pela Tecnologia da Informação. A cadeia de suprimentos é uma rede de vários negó- cios e relações entre diversas empresas. A gestão da cadeia de suprimentos, está relacionada à maneira pela qual as relações e a integração entre os elos da cadeia, a tomada de decisão, o compartilhamento das informações e o gerenciamento das operações ocorrem. É uma abordagem de gestão empresarial voltada a oferecer o máximo de valor agregado nos produtos e serviços ao cliente, e o máximo de retorno sobre o investimento do ativo fixo (o investimento das organizações no negócio) por meio da gestão efetiva e otimizada dos fluxos de materiais, produtos, informações e recursos financeiros, de extremo a extremo da cadeia (desde as fontes de suprimentos até o consumidor final). A integração de todos os componentes da cadeia, sem verticalizar as atividades, mas com o foco de cada empresa em seu negócio principal. 21 A integração logística envolve atores como: as redes de varejo que comercializam os produtos, fornece- dores da indústria, distribuidores autorizados dos produtos, fornecedores de insumos aos fornecedo- res da indústria. Uma cadeia relativamente simples no seu conceito pode integrar dezenas de empre- sas em uma só atividade: produção, distribuição e comercialização. Assim como no caso da logística, integração é uma palavra-chave na coordenação das atividades da cadeia de suprimentos. Faz parte da compreensão do Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos o que se trata da integração dos principais processos de negócios que produzem produtos, serviços e infor- mações através de uma cadeia de suprimentos e que agregam valor para os clientes e às demais partes interessadas e envolvidas (os stakeholders). A integração da cadeia de suprimentos é o processo que estende o escopo da integração para fora da empresa, incluindo os sistemas de informação da empresa e os sistemas de informação dos parcei- ros de negócio para formar a cadeia de suprimentos integrada. O gerenciamento da Cadeia de Suprimentos represen- ta o esforço de integração dos diversos participantes do canal de distribuição por meio da administração compartilhada de processos-chave de negócios que interligam as diversas unidades organizacionais e membros do canal, desde o consumidor final até o fornecedor inicial de matérias-primas. Apresenta 22 como processos-chave da cadeia: o relacionamento com os clientes, o serviço aos clientes, a adminis- tração da demanda, o atendimento de pedidos, a administração do fluxo de produção, compras/ su- primento. o desenvolvimento de novos produtos. Com objetivos a se estabelecer, a integração logística, que sempre envolve o desenvolvimento de um rela- cionamento de longo prazo e mutuamente benéfico, estabelece-se um jogo de “GANHA-GANHA”. Requer confiançapara compartilhar informações, riscos, oportunidades e investir em tecnologia compatível; trabalhar em conjunto para reduzir o desperdício e a ineficiência; desenvolver novos produtos; compartilhar os ganhos; compartilhar sítios; certificar conjunta- mente processos. E, nesse jogo, todos os envolvidos obtêm a sua parte correspondente no lucro da cadeia. Figura 3: A correlação entre a Cadeia de Suprimentos e os elos de uma corrente. Fonte: Desenvolvido por Kjpargeter / Freepik. 23 Nos relacionamentos com fornecedores, busca-se por fornecedores de fonte única quando possível, construindo relacionamentos de longo prazo. Compartilhar informações utilizando links de compu- tador a computador para trocar dados entre parceiros da cadeia de suprimentos em um formato padroniza- do permite: transferência rápida de informação; re- dução de papelada e administração; melhor precisão de dados e capacidade de rastreamento. O cliente valoriza cada vez mais a qualidade dos serviços na hora de decidir que produtos comprar. A demora ou inconsistência na data de entrega ou a falta de um produto nas prateleiras implica em ven- das não realizadas e até mesmo na perda de clien- tes. Diante desde novo cenário, a logística passou a ser vista não mais como uma simples atividade operacional, mas avançou do depósito e do pátio de expedição para a alta administração de grandes empresas, refletindo a sua crescente importância como uma atividade estratégica, uma ferramenta gerencial (FAHAL et al. 2015). REFLITA Você já parou para pensar que logo haverão en- tregas feitas por outros meios de transporte e não somente carros e caminhões? Em muitos lugares da China, entregas já estão sendo reali- zadas por drones e veículos automáticos, sem pi- lotos. Pode parecer muito futurístico, mas é uma tendência, e é importante lembrar que ao pensar 24 lá na frente sempre ganhamos vantagem sobre a concorrência. Para Ballou (2006), um dos objetivos da Gestão da Cadeia de Suprimentos é melhorar o nível de serviço oferecido ao cliente estabelecido pela qualidade do fluxo de produtos e serviços gerenciados, o que, por- tanto, permite ser um fator utilizado como estratégia para uma organização. Sua aplicação se dá por meio da escolha adequada de fornecedores que permeiam toda a cadeia de suprimentos até o cliente final. Esta integração está associada diretamente ao fato de uma organização relacionar-se com o cliente intera- gindo de forma eficiente com a cadeia produtiva para conquistar o objetivo final: estar competitivamente atuando no mercado. Para obtenção de vantagem competitiva, por meio da Gestão da Cadeia de Suprimentos as empresas estão recorrendo aos Sistemas Integrados de Informação, buscando automatizar o processo produtivo e se utilizando de algumas tecnologias do tipo: Electronic Data Interchange (EDI), o Warehouse Management System (WMS), tecnologia de código de barras e o Vendor Managed Inventor (VMI). Um dos fatores mais relevantes ao desenvolvimento dos processos administrativos é a integração entre todas as partes envolvidas, em plena sinergia. É isto que proporciona aos Sistemas de Informação a apli- cação de Tecnologia da Informação, proporcionan- do um grande aumento de eficiência. Tais sistemas abrangem todas as ferramentas que a tecnologia 25 disponibiliza para o controle e gerenciamento do flu- xo de informação por meio da organização (BALLOU, 2006). Existem, no mercado, alguns tipos de ferramentas que facilitam e tornam a informação mais acura- da para aplicação na cadeia de suprimentos, al- guns exemplos destes sistemas são os Sistemas Integrados de Gestão Sistemas Integrados de Gestão / ERP – Enterprise Resource Planning Os ERP (Enterprise Resource Planning) ou sistemas de gerenciamento empresarial são sistemas com- plexos que integram, de forma eficaz, todos os sis- temas operacionais da empresa. Por ser um siste- ma que abrange toda a parte gerencial da empresa, a sua implantação exige da empresa uma série de modificações e adaptações prévias. Eles também podem ser, em termos de Sistemas de Informação Integrados, adquiridos na forma de pacotes de sof- tware comercial, com a finalidade de dar suporte à maioria das operações de uma empresa. Assim, podemos dizer que um ERP consiste, basicamente, na integração de todas as atividades do negócio, entre elas: finanças, marketing, produção, recursos humanos, compras, logística etc., com o benefício direto de facilitar, tornar mais rápido e preciso o fluxo de informação, permitindo, assim, o controle dos processos de negócios. Para Lee e Whang (2002), existem características dos sistemas integrados de gestão que os tornam 26 diferentes uns dos outros permitindo-nos fazer uma análise de custo-benefício. São elas: ○ Os ERPs são pacotes comerciais; ○ São desenvolvidos por meio de modelos-padrão de processos; ○ Integram sistemas de várias áreas das empresas; ○ Utilizam um banco de dados centralizado; ○ Possuem grande abrangência funcional. Atualmente, se observa uma significativa inclina- ção do desenvolvimento de sistemas integrados de gestão para aplicação na cadeia de suprimentos, visto que todos os processos de negócios internos já foram integrados, restando apenas obter vantagem competitiva da integração da cadeia de suprimentos, principalmente entre fornecedores e compradores. Com isso, passa a ser possível a integração com as demais unidades de um grupo empresarial por meio de EDIs (Eletronic Data Interchange), com comparti- lhamento (parcial) da base de dados, e cujos maiores desafios são: os sistemas geograficamente distantes e distintos, com hardwares diversos, necessidade intensiva de sistemas de telecomunicações, bases de dados diversas, operando em estruturas organi- zacionais e culturas empresariais diversas. Algumas das principais ferramentas integradas de gestão aplicadas à cadeia de suprimentos são: ● WMS (Warehouse Management System). O Sistema de Gerenciamento de Armazéns, chamado de WMS, é uma tecnologia utilizada em armazéns, onde ele 27 integra e processa as informações de localização de material, controla a utilização da capacidade produtiva de mão de obra, além de emitir relatórios para os mais diversos tipos de acompanhamento e gerenciamento. O sistema prioriza uma determinada tarefa em função da disponibilidade de um funcioná- rio informando a sua localização no armazém. Com este recurso ocorre um aumento na produtividade quando diferentes tipos de tarefas são intercaladas. Este sistema também tem capacidade de controlar o dispositivo de movimentação de material realiza- do por Veículos Teleguiados (AGVs) e fazer interfa- ce com um Sistema de Controle Automatizado do Armazém (WACS) que tem a função de controlar equipamentos automatizados como as esteiras e os sistemas de separação por luzes e carrosséis. Com uma ferramenta desse porte a empresa passa a ter um ganho na produtividade com a economia de tempo nas operações de embarque e desembar- que, transporte e estocagem de mercadoria e ainda controla o estoque de produtos em seu armazém. Além disso, permite que os gestores controlem as operações de armazém mesmo sem estar presente no local, observando apenas se o funcionamento do sistema está adequado às operações logísticas. ● RFID – Radio Frequency Identification. Identificação via Rádio Frequência é relativamen- te antiga, com origem na segunda guerra mundial, utilizada para identificar aeronaves e evitar o fogo amigo. Mais recentemente se tornou uma das mais eficientes tecnologias de coleta automática de dados, 28 e inicialmente surgiu como solução para sistemas de rastreamento e controle de acesso na década de 1980. Uma das maiores vantagens dos sistemas baseados em RFID é o fato de permitir a codificação em ambientes não favoráveis e em produtos nos quais o uso de código de barras, por exemplo, não é eficiente. Este sistema funciona com uma antena, um transmissor e um decodificador.Esses componen- tes interagem por meio de ondas eletromagnéticas transformando-as em informações capazes de ser processadas por um computador. A principal vanta- gem do uso de sistemas RFID é realizar a leitura sem necessidade de haver o contato, como ocorre no có- digo de barras. Você poderia, por exemplo, colocar o transmissor dentro de um produto e realizar a leitura sem ter que desempacotá-lo, ou ainda aplica-lo em uma superfície que será, posteriormente, coberta de tinta ou graxa. Esse sistema pode ser usado para controle de acesso, controle de tráfego de veículos, controle de bagagens em aeroportos, controle de containers e, ainda, em identificação de pallets. O tempo de resposta é baixíssimo, tornando-se uma boa solução para processos produtivos em que se deseja capturar as informações com o transmissor em movimento. ● Rastreamento de Frotas com Tecnologia GPS – Global Positioning System. Rastreamento é o pro- cesso de monitorar um objeto enquanto ele se move. Hoje em dia, é possível monitorar a posição ou mo- vimento de qualquer objeto, utilizando-se de equipa- mentos de GPS aliados a links de comunicação e à 29 comunicação para uma central que fará efetivamente o monitoramento. Esta tecnologia é comumente co- nhecida como AVL (Automatic Vehicle Location). O GPS é um sistema de posicionamento mundial forma- do por uma constelação de 24 satélites que apontam a localização de qualquer corpo sobre a superfície terrestre. Um aparelho receptor GPS recebe sinais desses satélites determinando sua posição exata na Terra, com precisão que pode chegar à casa dos centímetros. Sua tecnologia é atualmente bastante conhecida e comercialmente viável. ● Código de Barras. O sistema surgiu da ideia de se criar um mecanismo de entrada de dados mais rápida e eficiente. A leitura de código de barras exige que sejam utilizados alguns aparelhos específicos, que são adotados conforme a necessidade da empresa. Existe uma padronização mundial para a leitura de código de barras. Para cada produto ou objetivo da identificação existe um tipo de código. Por exemplo: o EAN – 13, EAN – 8 e UPC são utilizados na unida- de de consumo; o EAN/DUN – 14 (SCC - 14) / UCC/ EAN 128 são utilizados nas caixas que embalam as várias unidades; e o UCC/EAN - 128 são usados nos pallets dentro dos galpões de supermercados ou distribuidores. ● EDI (Electronic Data Interchange). É um sistema que auxilia diretamente, a rotina dos vendedores agi- lizando o processo de comunicação com a empresa na transmissão de dados. Todas as informações que um vendedor precisa coletar e transferir para a empresa em um segundo momento, ele faz de forma 30 on-line evitando, assim, a demora no in put do pedido; ainda existe a possibilidade de consultar o estoque da empresa e informar ao cliente a disponibilidade da mercadoria. ● VMI (Vendor Managed Inventory). O VMI ou Estoque Administrado pelo Fornecedor é uma fer- ramenta muito importante, principalmente, para a cadeia de suprimentos com Just-in-Time. O principal objetivo desta técnica é fazer com que os fornece- dores, por meio de um sistema de EDI, verifique a real necessidade de produto, no momento certo e na quantidade certa. Este recurso tem uma maior funcionalidade para as empresas com grande nú- mero de fornecedores e que possui um amplo mix de produtos. ● ECR (Efficient Consumer Response). O ECR, Resposta Eficiente ao Cliente não é um sistema e nem é uma técnica, mas sim um conjunto de prá- ticas desenvolvidas em conjunto com fabricantes, distribuidores e varejistas com o objetivo de obter ganhos por eficiência nas atividades comerciais e operacionais entre as empresas, prestando, assim, um serviço de qualidade ao consumidor final. Os requisitos para se pôr em prática a filosofia do ECR e fazer os check-outs nas saídas das mercadorias dos pontos de venda (PVs) e o controle. Como o volume de produtos é muito grande, tanto o fornecedor quan- to o varejista se utilizam da coleta de informação acurada e rápida. 31 FLUXOS NA CADEIA DE SUPRIMENTOS Ao referir-se às atividades de uma cadeia de supri- mentos, Ballou (2001) considera que existem ativi- dades-chave e atividades de suporte. As atividades- -chave da cadeia de suprimentos são: padrões de serviço ao cliente; transporte; administração de es- toques; fluxo de informações e processamento de pedidos (procedimentos de interface dos estoques com pedidos de vendas; métodos de transmissão de informações de pedidos; regras de pedidos). As atividades de suporte são: armazenagem, manuseio de materiais, compras, embalagens, cooperação com produção/operações, manutenção de informação (coleta, arquivamento e manipulação de informação; análise de dados; procedimentos de controle). Cabe notar que, assim como Bowersox e Closs (2001), que incluem o envio de informações na defini- ção de cadeia de suprimentos, Ballou (2001) assinala que o fluxo de informações é uma das atividades- -chave da cadeia de suprimentos. Fluxos de informações inadequados podem trazer consequências para todos estes componentes e o grande impacto em função do fluxo de informações inadequado. Os fluxos de informações em cadeias de suprimentos têm sido amplamente estudados nos últimos anos. Para o gerenciamento da cadeia de suprimentos, é 32 fundamental que os fluxos de informações forneçam a visibilidade necessária das informações da cadeia, com qualidade e confiabilidade. A qualidade de dados pode ser definida como o nível de acurácia com que um dado representa as proprie- dades essenciais de uma aplicação. Confiabilidade de dados pode ser definida como o nível de confiança de que o dado está correto. Bowersox e Closs (2001) afirmam que informações precisas e em tempo hábil são, atualmente, cruciais para a eficácia do projeto de sistemas logísticos por três razões básicas: 1. Os clientes consideram que informações sobre status do pedido, disponibilidade de produto, progra- mação de entrega e faturamento são fatores essen- ciais do serviço ao cliente; 2. O objetivo central de redução de estoque em toda a cadeia de suprimentos tem levado os executivos a considerar que a informação pode ser um instrumen- to eficaz na redução de estoque e da necessidade de recursos humanos; 3. A informação aumenta a flexibilidade para decidir como e onde os recursos podem ser utilizados para que se obtenha vantagem estratégica. O fluxo de informações tem um papel muito impor- tante no gerenciamento da cadeia de suprimentos como forma de reduzir as ilhas de informação entre os diferentes nós da cadeia. Isto afeta a comunica- 33 ção e a coordenação, aumenta o custo operacional e reduz a competitividade da cadeia. Em uma cadeia de suprimentos, a comunicação entre os elos passa por um grande número de níveis e é bastante comum a distorção da informação durante o processo de comunicação. Essa distorção pode ter os seguintes efeitos: previsões incorretas de deman- da, falta de produtos e flutuação de preços. Esses efeitos, por sua vez, podem causar problemas do tipo: investimento excessivo em estoque, baixo nível de serviço ao cliente, redução de receitas, capacidade mal planejada, transporte ineficaz, perda de crono- gramas de produção. Um sistema integrado para o gerenciamento da ca- deia de suprimentos envolve a conexão com fornece- dores, clientes e processos internos da organização e representa o próximo nível de evolução em cadeias de suprimento. A disponibilidade de informação de boa qualidade, em tempo hábil, é fator chave para o sucesso da Gestão da Cadeia de Suprimentos. As deficiências mais comuns em qualidade de in- formações enquadram-se em duas categorias: as informações recebidas podem estar incorretas quan- to aos acontecimentos e tendências, gerando avalia- ções e projeções imprecisas; as informações podem estar imprecisas em relação às exigências de um cliente específico, por exemplo: devolução, reposi- ção) e, eventualmente, perda de vendas (BOWERSOXe CLOSS, 2001). 34 O conceito Informação Logística abrange o planeja- mento, controle e implementação de todo o fluxo de dados entre unidades, bem como o armazenamento e provisionamento destes dados. Uma estratégia de sucesso de Informação Logística é desafiadora porque precisa coordenar um grande número de ob- jetivos locais, harmonizar soluções não homogêne- as, gerenciar redundâncias e alinhar os objetivos de curto prazo com os objetivos de longo prazo. A possibilidade de as empresas trocarem informa- ções entre si tem contribuído para a redução da falta de previsibilidade na cadeia de suprimentos sobre a real demanda dos consumidores finais, fator que influencia diretamente a formação de estoques de segurança e escala de produção. A gestão de estoques requer constante disponibili- dade sobre o andamento das decisões e dos níveis de estoque. A obtenção e atualização dos dados necessários, além da transformação destes em informação útil, são os objetivos dos sistemas de controle de estoques. Assim, quando a informação não está disponível, a gestão de estoques não pode ser realizada de forma eficaz, o que pode ocasionar excesso de estoques com aumento de custos ou falta de estoques com perda de vendas. Ballou (2001) considera que os custos da falta de produtos estão associados com vendas posterga- das e vendas perdidas. Em contrapartida, a perda de venda devido à falta de produto para atender a demanda prejudica uma das principais dimensões 35 do nível de serviço logístico: a disponibilidade. Entre a série de complicações decorrentes da falta de pro- duto, podem-se destacar: o resultado negativo para a marca e a perda de fidelidade dos clientes. Uma maneira de se avaliar o custo da venda perdida pode ser calculando-se o produto da margem de contri- buição unitária do produto pelo volume que deixou de ser vendido. As práticas de compartilhamento de informações e planejamento colaborativo entre clientes e fornece- dores visam atenuar o chamado efeito chicote, isto é, o acúmulo de estoques e atrasos ao longo das cadeias de suprimento. O grande problema de uma gestão integrada da cadeia é a limitada visibilidade da demanda real, amplificada por fenômenos como o efeito chicote, que amplifica e distorce a demanda à montante da cadeia. O atual estágio da tecnologia da informação e co- municação tem permitido o compartilhamento de informações entre fornecedores e clientes e criam cadeias formadas por unidades de negócios inde- pendentes e virtualmente integradas. 36 Cliente Distribuidor Fluxo Financeiro e de Informações Fabricante Varejo Fluxo de Produtos e Serviços Fornecedor Figura 4: Fluxos na Cadeia de Suprimento. Fonte: Elaboração própria. 37 TENDÊNCIAS TECNOLÓGICAS As dez tendências tecnológicas para a logística a partir de 2019, segundo o relatório da Gartner Group: Dispositivos autônomos: robôs, drones e veículos autônomos exibirão cada vez mais comportamentos avançados que interagem mais naturalmente com o ambiente e com as pessoas; Análise ampliada: uma área de inteligência aumen- tada usando aprendizado de máquina (machine lear- ning), em vez de cientistas de dados, para automati- zar o processo de preparação de dados, geração e visualização de insight; Desenvolvimento orientado pela Inteligência Artificial – IA: criação de soluções aprimoradas por IA a partir de modelos predefinidos entregues como serviço e designação de codesenvolvedores de inteligência artificial para ajudar os humanos em projetos de desenvolvimento de aplicativos; Gêmeos digitais: representações digitais de entida- des ou sistemas do mundo real que podem ajudar os usuários a aplicar análises e regras para responder aos objetivos de negócios. Borda autônoma: coleta e processamento de dados diretamente nos dispositivos de extremidade usados por pessoas ou incorporados no ambiente ao redor, em vez de servidores centralizados; 38 Experiência imersiva: plataformas de conversação, como realidade virtual (RV), realidade aumentada (RA) e realidade mista (MR), podem mudar a forma como as pessoas percebem o mundo digital; Blockchain: uma espécie de livro organizado, que pode permitir a confiança, fornecer transparência e reduzir o atrito entre os ecossistemas de negócios; Espaços inteligentes: ambientes físicos ou digitais nos quais os seres humanos e os sistemas com tec- nologia interagem de formas cada vez mais abertas, conectadas, coordenadas e inteligentes; Ética e privacidade digital: como as informações pessoais das pessoas estão sendo usadas por or- ganizações nos setores público e privado; Computação quântica: um tipo de computação não clássica que opera no estado quântico de partículas subatômicas e pode lidar com problemas muito com- plexos para abordagens tradicionais ou algoritmos, devido a sua altíssima velocidade de processamento. Embora o Gartner Group tenha identificado essas tendências como temas gerais e abrangentes do setor, cada uma poderia se aplicar especificamente à logística de várias maneiras. 39 SAIBA MAIS: Smart Cities Nós podemos interagir e colher informações des- ses sistemas inteligentes usando nossos smar- tphones, relógios e outros wearables. Mais do que isso, os sistemas vão se comunicar uns com os outros. Caminhões de lixo podem ser alerta- dos de onde tem lixo que precisa ser coletado, e sensores nos nossos carros vão nos direcionar para onde há vagas disponíveis, assim como os ônibus podem atualizar sua localização em tem- po real, o nosso supermercado de preferência enviará os suprimentos necessários faltantes em nossa geladeira (Internet das Coisas), e assim por diante. Disponível aqui. 40 https://www.tecmundo.com.br/tecnologia/49699-wearables-sera-que-esta-moda-pega-.htm https://www.youtube.com/watch?v=dneYymnsM4M CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste módulo, expusemos os conceitos básicos para perfeito entendimento do tema Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos. Trata-se de um tema atual, e que sofre constantemente novas inclusões e modi- ficações. Por um bom tempo ainda vamos nos orien- tar por tais conceitos em busca do aprimoramento profissional necessário, da empregabilidade etc.; e até mesmo da contribuição que podemos deixar para as próximas gerações. Falamos das novas configurações empresariais, mais ainda da sinergia entre os diferentes atores na Cadeia de Suprimentos, o aspecto estratégico da gestão e como isto pode afetar a sobrevivência das empresas; falamos também de parcerias. Aprendemos que a cadeia de suprimentos, por mais complexa que seja, pode e deve ser totalmente inte- grada, e abordamos a importância da Tecnologia da Informação nesta integração. Falamos de Fluxos e, por fim, apresentamos as ten- dências tecnológicas para os próximos anos, fruto de trabalho metodológico bastante apurado, desen- volvido pelo Gartner Group. Enfim, resta-nos desejar um bom aproveitamento dos conceitos aqui discutidos, e, mais ainda, que sejam apenas um “aperitivo” do que o curso como um todo pode lhes oferecer como formação profissional. 41 SÍNTESE ECR – Efficient Consumer Response VMI – Vendor Managed Inventory EDI – Eletronic Data Interchange; Código de Barras; Rastreamento de Frotas com GPS; RFID – Radio Frequency Identification; WMS – Warehouse Management System; As ferramentas integradoras auxiliares na Gestão da Cadeia de Suprimentos são: O aspecto estratégico da gestão e como isto pode afetar a sobrevivência das empresas. Novas configurações empresariais e a sinergia entre os diferentes atores na Cadeia de Suprimentos. Principais tendências tecnológicas para logística a partir de 2019 apontados no relatório da Gartner Group, como os dispositivos autônomos: robôs, drones e veículos autônomos. Os fluxos na Cadeia de Suprimentos para que todos possam fluir adequadamente sem gargalos ou restrições, são eles: informações, financeiro, produtos e as atividades de apoio. Discussão de fluxos, principalmente, do fluxo de informaçõescapaz de suportar as diferentes organizações horizontais, mas que respondem como uma única entidade, como se tivesse atividades verticalizadas. Novas relações interorganizacionais e as alianças logísticas. Conceituação atual da Gestão da Cadeia de Suprimentos, e sua importância em termos de economia global. GESTÃO NA CADEIA DE SUPRIMENTOS Referências Bibliográficas & Consultadas BALLOU, R. H. Gerenciamento da cadeia de supri- mentos/logística empresarial. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2007. [Minha Biblioteca]. BOWERSOX, D.J.; CLOSS, D.J. Logística Empresarial: o processo de integração da cadeia de suprimento. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2001. p.594 CHOPRA, S.; MEINDL, P. Gestão da Cadeia de Suprimentos: estratégia, planejamento e opera- ção. 4. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011. [Biblioteca Virtual]. CHRISTOPHER, M. Logística e gerenciamento da cadeia de suprimentos. São Paulo, SP: Cengage, 2018. [Minha Biblioteca]. CORONADO, O. Logística integrada: modelo de gestão. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2013. [Minha Biblioteca]. FAHAL, C.R.; AZEVEDO, M. M.; GALHARDI, A.C.; AKABANE, G. Gestão de produtividade em opera- ções logísticas. São Paulo: Ed. Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza, 131p, 2015. GOMES, Carlos Francisco Simões. Gestão da cadeia de suprimentos integrada à tecnologia da informação. Priscilla Cristina Cabral Ribeiro. 2. ed. revista e atualizada. São Paulo: Cengage Learning; Rio de Janeiro: Editora Senac Rio de Janeiro, 2013. LEE, H. L.; WHANG, S. Gestão da e-scm, a cadeia de suprimentos eletrônica. HSM Management. São Paulo. Editora HSM Management, n.30, pp. 109-116, jan-fev 2002. NOGUEIRA, A. S. Logística empresarial: um guia prático de operações logísticas. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2018. [Minha Biblioteca]. PANETTA, K. As 10 principais tendências es- tratégicas de tecnologia do Gartner para 2019. Disponível em: https://www.gartner.com/smar- terwithgartner/gartner-top-10-strategic-technology- -trends-for-2019/. Acesso em: 18 out. 2019. PIRES, S. R. I. Gestão da cadeia de suprimentos (Supply Chain management): conceitos, estra- tégias, práticas e casos. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2016. [Minha Biblioteca]. POZO, H. Logística e gerenciamento da cadeia de suprimentos: um enfoque para os cursos superio- res de tecnologia. São Paulo: Atlas, 2015. [Minha Biblioteca]. https://www.gartner.com/smarterwithgartner/gartner-top-10-strategic-technology-trends-for-2019/ https://www.gartner.com/smarterwithgartner/gartner-top-10-strategic-technology-trends-for-2019/ https://www.gartner.com/smarterwithgartner/gartner-top-10-strategic-technology-trends-for-2019/ _GoBack Introdução Conceituação Geral Modelos de Parcerias Integração na Cadeia de Suprimentos Fluxos na Cadeia de Suprimentos Tendências Tecnológicas Considerações finais Síntese