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<p>2.8 Madeiras</p><p>Condições de conclusão</p><p>Concluído</p><p>Nesta aula iremos conhecer as vantagens e desvantagens do uso das</p><p>madeiras nas edificações. Também vamos reconhecer os processos de</p><p>obtenção da madeira e as características que condicionam o uso das</p><p>mesmas. Além disso vamos compreender o processo de beneficiamento e</p><p>os tipos de madeiras transformadas.</p><p>Utilização das madeiras como material de construção</p><p>A madeira é um produto vegetal extraído do caule das árvores,</p><p>tradicionalmente aplicada em edificações como material de telhados,</p><p>esquadrias ou pisos, encontrando ainda aplicações na fabricação de</p><p>móveis, instrumentos musicais, embarcações e inúmeros artefatos.</p><p>Vantagens:</p><p>• Material que resiste simultaneamente a esforços de tração,</p><p>compressão, flexão, torção e cisalhamento, com menor massa</p><p>específica que outros materiais;</p><p>• Pode ser produzida em peças de grandes dimensões estruturais que</p><p>rapidamente se desdobram em peças menores;</p><p>• Pode ser trabalhada com ferramentas simples e ser reempregada;</p><p>• Apresenta boas características de isolamento térmico e acústico.</p><p>Desvantagens:</p><p>• É material anisotrópico, heterogêneo e higroscópico, características</p><p>que são próprias de sua constituição orgânica, fibrosa e orientada;</p><p>• É vulnerável a microrganismos e sua durabilidade é limitada, caso</p><p>não seja submetida a processos de impermeabilização e</p><p>impregnação de substâncias inseticidas;</p><p>• É mais sensível à variação de temperatura que outros materiais de</p><p>mesma aplicação, assim como também é mais suscetível a absorver</p><p>umidade;</p><p>• Apresenta-se sob formas limitadas: alongadas e de seção reta</p><p>transversal reduzida;</p><p>• É um material de produção demorada e, se explorada</p><p>irracionalmente, compromete a fauna, a flora e toda a vida no</p><p>planeta.</p><p>As madeiras utilizadas na construção civil são provenientes do tronco das</p><p>árvores (lenho). Considerando um corte transversal, como o mostrado na</p><p>figura abaixo, é possível identificar as partes que compõem a sua seção</p><p>reta.</p><p>Figura 1 - Seção típica de um tronco de árvore</p><p>Fonte: CTISM, adaptado de http://3.bp.blogspot.com/_yanFywfi8LI/R7o1SRm9UGI/AAAAAAAAABU/AyUOFcRJVPg/s320/SEC%</p><p>Descrição da imagem: Tem-se camadas, sendo que do centro até a casca, existem nomeações. Seguindo essa ordem para as nomeações, temos a Medula,</p><p>o Cerne, os Vasos, os Anéis de Crescimento, o Alburno, o Câmbio e a Casca.</p><p>• Casca: revestimento externo endurecido que protege a árvore dos</p><p>agentes externos.</p><p>• Câmbio: é uma fina camada, constituída por células em</p><p>permanente transformação. Nela acontece a transformação da</p><p>seiva elaborada (açúcares e amidos) em lignina e celulose,</p><p>principais constituintes do tecido lenhoso, bem como o crescimento</p><p>transversal do vegetal pela adição de novas camadas concêntricas</p><p>e periféricas (anéis de crescimento).</p><p>• Lenho: constitui a porção maior e útil do tronco para a produção de</p><p>peças estruturais. É formado por duas camadas: o alburno e o cerne.</p><p>• Alburno: camada mais externa do lenho de cor clara, formada por</p><p>células vivas. Apresenta menor dureza, menor resistência mecânica</p><p>e menor durabilidade.</p><p>• Cerne: camada mais interna do lenho formado por células mortas.</p><p>Nele, houve alteração do alburno que tiveram as células</p><p>impregnadas de taninos, ligninas e materiais corantes apresentando-</p><p>se com elevada dureza, resistência e compacidade.</p><p>• Vasos (medulares): são células lenhosas que se desenvolvem no</p><p>sentido radial ligando as diversas camadas do tronco fazendo, além</p><p>de uma amarração natural dessas camadas, o transporte da seiva</p><p>para elas. Também são chamados de raios medulares.</p><p>Classificação das madeiras</p><p>As madeiras são classificadas principalmente em função de sua espécie</p><p>botânica, mas também podem ser diferenciadas em função de suas</p><p>propriedades e aplicações. Segundo Petrucci (1982), uma dessas</p><p>classificações, adaptada às finalidades tecnológicas, que pode nos</p><p>interessar é a seguinte:</p><p>• Madeiras finas: são madeiras utilizadas em serviços de marcenaria e</p><p>mobiliários. Entre elas, figuram o louro, a cerejeira, o cedro e a</p><p>sucupira.</p><p>• Madeiras duras: são empregadas em construções como peças</p><p>estruturais de vigas e colunas em função de sua resistência e</p><p>durabilidade. Entre elas figuram: a imbuia, a peroba e a canela.</p><p>Muitas receberam o nome de “Madeira de Lei” (em função da</p><p>exclusividade que a Coroa Portuguesa tinha na época do Brasil</p><p>Império) e foram reservadas para a construção de navios e</p><p>dormentes de ferrovia. Entre as madeiras duras, encontramos o</p><p>mogno, o angico, o jacarandá e o ipê.</p><p>• Madeiras resinosas: são madeiras de amplo uso em construções</p><p>devido às suas excelentes características de trabalho e resistência</p><p>mecânica. Necessitam, porém, de proteção contra intempéries e</p><p>agentes de destruição. São exemplos de madeiras resinosas:</p><p>angelim, cabriúva, jatobá, entre outras que também estão citadas</p><p>como exemplos de madeiras duras.</p><p>Produção de madeiras</p><p>Nesta etapa, vamos entender a produção de madeiras, como a sua</p><p>disponibilidade para o uso. É o caminho percorrido da floresta à</p><p>edificação, compreendendo basicamente: corte, toragem, falquejo,</p><p>desdobro, aparelhamento e secagem.</p><p>Em uma exploração racional, consciente e ecológica, a produção é</p><p>precedida por estudos de prospecção, medida das espécies que serão</p><p>abatidas e serviços posteriores de replantio, reflorestamento e recuperação</p><p>ambiental.</p><p>Corte</p><p>O corte é o abate da árvore.</p><p>Logo após o corte, a árvore começa a perder água com facilidade,</p><p>iniciando a secagem. Durante todo o processo de produção da madeira</p><p>haverá perda de umidade, onde o controle dessa perda assumirá grande</p><p>importância, tanto na qualidade das peças, quanto no seu melhor uso e</p><p>durabilidade.</p><p>Toragem</p><p>Etapa da produção da madeira realizada ainda na floresta. Consiste no</p><p>desgalhamento da árvore e o corte do tronco em toras de medidas entre</p><p>quatro e sete metros, de modo a facilitar o transporte para as serrarias.</p><p>Falquejo</p><p>Etapa realizada nas serrarias que consiste na remoção de quatro</p><p>costaneiras de maneira a deixar a tora com uma seção grosseiramente</p><p>retangular. As costaneiras serão, posteriormente, desdobradas em peças</p><p>menores e os resíduos poderão ser aproveitados para a produção de</p><p>madeira transformada.</p><p>Figura 2 - Seção de um tronco onde foram removidas quatro costaneiras</p><p>Fonte: CTISM, adaptado de</p><p>http://4.bp.blogspot.com/_yanFywfi8LI/R8cRILgav4I/AAAAAAAAACg/ScbXenYSmmc/s320/sistemas+de+corte.bmp</p><p>Desdobro ou desdobramento</p><p>Operação final na produção de peças brutas. Após o falquejo, utiliza-se</p><p>serras de fita ou circulares para que as toras sejam cortadas</p><p>longitudinalmente, obtendo-se peças chamadas de pranchões.</p><p>Desdobro normal: pranchões paralelos. Após o falquejo, a tora é cortada</p><p>longitudinalmente, formando pranchões.</p><p>Figura 3 - Desdobro normal</p><p>Fonte: CTISM, adaptado de http://4.bp.blogspot.com/_yanFywfi8LI/R8cRILgav4I/AAAAAAAAACg/ScbXenYSmmc/s320/sistemas+de+corte.bmp.</p><p>Desdobro radial: pranchões paralelos, mas perpendiculares aos anéis de</p><p>crescimento. Também chamado de “em quartos”.</p><p>Figura 4 - Desdobro radial</p><p>Fonte: CTISM, adaptado de http://4.bp.blogspot.com/_yanFywfi8LI/R8cRILgav4I/AAAAAAAAACg/ScbXenYSmmc/s320/sistemas+de+corte.bmp.</p><p>Descrição da imagem: Tem-se uma tora após o falquejo. No centro da tora, tem-se um corte em formato de losango, sendo que sai uma linha de cada</p><p>ponta do losango. Criando então quatro seções, sendo que cada seção possui diversos cortes diagonais em que metade dos cortes se conectam aos cortes</p><p>de uma seção, e a outra metade aos cortes de outra, formando então pranchões perpendiculares.</p><p>Nesta opção de desdobro são obtidos os melhores pranchões, que</p><p>apresentarão menores contrações na largura, menores empenos e rachas</p><p>durante a secagem, maior homogeneidade de superfície, melhor</p><p>resistência e mais uniformidade ao longo das peças. Contudo, não é o</p><p>desdobramento</p><p>usual para peças utilizadas na construção civil devido ao</p><p>seu custo elevado. Geralmente, são aplicados para madeiras utilizadas na</p><p>construção naval e na confecção de instrumentos musicais, onde o custo</p><p>e a qualidade do objeto final se justifiquem.</p><p>Desdobro misto</p><p>Figura 5 - Desdobro misto</p><p>Fonte: CTISM, adaptado de http://4.bp.blogspot.com/_yanFywfi8LI/R8cRILgav4I/AAAAAAAAACg/ScbXenYSmmc/s320/sistemas+de+corte.bmp.</p><p>Aparelhamento</p><p>Operação onde são obtidas as peças menores, em bitolas comerciais, a</p><p>partir dos pranchões desdobrados.</p><p>Quadro 1 - Dimensões das peças aparelhadas</p><p>Nome Espessura (cm) Largura (cm)</p><p>Pranchão > 8 > 20</p><p>Prancha 4 – 8 > 20</p><p>Viga > 4 11 – 20</p><p>Vigota 4 – 8 8 – 11</p><p>Caibro 4 – 8 5 – 8</p><p>Tábua 1 – 4 > 10</p><p>Sarrafo 2 – 4 2 – 10</p><p>Ripa < 2 < 10</p><p>Fonte: Adaptado de Petrucci, 1979, p. 128</p><p>Secagem</p><p>É a etapa que segue após o aparelhamento, pois as peças ainda contêm</p><p>umidade acima da indicada para qualquer uso. A partir de agora, a</p><p>secagem será conduzida com mais cuidado para não ocasionar defeitos</p><p>nas peças. A saída da água, normalmente acompanhada por aumento</p><p>de temperatura, gera espaços vazios, os quais produzem contrações e</p><p>expansões. Esses efeitos, que operam em sentidos contrários, são</p><p>responsáveis por empenos e trincas.</p><p>Há dois tipos de secagem:</p><p>• Natural: é a secagem obtida pela exposição da madeira ao ar e</p><p>protegida de sol. Nesta situação, a madeira fica empilhada de</p><p>modo que o ar possa circular por ela. As chuvas, ao contrário do</p><p>que possa parecer, podem até auxiliar na secagem, ajudando a</p><p>dissolver a água de difícil evaporação que está combinada com</p><p>solução coloidal e outras substâncias da madeira. Em muitas</p><p>estações de tratamento, a madeira em estágio de secagem é</p><p>lavada periodicamente em água corrente.</p><p>• Artificial: é a secagem acelerada realizada em estufas, onde se</p><p>empregam técnicas e cuidados para regular as temperaturas</p><p>alcançadas com os graus de umidade do ambiente.</p><p>Este material foi baseado em:</p><p>LARA, Luiz. Materiais de Construção. Instituto Federal do Norte de Minas</p><p>Gerais/Rede e-Tec Brasil, Ouro Preto: 2013.</p>