Logo Passei Direto
Material
Study with thousands of resources!

Text Material Preview

2018
Documento 
de Análise
PERÍODO 1990 - 2016
Coordenação Técnica
ICLEI - Governos Locais pela Sustentabilidade
Autores
Igor Reis de Albuquerque e Iris Moura Esteves Coluna - ICLEI
Revisão
Hélinah Cardoso Moreira
Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ)
 Talita Esturba
World Resources Institute Brasil (WRI Brasil)
2018
Documento 
de Análise
EMISSÕES 
DO SETOR DE 
RESÍDUOS
2
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
RESUMO 
EXECUTIVO
• No ano de 2016, as emissões setor de Resíduos totalizaram 91,97 milhões 
de toneladas (Mt) de CO2 equivalente (CO2e), cerca de 4% das emissões 
nacionais. O setor compreende a disposição fi nal de resíduos sólidos urbanos 
(RSU), a incineração de resíduos de serviço de saúde (RSS) e resíduos sólidos in-
dustriais (RSI) e o tratamento e afastamento de efl uentes líquidos domésticos 
e industriais. Entre 1970 e 2016, a contribuição média do setor foi de 2,78% do 
total de gases-estufa emitidos no Brasil.
• 57,5% das emissões do setor em 2016 (52,92 milhões de toneladas de CO2e) 
foram provenientes da disposição fi nal de RSU. Apesar de o subsetor ser 
marcado historicamente pelo seu crescimento exponencial, entre 2015 e 2016 
foi observada uma redução de 2,2% das suas emissões de GEE. Esse com-
portamento está relacionado à recessão: observou-se uma redução de 198,75 
mil toneladas de RSU coletadas em 2015 diariamente para 195,78 mil tonela-
das em 2016. 
• O tratamento e afastamento de efl uentes líquidos industriais respondeu 
por 22,7% (20,9 milhões de toneladas de CO2e) do total do setor. O subsetor 
apresenta um comportamento de emissões distinto do observado para efl uen-
tes domésticos, pois as emissões estão diretamente correlacionadas com a 
produção industrial, a qual está suscetível a oscilações provocadas por aspec-
tos econômicos. Para todo o período analisado, de 1970 a 2016, foi possível 
observar a predominância de emissões associadas à produção de papel e celu-
lose, açúcar e álcool. Foram analisadas nove indústrias: i) Produção de açúcar; 
(ii) Produção de álcool; Iii) Produção de cerveja; iv) Produção de carne bovina; 
v) Produção de carne suína; vi) Produção de carne avícola; vii) Produção de leite 
cru; viii) Produção de leite pasteurizado e ix) Produção de celulose e papel.
• O tratamento de efl uentes líquidos domésticos respondeu por 19,4% das 
emissões do setor, ou 17,85 milhões de toneladas de CO2e em 2016. Na totali-
dade do período analisado, de 1970 a 2016, estima-se que tenham sido emitidas 
488 milhões toneladas de CO2e, com uma característica exponencial de cresci-
mento. O comportamento observado está associado ao crescimento populacional 
e à aplicação de diferentes tipos de tratamento, acompanhada da ampliação da 
cobertura de sistemas de coleta e tratamento de efl uentes líquidos domésticos. 
3
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
RESUMO 
EXECUTIVO
• A menor parte das emissões do setor de Resíduos vem da incineração de 
RSS e RSI: 288,66 mil toneladas de CO2e, ou 0,3% do total em 2016. Em 1990, 
foi responsável pela emissão de 22,27 mil toneladas de CO2e, o que representa 
um crescimento próximo a 1.200% no período analisado. O aumento das 
emissões pela incineração de RSI pode estar associado às taxas de crescimento 
da economia no Brasil, que avançaram consideravelmente no período 1990-
2016, acompanhadas pelo aumento do consumo e da atividade industrial.
• Em 2016, três dos quatro Estados que mais emitiram GEE no setor de Resí-
duos estavam na região Sudeste (São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro) 
e um na Sul (Paraná). Esse comportamento reforça a forte infl uência popula-
cional atribuída ao setor. Em contrapartida à predominância do Sudeste, ob-
serva-se que os seis Estados que menos contribuem localizam-se na macrorre-
gião Norte, que apresentam os menores índices populacionais e baixas taxas 
de acesso a serviços de saneamento.
• As emissões do setor de resíduos estão principalmente condicionadas à com-
plexidade do estilo de vida nas cidades. A contribuição do setor é pequena se 
forem analisadas as emissões em âmbito nacional. No entanto, ao analisar o 
contexto urbano, nota-se um padrão comportamental bastante diversifi cado, 
onde o tratamento e disposição fi nal de resíduos sólidos e líquidos podem 
atingir contribuições percentuais médias de 10% a 20% no total de emis-
sões de GEE em diferentes municípios no Brasil.
• Para o setor atingir seu alto potencial de abatimento de emissões de gases 
de efeito estufa, as políticas e os instrumentos específi cos do setor, como a 
Política Nacional de Saneamento Básico (PNSB) e a Política Nacional de Resí-
duos Sólidos (PNRS) precisam conversar mais diretamente com as questões 
climáticas, buscando compreender a sinergia intersetorial e incentivar boas 
práticas no setor de saneamento, contextualizadas com as questões de en-
frentamento às mudanças climáticas. 
• Grande parte dos municípios brasileiros ainda não se adequaram aos 
marcos regulatórios do setor e, mesmo em relação aos que estão em con-
formidade, não se observa uma intersetorialidade com a temática de mudan-
4
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
RESUMO 
EXECUTIVO
ças climáticas. Diante do alto potencial de mitigação observado nas cidades, é 
necessário capacitar técnicos e gestores públicos de modo que a busca pela 
universalização seja acompanhada por políticas que também contribuam para 
o abatimento de emissões de gases de efeito estufa.
Este documento integra a série anual de relatórios analíticos do SEEG, o Sistema de 
Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa, uma iniciativa do 
Observatório do Clima. O SEEG compreende a produção de estimativas anuais das 
emissões de gases de efeito estufa (GEE) no Brasil, análises sobre a evolução das 
emissões e um portal na internet para disponibilização, de forma simples e clara, 
dos métodos e dados do sistema.
As estimativas de emissões e remoções de GEE são geradas segundo as diretrizes do 
Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), com base nos dados 
dos Inventários Brasileiros de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases do Efeito 
Estufa, elaborados pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações 
(MCTIC), e em dados obtidos junto a relatórios governamentais, institutos, centros de 
pesquisa, entidades setoriais e organizações não governamentais.
São avaliados os cinco setores fontes de emissões: Mudança de Uso da Terra e 
Florestas (MUT), Agropecuária, Resíduos, Energia e Processos Industriais e Uso de 
Produtos. Os dados disponibilizados no SEEG constituem uma série que cobre o pe-
ríodo de 1970 até 2016, exceto para o setor MUT, que tem a série de 1990 a 2016. 
Além disso, os dados do SEEG são alocados nos 26 Estados e no Distrito Federal.
5
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
ÍNDICE
Lista de Figuras 6
LIsta de Quadros 8
1. Introdução 9
2. Emissões de GEE no Setor de Resíduos no período 1970-2016 14
 2.1 Análises das emissões por subsetor 18
 2.1.1 Disposição fi nal adequada ou inadequada de RSU 18
 2.1.2 Incineração de resíduos de serviço de saúde (RSS) e de25
resíduos sólidos industriais (RSI) 25
 2.1.3 Tratamento e afastamento de efl uentes líquidos domésticos 28
 2.1.4 Tratamento de efl uentes líquidos industriais 32
 2.2 Análises das emissões por Estado 35
 2.3 Análise e limitações dos dados 44
3. Trajetória, metas e compromissos 47
 3.1 Política Nacional de Saneamento Básico 47 
3.2 Política Nacional sobre Mudança do Clima 50
 3.3 Política Nacional de Resíduos Sólidos 52
 3.4 Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) 56
 3.5 Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas 57
4. Recomendações 60
 4.1 Aperfeiçoamento e transparência das informações disponíveis 60
 4.2 Tratamento e disposiçãofi nal de resíduos sólidos urbanos 60
 4.3 Incineração de resíduos especiais 62
 4.4 Tratamento e afastamento de efl uentes líquidos domésticos 62
 4.5 Tratamento e afastamento de efl uentes líquidos industriais 63
 4.6 Recomendações gerais para as políticas nacionais e a estratégia 
nacional para a implementação da NDC 63
5. Contextualização nas cidades 67
6. Referências 73
6
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 
Emissões de GEE pelo setor de resíduos (1970-2016) 14
Figura 2
Contribuição (%) por subsetor nas emissões totais de GEE 15
Figura 3
Emissões de GEE desagregadas por subsetor (1970-2016) 16
Figura 4
Emissões por tipo de GEE 17
Figura 5
Emissões de GEE provenientes da disposição fi nal de RSU (1970-2016) 18
Figura 6
Percentual estadual de disposição fi nal adequada de 
resíduos sólidos urbanos (2016) 20
Figura 7
Potencial de geração de metano para diferentes tipos de disposição fi nal 22
Figura 8
Contribuição macrorregional no total de emissões de GEE 24
Figura 9
Emissões de GEE desagregadas pela incineração de RSI e RSS (1990-2016) 25
Figura 10
Contribuição por tipo de resíduos nas emissões totais 26
Figura 11
Emissões de GEE decorrentes do tratamento e afastamento 
de efl uentes líquidos domésticos (1970-2016) 29
Figura 12
Relação entre as emissões de CH4 e o número de habitantes 
com escoadouro (1970-2016) 30
Figura 13
Emissões de GEE desagregadas por setores industriais (1970-2016) 33
7
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
Figura 14
Contribuição percentual dos setores industriais no total 
de emissões, para anos de interesse 34
Figura 15
Emissões totais de GEE desagregadas por subsetor e estado (2016) 37
Figura 16
Emissões totais de GEE provenientes da disposição fi nal de RSU 
do Estados brasileiros em anos de interesse 39
Figura 17
Emissões totais de GEE provenientes da incineração de RSS 
e RSI dos Estados brasileiros em anos de interesse 40
Figura 18
Emissões totais de GEE provenientes do tratamento e afastamento 
de efl uentes dos Estados brasileiros em anos de interesse 41
Figura 19
Emissões totais de GEE provenientes do tratamento de efl uentes 
líquidos industriais em anos de interesse 42
Figura 20
Contribuição percentual de cada atividade industrial nas emissões 
de GEE pelo tratamento de efl uentes líquidos industriais em 2016 43
Figura 21
Hierarquia na gestão de resíduos. 61
Figura 22
Cenários de emissões do setor de resíduos, segundo o projeto 
“Opções de Mitigação de Emissões de GEE em Setores-chave no Brasil” 65
Figura 23
Distribuição de municípios no Brasil por faixa populacional 68
Figura 24
Distribuição da população no Brasil pelo tamanho dos municípios 
(faixas populacionais) quanto ao número de habitantes 69
LISTA DE FIGURAS
Quadro 1 
Emissões de GEE por resíduos desagregadas por Estado e macrorregião (2016) 36
Quadro 2
Metas estipuladas no Plano Nacional de Saneamento Básico 49
Quadro 3
Metas apresentadas no Plano Nacional de Resíduos Sólidos 53
Quadro 4
Medidas prioritárias e ações de curtos prazo elencadas 
pelo CT Cidadas e Resíduos 58
Quadro 5
Medidas de baixo carbono elencadas no Projeto 
“Opções de Mitigação de Emissões de GEE em Setores-chaves 
no Brasil” e seus potencias custos de abatimento 65
Quadro 6
Diagnóstico municipal da elaboração de PGIRS’s e disposição 
fi nal de RSU por faixas populacionais 70
LISTA DE QUADROS
8
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
9
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
1. INTRODUÇÃO
A geração de resíduos, sua destinação e sua disposição fi nal são inerentes à sociedade 
e produzem emissões de gases de efeito estufa, que agravam as mudanças climáticas. A 
plataforma SEEG, iniciativa desenvolvida pelo Observatório do Clima (OC), em sua versão 
5.0, contempla a estimativa de emissões de gases de efeito estufa (GEE) associadas ao 
setor de Resíduos entre os anos de 1970 e 2016.
O setor contempla a estimativa de emissões de emissões de dióxido de carbono (CO2), 
metano (CH4) e óxido nitroso (N2O) provenientes de tratamento e disposição fi nal dos 
resíduos sólidos urbanos, incineração de resíduos industriais e de serviço de saúde e 
tratamento e afastamento de efl uentes líquidos domésticos e industriais. Os tópicos 
a seguir se destinam a explicar brevemente cada subsetor que compõe o atual cená-
rio de gestão de resíduos. 
Disposição fi nal de resíduos sólidos urbanos 
Resíduos sólidos urbanos (RSU) são defi nidos como os resíduos domésticos gera-
dos em áreas urbanas, incluindo os materiais decorrentes de atividades de varrição, 
limpeza de logradouros, vias públicas e outros serviços de limpeza (Brasil, 2010a). É 
considerada a questão mais problemática do setor de Resíduos: estima-se que, glo-
balmente, são gerados 1,5 bilhão de toneladas (Gt) anualmente, com previsão de au-
mento para aproximadamente 2,2 Gt para o ano de 2025 (IPCC, 2014). De acordo com 
o Quinto Relatório de Avaliação (AR5)1 do Painel Intergovernamental sobre Mudanças 
Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), do total atual de resíduos gerados no ambiente 
urbano em todo o planeta, cerca de 300 milhões de toneladas (Mt) (20%) são recicla-
das, 200 Mt (13%) são tratadas com recuperação energética, 200 Mt são dispostas 
em aterros sanitários (13%) e 800 Mt (53%) são dispostas em aterros controlados ou 
vazadouros a céu aberto (lixões). 
A gestão de RSU no Brasil é caracterizada pela baixa valorização biológica, física e ener-
gética: o material coletado é encaminhado para disposição fi nal em aterros ou lixões, 
1 As avaliações do IPCC fornecem uma base científi ca para que os governos em todos os níveis desenvolvam políticas 
associadas ao enfrentamento às mudanças climáticas. Os relatórios são escritos por centenas de cientistas líderes 
que oferecem seu tempo e experiência como coordenadores e autores dos estudos. Disponível em <https://www.
ipcc.ch/pdf/assessment-report/ar5/wg3/ipcc_wg3_ar5_chapter10.pdf > Acesso em 12 de junho de 2017 
10
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
observando-se insignifi cantes índices de contribuição de alternativas de valorização 
como, por exemplo, a reciclagem dos resíduos orgânicos (compostagem) ou dos secos. 
A matéria orgânica contida nos resíduos sólidos, quando depositada em lixões ou 
aterros e em condições de ausência de oxigênio livre (anaeróbicas), sofre a ação de 
bactérias geradoras de metano, em um processo denominado metanização, com 
a produção de biogás. O biogás é composto majoritariamente por metano (50% a 
70%)2 e qualifi cado como um GEE. O processo de liberação de CH4 de uma quanti-
dade específi ca de resíduos em aterros diminui gradativamente nas décadas subse-
quentes (IPCC, 2006). 
O metano é um poluente com vida relativamente na curta na atmosfera. Apresenta 
efeitos nocivos à saúde e ao ambiente, além de ser considerado um gás com potencial 
28 vezes maior que o do CO2 de agravar o efeito estufa.
Incineração de resíduos de serviços de saúde (RSS) 
e resíduos sólidos industriais (RSI)
A incineração é um processo termoquímico de tratamento de resíduos, que consiste na 
combustão de resíduos sólidos e líquidos em usinas com processos controlados, com 
consequente redução do volume e da periculosidade dos resíduos.
O material incinerado produz gases de combustão, podendo ser fonte de energia gra-
ças à geração de vapor superaquecido em caldeiras de recuperação de calor. Essa 
energia recuperada pode ser utilizada para produzir eletricidade (ABRELPE, 2015).
Resíduos sólidos urbanos, resíduos sólidos industriais (RSI) e resíduos de serviços de 
saúde (RSS) podem ser incinerados. No entanto, a prática de incineração de RSU é mais 
comum em países com pouca disponibilidade de áreas e com sistemasde gestão e ge-
renciamento mais avançados3. Outro aspecto signifi cativo na aplicação da incineração 
como rota de tratamento é o poder calorífi co (PC) do material, o qual indica a quanti-
2 O biogás também é composto por dióxido de carbono (30 a 45%), no entanto por ter origem biogênica, o CO2 não é 
quantifi cado como GEE. 
3 O Japão encaminhou 79% dos seus resíduos para a incineração em 2008. Enquanto a União Europeia tratou 22% dos 
seus resíduos sólidos com a tecnologia de incineração (FADE, 2014). 
1. INTRODUÇÃO
11
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
dade de energia útil que pode ser liberada no processo de queima do resíduo. Quanto 
maior o PC4, maiores potências são liberadas no interior do incinerador e maiores tem-
peraturas são atingidas (Pavan, 2010). 
O Brasil é caracterizado pela baixa aplicabilidade de rotas de tratamento térmicas, 
sendo a incineração utilizada predominantemente para o tratamento de RSS e RSI. A 
incineração é fonte de emissões de GEE, mais signifi cativamente de CO2 e com meno-
res contribuições de emissão de N2O e CH4
5 (IPCC, 2006). Alguns importantes poluen-
tes relacionados à combustão (como compostos orgânicos não voláteis, monóxido de 
carbono e óxidos sulfúricos), apesar de não serem estimados por não apresentar im-
pactos diretos signifi cativos nas emissões de GEE, também são emitidos e devem ser 
inventariados em sistemas próprios. 
Tratamento e afastamento de efl uentes líquidos 
O esgotamento sanitário se constitui pelas atividades, infraestruturas e instalações 
operacionais de coleta, transporte, tratamento e disposição fi nal adequada de efl uen-
tes domésticos, desde as ligações prediais até seu lançamento fi nal no meio ambiente 
(MADEIRA, 2010). 
Efl uentes líquidos são gerados a partir de uma variedade de atividades, que podem ser 
domésticas, comerciais ou industriais. O tipo de atividade da qual o efl uente é gerado 
impacta diretamente na composição das águas servidas e, portanto, no seu potencial 
de emissão de GEE. 
O material originado, por sua vez, pode ser tratado in situ (não coletado), coletado e 
tratado em estações de tratamento ou descartado diretamente em corpos hídricos 
(IPCC, 2006). No geral, países desenvolvidos apresentam sistemas centrais com trata-
mentos aeróbicos/anaeróbicos, enquanto países em desenvolvimento normalmente 
possuem baixas taxas de coleta e tratamento de efl uentes líquidos. 
4 O cálculo do Poder Calorífi co do RSU é bastante complexo e a nível nacional são observadas poucas pesquisas nessa 
área de estudo. 
5 A estimativa elaborada no âmbito da iniciativa SEEG apenas quantifi cou as emissões de CO2 e N2O relacionadas 
relacionadas ao tratamento por incineração, por seguir a metodologia utilizada no 3º Inventário brasileiro de 
emissões e remoções de GEE.
1. INTRODUÇÃO
12
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
Quando a matéria orgânica presente nos efl uentes líquidos é degradada em condições 
anaeróbicas, o tratamento e afastamento de efl uentes pode ser fonte de emissão de 
metano. Já a degradação de componentes de nitrogênio (como, por exemplo, ureia, ni-
tratos e proteínas), é responsável pela emissão de óxido nitroso. O AR5 afi rma que as 
emissões de CH4 e N2O cresceram exponencialmente no mundo nas últimas décadas, 
atingindo valores de 667 Mt e 108 Mt de CO2e, respectivamente, em 2010.
De acordo com o Atlas Esgotos6 publicado pela Agência Nacional de Águas, as redes co-
letoras de esgotos alcançam 61,4% da população urbana brasileira (18,8% dos efl uen-
tes são coletados e não tratados e 42,6% são coletados e efetivamente tratados). Os 
tipos de tratamento mais adotados no Brasil são: lagoa anaeróbica seguida de lagoa 
facultativa, conhecido como sistema australiano; apenas reator anaeróbico; tanque 
séptico associado a fi ltro anaeróbico; apenas lagoa facultativa; e reator anaeróbico 
seguido de fi ltro biológico.
O setor de saneamento no Brasil, em especial o tratamento de efl uentes líquidos e de 
RSU, é marcado pelo défi cit histórico, impactando diretamente a qualidade de vida de 
seus habitantes. O setor também se qualifi ca com um alto potencial de abatimento de 
emissões de GEE, onde a busca pela universalização do acesso aos serviços de sanea-
mento deve ser acompanhada por boas práticas de gerenciamento que priorizem a 
redução de emissões.
O objetivo do presente documento é proporcionar uma leitura crítica das estimativas 
de emissões do setor de resíduos, bem como apresentar o atual arranjo institucio-
nal brasileiro quanto aos sistemas de gestão e gerenciamento de resíduos. Por fi m, 
são feitas recomendações de ações setoriais que podem refletir no enfrentamento às 
mudanças do clima. 
6 Disponível em http://atlasesgotos.ana.gov.br/. Acesso em: 23 de março de 2018
1. INTRODUÇÃO
13
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
O ICLEI é a principal associação mundial de governos locais dedicados ao desenvolvi-
mento sustentável, cuja rede global conecta mais de 1.500 governos de estados e cidades 
de diversos portes, em mais de 100 países. Movido pela causa de mobilizar os governos 
locais para construir cidades mais sustentáveis, o ICLEI oferece apoio para que desen-
volvam suas políticas e ações pela sustentabilidade. Orienta-se pela premissa básica de 
que iniciativas elaboradas e dirigidas localmente podem fornecer uma maneira efi caz e 
economicamente efi ciente para alcançar objetivos locais, nacionais e globais.
Ao longo de sua trajetória pioneira de mais de 25 anos, tem promovido a articulação de 
cidades, estados e regiões pela agenda do desenvolvimento sustentável e está presente 
em todas as regiões do mundo, por meio de 17 escritórios e secretariados regionais.
O Secretariado para América do Sul conecta seus mais de 55 membros em 8 países a este 
movimento global. Ao longo destes anos, destacou-se no desenvolvimento e execução 
de projetos nas temáticas de: Clima e Desenvolvimento de Baixo Carbono, Resiliência, 
Resíduos Sólidos, Compras Públicas Sustentáveis, Biodiversidade Urbana, dentre outros.
1. INTRODUÇÃO
14
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
No ano de 2016, as emissões do setor de resíduos totalizaram 91,97 milhões de to-
neladas de CO2 equivalente (Mt CO2e)
7, representando em torno de 4% das emissões 
nacionais. No período de 1970 a 2016, as emissões acumuladas do setor de resíduos 
assumiram o valor de 1,738 bilhão de toneladas de CO2e, que por sua vez representam 
2,78% no valor total de emissões acumuladas do Brasil.
Apesar da baixa contribuição do setor de resíduos nas emissões de GEE. Analisando os 
dados do período 1970-1990, anterior ao processo de intensifi cação da urbanização e 
de políticas de encaminhamento de RSU para disposição fi nal em aterros sanitários, ob-
serva-se o aumento de 142% nas emissões de GEE. Já em relação ao período 1990-2016, 
o crescimento observado foi de 186%. A Figura 1 apresenta as emissões totais do setor.
F igura 1 - Emissões de GEE pelo setor de resíduos (1970-2016)
Fonte: Elaboração própria
Conforme pode ser observado na Figura 1, o setor é marcado pelo crescimento exponen-
cial das emissões até o ano de 2010, com posterior estabilização e crescimento menos 
acentuado para os anos subsequentes. Outro aspecto signifi cativo é a pequena queda de 
0,7% registrada em 2016, relacionada principalmente ao período de recessão com dimi-
7 Este documento utiliza como padrão os fatores de conversão para carbono equivalente no formato GWP 
presente do Quinto relatório do IPCC ( AR5– IPCC Fifi th Assessment Report). 
2. EMISSÕES DE GEE NO
SETOR DE RESÍDUOS
NO PERÍODO 1970-2016
M
ilh
õe
s 
de
 t
on
el
ad
as
 d
e 
CO
2e
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
-
19
70
19
71
19
72
19
73
19
74
19
75
19
76
19
77
19
78
19
79
19
80
19
81
19
82
19
83
19
84
19
85
19
86
19
87
1988
19
99
19
90
19
91
19
92
19
93
19
94
19
95
19
96
19
97
19
98
19
99
20
00
20
01
20
02
20
03
20
04
20
05
20
06
20
07
20
08
20
09
20
10
20
11
20
12
20
13
20
14
20
15
20
16
15
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
nuição na geração de resíduos e recuo na gestão de resíduos. De acordo com o Panorama 
Anual da ABRELPE de 20168, foi observada uma diminuição percentual na quantidade de 
resíduos encaminhadas para a disposição fi nal considerada ambientalmente adequada. 
A Figura 2 apresenta a contribuição de cada subsetor no total de emissões de GEE. No 
ano de de 2016, 57,5% das emissões foram provenientes da disposição fi nal de RSU, 
22,7% do tratamento e afastamento de efl uentes líquidos, 19,4% do tratamento de 
efl uentes líquidos domésticos e 0,3% da incineração de RSS e RSI. 
Historicamente, as emissões do setor são principalmente associadas à disposição fi nal de 
RSU em aterros sanitários, aterros controlados ou lixões, que respondeu por 62,4% das 
emissões do setor entre 1970-2016. O segundo subsetor que mais contribui é o tratamen-
to e afastamento de efl uentes líquidos domésticos, com média de 22,6% para o mesmo 
período. A terceira maior fonte de emissões é o tratamento de efl uentes líquidos indus-
triais, com índice médio de 14,7% do total de emissões. Por fi m, observa-se a contribuição 
média de 0,2% da incineração de resíduos de serviços de saúde e resíduos industriais.
F igura 2 – Contribuição (%) por subsetor nas emissões totais de GEE
Fonte: Elaboração própria
8 Disponível em: http://www.abrelpe.org.br/Panorama/panorama2016.pdf
2. EMISSÕES DE GEE NO
SETOR DE RESÍDUOS
NO PERÍODO 1970-2016
a) Ano de referência 2016 b) Média da contribuição no período
entre 1970-2016
Efl uentes Líquidos 
Industriais
IncineraçãoEfl uentes Líquidos 
Doméstios
Disposição 
Final
16
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
Apesar de o setor ser predominantemente atrelado às emissões de GEE provenientes 
da disposição fi nal de RSU, o pico de sua contribuição – em percentual – foi observado 
nos anos 1990 e no inicio dos anos 2000. A partir de 2002, observa-se uma diminuição 
da contribuição percentual das emissões associadas à disposição fi nal de RSU.
Em relação aos efl uentes líquidos, observa-se uma diminuição gradativa da contribui-
ção de emissões associadas ao tratamento e afastamento de efl uentes domésticos, à 
medida que se nota o comportamento oposto para águas residuais industriais, com 
paulatino crescimento inicial e aumento signifi cativo a partir do início dos anos 2000. 
Em 2008, observa-se que as emissões dos dois subsetores praticamente se igualaram, 
com maior contribuição do setor industrial para os anos subsequentes.
As emissões decorrentes do processo de incineração de RSS e RSI passaram a ser 
quantifi cadas a partir da década de 90 e, apesar de apresentarem um crescimento 
acentuado, representam uma contribuição pouco signifi cativa no total de emissões 
de setor. A Figura 3 apresenta a evolução de emissões totais de CO2e, desagregadas 
por subsetor, entre 1970 e 2016. 
 Figura 3 - Emissões de GEE desagregadas por subsetor (1970-2016)
Fonte: Elaboração própria
2. EMISSÕES DE GEE NO 
SETOR DE RESÍDUOS
NO PERÍODO 1970-2016
M
ilh
õe
s 
de
 t
on
el
ad
as
 d
e 
CO
2e
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
-
19
70
19
71
19
72
19
73
19
74
19
75
19
76
19
77
19
78
19
79
19
80
19
81
19
82
19
83
19
84
19
85
19
86
19
87
19
88
19
99
19
90
19
91
19
92
19
93
19
94
19
95
19
96
19
97
19
98
19
99
20
00
20
01
20
02
20
03
20
04
20
05
20
06
20
07
20
08
20
09
20
10
20
11
20
12
20
13
20
14
20
15
20
16
17
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
Das emissões totais em CO2e, 97,6% das emissões são de CH4, 2,3% são de N2O e ape-
nas cerca de 0,02% são emissões de CO2, conforme apresentado na Figura 4. 
 Figura 4 – Emissões por tipo de GEE 
Fonte: Elaboração própria
As emissões de metano se destacam por receber contribuições do setor de disposição fi -
nal de RSU e também pelo tratamento de efl uentes líquidos, tanto industriais quanto do-
mésticos. Já as emissões de óxido nitroso ocorrem apenas pelo tratamento de efl uentes 
líquidos domésticos e pela incineração de resíduos sólidos, sendo este último subsetor o 
único responsável pelas emissões de CO2, o que justifi ca sua baixa contribuição. 
2. EMISSÕES DE GEE NO 
SETOR DE RESÍDUOS
NO PERÍODO 1970-2016
a) Desagregação das emissões por 
tipo de GE em Mt de CO2e
b) Emissões totais de metano (mil t de CH4) 
e contribuição por subsetor 
CH4
CO2
N2O
Tratamento de 
Efl uentes Líquidos 
Industriais
Disposição 
Final
Tratamento e 
Afastamento de 
Efl uentes Líquidos 
Domésticos
Emissões totais de óxido de nitrogênio 
(mil t de N2O) e contribuição por subsetor
Incineração
Tratamento e 
Afastamento de 
Efl uentes Líquidos 
Domésticos
18
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
2.1 ANÁLISES DAS EMISSÕES POR SUBSETOR 
2.1.1. Disposição fi nal adequada ou inadequada de RSU
A disposição final de RSU produz quantidades significativas de metano, por meio da 
decomposição da fração orgânica degradável do RSU em condições anaeróbicas. O 
potencial de geração de CH4 dos resíduos sólidos é estimado a partir da análise da com-
posição gravimétrica, do tipo de gestão adotada nos locais de disposição fi nal - lixões, 
aterros controlados ou aterros sanitários – e da quantidade de material encaminhada 
para cada tipo de destino.
A disposição fi nal de RSU é a maior contribuinte nas emissões de GEE do setor de re-
síduos, responsável pela emissão de 52,92 milhões de toneladas de CO2e em 2016. As 
emissões totais associadas à disposição fi nal, assim como seu comportamento históri-
co, estão demostradas na Figura 5. 
 Figura 5 – Emissões de GEE provenientes da disposição fi nal de RSU (1970-2016) 
Fonte: Elaboração própria.
2. EMISSÕES DE GEE NO 
SETOR DE RESÍDUOS
NO PERÍODO 1970-2016
M
ilh
õe
s 
de
 t
on
el
ad
as
 d
e 
CO
2e
60
50
40
30
20
10
-
19
70
19
71
19
72
19
73
19
74
19
75
19
76
19
77
19
78
19
79
19
80
19
81
19
82
19
83
19
84
19
85
19
86
19
87
19
88
19
99
19
90
19
91
19
92
19
93
19
94
19
95
19
96
19
97
19
98
19
99
20
00
20
01
20
02
20
03
20
04
20
05
20
06
20
07
20
08
20
09
20
10
20
11
20
12
20
13
20
14
20
15
20
16
19
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
A política ambiental brasileira se desenvolveu principalmente nos últimos 40 anos. 
Apenas em 1973, sob infl uência de movimentos exógenos9, criou-se a Secretaria Espe-
cial de Meio Ambiente - SEMA (FADE 2014). A partir da década de 1980, com o inchaço 
urbano e a complexidade do estilo de vida nas cidades, observa-se uma saturação das 
áreas de disposição fi nal de RSU10 e o início da discussão sobre o gerenciamento, com 
a incorporação do questionamento da viabilidade de diferentes tipos de tratamento e 
a necessidade de aproveitamento e reciclagem (LOPES, 2006). 
A década de 1990 foi marcada pela busca de regulamentação de legislações sobre a 
temática dos resíduos sólidos, com o aumento da conscientização sobre a questão de 
limpeza pública e maior aporte de recursos do governo federal para o setor (LOPES, 
2006). Ao fi m do século XX, inicia-se o debate para a construção da Política Nacional de 
Resíduos Sólidos (PNRS). Até a implantação da PNRS, em 2010, o setor foi marcado pela 
falta de diretrizes nacionais, objetivos e instrumentos para gestão e gerenciamento nos 
diferentesníveis federativos.
A quantifi cação de emissões relacionadas à disposição fi nal de RSU é infl uenciada por 
diferentes variáveis, entre elas a quantidade de material disposto, a qualidade de ge-
renciamento no local de disposição fi nal, a composição gravimétrica, aspectos climáti-
cos (temperatura, precipitação) e outros. Os próximos tópicos irão explicitar como as 
principais variáveis infl uenciaram no comportamento da estimativa de emissões de 
GEE no período analisado.
Tipo de gestão aplicada no local de disposição fi nal
Diante do contexto regulatório apresentado, a partir de 1990 observa-se o crescimento 
acentuado de emissões de GEE, devido ao início mais signifi cativo da implementação 
de políticas de encaminhamento de RSU para aterros sanitários. A fração orgânica do 
material que efetivamente é degradada em condições anaeróbicas é infl uenciada, entre 
outros fatores que serão posteriormente explicados, pela gestão aplicada no local de 
disposição fi nal. Em linhas gerais, locais não gerenciados apresentam potencial de gera-
ção de CH4 menores que locais gerenciados (MCTI, 2015)
11, porque uma fração maior dos 
9 Conferência de Estocolmo (FADE,2013).
10 Modelo de gestão aplicado priorizava a busca pela melhoria na coleta de resíduos, promovendo a disposição 
fi nal afastada dos grandes centros urbanos.
11 Essa característica é interpretada pelo fator de correção de metano (MCF). Para aterros sanitários aplica-se o fator 1, 
para aterros controlados a taxa aplicada é de 0,8 e para lixões aplica-se o MCF 0,4. (IPCC,2006).
2. EMISSÕES DE GEE NO 
SETOR DE RESÍDUOS
NO PERÍODO 1970-2016
20
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
resíduos se degrada em condições aeróbicas. Em 1991, cerca de 4% dos resíduos eram 
dispostos adequadamente (FADE, 2014), enquanto em 2016 esse valor cresceu para cer-
ca de 58,4%, RSU que foram encaminhados para aterros sanitários (ABRELPE, 2017).
O maior potencial de geração de metano associado à disposição fi nal de resíduos em 
aterros sanitários, aliado ao aumento na quantidade de material coletado, foram os 
principais responsáveis pelo forte crescimento observado. 
O gerenciamento de resíduos difere fortemente por macrorregião e por Estado. Os Es-
tados da região Sul e Sudeste encaminham mais de 70% dos seus RSU para aterros sa-
nitários. Já nas regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste são encaminhados em torno de 
30% dos resíduos coletados para disposição fi nal ambientalmente adequada (ABRELPE, 
2016). A Figura 6 demonstra o percentual de disposição fi nal adequada apresentado pe-
las 27 Unidades da Federação de acordo com o levantamento realizado pela ABRELPE.
Figura 6 - Percentual estadual de disposição fi nal adequada de resíduos 
sólidos urbanos (2016)
Fonte: Elaboração própria
2. EMISSÕES DE GEE NO 
SETOR DE RESÍDUOS
NO PERÍODO 1970-2016
0 
%
10
 %
20
 %
30
 %
40
 %
50
 %
60
 %
70
 %
80
 %
90
 %
21
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
Quantidade de material coletado
Outro aspecto signifi cativo é o aumento dos índices de geração e coleta de RSU. Obser-
va-se que a quantidade de material coletado passa a aumentar mais acentuadamente 
do que o número de habitantes urbanos. Isso indica que a taxa de coleta per capita 
aumentou mais do que o crescimento populacional, impactando diretamente na quan-
tidade de RSU encaminhada para a disposição fi nal. Em 1970 estima-se um valor diário 
de 26,34 mil toneladas de RSU coletados, já em 2016 descreve-se que foram coletadas 
195,45 mil toneladas de RSU por dia em 201612,
Composição gravimétrica
Conforme mencionado anteriormente, a composição gravimétrica é uma das variáveis 
mais relevantes na determinação das emissões associadas ao tratamento de resíduos 
sólidos. Diferentes aspectos culturais, fatores econômicos e sociais infl uenciam na 
composição dos RSU, de modo que se obtêm diferentes quantidades de fração orgâ-
nica, materiais recicláveis e outros para os distintos contextos nacionais (IPCC, 2006). 
A análise da composição gravimétrica também considerou as características macrorre-
gionais e estaduais encontradas no território brasileiro, onde historicamente se obser-
va um decréscimo da fração orgânica degradável13. 
A análise da fração orgânica degradável obtida a partir das equações fornecidas no 
relatório de referência do setor14, juntamente com o tipo de disposição fi nal, permitiu a 
obtenção do potencial de geração de metano das cinco macrorregiões brasileiras e de 
três Estados (Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina) para os quais o MCTIC forne-
ceu informações específicas. O potencial de geração de metano diminuiu signifi cativa-
mente para todas as macrorregiões e os Estados analisados, conforme pode ser obser-
vado na Figura 7. A diminuição observada corrobora a tendência descrita na proposta 
do Plano Nacional de Resíduos Sólidos (Planares), onde se indica que, apesar dos RSU 
12 A taxa de coleta de 1970 foi obtida a partir da média de índices regionais descritos no relatório de refêrencia setorial 
do Terceiro Inventário Nacional de Emissões e Remoções. Já a taxa de coleta de 2016 foi obtida no Panorama dos 
Resíduos Sólidos no Brasil (2016), elaborado pela ABRELPE.
13 A fração orgânica degradável é o carbono orgânico presente no resíduos que é acessível para o microrganismos 
realizarem a decomposição bioquímica (IPCC, 2006) 
14 Documento setorial que serviu como base técnica para a elaboração da Comunicação Nacional. Disponível em:
< http://sirene.mcti.gov.br/documents/1686653/1706163/RR_Tratamento+de+Res%C3%ADduos_
III+Invent%C3%A1rio_FINAL.pdf/44396032-ed7b-4815-b529-aa17d3c87ac6> 
2. EMISSÕES DE GEE NO 
SETOR DE RESÍDUOS
NO PERÍODO 1970-2016
22
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
brasileiros serem predominantemente formados por matéria orgânica, observou-se 
um aumento percentual signifi cativo na geração de recicláveis (Brasil, 2012).
 Figura 7 - Potencial de geração de metano para diferentes tipos de disposição fi nal
Fonte: Elaboração própria a partir de dados disponíveis no Relatório de Referência do setor de 
tratamento de resíduos do Terceiro Inventário Nacional de Emissões e Remoções Antrópicas, 2015. 
a) Aterros Sanitários
c) Vazadouros a céu aberto
b) Aterros controlados
Norte
Sul
Nordeste
Sudeste
Rio de Janeiro
Santa Catarina
Centro-Oeste
São Paulo
Em
is
sã
o 
de
 C
H
4 (
t 
d
e 
R
SU
-1
)
Em
is
sã
o 
de
 C
H
4 (
t 
d
e 
R
SU
-1
)
Em
is
sã
o 
de
 C
H
4 (
t 
d
e 
R
SU
-1
)0,1
0,08
0,06
0,04
0,02
0
19
70
19
75
19
80
19
85
19
90
19
95
20
00
20
05
20
10
20
15
0,04
0,03
0,02
0,01
0
19
70
19
75
19
80
19
85
19
90
19
95
20
00
20
05
20
10
20
15
0,08
0,06
0,04
0,02
0
19
70
19
75
19
80
19
85
19
90
19
95
20
00
20
05
20
10
20
15
A maior queda no potencial de 
geração de metano ocorreu na 
macrorregião Sul. Em 2016, as 
regiões Centro-Oeste, Nordeste 
e o Estado de Santa Catarina 
apresentaram os maiores 
índices para todos os tipos de 
disposição fi nal. Enquanto a 
região Norte, em todo período 
analisado, apresenta os menores 
valores potenciais.
2. EMISSÕES DE GEE NO 
SETOR DE RESÍDUOS
NO PERÍODO 1970-2016
23
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
Aspectos Gerais
Apesar de o subsetor ser marcado historicamente pelo seu crescimento exponencial, 
entre 2015 e 2016 foi observada uma redução de 2,2% das emissões totais de GEE. Esse 
comportamento não está relacionado à implementação de medidas de mitigação, mas 
sim ao período de retração econômica, que impactou diferentes aspectos do gerencia-
mento de RSU, principalmente quanto à geração per capita e tipos de disposição final 
adotados. De acordo com o Panoramada ABRELPE, a nível nacional observou-se uma 
redução de 198,75 mil toneladas de RSU coletados em 2015 diariamente para 195,78 
mil toneladas em 2016. Enquanto em relação à disposição fi nal ambientalmente ade-
quada, apesar das exigências da PNRS, foi observada uma pequena redução de resí-
duos encaminhados para aterros sanitários, passando do índice de 58,7% para 58,4%. 
Esses aspectos evidenciam a vulnerabilidade da gestão de RSU frente a crises econômi-
cas, visto que o subsetor é constituído essencialmente por serviços, os quais necessitam 
para sua operação de pleno engajamento municipal e fl uxo de recursos permanente. 
As emissões de GEE relacionadas à disposição fi nal adequada ou inadequada de RSU 
refl etem principalmente o comportamento da geração/coleta de resíduos, composição 
gravimétrica e gerenciamento do local de disposição fi nal. Para uma análise que refl e-
tisse a complexidade brasileira na gestão de resíduos, buscou-se incorporar as diver-
gências macrorregionais e estaduais observadas. 
Em todo período analisado, nota-se o predomínio da região Sudeste no total de emis-
sões de CO2e, motivado pela sua concentração populacional e seus instrumentos de 
gestão e gerenciamento mais avançados em relação às outras regiões brasileiras. A 
macrorregião Nordeste, devido ao número de Estados, composição gravimétrica e ín-
dices populacionais, é a segunda maior região fonte de emissão no Brasil.
A Figura 8 apresenta as contribuições percentuais das emissões de GEE desagregadas 
por macrorregião, tanto historicamente quanto para 2016. 
2. EMISSÕES DE GEE NO 
SETOR DE RESÍDUOS
NO PERÍODO 1970-2016
24
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
 Figura 8 - Contribuição macrorregional no total de emissões de GEE
Fonte: Elaboração própria
Nota-se também que a região Sul, terceira macrorregião em termos de emissão, foi 
a que apresentou a maior queda nas emissões de GEE em 2016 quando comparado 
à totalidade do período analisado. Nesse contexto, destaca-se o crescimento do Cen-
tro-Oeste, que apesar de apresentar sistemas de gestão menos avançados apresenta 
o maior potencial macrorregional de geração de metano. A região Norte apresenta 
os menores potenciais de geração de metano, bem como menores índices de acesso 
a serviços de saneamento e também menor densidade populacional, consequente-
mente com a menor emissão de GEE.
Apesar de serem descritas na PNRS como mecanismos de destinação fi nal ade-
quadas, alternativas de valorização como a compostagem e a reciclagem não 
representam em massa, um valor signifi cativo no Brasil. Portanto, suas contri-
buições não foram consideradas para os cálculos das estimativas relacionadas a 
resíduos sólidos urbanos. 
2. EMISSÕES DE GEE NO 
SETOR DE RESÍDUOS
NO PERÍODO 1970-2016
a) No total de emissões no período 
de 1970-2016
b) No total de emissões em 2016
Norte Nordeste Centro-Oeste Sudeste Sul
25
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
2.1.2. Incineração de resíduos de serviço de saúde (RSS) e de resíduos 
sólidos industriais (RSI) 
A incineração é uma rota tecnológica para tratamento de resíduos sólidos pouco ado-
tada no Brasil, utilizada majoritariamente para o tratamento de resíduos de serviços de 
saúde e sólidos industriais. É o subsetor com menor contribuição no total de emissões, 
responsável pela emissão de 288,66 mil toneladas de CO2e em 2016. Em 1990, o subse-
tor foi responsável pela emissão de 22,27 mil toneladas de CO2e, o que representa um 
crescimento próximo a 1.200% no período analisado. A Figura 9 e Figura 10 apresen-
tam a evolução de emissões de setor entre 1990 a 2016, desagregadas por subsetores.
 Figura 9 - Emissões de GEE desagregadas pela incineração de RSI e RSS (1990-2016)
Fonte: Elaboração própria
2. EMISSÕES DE GEE NO 
SETOR DE RESÍDUOS
NO PERÍODO 1970-2016
M
ilh
õe
s 
de
 t
on
el
ad
as
 d
e 
CO
2e
19
90
19
91
19
92
19
93
19
94
19
95
19
96
19
97
19
98
19
99
20
00
20
01
20
02
20
03
20
04
20
05
20
06
20
07
20
08
20
09
20
10
20
11
20
12
20
13
20
14
20
15
20
16
350
300
250
200
150
100
50
-
Resíduo de Serviço de Saúde (RSS) Resíduo Sólidos Industriais (RSI)
26
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
Figura 10 - Contribuição por tipo de resíduos nas emissões totais 
Fonte: Elaboração própria
O aumento das emissões pela incineração de RSI pode estar associado às taxas de cres-
cimento da economia no Brasil, que avançaram no período 1990-2016, acompanhadas 
pelo aumento do consumo e da atividade industrial. Segundo o IBGE, no período de 
2001 a 2007, foi observado o aumento de 25% no número de indústrias de transfor-
mação no Brasil15. Consequentemente, registrou-se também o aumento da geração de 
resíduos, seu tratamento e taxas de destinação fi nal. 
Até a implantação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, os marcos regulatórios 
do setor de resíduos industriais se direcionavam, principalmente, para a elaboração 
de um inventário nacional, onde as indústrias deveriam apresentar aos respectivos 
órgãos estaduais informações sobre geração, características, armazenamento e desti-
nação de seus resíduos (IPEA, 2012a). A PNRS prevê obrigações para o setor produtivo, 
responsabilizando o gerador pelo tratamento e disposição fi nal adequada dos resí-
duos, podendo executar essa função internamente ou contratar serviços de empresas 
especializadas (BRASIL, 2010). 
15 Disponível em http://ipea.gov.br/agencia/images/stories/PDFs/relatoriopesquisa/120806_relatorio_residuos_solidos.
pdf>.Acessado em 06 de junho de 2017
2. EMISSÕES DE GEE NO 
SETOR DE RESÍDUOS
NO PERÍODO 1970-2016
Resíduo de Serviço de Saúde (RSS) Resíduo Sólidos Industriais (RSI)
 a) No total de emissões em 1990 b) No total de emissões em 2016
27
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
No contexto da recessão econômica de 2016, observou-se uma redução de cerca de 
4% no total de emissões de GEE provenientes da incineração de resíduos industriais. 
Ressalta-se que esse mesmo abatimento não está diretamente relacionado com a im-
plementação de medidas de mitigação.
Já em relação à intensifi cação das emissões provenientes do tratamento de RSS, pode-
-se justifi cá-las pelo aumento da geração de RSS per capita e maiores restrições quanto 
a tratamento e disposição fi nal. 
De acordo com o Diagnóstico dos Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde do IPEA16, ela-
borado em 2012, foi possível observar o aumento signifi cativo do número de médicos, 
enfermeiros e odontólogos por habitante, em todas as macrorregiões do país. Assim 
como a evolução positiva da oferta de leitos desde 1990 até 2005, aliada ao crescimen-
to populacional.
Em relação aos aspectos legais e normativos relacionados a RSS, nota-se a partir da 
década de 90 o robustecimento dos marcos regulatórios que incluem tanto questões 
ambientais quanto de saúde pública. Em 1993, foi aprovada a Resolução CONAMA nº 
05, que dispõe sobre a necessidade de realização de algum tipo de tratamento de re-
síduos gerados pelos prestadores de serviços de saúde. A mesma resolução também 
estabelece a responsabilidade do manejo seguro pelos prestadores de serviço, assim 
como dispõe sobre a obrigatoriedade da elaboração e implantação do Plano de Geren-
ciamento de Resíduos Sólidos (PGRS), quanto ao acondicionamento, à coleta, ao arma-
zenamento, ao transporte, ao tratamento e à disposição fi nal (IPEA, 2012b). 
Posteriormente, diferentes resoluções do CONAMA e da ANVISA e leis federais reforça-
ram a obrigatoriedade da implantação de PGRS específi cos para serviços de saúde e a 
importância de sistemas de tratamento e disposição fi nal de RSS. Essa consolidação de 
marcos regulatórios culminou na elaboração do Manual de Gestão de Gerenciamento de 
RSS de 2006 e na regulamentação da Política Nacional de Saneamento Básico(Lei Federal 
nº 11.445) e Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei Federal nº 12.305) (IPEA,2012b). 
16 Disponível em http://ipea.gov.br/agencia/images/stories/PDFs/relatoriopesquisa/120806_relatorio_residuos_solidos.
pdf>.Acessado em 06 de junho de 2017
2. EMISSÕES DE GEE NO 
SETOR DE RESÍDUOS
NO PERÍODO 1970-2016
28
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
Apesar da recessão, as emissões por incineração de resíduos de serviços de saúde 
cresceram 5% entre 2015 e 2016.
2.1.3. Tratamento e afastamento de efl uentes líquidos domésticos 
A emissão de CH4 ocorre quando os componentes orgânicos dos efl uentes líquidos 
domésticos são degradados anaerobicamente em reatores, lagoas, fossas sépticas e 
valas para o esgoto sem rede coletora e no lançamento em corpos d’água. A extensão 
da produção de metano depende da quantidade de matéria orgânica, índices de tem-
peratura e tipos de tratamento aplicados (IPCC, 2006).
De acordo com as diretrizes do IPCC, a principal determinante para a geração de me-
tano associada ao tratamento de efl uentes líquidos é a quantidade de componentes 
orgânicos degradáveis presente nos efl uentes líquidos domésticos, parâmetro quanti-
fi cado pela concentração da demanda bioquímica por oxigênio (DBO)17. 
A emissão de N2O pode ocorrer direta ou indiretamente, proveniente da degradação 
de componentes de nitrogênio (como ureia, proteínas e nitratos) na excreção humana. 
As emissões diretas estão relacionadas a processos de nitrifi cação e desnitrifi cação em 
sistemas de tratamento avançados. As emissões indiretas, mais signifi cativas, são de-
correntes do lançamento de efl uentes domésticos em ambientes aquáticos. 
O subsetor relacionado ao tratamento e afastamento de efl uentes domésticos foi res-
ponsável pela emissão de 17,85 milhões de toneladas de CO2e em 2016. Na totalidade 
do período analisado, de 1970 a 2016, estima-se que foram emitidas 488 milhões tone-
ladas de CO2e. A Figura 11 apresenta o comportamento histórico das emissões, onde é 
possível observar seu crescimento exponencial.
17 DBO quantifi ca a matéria orgânica oxidável por ação de microrganismos. É um índice de concentração de matéria 
orgânica por unidade de volume de efl uente.
2. EMISSÕES DE GEE NO 
SETOR DE RESÍDUOS
NO PERÍODO 1970-2016
29
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
 Figura 11 - Emissões de GEE decorrentes do tratamento e afastamento de efl uentes 
líquidos domésticos (1970-2016) 
Fonte: Elaboração própria
O Relatório de Referência do setor de Resíduos, elaborado pelo MCTIC, estabelece a 
quantidade de carga orgânica gerada por habitante, isso signifi ca que a quantidade de 
emissões possui forte correlação com o número de habitantes atendidos por rede cole-
tora de efl uentes líquidos domésticos. A Figura 12 descreve a relação entre as emissões 
de metano e a fração da população com escoadouro18.
18 População com escoadouro se caracterizam por apresentar algum tipo de instalação sanitária (fossas sépticas, valas, 
conexão à rede coletora e outros).
2. EMISSÕES DE GEE NO 
SETOR DE RESÍDUOS
NO PERÍODO 1970-2016
19
70
19
71
19
72
19
73
19
74
19
75
19
76
19
77
19
78
19
79
19
80
19
81
19
82
19
83
19
84
19
85
19
86
19
87
19
88
19
99
19
90
19
91
19
92
19
93
19
94
19
95
19
96
19
97
19
98
19
99
20
00
20
01
20
02
20
03
20
04
20
05
20
06
20
07
20
08
20
09
20
10
20
11
20
12
20
13
20
14
20
15
20
16
M
ilh
õe
s 
de
 t
on
el
ad
as
 d
e 
CO
2e 20
18
16
14
12
10
8
6
4
2
-
19
70
19
71
19
72
19
73
19
74
19
75
19
76
19
77
19
78
19
79
19
80
19
81
19
82
19
83
19
84
19
85
19
86
19
87
19
88
19
99
19
90
19
91
19
92
19
93
19
94
19
95
19
96
19
97
19
98
19
99
20
00
20
01
20
02
20
03
20
04
20
05
20
06
20
07
20
08
20
09
20
10
20
11
20
12
20
13
20
14
20
15
20
16
30
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
 Figura 12 – Relação entre as emissões de CH4 e o número de habitantes 
com escoadouro (1970-2016)
Fonte: Elaboração própria
Apesar da forte correlação entre a população, geração de carga orgânica e emissões de 
metano, é possível observar que as curvas de crescimento não apresentam comporta-
mentos semelhantes. Isso se deve à atuação de uma terceira condicionante: a aplica-
ção de diferentes tipos de tratamento19, acompanhada da ampliação da cobertura de 
sistemas de coleta e tratamento de efl uentes líquidos domésticos. 
Até o início da década de 80, observam-se as mesmas características de crescimento do 
número de habitantes com escoadouro e as emissões GEE do subsetor, onde ambos 
apresentam um aumento signifi cativo. O período coincide com o início da implementa-
ção do Plano Nacional de Saneamento (PLANASA), com vigência de 1971 a 1990. A partir 
do plano, organizou-se um forte esquema de fi nanciamento, impulsionando o aumento 
de investimento de 0,15% do PIB em 1970, para 0,55% em 1980 (ARAÚJO FILHO, 2008). 
19 Fração do resíduo que de fato é degradada anaeróbicamente por tipo de tratamento. Valores default são 
estabelecidos no IPCC, disponível em: <http://www.ipcc-nggip.iges.or.jp/public/2006gl/pdf/5_Volume5/V5_6_Ch6_
Wastewater.pdf> 
2. EMISSÕES DE GEE NO 
SETOR DE RESÍDUOS
NO PERÍODO 1970-2016
M
ilh
õe
s 
de
 t
on
el
ad
as
 d
e 
CO
2e
20
18
16
14
12
10
8
6
4
2
-
19
60
19
65
19
70
19
75
19
80
19
85
19
90
19
95
20
00
20
05
20
10
20
15
20
20
M
ilh
õe
s 
de
 h
ab
it
an
te
s
250
200
150
100
50
0
31
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
O PLANASA, considerado de caráter centralizador, priorizou as regiões metropolitanas, a 
fi m de atingir ganhos em escala quanto a índices de cobertura de sistemas de abasteci-
mento de água e coleta e tratamento de efl uentes domésticos (LIMA E MARQUES, 2012). 
De meados da década de 80 até 1995 observa-se um maior distanciamento do cres-
cimento da população com escoadouro e das emissões de GEE, decorrente principal-
mente da desestruturação do modelo fi nanceiro do PLANASA, que provocou o cresci-
mento no défi cit absoluto nos serviços de saneamento básico (ARAÚJO FILHO, 2008). 
Durante a primeira metade dos anos de 1990, foram criados diferentes programas 
para modernização e reestruturação institucional do setor, que causaram a diminuição 
gradativa do défi cit absoluto de esgotamento sanitário (ARAÚJO FILHO, 2008). Conse-
quentemente, foi observado um crescimento acentuado nas emissões.
Atualmente, os marcos regulatórios e instrumentos do setor são a Lei 11.445, de 5 de 
janeiro de 2007, e o Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab). De acordo com a 
referida lei, o planejamento integrado, a regulação, a cooperação federativa e o contro-
le social impulsionarão o setor de saneamento, focando estrategicamente no futuro. O 
Brasil ainda convive com as consequências de um atraso histórico nas infraestruturas 
de saneamento básico. 
Um dos instrumentos promovidos pela lei de 2007, visando à diminuição gradativa das 
desigualdades de acesso e universalização de serviços de saneamento, foi implantação 
do Programa de Aceleração do Crescimento - PAC20. Iniciado em 2007 (1ª fase até 2010 e 
segunda fase de 2011 a 2015), concentrou investimentos importantes do governo federal e 
trouxe relevantes contribuições para o setor de saneamento21. No entanto, o programa se 
mostrou bastante aquém do desejado e, apesar dos investimentos realizados, o Brasil con-
tinua muito distante da universalização dos serviços de saneamento (TRATA BRASIL, 2016). 
20 Instituto Trata Brasil- Relatório de Olho no PAC, disponível em: <http://www.tratabrasil.org.br/datafi les/de-olho-no-
pac/2016/relatorio.pdf?pdf=Relatorio-Completo_De-Olho-No-PAC-16>
21 Foram executadas 340 obras, sendo que 183 são relacionadas a sistemas de esgotamento sanitário e 157 a sistemas 
de abastecimento de água. Ao todo, 45% das obras paradas. (Trata Brasil, 2016) 
2. EMISSÕES DE GEE NO 
SETOR DE RESÍDUOS
NO PERÍODO 1970-2016
32
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
2.1.4. Tratamento de efl uentes líquidos industriais
Efl uentes líquidos industriais são despejos líquidos provenientes exclusivamente de ati-
vidades de indústrias, compreendendo águas servidas de processos industriais e de re-
frigeração. As emissões associadas ao tratamento de efl uentes industriais, assim como 
o apresentado para efl uentes domésticos, relacionam-se principalmente à quantidade 
de carga orgânica presente no sistema de esgotamento, quantifi cada pela concentração 
de DBO, e às tecnologias de tratamento e disposição de efl uentes industriais aplicadas.
Para analisar as estimativas do setor, foram classifi cadas as indústrias estratégicas que 
geram grande volume de DBO no Brasil. De acordo com o relatório de referência do 
setor de tratamento de resíduos, os nove setores produtivos indicados abaixo são res-
ponsáveis por mais de 97% da carga orgânica industrial no país: 
i) Produção de açúcar; (ii) Produção de álcool; Iii) Produção de cerveja; iv) Produção de 
carne bovina; v) Produção de carne suína; vi) Produção de carne avícola; vii) Produção 
de leite cru; viii) Produção de leite pasteurizado e ix) Produção de celulose e papel.
Em 2016, o tratamento de efl uentes industriais foi responsável pela emissão de cerca 
de 20,9 milhões de toneladas de CO2e. A Figura 13 demonstra o crescimento do subse-
tor no período analisado, também evidenciando uma característica exponencial.
2. EMISSÕES DE GEE NO 
SETOR DE RESÍDUOS
NO PERÍODO 1970-2016
33
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
Figura 13 - Emissões de GEE desagregadas por setores industriais (1970-2016)
Fonte: Elaboração própria
Nos períodos de 1994-1998 e 2002-2010 verifi caram-se saltos no total de emissões. O 
primeiro período de expansão coincide com o início do Plano Real, onde se observou 
um forte crescimento econômico e, consequentemente, maior acesso a bens de con-
sumo e aumento da produção industrial. Já o segundo período destacado, entre 2002 
e 2010, também é marcado por um crescimento acentuado no número de indústrias, 
decorrente do aquecimento da economia. Somado a isso, os investimentos em infraes-
trutura, programas de inclusão social, a Política Nacional de Saneamento Básico e o 
maior fi nanciamento em obras de infraestrutura de saneamento pelo PAC.
Um segundo aspecto interessante é contribuição de emissões relacionadas à produção 
de açúcar e álcool. De acordo com o Relatório de Referência do setor não foi possível 
estabelecer os tipos de tecnologias de tratamento utilizadas, bem como as frações tra-
19
70
19
71
19
72
19
73
19
74
19
75
19
76
19
77
19
78
19
79
19
80
19
81
19
82
19
83
19
84
19
85
19
86
19
87
19
88
19
99
19
90
19
91
19
92
19
93
19
94
19
95
19
96
19
97
19
98
19
99
20
00
20
01
20
02
20
03
20
04
20
05
20
06
20
07
20
08
20
09
20
10
20
11
20
12
20
13
20
14
20
15
20
16
M
ilh
õe
s 
de
 t
on
el
ad
as
 d
e 
CO
2e
25
20
15
10
5
-
19
70
19
71
19
72
19
73
19
74
19
75
19
76
19
77
19
78
19
79
19
80
19
81
19
82
19
83
19
84
19
85
19
86
19
87
19
88
19
99
19
90
19
91
19
92
19
93
19
94
19
95
19
96
19
97
19
98
19
99
20
00
20
01
20
02
20
03
20
04
20
05
20
06
20
07
20
08
20
09
20
10
20
11
20
12
20
13
20
14
20
15
20
16
Aves Álcool Leite 
Pasteurizado
Suínos Cerveja
Bovinos CeluloseAçúcar Leite Cru
2. EMISSÕES DE GEE NO 
SETOR DE RESÍDUOS
NO PERÍODO 1970-2016
34
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
tadas anaerobicamente para ambas as indústrias22, de modo que as emissões foram 
progressivamente quantifi cadas a partir de 1990. Em 2016 a produção de álcool e açú-
car, juntamente com a indústria de celulose, foram as produções industriais que mais 
contribuíram com as emissões de GEE por efl uentes líquidos industriais, representan-
do cerca de 77% do total emitido, conforme pode ser observado na Figura 14. Histori-
camente nota-se, com o aumento das emissões relacionadas com a produção de álcool 
e açúcar, o decréscimo da contribuição de diferentes produções industriais. 
 Figura 14 – Contribuição percentual dos setores industriais no total de emissões, 
para anos de interesse.
Fonte: Elaboração própria
22 Variável denominada fator de correção de metano (MCF) ponderado relacionado com o tipo de tratamento aplicado 
e a fração de efl uente encaminhada para cada tipo de tratamento. Assim como para o subsetor de resíduos sólidos, 
tratamentos anaeróbicos apresentam maiores valores de MCF. 
Aves Álcool Leite 
Pasteurizado
Suínos Cerveja
Bovinos CeluloseAçúcar Leite Cru
 a) 1990 b) 2016
2. EMISSÕES DE GEE NO 
SETOR DE RESÍDUOS
NO PERÍODO 1970-2016
35
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
O subsetor de tratamento de efl uentes industriais apresenta um comportamento de 
emissões distinto do observado para efl uentes domésticos, pois as emissões estão di-
retamente correlacionadas com a produção industrial, a qual está suscetível a oscila-
ções provocadas por aspectos econômicos. Ressalta-se que, para todo período anali-
sado, de 1970 a 2016, foi possível observar a predominância de emissões associadas à 
produção de papel e celulose, açúcar e álcool. 
2.2 ANÁLISES DAS EMISSÕES POR ESTADO
A versão 5.0 da plataforma SEEG apresenta as emissões de GEE desagregadas por Uni-
dades da Federação. O processo de alocação por Estado do setor de resíduos é marcado 
pela influência de condicionantes diretas ou indiretas, como o número de habitantes e 
produção industrial. O Quadro 1 apresenta a contribuição dos subsetores evidenciados 
no item 2.1, bem como o total de emissões de CO2e por Unidade da Federação no ano 
de 2016. Evidencia-se que, do total de emissões estimadas no setor de resíduos e sua 
contribuição percentual no total nacional, cerca de 99,9% foram alocadas em Unidades 
da Federação. A mínima fração não alocada (NA) corresponde a dados de atividade de 
produção de carne bovina, suína e avícola.
 
2. EMISSÕES DE GEE NO 
SETOR DE RESÍDUOS
NO PERÍODO 1970-2016
36
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
 Quadro 1 - Emissões de GEE por resíduos desagregadas por Estado e macrorregião (2016)
2. EMISSÕES DE GEE NO 
SETOR DE RESÍDUOS
NO PERÍODO 1970-2016
Acre 
Amazonas 
Amapá 
Pará 
Rondônia 
Roraima 
Tocantins 
TOTAL REGIONAL
 
Alagoas 
Bahia 
Ceará 
Maranhão 
Paraíba 
Pernambuco 
Piauí 
Rio Grande do Norte 
Sergipe 
TOTAL REGIONAL
Distrito Federal
Goiás
Mato Grosso do Sul
Mato Grosso
TOTAL REGIONAL
Espírito Santo
Minas Gerais
Rio de Janeiro
São Paulo
TOTAL REGIONAL
Paraná
Rio Grande do Sul
Santa Catarina
TOTAL REGIONAL
NÃO ALOCADO
BRASIL
 EMISSÕES DE GEE (MIL TONELADAS DE CO2e)
Estado Disposição 
fi nal 
Incineração Tratamento 
de Efl uentes 
Líquidos 
Industriais
Tratamento e 
Afastamento de 
Efl uentes Líquidos 
Domésticos
Total Contribuição
45
323
50
413
62
23
83
999
534
3.100
2.090
1.103
778
2.079
586
684
448
11.401
1.706
2.191
787
846
5.529
958
6.004
7.839
14.080
28.881
2.418
1.556
2.1346.108
-
52.918
0
1
0
2
1
0
0
5
1
9
4
3
12
15
1
5
0
51
3
30
2
9
44
3
41
22
86
152
29
4
3
37
-
289
21
69
0
184
142
3
91
511
286
489
81
81
107
363
27
54
66
1.554
11
1.342
910
503
2.766
78
2.017
208
8.621
10.924
2.705
1.865
585
5.155
6
20.916
71
347
68
717
155
45
133
1.534
291
1.323
776
602
346
815
278
301
196
4.930
258
580
232
286
1.356
344
1.819
1.441
3.876
7.480
974
978
599
2.550
-
17.849
137
739
119
1.316
360
71
307
3.049
1.111
4.921
2.951
1.790
1.244
3.272
893
1.044
711
17.936
1.977
4.143
1.932
1.643
9.695
1.384
9.881
9.510
26.662
47.437
6.126
4.403
3.320
13.849
6
91.972
0,15%
0,80%
0,13%
1,43%
0,39%
0,08%
0,33%
3,31%
1,21%
5,35%
3,21%
1,95%
1,35%
3,56%
0,97%
1,14%
0,77%
19,50%
2,15%
4,50%
2,10%
1,79%
10,54%
1,50%
10,74%
10,34%
28,99%
51,58%
6,66%
4,79%
3,61%
15,06%
0,01%
N
O
R
TE
N
O
R
D
ES
TE
SU
D
ES
TE
SU
L
CE
N
TO
-O
ES
TE
37
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
Observa-se que em 2016, três dos quatro Estados que mais emitem no setor de resí-
duos se localizam na macrorregião Sudeste e um na Sul. Esse comportamento reforça 
a forte infl uência populacional atribuída ao setor. Em contrapartida à predominância 
do Sudeste, observa-se que os seis Estados que menos contribuem localizam-se na 
macrorregião Norte, que apresenta os menores índices populacionais e baixo acesso 
a serviços de saneamento.
A Figura 15 apresenta os resultados consolidados do setor de resíduos, em ordem de-
crescente de contribuição por Unidade da Federação no território brasileiro em 2016. 
Nota-se que os estados brasileiros, em sua maioria, contribuem majoritariamente com 
emissões associadas à disposição fi nal de RSU, característica não observada nos esta-
dos do Paraná e Rio Grande de Sul, que apresentam altos índices de contribuição de 
emissões relacionadas ao tratamento de efl uentes líquidos industriais. 
 Figura 15 - Emissões totais de GEE desagregadas por subsetor e estado (2016)
Fonte: Elaboração própria
19
70
19
71
19
72
19
73
19
74
19
75
19
76
19
77
19
78
19
79
19
80
19
81
19
82
19
83
19
84
19
85
19
86
19
87
19
88
19
99
19
90
19
91
19
92
19
93
19
94
19
95
19
96
19
97
19
98
19
99
20
00
20
01
20
02
20
03
20
04
20
05
20
06
20
07
20
08
20
09
20
10
20
11
20
12
20
13
20
14
20
15
20
16
M
ilh
õe
s 
de
 t
on
el
ad
as
 d
e 
CO
2e
30
25
20
15
10
5
-
SP M
G RJ PR BA R
S
G
O SC PE CE D
F
M
S
M
A
M
T ES PA PB A
L
RN P
I
AM S
E
RO TO A
C AP RR N
A
Tratamento de Efl uentes 
Líquidos Industriais
Disposição 
Final
Tratamento e Afastamento de 
Efl uentes Líquidos Domésticos
Incineração
2. EMISSÕES DE GEE NO
SETOR DE RESÍDUOS
NO PERÍODO 1970-2016
38
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
Os tópicos a seguir analisam o comportamento histórico das emissões por subsetor e 
como o processo de alocação estadual ocorreu para cada unidade da federação. 
Análise das emissões associadas aos sistemas de gestão 
de RSU nos estados brasileiros 
A abordagem aplicada pelo SEEG incorporou as características regionais nas estimati-
vas de emissões de metano, utilizando dados de coleta de resíduos e tipo de disposição 
final adotada para cada UF. No subsetor de disposição final de RSU, observa-se a pre-
dominância da região Sudeste, responsável por cerca de 51% das emissões em 2016. 
Os Estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, os três maiores emissores, 
contribuem com aproximadamente 29%, 11% e 10%, respectivamente. 
A evolução histórica das emissões do subsetor por estado pode ser observada na 
Figura 16, onde se observa o crescimento acentuado das emissões entre os anos de 
1970, 1990 e 2002. Após 2002, identifi ca-se a inclinação à estabilização do setor, con-
forme discutido no item 2.1. Nota-se também que alguns Estados, como São Paulo e 
Rio Grande do Sul, apresentam um crescimento comparativamente baixo entre 2012 
e 2015 ou decréscimo, devido ao aumento de índices de recuperação de metano em 
aterros sanitários, seja pela queima ou pelo aproveitamento energético, sendo a pri-
meira opção mais comum.
2. EMISSÕES DE GEE NO
SETOR DE RESÍDUOS
NO PERÍODO 1970-2016
39
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
 Figura 16 - Emissões totais de GEE provenientes da disposição fi nal de RSU 
do Estados brasileiros em anos de interesse
Fonte: ICLEI – Governos locais pela sustentabilidade, Secretariado para América do Sul
Ressalta-se a baixa contribuição de Estados da região Norte, cujas emissões represen-
tam apenas cerca de 2% do total nacional. Outro aspecto interessante sobre as ca-
racterísticas estaduais de emissões é a contribuição mais signifi cativa de Estados da 
macrorregião Centro-Oeste, que, apesar de não apresentarem taxas populacionais tão 
acentuadas, possuem índices de emissões relativamente altos. Goiás, por exemplo, é o 
nono Estado mais populoso do Brasil; no entanto, é o sexto maior emissor, à frente de 
estados como Rio Grande do Sul, Pernambuco e Ceará23. Neste caso, o comportamen-
to é justifi cado pela composição gravimétrica e, consequentemente, pelo potencial de 
geração de metano de cada região.
23 De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2015, os estados apresentados são as 6ª, 
7ª e 8ª UFs com maior maior número de habitantes urbanos. Disponível em <https://sidra.ibge.gov.br/tabela/261> 
2. EMISSÕES DE GEE NO
SETOR DE RESÍDUOS
NO PERÍODO 1970-2016
19
70
19
71
19
72
19
73
19
74
19
75
19
76
19
77
19
78
19
79
19
80
19
81
19
82
19
83
19
84
19
85
19
86
19
87
19
88
19
99
19
90
19
91
19
92
19
93
19
94
19
95
19
96
19
97
19
98
19
99
20
00
20
01
20
02
20
03
20
04
20
05
20
06
20
07
20
08
20
09
20
10
20
11
20
12
20
13
20
14
20
15
20
16
M
ilh
õe
s 
de
 t
on
el
ad
as
 d
e 
CO
2e
16
14
12
10
8
6
4
2
-
SP R
J
M
G BA P
R
G
O SC CE PE D
F RS M
A ES M
T
M
S
PB RN P
I
AL SE PA AM T
O RO A
P
AC RR
20121970 20151990 2016
40
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
Análise das emissões provenientes da incineração nos Estados brasileiros 
Conforme mencionado anteriormente, a incineração é uma rota tecnológica pouco ex-
plorada como tratamento de resíduos sólidos no Brasil. A desagregação das emissões 
por Unidades da Federação foi realizada por meio de dois processos distintos para 
resíduos de serviços de saúde e resíduos industriais. 
Para RSS, foram utilizados dados de atividades obtidos nos panoramas anuais da ABREL-
PE, especialmente para anos recentes, enquanto para períodos sem informações, foram 
utilizadas correlações matemáticas. Já para RSI, a alocação estadual foi baseada em in-
formações compiladas a partir de inventários estaduais. A Figura 17 apresenta a contri-
buição por estado de emissões GEE provenientes da incineração, em anos de interesse.
 Figura 17 - Emissões totais de GEE provenientes da incineração de RSS e RSI 
dos Estados brasileiros em anos de interesse
Fonte: Elaboração própria
2. EMISSÕES DE GEE NO
SETOR DE RESÍDUOS
NO PERÍODO 1970-2016
19
7019
71
19
72
19
73
19
74
19
75
19
76
19
77
19
78
19
79
19
80
19
81
19
82
19
83
19
84
19
85
19
86
19
87
19
88
19
99
19
90
19
91
19
92
19
93
19
94
19
95
19
96
19
97
19
98
19
99
20
00
20
01
20
02
20
03
20
04
20
05
20
06
20
07
20
08
20
09
20
10
20
11
20
12
20
13
20
14
20
15
20
16
M
ilh
õe
s 
de
 t
on
el
ad
as
 d
e 
CO
2e
90
80
70
60
50
40
30
20
10
-
SP M
G PR G
O RJ PE P
I
PB BA M
T RS RN C
E
D
F
SC M
A
M
S ES PA AM A
L SE RO A
C AP TO R
R
20121970 20151990 2016
41
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
Como nem todas as Unidades da Federação possuíam inventários regionais, a produção de 
resíduos industriais foi alocada somente em Estados que apresentaram seus inventários. 
De modo que pode-se ter superestimado as emissões para os estados que apresentaram 
informações sobre suas respectivas atividades industriais. Nesse contexto regional, os Es-
tados que mais contribuíram no subsetor foram São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Goiás. 
Análise das emissões provenientes do tratamento e afastamento de efl uentes 
líquidos domésticos nos Estados brasileiros 
A análise das emissões associadas ao tratamento de efl uentes líquidos domésticos, 
caracterizada por sua baixa qualidade de dados, discutida na seção 2.3, baseia-se prin-
cipalmente nas taxas de população com acesso a escoadouro em cada Unidade da 
Federação do Brasil. A Figura 18 apresenta o comportamento histórico das emissões 
associadas ao tratamento e afastamento de efl uentes domésticos, marcada pelo acen-
tuado crescimento para todos os Estados brasileiros. 
 Figura 18 - Emissões totais de GEE provenientes do tratamento e afastamento de 
efl uentes dos Estados brasileiros em anos de interesse
Fonte: Elaboração própria
2. EMISSÕES DE GEE NO
SETOR DE RESÍDUOS
NO PERÍODO 1970-2016
M
ilh
õe
s 
de
 t
on
el
ad
as
 d
e 
CO
2e
5
4
4
3
3
2
2
1
1
-
SP M
G RJ BA R
S
PR P
E CE PA M
A SC G
O
AM P
B ES RN A
L
M
T PI D
F
M
S SE RO TO A
C AP RR
20121970 20151990 2016
42
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
Como a principal condicionante do setor na análise realizada foram as taxas populacio-
nais, os seis Estados que mais emitem (São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia, 
Rio Grande do Sul e Paraná), responsáveis por cerca de 57% do total de emissões do se-
tor, são também os que apresentam o maior número de habitantes com escoadouro. 
Análise das emissões provenientes do tratamento e afastamento de efl uentes 
líquidos industriais nos Estados brasileiros 
As emissões provenientes do tratamento de efl uentes líquidos industriais foram esti-
madas por meio da produção industrial de cada Unidade da Federação, que por sua 
vez foi obtida por meio de dados diretos ou correlações matemáticas. A Figura 19 apre-
senta o comportamento histórico das emissões do subsetor. 
 Figura 19 - Emissões totais de GEE provenientes do tratamento de efl uentes líquidos 
industriais em anos de interesse
Fonte: Elaboração própria
2. EMISSÕES DE GEE NO
SETOR DE RESÍDUOS
NO PERÍODO 1970-2016
M
ilh
õe
s 
de
 t
on
el
ad
as
 d
e 
CO
2e
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
-
SP PR M
G RS G
O
M
S SC M
T
BA P
E AL R
J
PA RO P
B
TO M
A CE ES AM S
E
RN P
I
AC D
F
N
A RR AP
20121970 20151990 2016
43
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
O Estado de São Paulo novamente se posiciona como a principal UF fonte de emissões 
de GEE pelo tratamento de efl uentes industriais, responsável por 41% das emissões do 
subsetor. É seguido por Paraná, Minas Gerais, Santa Catarina e Goiás. Destaca-se que 
o posicionamento em relação à quantidade de emissões de GEE das UFs não necessa-
riamente coincidem com seu posicionamento na contribuição ao PIB nacional24, pois a
análise seleciona as atividades industriais por sua capacidade de geração de DBO.
Deve-se enfatizar o crescimento acentuado de emissões entre os anos de 2000 e 2010, 
no setor de efl uentes líquidos industriais, para todos os Estados, intervalo no qual o sub-
setor se consolidou como segundo maior em emissões de GEE no setor de resíduos. 
A Figura 20 apresenta a contribuição percentual de cada atividade industrial no total de 
emissões das dez UFs que mais emitiram em 2016. Destaca-se a contribuição da produ-
ção de açúcar nos Estados de São Paulo e Pernambuco; a produção de papel e celulose 
no Paraná, no Rio Grande do Sul e na Bahia; a produção de álcool nos Estados da região 
centro-oeste; e, por fi m, a característica bastante diversifi cada de Minas Gerais.
 Figura 20 - Contribuição percentual de cada atividade industrial nas emissões de GEE 
pelo tratamento de efl uentes líquidos industriais em 2016
Fonte: ICLEI – Governos locais pela sustentabilidade, Secretariado para América do Sul
24 Rankeamento dos estados elaborado pela Confederação Nacional de Indústria (CNI), disponel em: <http://
perfi lestados.portaldaindustria.com.br/ranking?cat=9&id=1354>
2. EMISSÕES DE GEE NO
SETOR DE RESÍDUOS
NO PERÍODO 1970-2016
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
Avícola
Álcool
Leite Pasteurizado SuínosCerveja
BovinaCelulose
Açúcar
Leite Cru
BA G
O
M
G
M
S
M
T PE PR R
S SC SP
44
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
2.3 ANÁLISE E LIMITAÇÕES DOS DADOS 
Disposição fi nal de resíduos sólidos 
A qualidade da estimativa de emissões de metano está diretamente relacionada à qua-
lidade e disponibilidade dos dados de atividade no setor de resíduos, que incluem o 
total de resíduos sólidos urbanos gerados, índices de coleta, composição gravimétrica, 
fração de RSU encaminhada para disposição fi nal em aterros sanitários, controlados e 
lixões e a quantidade de metano recuperada nos locais de disposição. 
Apesar de os Panoramas Anuais da ABRELPE - lançados a partir de 2004 - apresenta-
rem os indicadores estaduais de coleta de RSU e tipos de disposição fi nal, o setor de 
resíduos é caracteristicamente marcado pela ausência de informações, principalmente 
pela pouca disponibilidade de dados históricos. 
As informações sobre a composição gravimétrica e, consequentemente, a fração de car-
bono degradável presente no material coletado, foram obtidas a partir do relatório de 
referência do setor de resíduos elaborado e extrapolados para os anos subsequentes a 
2010. As informações estão disponíveis para as macrorregiões e apenas três Estados têm 
os dados desagregados, ou seja, a análise de quantidade de carbono orgânico degradá-
vel é dada pela aplicação de dados regionais em cada UF. Outro aspecto a ser destacado 
é o fato de o relatório de referência do setor não explicitar de forma transparente a me-
todologia utilizada para estabelecer as equações referentes à obtenção do DOC. 
Por fi m, a gestão de resíduos possui característica fortemente local; no entanto, as esti-
mativas são realizadas considerando dados estaduais ou regionais, não representando 
com acurácia a realidade brasileira da gestão municipal de resíduos sólidos.
2. EMISSÕES DE GEE NO
SETOR DE RESÍDUOS
NO PERÍODO 1970-2016
45
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
Incineração de resíduos sólidos 
As variáveis chaves para o cálculo das emissões de CO2 e de N2O são a quantidade e 
o tipo de resíduos (industrial e de saúde) incinerados anualmente. Frente à impossibi-
lidade de um levantamento mais assertivo da quantidade de resíduos incinerados de 
1970 a 2016, as estimativas de emissões desse período foram calculadas pelo SEEG 
baseando-se nos dados disponíveis após 1990.
Os dados encontrados no período de 1990 a 2016 também são parciais, sendo neces-sária a aplicação de correlações matemáticas e inferências, não correspondendo à to-
talidade de incineradores existentes e à quantidade de resíduos incinerados.
Especifi camente para os resíduos industriais, observa-se a ausência de informações 
consistentes, de modo que se utilizaram dados obtidos a partir do relatório de refe-
rência do setor. A desagregação estadual foi realizada a partir de inventários regionais. 
Porém, como nem todas as Unidades da Federação elaboraram seus inventários, a 
alocação pode ter subestimado ou superestimado a contribuição de diferentes UFs.
Efl uentes líquidos domésticos
De acordo com a metodologia de cálculo, as emissões desse subsetor variam, dentre 
outros fatores, em função da população e dos tipos de tratamento adotados. Frente 
à inexistência de uma base de dados anual que permita conhecer com exatidão as 
frações dos efl uentes domésticos e cada tipo de tratamento, os autores do 3o Inven-
tário Nacional de Gases de Efeito Estufa realizaram um conjunto de inferências e de 
integrações de dados de fontes e formatos diferentes. No entanto, as informações não 
estão integralmente descritas no relatório de referência, impossibilitando a replicação 
da metodologia de cálculo. 
A estimativa realizada pela plataforma SEEG obteve o valor do fator de correção de me-
tano (sigla em inglês, MCF) ponderado, variável que agrega matematicamente informa-
ções de tipo de tratamento adotado e as frações da população atendida por determi-
nado serviço, a partir dos resultados obtidos no relatório de referência. O processo de 
alocação estadual de emissões foi realizado com base no número de habitantes com 
escoadouro de cada UF. A metodologia aplicada para a quantifi cação das emissões de 
GEE pelo tratamento de efl uentes líquidos tem necessidade de aprimoramento.
2. EMISSÕES DE GEE NO 
SETOR DE RESÍDUOS
NO PERÍODO 1970-2016
46
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
Efl uentes líquidos industriais 
O cálculo abrange as atividades industriais que mais geram carga orgânica e que, por-
tanto, possuem o maior potencial de geração de GEE. Nesse sentido, os setores con-
templados foram: cerveja, leite cru, leite pasteurizado, açúcar, álcool, papel, suínos e 
aves e bovinos.
De acordo com o método de cálculo, as emissões desse subsetor variam, dentre outros 
fatores, em função de volume/quantidade produzida e do tipo de tratamento adotado, 
dado que cada sistema de tratamento possui um fator de emissão específi co. 
Para o cálculo foram utilizados os dados de produção, porém não foram obtidos dados 
específi cos sobre o tipo de tratamento dos efl uentes, para os quais foram reproduzi-
das informações descritas no relatório de referência do setor de resíduos e valores de-
fault estabelecidos pelo IPCC. Destaca-se também a falta de dados atualizados e ofi ciais 
sobre a recuperação energética do metano nos diferentes sistemas de tratamento de 
efl uentes, impossibilitando uma estimativa precisa das emissões.
Dessa forma as estimativas variaram em função do aumento da produção dos dife-
rentes setores avaliados, porém não captaram totalmente as mudanças no padrão de 
tratamento dos efl uentes industriais. Tais mudanças possivelmente ocorreram, levan-
do-se em consideração a intensifi cação das exigências ambientais para a aprovação e 
para o funcionamento das indústrias. 
2. EMISSÕES DE GEE NO 
SETOR DE RESÍDUOS
NO PERÍODO 1970-2016
47
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
A temática de resíduos é transversal a várias políticas nacionais, como as áreas de 
meio ambiente, indústria, saúde, saneamento básico e mudanças climáticas. Como 
não há planos de mitigação e adaptação ao enfrentamento da mudança do clima 
específi co para o setor de resíduos, foram analisadas as políticas e planos setoriais, 
a fi m de verifi car o status atual de integração entre as medidas propostas e as ambi-
ções de mitigação de gases de efeito estufa (GEE) brasileiras, no contexto de Contri-
buição Nacional Determinada (NDC).
3.1 POLÍTICA NACIONAL DE SANEAMENTO BÁSICO 
A Lei Federal de Saneamento Básico, Lei nº 11.445, promulgada em 5 de janeiro de 2007, 
defi niu um marco regulatório para o setor. O conceito de saneamento básico consiste no 
conjunto de serviços, infraestruturas e instalações operacionais de (BRASIL, 2013):
1) Abastecimento de água potável, desde a captação até as ligações prediais e 
instrumentos de medição; 
2) Esgotamento sanitário, constituído pelas atividades de coleta, transporte, 
tratamento e disposição fi nal adequada de efl uentes, desde as ligações pre-
diais até o seu lançamento no meio ambiente;
3) Limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos;
4) Drenagem e manejo das águas pluviais urbanas.
A Lei de Saneamento é um importante marco no sentido de estabilidade institucional, 
abrindo um leque de opções para a formação de diversas estruturas de regulação. 
Seu principal foco é a universalização do acesso na saúde fi nanceira de empresas 
(ARAÚJO FILHO, 2008). 
O Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab) é o principal instrumento da política 
nacional de saneamento básico instituído pela Lei 11.445. Aprovado em dezembro de 
2013, o plano contém diretrizes gerais para a atuação do governo federal nos próximos 
3. TRAJETÓRIA, METAS E 
COMPROMISSOS
48
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
20 anos, orientando que órgãos federais desenvolvam programas e ações na área de 
saneamento básico. É de importância estratégica para o Brasil, ao disciplinar o proces-
so de tomada de decisões na política pública setorial e ao se colocar como referência 
para os planos locais, a serem elaborados por determinação legal.
Destacam-se a seguir alguns dos princípios fundamentais que norteiam o Plansab 
(BRASIL,2015):
• Universalização: acesso igualitário aos serviços de saneamento básico por toda 
a população;
• Equidade: superação de diferenças evitáveis, desnecessárias e injustas por meio 
da prestação de serviços, destacando um grupo ou categoria essencial alvo es-
pecial das intervenções; 
• Integralidade: conjunto de todas as atividades e componentes de cada um dos 
diversos serviços, propiciando à população o acesso na conformidade de suas 
necessidades e maximizando a efi cácia das ações e resultados; 
• Intersetorialidade: articulação e integração institucional visando compatibilizar 
a execução de diversas ações, planos e projetos, e o compartilhamento entre 
tecnologias e práticas setoriais; 
• Sustentabilidade: assumida em pelo menos quatro dimensões: a ambiental, a 
social, a de governança e a econômica; 
• Participação e controle social: construção de relações entre cidadania e gover-
nabilidade, vislumbrando avançar na instituição de práticas democráticas subs-
tantivas; 
• Matriz tecnológica: prospecção dos rumos tecnológicos que o setor deve trilhar 
e o padrão tecnológico que deve ser apoiado e incentivado.
O Quadro 2 descreve as metas de curto, médio e longo prazo – 2018, 2023 e 2033 -, esta-
belecidas no Plansab, defi nidas a partir da evolução histórica e da situacional dos indica-
dores, com base nos cenários políticos e econômicos que o Brasil apresentava em 2012.
3. TRAJETÓRIA, METAS E 
COMPROMISSOS
49
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
 Quadro 2 - Metas estipuladas no Plano Nacional de Saneamento Básico
Fonte: Elaboração própria
3. TRAJETÓRIA, METAS E 
COMPROMISSOS
% de domicílios urbanos 
e rurais abastecidos por 
rede de distribuição ou 
por poço ou nascente 
com canalização interna 
(abastecimento de água)
% de domicílios urbanos 
e rurais servidos por rede 
coletora ou fossa séptica 
para os excretas ou 
esgotos sanitários
% de 
tratamento 
de esgoto 
coletado
% de domicílios 
urbanos atendidos 
por coleta direta de 
resíduos sólidos
% de municípios 
com coleta seletiva 
de resíduos sólidos 
domiciliares 
PLANO DE METAS (%)
Metas Região 2010 2018 2023 2033
NorteNordeste 
Sul 
Sudeste 
Centro-Oeste 
Brasil 
Norte 
Nordeste 
Sul 
Sudeste 
Centro-Oeste 
Brasil 
Norte 
Nordeste 
Sul 
Sudeste 
Centro-Oeste 
Brasil 
Norte 
Nordeste 
Sul 
Sudeste 
Centro-Oeste 
Brasil 
Norte 
Nordeste 
Sul 
Sudeste 
Centro-Oeste 
Brasil 
71 
79 
98 
96 
94 
90 
33 
45 
72 
87 
52 
67 
53 
66 
59 
46 
90 
53 
84 
80 
96 
93 
92 
90 
5 
5 
38 
25 
7 
18 
79 
85 
99 
98 
96 
93 
54 
59 
81 
90 
63 
76 
69 
77 
73 
63 
92 
69 
90 
88 
99 
99 
95 
94 
12 
14 
48 
36 
15 
28 
84 
89 
99 
99 
98 
95 
63 
68 
87 
92 
70 
81 
77 
82 
80 
72 
93 
77 
94 
93 
100 
100 
97 
97 
15 
18 
53 
42 
19 
33 
94 
97 
100 
100 
100 
99 
87 
85 
99 
96 
84 
92 
93 
93 
94 
90 
96 
93 
100 
100 
100 
100 
100 
100
22 
28 
63 
53 
27 
43 
50
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
As metas foram baseadas em um cenário futuro possível e, até certo ponto, considera-
das desejáveis e otimistas. O atual momento político e econômico do Brasil, de instabi-
lidade política e recessão, aponta para um desvio do cenário base, onde taxas de cres-
cimento do acesso ao saneamento devem se mostrar mais tímidas nos próximos anos. 
A ampliação progressiva do acesso de domicílios ao saneamento básico apresenta, de-
pendendo das medidas e políticas implementadas, o potencial de aumentar ou reduzir 
as emissões de GEE. A prática da coleta e tratamento de efl uentes pode apresentar 
maior potencial de geração de metano do que se o efl uente fosse lançado diretamente 
num corpo hídrico, porém caso seja observada a queima ou o aproveitamento do bio-
gás gerado no tratamento anaeróbio do efl uente, as emissões seriam menores. Alter-
nativas, como a aplicação de tratamentos primários e secundários em condições aeró-
bias, também apresentam potencial de anular ou minimizar as emissões de metano. 
O Plansab não faz menção às políticas de mudanças climáticas, apenas cita que devem 
ser fomentadas técnicas que reduzam as emissões de GEE como uma estratégia rela-
tiva ao desenvolvimento tecnológico. No entanto, não indica diretrizes de como isso 
deve ser alcançado. 
Não foi identifi cado nenhum plano especifi co para tratamento de efl uentes industriais, 
os quais devem estar de acordo com a legislação específi ca seguindo os padrões de 
lançamento de efl uentes, conforme a Resolução CONAMA 357/2005, que não possui 
nenhum padrão referente às emissões de GEE.
O défi cit do saneamento básico, caracterizado pela ausência ou precariedade de so-
lução para disposição dos efl uentes gerados, é fruto de muitos fatores históricos, po-
líticos, econômicos e sociais que precisam ser enfrentados. A qualidade de vida da 
população brasileira é diretamente infl uenciada pela qualidade e universalidade dos 
serviços do setor. O saneamento apresenta impactos diretos sobre a saúde pública, o 
meio ambiente e o desenvolvimento econômico do país.
3.2 POLÍTICA NACIONAL SOBRE MUDANÇA DO CLIMA 
A Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC), instituída pela Lei nº 12.187 de 
29 de dezembro de 2009, ofi cializa o compromisso voluntário de redução do nível de 
emissões de gases de efeito estufa entre 36,1% e 38,9% até 2020 em relação ao cenário 
3. TRAJETÓRIA, METAS E 
COMPROMISSOS
51
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
tendencial. A lei estabelece, ainda, o desenvolvimento de planos setoriais de mitigação 
e adaptação nos âmbitos local, regional e nacional, cuja execução tem como principais 
instrumentos o Plano Nacional Sobre Mudanças Climáticas, o Fundo Nacional para Mu-
danças Climáticas (Fundo Clima) e a Comunicação Nacional do Brasil à Convenção-Qua-
dro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (BRASIL, 2008).
 O Plano Nacional sobre Mudança do Clima visa identifi car, planejar e coordenar ações e 
medidas de mitigação que possam ser aplicadas para reduzir as emissões de GEE, bem 
como àquelas necessárias para aumentar a capacidade de adaptação da sociedade no 
contexto de mudanças climáticas. Explicitando exclusivamente os objetivos específi cos 
do Plano Nacional sobre Mudança do Clima que se relacionam com o setor de resíduos, 
pode-se destacar (BRASIL, 2008): 
• Fomentar aumentos de efi ciência do desempenho dos setores da economia na 
busca constante do alcance das melhores práticas;
• Fortalecer ações intersetoriais voltadas para a redução das vulnerabilidades das 
populações;
• Identifi car os impactos ambientais decorrentes da mudança do clima e fomentar 
o desenvolvimento de pesquisas científi cas para que se possa traçar uma estra-
tégia que minimize os custos socioeconômicos de adaptação do país. 
O plano ainda estabelece que as maiores oportunidades de mitigação do setor de re-
síduos consistem em seu planejamento e gestão integrada, equacionamento do pro-
blema relacionado à disposição fi nal inadequada, recuperação de metano em aterros 
sanitários – com devida queima ou captura do biogás para fi ns de aproveitamento 
energético-, incineração com recuperação energética e compostagem. Além disso, in-
dica o direcionamento de esforços para atingir o patamar de 20% de reciclagem de 
resíduos sólidos (BRASIL, 2008).
O Decreto nº 7.390 de 9 de dezembro de 2010, que regulamenta a Política Nacional 
sobre Mudança do Clima, por sua vez, publicado quase um ano após a entrada em 
vigor da PNMC, defi ne como as metas devem ser alcançadas, prevendo a elaboração 
de Planos Setoriais com a inclusão de ações, indicadores e metas específi cas de redu-
ção de emissões, mecanismos de verifi cação, além de estabelecer as revisões do Plano 
Nacional sobre Mudança do Clima. Não há, porém, obrigatoriedade na elaboração de 
3. TRAJETÓRIA, METAS E 
COMPROMISSOS
52
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
um plano exclusivo para o setor de resíduos, além de não se quantifi car as projeções 
exatas de emissões do setor, pois o decreto as apresenta juntamente com as emissões 
do setor de indústrias de transformação.
O Plano Setorial de Mitigação e Adaptação à Mudança do Clima para a consolidação de 
uma economia de baixo carbono na Indústria de Transformação apresenta uma meta 
de redução de 308,16 Mt de CO2eq até 2020. Destaca-se o aumento da reciclagem e o 
aproveitamento de coprodutos, reforçando a necessidade de integração entre as Polí-
ticas Nacionais de Mudança do Clima e a de Resíduos Sólidos. 
Para tanto, é prevista a realização de um estudo/avaliação de barreiras regulatórias sobre 
o processamento de resíduos sólidos industriais e urbanos, com propostas de alteração do 
marco regulatório se necessário, tratamento tributário diferenciado para produtos recicla-
dos, bem como bolsas de resíduos, ou seja, instrumentos regulatórios e econômicos fun-
damentais para o cumprimento do objetivo de aumento de reciclagem e aproveitamento 
de coprodutos. Contudo, tais atividades ainda não foram concretizadas (BRASIL, 2008). 
3.3 POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS
 A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), instituída pela Lei nº 12.305/10, com-
preende o conjunto de princípios, objetivos, instrumentos, diretrizes, metas e ações 
adotadas em âmbito federal. É um marco regulatório que possui como base a diretriz 
sequencial de não geração, redução, reciclagem, tratamento de resíduos sólidos e dis-
posição fi nal ambientalmente adequada de rejeitos (Brasil, 2010a).
 A PNRS defi ne os conceitos de “responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do pro-
duto” e a “logística reversa”, assim como estabelece que os resíduos devem ser tratados e 
recuperados por processos tecnológicos disponíveise economicamente viáveis (ABRELPE, 
2015). Destaca-se que, para a destinação fi nal ser considerada ambientalmente adequada, 
os resíduos devem ser valorizados mecanicamente, biologicamente e/ou energeticamente. 
O Plano Nacional de Resíduos Sólidos (Planares)25 é um dos principais instrumentos da 
PNRS. Consiste em uma ferramenta que, quando publicada e em vigor, contribuirá para 
25 O Planares ainda não foi aprovado pelos cinco Conselhos Nacionais relacionados à temática de resíduos sólidos
3. TRAJETÓRIA, METAS E 
COMPROMISSOS
53
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
a execução da Política Nacional. No Plano são apresentados objetivos intermediários 
que deveriam ser alcançados nos anos de 2015, 2019, 2023 e 2027 – tais metas estão 
descritas no Quadro 3. Por fi m, a universalização da gestão ambientalmente adequada 
deveria ser alcançada em 2031.
 Quadro 3 - Metas apresentadas no Plano Nacional de Resíduos Sólidos 
Fonte: Elaboração própria
3. TRAJETÓRIA, METAS E 
COMPROMISSOS
Áreas de lixões 
reabilitadas (queima 
pontual, captação de 
gases para geração 
de energia, coleta de 
chorume, drenagem, 
compactação da massa 
e cobertura do solo e 
cobertura vegetal
Redução dos resíduos 
recicláveis secos 
e dispostos em 
aterro, com base 
na caracterização 
nacional DE 2012
Redução do 
percentual de 
resíduos úmidos 
disposto em 
aterros, com base 
na caracterização 
nacional
Recuperação 
energética (em MWh)
Erradicação 
de lixões27 
PLANO DE METAS (%) 26
Metas Região 2015 2019 2023 2027 2031
Norte 
Nordeste 
Sul 
Sudeste 
Centro-Oeste 
Brasil 
Norte 
Nordeste 
Sul 
Sudeste 
Centro-Oeste 
Brasil 
Norte 
Nordeste 
Sul 
Sudeste 
Centro-Oeste 
Brasil 
Brasil
Brasil
5 
5 
10 
10 
8 
5 
10 
12 
43 
30 
13 
22
 10 
15 
30 
25 
15 
19 
 
50
100
20 
20 
20 
20 
20 
20 
13 
16 
50 
37 
15 
26 
20 
20 
40 
35 
25 
28 
100
100
45 
45 
50 
50 
45 
45 
15 
19 
53 
42 
18 
29 
30 
30 
50 
45 
35 
38 
150
100
65 
65 
75 
75 
65 
65 
17 
22 
58 
45 
21 
32 
40 
40 
55 
50 
45 
46 
200
100
90 
90 
100 
100 
90 
90 
20 
25 
60 
50 
25 
36 
50 
50 
60 
55 
50 
53 
250
100
26 Metas elaboradas a partir dos cenários desenvolvidos no Plansab, que serão posteriormentes discutidas ainda nessa seção 
27 A data inicialmente prevista para o encerramento de lixões no Brasi era 2 de agosto de 2014, no entanto o 
prazo foi prorrogado e as novas datas estabelecidas estão no período compreendido entre julho de 2018 e 
julho de 2021, de acordo com as dimensões e a população do município.
54
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
As diretrizes e metas previstas no PNRS podem repercutir nas emissões de GEE. A se-
guir apresenta-se um levantamento das principais metas e suas infl uências no contex-
to de enfrentamento às mudanças do clima. 
Eliminação de lixões e aterros controlados
Das metas quantitativas apresentadas, apenas a meta de eliminação dos lixões e ater-
ros controlados é uma imposição legal. Se essa condição se refl etir apenas no encami-
nhamento de RSU para aterros sanitários, desacompanhada de medidas de valoriza-
ção como o aumento de taxas de coleta seletiva, compostagem, reciclagem, redução 
do consumo e o aproveitamento energético, a tendência é que haja uma elevação das 
emissões de GEE, devido ao potencial de geração de metano em aterros sanitários.
Redução dos resíduos recicláveis secos e dispostos em aterro, com base na 
caracterização nacional de 2012.
 A reciclagem é o processo de transformação de resíduos sólidos que envolve a altera-
ção de propriedades físicas, físico-químicas ou biológicas, com o intuito de reaproveitar 
materiais em insumos ou novos produtos (BRASIL, 2010a). O potencial de mitigação 
associado ao processo se dá, inicialmente, pela diminuição de materiais encaminhados 
para disposição fi nal. 
Deve-se considerar que a reciclagem permite a substituição de insumos em um con-
texto de economia circular, podendo resultar em uma forte redução de emissões asso-
ciadas ao consumo de energia do setor industrial, ao aliviar pressões de demanda de 
matérias-primas e de energia (EPE,2014). 
Redução do percentual de resíduos úmidos disposto em aterros, 
com base na caracterização nacional.
A fração orgânica, também denominada fração úmida, pode ser submetida a proces-
sos de tratamento por compostagem ou a processos de estabilização em biodigestores 
anaeróbicos, a fi m de promover a valorização biológica do material orgânico. Os pro-
cessos, além de diminuir a quantidade de RSU encaminhados para aterros, apresen-
tam menores potenciais de geração de GEE28. 
3. TRAJETÓRIA, METAS E 
COMPROMISSOS
28 A compostagem é um processo majoritariamente aeróbico, enquanto o uso de biodigestores se qualifi ca 
como uma rota de tratamento anaeróbica. Porém podem estarassociados a processos de aproveitamento 
energético do metano gerado.
55
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
A gestão efi ciente da fração orgânica dos resíduos é considerada um dos instrumentos 
mais efi cazes para a redução das emissões de GEE.
Recuperação de biogás - Potencial de 300 MWh (MWh)
Uma das possibilidades para reduzir as emissões de metano de aterros sanitários é a 
utilização de um sistema de captura e queima de CH4 ou aproveitamento de energéti-
co do biogás. De acordo com as estimativas realizadas por Alves e Gouvello (2010), as 
emissões de CH4 assumirão patamares maiores que 74 Mt de CO2e até 2030. Tal cená-
rio, contudo, considera as mesmas práticas de manejo de resíduos em 2010 e em 2030, 
onde cidades com mais de 200.000 habitantes realizam a disposição dos resíduos em 
aterro sanitário e cidades com menos de 200.000 habitantes realizam a disposições 
dos resíduos sólidos em lixões. 
Outras iniciativas previstas no plano, como acordos setoriais para logística reversa, in-
centivos à redução de geração de resíduos na fonte e o reuso de materiais também 
devem contribuir positivamente para a redução das emissões. 
Segundo as estatísticas setoriais dos últimos anos, aumentaram os níveis de cobertura 
no serviço de limpeza, bem como os percentuais de coleta de resíduos e disposição 
fi nal em aterros sanitários. Entretanto, ainda há um longo caminho a percorrer, visto 
que no Brasil medidas que incentivam a produção e aproveitamento energéticos de 
biogás, a bioestabilização da fração orgânica por meio da compostagem e digestão 
anaeróbica, assim como a reciclagem de resíduos secos estão bastante distantes do 
potencial existente e das metas explicitadas no Planares. 
Muitos municípios brasileiros, isoladamente, não apresentam condições técnicas que 
permitam a elaboração de planos de gestão de resíduos completos, aplicáveis e sus-
tentáveis. Visando sanar esse défi cit municipal, a PNRS estimula o planejamento inter-
municipal ou microrregional para a gestão e o gerenciamento de resíduos sólidos, o 
que é de extrema importância para sua efetividade (ABRELPE, 2015).
Mesmo que não existam planos específi cos no Brasil para reduzir as emissões prove-
nientes do setor, observa-se uma forte oportunidade de redução a partir da implementa-
ção da PNRS. A principal meta do Planares, de universalização do acesso ao saneamento, 
deve estar acompanhada de medidas que induzam a não geração, a redução, a utilização 
de tratamento biológico, aumento do índice de reciclagem e aproveitamento do biogás. 
3. TRAJETÓRIA, METAS E 
COMPROMISSOS
56
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
Infelizmente, a inefi ciência na gestão, decorrente da falta de capacidade técnica, ge-
rencial e fi nanceira dos municípios brasileirosdemonstra que o atual cenário brasileiro 
está bastante distante de cumprir as metas estabelecidas pela PNRS. A execução de 
alternativas de redução de emissões, sem instrumentos legais específi cos e sem incen-
tivos econômicos, tende a ser mínima. 
3.4 CONTRIBUIÇÃO NACIONALMENTE 
DETERMINADA (NDC)
O Acordo de Paris, negociado no fi m da 21ª Conferência das Partes da Convenção-Qua-
dro das Nações Unidas para as Mudanças do Clima, a COP 21, em dezembro de 2015, 
marcou o compromisso histórico em que 197 países e blocos supranacionais se orga-
nizaram para limitar o aumento da temperatura média global.
Os principais pontos do Acordo de Paris são: 
• Manter o aumento da temperatura da Terra bem abaixo de 2°C até 2100 em re-
lação à época pré-industrial, fazendo esforços para limitá-lo a 1,5°C: 
• Diminuir a emissão de gases de efeito estufa das atividades antrópicas ao mes-
mo nível que árvores, solo e oceanos são capazes de absorvê-los naturalmente, 
entre 2050 e 2100; 
• Incidir sobre todos os países signatários e ter sido fi rmado com base nas contri-
buições nacionalmente determinadas (NDC, acrônimo em inglês), apresentadas 
individualmente pelas nações; 
• Reconhecer que governos locais e subnacionais são participantes essenciais 
para acelerar ações transformadoras no ambiente urbano; 
• Levantar ao menos US$ 100 bilhões anuais de países desenvolvidos até 2020 
para fi nanciar a mitigação e a adaptação às mudanças climáticas.
Em relação à mitigação da mudança do clima, a contribuição do Brasil será reduzir as 
emissões de gases de efeito estufa em 37% abaixo dos níveis de 2005, em 2025, com 
uma contribuição indicativa subsequente de reduzir essas emissões em 43% abaixo 
dos níveis de 2005, em 2030. 
3. TRAJETÓRIA, METAS E 
COMPROMISSOS
57
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
De acordo com o projeto “Opções de Mitigação de Emissões de GEE em Setores-Chave 
do Brasil”, que será posteriormente discutido, os setores energéticos e de gestão de 
resíduos apresentam o maior potencial de redução em 2025. Apesar de o setor de resí-
duos ser identifi cado como uma área prioritária e ser considerado um dos setores com 
menores custos de abatimento de emissões, o documento-base da elaboração da NDC 
brasileira não apresenta medidas e recomendações setoriais específi cas. 
3.5 FÓRUM BRASILEIRO DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS 
O Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas (FBMC), um dos instrumentos institucio-
nais da Política Nacional de Mudanças Climáticas, se caracteriza como um espaço de 
concertação de atores da sociedade e do Estado brasileiro, cujo objetivo é conscientizar 
e mobilizar a sociedade e contribuir para a discussão das ações necessárias para en-
frentar a mudança global do clima. 
Em março de 2017, o FBMC iniciou o processo de discussão para a Proposta de Im-
plementação da NDC do Brasil, com o objetivo de elaborar um documento, a ser en-
tregue ao Presidente da República, contento uma estratégia consistente, de alto nível 
técnico que contemple prioridades, sequenciamento e um plano de implementação 
socialmente legítimo e politicamente viável para cumprimento da NDC até 2025 e 2030 
(FBMC, 2017).
O processo foi realizado por meio da implantação de dez Câmaras Temáticas (CTs) con-
templando os diversos setores da nossa economia, sendo uma delas intitulada CT de 
Cidades e Resíduos. O ICLEI, juntamente com o WRI Brasil e o WWF, foi responsável por 
co-coordenar os trabalhos que se relacionam com questões urbanas e das atribuições 
municipais.
Foram levantadas, ao todo, 255 ações/medidas de mitigação no Cardápio de Opções, 
sendo 40 selecionadas para NDC e 59 como Ações de Curto Prazo. O Quadro 4 apre-
senta as priorizações elencadas especifi camente no âmbito do setor de resíduos.
3. TRAJETÓRIA, METAS E 
COMPROMISSOS
58
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
 Quadro 4 - Medidas prioritárias e ações de curtos prazo elencadas 
pelo CT Cidadas e Resíduos
As medidas prioritárias selecionadas focam em ações referentes aos subsetores de 
tratamento intermediário de RSU e disposição fi nal de resíduos sólidos e efl uentes do-
mésticos. O potencial de abatimento da medida de estímulo à compostagem reside 
principalmente no não encaminhamento da fração orgânica para a disposição fi nal em 
aterros sanitários, controlados ou lixões, reduzindo o potencial de geração de metano 
do material coletado e consequentemente reduzindo também os valores absolutos 
de emissão de GEE. A compostagem, por ser um processo majoritariamente aeróbico, 
apresenta um fator de emissão menor em relação à rotas de tratamento anaeróbicas. 
De acordo com as diretrizes do IPCC29, a estimativa da emissão de metano na atmos-
fera decorrente do processo de compostagem atinge um intervalo menor de 1% do 
conteúdo de carbono inicial do material. 
3. TRAJETÓRIA, METAS E 
COMPROMISSOS
29 Informação obtida no capítulo relacionado ao tratamento biológico de resíduos, disponível em: https://www.
ipcc-nggip.iges.or.jp/public/2006gl/pdf/5_Volume5/V5_4_Ch4_Bio_Treat.pdf.
Resíduos sólidos
Resíduos sólidos
Resíduos sólidos e 
Efl uentes líquidos 
domésticos
Resíduos sólidos e 
Efl uentes líquidos
Resíduos sólidos e 
Efl uentes líquidos
Estímulo à compostagem da fração orgânica dos RSU segregada na fonte, seja 
por domicílios/grandes geradores.
Criação e implementação de programa de fi scalização e monitoramento 
dos fl ares e da cobertura fi nal do aterro para a avaliação da efi ciência da 
eliminação controlada de biogás.
Aproveitamento energético de biogás gerado em aterros sanitários/no 
tratamento da fase sólida e líquida em ETEs/biodigestores de RSU/ codigestão 
de resíduos e/ou efl uentes, para geração de energia elétrica, gás para injeção 
na rede e/ou combustível veicular. 
Criação de plano de subsídios à formalização do sistema integrado de gestão 
de resíduos.
Redução do risco creditício para alavancagem do aproveitamento energético 
de resíduos urbanos.
Subsetor
Subsetor
Medidas
Medidas
59
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
O aproveitamento energético do biogás gerado pelo tratamento e a disposição fi nal de 
resíduos sólidos e efl uentes líquidos, medida referente às últimas etapas na gestão de 
resíduos, apresenta potencial de redução de emissão GEE ao aumentar o percentual 
da fração de recuperação de CH4. 
Em relação às ações de curto prazo apresentadas, observa-se um direcionamento no 
sentido de ampliar o acesso ao crédito para o aproveitamento energético, visando di-
minuir o risco de inadimplência. Propõe-se também a melhoria da gestão aplicada em 
aterros sanitários, com programas de fi scalização e monitoramento de fl ares e da co-
bertura fi nal do aterro, ambas ações apresentadas possuem o potencial de reduzir as 
emissões de metano em locais de disposição fi nal. 
Por fi m, propõe-se a criação de um plano de subsídios à formalização do sistema inte-
grado de gestão de resíduos, que de acordo com proposta elaborada tem o potencial 
de fortalecer a avaliação e o monitoramento das emissões de GEE a nível local, em con-
sonância com a NDC e a PNRS30.
3. TRAJETÓRIA, METAS E 
COMPROMISSOS
30 Destaca-se que diferentes medidas setoriais (e.g. medidas prioritárias listadas no setor de agricultura e 
indústrias) também apresentam potencial de abatimento de emissões do setor de resíduos, no entanto elas 
não serão discutidas neste documento.
59
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
59
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
60
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
60
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
60
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
4. RECOMENDAÇÕES
4.1 APERFEIÇOAMENTO E TRANSPARÊNCIA 
DAS INFORMAÇÕES DISPONÍVEIS
O setor de saneamento básico no Brasil é marcado pela baixa disponibilidade de da-
dos, apesar de se observar uma melhoria nas últimas décadas, ainda se observa um 
conjunto de inconsistências e divergências metodológicas. A atualizaçãoe uniformiza-
ção é necessária para que o cálculo das emissões do setor de resíduos seja realizado 
com maior acurácia. Nesse sentido, recomenda-se o aprimoramento da obtenção dos 
dados de atividade e a geração de informações integradas. 
Além disso, recomenda-se que os próximos relatórios de referência dos inventários do 
setor de resíduos tenham maior grau de detalhamento das metodologias adotadas, 
transparência quanto às bases de dados utilizadas em sua totalidade e que sejam dis-
ponibilizadas informações em formatos editáveis.
Destaca-se o potencial da plataforma de disponibilização de dados SNIS (Sistema Na-
cional de Informações sobre Saneamento), hospedado no Ministério das Cidades, que 
agrega informações fornecidas pelos municípios. No entanto, nem todos os municípios 
brasileiros coletam e inserem suas informações regionais. Ou ainda, as informações 
descritas apresentam inconsistências nos diferentes anos. Recomenda-se a elabora-
ção de uma componente dedicada às variáveis signifi cativas para quantifi car e analisar 
as emissões de GEE relacionadas à gestão de resíduos sólidos e efl uentes líquidos no 
âmbito da plataforma SNIS.
4.2 TRATAMENTO E DISPOSIÇÃO FINAL DE RESÍDUOS 
SÓLIDOS URBANOS
A Figura 21 apresenta a hierarquia da gestão de resíduos, com a não geração/redução 
e reuso de resíduos no topo da pirâmide, seguidos por reciclagem, sistemas de recupe-
ração energética (incluindo digestão anaeróbica), sistemas de tratamento sem aprovei-
tamento energético (incluindo compostagem e incineração). 
Por fi m, com menor prioridade no gerenciamento de RSU, tem-se a disposição fi nal de 
resíduos em aterros sanitários (priorizando o aproveitamento energético ou queima de 
metano), seguida pela disposição em aterros controlados e em lixões. 
61
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
4. RECOMENDAÇÔES
 Figura 21 - Hierarquia na gestão de resíduos.
Fonte: Quinto relatório de avaliação (IPCC, 2014)
A descrição de destinação fi nal adequada da Política Nacional de Resíduos Sólidos cor-
robora o descrito na pirâmide hierárquica de sistemas de gestão e gerenciamento de 
resíduos sólidos, apesar da obrigatoriedade quanto às metas do Planares ser apenas 
uma imposição legal para a erradicação de lixões. 
A seguir são descritas as recomendações quanto à gestão e gerenciamento de RSU, 
medidas essas com alto potencial de abatimento de emissões de GEEs: 
a) Produção e disseminação de informações qualifi cadas para os gestores munici-
pais quanto às alternativas tecnológicas para tratamento e destinação de RSU e in-
centivar a elaboração de planos municipais de gerenciamento de resíduos sólidos;
b) Promoção de medidas de incentivo à não geração e reuso de resíduos sólidos;
Prevenção Redução e não-produção de resíduos
Lixão
Reuso
Reciclagem
Recuperação 
energética
Aterro sanitário com 
recuperação e uso de metano
Aterro controlado/queima a céu aberto
Aterro sanitário com escape de metano
Aterro sanitário com queima de metano
Tratamento sem 
recuperação energética
Preparação 
para o reuso
Reciclagem
Outros tipos de 
recuperação
Disposição
62
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
4. RECOMENDAÇÔES
c) Criação de instrumentos econômicos de incentivo à reciclagem e à redução do 
uso de materiais na cadeia produtiva;
d) Remoção de barreiras fi scais à cadeia da reciclagem;
e) Implantação plena dos acordos setoriais de logística reversa;
f) Mecanismos de incentivos técnicos e fi nanceiros para a implantação pelos mu-
nicípios de processos de tratamento da fração orgânica, como a compostagem 
e digestão anaeróbica;
g) Fomento à utilização plena do potencial energético, físico e biológico dos resíduos;
h) Criação de mecanismos sólidos de incentivos para implantação de sistemas de 
aproveitamento de biogás, tanto em pesquisas tecnológicas, quanto em incen-
tivos fi nanceiros e tarifários para que os projetos não sejam tão vulneráveis ao 
mercado de carbono.
i) Transversalmente a todas as ações, destacam-se práticas de educação e cons-
cientização ambiental.
4.3 INCINERAÇÃO DE RESÍDUOS ESPECIAIS 
Recomenda-se fortalecer a gestão de resíduos de serviços de saúde e industrial, priori-
zando a não geração e redução, quando aplicável. Além do fomento à utilização do po-
tencial energético dos resíduos a partir do processo de incineração e a elaboração de 
novas tecnologias que minimizem os impactos ambientais das práticas de tratamento 
térmico e apresentem índices de abatimento de emissões de GEE. 
4.4 TRATAMENTO E AFASTAMENTO DE EFLUENTES 
LÍQUIDOS DOMÉSTICOS
A busca pela universalização do acesso à serviços de abastecimento de água, coleta e 
tratamento e afastamento de efl uentes domésticos deve estar acompanhada da te-
mática de racionalização do consumo, juntamente com a priorização de medidas que 
reduzam a emissão de GEE, como:
63
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
a) Aplicação de sistemas de tratamento primário e secundário em condições aeró-
bicas;
b) Sistemas de captação e aproveitamento de metano associados à aplicação de 
tratamento anaeróbico;
c) Incentivo à elaboração de planos municipais, procurando sinergia com o sanea-
mento e o enfrentamento às mudanças do clima;
d) Transversalmente, incentiva-se práticas de educação quanto à racionalização do 
consumo.
4.5 TRATAMENTO E AFASTAMENTO DE EFLUENTES 
LÍQUIDOS INDUSTRIAIS 
Garantir que os efl uentes líquidos industriais sejam dispostos adequadamente no meio 
ambiente, com o incentivo à implementação de sistemas de tratamento aeróbicos e 
aumento gradativo da captação e aproveitamento energético de metano, bem como 
promover o consumo consciente de insumos, priorizando a não geração de efl uentes.
4.6 RECOMENDAÇÕES GERAIS PARA AS POLÍTICAS 
NACIONAIS E A ESTRATÉGIA NACIONAL PARA 
A IMPLEMENTAÇÃO DA NDC
Maior consideração quanto às questões climáticas e integração das políticas e planos 
nacionais como os Planos Nacionais de Mudanças do Clima (PNMC), de Resíduos Sóli-
dos (PNRS), de Recursos Hídricos (PNRH), de Saneamento Básico (Plansab), de Produ-
ção e Consumo Sustentável (PPCS) e Política Nacional de Saúde (PNS). Buscando com-
preender a sinergia intersetorial e incentivar boas práticas no setor de saneamento, 
contextualizadas com as questões de enfrentamento às mudanças climáticas. 
Recomenda-se a criação de um Plano Setorial de Saneamento Ambiental para mitiga-
ção e adaptação à mudança do clima. Assim como a revisão do documento-base da 
NDC, promovendo a incorporação do setor de resíduos como área prioritária, devido 
4. RECOMENDAÇÔES
64
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
ao seu impacto na qualidade de vida da população brasileira, saúde pública e seu alto 
potencial de abatimento de emissões de gases de efeito estufa.
Trajetórias de mitigação e instrumentos de políticas públicas para alcance das 
metas brasileiras no Acordo de Paris
Em janeiro de 2018, o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações 
(MCTIC) e o Programa da ONU para o Meio Ambiente lançaram as publicações dos re-
sultados do Projeto “Opções de Mitigação de Emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) 
em Setores-Chave do Brasil”.
O projeto considerou o exercício de modelagem integrada, a nível nacional, de traje-
tórias de emissões, analisando as oportunidade de mitigação por uma lógica de cus-
to-efetividade, ressaltando os impactos que sua implementação traria para diferentes 
agregados econômicos e sociais (MCTIC e ONU Meio Ambiente, 2017).
Com a criação preliminar de um cenário de referência (REF), que considera as metas 
constantes de políticas públicas governamentais, bem como planos ofi ciais de expan-
são setorial, foram elaborados cenários de baixo carbono (BC) que abrangem a aplica-
ção de melhores tecnologias disponíveis (MTD) para redução de emissões de GEE (MC-
TIC e ONU Meio Ambiente, 2017). A partir dos resultados do projeto,o MCTIC preparou 
uma contribuição técnica com o intuito de subsidiar as discussões para a elaboração de 
estratégias de implementação da NDC. 
Analisando especifi camente o setor de resíduos, as principais atividades identificadas 
e seus potenciais de abatimento nos cenários elaborados estão demonstradas no Qua-
dro 5. Como premissa da análise, foram utilizados dados da Terceira Comunicação 
Nacional do Brasil à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima31.
31 Os resultados das estimativas do setor de resíduos elaborado no âmbito da plataforma SEEG e da comunicação 
nacional divergem, seja pela utilização de distintas abordagens metodológicas ou fontes de dados atividade. No 
entanto, os resultados da análise do MCTIC serão descritos para ilustrar o potencial de abatimento do setor.
4. RECOMENDAÇÔES
65
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
Q uadro 5 – Medidas de baixo carbono elencadas no Projeto “Opções de Mitigação de 
Emissões de GEE em Setores-chaves no Brasil” e seus potencias custos de abatimento. 
Fonte: MCTIC, 2017
O cenário BC0 é caracterizado por medidas do tipo no regret, ou seja, que apresentam 
viabilidade econômica ao longo de sua vida útil. No caso do cenário BC10, inclui-se uma 
barreira econômica relacionada à internalização de um valor de US$ 10 por tonelada 
de CO2e. A Figura 22 apresenta grafi camente os resultados compilados da implementa-
ção das medidas elencadas nos cenários analisados nos anos de 2025 e 2030.
 Figura 22 – Cenários de emissões do setor de resíduos, segundo o projeto 
“Opções de Mitigação de Emissões de GEE em Setores-chave no Brasil”
Fonte: Elaboração própria, a partir do estudo “Opções de Mitigação de Emissões 
de GEE em Setores-chave no Brasil”. MCTIC, 2017.
Degradação de biogás para aterros sanitário com fl are
Aproveitamento de biogás para produção de biometano
Aproveitamento de biogás para a geração de eletricidade
Aproveitamento de biogás do tratamento de efl uentes para a 
geração de eletricidade
Difusão da biodigestão para a geração de biometano
Incineração de resíduos
Difusão da biodigestão para a geração de eletricidade
Ampliação da reciclagem de RSU
5,4
2,2
1,8
1,3
0,6
0,3
0,2
NA
20,8
8,2
6,7
5
2,1
1
0,9
0,4
Opções 
de mitigação
Potencial de mitigação (Mt CO2e)
BC0 (2025) BC10 (2030)
140
120
100
80
60
40
20
0
M
ilh
õe
s 
de
 
to
ne
la
da
s 
de
 C
O
2e
 REF BC0 BC10 REF BC0 BC10
4. RECOMENDAÇÔES
108.5
96.6
68.5
122.2
83.1 77
66
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
O projeto enfatiza o papel relevante da gestão de resíduos para o cumprimento da 
meta da NDC em 2030, destacando o potencial dos seguintes instrumentos de po-
líticas públicas para eliminar as barreiras econômicas setoriais (MCTIC e ONU Meio 
Ambiente, 2017): 
i. regulamentação do biogás, oriundo da gestão de resíduos, pela ANP;
ii. captação de recursos de fundos internacionais para fi nanciamento da atividade;
iii. criação de um centro nacional de apoio a municípios para a gestão de baixo car-
bono de resíduos sólidos; 
iv. condicionamento da concessão de isenções e incentivos fi scais aos Estados 
e municípios à implementação de contrapartidas de gestão de baixo carbono 
de RSU.
4. RECOMENDAÇÔES
67
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
As cidades são as grandes emissoras de gases de efeito estufa relacionados a trata-
mento e disposição fi nal de resíduos sólidos e efl uentes líquidos, bem como são os 
locais onde os danos provocados pelas mudanças climáticas, como alagamentos, des-
lizamentos, ondas de calor, se fazem sentir mais diretamente pela população, especial-
mente a fração mais vulnerável e suscetível a riscos (ICLEI, 2016).
As emissões do setor de resíduos estão principalmente condicionadas à complexidade do 
estilo de vida nas cidades. Em âmbito nacional, o setor é marcado pela baixa contribuição 
no entanto, ao se analisar no contexto urbano, nota-se um cenário muito distinto, onde 
o tratamento e a disposição fi nal de resíduos podem atingir contribuições percentuais 
médias de 10% a 20% no total de emissões de GEE em diferentes municípios no Brasil.
O inventário de emissões e remoções antrópicas de GEE do município de São Paulo, de 
2003 a 2009, registrou que o setor de resíduos foi responsável por 15,6% das emissões 
na cidade32. Já o inventário de emissões da cidade do Rio de Janeiro de 2012, coordena-
do pela equipe Centro Clima/COPPE/UFRJ, relata que o setor de resíduos corresponde 
por cerca de 10% das emissões totais no município33. O Distrito Federal também quan-
tifi cou suas fontes de emissão e identifi cou o setor como responsável pela emissão de 
20,09% e 20,48% em 2008 e 2009, respectivamente34. Por fi m, também se pode citar o 
inventário realizado pelas sete cidades do Grande ABC, na região metropolitana de São 
Paulo, articuladas pelo consórcio intermunicipal da região, no qual se registra que o 
setor foi responsável por 13% do total de emissões de GEE35.
Nos últimos 50 anos o Brasil se transformou de um país rural para urbano, concen-
trando cerca de 89% da população em cidades (IBGE,2010). O fenômeno observado no 
5. CONTEXTUALIZAÇÃO 
NAS CIDADES
32 Disponível em: <http://www.respirasaopaulo.com.br/INVENTARIO%20EMISSOES%20ANTP%20-%202011.pdf>. 
Acesso em 13 de junho de 2017
33 Disponível em: < http://www.rio.rj.gov.br/dlstatic/10112/1712030/DLFE-222982.pdf/NelsonSINVENTARIOFINALMAC_
Resumo_Geral_Inv_e_Cenario_v05abr_E.pdf>. Acesso em 10 de junho de 2017. 
34 Disponível em <https://www.agenciabrasilia.df.gov.br/wp-conteudo/uploads/2016/06/inventario-de-emissoes-por-
fontes-e-remocoes-por-sumidouros-de-gases-de-efeito-estufa-do-df.pdf>. Acesso em 13 de junho de 2017.
35 Disponível em:<https://issuu.com/icleisams/docs/inventario_abc_iclei>. Acesso em 12 de junho de 2017.
68
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
Brasil é típico de países que experimentaram um rápido processo de urbanização sem 
a devida contrapartida de políticas voltadas para a provisão de infraestruturas e servi-
ços urbanos, incluindo serviços de saneamento ambiental.
A distribuição de acordo com o tamanho da população é um importante fator para 
as soluções tecnológicas aplicadas para a gestão de resíduos. A Figura 23 apresenta 
o percentual de municípios e suas respectivas faixas populacionais. Observa-se que 
aproximadamente 25% dos municípios brasileiros têm menos de 5.000 habitantes, cer-
ca de 70% dos municípios têm menos de 20.000 habitantes e apenas 4,8% dos municí-
pios têm população acima de 100 mil habitantes. 
 Figura 23 – Distribuição de municípios no Brasil por faixa populacional
Fonte: (SPERLING, 2016). Elaborado a partir de dados divulgados pelo IBGE no 
Censo Demográfi co de 2010.
A Figura 24 apresenta a população total pela faixa populacional dos municípios brasilei-
ros onde é possível observar que apenas aproximadamente 20% da população vivem 
em cidades com menos de 20.000 habitantes, 45% da população está estabelecida em 
cidades com menos de 100.000 habitantes e, por fi m, em torno de 55% da população 
vive em municípios com mais de 100.000 habitantes.
< 2 000
2 001 - 5 000
5 001 - 10 000
10 001 - 20 000
20 001 - 50 000
50 001 - 100 000
100 001 - 500 000
> 500 000
0,7% 2,1%4,4%
5,8%
18,7%
21,3%
21,8% 
25,2%
5. CONTEXTUALIZAÇÃO 
NAS CIDADES
69
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
F igura 24 - Distribuição da população no Brasil pelo tamanho dos municípios 
(faixas populacionais) quanto ao número de habitantes
Fonte: (SPERLING, 2016). Elaborado a partir de dados divulgados pelo IBGE no 
Censo Demográfi co de 2010
A distribuição espacial da população indica que grande parte dos municípios brasileiros 
são compostos por pequenas faixas populacionais, apresentandoum aspecto bastante 
heterogêneo quanto à gestão e o gerenciamento de resíduos sólidos e efl uentes líqui-
dos, em um contexto de diferentes níveis de capacidade técnica e arranjo institucional 
dos governos locais. 
Planos municipais de gestão integrada de resíduos sólidos (PGIRS)
A elaboração dos planos municipais de gestão integrada de resíduos sólidos (PGIRS) é 
condição necessária para o Distrito Federal e os municípios terem acesso aos recursos 
da União, destinados ao manejo de resíduos e à limpeza urbana (ICLEI, 2012). 
Uma pesquisa realizada pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA)36, no âmbito do Sis-
tema Nacional de Informações sobre a Gestão de Resíduos Sólidos (SINIR), identifi cou 
< 2 000
2 001 - 5 000
5 001 - 10 000
10 001 - 20 000
20 001 - 50 000
50 001 - 100 000
100 001 - 500 000
> 500 000
197.429 4.176.916
8.541.935
19.743.967
22.314.204
31.344.67148.565.171
55.871.506
36 Disponível em <http://sinir.gov.br/web/guest/2.6-planos-de-gerenciamento-de-residuos-solidos>. 
Acesso em 13 de junho de 2017.
5. CONTEXTUALIZAÇÃO 
NAS CIDADES
70
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
que dos 5.570 municípios brasileiro apenas 2.325 (42%) apresentam PGIRS nos termos 
estabelecidos na PNRS. Em relação a disposição fi nal, 2.702 ainda destinam a maior 
parte dos RSU coletados para lixões. O Quadro 6 apresenta os resultados consolidados 
do levantamento realizado pelo MMA para o ano de referência de 2015, desagregados 
por faixas populacionais. 
Qu adro 6 - Diagnóstico municipal da elaboração de PGIRS’s e disposição 
fi nal de RSU por faixas populacionais 
Fonte: Elaboração própria a partir de dados disponíveis na plataforma SINIR, 2015.
Municípios de até 20.000 habitantes e de 20.000 a 100.000 apresentaram os maio-
res valores absolutos e percentuais de municípios que ainda não elaboraram planos 
municipais de gestão de resíduos sólidos. Ressalta-se que, apesar de os municípios 
com faixa populacional acima de 500.000 habitantes caracteristicamente possuírem 
maior capacidade técnica e articulação institucional, apenas 52% dos governos locais 
elaboraram PGIRS’s. 
O cenário atual da gestão de resíduos sólidos nas cidades brasileiras ainda se encontra 
em uma etapa inicial de desenvolvimento. Apesar de ser obrigatoriedade na Política 
Nacional de Resíduos Sólidos, grande parte dos municípios ainda não elaboraram seus 
PGIRS, bem como dispõem seus RSU de forma ambientalmente inadequada.
5. CONTEXTUALIZAÇÃO 
NAS CIDADES
Faixa Populacional 
(habitantes)
Não Sim
Total
Aterros 
Sanitários
O MUNICÍPIO 
POSSUI PGIRS?
DISPOSIÇÃO FINAL (onde é depositada a 
maior parcela dos RSU coletados?)
Aterros 
Controlados Lixões
Até 20.000 
De 20.001 a 100.000 
De 100.001 a 500.000
Acima de 500.001
Brasil 
1601
559
144
21
2325
2223
833
119
20
3195
3824
1442
263
41
5570
1437
570
193
35
2235
507
122
20
4
653
1880
770
50
2
2702
71
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB)
Os planos de saneamento básico abrangem, minimamente (ICLEI, 2012): 
I. Diagnóstico da situação, utilizando um sistema de indicadores sanitários, epide-
miológicos, ambientais e socioeconômicos, construídos a partir dos contextos 
locais e apontando as causas das defi ciências apontadas. 
II. Objetivos e metas de curto, médio e longo prazo para a universalização, elencan-
do soluções progressivas.
III. Programas, ações e projetos para atingir os objetivos estipulados.
IV. Ações para emergência e procedimentos para a avaliação sistemática da efi ciên-
cia e efi cácia das ações programadas. 
É de responsabilidade dos titulares do serviço a elaboração de planos de saneamento 
básico. O acesso, para uso no saneamento básico, a recursos orçamentários da União 
ou a financiamentos geridos ou administrados por entidade federal é condicionado à 
existência de plano de saneamento. Faculta-se a elaboração de planos específicos por 
serviço, de modo que o PGIRS pode integrar o Plano de Saneamento (ICLEI, 2012). 
A Pesquisa de Informações Básicas Municipais (MUNIC), elaborada em 2013 pelo IBGE, 
aponta que os titulares dos serviços, de forma geral, ainda não se adaptaram ao marco 
normativo, uma vez que uma parcela signifi cativa (68%) dos municípios ainda não ela-
borou seus PMSB`s e deve chegar ao prazo estabelecido no Decreto sem atender à sua 
exigência para acesso aos recursos federais de saneamento. 
A cobertura dos serviços de saneamento básico no Brasil varia de maneira signifi cati-
va em relação ao serviço prestado. De acordo com dados de 2015 da do SNIS, 93,1% 
da população urbana recebe atendimento referente ao abastecimento de água, 42,7% 
dos efl uentes líquidos gerados são coletados e, considerando a água residual coletada, 
aproximadamente 74% é tratada. Na análise amostral realizada pelo SNIS, 1.382 muni-
cípios apresentaram índice de cobertura por rede de esgoto superior a 70%; 382 com 
índices na faixa de 40 a 70%; 241 municípios com valores entre 20 a 40%; 143 se enqua-
draram no na faixa entre 10 a 20%; e, por fi m, 166 municípios apresentaram índices 
abaixo de 10%37 (BRASIL, 2017).
5. CONTEXTUALIZAÇÃO 
NAS CIDADES
72
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
Da comparação dos dois índices de abrangência apresentados, pode se concluir que o 
serviço de abastecimento de água, apesar de presente em quase todos os municípios, 
ainda precisa se expandir dentro das áreas urbanas. Em relação ao esgotamento sa-
nitário, parcela relevante dos municípios brasileiros ainda não se adequou a Política 
Nacional de Saneamento Básico, que prevê a conexão de toda edifi cação permanente 
urbana às redes públicas de abastecimento de água e de esgotamento sanitário.
Atuação dos governos locais 
O défi cit nos serviços de saneamento, no que tange a coleta, tratamento intermediário 
e disposição fi nal ambientalmente adequada de resíduos sólidos urbanos e efl uentes 
líquidos, deve ser uma prioridade dos governos locais devido ao impacto direto na qua-
lidade de vida da população. 
Grandes partes dos municípios brasileiros ainda não se adequaram aos marcos regula-
tórios do setor e, mesmo em relação aos que estão em conformidade, não se observa 
uma intersetorialidade com a temática de mudanças climáticas. Diante do alto poten-
cial de mitigação observado nas cidades, é necessário capacitar técnicos e gestores pú-
blicos de modo que a busca pela universalização seja acompanhada por políticas que 
também contribuam para o abatimento de emissões de gases de efeito estufa.
5. CONTEXTUALIZAÇÃO 
NAS CIDADES
37 A análise apresenta o resultado para 2.314 municípios 
73
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
ABRELPE – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE LIMPEZA PÚBLICA E RESÍDUOS 
ESPECIAIS. Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2015. ABRELPE: [S.1], 2016.
ABRELPE – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE LIMPEZA PÚBLICA E RESÍDUOS 
ESPECIAIS. Estimativas dos custos para viabilizar a universalização da destinação 
adequada de r2017esíduos sólidos no brasil. São Paulo, 2015.
Agência Nacional de Águas (Brasil). Atlas esgotos: despoluição de bacias 
hidrográfi cas /Agência Nacional de Águas, Secretaria Nacional de Saneamento 
Ambiental . -- Brasília: ANA, 2017ESÍDUOS SÓLIDOS NO BRASIL. São Paulo, 2015.
ARAÚJO FILHO, Valdemar.F. O QUADRO INSTITUCIONAL DO SETOR DE SANEAMENTO 
BÁSICO E A ESTRATÉGIA OPERACIONAL DO PAC: POSSÍVEIS IMPACTOS SOBRE 
O PERFIL DOS INVESTIMENTOS E A REDUÇÃO DO DÉFICIT. Diretoria de Estudos 
Regionais e Urbanos do IPEA, 2008. Disponível em <http://repositorio.ipea.gov.br/
bitstream/11058/5521/1/BRU_n1_quadro_institucional.pdf>
BRASIL. DECRETO Nº6.262, DE 21 DE NOVEMBRO DE 2007. PLANO NACIONAL SOBRE 
MUDANÇA DO CLIMA –PNMC. BRASÍLIA, DF. Dezembro de 2008.Disponível em 
<http://www.cidades.gov.br/images/stories/ArquivosSNSA/PlanSaB/relatorio_anual_avaliacao_plansab_2014_15122015.pdf>.
BRASIL(a). Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de 
Resíduos Sólidos; altera a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras 
providências. 
BRASIL. DECRETO Nº 7.390, DE 9 DE DEZEMBRO DE 2010. REGULAMENTA OS ARTS. 
6º, 11 E 12 DA LEI Nº 12.187, DE 29 DE DEZEMBRO DE 2009, QUE INSTITUI A POLÍTICA 
NACIONAL SOBRE MUDANÇA DO CLIMA - PNMC, E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS. 
DIÁRIO OFICIAL [DA] REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.
BRASIL. Plano Nacional de Resíduos Sólidos: Versão pós Audiências e Consulta Pública 
para Conselhos Nacionais. Ministério do Meio Ambiente: Brasília, ago. 2012. 
BRASIL. Ministério das Cidades. Plano Nacional de Saneamento Básico – Plansab. 
Brasília,DF. Maio de 2013.
6. REFERÊNCIAS
74
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
BRASIL. Ministérios das Cidades. Plansab - Relatório de Avaliação Anual, Ano de 2014. 
Brasília, DF, dez,2015.
BRASIL. Análise situacional do défi cit em saneamento básico. Luiz Roberto Santos 
Moraes (coord.), Alessandra Gomes Lopes Sampaio Silva, Antônio Alves Dias Neto, 
Patrícia Campos Borja, Andréa Andrade Prudente, Luciana Santiago Rocha. Brasília: 
Ministério das Cidades/ Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental, 2014. 340 p. 
(Panorama do Saneamento Básico no Brasil, v.2).
BRASIL, MCTI. Emissões de Gases de Efeito Estufa no Tratamento e Disposição de 
Resíduos, Relatórios de Referência: Setor de Tratamento de Resíduos, 3º Inventário 
Brasileiro de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito Estufa, Brasília, DF: 
MCTI, 2015. 
Brasil. Ministério das Cidades. Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental – SNSA. 
Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento: Diagnóstico dos Serviços de 
Água e Esgotos – 2015. Brasília: SNSA/MCIDADES, 2017.
FADE – Fundação de Apoio ao Desenvolvimento da Universidade Federal de 
Pernambuco. Análise das diversas tecnologias de tratamento e disposição fi nal de 
resíduos sólidos urbanos no Brasil, Europa, estados Unidos e Japão. Jaboatão dos 
Guararapes, PE: Grupo de Resíduos Sólidos UFPE, 2014. 
FBMC – Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas. Proposta de Implementação da 
Contribuição Nacionalmente Determinada do Brasil (NDC). Rodada I, 2017.
GOUVELLO, C. ALVES. J.W. S et al. Estudo de baixo carbono para o Brasil; BANCO 
MUNDIAL, 2010.
ICLEI – Governos Locais pela Sustentabilidade. Planos de gestão de resíduos sólidos: 
manual de orientação. Brasília, 2012.
ICLEI – Governos Locais pela Sustentabilidade; Programa Cidades Sustentáveis: Guia 
de Ação Local pelo Clima. São Paulo, 2016.
IPCC 2006, 2006 IPCC Guidelines for National Greenhouse Gas Inventories, Prepared 
by the National Greenhouse Gas Inventories Programme, Eggleston H.S., Buendia L., 
6. REFERÊNCIAS
75
EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS
Miwa K., Ngara T. and Tanabe K. (eds). Published: IGES, Japan. Disponível em: <http://
www.ipcc-nggip.iges.or.jp/public/2006gl/vol5.html>
IPCC, 2014: Climate Change 2014: Mitigation of Climate Change. Contribution of 
Working Group III to the Fifth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on 
Climate Change. Cambridge University Press, Cambridge, United Kingdom and New 
York, NY, USA.
IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Diagnóstico dos Resíduos Sólidos 
Industriais. Relatório de Pesquisa. Brasília, 2012 a. 
IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Diagnóstico dos Resíduos de 
Serviços de Saúde. Relatório de Pesquisa. Brasília, 2012b.
LIMA, Sonaly C.R. B e MARQUES, Denise H.F. Evolução e perspectivas do 
abastecimento de água e do esgotamento sanitário no Brasil. Brasília, DF: CEPAL. 
Escritório no Brasil/IPEA, 2012. (Textos para Discussão CEPAL-IPEA, 47).
LOPES, Luciana. Gestão e gerenciamento integrados dos resíduos sólidos urbanos. 
Alternativas para pequenos municípios. São Paulo, 2006. Disponível em: <http://www.
teses.usp.br/teses/disponiveis/8/.../DISSERTACAO_LUCIANA_LOPES.pdf>
MADEIRA, Roberto F. O setor de saneamento básico no Brasil e as implicações do 
marco regulatório para a universalização do acesso. Revista do BNDS, 2010
MCTIC e ONU Meio Ambiente. Trajetórias de mitigação e instrumentos de políticas 
públicas para alcance das metas brasileiras no Acordo de Paris. Brasília, 2017.
PAVAN, M. C. O. Geração de energia a partir de resíduos sólidos urbanos: avaliação e 
diretrizes para tecnologias potencialmente aplicáveis no Brasil. São Paulo, 2010.
TRATA BRASIL, Instituto. Relatório – 7 anos de Acompanhamento do PAC 
SANEAMENTO (2009 a 2015). Agosto, 2016. Disponível em: <http://www.tratabrasil.
org.br/datafi les/de-olho-no-pac/2016/relatorio.pdf>
VON SPERLING, Marcos. Urban wastewater treatment in Brazil. Department of Sanitary 
and Environmental Engineering Federal University of Minas Gerais. August, 2016.
6. REFERÊNCIAS