Mas vocês já viram como estão empregando atualmente a expressão ‘roteiro técnico’? Qualquer coisa que se quer fazer hoje em dia tem que ser precedida do ‘roteiro técnico’. A mania começou com a ‘fusão’. Tudo na crítica de cinema era ‘fusão’, tempos atrás.
“Depois apareceu o ‘flash-back’. Raro era o filme em que o cronista especializado não descobria um ‘flash-back’. Todavia, também essa escola foi superada, dando lugar a uma nova era: a era do ‘roteiro técnico’. Um amiguinho, que vive ligado aos meus coleguinhas da crônica cinematográfica, revelou-me que já existe gente que antes de criticar o filme traça o ‘roteiro técnico’ do artigo. Imaginem! Breve teremos um desses ‘astros’ da nossa cinematografia fazendo palestras nos gabinetes portugueses ou nas associações francesas sobre a influência do ‘roteiro técnico’ e o cinema mundial. Eu acabo acreditando que esse tal de ‘roteiro técnico’ tem papel de destaque na confecção da bomba atômica. Deve ser algo mais importante do que o urânio. Sim, meus amiguinhos, eu também entendo de física nuclear. E para terminar um recadinho ao sr. José Alencar de Sousa (o nome está trocado para evitar o eco: terminar com Alencar): pelo amor de Deus, quando o sr. vai acabar com essa mania de filme europeu? Psicanalise-se, amigo. Sim, porque eu também entendo muito da ciência do Freud. Aquele tal de Em Qualquer Lugar da Europa, que eu tive a desdita de assistir com o meu noivo, deixou-me com alergia.”
(Folha da manhã (vespertino) 28 out. 1952, p.7. Em: ARAÚJO, Luciana. A crônica de cinema no Recife dos anos 50. Editora Fundarpe, 1997, p. 146-147)
A crônica acima foi publicada na década de 1950 e faz uma crítica ao uso da expressão “roteiro técnico”. Um roteiro deste tipo diferencia-se do roteiro literário por:
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