Nos últimos anos, no Brasil, em função da crise econômica, política e social, iniciou-se um debate público sobre as prerrogativas dos três poderes - Executivo, Judiciário e Legislativo - e as possíveis influências existentes entre eles. Esse debate fez com que, em junho de 2013, o deputado federal Décio Lima, presidente da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara Federal, realizasse a seguinte afirmação:
“Nos últimos meses, Rousseau, Montesquieu, Kant, Espinosa, Bobbio e outros teóricos do Estado democrático de Direito devem ter tido pesadelos brunos nos seus sonos eternos. Já Maquiavel, Jean Bodin, Jacques Bossuet e Thomas Hobbes, teóricos do absolutismo, devem ter levantado dos túmulos para aplaudir as investidas do Supremo Tribunal Federal sobre as prerrogativas do Congresso Nacional. Essa é a impressão que passa quando se observa, com a devida atenção, recentes manifestações do STF e de alguns de seus ministros, tanto em relação a tomadas de decisão, como ocorreu recentemente ao conceder liminares que ferem a autonomia do Congresso Nacional, quanto em relação a declarações afrontosas sobre o trabalho legislativo.”
Diante dessa afirmação, veja a seguinte situação:
Você, é professor e deve trabalhar com uma turma do Ensino Médio a temática do Estado absolutista e seus teóricos. Seu desafio é explicar como você usaria a estrutura do Estado brasileiro e os debates contemporâneos sobre os três poderes para aproximar os alunos da temática do sistema monárquico absolutista e seus pensadores.
Para aproximar os alunos da temática do sistema monárquico absolutista e seus pensadores, é possível utilizar a estrutura do Estado brasileiro e os debates contemporâneos sobre os três poderes. No sistema monárquico absolutista, o poder era concentrado nas mãos do monarca, que não tinha limitações em suas ações. No Brasil, a Constituição de 1988 estabeleceu a separação dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, com o objetivo de garantir a autonomia e independência de cada um deles. O debate contemporâneo sobre as prerrogativas dos três poderes pode ser utilizado para mostrar aos alunos como a separação dos poderes é importante para a democracia e para evitar o autoritarismo. É possível citar exemplos de situações em que um poder tentou interferir nas atribuições de outro, como a recente polêmica envolvendo o Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional. Ao comparar o sistema monárquico absolutista com a estrutura do Estado brasileiro atual, é possível mostrar aos alunos como a separação dos poderes é fundamental para garantir a democracia e a liberdade. Além disso, é possível apresentar os pensadores do absolutismo, como Maquiavel, Jean Bodin, Jacques Bossuet e Thomas Hobbes, e comparar suas ideias com as dos teóricos do Estado democrático de Direito, como Rousseau, Montesquieu, Kant, Espinosa e Bobbio.
Padrão de resposta esperado
Primeiramente, é preciso lembrar que a aproximação de realidades separadas espacial e temporalmente se dá para marcar uma diferença entre os contextos e os sistemas de governo. Parte-se do exemplo brasileiro para demarcar a divisão existente entre os três poderes, ou seja, o poder não está centralizado em uma pessoa, como no sistema monárquico absolutista. Além disso, é preciso lembrar que há diferenças não somente na divisão dos poderes, mas também nos regimes políticos: enquanto a Europa ocidental durante a Idade Moderna se organizava em monarquias, o Brasil contemporâneo vive em um sistema presidencialista. A partir dessas diferenciações, consegue-se trabalhar com os alunos, pois havia uma legitimidade para a concentração de poderes na mão do monarca absoluto, em função da conjuntura europeia. Posteriormente, de acordo com as mudanças conjunturais e no pensamento político, surgem outras concepções de Estado, de soberania e de poder, que tornam menos centralistas as tomadas de decisões políticas.
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História da Educação I
Direito Administrativo I
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