A previsão do Diabo verificou-se. Todas as virtudes cuja capa de veludo acabava em franja de algodão, uma vez puxadas pela franja, deitavam a capa às urtigas e vinham alistar-se na igreja nova. Atrás foram chegando as outras, e o tempo abençoou a instituição. A igreja fundara-se; a doutrina propagava-se; não havia uma região do globo que não a conhecesse, uma língua que não a traduzisse, uma raça que não a amasse. O Diabo alçou brados de triunfo. Um dia, porém, longos anos depois, notou o Diabo que muitos dos seus fiéis, às escondidas, praticavam as antigas virtudes. Não as praticavam todas, nem integralmente, mas algumas, por partes, e, como digo, às ocultas. Certos glutões recolhiam-se a comer frugalmente três ou quatro vezes por ano, justamente em dias de preceito católico; muitos avaros davam esmolas, à noite, ou nas ruas mal povoadas; vários dilapidadores do erário restituíam-lhe pequenas quantias; os fraudulentos falavam, uma ou outra vez, com o coração nas mãos, mas com o mesmo rosto dissimulado, para fazer crer que estavam embaçando os outros.                                                                                   

(MACHADO DE ASSIS, Joaquim Maria. Histórias sem data. São Paulo: Ática, 2005, p. 18-19.)

O excerto do conto machadiano é, sobretudo, revelador:

La previsión del Diablo se verificó. Todas las virtudes cuya capa de terciopelo acababa en franja de algodón, una vez tiradas por la franja, acostaban la capa en las ortigas y venían a alistarse en la iglesia nueva. Atrás fueron llegando las otras, y el tiempo bendijo a la institución. La iglesia se funda; la doctrina se propaga; no había una región del globo que no la conoce, una lengua que no la traduce, una raza que no la ama. El Diablo alzó gritos de triunfo. Un día, sin embargo, largos años después, notó el Diablo que muchos de sus fieles, a las escondidas, practicaban las antiguas virtudes. No las practicaban todas, ni integralmente, pero, algunas, por partes, y, como digo, a las escondidas. Ciertos glotones se recogían a comer frugalmente tres o cuatro veces por año, justamente en días de precepto católico; muchos avaros daban limosna, por la noche, o en las calles mal pobladas; varios dilapidadores del erario les restituían pequeñas cantidades; los fraudulentos hablaban, una u otra vez, con el corazón en las manos, pero, con el mismo rostro disimulado, para hacer creer que estaban borrando a los otros.                                                                       

(MACHADO DE ASIS, Joaquim Maria. Histórias sem data. São Paulo: Ática, 2005, p. 18-19.)

El extracto del cuento machadiano es, principalmente, revelador:

Escolha uma opção:

a.

Do simbolismo das ações humanas baseadas em previsões, como a do sucesso de um credo recém-lançado.

(Del simbolismo de las acciones humanas basadas en previsiones, como la del éxito de un credo recién lanzado).

b.

Das contradições que envolvem o cotidiano das pessoas, como é o caso da prática da caridade de frequentadores da “igreja do mal”.

(De las contradicciones que involucran al cotidiano de las personas, como es el caso de la práctica de la caridad de frecuentadores de la “iglesia del mal”).

c.

Do romantismo que move os indivíduos, ao procurarem praticar ações idealizadas, como o alistamento em uma nova igreja.

(Del romanticismo que mueve a los individuos, al buscar practicar acciones idealizadas, como el alistamiento en una nueva iglesia).

d.

Da ânsia pela modernidade, como a adesão a uma igreja mais permissiva por não conter regras.

(Del ansia por la modernidad, como la adhesión a una iglesia más permisiva por no contener reglas).

e.

Do senso de urgência que caracteriza os sujeitos dos dias atuais, como a busca desenfreada de fazer do mundo um paraíso terrestre.

(Del sentido de urgencia que caracteriza a los sujetos de los días actuales, como la búsqueda desenfrenada de hacer del mundo un paraíso terrestre).

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