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Do ponto de vista steiniano, a singularidade do núcleo pessoal, no âmbito formal, está relacionada à forma vazia, a qual consiste num modo peculiar...

Do ponto de vista steiniano, a singularidade do núcleo pessoal, no âmbito formal, está relacionada à forma vazia, a qual consiste num modo peculiar de ser que conjuga a forma universal (essencial) com a forma individual, tornando-a singular. A singularidade da pessoa humana se apresenta, então, sob um duplo aspecto: de um lado, por meio do eu puro, dá-se a consciência da própria ipseidade de modo vazio, ou seja, sem distinção qualitativa; de outro, por meio do núcleo, os atributos compartilhados por todos os indivíduos carregam a qualidade pessoal que impregna cada ato do indivíduo com a marca de seu modo único de ser. Em Hedwig Conrad-Martius, a singularidade do si originário tem seu aspecto qualitativo (e também quantitativo) dado pela síntese entre a enteléquia (lógos da espécie) e a combinação do material genético. No âmbito formal, Hedwig Conrad-Martius incorpora ainda em suas análises duas concepções elaboradas por Avé-Lallemant: forma única e forma última. A forma única corresponderia à síntese entre a enteléquia e a matéria do ser, individuando quantitativa e qualitativamente o si originário (no caso do ser humano, o eu). A forma última, por sua vez, não consistiria na forma entendida como potência de atualização, não diria respeito à realização da unidade psicofísica do indivíduo; ela teria a função de direcionar o desenvolvimento do organismo como um todo para o seu télos: o espírito humano. Em outras palavras, o eu (forma única) seria formado para alcançar o seu objetivo final (forma última): o espírito. A formação do caráter pessoal está diretamente relacionada ao núcleo, o que não significa que dependa exclusivamente dele. A situação na qual o indivíduo está inserido no mundo, sem dúvida, afeta de diversos modos o seu desenvolvimento, o que é possível ser observado por meio das qualidades psíquicas. É a partir da análise da totalidade dessas qualidades que se apresenta um “complexo indicado como o caráter do indivíduo, especialmente da pessoa”. As qualidades que interferem decisivamente no caráter, segundo Edith Stein, são aquelas relacionadas à dimensão espiritual. A captação de valores provenientes do mundo objetivo pode influenciar a formação do caráter, favorecendo ou não o desenvolvimento de certas predisposições originárias do indivíduo. No contínuo viver os seus valores, a pessoa pode despertar, estimular ou reprimir essas inclinações por meio do seu querer. Pode, portanto, ser responsável pelo maior ou menor desenvolvimento de suas potencialidades; todavia, ela somente pode desenvolver ou inibir algo que tenha já em si. Compreende-se, assim, que a pessoa pode decidir sobre a formação de seu caráter, mas não sobre suas predisposições e seu próprio modo de ser, determinados pelo núcleo. Em outras palavras, o indivíduo pode desenvolver mais ou menos suas predisposições originárias dependendo das circunstâncias exteriores, de suas condições psicofísicas e também da sua própria força de vontade, porém, sempre dentro dos limites que o núcleo estabelece. De acordo com as duas filósofas, tomando em consideração as dimensões física, psíquica e espiritual que constituem os diferentes tipos de seres animados, é possível estabelecer o grau de autonomia do ser, identificando-se em qual dimensão se “encontra” o seu centro. A “posição” do centro em determinada dimensão o torna “senhor” da dimensão imediatamente “abaixo”. Assim, os vegetais, completamente imersos em sua corporeidade, não têm domínio sobre ela, permanecendo numa corporeidade impessoal; já os animais têm seu centro em sua dimensão psíquica o que lhes permite ter o domínio sobre a sua corporeidade (corpo pessoal e alma impessoal). O centro do ser humano é “sediado” na dimensão espiritual, o que lhe permite ter o domínio das esferas física e psíquica. Em outras palavras, é isso que faz com que ele seja o senhor de si mesmo. Segundo Edith Stein, ser o “senhor de si mesmo” tem um sentido duplo: ele “deve conhecer a si mesmo, ter o próprio domínio intelectivo, dado que apenas um eu consciente de si mesmo pode querer; deve ser consciente do seu domínio sobre si mesmo, do seu poder querer, dado que apenas um eu livremente consciente pode querer”. Sob essas condições o indivíduo pode exercer um ato de vontade, ou seja, tomar a “decisão de dirigir-se a um objetivo”. Por meio do ato volitivo, portanto, o sujeito se torna consciente de si mesmo, do objetivo, da sua liberdade e do seu poder; nisso consiste o ponto mais alto de atualidade na escala dos seres: o sujeito não é apenas um si mesmo, mas é consciente e certo de si mesmo. Os atos humanos, assim, são entendidos como o ser do sujeito que é atual nesses atos; o sujeito, ao se decidir entre um ato ou outro, determina o seu ser atual e esse ser terá a duração (finita) do ato escolhido. Desse modo, o sujeito detém apenas temporariamente o modo de ser do ato livre. O ato livre sempre parte de um modo de ser do sujeito e acaba em outro, o que implica uma pass

Essa pergunta também está no material:

Consideracoes_sobre_o_conceito_de_identi
431 pág.

Psicologia Universidade Federal FluminenseUniversidade Federal Fluminense

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